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SISTEMA DE ENSINO DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 2 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 .........................4 Introdução ......................................................................................................................4 Disposições Gerais .........................................................................................................4 Competências .................................................................................................................6 Da União .........................................................................................................................6 Dos Estados ...................................................................................................................8 Dos Municípios ...............................................................................................................9 Dos Planos de Atendimento Socioeducativo .................................................................. 11 Dos Programas de Atendimento ................................................................................... 12 Dos Programas em Meio Aberto .................................................................................. 13 Dos Programas de Privação de Liberdade .................................................................... 13 Da Avaliação e Acompanhamento da Gestão do Atendimento Socioeducativo .............. 15 Do Financiamento e das Prioridades ............................................................................. 16 Da Execução das Medidas Socioeducativas ....................................................................17 Disposições Gerais ........................................................................................................17 Dos Procedimentos ..................................................................................................... 20 Unificação das Medidas Socioeducativas ......................................................................26 Extinção das Medidas Socioeducativas ........................................................................ 30 Dos Direitos Individuais ................................................................................................33 Do Plano Individual de Atendimento .............................................................................37 Da Atenção Integral à Saúde De Adolescente em Cumprimento de Medida Socioeducativa .............................................................................................................38 Do Atendimento a Adolescente com Transtorno Mental e com Dependência de Álcool e de Substância Psicoativa ........................................................................................... 41 https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 3 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Das Visitas a Adolescente em Cumprimento de Medida de Internação ......................... 41 Dos Regimes Disciplinares ............................................................................................42 Resumo ........................................................................................................................44 Questões de Concurso ..................................................................................................49 Gabarito .......................................................................................................................64 Gabarito Comentado .....................................................................................................65 https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE SISTEMA NACIONAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO – LEI N. 12.594/2012 Introdução Olá, querido(a) aluno(a). Nessa segunda aula, vamos abordar a Lei do Sinase, que procu- rou criar uma regulamentação para a execução das medidas socioeducativas no Brasil, de forma semelhante ao que já ocorria na área da execução penal, com a Lei de Execução Penal – LEP. Publicada em 2012, a Lei do Sinase está sendo muito cobrada em provas. Pretendo abordar os principais itens da lei cobrados em concursos, de forma clara e obje- tiva, para que você tenha condições de tirar ótima nota nas provas! dIsposIções GeraIs A lei define Sinase como sendo o conjunto ordenado de princípios, regras e critérios que envolvem a execução de medidas socioeducativas, incluindo-se nele, por adesão, os siste- mas estaduais, distrital e municipais, bem como todos os planos, políticas e programas es- pecíficos de atendimento a adolescente em conflito com a lei. O Sinase engloba as três esferas da federação: federal, estadual e municipal. É um siste- ma especificamente voltado para os adolescentes em conflito com a lei, e também engloba os adolescentes ainda não sentenciados, ou seja, internados provisoriamente. Em seguida, a Lei do Sinase prevê os objetivos das medidas socioeducativas. São eles: a responsabilização do adolescente quanto às consequências lesivas do ato infracional, sem- pre que possível incentivando a sua reparação; a integração social do adolescente e a garan- tia de seus direitos individuais e sociais, por meio do cumprimento de seu plano individual de atendimento; e a desaprovação da conduta infracional, efetivando as disposições da sentença como parâmetro máximo de privação de liberdade ou restrição de direitos, observados os li- mites previstos em lei. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE O art. 1º, § 2º, e incisos da Lei do Sinase são muito importantes e constantemente cobrados em provas. Observe que, segundo parte da doutrina, a legislação reconheceu o caráter retributivo das medidas socioeducativas, ao usar o termo “responsabilização do adolescente” quanto às consequências do ato infracional. Assim, fica mais evidente o caráter sancionatório e imposi- tivo das medidas socioeducativas, sendo elas espécies de sanção penal. A integração social do socioeducando deve ser feita por meio do Plano Individual de Aten- dimento – PIA. O PIA pode ser considerado o documento pedagógico mais importante da medida socioeducativa, pois deve definir, já no início do cumprimento da medida, as metas e atividades pedagógicas a serem cumpridas pelo socioeducando. Servirá de marco para todo o cumprimento da medida. A cada reavaliação, o juiz deverá analisar se as previsões do PIA estão sendo respeitadas e alcançadas, para verificar se o socioeducando está evoluindo em sua ressocialização. Esse plano será estudado com detalhes mais à frente. A lei, em seguida, fala da desaprovação da conduta, e acrescenta que as disposições da sentença devem ser o parâmetro máximo de privação de liberdade ou restrição de direitos. A execução da medida socioeducativa se refere ao cumprimento de um título executivo judi- cial, ou seja, da sentença do Processo de Apuração de Ato Infracional – PAAI, que impôs ao adolescente o cumprimento de uma medida socioeducativa prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente. Na fase de execução, o título já está formado e deve ser executado. Não mais se discutirá se o socioeducando é culpado ou não pelo ato infracional a ele imputado e se a medida imposta pelo juízo de conhecimento foi justa ou não. Eventual discussãosobre o mé- rito da sentença deve ser feita em grau de recurso de apelação no processo de conhecimento e não no processo de execução. O juízo da execução apenas executa o título já formado. Para isso, deve respeitar os parâmetros máximos impostos na sentença. O socioeducando não pode responder por medida mais gravosa do que a imposta na sentença. Além disso, as medidas socioeducativas incidem sobre o direito de liberdade do indivíduo, devendo ser https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE garantidos plenamente todos os outros direitos fundamentais previstos na Constituição e no Estatuto. Tenha em mente que a Lei do Sinase define o que são programas, entidades e unidades de atendimento. Os programas de atendimento são a organização e o funcionamento, por unidade, das condições necessárias para o cumprimento das medidas socioeducativas. São, dessa forma, toda a organização formal com previsão de regras a serem usadas nas entidades e unidades de atendimento. A unidade é a base física necessária à organização e funcionamento do programa de atendimento. Entidade de atendimento é a pessoa jurídica de direito público ou privado que instala e mantém a unidade e os recursos humanos e materiais necessários ao desenvolvimento dos programas de atendimento. As provas cobram as definições de programa, entidade e unidade de atendimento. PROGRAMA Organização e funcionamento, por unidade, das condições necessárias para o cumprimento das medidas socioeducativas. UNIDADE Base física necessária à organização e funcionamento do programa de atendimento. ENTIDADE Pessoa jurídica de direito público ou privado que instala e mantém a unidade e os recursos humanos e materiais necessários ao desenvolvimento de programas de atendimento. A coordenação do Sinase é de atribuição da União, integrada pelos sistemas estaduais, distrital e municipais, os quais são responsáveis pelos programas de atendimento socioedu- cativo. A União não mantém unidades, entidades ou programas de atendimento socioeduca- tivo. CompetênCIas da unIão É de responsabilidade da União: formular e coordenar a execução da política nacional de atendimento socioeducativo; elaborar o Plano Nacional de Atendimento Socioeducativo, em https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE parceria com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; prestar assistência técnica e su- plementação financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o desenvolvi- mento de seus sistemas; instituir e manter o Sistema Nacional de Informações sobre o Aten- dimento Socioeducativo, seu funcionamento, entidades, programas, incluindo dados relativos ao financiamento e à população atendida; contribuir para a qualificação e ação em rede dos Sistemas de Atendimento Socioeducativo; estabelecer diretrizes sobre a organização e fun- cionamento das unidades e programas de atendimento e as normas de referência destina- das ao cumprimento das medidas socioeducativas de internação e semiliberdade; instituir e manter processo de avaliação dos Sistemas de Atendimento Socioeducativo, seus planos, entidades e programas; financiar, com os demais entes federados, a execução de programas e serviços do Sinase; garantir a publicidade de informações sobre repasses de recursos aos gestores estaduais, distrital e municipais, para financiamento de programas de atendimento socioeducativo. Tenha sempre em mente que as atribuições da União são de coordenação, organização e auxílio aos Estados e municípios na manutenção dos programas de atendimento. Entra como gestora, gerenciando e dirigindo os trabalhos do Sinase, mas não executando programas es- pecíficos de atendimento socioeducativo. A União não pode desenvolver e ter programas, entidades e unidades próprios de atendimento socioeducativo. Não existem unidades federais de internação, ao contrário da área da execução penal, onde existem os presídios federais, organizados e mantidos pelo Governo Federal. A União presta assistência técnica e suplementação financeira aos Estados, DF e Municípios. A União mantém o Sistema Nacional de Informações sobre o atendimento socioeducativo. A União financia, com os demais entes federados, a execução de programas e serviços do Sinase. O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – CONANDA – normatiza, delibera, avalia e fiscaliza o Sinase. Além disso, o CONANDA deve deliberar sobre o Plano Na- cional de Atendimento Socioeducativo. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE A Secretaria de Direitos Humanos – SDH –, da Presidência da República, tem as funções executivas e de gestão do Sinase. dos estados É de competência dos Estados: formular, instituir, coordenar e manter o Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo, respeitadas as diretrizes fixadas pela União; elaborar o Plano Estadual de Atendimento Socioeducativo em conformidade com o Plano Nacional; criar, de- senvolver e manter programas para a execução das medidas socioeducativas de semiliberda- de e internação; editar normas complementares para a organização e funcionamento do seu sistema de atendimento e dos sistemas municipais; estabelecer com os Municípios formas de colaboração para o atendimento socioeducativo em meio aberto; prestar assessoria téc- nica e suplementação financeira aos Municípios para a oferta regular de programas de meio aberto; garantir o pleno funcionamento do plantão interinstitucional, nos termos previstos no inciso V do art. 88 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Ado- lescente); garantir defesa técnica do adolescente a quem se atribua prática de ato infracio- nal; cadastrar-se no Sistema Nacional de Informações sobre o Atendimento Socioeducativo e fornecer regularmente os dados necessários ao povoamento e à atualização do Sistema; cofinanciar, com os demais entes federados, a execução de programas e ações destinados ao atendimento inicial de adolescente apreendido para apuração de ato infracional, bem como aqueles destinados a adolescente a quem foi aplicada medida socioeducativa privativa de liberdade. Aos Estados e Distrito Federal cabe manter os programas e unidades de cumprimento de medidas de internação e semiliberdade. Cabe também a responsabilidade pela manutenção do plantão interinstitucional (NAI – Núcleo de Atendimento Integrado). Outra atribuição é ga- rantir a defesa técnica dos adolescentes, atribuição essa de responsabilidade das Defensorias Públicas, que são mantidas pelos Estados ou pelo Distrito Federal, e não pelos Municípios. Aos Conselhos Estaduais dos Direitos da Criança e do Adolescente competem as funções deliberativas e de controle do Sistema Estadual de atendimento Socioeducativo. O Plano Estadual https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art88v http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art88v 9 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE de Atendimento Socioeducativo será submetido à deliberação do Conselho Estadual. Ao ór- gão designado pelo plano estadual competem as funções executivas e de gestão do Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo. Os Estados e o DF mantêm programas, entidades e unidades de medidas socioeducativas privativas de liberdade, ou seja, unidades de internaçãoe semiliberdade. A defesa técnica dos adolescentes deve ser feita pela Defensoria Pública, que é órgão esta- dual ou distrital. Também cabe aos Estados e DF a responsabilidade pela manutenção do plantão interins- titucional. No DF, por exemplo, o plantão institucional é feito pelo Núcleo de Atendimento Integrado - NAI. A ideia do NAI é reunir no mesmo espaço físico órgãos do Judiciário, Mi- nistério Público, Defensoria Pública e Secretarias de Estado responsáveis pela garantia dos direitos fundamentais dos adolescentes, como, por exemplo, Secretaria de Saúde, Secretaria de Educação, Secretaria de Segurança Pública e Secretaria de Assistência Social, objetivando prestar atendimento imediato e eficiente para adolescentes apreendidos em flagrante. A ins- talação está prevista tanto na Lei do Sinase, quanto no art. 88, inciso V, do ECA. Os Estados estabelecem com os Municípios formas de colaboração para atendimento so- cioeducativo em meio aberto e prestam assessoria técnica e suplementação financeira aos Municípios. dos munICípIos Aos Municípios compete formular, instituir, coordenar e manter o Sistema Municipal de Atendimento Socioeducativo, respeitadas as diretrizes fixadas pela União e pelo respectivo Estado; elaborar o Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo, em conformidade com o Plano Nacional e o respectivo Plano Estadual; criar e manter programas de atendimento para a execução das medidas socioeducativas em meio aberto; editar normas complemen- tares para a organização e funcionamento dos programas do seu Sistema de Atendimento https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Socioeducativo; cadastrar-se no Sistema Nacional de Informações sobre o Atendimento So- cioeducativo e fornecer regularmente os dados necessários ao povoamento e à atualização do Sistema; cofinanciar, conjuntamente com os demais entes federados, a execução de pro- gramas e ações destinados ao atendimento inicial de adolescente apreendido para apuração de ato infracional, bem como aqueles destinados a adolescente a quem foi aplicada medida socioeducativa em meio aberto. Os Municípios mantêm e executam os programas em meio aberto. Para isso podem ins- tituir consórcios públicos ou outros instrumentos jurídicos como forma de compartilhar res- ponsabilidades. O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente – CMDCA – tem funções deliberativa e de controle do Sistema Municipal de Atendimento Socioeducativo. O Plano Mu- nicipal será submetido à deliberação do CMDCA. Os órgãos que desempenharão as funções executivas e de gestão do sistema municipal serão designados no Plano Municipal. Ao Distrito Federal cabem as competências estaduais e municipais. Os Municípios criam e mantêm programas socioeducativos em meio aberto, ou seja, de liber- dade assistida e prestação de serviços à comunidade. Não podem criar e manter programas de semiliberdade e internação. Os Municípios cofinanciam, com os demais entes federados, a execução de programas e ações destinados ao atendimento inicial de adolescente apreendido para apuração de ato infracional, bem como aqueles destinados a adolescente a quem foi aplicada medida socioe- ducativa em meio aberto. UNIÃO Não pode criar ou manter programas, unidades ou entidades de atendimento socioeduca- tivo. ESTADOS Criam e mantém programas, entidades e unidades de semiliberdade e internação. MUNICÍPIOS Criam e mantém programas, entidades e unidades de prestação de serviços à comunidade e de liberdade assistida. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 11 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE O Distrito Federal cumula as competências estaduais e municipais, de acordo com o art. 6º, da Lei do Sinase. dos planos de atendImento soCIoeduCatIvo O Plano Nacional de atendimento socioeducativo deverá incluir providências para os 10 anos seguintes. Por esse motivo, é conhecido como plano decenal. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão, com base no Plano Nacional de Atendimento Socioeducativo, elaborar seus planos decenais correspondentes, em até 360 dias a partir da aprovação do Plano Nacional. Os Planos de Atendimento Socioeducativo deverão, obrigatoriamente, prever ações articu- ladas nas áreas de educação, saúde, assistência social, cultura, capacitação para o trabalho e esporte, para os adolescentes atendidos, em conformidade com os princípios do ECA. Este dispositivo legal reforça os princípios da intersetorialidade e da incompletude institucional, segundo os quais, todas as áreas de atuação dos governos são responsáveis pelo sistema socioeducativo e não somente a pasta responsável diretamente pela manutenção do sistema. A lei prevê acompanhamento da execução dos planos de atendimento por parte dos pode- res legislativos, por meio de suas comissões temáticas. UNIÃO Plano Nacional de Atendimento Socioeducativo ESTADOS Planos Estaduais de Atendimento Socioeducativo DISTRITO FEDERAL Plano Distrital de Atendimento Socioeducativo MUNICÍPIOS Planos Municipais de Atendimento Socioeducativo O DF elabora o Plano Distrital de Atendimento Socioeducativo, que engloba tanto as atribui- ções do Plano Estadual, quanto as do Plano Municipal. Todos os Planos são decenais, ou seja, devem ser elaborados a cada 10 (dez) anos. Os Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, dos respectivos entes federados, deli- beram sobre os respectivos planos. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE dos proGramas de atendImento Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem inscrever seus programas nos res- pectivos Conselhos dos Direitos da Criança e Adolescente. Para inscrição dos programas, deve haver obrigatoriamente a especificação do regime; a exposição dos métodos e técnicas pedagógicas, com a especificação das atividades de natu- reza coletiva; a indicação da estrutura material, dos recursos humanos e das estratégias de segurança; o regimento interno sobre o funcionamento das entidades; a política de formação dos recursos humanos; a previsão de ações de acompanhamento do adolescente egresso; a indicação da equipe técnica e a adesão ao Sistema de informação. Nos regimentos internos devem constar, no mínimo: o detalhamento das atribuições e responsabilidades do dirigente, de seus prepostos, dos membros da equipe técnica e dos demais educadores; a previsão das condições do exercício da disciplina e concessão de be- nefícios e o respectivo procedimento de aplicação; a previsão da concessão de benefícios extraordinários e enaltecimento, objetivando tornar público o reconhecimento ao adolescente pelo esforço realizado no alcance dos objetivos do plano individual. A equipe técnica deve ser interdisciplinar, devendo ter, no mínimo, profissionais da área de saúde, educação e assistência social. O não cumprimento das determinações acima submete os responsáveis às medidas pre- vistas no art. 97, do ECA. Os programas de atendimento devem ser inscritos nos respectivos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente. Os regimentos internos devem detalhar as atribuições de cada profissional. Nesse particular, o regimento deve prever atividades que estejam de acordo com a formação profissional do membro da equipe técnica. Os regimentos internos devem ter a previsão das condições do exercício da disciplina, con- cessão de benefícios, bem como o procedimento de aplicação dos benefícios, incluindo enal- tecimento. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br13 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE A lei prevê expressamente que deve haver no regimento interno a previsão de acompanha- mento dos adolescentes após o cumprimento da medida socioeducativa. dos proGramas em meIo aberto Os programas em meio aberto destinam-se às medidas de liberdade assistida e presta- ção de serviços à comunidade. A direção do programa deve selecionar e credenciar orientadores, para acompanhar as medidas; receber os adolescentes e responsáveis e orientá-los; encaminhar o adolescente para o orientador credenciado; supervisionar o desenvolvimento da medida; avaliar a evolu- ção do cumprimento da medida. O rol de orientadores deve ser comunicado semestralmente ao juiz e ao MP. Se o Ministério Público impugnar o credenciamento, ou a autoridade judiciária considerá- -lo inadequado, instaurará incidente de impugnação, com a aplicação subsidiária do procedi- mento de apuração de irregularidade em entidade de atendimento, devendo citar o dirigente do programa e a direção da entidade ou órgão credenciado para tomar conhecimento do pro- cedimento. Perceba a exigência da lei de que o rol de orientadores seja comunicado semestralmente ao Ministério Público e ao juiz. A Lei não fala em Defensoria Pública e Conselho Tutelar. O exa- minador poderá trocar essa previsão para confundir o candidato nas provas. Mais uma vez, é importante destacar que os programas em meio aberto são de responsabili- dade dos Municípios ou do Distrito Federal. dos proGramas de prIvação de lIberdade Para inscrição dos programas de semiliberdade e internação, deve haver comprovação da existência de estabelecimento educacional com instalações adequadas e em conformi- dade com as normas de referência; a previsão do processo e dos requisitos para a escolha https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 14 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE do dirigente; a apresentação das atividades de natureza coletiva; a definição das estratégias para a gestão de conflitos, vedada a previsão de isolamento cautelar; e a previsão de regime disciplinar. É vedada a previsão de isolamento, exceto quando for imprescindível para garantia da se- gurança de outros internos ou do próprio adolescente a quem seja imposta a sanção, sendo necessária comunicação ao defensor, ao Ministério Público e à autoridade judiciária em até 24 horas, conforme art. 48, § 2º, da Lei do Sinase. Não é possível haver unidades socioeducativas em espaços contíguos, anexos, ou de qualquer outra forma integrados a estabelecimentos penais. A direção da unidade adotará, em caráter excepcional, medidas para proteção do interno em casos de risco à sua integrida- de física, à sua vida, ou à vida de outrem, comunicando, de imediato, seu defensor e o Minis- tério Público. Para ser dirigente de semiliberdade ou de internação, é necessário ter formação de nível superior compatível com a natureza da função; ter experiência no trabalho com adolescentes pelo mínimo de dois anos e ter reputação ilibada. Os programas de semiliberdade e internação são de responsabilidade dos Estados e do Dis- trito Federal. DICA! As provas cobram muito o art. 48, § 2º, o qual prevê que é vedado o isolamento, que só pode ocorrer para garantia da segurança de outros socioeducandos ou do próprio interno para o qual foi imposta a sanção. O art. 17 também costuma ser cobrado em prova. Perceba que ele vale para as unidades de semiliberdade e internação. O dirigente deve ter formação de nível superior compatível com a função, experiência no trabalho com adolescentes por, no mínimo, 2 (dois) anos e reputação ilibada. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 15 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE da avalIação e aCompanhamento da Gestão do atendImento soCIoedu- CatIvo Os entes federados deverão realizar avaliações sobre a implementação dos Planos de Atendimento Socioeducativo a cada três anos. Deverão participar da avaliação o Judiciário, o Ministério Público, a Defensoria Pública e os Conselhos Tutelares. A lei criou o Sistema Nacional de Avaliação e Acompanhamento do Atendimento Socio- educativo. Os objetivos desse sistema são contribuir para a organização da rede de atendi- mento socioeducativo; assegurar conhecimento rigoroso sobre as ações do atendimento so- cioeducativo; promover a melhora da qualidade da gestão e do atendimento socioeducativo; disponibilizar informações sobre o atendimento socioeducativo. A avaliação abrangerá, no mínimo, a gestão, as entidades de atendimento, os programas e os resultados da execução das medidas socioeducativas. O relatório da avaliação será enca- minhado aos respectivos Conselhos de Direitos, Conselhos Tutelares e ao Ministério Público. A avaliação será coordenada por uma comissão permanente e realizada por comissões temporárias, essas compostas, no mínimo, por três especialistas com reconhecida atuação na área temática e definidas na forma do regulamento. Não podem ser avaliadores os que sejam titulares ou servidores dos órgãos gestores avaliados ou funcionários das entidades avaliadas e os que tenham relação de parentesco até o 3º grau com titulares ou servidores dos órgãos gestores avaliados e/ou funcionários das entidades avaliadas. Também não podem ser avaliadores pessoas que estejam respondendo a processos criminais. Os objetivos da avaliação são: verificar se o planejamento orçamentário e sua execução se processam de forma compatível com as necessidades do respectivo Sistema de Atendi- mento Socioeducativo; verificar a manutenção do fluxo financeiro, considerando as necessi- dades operacionais do atendimento socioeducativo, as normas de referência e as condições previstas nos instrumentos jurídicos celebrados entre os órgãos gestores e as entidades de atendimento; verificar a implementação de todos os demais compromissos assumidos por ocasião da celebração dos instrumentos jurídicos relativos ao atendimento socioeducativo; e a articulação interinstitucional e intersetorial das políticas. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 16 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE A avaliação dos programas terá por objetivo verificar, no mínimo, o atendimento ao que determinam os arts. 94, 100, 117, 119, 120, 123 e 124 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). A lei determina também que deve haver avaliação de resultados da execução das medidas, a qual tem por objetivos verificar a situação do adolescente após cumprimento da medida socioeducativa e verificar reincidência de prática de ato infracional. As recomendações das avaliações deverão indicar prazo para cumprimento por parte das entidades de atendimento e dos gestores avaliados, ao final do qual estarão sujeitos às me- didas previstas no art. 28 da Lei do Sinase. A avaliação é trienal, ou seja, deve ocorrer a cada três anos. A avaliação é coordenada por comissão permanente, mas é feita por comissões temporárias. PARTICIPAM DA AVALIAÇÃO JUDICIÁRIO, MINISTÉRIO PÚBLICO, DEFENSORIA PÚBLICA E CONSELHOS TUTELARES O RELATÓRIO DA AVALIAÇÃO É ENCAMINHADO PARA CONSELHOS DE DIREITOS, CONSELHOS TUTELARES E MINISTÉRIO PÚBLICO do FInanCIamento e das prIorIdades O Sinase será cofinanciado com recursos dos orçamentos fiscal e da seguridade social, além de outras fontes. Os Conselhos de Direitos, nas três esferas de governo, definirão, anualmente, o percentual de recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e doAdolescente a serem aplicados no finan- ciamento das ações previstas na Lei do Sinase, em especial para capacitação, e manutenção sistemas de informação e de avaliação. Observe que a Lei fala expressamente do cofinanciamento do Sinase com recursos da Segu- ridade Social. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art94 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art117 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art119 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art123 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art124 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art124 17 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE da exeCução das medIdas soCIoeduCatIvas dIsposIções GeraIs A lei prevê os princípios que regerão as medidas socioeducativas. São eles: legalidade, não podendo o adolescente receber tratamento mais gravoso do que o conferido ao adul- to; excepcionalidade da intervenção judicial e da imposição de medidas; prioridade a práticas ou medidas que sejam restaurativas; proporcionalidade em relação à ofensa cometida; bre- vidade da medida em resposta ao ato cometido; individualização, considerando-se a idade, capacidades e circunstâncias pessoais do adolescente; mínima intervenção; não discrimi- nação do adolescente, notadamente em razão de etnia, gênero, nacionalidade, classe social, orientação religiosa, política ou sexual, ou associação ou pertencimento a qualquer minoria ou status; fortalecimento dos vínculos familiares. Observa-se que o princípio da legalidade previsto na Lei do Sinase pode ser entendido como legalidade qualificada, ou seja, além do princípio segundo o qual não há crime sem lei anterior que o defina nem pena sem prévia cominação legal, há a característica específica de que nenhum adolescente pode ter tratamento mais gravoso que adulto. Os princípios da excepcionalidade e brevidade, os quais estão previstos no ECA apenas para a medida de internação, passaram legalmente a ser válidos para todas as medidas so- cioeducativas. A lei inovou ao prever expressamente as práticas restaurativas como princípio das medi- das socioeducativas. Sobre o princípio do fortalecimento dos vínculos familiares, o STJ decidiu, no Conflito de Competência n. 153.854, Dje de 31/10/2017, que Esta Corte vem entendendo que “a execução de medidas socioeducativas destinadas aos menores infratores parte de princípios e busca objetivos diversos daqueles que orientam a execução penal dos cidadãos plenamente imputáveis. Desse modo, não é sem razão - até mesmo pela crescente tendência de emprestar força normativa aos prin- cípios no ordenamento jurídico - que a citada Lei n. 12.594/12 enumera, dentre aqueles que informam a execução das medidas socioeducativas do adolescente infrator, o princípio https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE do ‘fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários no processo socioeducativo’ (artigo 35, inciso IX). (HC 394.956/SP, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, Quinta Turma, julgado em 27/06/2017, DJe 1º/08/2017). Nessa linha de raciocínio, a interpretação sistemática do direito previsto no artigo 49, inciso II, com o princípio insculpido no artigo 35, inciso IX, ambos da Lei n. 12.594/12, leva à conclusão de que, mesmo não existindo estabelecimento apto ao cumprimento da medida de internação no domicílio do menor infrator e de sua família, impõe-se sua inclusão em programa de meio aberto na comarca de moradia de seus familiares. Nesse sentido: HC 285.538/SP, Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior, DJe 2/4/2014; HC 316.873/ SP, Rel. Ministro Felix Fischer, DJe de 12/8/2015. Sobre os princípios da atualidade e proporcionalidade, o STJ, no HC 347.645, Dje de 02/05/2016, consignou que: Os princípios da atualidade e proporcionalidade, devem ser observados ao tempo da fixação da medida de internação, conforme ensina o artigo 100, parágrafo único, inciso VIII, que estabelece proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve ser a necessária e adequada à situação de perigo em que a criança ou o adolescente se encontram no momento em que a decisão é tomada, o que se verifica no caso em exame. Prezado(a) aluno(a), é muito importante você ler a Resolução n. 165, do CNJ. Apesar de não estar expressamente relacionada em muitos editais, ela traz definições relativas às me- didas socioeducativas e ajuda o estudante a entender melhor muitos dispositivos da Lei do Sinase. Algumas definições trazidas na Resolução são: internação provisória − é aquela que se refere ao decreto de internação cautelar; execução provisória de medida socioeducativa de internação/semiliberdade − é a que se refere à internação ou semiliberdade decorrente da aplicação da medida socioeducativa decretada por sentença não transitada em julgado; exe- cução provisória de medida socioeducativa em meio aberto é a que se refere à aplicação de prestação de serviço à comunidade ou de liberdade assistida por sentença não transitada em julgado; execução definitiva de medida socioeducativa de internação ou semiliberdade − re- fere-se à privação de liberdade decorrente de sentença ou de acórdão transitados em julgado; https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE execução definitiva de medida socioeducativa em meio aberto − é a que se refere à aplicação de prestação de serviço à comunidade ou de liberdade assistida por sentença ou acórdão transitado em julgado; execução de internação sanção − refere-se ao decreto de internação previsto no art. 122, inciso III, do Estatuto da Criança e do Adolescente. Segundo a Resolução, o juiz da execução não pode decidir sobre a internação provisória, cabendo apenas fiscalizar as unidades e verificar se o prazo de 45 dias está sendo cumprido. Em caso de excesso do prazo, o magistrado poderá apenas fazer comunicações ao CNJ e ao Tribunal, mas não poderá determinar a liberação do adolescente, pois essa decisão é de com- petência exclusiva do juiz que decretou a internação provisória. A Resolução acrescenta que, liberado o jovem por qualquer motivo, antes de expirado o prazo de 45 dias, a renovação da internação provisória não poderá ultrapassar o período que faltar ao alcance do prazo máximo legal. Outras previsões importantes da citada Resolução em relação às execuções das medidas socioeducativas são as de que o ingresso do adolescente em unidade de internação e semi- liberdade − ou em serviço de execução de medida socioeducativa em meio aberto (prestação de serviço à comunidade ou liberdade assistida) − só ocorrerá mediante a apresentação de guia de execução, devidamente instruída, expedida pelo juiz do processo de conhecimento. Será expedida uma guia de execução para cada adolescente, mesmo que o processo de apu- ração de ato infracional tenha tido curso com vários adolescentes no polo passivo. As guias de execução são expedidas pelo juiz do processo de conhecimento e não pelo juiz do processo de execução. Importante previsão da Resolução do CNJ é a de que é vedado o processamento de exe- cução por carta precatória. Caso o processo tenha que ser encaminhado para outra unidade da federação para execução da medida, não será expedida carta precatória, mas sim haverá declinação da competência, enviando-se o próprio processo de execução original para o juízo da comarca onde a medidaserá cumprida. O Envio do processo deve ocorrer em 72 horas. O acompanhamento do processo de execução será feito pelo juízo da comarca onde está sediada a unidade socioeducativa. Em relação à liberação compulsória, aos 21 anos, a Resolução afirma que ela deva ocorrer, independentemente de decisão judicial. Entretanto, o ECA, no art. 121, § 6º, determina que a liberação quando completados os 21 anos depende de decisão judicial. Há um aparente con- https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 20 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE flito entre o ECA e a Resolução do CNJ. Em provas objetivas, deve-se observar o enunciado da pergunta. Se a pergunta for segundo o ECA, deve-se responder que somente poderá haver desinternação com determinação judicial. Segundo a Resolução n. 165 existe uma exceção à regra do ECA, podendo haver imediata liberação, antes da autorização judicial, quando o adolescente completar 21 anos. Assim, se a pergunta for de acordo com a Resolução, deve-se responder que há possibilidade de desinternação sem determinação judicial prévia. DICA! O art. 35, da Lei do Sinase, é muito cobrado em provas. Geral- mente o examinador tenta confundir o candidato trocando os princípios com as explicações feitas logo depois dos princí- pios. Então, você deve ter bastante atenção e entender cada um dos princípios especificados nos respectivos incisos do art. 35. Perceba que, caso o socioeducando seja liberado da internação provisória antes de expirado o prazo de 45 dias, a renovação da internação provisória não poderá ultrapassar o período que faltar ao alcance do prazo máximo legal de 45 dias. A Lei do Sinase foi o primeiro diploma legal brasileiro, ao prever expressamente a aplicação de práticas restaurativas. dos proCedImentos Essa é parte mais importante da Lei do Sinase e a mais cobrada em provas. Ela especifica as providências a serem tomadas ao longo do curso do processo de execução. Além disso, influencia diretamente no andamento processual e na situação dos adolescentes em cumpri- mento de medidas socioeducativas. A lei afirma que as medidas de proteção, advertência e reparação do dano, quando apli- cadas de forma isolada, serão executadas nos próprios autos do processo de conhecimento. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 21 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Ou seja, para as medidas citadas, não é necessária a formação de processo de execução autônomo, como ocorre com as outras medidas socioeducativas, as quais deverão ser acom- panhadas em Processo de Execução Autônomo, formado com peças copiadas do Processo de Apuração de Ato Infracional – PAAI. MEDIDAS DE PROTEÇÃO, ADVERTÊNCIA E REPA- RAÇÃO DE DANO, QUANDO APLICADAS ISOLADA- MENTE NÃO SÃO EXECUTADAS EM PROCESSO DE EXECUÇÃO DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA – PEMSE MEDIDAS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMU- NIDADE, LIBERDADE ASSISTIDA, SEMILIBERDADE E INTERNAÇÃO SÃO EXECUTADAS EM PROCESSO DE EXECUÇÃO DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA – PEMSE. Aqui é importante ressaltar: as medidas de proteção não são medidas socioeducativas. A lei prevê a documentação que deverá fazer parte dos autos de execução para acompa- nhamento das medidas de prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semili- berdade e internação. A execução deverá ter os documentos de caráter pessoal do adolescen- te, especialmente os que comprovem a idade. Além disso, deve ter, obrigatoriamente, a cópia da representação, a certidão de antecedentes, a sentença ou acórdão e a cópia dos estudos técnicos realizados durante a fase de conhecimento. Observa-se que outros documentos podem ser indicados pelo juiz ao seu critério. No caso, a autoridade judiciária é o juiz responsável pelo acompanhamento do processo de exe- cução (e não o juiz responsável pelo processo de conhecimento), pois é o encarregado da regularidade processual e deve tomar todas as medidas cabíveis para o regular andamento processual. Os estudos técnicos realizados durante a fase de conhecimento geralmente são feitos pela unidade responsável pela internação provisória e incluem análise completa sobre a situ- ação social, familiar e de saúde do adolescente. A Resolução n. 165 do CNJ, ao regulamentar dispositivos da Lei do Sinase, prevê, em seu art. 7º e seguintes, os documentos que deverão instruir obrigatoriamente os autos de execu- ção. A Resolução praticamente reproduz a documentação exigida pela Lei, entretanto inclui o histórico escolar como documento a fazer parte dos autos de execução. A Lei e a Resolução deixam claro que as medidas aplicadas por remissão deverão ter a mesma documentação das medidas aplicadas por sentença de conhecimento. Entretanto, https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE os diplomas legais referem-se apenas às medidas aplicadas por remissão como forma de suspensão do processo, esquecendo-se das medidas aplicadas por remissão como forma de exclusão ou extinção do processo. O art. 10 da Resolução determina que a certidão de trânsito em julgado deva fazer parte dos autos de execução, quando a medida se tornar definitiva. A cópia integral das peças constantes dos autos de execução deve ser encaminhada para o órgão gestor do atendimento socioeducativo. Em seguida, a Lei prevê como será elaborado o Plano Individual de Atendimento – PIA. A unidade socioeducativa elaborará o Plano e enviará para o juiz, o qual dará vistas da pro- posta ao defensor e ao MP pelo prazo sucessivo de três dias. Defesa e MP podem requerer e o juiz pode determinar de ofício a realização de qualquer avaliação ou perícia que entender necessária para complementação do Plano Individual. Defesa e MP podem, de forma fundamentada, impugnar ou pedir complementação do Plano. Admitida a impugnação, ou entendendo ser inadequado o Plano, o juiz pode designar audiência, cientificando o defensor, o MP, a direção do programa de atendimento, o adoles- cente e seus pais ou responsável. Eventual impugnação não suspenderá a execução do Plano Individual, salvo determina- ção judicial em contrário. As medidas socioeducativas de liberdade assistida, semiliberdade e internação deverão ser reavaliadas no máximo a cada seis meses, podendo a autoridade judiciária, se necessário, designar audiência, no prazo máximo de 10 dias. Observe que somente existe reavaliação semestral obrigatória das medidas de liberdade assistida, semiliberdade e internação. Diante do texto legal, as demais medidas não estão submetidas a essa reavaliação semestral obrigatória. A gravidade do ato infracional, os antecedentes e o tempo de duração da medida não são fatores que, por si, justifiquem a não substituição da medida por outra menos grave. A gravidade das medidas socioeducativas é diferenciada, sendo que a internação é a medida mais grave de todas, seguida da semiliberdade e, depois, das medidas em meio aberto, con- forme art. 42, § 3º, da Lei do Sinase. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE MEDIDA MAIS GRAVE INTERNAÇÃO SEGUNDA MEDIDA MAIS GRAVE SEMILIBERDADE MEDIDAS MENOS GRAVES ADVERTÊNCIA OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE LIBERDADE ASSISTIDA DICA! O art. 42, § 2º, da Lei do Sinase afirma que: “a gravidade do ato infracional, os antecedentes e o tempo de duração da medida não são fatores que, por si, justifiquem a não substituição damedida por outra menos grave”. Esse dispositivo é muito co- brado em provas. Muita atenção, portanto. O STJ consignou, no Informativo Jurisprudência em teses n. 54: A existência de relatório técnico favorável à progressão ou extinção de medida socioe- ducativa não vincula o juiz. O STJ, no HC 367.805, Dje de 12/12/2016, decidiu da seguinte forma: é certo que as conclusões do relatório técnico, favoráveis à progressão ou extinção da medida socioeducativa, não vinculam o magistrado, que pode, em face do princípio do livre convencimento motivado, justificar a continuidade da internação do menor com base em outros dados e provas constantes dos autos” (AgRg no HC 282.288/PE, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, QUINTA TURMA, julgado em 12/12/2013; HC 296.682/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 23/9/2014; RHC 37.107/PA, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, QUINTA TURMA, julgado em 19/12/2013). In casu, a decisão que indeferiu a progressão de medida socioeducativa e o acórdão que a ratificou, não apresentaram fundamentos aptos a impedir a substituição da medida extrema por outra menos gravosa (ECA, artigo 42, § 2º), visto que se basearam na gravidade do ato infracio- nal praticado e no período de internação. Dessarte, reconhece-se a ocorrência de constrangimento ilegal. O sistema implantado pelo ECA visa à reintegração do menor ao convívio social, sendo que a progressão é da sua natureza, sendo descabida a sua sustação se não demonstrado risco de lesão irreparável. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de ofício, a fim de desconstituir a r. decisão de primeiro grau, na parte em que manteve a medida de internação ao paciente, devendo ser definida outra medida socioeducativa mais branda ao adolescente. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 24 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE A Resolução do CNJ complementa que, para efeito da reavaliação, a contagem do prazo deverá ser feita a partir da data da apreensão do adolescente, considerando, ainda, eventual tempo de prisão cautelar não convertida em pena privativa de liberdade. Além disso, afirma que, independentemente do escoamento do prazo de seis meses, a reavaliação deve ser feita imediatamente após o envio do relatório da unidade socioeducativa. Fica claro que a reavaliação deve ser feita após o envio do relatório da unidade, indepen- dentemente do escoamento do prazo de seis meses, pois a Lei do Sinase fala que essa rea- valiação será procedida, no máximo, a cada seis meses, devendo-se interpretar que pode ser feita em qualquer momento antes desse prazo. A Resolução acrescenta que a internação decorrente do descumprimento reiterado e in- justificável de medida anteriormente imposta, conhecida como internação-sanção, está su- jeita aos princípios da brevidade e da excepcionalidade, devendo ser avaliada a possibilidade de substituição da medida originalmente aplicada por medida menos gravosa. Tal resolução afirma ainda que a oitiva do adolescente é obrigatória antes da decretação da internação- -sanção e que é vedada a privação de liberdade do adolescente antes da decisão que aprecia a aplicação da internação-sanção. Em relação à obrigatoriedade de oitiva do adolescente antes da decretação da internação- -sanção, o STJ tem reiterada jurisprudência afirmando que se houver a designação de audi- ência com intimação do adolescente e ele evadir antes de ser ouvido, é possível a decretação da sanção, pois foi aberta a oportunidade da autodefesa e o adolescente abriu mão, optando por evadir. Nesse sentido, são os julgados nos HC n. 229.238, Dje de 11/06/2012 e 226.058, Dje de 04/06/2012. Assim, deve-se interpretar a Súmula n. 265 do STJ (é necessária a oitiva do menor infra- tor antes de decretar-se a regressão da medida socioeducativa), no sentido de que deve ser designada audiência prévia para o socioeducando ter oportunidade de ser ouvido antes da eventual decretação de internação-sanção. Entretanto, se o socioeducando, intimado para a audiência, optar por evadir, abrindo mão de se autodefender, a decretação da internação-san- ção será válida e não violará a súmula citada. A reavaliação da manutenção, da substituição ou da suspensão das medidas em meio aberto ou de privação da liberdade e do respectivo Plano Individual, pode ser solicitada a https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 25 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE qualquer tempo, a pedido da direção do programa de atendimento, do defensor, do Ministério Público, do adolescente e de seus pais ou responsável. DICA! Observe que a Lei afirma ser possível a direção do programa solicitar a reavaliação da medida socioeducativa. Isso é co- brado em prova e pode confundir o concursando, que pode supor que não haveria essa atribuição para a direção do pro- grama. Justificam o pedido de reavaliação, entre outros motivos, o desempenho adequado do adolescente com base no seu plano de atendimento individual, antes do prazo da reavaliação obrigatória; inadaptação do adolescente ao programa e o reiterado descumprimento das ati- vidades do plano individual; a necessidade de modificação das atividades do plano individual que importem em maior restrição da liberdade do adolescente. A substituição por medida mais gravosa somente ocorrerá em situações excepcionais, após o devido processo legal − inclusive para a internação-sanção −, e deve ser fundamen- tada em parecer técnico e precedida de prévia audiência. Essa possibilidade de substituição por medida mais gravosa está prevista no art. 43, § 4º da Lei do Sinase, e também no art. 15 e parágrafos da Resolução do CNJ. Grande parte da doutrina entende que não pode haver subs- tituição de semiliberdade por internação estrita, mas apenas a aplicação de internação-san- ção pelo período máximo de três meses. O dispositivo é cobrado em prova, de acordo com a letra da lei, e, nesse caso, o concursando deve marcar como correta a assertiva que admite a substituição da semiliberdade por outra medida mais gravosa. Sobre a obrigatoriedade de relatório técnico para fundamentar a reavaliação da medida socioeducativa, decidiu o STJ, no HC 356.018, Dje de 02/10/2017, que: A extinção de medidas socioeducativas sem a comprovação do desempenho do adoles- cente no trabalho socioeducativo está em desacordo com o espírito da Lei 12.594/12, a qual instituiu o Plano Individual de Atendimento (PIA) justamente para fundamentar e https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 26 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE acompanhar o processo de ressocialização dos menores, em observância ao princípio da proteção suficiente e da necessidade de adequação da medidas aplicadas. Os artigos 46, inciso II, e 58, ambos da Lei n. 12.594/12 (Sinase) determinam a apresentação obri- gatória de relatório técnico nas audiências de reavaliação das medidas socioeducativas, contendo informações sobre o cumprimento do plano individual de atendimento (PIA). Diante disso, ao reformar a decisão que extinguira a medida socioeducativa de inter- nação sem a juntada do referido documento, o Tribunal a quo se baseou em expressa previsão legal. Caso a substituição da medida gere a vinculação a outro programa de atendimento, o Pla- no Individual e o histórico do cumprimento da medida deverão acompanhar a transferência. unIFICação das medIdas soCIoeduCatIvas Muita atenção, querido(a) aluno(a), pois a parte da unificação das medidas socioeducati- vas, prevista no art. 45, §§ 1º e 2º da Lei do Sinase, é a parte mais importante da referida Lei, e muito cobradanos concursos públicos. Se, no transcurso da execução, sobrevier sentença de aplicação de nova medida, a auto- ridade judiciária procederá à unificação, ouvidos, previamente, o Ministério Público e o defen- sor, no prazo de três dias sucessivos, decidindo em igual prazo. É vedado à autoridade judiciária determinar reinício de cumprimento de medida socioedu- cativa, ou deixar de considerar os prazos máximos, e de liberação compulsória, excetuada a hipótese de medida aplicada por ato infracional praticado durante a execução. É vedado à autoridade judiciária aplicar nova medida de internação, por atos infracio- nais praticados anteriormente, a adolescente que já tenha concluído cumprimento de medida socioeducativa dessa natureza, ou que tenha sido transferido para cumprimento de medida menos rigorosa, sendo tais atos absorvidos por aqueles aos quais se impôs a medida socio- educativa extrema. Perceba que as medidas não são somadas, como ocorre com as penas criminais. A abor- dagem socioeducativa é una, ou seja, incide sobre o indivíduo que cometeu o ato infracional https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 27 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE e tem como principal objetivo a atuação pedagógica, para fazer com que o socioeducando se afaste de atos infracionais. Se a medida socioeducativa surtir efeitos, não faz sentido haver cumprimento de nova medida por atos anteriores, pois isso teria o caráter meramente puniti- vo, o que não se coaduna com a natureza das medidas socioeducativas. Tenha em mente que, no caso de cometimento de novo ato, o válido é a data do ato infra- cional, e não a data da sentença de aplicação de medida socioeducativa. Em relação ao § 2º, há julgado do STJ entendendo que o ato infracional cometido antes do início da execução de medida socioeducativa anterior, mas após o cometimento do ato anterior que ensejou a execução, também não pode ser motivo para determinar reinício da medida socioeducativa, quando já estiver extinta ou tiver sido substituída por medida mais branda. Ou seja, o julgado entendeu que o marco temporal para definir o reinício ou não da contagem do prazo do cum- primento da medida se refere à data do início da execução da medida anterior. Resumindo, se o novo ato foi cometido antes do início da execução do ato anterior, mas após o cometimento do ato anterior, o juízo também não pode determinar o reinício do cum- primento da medida socioeducativa. Isso vale para os §§ 1º e 2º do art. 45, da Lei do Sinase. O referido julgado foi publicado no Informativo n. 562 do STJ: O adolescente que cumpria medida de internação e foi transferido para medida menos rigorosa não pode ser novamente internado por ato infracional praticado antes do início da execução, ainda que cometido em momento posterior aos atos pelos quais ele já cumpre medida socioeducativa. Dispõe o caput do art. 45 da Lei 12.594/2012 que: “Se, no transcurso da execução, sobrevier sentença de aplicação de nova medida, a autori- dade judiciária procederá à unificação, ouvidos, previamente, o Ministério Público e o defensor, no prazo de 3 (três) dias sucessivos, decidindo-se em igual prazo”. Já em seu § 1º, tem-se que “É vedado à autoridade judiciária determinar reinício de cumprimento de medida socioeducativa, ou deixar de considerar os prazos máximos, e de liberação compulsória previstos na Lei n.º 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), excetuada a hipótese de medida aplicada por ato infracional praticado durante a execução”. Por sua vez, dispõe o § 2º que “É vedado à autoridade judiciá- ria aplicar nova medida de internação, por atos infracionais praticados anteriormente, a adolescente que já tenha concluído cumprimento de medida socioeducativa dessa https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 28 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE natureza, ou que tenha sido transferido para cumprimento de medida menos rigorosa, sendo tais atos absorvidos por aqueles aos quais se impôs a medida socioeducativa extrema”. Neste preceito normativo, foram traçadas as regras a serem seguidas no caso de superveniência de nova medida socioeducativa em duas situações distintas, quais sejam, por ato infracional praticado durante a execução da medida e por fato cometido antes do início do cumprimento desta. Veja-se que o § 1º do preceito aludido expres- samente excepciona a aplicação de seu regramento nas hipóteses de superveniência de medida em razão de ato infracional que tenha sido “praticado durante a execução”. Em seguida, em seu § 2º, o legislador fixa uma limitação à aplicação de nova medida extrema, sendo esta vedada em razão de atos infracionais “praticados anteriormente”. Em uma interpretação sistemática na norma contida no § 2º, deve-se entender que esta vedação se refere à prática de ato infracional cometido antes do início da execução a que se encontra submetido o menor. Com efeito, o retorno do adolescente à internação após demonstrar que está em recuperação - que já tenha cumprido medida socioedu- cativa dessa natureza ou que tenha apresentado méritos para progredir para medida em meio aberto - significaria um retrocesso em seu processo de ressocialização. Deve- -se ter em mente que, nos termos do ECA, em relação ao menor em conflito com a lei, não existe pretensão punitiva, mas educativa, considerando-se a “condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento” (art. 6º), sujeitos à pro- teção integral (art. 1º). Mister considerar, ainda, os princípios que regem a aplicação da medida socioeducativa extrema, quais sejam, da excepcionalidade e do respeito à condição peculiar do jovem em desenvolvimento (art. 121 do ECA), segundo os quais aquela somente deverá ser aplicada como ultima ratio, ou seja, quando outras não forem suficientes à sua recuperação. Conclui-se, pois, que o termo “anteriormente” contido no § 2º do art. 45 da Lei 12.594/2012 refere-se ao início da execução, não à data da prática do ato infracional que originou a primeira medida extrema imposta. HC 274.565-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 12/5/2015, DJe 21/5/2015. Para entender melhor o julgado citado, criei a seguinte tabela, com dados hipotéticos: https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 29 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Ato infracional cometido em 25/04/2018 Novo ato cometido em 25/06/2018 O início da execução da medida socioeducativa de internação, em decorrência do ato cometido em 25/04/2018, ocorreu em 25/10/2018. Adolescente foi liberado da internação em 25/03/2019. Caso haja imposição de internação em decorrência do ato cometido em 25/06/2018, a nova internação será extinta. O STJ decidiu, no AREsp 1.012.409, Dje de 16/02/2018, que: Este Superior Tribunal de Justiça entende que “o artigo 45, § 2º, da Lei n. 12.594/2012 (SINASE) veda expressamente que se aplique e se execute nova medida de internação, por fato anterior, a adolescente que já tenha cumprido a internação ou se encontre cumprindo medida mais favorá- vel” (HC 311.963/SP, Quinta Turma, Rel. Min. Ribeiro Dantas, DJe de 28/9/2016). Todavia, os dis- positivos supramencionados da Lei do SINASE não vedam a apuração e o julgamento de atos infracionais ocorridos em momento anterior à aplicação de medida socioeducativa de internação, e nem impedem a aplicação de novas medidas socioeducativas, distintas da internação, aos refe- ridos atos. Precedentes. Ou seja: o STJ decidiu que os dispositivos dos §§ 1º e 2º do art. 45 da Lei do Sinase, não ensejam a extinçãodo processo de apuração de ato infracional − PAAI −, devendo a apuração ocorrer normalmente até a sentença, após a qual será formado o processo de execução. Na fase de execução da medida, agora sim, devem ser aplicados os parágrafos do art. 45. Entre- tanto, se a questão da prova afirmar que contraria a Lei do Sinase nova sentença prolatada, que aplica novamente medida de internação pela prática do ato anterior, para socioeducando que já cumpre medida de internação, você deve marcar como certo. Para entender bem a unificação, tenha sempre em mente que a aplicação de internação ab- sorve todas as outras medidas, decorrentes de atos anteriores ao início da execução. Assim, se o socioeducando cumpre medida de internação, p. ex, por ato cometido em 25/09/2019, todas as outras medidas socioeducativas decorrentes de ato cometido, p. ex. em 25/04/2019, devem ser extintas. Não ocorre a mesma sistemática caso o socioeducando cometa novo ato infracional no curso da execução de medida socioeducativa. Nesse caso, o juiz deve determinar o reinício do cum- primento da medida socioeducativa, “zerando” todo o tempo de cumprimento. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 30 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE O § 2º, do art. 45, diz mais ou menos a mesma coisa do § 1º. Entretanto, na situação do § 2º, o socioeducando já está cumprindo medida mais branda em decorrência da evolução (“progressão”) da medida de internação para uma semiliberdade ou liberdade assistida, por exemplo, ou então ele já cumpriu e foi liberado da medida de internação. Se, nessas situações, chegar para o juízo de execução medida de internação referente a ato infracional praticado anteriormente, o juiz deve extinguir o novo processo de execução. extInção das medIdas soCIoeduCatIvas A lei prevê, de forma exemplificativa, os motivos que geram a extinção da medida socioe- ducativa. São eles: a morte do adolescente; a realização da finalidade da medida; a aplicação de pena privativa de liberdade, em regime semiaberto ou fechado, em execução provisória ou definitiva; a existência de doença grave que torne o adolescente incapaz de se submeter à medida. As previsões são exemplificativas porque a própria Lei do Sinase prevê que pode haver extinção “nas demais hipóteses previstas em lei”. Acrescentam-se às hipóteses previstas em lei os casos de prescrição, o fato de o adoles- cente completar 21 anos, o alcance do tempo máximo de cumprimento da medida, a aplica- ção de medida mais severa e a perda do caráter ressocializador. No caso de o maior de 18 anos, em cumprimento de medida socioeducativa, responder a processo-crime, caberá à autoridade judiciária decidir sobre eventual extinção da execução, cientificando da decisão o juízo criminal competente (art. 46, § 1º). Essa previsão legal se re- fere aos casos nos quais não houve condenação criminal em regime semiaberto ou fechado, em execução provisória ou definitiva, pois, para esses casos, é imposta a extinção, conforme art. 46, inc. III, da Lei do Sinase. Caso haja processo criminal em curso, sem sentença ainda, ou com condenação a pena não privativa de liberdade, ou com condenação à pena em regime semiaberto ou fechado, mas sem execução provisória, fica a critério do juiz decidir sobre a eventual extinção do processo, não sendo a extinção nesses casos uma imposição legal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 31 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE EXTINÇÃO OBRIGATÓRIA E IMPOSITIVA DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA O MAIOR DE 18 ANOS EM CUMPRIMENTO DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA É CONDENADO CRIMINALMENTE À PENA EM REGIME SEMIABERTO OU FECHADO, COM EXECUÇÃO PROVISÓRIA OU DEFINITIVA EXTINÇÃO FACULTATIVA DA MEDIDA SOCIOE- DUCATIVA O MAIOR DE 18 ANOS EM CUMPRIMENTO DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA RESPONDE A PROCESSO CRIME A lei prevê expressamente que o tempo de prisão cautelar deve ser contado como de efe- tivo cumprimento da medida socioeducativa. Aqui cabe destacar que, caso o jovem adulto em cumprimento de medida socioeducativa cometa um crime, e tenha a prisão provisória decretada, ele será encaminhado para o sistema prisional, ficando a execução da medida so- cioeducativa suspensa, não cabendo em nenhuma hipótese o jovem adulto acusado de crime ficar “preso” em unidade do sistema socioeducativo. O mandado de busca e apreensão do adolescente terá vigência máxima de seis meses, a contar da data da expedição, podendo, se necessário, ser renovado, fundamentadamente. O defensor, o Ministério Público, o adolescente e seus pais ou responsável poderão pos- tular revisão judicial de qualquer sanção disciplinar aplicada, podendo a autoridade judiciária suspender a execução da sanção até decisão final do incidente. Postulada a revisão, após ou- vida a autoridade colegiada que aplicou a sanção e havendo provas a produzir em audiência, procederá o magistrado na forma do § 1º do art. 42 desta Lei. É vedada a aplicação de sanção disciplinar de isolamento a adolescente, exceto se for imprescindível para garantia da segurança de outros internos ou do próprio adolescente a quem seja imposta a sanção, sendo necessária ainda comunicação ao defensor, ao Ministério Público e à autoridade judiciária em até 24 horas. O tempo de prisão cautelar deve ser contado como de efetivo cumprimento da medida socio- educativa (art. 46, § 2º da Lei do Sinase e art. 14, da Resolução n. 165 do CNJ). https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 32 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE O pedido de revisão judicial da sanção disciplinar, regra geral, não suspende a execução da sanção (art.48, § 1º). O mandado de busca e apreensão terá prazo máximo de seis meses, podendo ser renovado, se necessário. Somente é possível sanção disciplinar de isolamento se for imprescindível para garantia da segurança de outros internos ou do próprio adolescente a quem seja imposta a sanção (art. 48, § 2º). Você deve ter especial atenção com a prescrição. Segundo a Súmula n. 338, do STJ, “A prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas”. Já está pacificado que a prescri- ção aplicada às medidas socioeducativas é a prescrição penal. Mas, qual o prazo da prescrição? Para a contagem da prescrição usa-se, por analogia, o art. 109, do Código Penal: Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1º do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: (Redação dada pela Lei n. 12.234, de 2010). IV – em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro; VI – em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. (Redação dada pela Lei n. 12.234, de 2010). Para as medidas socioeducativas, são usados apenas os incisos IV e VI. Ou seja: para me- didas com tempo máximo inferior a um ano (advertência, obrigação de reparar o dano e pres- tação de serviços à comunidade), aplica-se o inciso VI. Observe que o prazo prescricional não será de três anos, como dito no inciso VI, mas sim de um ano e seis meses, pois a contagem será pela metade (conforme determina o art. 115, do CP), em razão de todos os socioeducan- dos terem menos de 21 anos. Para medidas com tempo máximo de três anos (liberdade assistida, semiliberdade e in- ternação), aplica-se o inciso IV. Da mesma forma, o prazo prescricional não será de oito anos, como dito no inciso IV, mas sim de quatro anos, pois a contagem será pela metade (conforme determina o art. 115, do CP), em razão de todos os socioeducandos teremmenos de 21 anos. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12234.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12234.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12234.htm#art2 33 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Resumindo, há dois prazos de prescrição das medidas socioeducativas: um ano e seis meses para as medidas com prazo inferior a um ano, e quatro anos para as medidas com prazo máximo de três anos. ADVERTÊNCIA, OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE PRAZO PRESCRICIONAL DE 1 ANO E 6 MESES LIBERDADE ASSISTIDA, SEMILIBERDADE E INTERNAÇÃO PRAZO PRESCRICIONAL DE 4 ANOS dos dIreItos IndIvIduaIs A lei prevê, de forma exemplificativa, os direitos dos adolescentes submetidos ao cum- primento de medidas socioeducativas. Observa-se que os direitos são previstos para todos os adolescentes em cumprimento de qualquer medida e não somente para os que cumprem medidas privativas de liberdade. Os direitos previstos em lei são: ser acompanhado por seus pais ou responsável e por seu defensor, em qualquer fase do procedimento administrativo ou judicial; ser incluído em pro- grama de meio aberto quando inexistir vaga para o cumprimento de medida de privação da liberdade, exceto nos casos de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa, quando o adolescente deverá ser internado em Unidade mais próxima de seu local de residência; ser respeitado em sua personalidade, intimidade, liberdade de pensamento e religião e em todos os direitos não expressamente limitados na sentença; peticionar, por es- crito ou verbalmente, diretamente a qualquer autoridade ou órgão público, devendo, obriga- toriamente, ser respondido em até 15 dias; ser informado, inclusive por escrito, das normas de organização e funcionamento do programa de atendimento e também das previsões de natureza disciplinar; receber, sempre que solicitar, informações sobre a evolução de seu pla- no individual, participando, obrigatoriamente, de sua elaboração e, se for o caso, reavaliação; receber assistência integral à sua saúde, conforme o disposto no art. 60 desta Lei; e ter aten- dimento garantido em creche e pré-escola aos filhos de 0 a 5 anos. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 34 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Todas as garantias processuais previstas no ECA (principalmente no art. 124) aplicam-se nos processos de execução das medidas socioeducativas, inclusive no âmbito administrati- vo. Não se admite privação de liberdade em razão da oferta irregular de programas no meio aberto. A direção do programa de execução de medida de privação da liberdade poderá autorizar a saída monitorada do adolescente nos casos de tratamento médico, doença grave ou fale- cimento, devidamente comprovados, de pai, mãe, filho, cônjuge, companheiro ou irmão, com imediata comunicação ao juízo competente. Em relação ao direito de cumprir internação em unidade localizada no local de domicílio dos pais, ou ser incluído em programa de meio aberto quando inexistir vaga para o cumprimento de medida de privação da liberdade, o STJ, no HC n. 350.050, Dje de 08/11/2016, decidiu: Esta Corte Superior de Justiça tem assentado que os direitos do adolescente submetido ao cumprimento de medida socioeducativa, previstos nos artigos 124, VI, do ECA e 49, II, da Lei n. 12.594/2012, não são absolutos, devendo sua aplicabilidade ser analisada em cotejo com as demais normas e princípios existentes no sistema da infância. In casu, a manutenção do jovem em unidade de internação localizada em outra localidade não ofende o disposto no artigo 49, inciso II, da Lei do SINASE, considerando a ausência de vagas no município de origem. No Informativo n. 576, do STJ, foi publicado o seguinte julgado: O simples fato de não haver vaga para o cumprimento de medida de privação da liberdade em unidade próxima da residência do adolescente infrator não impõe a sua inclusão em programa de meio aberto, devendo-se considerar o que foi verificado durante o processo de apuração da prática do ato infracional, bem como os relatórios técnicos profissionais. O art. 49, II, da Lei n. 12.594/2012 (Lei do Sistema Nacional de Atendimento Socioedu- cativo - SINASE) dispõe que “São direitos do adolescente submetido ao cumprimento de medida socioeducativa, sem prejuízo de outros previstos em lei: II - ser incluído em pro- grama de meio aberto quando inexistir vaga para o cumprimento de medida de privação da liberdade, exceto nos casos de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 35 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE violência à pessoa, quando o adolescente deverá ser internado em Unidade mais pró- xima de seu local de residência”. No entanto, diante da necessidade de remanejamento para unidades que possuam vagas de grande quantidade de adolescentes infratores em cumprimento de medida de internação, percebe-se que a previsão contida no inciso II do art. 49 não pode ser aplicada indistintamente ou sem qualquer critério. Assim, não se mostra razoável colocar em programa de meio aberto adolescente ao qual foi aplicada corretamente a medida de internação, apenas pelo fato de não estar em unidade próxima a sua residência, deixando de lado tudo que foi verificado e colhido durante o processo de apuração, bem como os relatórios técnicos dos profissionais que estão próximos ao reeducando, identificando suas reais necessidades. Desse modo, entende-se que deve haver a relativização da regra ora em análise, devendo ser examinada caso a caso e verificada a imprescindibilidade da medida de internação, bem como a adequação da substituição da medida imposta por outra em meio aberto. A Quinta Turma do STJ, no julgamento do HC 316.435-MG (DJe 11/9/2015), por unanimidade, entendeu que, em casos excepcionais, deve-se relativizar a regra do art. 124, IV, do ECA, que dispõe que é direito do adolescente privado de liberdade “permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável”. Vê-se que os dois dispositivos supracitados - art. 49, II, do SINASE e art. 124, VI, do ECA - tratam da mesma situação, qual seja, manter o adolescente em cumprimento de medida de internação em local próximo a sua residência. Conclui-se, portanto, que a regra prevista nos dois dis- positivos deve ser aplicada de acordo com o caso concreto, observando-se as situações específicas do adolescente, do ato infracional praticado, bem como do relatório técnico e/ou plano individual de atendimento. Ordem concedida de ofício para determinar que o paciente seja inserido em medida de semiliberdade. HC 338.517-SP, Rel. Min. Nefi Cor- deiro, julgado em 17/12/2015, DJe 5/2/2016. Observe que, no julgado acima, o STJ não determinou a inclusão do socioeducando em programa de meio aberto, como determina o art. 49, inc. II, da Lei do Sinase, mas sim em me- dida de semiliberdade, a qual também é de privação de liberdade. A jurisprudência do STJ tem vários julgados entendendo, da mesma forma das decisões transcritas acima, que os direitos previstos nos art. 124, VI, do ECA, e 49, II, da Lei do Sinase não são absolutos. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 36 de 93www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei n. 12.594/2012 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE No RHC 69.953, Dje de 24/08/2016, do STJ,