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1 Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 2 SUMÁRIO 1. POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO: ............................ 3 2. OMISSÃO DE CAUTELA (Art. 13, caput): ..................................................................... 6 3. OMISSÃO DE COMUNICAÇÃO (Art. 13, §único): ........................................................ 6 4. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO:.................................... 7 5. DISPARO DE ARMA DE FOGO (Art. 15): ..................................................................... 8 6. POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO:................... 9 7. COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO (Art. 17): ................................................ 13 8. TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMA DE FOGO (Art. 18): .................................. 14 9. MAJORANTES: .............................................................................................................. 14 10. LIBERDADE PROVISÓRIA: ......................................................................................... 15 LEI 8.137/90 – CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA ................................................ 16 11. Art. 1º: .............................................................................................................................. 17 12. Art. 2º: .............................................................................................................................. 19 13. CRIMES PRÓPIOS DO ART. 3º: .................................................................................... 19 14. MAJORANTES: .............................................................................................................. 20 15. COLABORAÇÃO PREMIADA:..................................................................................... 21 JURISPRUDÊNCIA CORRELATA ............................................................................................ 22 Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 3 ESTATUTO DO DESARMAMENTO – LEI 10.826/2003 Meus caros, a partir do Art. 12 do Estatuto temos os crimes em espécie. Vamos enfrentar a parte penal do estatuto. Estamos diante de uma norma penal em branco heterogênea. Esta lei será complementada por vários decretos, dentre eles o Decreto 9.847/19. Vamos agora enfrentar os crimes em espécie: 1. POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO: Art. 12 do Estatuto: Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa: Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. A) POSSE X PORTE: A posse é uma conduta intramuros, ou seja, quando o sujeito tem arma sem autorização dentro da sua casa ou nas dependências de sua casa ou ainda no local de trabalha quando se é dono do local. Ao contrário, a porte é uma conduta extramuros, ou seja, portar arma fora de sua casa, na via pública ou no local de trabalho quando se é empregador e não o dono da empresa. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 4 B) ELEMENTOS DO TIPO: Os verbos nucleares são “possuir” ou “manter”. Temos aqui, portanto, uma conduta que denota PERMANÊNCIA. Sendo assim, admitem flagrante a qualquer momento. Além disso, a lei não diz o que é uso permitido. Vamos nos socorrer do decreto já citado: Art. 2º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se: I - arma de fogo de uso permitido - as armas de fogo semiautomáticas ou de repetição que sejam: a) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; b) portáteis de alma lisa; ou c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; Um ponto importante que deve ser observado quanto ao preceito secundário do crime do Art. 12 do Estatuto é que a pena mínima é de 1 ano. Sendo assim, em tese, pode ser aplicado o Acordo de Não Persecução Penal e a suspensão condicional do processo. C) ABOLITIO CRIMINIS INDIRETA OU TEMPORÁRIA: Precisamos lembrar de duas coisas importantes: a) Súmula 513, STJ: A abolitio criminis temporária prevista na Lei n. 10.826/2003 aplica-se ao crime de POSSE de arma de fogo de uso Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 5 permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005. b) Lei 11.922/09: Quando o Estatuto surgiu, tínhamos um prazo para que as pessoas entregarem as armas que possuíam. Agora, se a arma tem numeração raspada, aplicamos a súmula citada. Cuidado, pois se a arma não tiver a numeração raspada, adulterada ou suprimida, aplicamos a lei 11.922/09: Art. 20. Ficam prorrogados para 31 de dezembro de 2009 os prazos de que tratam o § 3o do art. 5o e o art. 30, ambos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003. D) OBJETO MATERIAL: Temos aqui a arma de fogo, acessório ou munição. Em relação à arma de fogo, devemos lembrar que não precisa estar a arma municiada nem precisa estar a arma montada. Cuida-se aqui de crime de PERIGO ABSTRATO (presumido). Ainda, a atual jurisprudência entende que não é necessária a perícia para constatar a potencialidade do armamento. TODAVIA, se houver perícia, e esta constatar que a arma não funciona, temos a possibilidade da tese do crime impossível. E) REGISTRO VENCIDO: Há várias decisões do STJ dizendo que não se trata de crime, sendo apenas infração administrativa que gera multa e apreensão da arma. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.826.htm#art5%C2%A73 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.826.htm#art30 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.826.htm#art30 Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 6 F) INSIGNIFICÂNCIA: Tradicionalmente, a jurisprudência não admite. Todavia, ultimamente tem se inclinado a jurisprudência dos tribunais para entender que no caso de pouca quantidade de munição desacompanhada da arma, poderia haver a incidência da insignificância. 2. OMISSÃO DE CAUTELA (Art. 13, caput): Assim dispõe a lei: Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade: Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. Temos aqui uma infração de menor potencial. O sujeito ativo é somente o proprietário ou possuidor (crime próprio), sendo o sujeito passivo mediato o menor de 18 e o deficiente mental. Observe que o objeto material agora é apenas a arma de fogo. Temos um crime culposo, que deixa de agir com a cautela necessária. 3. OMISSÃO DE COMUNICAÇÃO (Art. 13, §único): Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 7 CRÍTICA: Temos aqui uma crítica sendo feita a estedispositivo no sentido de que ele proporciona uma responsabilidade penal objetiva. Veja que o início da contagem do prazo é de 24 horas depois do fato e não da ciência do fato. 4. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO: Art. 14 do Estatuto: Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente. Temos aqui um tipo misto alternativo (diversos verbos nucleares e a prática de mais de um deles no mesmo contexto caracteriza um só crime). OBS: No caso de apreensão de duas ou mais armas de fogo de uso permitido, também temos apenas um crime, devendo o juiz levar essa circunstância em conta quando for estabelecer a pena base (Art. 59, CP). ATENÇÃO: No caso de serem apreendidas mais de uma arma de fogo, sendo uma de uso permitido e outra de uso restrito, não se aplica o princípio da consunção ou absorção. Os bens são diversos, não havendo relação de crime-meio e crime-fim. Neste caso haverá concurso formal de crimes (AgRg no REsp 1.813427/MS). Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 8 Meus caros, no que tange ao parágrafo único do artigo, o STF na ADI 3112 decidiu que este parágrafo é inconstitucional. 5. DISPARO DE ARMA DE FOGO (Art. 15): A) ELEMENTOS DO TIPO: Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável. OBS1: PROPORCIONALIDADE: Em abstrato, a pena seria mesma se o disparo fosse efetuado com arma de fogo de uso permitido ou com uma arma de uso restrito. Todavia, cabe ao juiz, no caso, aumentar a pena a depender da arma utilizada. OBS2: Lugar habitado é aquele que possui moradores, ainda que eventuais. Assim, só não haverá crime se o local for desabitado, sendo o fato atípico. B) CONCURSO ENTRE PORTE E DISPARO: Temos duas posições: 1) Há o concurso, pois quando houve o disparo o porte já estava consumado. 2) Não há concurso, havendo absorção. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 9 3) Depende do contexto fático. Neste sentido (STJ, AgRg no AREsp 1211409/MS). OBS: O parágrafo do Art. 15 também é inconstitucional, cabendo fiança. 6. POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO: A) PACOTE ANTICRIME: A nova redação foi dada pelo PAC: Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de USO RESTRITO, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Meus caros, percebam que o Pacote Anticrime manteve no caput apenas a arma de uso RESTRITO e transformou a de uso proibido numa qualificadora (§2º). O caput traz um tipo misto alternativo. Conforme o Decreto 9.847, temos a definição de uso restrito seu Art. 2º: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art9 Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 10 II - ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO - as armas de fogo automáticas e as semiautomáticas ou de repetição que sejam: (Redação dada pelo Decreto nº 9.981, de 2019) a) não portáteis; b) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; ou c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; B) FIGURAS EQUIPARADAS: Conforme o Art. 16, §1º: § 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato; II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná- la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz; III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar; IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D9981.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art9 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art9 Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 11 V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo. OBS: Sempre se estiver diante de uma arma com número raspado, sua capitulação será a do Art. 16, §1º, IV do Estatuto. C) FORMA QUALIFICADA: Prossegue o Art. 16, §2º: § 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo envolverem arma de fogo de uso PROIBIDO, a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Como foi dito, o Pacote Anticrime transformou a hipótese da arma de uso proibido em uma qualificadora (nova pena) para poder seguir o princípio da proporcionalidade. O Art. 2º do Decreto 9.847 dispõe que: II - arma de fogo de uso proibido: a) as armas de fogo classificadas de uso proibido em acordos e tratados internacionais dos quais a República Federativa do Brasil seja signatária; ou b) as armas de fogo dissimuladas, com aparência de objetos inofensivos; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art9 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art9 Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 12 D) HEDIONDEZ: Meus caros, a Lei de Crimes Hediondos prevê que sendo de uso proibido, será considerado hediondo. Conforme o Art. 1º, §único: Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso PROIBIDO, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Meus amigos, muito cuidado! Antes a lei de crimes hediondos considerava como tendo natureza hedionda também o crime de posse ou porte de arma de fogo de uso RESTRITO. Todavia, o PAC quando alterou o dispositivo retirou essa previsão e deixou apenas a de uso PROIBIDO. Neste ponto, portanto, temos novatio legis in mellius. Vejamos as redações: ANTES DO PACOTE ANTICRIME DEPOIS DO PACOTE ANTICRIME: Parágrafo único. Consideram-se também hediondos o crime de genocídio previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de1o de outubro de 1956, e o de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso RESTRITO, previsto no art. 16 da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, todos tentados ou consumados. Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) (...) II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso PROIBIDO, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art5 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.826.htm#art16 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.826.htm#art16 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art5 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L2889.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L2889.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.826.htm#art16 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.826.htm#art16 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art5 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art5 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.826.htm#art16 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.826.htm#art16 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art5 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art5 Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 13 7. COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO (Art. 17): Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e multa. § 1º Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) A) CRIME HABITUAL: Meu caros, temos neste crime a necessidade de habitualidade. CUIDADO: A venda da própria arma não caracteriza o Art. 17, pois não há exercício de atividade comercial ou industrial. B) HEDIONDEZ: O crime do Art. 17 passou a ser hediondo, conforme a lei de hediondos. II - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.826.htm#art17 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.826.htm#art17 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art5 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art5 Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 14 8. TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMA DE FOGO (Art. 18): Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, em operação de importação, sem autorização da autoridade competente, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) A) COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL: Trata-se de crime que será processado e julgado pela justiça federal. B) HEDIONDEZ: Também passou a ser hediondo, conforme Art. 1º, §único da Lei de Hediondos. V - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 9. MAJORANTES: Art. 19 e 20 do Estatuto: Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art9 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art9 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art9 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.826.htm#art18 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.826.htm#art18 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art5 Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 15 Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) I - forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) II - o agente for REINCIDENTE ESPECÍFICO EM CRIMES DESSA NATUREZA. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 10. LIBERDADE PROVISÓRIA: Art. 21 do Estatuto: Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de liberdade provisória. Neste ponto, cuidado pois na ADI 3112 o STF declarou inconstitucional este dispositivo. Assim, cabe liberdade provisória em todos os crimes do Estatuto a depender do caso concreto. Findamos aqui a análise do Estatuto e vamos para a nossa próxima legislação: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art9 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art9 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art9 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art9 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art9 Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 16 LEI 8.137/90 – CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA Temos que iniciar dizendo que numa visão ampla temos crimes contra a ordem tributária tanto no Código Penal quanto na Lei 8.137/90. Dentro do Código Penal, temos crimes tributários como: a) Art. 168-A: Apropriação indébita previdenciária; b) Art. 316, §1º: excesso de exação; c) Art. 334: Descaminho; d) Art. 337-A: Sonegação de contribuição previdenciária; Na Lei 8.137/90 traz crimes contra a ordem tributária praticados por particular (Arts. 1º e 2º) e os praticados por funcionário público (Art. 3º). Existem alguns conceitos importantes que devem ser lembrados: 1) INADIMPLEMENTO: Falta de pagamento do tributo. É meramente uma infração administrativa, não sendo crime. 2) ELISÃO FISCAL: Comportamento lícito. Visa a evitar a ocorrência do fato gerador sem utilizar qualquer fraude. 3) SONEGAÇÃO: Aqui temos o crime. Redução ou supressão do tributo mediante fraude. Vejamos agora os crimes: Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 17 11. Art. 1º: Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000) I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal; III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável; IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato; V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação. Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V. A) BEM JURÍDICO TUTELADO: Se protege aqui a integridade do Erário, o interesse do Estado na arrecadação dos tributos. B) SUJEITO ATIVO: Temos crime praticado por particular. Além disso destaque-se que se trata de crime COMUM. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9964.htm#art15 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9964.htm#art15 Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 18 C) SUJEITO PASSIVO: Pessoa jurídica de direito público titular da cobrança do respectivo tributo. D) SÚMULA VINCULANTE 24: Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei 8.137/1990, antes do lançamento definitivo do tributo. Precisamos da constituição definitiva do crédito tributário. CUIDADO: A súmula não se refere ao inciso V, pois este é crime FORMAL! E) Não há necessidade de dolo específico. A jurisprudência tem entendido dessa forma. Como exemplo: STJ, AgRg no AREsp 1463919/SE – 2019. F) PRECRIÇÃO: O termo inicial da contagem é da constituição definitiva do crédito. Neste sentido: STJ, AgRg no REsp 1758665/PR – 2019. G) INSIGNIFICÂNCIA: É consolidado o entendimento de que se o valor sonegado não passar 20.000,00 é possível a insignificância, desde que não haja habitualidade. Neste sentido: STJ, REsp 1709029/MG. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 19 12. Art. 2º: Trata-se de crime formal e de menor potencial ofensivo. OBS: Percebam que o Art. 2º seria a tentativa do Art. 1º. Assim dispõe a Lei: Art. 2° Constitui crime da mesma natureza: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000) I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo; II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos; III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal; IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento; V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. OBS: Não se aplica a súmula vinculante 24 a este dispositivo já que crime formal. 13. CRIMES PRÓPIOS DO ART. 3º: Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I): http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9964.htm#art15 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9964.htm#art15 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#titxicapi http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#titxicapi Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 20 I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá- lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social; II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. OBS: Perceba que são tipos especiais dos previstos no Código Penal. ATENÇÃO: É possível a concorrência de particular nos termos do Art. 30 do Código Penal. 14. MAJORANTES: Conforme Art. 12 da Lei: Art. 12. São circunstâncias que podem agravar de 1/3 (um terço) até a metade as penas previstas nos arts. 1°, 2° e 4° a 7°: I - ocasionar grave dano à coletividade; II - ser o crime cometido por servidor público no exercício de suas funções; III - ser o crime praticado em relação à prestação de serviços ou ao comércio de bens essenciais à vida ou à saúde. OBS: O STJ já entendeu que no que tange ao inciso I, o não recolhimento de expressiva quantidade de tributo atrai a incidência a Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 21 causa de aumento. Neste sentido: STJ, AgRg no AREsp 1381466/SP – 2019. OBS: TODOS OS CRIMES PRATICADOS CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA SÃO PROCESSADOS POR AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA. 15. COLABORAÇÃO PREMIADA: Sobre este ponto, diz o Art. 16, p. único: Art. 16. Qualquer pessoa poderá provocar a iniciativa do Ministério Público nos crimes descritos nesta lei, fornecendo-lhe por escrito informações sobre o fato e a autoria, bem como indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção. Parágrafo único. Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. É isso, meus caros. Espero que tenham gostado do caderno e bons estudos. Divulguem e compartilhem Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 22 JURISPRUDÊNCIA CORRELATA AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. TRÁFICO DE DROGAS. PLEITO ABSOLUTÓRIO. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA. SÚMULA 7/STJ. DOSIMETRIA. PENA-BASE. EXASPERAÇÃO PELA ELEVADA QUANTIDADE DE DROGA. FUNDAMENTO IDÔNEO. POSSE DE ARMA DE FOGO. CRIME DE PERIGO ABSTRATO. AGRAVO IMPROVIDO. 1. Afastada fundamentadamente a tese absolutória pelas instâncias ordinárias, ressaltando-se estar completamente isolada e divorciada do conjunto probatório produzido nos autos, a revisão da conclusão do julgado demandaria profunda incursão probatória, vedada no âmbito do recurso especial, nos termos da Súmula 7/STJ. 2. A elevada quantidade de entorpecente apreendido é fundamento idôneo para agravar a pena-base, salvo quando configurado bis in idem em relação ao afastamento concomitante da causa especial de diminuição de pena do art. 33, § 4º, da Lei 11.343/06. 3. A posse de arma de fogo é crime de perigo abstrato, sendo irrelevante, portanto, aferir sua lesividadeou mesmo o fato de estar desmuniciada, porquanto o que se busca é a proteção da segurança pública e a paz social. (AgRg no AREsp 1475991 / SP - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL) 4. Agravo regimental improvido. HABEAS CORPUS. IMPETRAÇÃO EM SUBSTITUIÇÃO AO RECURSO CABÍVEL. UTILIZAÇÃO INDEVIDA DO REMÉDIO CONSTITUCIONAL. VIOLAÇÃO AO SISTEMA RECURSAL. NÃO CONHECIMENTO. 1. A via eleita revela-se inadequada para a insurgência contra o ato apontado como coator, pois o ordenamento jurídico prevê recurso específico para tal fim, circunstância que impede o seu formal conhecimento. Precedentes. 2. O alegado constrangimento ilegal será analisado para a verificação da eventual possibilidade de atuação ex officio, nos termos do artigo 654, § 2º, do Código de Processo Penal. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO. ARMAMENTO COM REGISTRO EXPIRADO. INEXISTÊNCIA DE OFENSA AOS BENS JURÍDICOS TUTELADOS PELA NORMA PENAL INCRIMINADORA DO ARTIGO 14 DA LEI 10.826/2003. ATIPICIDADE DA Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 23 CONDUTA. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. CONCESSÃO DA ORDEM DE OFÍCIO. 1. Ao julgar o mérito da Apn n. 686/AP, a Corte Especial deste Sodalício firmou a compreensão de que, se o agente já procedeu ao registro da arma, a expiração do prazo constitui mera irregularidade administrativa, não caracterizando, portanto, ilícito penal. 2. No caso dos autos, o acusado teria mantido sob sua guarda e portado arma de fogo com registro vencido, conduta que se revela penalmente atípica, configurando, apenas, ilícito administrativo que enseja a apreensão do armamento e a aplicação de multa. Precedentes da Quinta e da Sexta Turma. 3. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício para determinar o trancamento da ação penal instaurada contra o paciente. (HC 369905 / SP – HABEAS CORPUS) AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. PENAL. LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. POSSE ILEGAL DE MUNIÇÕES DE USO PERMITIDO E DE USO RESTRITO. POUCA QUANTIDADE APREENDIDA (QUATRO CARTUCHOS: DOIS DE CALIBRE .7.62, UM DE CALIBRE .32 SWL E UM DE CALIBRE .38 SPL). AUSÊNCIA DE ARTEFATOS BÉLICOS. PRIMARIEDADE E CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS FAVORÁVEIS. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. MANUTENÇÃO DA ABSOLVIÇÃO QUE SE IMPÕE. 1. O Tribunal de origem dispôs que a conduta tida como delituosa, pelo qual foi o apelante Cláudio Felipe condenado, deve ser considerada atípica, tendo em vista que ele possuía apenas 04 munições de arma de fogo (dois de calibre 7.62, sendo um íntegro e outro picotado – de uso restrito – e outros dois, um de calibre 32 SWL, íntegro, e um de calibre 38 SPL, íntegro de uso permitido), não tendo o recorrente como deflagrá-las. 2. A apreensão de ínfima quantidade de munição, aliada à ausência de artefato apto ao disparo, implica no reconhecimento, no caso concreto, da incapacidade de se gerar perigo à incolumidade pública, o que impõe a preservação do quanto decidido pela instância ordinária. 3. Ambas as Turmas que compõem a Terceira Seção desta Corte Superior orientaram-se no sentido da atipicidade da conduta perpetrada, diante da ausência de afetação do referido bem jurídico, tratando-se de crime impossível pela ineficácia absoluta do meio. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 24 (REsp n. 1.699.710/MS, Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, Dje 13/11/2017; HC n. 438.148/MS, Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, Dje 30/5/2018). 4. A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal posicionou-se no sentido de desconsiderar a potencialidade lesiva, na hipótese em que pouca munição é apreendida desacompanhada de arma de fogo (RHC n. 143.449/MS, Ministro Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, Dje 9/10/2017). 5. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1841320 / SP AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2019/0296154-0) AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CONCURSO ENTRE OS DELITOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 14 E 16, PARÁGRAFO ÚNICO, IV, DA LEI N. 10.826/03. CONSUNÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DO CONCURSO FORMAL. I – O princípio da consunção ou absorção é verificado nas hipóteses em que a primeira infração constitui simples fase de realização da segunda, estabelecida em dispositivo diverso, em uma necessária e indistinta relação de delito-meio e delito-fim. A consunção resolve um conflito aparente de normas decorrente de uma relação de dependência entre as condutas praticadas. II – In casu, muito embora haja a consumação de crimes de posse ilegal de munições de uso permitido e o de porte de arma de fogo de uso restrito por equiparação em um único contexto fático e temporal, referidas condutas subsumem a tipos penais distintos e autônomos e tutelam bens jurídicos distintos, é dizer, a administração da Justiça e a confiabilidade de cadastros do Sistema Nacional de Armas, não havendo relação de crime-meio e crime-fim. Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 1813427 / MS AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2019/0135823-1 PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (ART. 1º, I, DA LEI N. 8.137/1990). MATERIALIDADE. CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA DO CRÉDITO FISCAL. PRESCRIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. DOLO GENÉRICO. AGRAVO REGIMENTAL NÃO Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 25 PROVIDO. 1. A Corte de origem solucionou a controvérsia em consonância com a jurisprudência deste Pretório, no sentido de que, conforme a dicção da Súmula Vinculante 24, “não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei 8.137/90, antes do lançamento definitivo do crédito do tributo”. 2. O Supremo Tribunal Federal, em julgamento proferido logo após a aprovação da retrocitada súmula vinculante, reconheceu se tratar de “mera consolidação da jurisprudência da Corte, que, há muito, tem entendido que a consumação do crime tipificado no art. 1º da Lei 8.137/90 somente se verifica com a constituição do crédito fiscal, começando a correr, a partir daí, a prescrição.”(HC n. 85.051/MG, Segunda Turma, Relator o Ministro Carlos Velloso, DJ de 1°/07/2005). 3. In casu, consoante se extrai dos autos, a constituição definitiva do crédito tributário, decorrente da infração ao art. 1º, I, da Lei 8.137/90, ocorreu em 27/04/2016, data em que foi finalizado o Procedimento Administrativo Fiscal nº 10510.721343/2008-71. 4. Assim, uma vez firmada em definitivo a pena privativa de liberdade no patamar de 2 (dois) anos de reclusão, a prescrição passa a regular-se pela pena imposta, cujo prazo prescricional é de 4 anos (CP, art. 109, V). Por consectário, impõe-se reconhecer que não houve decurso de tal lapso temporal entre os marcos interruptivos. 5. A jurisprudência desta Corte Superior é firme no sentido de que “os crimes de sonegação fiscal e apropriação indébita previdenciária prescindem de dolo específico, sendo suficiente, para a sua caracterização, a presença do dolo genérico consistente na omissão voluntária do recolhimento, no prazo legal, dos valores devidos” (AgRg no AREsp 469137 , Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, Dje 13/12/2017). 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no AREsp 1463919/SE) PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. ARTIGO 1º, I E II, DA LEI N. 8.137/90. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA COM BASE NA PENA EM CONCRETO ANTES DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 110, § 2º, DO CÓDIGO PENAL – CP REVOGADO PELA LEI N. 12.234/2010 CUMULATIVA COM APLICAÇÃO Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 26 DA SÚMULA VINCULANTE N. 24 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – STF INCLUSIVE PARA FATOS ANTERIORES À VIGÊNCIA DA REFERIDA SÚMULA VINCULANTE. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. Para osdelitos do art. 1º, I a IV, da Lei n. 8.137/90, a prescrição da pretensão punitiva com base na pena em concreto antes do recebimento da denúncia (art. 110, § 2º, do CP, revogado pela Lei n. 12.234/10) tem como termo inicial de contagem do lapso prescricional a data da constituição definitiva do crédito tributário, consoante se depreende da Súmula Vinculante n. 24/STF, aplicável também para fatos anteriores à sua vigência (11/12/2009). 2. “1. Consoante consolidado no verbete 24 da Súmula Vinculante, não há crime material contra a ordem tributária antes da constituição definitiva do crédito, razão pela qual é irrelevante o momento no qual ocorreu a omissão ou declaração falsa ao Fisco. 2. Esta colenda Quinta Turma já afastou a alegação de que o enunciado 24 da Súmula Vinculante só se aplicaria aos crimes cometidos após a sua vigência, seja porque não se está diante de norma mais gravosa, mas de consolidação de interpretação judicial, seja porque a sua observância é obrigatória por parte de todos os órgãos do Poder Judiciário, exceto a Suprema Corte, a quem compete eventual revisão do entendimento adotado. Precedente. 3. Considerada a constituição do crédito tributário como termo inicial da prescrição da pretensão punitiva, não se verifica a ocorrência da prescrição da pretensão punitiva estatal. 4. Recurso desprovido” (RHC 83.993/MS, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, Dje 25/8/2017). 3. Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 1758665 / PR) RECURSO ESPECIAL AFETADO AO RITO DOS REPETITIVOS PARA FINS DE REVISÃO DO TEMA N. 157. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA AOS CRIMES TRIBUTÁRIOS FEDERAIS E DE DESCAMINHO, CUJO DÉBITO NÃO EXCEDA R$ 10.000,00 (DEZ MIL REAIS). ART. 20 DA LEI N. 10.522/2002. ENTENDIMENTO QUE DESTOA DA ORIENTAÇÃO CONSOLIDADA NO STF, QUE TEM RECONHECIDO A ATIPICIDADE MATERIAL COM BASE NO PARÂMETRO FIXADO NAS PORTARIAS N. 75 E 130/MF – R$ 20.000,00 (VINTE MIL REAIS). ADEQUAÇÃO. 1. Considerando os princípios da segurança jurídica, da proteção Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 27 da confiança e da isonomia, deve ser revisto o entendimento firmado, pelo julgamento, sob o rito dos repetitivos, do REsp n. 1.112.748/TO – Tema 157, de forma a adequá-lo ao entendimento externado pela Suprema Corte, o qual tem considerado o parâmetro fixado nas Portarias n. 75 e 130/MF – R$ 20.000,00 (vinte mil reais) para aplicação do princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho. 2. Assim, a tese fixada passa a ser a seguinte: incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminhoquando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n.10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e130, ambas do Ministério da Fazenda. 3. Recurso especial provido para cassar o acórdão proferido no julgamento do Recurso em Sentido Estrito n.0000196-17.2015.4.01.3803/MG, restabelecendo a decisão do Juízo da 2ª Vara Federal de Uberlândia – SJ/MG, que rejeitou a denúncia ofertada em desfavor do recorrente pela suposta prática do crime previsto no art. 334 do Código Penal, ante a atipicidade material da conduta (princípio da insignificância). Tema 157 modificado nos termos da tese ora fixada. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. INÉPCIA DA DENÚNCIA E ILEGITIMIDADE PASSIVA. SENTENÇA CONDENATÓRIA. MATÉRIA PREJUDICADA. DESCRIÇÃO SUFICIENTE. ATIPICIDADE. AUSÊNCIA DE DOLO. INADMISSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. DOSIMETRIA. AGRAVANTE. ART. 12, I, DA LEI 8.137/1990. POSSIBILIDADE. RELEVANTE PREJUÍZO AO ERÁRIO. SÚMULA 83/STJ. AGRAVANTE. ART. 61, II, G, DO CP. REVISÃO DAS PREMISSAS FÁTICAS. IMPOSSIBILIDADE SÚMULA 7/STJ. CONTINUIDADE DELITIVA. FRAÇÃO DE AUMENTO. PRÁTICA DE MAIS DE 7 CRIMES. PATAMAR MÁXIMO. POSSIBILIDADE. SÚMULA 83/STJ. AGRAVO IMPROVIDO. 1. Incabível o exame da alegação de inépcia da denúncia e ilegitimidade passiva, pois superada a apreciação da viabilidade formal da persecutio, se já existe acolhimento formal e material da acusação pelo Tribunal de origem. 2. É afastada a inépcia quando a denúncia preencher os requisitos do art. 41 do CPP, com a descrição dos fatos e Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 28 classificação do crime, de forma suficiente para dar início à persecução penal na via judicial, bem como para o pleno exercício da defesa, o que ocorreu na espécie. 3. A pretensão de reconhecimento da atipicidade da conduta, por falta de dolo esbarra no óbice da Súmula 7/STJ, pois, para se concluir de modo diverso do Tribunal a quo, seria necessário o revolvimento das provas dos autos. 4. Este Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que o não recolhimento de expressiva quantia de tributo atrai a incidência da causa de aumento prevista no art. 12, inc. I, da Lei 8.137/90, pois configura grave dano à coletividade. (AgRg no REsp 1417550/PE, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 18/08/2015, Dje 25/08/2015.) 5. Mostra- se inadmissível a revisão das premissas fáticas com o propósito de afastar a agravante prevista no art. 61, II, g, do CP, a teor da Súmula 7/STJ. 6. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que a fração referente à continuidade delitiva deve ser firmada de acordo com o número de delitos cometidos, aplicando-se o aumento de 1/6 pela prática de 2 infrações; 1/5 para 3 infrações; ¼ para 4 infrações; 1/3 para 5 infrações; ½ para 6 infrações; e 2/3 para 7 ou mais infrações. 7. Constatado pelo Tribunal de origem a existência de mais de 7 crimes, admite-se o estabelecimento da fração máxima de 2/3. 8. Agravo regimental improvido. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 29 LEGISLAÇÃO CORRELATA Meus caros, todos os dispositivos relevantes já foram apresentados. Posteriormente façam as leituras de acordo com seu plano individual de leitura da lei seca.
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