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Modelos de assistência técnica
APRESENTAÇÃO
A inovação no campo avança a passos largos atualmente, no entanto, o que se percebe ainda é a 
grande disparidade de utilização de tecnologias das propriedades brasileiras. Essa questão não 
apenas está relacionada à questão de disponibilidade dos recursos financeiros e do tamanho da 
propriedade, mas também à intensidade com que os produtores adotam as tecnologias.
Adotar tecnologias e implantá-las nas propriedades por vezes não é apenas a solução para a 
inovação no campo. É fundamental que os produtores e os seus colaboradores saibam utilizá-las 
de forma a contribuir positivamente para a produção, e este trabalho precisa ser acompanhado de 
um assessoramento técnico, com a finalidade de dar continuidade ao processo de inovação no 
campo, buscando o sucesso na atividade.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você será capaz de analisar os atuais modelos de transferência 
de tecnologia, conhecer as diferentes formas de assistência técnica e demonstrar, nas atividades 
de assistência técnica e extensão rural, os fundamentos pedagógicos.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Analisar os modelos de transferência de tecnologia, Farming System Research, modelo 
Participativo e Agroecológico.
•
Desenvolver formas de assistência técnica, assessoria, interação e orientação técnica.•
Demonstrar o uso dos fundamentos pedagógicos na prática da assistência técnica e 
extensão rural.
•
DESAFIO
No contexto do agronegócio existem instituições federais e estaduais que atuam diretamente 
com a assessoria aos trabalhos rurais. De forma geral, essas instituições atuam na extensão rural 
e na assistência técnica de forma conjunta, levando o conhecimento aos produtores e prestando 
auxílio no desenvolvimento da propriedade rural.
A assistência técnica tem papel fundamental no desempenho das atividades agropecuárias, 
principalmente tendo em vista os produtores com menor poder aquisitivo. O assessoramento 
técnico no campo pode propiciar o aumento da produtividade, aumentando a renda do 
trabalhador rural, e proporcionando uma melhoria na qualidade de vida da família.
Com base nos conhecimentos sobre assistência técnica rural, descreva a seguir os elementos e os 
passos do seu projeto de gestão da propriedade rural para que se tenha êxito, com resultados que 
beneficiem o produtor rural.
INFOGRÁFICO
O trabalho de assistência técnica vai muito além de auxiliar no desenvolvimento das atividades 
de campo de um produtor rural, ele permite a melhoria das condições e da qualidade de vida do 
produtor rural. É, além de tudo, um trabalho social.
E para que o desenvolvimento seja constante, é preciso que a assistência seja um trabalho de 
caráter contínuo, no qual o técnico busque o seu desenvolvimento para que, então, possa auxiliar 
no desenvolvimento das atividades no campo. 
Neste Infográfico, você verá as caraterísticas importantes a respeito de dois modelos de 
transferência de tecnologias para o meio rural.
CONTEÚDO DO LIVRO
A pedagogia emancipadora é libertadora, promove a autoconstrução e o autoconhecimento dos 
indivíduos. É essencial que você compreenda como essa metodologia didática atua nos serviços 
de extensão rural. O modelo Farming System Research (FSR) e o modelo Participativo e 
Agroecológico apresentam concepções participativas e proporcionam uma participação 
interativa do produtor rural. 
No capítulo Modelos de assistência técnica, da obra Assistência Técnica e Extensão Rural, você 
conhecerá modelos de transferência de tecnologia em serviços de extensão rural e também verá 
os tipos de práticas pedagógicas utilizadas nos serviços de extensão rural e sua contribuição no 
processo de desenvolvimento agrícola sustentável. Além disso, você entenderá a diversidade de 
elementos da atuação do profissional extensionista.
Boa leitura.
Assistência 
Técnica e 
Extensão Rural
Eliziane Silva Vieira
Modelos de 
assistência técnica
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Analisar os modelos de transferência de tecnologia farming system 
research e participativo e agroecológico.
  Desenvolver formas de assistência técnica, assessoria, interação e 
orientação técnica.
  Demonstrar o uso dos fundamentos pedagógicos na prática de as-
sistência técnica e extensão rural.
Introdução
Neste capítulo, você conhecerá dois modelos de transferência de tec-
nologia de forma participativa — farming system research e participativo 
e agroecológico — e como cada um atua na interação com o produtor 
rural. Além disso, também será abordada a atuação do extensionista nos 
serviços de assistência técnica e extensão rural (Ater).
A evolução das práticas pedagógicas concomitantes à evolução dos 
serviços de extensão rural e os desafios da construção de uma pedagogia 
emancipadora também serão pontos discutidos, assim como a impor-
tância da substituição de práticas metodológicas verticais para práticas 
dialéticas no serviço de extensão rural.
Transferência de tecnologias
A transferência de tecnologia agrícola pode ser descrita como um processo 
de transmissão de inovações, desenvolvidas por pesquisadores, através de 
extensionistas que as levam aos produtores rurais. A implementação de novas 
tecnologias, no entanto, atingia apenas produtores rurais capitalizados, não 
sendo viável para produtores rurais de baixo poder aquisitivo. Isso ocorria 
devido ao investimento público voltado à pesquisa não ser direcionado aos 
pequenos produtores, que encontravam barreiras institucionais e administrati-
vas. Mesmo com a interação sendo facilitada pelo extensionista, os pequenos 
produtores não eram benefi ciados efetivamente, principalmente devido ao tipo 
de abordagem utilizada na mediação (GILBERT; NORMAN; WINCH, 1980).
Diferentes abordagens considerando cenários distintos foram desenvol-
vidas nas últimas décadas. Metodologias participativas ganharam espaço 
na medida em que a preocupação com uma agricultura mais sustentável se 
torna um dos objetivos da pesquisa e extensão (FRANCIS; HILDEBRAND, 
1989). A participação do produtor rural na pesquisa, no desenvolvimento e 
nos processos de transferência de tecnologias agrícolas permite a criação de 
tecnologias apropriadas, que se encaixam prontamente nas condições sociais, 
culturais e ambientais dos agricultores. Como exemplos de abordagens de 
transferência de tecnologia que vão na contramão da abordagem convencional 
(unilateral ou difusionista), podemos citar dois: farming system research e o 
modelo participativo e agroecológico.
A farming system research é uma abordagem participativa com foco ho-
lístico e interdisciplinar. Essa abordagem considera os objetivos do produtor 
rural, sua situação econômica e os recursos da unidade agrícola para criar o 
plano de trabalho. É criado um vínculo entre o pequeno produtor, as agências 
de fomento e as instituições de pesquisa, onde a comunicação entre as partes 
é estabelecida. A farming system research visa a aumentar a produtividade 
do sistema agrícola considerando diferentes objetivos, restrições e potenciais 
existentes. O aumento da produtividade é possível através do uso de tecnologias 
expressivas e políticas públicas que contribuam para a melhoria da qualidade 
de vida do produtor rural, de suas famílias e da comunidade rural como um 
todo (GILBERT; NORMAN; WINCH, 1980).
A farming system research foi uma abordagem bem-sucedida, mas apenas 
em circunstâncias muito específicas. O sucesso era alcançado quando a aborda-
gem era utilizada para ambientes homogêneos, em grandes unidades agrícolas 
com estabilidade econômica. Quando usada em ambientes heterogêneos, onde 
fatores sociais e culturais influenciavam as práticas agrícolas utilizadas, a 
abordagem era inadequada (DARNHOFER; GIBBON; DEDIEU, 2012).
Resumidamente, a farming system research possui três características 
principais:
  utiliza opensamento sistêmico;
  confia na interdisciplinaridade;
  baseia-se em uma abordagem articulatória.
Modelos de assistência técnica2
A execução das três características em um único projeto de pesquisa pode 
ser considerado um grande desafio, conceitual e prático. Em diferentes cenários, 
isso pode não ser viável e nem eficaz. Para torná-las mais eficientes, pode-se 
focar em determinado aspecto relevante do projeto analisado. Essa abordagem 
tem menor protagonismo do produtor rural, mas serve de instrumento para 
aumentar o nível de participação do produtor rural em grupos organizados.
Já a abordagem participativa e agroecológica atua através do diálogo par-
ticipativo na transmissão do conhecimento baseado nas relações entre os 
diferentes agentes, estimulando a participação ativa do produtor rural no 
planejamento e nos testes de novas tecnologias agrícolas. Essa prática reduz 
o uso de programas definidos sem a participação do produtor rural, onde as 
novas tecnologias são pesquisadas e um pacote tecnológico é desenvolvido 
antes que o produtor rural possa opinar (LESSA, 2000).
O desenvolvimento sustentável não é alcançado quando as tecnologias 
são simplesmente transferidas de forma unilateral. É necessário definir de 
forma participativa (pesquisador, extensionista e produtor rural) o padrão de 
tecnologia que deve ser adotado, estabelecendo as condições locais (social, 
cultura e ambiental) e o nível de sustentabilidade que se deseja alcançar para, a 
partir deste ponto, iniciar o processo de transição e implantação de tecnologias 
adequadas à realidade observada (CAPORAL, 1991). Esse processo é baseado 
na construção de novos conhecimentos que viabilizem o desenvolvimento de 
alternativas tecnológicas capazes de propiciar a sustentabilidade da produção 
agrícola, favorecendo a preservação ambiental, reduzindo os custos produti-
vos, aumentando a renda do produtor rural e produzindo alimentos livre de 
contaminantes.
No ano de 2006, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Em-
brapa) lançou o Marco Referencial da Agroecologia, trabalho que reuniu os 
temas agroecológicos prioritários, desenvolvidos por participantes internos 
e externos à instituição. De acordo com este documento, a realização de 
projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação agrícola pode acontecer 
através de diferentes estratégias metodológicas (EMPRESA BRASILEIRA 
DE PESQUISA AGROPECUÁRIA, 2006). Veja a seguir.
  Ensaios sistêmicos — visa a gerar conhecimento com foco na agroeco-
logia e em tecnologias, com os quais objetiva-se dar suporte à pesquisa 
participativa e que permitam relações interdisciplinares.
  Ensaios de síntese — caracteriza-se como uma etapa da implemen-
tação de programas de pesquisa, desenvolvimento e inovação, com 
foco sistêmico e interdisciplinar, onde são detectados os problemas 
3Modelos de assistência técnica
tecnológicos e as informações geradas na pesquisa são sintetizadas para 
posteriormente serem validadas nas unidades agrícolas.
  Indicadores de sustentabilidade — são um instrumento de avaliação, 
facilitador de adaptações de decisões de manejo para a promoção de 
práticas de agricultura sustentável.
  Sistematização e avaliação de experiências agroecológicas — visa a 
identificar e sistematizar experiências e outros processos anteriormente 
utilizados com êxito no campo da agroecologia e que não possuam 
sustentação científica.
  Redes de referência — visa a estudar os pontos de carência e determinar 
meios adequados e eficazes para implementação de tecnologias compa-
tíveis com as necessidades dos agricultores e dentro das possibilidades 
de seus sistemas produtivos.
  Pesquisa participativa — o produtor rural conhece suas próprias de-
mandas e, portanto, deve contribuir na definição da pauta de ações de 
pesquisa, desenvolvimento e inovação a ele direcionados. Os técnicos 
e pesquisadores também participam, com o mesmo protagonismo.
A transferência de tecnologia agrícola baseada na compreensão dos pro-
cessos geradores de conhecimento e inovação tecnológica tem o potencial de 
suprimir processos difusionistas, eliminando a necessidade de tecnologias 
preconcebidas, evitando a perda de autonomia e a exclusão social do produtor 
rural em sistemas produtivos agroecológicos.
Acesse o link a seguir e leia mais sobre sistemas agroecológicos (FEIDEN; BORSATO, 2011).
https://qrgo.page.link/SEhWB
Atendimento técnico rural
Os serviços de Ater desempenham um papel importante no desenvolvimento 
da agricultura sustentável. Nos últimos anos o cenário de atuação da extensão 
rural se modifi cou, tornando-se mais diversifi cado com a introdução de dife-
Modelos de assistência técnica4
rentes serviços consultivos (setor privado, organizações não governamentais, 
cooperativas e associações).
Os profissionais que atuam realizando a interação entre o produtor rural e 
os centros de pesquisa e fomento são habilitados para atuarem na prestação de 
serviços de assistência e consultoria técnica, orientando diretamente produtores 
sobre a produção agrícola. Além disso, o extensionista deve compreender a 
realidade social e ambiental do produtor rural e de sua família, para poder 
criar estratégias e práticas coerentes com a realidade observada. Esse processo 
demanda atenção e tempo por parte do profissional, que deve proporcionar 
a integração entre os conhecimentos local e técnico através de metodologias 
participativas e dialógicas.
O extensionista deve ser capaz de atender a demandas de nível individual 
e organizacional. Em nível individual, deve apresentar o domínio de conheci-
mentos técnicos (produção vegetal, animal e agroindustrial) e competências 
para gerir os processos sociais. Já em nível organizacional o profissional deve 
dominar, além dos conhecimentos de nível individual, conhecimentos de gestão 
em áreas de recursos humanos e financeiros, administrativos e jurídicos. Além 
disso, a capacidade de interação, aprendizagem e comunicação são ferramentas 
importantes no desenvolvimento dos serviços de extensão.
Dentre as suas qualificações, estes profissionais são capazes de execu-
tar projetos agrícolas em diferentes etapas; planejar atividades verificando 
viabilidade econômica e infraestrutura; promover a organização, extensão 
e capacitação rural; fiscalizar a produção agrícola e desenvolver tecnologias 
adaptadas à mesma.
A extensão rural, antes focada na produção e produtividade, agora tem um 
olhar sobre o produtor rural, sua realidade social e cultura. O extensionista 
deve trabalhar novas competências técnicas que viabilizem nova perspectiva 
emancipadora, onde o produtor rural também é agente de construção de co-
nhecimento. Nesse ponto, o extensionista deixa de prestar assistência técnica e 
passa a prestar orientações técnicas. A diferença entre os dois métodos consiste 
na natureza difusionista da assistência técnica, enquanto a orientação técnica 
segue padrões participativos (MIRANDA, 2008).
A assistência técnica foca em promover intervenções no sistema produtivo, 
ignorando os aspectos ambientais e a interação com o produtor rural na pro-
dução de conhecimentos. Já a orientação técnica foca em promover mudanças 
técnicas, sociais e ambientais, integrando o produtor rural e capacitando-o 
para a tomada de decisão. A orientação técnica pode ser entendida também 
como assessoria técnica, por demandar um processo duradouro e contínuo. 
A orientação ou assessoria técnica proporcionam uma interação horizontal 
5Modelos de assistência técnica
entre extensionista e produtor rural, estreitando a relação de confiabilidade e 
aprimorando a dinâmica de trabalho (MIRANDA, 2008). 
Práticas educacionais de assistência técnica e 
extensão rural 
A ação extensionista é, essencialmente, uma ação pedagógica, educativa. Prá-
ticas educacionais são baseadas em duas vertentes de educação: a do educando 
como objeto a ser moldado pelo professor (concepção tradicional e técnico 
burocrática), e a do educando como sujeito em processo de autoconstrução(concepção liberal e dialética).
As concepções tradicional e técnico burocrática utilizam modelos individu-
alistas e heteronômicos. A concepção liberal, embora preconize a autonomia, 
também é centrada no indivíduo. O foco no individualismo origina relações 
sociais verticais que, consequentemente, geram opressão e alienação. As três 
concepções atuam como neutras, considerando a educação um processo de 
desenvolvimento individual, ignorando políticas pedagógicas emancipadoras.
Na concepção dialética, o educando é agente do processo transformador. 
Essa concepção busca a construção coletiva do conhecimento comprometido 
com a transformação da realidade. Demonstra a direção do conhecimento atra-
vés do uso de metodologias democráticas, diálogo e reflexão crítica (BRASIL, 
2010). Podemos descrever resumidamente, no Quadro 1, as características das 
concepções educacionais.
 Fonte: Adaptado de Brasil (2010). 
Concepção Fundamento
Tradicional Aluno: objeto a ser moldado, fabricado, disciplinado.
Técnico-burocrática Aluno: sujeito a ser tornado produtivo 
e adaptado à sociedade.
Liberal Educando: a desenvolver suas potencialidades 
individuais para autodeterminação e autorrealização.
Dialética Educando: sujeito do conhecimento construído 
na relação com o outro e comprometido 
com a transformação da realidade.
 Quadro 1. Características das diferentes concepções educacionais 
Modelos de assistência técnica6
A construção da Pedagogia de Ater é orientada baseada em quatro fun-
damentos teóricos: 
  Construtivismo (Piaget) — a teoria parte da premissa de que o conhe-
cimento não é dado, nada está pronto, mas se constitui pela interação 
do indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo humano, 
com o mundo das relações sociais.
  Sócio interacionismo (Vygotsky) — a teoria é baseada em entender o 
ser humano como imerso num contexto histórico que se desenvolve 
por processos de transformação.
  Constituição do sujeito (Castoriadis) — a educação é como um fazer 
social, por meio do qual a sociedade forma o indivíduo e o cidadão, 
fazendo a ligação entre o individual e o coletivo. O sujeito é uma criação 
social, que se realiza para além das escolas, no cotidiano de todas as 
manifestações sociais. 
  Educação emancipadora (Paulo Freire) — a educação é um processo de 
emancipação e transformação do mundo, em que o papel do educador 
não é o de convencer o educando, mas sim de construir junto.
Vygotsky, Castoriadis e Freire utilizam a metodologia dialética para fun-
damentar o processo educacional, onde o educando é situado como agente 
estimulador do processo de autoconstrução. Cada autor oferece uma contri-
buição importante para os fundamentos pedagógicos da Ater, principalmente 
em relação ao processo de aprendizagem dos adultos. 
Após anos de mudanças institucionais e metodológicas, a Ater sofreu 
mudanças na relação extensionista-agricultor, que até então ocorria vertical-
mente, estabelecendo uma nova relação democrática e emancipadora. Nesse 
sentido, a mudança nas práticas dos extensionistas exigia a incorporação de 
concepções pedagógicas emancipadoras.
O desenvolvimento da Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão 
Rural foi baseado em diretrizes metodológicas que se aproximam da pedagogia 
emancipadora. Esse novo modelo de prática pedagógica serve como instru-
mento estratégico para transformar antigas práticas, que não condizem com a 
atualidade e com as necessidades da agricultura familiar, em novas posturas 
profissionais para atender aos objetivos estabelecidos na Política Nacional de 
Assistência Técnica e Extensão Rural. O processo educativo deve se basear 
numa metodologia pedagógica dialética e transformadora, de senso crítico, 
opondo-se às metodologias impositivas, de transferência de conhecimento de 
forma unilateral (BRASIL, 2010).
7Modelos de assistência técnica
A problematização e os desafios para a construção de uma Ater de peda-
gogia emancipadora apontam para a necessidade de considerar cada um dos 
elementos listados a seguir.
  O contexto cultural do agricultor.
  As condições objetivas e subjetivas do agricultor.
  O saber popular como ponto de partida.
  O planejamento participativo.
  As possibilidades de trabalho em grupo com os agricultores familiares.
  A autonomia do agricultor como estratégia de empoderamento.
  A perspectiva da educação popular.
  A educação ambiental.
  O respeito e a valorização da diversidade.
  A promoção da inclusão social.
  A defesa dos direitos humanos e sociais.
  A participação política em espaços de democracia participativa.
  A formação continuada dos agentes de desenvolvimento rural.
A prática pedagógica emancipadora de Ater requer aceitar o novo, a reflexão 
crítica sobre a prática, o respeito aos saberes, cultura e tradições dos produtores 
rurais, e o comprometimento político com a construção de um novo modelo 
de desenvolvimento rural.
A construção de um projeto político pedagógico para a extensão rural deve 
ser baseada na construção de novos princípios, fundamentados em fontes 
teóricas coerentes com a perspectiva crítica, dialética e transformadora.
A pedagogia emancipadora da Ater deve ser construída baseada nos pro-
cedimentos metodológicos apresentados a seguir.
  O acolhimento.
  A definição dos princípios de convivência.
  A utilização de linguagens lúdicas e da tradição popular.
  A leitura do mundo.
  A problematização.
  O aprofundamento teórico.
  A construção do conhecimento
  A avaliação.
  A dimensão individual e a dimensão coletiva do processo de 
aprendizagem.
  O trabalho pedagógico na perspectiva dos círculos de cultura.
Modelos de assistência técnica8
  O registro e a sistematização.
Para cada um destes procedimentos há uma variedade de possibilidades 
de desenvolvimento das práticas pedagógicas (BRASIL, 2010). 
Considerando a prática pedagógica emancipadora já discutida, o trabalho 
do extensionista deve valorizar o conhecimento prévio do produtor rural para 
desenvolver a reconstrução do conhecimento através de novas perspectivas. 
É necessário que o extensionista use de práticas educativas e, a partir delas, 
medeie, numa perspectiva dialética, uma autoconstrução de conhecimento 
pelo produtor rural.
A ação do extensionista é de grande importância para o sucesso da pro-
dução agrícola, assim como para o crescimento e a promoção de um produtor 
rural autônomo, que se torna capaz de avaliar e decidir sobre o seu processo 
produtivo. 
Leia mais sobre educação e comunicação na extensão rural em Extensão ou Comuni-
cação?, de Paulo Freire (1975).
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Agrário. Fundamentos teóricos, orientações e 
procedimentos metodológicos para a construção de uma pedagogia de ATER. Brasília, 
DF: MDA: SAF, 2010. Disponível em: http://www.emater.pr.gov.br/arquivos/File/Biblio-
teca_Virtual/Publicacoes_Tecnicas/Metodologia/Fundamentos_pedagogia_ATER.
pdf. Acesso em: 30 out. 2019.
CAPORAL, F. R. A extensão rural e os limites à prática dos extensionistas do serviço público. 
1991. Dissertação (Mestrado em Extensão Rural) — Universidade Federal de Santa 
Maria, Santa Maria, 1991. Disponível em: http://www.emater.tche.br/site/arquivos_pdf/
teses/Dis_Francisco_Caporal.pdf. Acesso em: 30 out. 2019.
DARNHOFER, I.; GIBBON, D.; DEDIEU, B. (ed.). Farming systems research into the 21st Century: 
the new dynamic. Netherlands: Springer, 2012.
9Modelos de assistência técnica
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Marco referencial em agroecologia. 
Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2006. Disponível em: https://www.
alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/107364/4/Marcoreferencial.pdf. Acesso 
em: 30 out. 2019.
FEIDEN, A.; BORSATO, A. V. Como eu começo a mudar para sistemas agroecológicos? 
Corumbá, MS: Embrapa Pantanal, 2011. Disponível em: https://qrgo.page.link/SEhWB. 
Acesso em: 30 out. 2019.
FRANCIS, C.; HILDEBRAND, P. E. Farming systems research: extension and the concepts 
of sustainability.Agronomy & Horticulture: Faculty Publications, Lincoln, n. 558, p. 1–9, 
1989. Disponível em: https://digitalcommons.unl.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=15
58&context=agronomyfacpub. Acesso em: 30 out. 2019.
FREIRE, P. Extensão ou comunicação? 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975.
GILBERT, E. H.; NORMAN, D. W.; WINCH, F. E. Farming systems research: a critical appraisal. 
MSU Rural Development Papers, Michigan, n. 6, 1980. Disponível em: http://agris.fao.org/
agris-search/search.do?recordID=US8136639. Acesso em: 30 out. 2019.
LESSA, A. S. N. Agroecologia, participação social e desenvolvimento sustentável. Revista 
de Políticas Publicas, São Luís, v. 4, n. 1.2., p. 51–70, 2000. Disponível em: http://www.
periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/rppublica/article/view/3694/1704. Acesso 
em: 30 out. 2019.
MIRANDA, J. R. da S. A assessoria técnica, social e ambiental à Reforma Agrária (ATES): 
a Copserviços no sudeste do Pará. 2008. Dissertação (Mestrado em Extensão Rural) 
— Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2008. Disponível em: http://reformaagra-
riaemdados.org.br/sites/default/files/2008%20Jaime%20Rodrigo%20da%20Silva%20
Miranda.pdf. Acesso em: 30 out. 2019.
Modelos de assistência técnica10
DICA DO PROFESSOR
Além das instituições federais voltadas aos trabalhos de assistência técnica e extensão rural, 
principalmente a EMBRAPA, existem instituições estaduais que apresentam importante papel 
no que diz respeito ao desenvolvimento das atividades rurais nas regiões em que atuam, e 
contribuem para a melhoria da qualidade de vida do produtor e da sua família.
Nesse sentido, vale ressaltar que essas instituições trabalham tanto com a pesquisa quanto com a 
extensão dos conhecimentos relacionados ao setor rural. É fundamental conhecer o trabalho das 
instituições estaduais e a sua importância para as regiões em que estão inseridas, e conhecer 
também as atividades em que atuam.
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EXERCÍCIOS
1) Os extensionistas têm como papel fundamental levar ao conhecimento dos produtores 
rurais as novas tecnologias, metodologias e pesquisas com foco no desenvolvimento 
rural, dando a eles a possibilidade de optar pela adesão ou não desses novos 
conhecimentos.
Com base na transferência de conhecimentos para os produtores rurais, assinale a 
alternativa correta:
A) À medida que foram sendo desenvolvidas novas formas de transferência de tecnologia, as 
metodologias participativas foram perdendo espaço.
B) A participação do produtor no processo de desenvolvimento de tecnologias auxilia na 
criação de tecnologias que sejam adequadas à sua realidade.
C) A abordagem Farming System Research atua com o diálogo participativo na transmissão 
de conhecimento com foco na relação entre os diferentes agentes.
D) Duas metodologias que têm sido utilizadas e que seguem a mesma linha da abordagem 
convencional são: Farming System Research e o modelo Participativo e Agroecológico.
E) A abordagem Participativa e Agroecológica apresenta três características principais: 
pensamento sistêmico, interdisciplinaridade e abordagem articulatória.
2) Com o intuito de reunir os temas principais relacionados à agroecologia, a 
EMBRAPA lançou no ano de 2006 o Marco Referencial da Agroecologia. Além do já 
citado, trata-se também de diferentes estratégias metodológicas. A respeito desse 
assunto, analise as afirmativas a seguir:
I - Utilizando a metodologia de redes de referência, um grupo de extensionistas busca 
desenvolver tecnologias para a horticultura de uma comunidade rural, com foco na 
implementação de tecnologias que estejam de acordo com as necessidades dos 
produtores rurais.
II - Conhecendo as suas próprias necessidades na produção, um grupo de produtores 
de morango decidiu se unir para demonstrar aos extensionistas da região pontos que 
poderiam ser melhorados com a introdução de tecnologias, o que pode ser 
caracterizado como ensaios de síntese.
III - Extensionistas e produtores rurais de pimentão resolveram realizar reuniões 
semanais com o intuito de buscar soluções para uma praga que tem devastado a 
produção. Esse tipo de metodologia pode ser caracterizado como pesquisa 
participativa.
Assinale a alternativa correta:
A) I e II estão corretas.
B) Somente a I está correta.
C) II e III estão corretas.
D) I e III estão corretas.
E) Somente a II está correta.
3) Os fundamentos pedagógicos são aspectos essenciais às práticas extensionistas, uma 
vez que é preciso conhecer e utilizar-se da pedagogia para realizar a transferência de 
conhecimento para os produtores rurais.
Com base nas práticas educacionais de assistência técnica e extensão rural, assinale a 
alternativa correta:
A) Na concepção educacional dialética, o educando é aquele que tem um conhecimento 
construído e está comprometido com a transformação da realidade.
B) A concepção educacional liberal é aquela em que o educando é considerado o objetivo a 
ser moldado e disciplinado.
C) Na concepção educacional técnico-burocrática, o aluno é incentivado a desenvolver as 
suas potencialidades de forma individual.
D) Na concepção educacional tradicional, o aluno é incentivado a se tornar produtivo e se 
adaptar à sociedade.
E) Na concepção educacional liberal, o educando é aquele que tem um conhecimento 
construído e está comprometido com a transformação da realidade.
Os fundamentos pedagógicos dentro da assistência técnica e extensão rural são 
fundamentais para o desenvolvimento de estratégias adequadas aos produtores 
rurais. No que diz respeito aos fundamentos pedagógicos, são considerados quatro e 
foram desenvolvidos por diferentes autores. A respeito do assunto em questão, 
verifique se são falsas ou verdadeiras as afirmativas a seguir:
I - No fundamento da Constituição do sujeito, de Castoriadis, o sujeito é considerado 
4) 
uma criação social, na qual a educação forma o indivíduo e o cidadão, realizando a 
ligação entre o individual e o coletivo.
II - No fundamento da Educação emancipadora de Paulo Freire, a educação é 
considerada como um processo de transformação do mundo e de emancipação, no 
qual o papel do educador é o de construir junto com o educando.
III - No fundamento do Sociointeracionismo de Piaget, parte-se da ideia de que o 
conhecimento pode ser construído, e está em constante desenvolvimento, e se 
constitui de forma individual no ser. 
VI - No fundamento do Construtivismo de Vygotsky, parte-se da premissa de que é 
necessário entender o ser humano, excluindo-se o seu contexto histórico, e que ele se 
desenvolve por meio de transformações individuais.
Assinale a alternativa que traz a sequência correta de cima para baixo:
A) V – V – F – V.
B) V – F – V – F.
C) F – V – F – V.
D) V – F – V – V.
E) V – V – F – F.
5) Baseada em diretrizes metodológicas que tomam como base a pedagogia 
emancipadora, a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural é um 
importante documento e deve ser tomado como base para o desenvolvimento de 
projetos que visam ao avanço das atividades no campo. Nesse contexto, alguns 
elementos devem ser considerados.
Assinale a alternativa que contempla elementos que devem ser levados em 
consideração na problematização e nos desafios para a construção da ATER:
A) A construção de um planejamento participativo; buscar a promoção da inclusão social; e 
utilizar o saber popular como ponto de partida.
B) Utilizar os saberes individuais; apropriar-se da educação ambiental; e evitar a autonomia 
do produtor para o empoderamento.
C) Considerar apenas as condições objetivas do produtor; realizar trabalhos individuais; e 
respeitar e valorizar a diversidade.
D) Buscar a promoção da inclusão social; realizar formação continuada para os agentes de 
ATER; e desconsiderar o saber popular.
E) Considerar o contexto cultural do produtor; evitar trabalhos em grupo com os agricultores; 
e utilizar o planejamento participativo.
NA PRÁTICA
O desenvolvimento dotrabalho de assistência técnica para acompanhamento das propriedades 
pode ser primordial para a continuidade de determinadas produções em algumas regiões. O 
papel do técnico é auxiliar no desenvolvimento das atividades e permitir que os seus 
conhecimentos possam trazer benefícios à produção.
Vale ressaltar que as estratégias a serem adotadas como forma de acompanhamento das 
propriedades devem estar de acordo com a realidade dessas e permitir o seu desenvolvimento. 
Por isso, é fundamental que o técnico extensionista realize um diagnóstico adequado e busque a 
metodologia que melhor apresentará benefícios aos produtores.
Na Prática, você verá um exemplo de como a assistência técnica pode realizar um bom trabalho 
junto aos produtores e favorecê-los.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Assistência técnica ajuda pequenos agricultores a gerar mais lucros
Neste vídeo, você verá um exemplo da importância da assistência técnica para pequenos 
produtores rurais.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Programa de assistência técnica e gerencial auxilia produtores rurais da região
Neste vídeo, você poderá observar um trabalho de assistência técnica na prática.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Como levar assistência técnica e tecnologias de agropecuária de baixo carbono ao 
produtor rural
Neste texto, você lerá uma notícia que aborda como levar assistência técnica e tecnologias de 
agropecuária de baixo carbono ao produtor rural.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

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