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IESC | IST´s 1 Infecções sexualmente transmissíveis - são um importante problema de saúde pública em todo o mundo, tanto pela sua prevalência como pela forma de transmissão, cuja prevenção depende muitas vezes de intervenções não só assistenciais como comportamentais, educacionais e até socioculturais. - embora na maioria dos casos exista tratamento eficaz, as IST´s quando não tratadas podem evoluir com complicações sérias, como infecções crônicas do trato genital, infertilidade, câncer cervical e aumento do risco de transmissão e aquisição do HPV. - geralmente a abordagem e diagnostico são feitos de forma sidrômica com bases na apresentação clínica do paciente, em doenças que causam: úlcera genital, cervicite/uretrite, corrimento vaginal, verrugas genitais e ainda em síndromes extragenitais, como no caso de hepatites. No entanto, muitas pacientes possuem doença assintomática, o que torna o diagnóstico mais difícil aumentando o risco de complicações e de transmissão sustentada na comunidade. Fatores de risco associados a essas doenças: Paciente com idade entre 15 – 24 anos Solteiras (os) História previa de IST Uso prolongado de drogas ilícitas Múltiplos parceiros sexuais Contato com profissionais do sexo Uso inadequado ou não uso de preservativos Anamnese deve ser feita com enfoque em: Parceiros novos nos últimos 60 dias História de múltiplos parceiros Presença de ulceras genitais Tipo de exposição sexual Frequência de uso de preservativo Idade de coitarca Doenças que causam úlceras genitais - são lesões localizadas principlamnete em região de vulva, vagina ou colo uterino. Os principais agentes são: Herpes simplex vírus, Trepomena Pallidum, Chlamydia trachomatis, Haemophilus ducreyi e Klebsiella granulomatis. Herpes Genital - Agente: Herpes simplex vírus (HSV- -tipo 1 e HSV-tipo 2). - Epidemiologia: A causa mais comum de úlcera genital é a herpes genital, principalmente pelo sorotipo HSV- tipo2. - a transmissão ocorre por contato sexual vaginal, oral ou anal, pela mucosa ou lesão infectante. - cerca de 50-90% dos adultos têm anticorpos circulantes contra HSV- tipo 1; e 20-30% contra HSV- tipo2. - pacientes portadoras de HSV tipo2 tem mais chances de contrair o vírus HIV. Muitas pacientes são portadoras assintomáticas do vírus, porem contaminantes, o que dificulta o controle da doença. Classificação: Primo-infecção herpética: geralmente subclínica e a paciente torna-se portadora assintomática. Nos casos sintomáticos, período de incubação de 4-7 dias, observam- se lesões eritematopapulosas de 1 a 3 mm em pequenos lábios, clitóris, grandes lábios ou fúrcula vaginal que evoluem para vesículas agrupadas com conteúdo citrino, que se rompem e dão origem a ulcerações muito dolorosas. Adenopatia inguinal bilateral pode estar presente em 50% dos casos. Quando presente, a cervicite herpética cursa com corrimento genital aquoso. A paciente pode apresentar ainda sintomas gerais como febre, mal estar e mialgia. Após 3 semanas o vírus entra em estado de latência em gânglios medulares ou de nervos cranianos. Herpes recidivante: 60-90% dos pacientes tem recidiva dentro de um ano por reativação dos vírus que migram através dos nervos periféricos e promovem erupções na mucosa e na pele. O quadro clínico é menos intenso do que na primo-infecção, sendo precedido por aumento da sensibilidade, prurido, queimação e “fisgadas” nas pernas, quadris e região IESC | IST´s 2 anogenital. Alguns fatores podem promover a reativação do vírus, como estresse físico ou emocional, imunodeficiência, uso prolongado de antibióticos, trauma local, mudanças hormonais do ciclo menstrual, exposição à radiação ultravioleta. As lesões tendem a ocorrer na mesma região da lesão inicial e regridem espontaneamente entre 7 e 10 dias. Diagnóstico: essencialmente clinico, por meio da história e das características da lesão. Diagnostico laboratorial: feito com a coleta do material com swab, para detecção direta do HSV. Entre outros exames, como o teste de isolamento do HSV em cultura. Tratamento: em geral inclui a prevenção da transmissão, a atenuação da sintomatologia, a redução da possibilidade de complicações posteriores, a promoção da cura do episódio e a supressão possível dos episódios de recrudescência. A utilização de analgésicos ou AINES e permanganato de potássio, é realizado para evitar infecções bacterianas secundárias nas lesões genitais. Em gestantes portadoras de herpes simples ocorrem riscos de complicações obstétricas e neonatais, por transmissão vertical. Recomenda-se cesariana em todas as mulheres com lesões genitais ativas ou sintomas prodrômicos (dor e/ou ardência vulvar) no momento do par Sifilis Agente: Treponema pallidum, bactéria Gram- negativa, do grupo das espiroquetas. Transmissão: quase exclusivamente pelo contato sexual com pacientes com lesões genitais ativas. Na sífilis congênita ocorre por meio da via hematogênica. O tratamento não confere imunidade podendo-se contrair a infecção toda vez que houver exposição. Epidemiologia: periodo de aumento de casos de sífilis no brasil. Pode ser decorrente do aumento nas notificações, que em 2010 passou a ter notificação compulsória. Classificação: Sífilis primária: conhecida como cancro duro. Possui incubação de 10-90 dias, em média de 3 semanas. Inicialmente ocorre o aparecimento de lesão genital ulcerada, quase sempre única, indolor, de bordos endurecidos, de fundo limpo e rica em treponemas (bactérias). Além disso, ocorre adenopatia satélite inguinal bilateral, indolor. A lesão dura cerca de 2 a 6 semanas e desaparece espontaneamente. * A linfadenopatia geralmente é regional, unilateral, múltipla, indolor, não supurativa, sem flogismo, aparecendo uma semana após a lesão primária Sífilis secundária: surge entre 6 semanas a 6 meses após cancro duro, manifestando lesões cutâneo-mucosas, como roséola sifilítica (exantema morbiliforme não pruriginoso), sífilis papulosa palmo-plantar, alopecia areata e lesões pápulo-hipertróficas nas mucosas ou pregas cutâneascondiloma plano ou condiloma lata). Pode vir acompanhada de febre, mal- -estar, cefaleia, adinamia (fraqueza muscular), aumento dos linfonodos palpáveis presentes em região cervical posterior, axilar, inguinal e femoral. Mais raramente observa-se acometimento hepático, quadros meníngeos e comprometimento ocular (uveíte). As lesões desaparecem entre 4-12 semanas, sem cicatrizes. Nesse estágio da doença, há resposta imune significativa, com aumento da produção de anticorpos contra o treponema. Esses anticorpos circulantes resultam em maiores títulos nos testes treponêmicos e implicam em resultados reagentes nos testes IESC | IST´s 3 treponêmicos. Sífilis terciária: Tardia, surge após 2 - 40 anos da infecção. Apresenta manifestações cutâneas (lesões gomosas e nodulares), neurológicas (tabes dorsalis, parestesia generalizada, meningite), ósseas (osteíte gomosa, periostite, osteíte esclerosante) e cardiovascular (aortite sifílica). Sífilis latente: Evolui sem sintomatologia clínica, apenas com sorologia positiva. Pode ser recente (até 1 anos de evolução), tardia (mais de 1 ano) ou indeterminada, quando não se sabe o tempo de evolução. Diagnóstico: A microscopia de campo escuro é padrão-ouro no diagnóstico de sífilis, porém raramente está disponível (faz-se a pesquisa direta do Treponema através de material colhido de raspagem da lesão primária). No entanto, se disponível, a pesquisa direta do Treponemapallidum também pode ser realizada como primeira escolha, já que na fase primária ainda não houve tempo para a produção de anticorpos.Testes não treponêmicos - O teste sorológico não treponêmico, VDRL, é bastante sensível e utilizado como screening populacional (falsos- -positivos em portadores de doenças autoimunes, tuberculose, gravidez, idosos e usuários de drogas injetáveis). Seu resultado é apresentado em diluições (exemplo: 1:2, 1:4, 1:8). Ficam positivos de 2 a 3 semanas após a infecção após o aparecimento do cancro duro. Se o teste for positivo, realiza-se o teste treponêmico (FTA- -ABS), altamente específico, sendo capaz de fechar diagnóstico de sífilis. É um teste para seguimento clínico e incremento ≥ 4 vezes o valor inicial (exemplo: de 1:4 para 1:16) do VDRL correlaciona-se com doença em atividade. Os diagnósticos diferenciais incluem fissuras, úlceras traumáticas, herpes simples, cancro mole, cancro misto de Rollet (cancro duro + cancro mole), donovanose, farmacodermias e viroses exantemáticas. Tratamento é feito com antibióticos como a penicilina, variando as dose de acordo com o tipo de sífilis. O rastreamento de sífilis em gestante, pelo teste não treponêmico VDRL é feito logo na primeira consulta do pré-natal. Caso positivo, \é confirmado pelo teste treponêmico FTA- ABS. O teste deve ser repetido no terceiro trimestre (entre 28 e 32 semanas), no momento do parto e em casos de abortamento. O tratamento deve ser feito seguindo as recomendações do adulto, exceto com uso de Doxiciclina (contraindicado na gravidez). Linfogranuloma venéreo Agente: Chlamydia trachomatis sorotipos L1, L2 ou L3, bactéria gram negativa intracelular obrigatória. Epidemiologia: Também chamada de linfogranuloma inguinal, doença de Nicolas- Favre ou “bubão”. É uma doença linfoproliferativa, que apresenta como fatores de risco: múltiplos parceiros sexuais, a soropositividade para o HIV e sexo anal, Transmissão: por contato sexual. Manifestações clinicas: - apresenta três fases: fase de inoculação: O período de incubação é de 3 a 12 dias. Inicialmente, surgimento de pápulas ou pústulas na região vulvar, evoluindo com úlcera indolor ou reação inflamatória no local da inoculação. Regride espontaneamente em 3 a 5 dias. IESC | IST´s 4 fase de disseminação linfática regional: Ocorre em 1 a 6 semanas após o aparecimento da primeira lesão e corresponde a infecção dos linfonodos regionais, com adenite inguinal, sendo 70% dos casos unilateral. fase de sequelas: Há drenagem do material purulento, com formação de cicatrizes e retrações. A lesão da região anal pode levar a proctite e proctocolite hemorrágica. O contato orogenital pode causar glossite ulcerativa difusa, com linfadenopatia regional. Podem ocorrer manifestações intestinais e sistêmicas, como febre, mal-estar, emagrecimento, sudorese noturna, artralgia e meningismo. A obstrução linfática crônica leva à elefantíase genital, que na mulher é denominada estiomene. Além disso, podem ocorrer fístulas retais, vaginais, vesicais e estenose retal. Diagnóstico: Dificilmente o diagnóstico é feito apenas com base na clínica. Laboratorialmente, realiza-se pesquisa de C. tracomatis por PCR ou captura hídriba. Sorologia IgG positiva não consegue distinguir infecção atual ou passada. Cancro mole ou cancroide Agente: Haemophilus ducreyi, coco bacilo gram negativo. Epidemiologia: Houve declínio na sua incidência nos últimos anos. Porém, ainda se configura como terceira causa mais comum de úlceras genitais. Transmissão: contato sexual. Manifestações clinicas: - Período de incubação de 3 a 5 dias. Apresenta-se com uma ou múltiplas ulceras dolorosas hiperemiadas, com bordas irregulares e eritemato-edematosas, fundo purulento ou irregular, recoberto por exsudato necrótico, amarelado, com odor fétido e com tecido granulomatoso ao fundo. Compromete, principalmente, a genitália externa, mas pode acometer também ânus e, raramente, cavidade oral Pode ainda atingir os linfonodos inguino-crurais (bubão), sendo unilaterais em dois terços dos casos (mais em homens), que pode supurar ou fistulizar. Diagnóstico: O diagnóstico é clínico, deve ser pensado após excluir sífilis e pelas características das lesões. O diagnóstico laboratorial é pouco utilizado, mas pode-se realizar exame à fresco com pesquisa microscópica de H. ducrey. Donovanose Agente: Klebisiella granulomatis, bactéria intracelular gram negativa. Epidemiologia: Também chamada de granuloma inguinal, possui baixa prevalência no Brasil, estando mais associada a população com baixo nível socioeconômico, principalmente na região Norte. Manifestações clínicas: - Período de incubação em torno de 50 dias, variando de 3 dias a 6 meses. Lesões únicas ou múltiplas granulomatosas e ulcerovegetantes em região genital, inguinal e perianal, de evolução lenta, progressiva, indolor e sem linfadenopatia regional. São lesões altamente vascularizada, que sangram facilmente. Granulomas subcutâneos também podem ocorrer. - O diagnóstico é clínico. A identificação do microrganismo causador é difícil, sendo confirmatório pela visualização dos corpúsculos de Donovan (inclusões bacterianas no interior de macrófagos) em material de biópsia. IESC | IST´s 5 Doenças que causam verrugas - são as doenças causadas pelo papilomavírus humano (HPV), um DNA-vírus. - existem mais de 200 tipos de HPV identificados, sendo que cerca de 45 tipos infectam o epitélio do trato anogenital masculino e feminino. O risco oncogênico do HPV depende da associação entre o tipo de HPV e o tipo de lesão tecidual desencadeada por sua infecção. - Os classificados como baixo risco são os tipos 6, 11, 40, 42, 43, 44, 54, 61, 72 e 81. Os de alto risco são os tipos 16, 18, 31, 33, 35, 45, 52 e 58 Epidemiologia: provavelmente é a doença sexualmente transmissível mais comum. - 1% da população sexualmente ativa manifesta HPV na forma de verruga genital. Como um todo, em cerca de 70% a 80% dos homens e mulheres sexualmente ativos adquiriu HPV em algum tempo de suas vidas. As maiores prevalências são em mulheres mais jovens, apresentando queda na meia- idade e segundo pico após os 50-60 anos. - O HPV está envolvido no desenvolvimento do câncer do colo do útero em cerca de até 99,7% dos casos de CA de colo uterino. O restante é atribuído à mutação dos genes supressores, a algum subtipo de HPV ainda não detectado ou o DNA do HPV pode ter sido perdido durante o desenvolvimento do tumor Mecanismo: Para se estabelecer na epiderme, o HPV precisa infectar células metabolicamente ativas, como as da camada basal, ou seja, o ciclo do HPV está ligado a diferenciação da célula escamosa. Assim, as proteínas E6 e E7 dos HPV 16 e 18 formam complexos com as proteínas anti-oncogênicas p53 e pRB, respectivamente, e essas interações influenciam, pelo menos em parte, no poder de transformação desses dois vírus. Manifestações clinicas: - apresentação latente: ocorre quando as pessoas infectadas por HPV não desenvolvem nenhum tipo de lesão, sendo que tal condição pode permanecer durante toda a vida. Anos mais tarde, alguns pacientes podem vir a expressar a doença com condilomasou alterações celulares do colo uterino. Dessa forma, a infecção só pode ser demonstrada por meio de exames de biologia molecular (detecção do DNA viral). - Apresentação subclínica: a lesão subclínica ocorre quando as microlesões pelo HPV são diagnosticadas por meio de exame de Papanicolaou e/ou colposcopia (lesões acetobrancas), com ou sem biópsia. - Apresentação clínica: a forma mais comum de apresentação pelo HPV denomina-se condiloma acuminado (verruga), com lesões aparentes, vegetativas, vascularizadas, sesseis e com múltiplas projeções papilares. As lesões se manifestam, principalmente, em região de fúrcula, grandes e Dpequenos lábios, região perineal eperianal. Nesses casos, a biopsia é indicada em condiloma acuminado atípico ou quando não há resposta ao tratamento. Diagnóstico: - A grande maioria das infecções por HPV é assintomática e autolimitada. Quando a doença se apresenta de forma clínica, como no caso do condiloma genital, o diagnóstico pode ser feito ao olho nu. Na forma subclínica, o diagnóstico é feito por meio de colposcopia e/ou citologia (método Papanicolau) e na forma latente, somente por meio de biologia molecular. - O papanicolau é bastante utilizado como método de triagem, devido a boa sensibilidade. A colposcopia (permite a biópsia dirigida em áreas suspeitas) tem como principal indicação identificar o local mais adequado para a realização da biópsia, na presença de uma citologia com alterações pré-malignas ou IESC | IST´s 6 malignas, além de avaliar a extensão e a gravidade da lesão. Neste papel se tornou um componente integrado dos programas de screening cervical e um passo diagnóstico essencial no planejamento terapêutico e acompanhamento das portadoras de lesões precursoras - A histopatologia está baseada em critérios morfológicos arquiteturais e celulares, sendo considerada o padrão ouro do diagnóstico morfológico. O laudo anatomopatológico é essencial para a definição do tratamento mais adequado das lesões cervicais. Como as lesões mais graves se localizam na junção escamocelular é importante sua localização na junção escamo-celular e a retirada por colposcopia. - O diagnóstico diferencial do condiloma acuminado inclui fibroma vulvar, pólipos fibroepiteliais, molusco contagioso, papilomatose vulvar não viral, papiloma sifilítico, líquen plano, NIV ou carcinoma invasor. Assim, na presença de lesão vegetante no colo uterino, deve-se excluir a possibilidade de tratar-se de uma lesão intraepitelial antes de iniciar o tratamento. Essas pacientes devem ser referidas para colposcopia para diagnóstico diferencial. Tratamento: feito para as condições causadas pelo HPV e não contra o vírus propriamente dito. Ele visa estimular o sistema imunológico, melhorando os sintomas, erradicando as lesões e prevenir a transmissão. Doenças que causam corrimento uretral - dentre essas doenças duas dessas causam, cervicite e uretritre, que são a clamídia e a gonorreia. Clamídia Agente: Chlamydia tracomatis, gram negativa intracelular obrigatória Epidemiologia: Acomete preferencialmente homens e mulheres jovens com menos de 25 anos. É a infecção bacteriana sexualmente transmissível crônica mais frequente. O rastreamento mostrou-se custo-efetivo em vários países que adotaram, reduzindo o tempo de duração da doença, a transmissibilidade e as sequelas. Foram indicados para: 1- Gestantes 2- Mulheres sexualmente ativas com menos de 25 anos 3- Novo parceiro em 90 dias 4- Uso inapropriado de preservativos 5- IST previa ou atual 6- Ectopia hipertrófica friável/muco endocervical turvo em primeira fase do ciclo 7- História/investigação de infertilidade 8- Parceiro com secreção uretral ou historia de uretrite/epididimite Manifestações clinicas: - O período de incubação dura de 6 a 14 dias. É comum apresentarem queixa de dispareunia e dor à mobilização de colo uterino ao exame especular. Cerca de 70% dos pacientes são assintomáticos, proporcionando assim um reservatório permanente da infecção. Quando sintomáticos, podem apresentar: • Cervicite em 50% das portadoras, com colo uterino friável e sangrante em coleta endocervical e com secreção mucopurulenta • Uretrite, com sintomas semelhantes à infecção urinária, evidenciando-se piúria na análise da urina, com cultura negativa. • Doença inflamatória pélvica (DIP) e hidrossalpinge, quando a infecção ascendo o trato genital superior em cerca de 15-30% das mulheres, quando não tratada. • Salpingite, em 7%, sendo que 10 a 40% das infertilidades por obstrução tubária são por clamídia. As sequelas mais importantes da clamídia nas mulheres são: esterilidade, gravidez ectópica, dor pélvica crônica. corrimento vaginal causado pela clamídia cervicite por clamídia IESC | IST´s 7 - 20% das gestantes podem apresentar infecções por clamídia, podendo causar diversos problemas. Diagnostico: Clínico, através das manifestações, e laboratorial, através da pesquisa de DNA (PCR), captura híbrida ou teste rápido por PCR real time; Secreção uretral ou endocervical ou no exame de urina de (primeiro jato). Gonorreia Agente: Neisseria gonorrhoeae, diplococo gram negativo. Epidemiologia: Acomete mais mulheres do que homens, já que nelas geralmente ocorre de forma assintomática, enquanto neles, por serem sintomáticos, procuram assistência médica de forma imediata. O rastreamento anual de rotina está indicado para mulheres com vida sexual ativa com menos de 25 anos ou pacientes com alto risco para infecção (parceiro recente, múltiplos parceiros ou parceiro com uretrite) e casos de diagnóstico de IST prévia ou recente. Manifestações clinicas - Período de incubação de 2 a 5 dias. Cerca de 50% das pacientes são assintomáticas. Quando sintomáticas podem apresentar: Cervicite mucopurulenta, já que o colo uterino é o local mais comum de infecção pelo N. gonorrhoeae. - Assim, a mucosa endocervical apresenta-se edemaciada, hiperemiada e sangrativa ao toque da espátula, além de leucorreia purulenta saindo pelo orifício externo do colo uterino. - DIP, disúria e dispareunia podem estar presentes. - Uretrite gonocócica, ocorre na ausência de DIP e é responsável por 10% dos casos de disúria nas mulheres. - Faringite gonocócica, presente em 5 a 20% das pacientes infectadas DIP, em 10 a 40% das pacientes infectadas, sendo que os sintomas incluem dor pélvica/abdominal, sangramento vaginal anormal e dispareunia. Diagnóstico Clínico e laboratorial. A bacterioscopia-gram com presença de diplococos gram negativos intracelulares é diagnostico de gonorreia. Caso negativa, não exclui a infecção, já que a sensibilidade é de 30%. A cultura de secreção endocervical em meio de Thayner-Martin é uma alternativa ou por biologia molecular (PCR) Micoplasma Agente: Mycoplasma pneumoniae; Mycoplasma hominis, Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma genitalium Epidemiologia: O M. hominis faz parte da flora vaginal e uretral de cerca de 20 a 50% de homens e mulheres sexualmente ativos, sendo que esse percentual aumenta na puberdade e à medida que se estabelecem relações com mais parceiros. - As mulheres são mais susceptíveis à colonização, enquanto os homens são, geralmente, assintomáticos. - Atualmente, o M. genitalium tem se mostrado o mais importante causador de uretrites não gonocócicas e não clamídicas em homens e responsável por 1 a 6% das infecções em mulheres. Nessas, está associado a cervicite, endometrite, infertilidade, aumento de susceptibilidade de contrair HIV e desfechos perinatais negativos. Manifestações clinicas: - Cerca de 50% das mulheres são assintomáticas. Quando sintomáticas, apresentam sinurragia, cervicite, sangramentos de escape e endometrite. Pode apresentar febre ou pielonefrite após cateterismo uretral ou citoscopia. Doenças que causam corrimento vaginal Tricomoníase Agente: Trichomonas vaginalis, protozoário flagelado anaeróbico falcultativo Epidemiologia: Corresponde a 20% dos casos de corrimento vaginal. É encontrada em 30 a 40% dos parceiros de mulheres infectadas. Geralmente está associada a outra IST e facilita a infecção por HIV. Está relacionada a atividade sexual desprotegida, não estando ligada a outros fatores. IESC | IST´s 8 Manifestações clínicas: - Na maioria dos casos a mulher é sintomática, porém após a menopausa podem se tornar assintomáticas. Já os homens são namaioria dos casos assintomáticos, funcionando como vetores, mas podem também desenvolver quadro de uretrite não gonocócica, epididimite ou prostatite. As características do corrimento são: amarelo ou amarelo-esverdeado, abundante, fétido e bolhoso. O pH vaginal, normalmente, é maior que 5. Eritema vulvar e escoriações não são comuns, mas sim ardência, edema e hiperemia. Ocasionalmente pode ocorrer disúria, polaciúria e dor pélvica. Na colposcopia, ou raramente a olho nu, é visualizada a colpite focal ou difusa em “colo de framboesa”, característica da tricomoníase e ocorre por dilatação capilar e hemorragias puntiformes. Diagnóstico: Clínico. Pode-se realizar medida do pH vaginal, teste de Whiff e microscopia a fresco do fluido vaginal. O pH vaginal, normalmente, é igual ou superior a 5. Pacientes que não tiveram diagnóstico confirmado por microscopia podem realizar Teste de Amplificação do Ácido Nucleico (NAAT), o exame mais sensível e específico disponível Doença inflamatória pélvica - é uma síndrome clinica aguda atribuída a ascensão de microorganismos do trato genital feminino inferior através do colo uterino, comprometendo endométrio, anexos uterinos e/ou estruturas contíguas. 90% das causas de DIP é secundária a agentes sexualmente transmissíveis, como Neisseria gonorrhoeae e Clamydia trachomatis (esses isolados em 70% dos casos de DIP em mulheres). Cerca de 10 a 20% das infecções por gonococo e clamídia evoluem para DIP. Os fatores de risco associados a DIP são: mulheres jovens com atividade sexual, promiscuidade sexual, parceiro novo há 90 dias, IST prévia. A DIP, geralmente, ocorre em duas etapas. Na primeira etapa, ocorre a infecção vaginal ou cervical, podendo a paciente permanecer assintomática. Normalmente a segunda, corresponde à ascensão desses microrganismos patogênicos. Essa ascensão pode estar ligada a fatores como variações hormonais do ciclo menstrual, que provocam mudanças no comportamento do muco cervical; abertura do colo durante a menstruação, com fluxo menstrual retrógrado; ascensão por meio dos espermatozoides e contrações uterinas durante o coito, simultaneamente. Os microrganismos, ao atingirem as tubas uterina, promovem uma intensa reação inflamatória, o qual o processo cicatricial pode levar a formação de aderências na superfície tubária, podendo resultar em oclusão tubária ou formação de traves, possível responsável pelo aumento de chance de gravidez ectópica. Pode ocorrer piossalpinge por aglutinação das fímbrias. O comprometimento dos ovários adjacentes leva a uma periooforite, podendo resultar também em abcessos na cavidade peritoneal, no fundo de saco de Douglas. O diagnóstico é difícil, devido à variedade de sintomas. Deve ser tratado como diagnóstico diferencial de mulheres com dor abdominal inferior. Para o diagnóstico clínico de DIP, deve-se estar presente três critérios maiores e um critério menor; ou então presença de um critério elaborado. IESC | IST´s 9 - Para contribuir no diagnóstico pode- -se realizar a solicitação de alguns exames, dependendo do quadro clínico e das suspeitas, como hemograma completo, VHS ou PCR, bacterioscopia, cultura e antibiograma de material cervico-uterino, ecografia abdominopélvica ou RM, radiografia simples de abdome, laparoscopia, EAS e urocultura, teste de gravidez. Para diagnóstico diferencial de DIP, deve-se pensar sempre em gravidez ectópica, apendicite aguda, endometriose, torção ou rotura de cisto ovariano, litíase ureteral, mioma uterino e infecção urinária. Alteração endógena causando infecção, como em vaginose bacteriana, pode estar associada a até dois terços dos casos de DIP.
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