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Técnicas e métodos de elaboração de cenários Apresentação Compreender o cenário em que uma organização está inserida não é uma tarefa muito fácil, pois depende de diversas análises. Normalmente essas análises são executadas por profissionais da área de marketing, que têm grande preocupação em agregar valores para a instituição. Por isso procuram organizar estratégias que possibilitem chegar à missão estabelecida pela empresa. Para o fortalecimento da imagem organizacional e aumento das vendas, entre outras questões, é imprescindível que sejam realizadas análises do microambiente e do macroambiente, pois essa análise ambiental afeta diretamente os processos estabelecidos no ambiente interno da organização. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer as principais características do microambiente e do macroambiente, além de diferenciar quais são as variáveis internas e externas e como elas podem alterar o rumo de um planejamento mercadológico. Também irá identificar as estratégias que podem ser utilizadas para que uma empresa tenha sucesso total. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Analisar cenários de micro e macroambientes. • Identificar como as variáveis internas e externas podem influenciar o desenvolvimento de um planejamento mercadológico. • Desenvolver possibilidades estratégicas de análise e compreensão de dados mercadológicos.• Desafio Para o sucesso de uma empresa, é importante que o profissional de marketing conheça bem o micro e o macroambiente em que ela está inserida. O microambiente está relacionado aos fatores internos da empresa. Já o macroambiente é composto por uma série de fatores e variáveis externas e incontroláveis. Você é o diretor da Bom Biscoito, uma empresa de pequeno porte que produz bolachas e biscoitos. Atualmente, a Bom Biscoito tem 25 funcionários. Veja mais informações sobre a empresa: Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/8c805cf5-8285-4c99-a270-a11253f0801a/82548419-4d06-4615-a4f4-1077f9913f20.jpg A partir dessas informações, o seu desafio é desenvolver a matriz SWOT. Além dos dados trazidos, você também pode trazer outras informações importantes – sobretudo sobre o macroambiente –, como o mercado de biscoitos no Brasil, que podem ser obtidas em fontes secundárias: internet, revistas, periódicos, relatórios, entre outras. Para construir a SWOT, defina quais são as ameaças, oportunidades, fraquezas e forças. Infográfico As empresas têm objetivos e metas traçadas e, para alcançá-los, criam estratégias. As estratégias precisam estar de acordo com as análises realizadas no microambiente e no macroambiente, sendo que o macroambiente afeta diretamente o microambiente de uma organização, pois as variáveis fogem ao controle dos gestores por serem externas e incontroláveis. Neste Infográfico você irá aprofundar os seus conhecimentos sobre o macroambiente e entender como ele atinge os processos da empresa, além de conhecer alguns exemplos para consolidar esse entendimento. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/d49c6f53-c87a-44db-9d4d-e39d05de0648/eac2782b-a662-4c6a-88a6-98cd57a8ca38.jpg Conteúdo do livro Os planejamentos são importantíssimos para o desenvolvimento e o alcance dos objetivos organizacionais. Quando uma empresa realiza um planejamento mercadológico, é fundamental que os profissionais envolvidos façam análise do cenário no qual estão inseridos, analisando o microambiente e o macroambiente. Essas variáveis impactam diretamente os processos internos da empresa e podem modificar o curso do planejamento que foi estabelecido. As alterações ambientais precisam ser analisadas por profissionais que conheçam profundamente esses processos para que consigam tomar decisões congruentes e que possibilitem a criação de estratégias que auxiliem no desenvolvimento mercadológico da empresa. No capítulo Técnicas e métodos de elaboração de cenários, do livro Análise de cenários e planejamento mercadológico, você vai estudar o microambiente e o macroambiente, além de conhecer as variáveis internas e externas que podem alterar o curso do planejamento estratégico e entender como se consolidam as estratégias. ANÁLISE DE CENÁRIOS E PLANEJAMENTO MERCADOLÓGICO Andrea Wanowschek dos Santos Técnicas e métodos de elaboração de cenários Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Analisar cenários de micro e macroambientes. Identificar como as variáveis internas e externas podem influenciar no desenvolvimento de um planejamento mercadológico. Desenvolver possibilidades estratégicas de análise e compreensão de dados mercadológicos. Introdução Conhecer profundamente o mercado em que uma empresa está inserida é papel fundamental do profissional da área de marketing. Para auxiliar nesse processo, existem diversas possibilidades de análises, ferramentas e formas de interpretar o mercado (ou os vários mercados) em que a empresa atua. Sem uma base e uma consistência de dados e informações, qualquer planejamento de marketing corre o risco de não dar certo. Ou seja, não se pode apenas trabalhar com conhecimentos presumidos. Para o desenvolvimento de ações mercadológicas sólidas, a etapa de elaboração de cenários é fundamental. Para isso, devem ser analisados tanto o microambiente quanto o macroambiente da empresa. Neste capítulo, você vai estudar as principais diferenças entre o mi- croambiente e o macroambiente. Você também vai identificar quais variáveis estão relacionadas a cada um desses ambientes e como essas variáveis podem afetar rapidamente o contexto da empresa. Por fim, você vai verificar como é possível reagir estrategicamente a essas variáveis. Ambientes de negócios Ambiente é uma palavra presente em vários contextos. Por exemplo, na ar- quitetura, descreve um determinado local, como a sala de um apartamento ou um escritório. Pode também estar relacionada ao meio ambiente, para defi nir o conjunto de fatores físicos, biológicos e químicos que cercam os seres vivos. No nosso caso específi co, essa palavra é empregada para descrever o ambiente em que as empresas estão inseridas. Para Aaker (2012), ambientes são locais dinâmicos e desafi adores, aos quais pessoas e empresas pertencem e são infl uenciadas pelo que acontece dentro deles. Independentemente do contexto do termo, é perceptível que todos nós fazemos parte de um ambiente e que tudo o que gira ao nosso redor é com- ponente do mesmo. Voltando ao contexto que mais nos interessa, no âmbito organizacional, existe uma série de fatores internos e externos que podem intervir fácil e rapidamente no desempenho da empresa. Muitas vezes, esses fatores são capazes de alterar o cenário da organização. Por isso, de acordo com Ferrell e Hartline (2005), executivos de marketing de todo tipo de or- ganização, sejam elas grandes ou pequenas, dedicam grande parte do seu tempo à análise de dados, objetivando, em especial, que esses dados gerem informações importantes para as tomadas de decisão. Ainda segundo os autores, para a tarefa de elaboração de cenários, deve- -se dividir a análise da situação em três linhas de interpretação de dados: o ambiente interno, o ambiente do consumidor e o ambiente externo. O ambiente interno, também chamado de microambiente, está diretamente relacionado: ao produto, às suas características e à sua composição física e química; a toda a parte de design industrial, à marca; às condições de preços, créditos, descontos e de venda; à forma de distribuição, aos canais e aos sistemas de entrega; aos serviços, à assistência técnica e às garantias; e a toda a parte de comunicação. Para desenvolver um planejamento de marketing,como afirmam Kotler e Armstrong (2003), o executivo dessa área precisará de informações de outras áreas da empresa, abrangendo desde a direção até os departamentos financeiro, de pesquisa, de compras, de produção e de pesquisa e desenvolvimento. Para auxiliar na análise do ambiente interno ou microambiente, na elaboração de cenários, é fundamental revisar os objetivos, as estratégias e o desempenho Técnicas e métodos de elaboração de cenários2 do marketing. É importante revisar, também, os recursos organizacionais atuais e previstos. Por fim, deve-se revisar as questões culturais e estruturais atuais e previstas. Essa revisão, que deve ser feita de maneira permanente pelos profissionais de marketing, poderá apontar quais são as forças internas potenciais da empresa, quais são as suas fraquezas internas potenciais, quais oportunidades externas potenciais podem ser avistadas no mercado e quais são as ameaças externas potenciais. Como forças internas potenciais, podemos citar: recursos financeiros abundantes por parte da empresa; nome de marca bem conhecido e reputação de marca de alto valor; ser a número um no seu segmento; economia de pro- dução em grande escala; tecnologias próprias; processos patenteados; custos mais baixos de produção; imagem empresarial respeitada; talento gerencial elevado; melhor habilidade de marketing; produtos de qualidade superior; alianças estratégicas importantes com outras empresas; boa capacidade de distribuição; funcionários bastante comprometidos com a missão e a visão da organização. Já como fraquezas internas potenciais, que vão exigir cuidado e revisões constantes, temos: falta de orientação estratégica por parte da empresa; recursos financeiros limitados; pouco investimento em pesquisa e desenvolvimento; linha de produtos bastante limitada; distribuição com poucos canais; cus- tos mais altos; tecnologia desatualizada; problemas operacionais internos; problemas políticos internos; imagem de mercado fraca; pouca habilidade de marketing; alianças estratégicas fracas ou quase inexistentes com outras empresas; funcionários mal treinados. Como o nome diz, trata-se de forças e fraquezas internas, ou seja, que fazem parte do microambiente da empresa. Ou seja, a empresa tem responsabilidade direta sobre cada uma delas e tem a capacidade de intervir, gerenciar e decidir sobre cada força, potencializando-a, ou cada fraqueza, tentando resolvê-la ou minimizando-a. As demais potencialidades, oportunidades e ameaças são externas. Sobre elas, a empresa não tem nenhum poder direto. São consideradas oportunida- des: rápido crescimento do mercado; concorrência lenta em suas tomadas de decisão; consumidor com maior poder aquisitivo; abertura de novos mercados externos; quedas na concorrência; descoberta de produtos; país ou região em crescente desenvolvimento econômico; desregulamentação do governo em relação aos produtos; novas tecnologias; mudanças demográficas; mercado buscando alianças estratégicas; quedas nas vendas de produtos substitutos; mudanças nos métodos de distribuição. 3Técnicas e métodos de elaboração de cenários Se as oportunidades trazem novas perspectivas de ganhos e crescimentos, as ameaças representam exatamente o contrário. Ou seja, podem interferir nos resultados e no desempenho da empresa. São consideradas ameaças: entrada de concorrentes estrangeiros; surgimento de produtos e serviços substitutos; ciclo de vida do produto em declínio; mudanças nas necessidades, desejos ou preferências dos consumidores; maior regulamentação governamental sobre o segmento dos produtos; queda na atividade econômica; novas tecnologias; mudanças demográficas; barreiras no comércio exterior; fraco desempenho das empresas aliadas; política internacional conturbada; mudanças na política eco- nômica impostas pelo Banco Central; mudanças nos métodos de distribuição. Repare que alguns itens podem ser tanto oportunidades quanto ameaças, como é o caso das novas tecnologias, das mudanças nos métodos de distribuição e das mudanças demográficas. É assim mesmo. Pode parecer confuso, mas a forma como cada um desses itens vai repercutir no ambiente organizacional vai depender do contexto e do cenário da empresa. Em especial, depende de como ela consegue reagir a esses fatores. O Quadro 1 a seguir apresenta alguns exemplos de aspectos ligados ao macroambiente de uma empresa. Econômicos Perspectivas de crescimento econômico Conjuntura econômica nacional e internacional Política monetária e fiscal (incentivos fiscais e de crédito) Existência ou não de financiamentos Taxas de juros e de câmbio Inflação Balança comercial Tendências salariais do mercado Exportações e importações Distribuição de renda (índice de Gini e renda per capita) Variações do produto interno bruto Exposição da economia à concorrência internacional Fluxo de recursos externos Dívida externa, déficit público Liquidez do mercado interno Quadro 1. Aspectos do macroambiente (Continua) Técnicas e métodos de elaboração de cenários4 Fonte: Adaptado de Farias, Duschitz e Carvalho (2015). Políticos Planos governamentais e setoriais Política salarial do governo Conjuntura política nacional Política habitacional Política de privatização Política de desregulamentação Política de descentralização Reformas constitucionais Política de reforma agrária Política de exportação/importação (grau de abertura da economia) Políticas industriais, setoriais e regionais Políticas de associações de classe empresariais Política sindical Culturais e sociais Nível de emprego Hábitos de poupança e consumo Poder aquisitivo da população Relações sindicais e trabalhistas Mudanças de hábitos e valores Sazonalidade Aspectos éticos (p. ex., níveis de corrupção) Massificação na comunicação social Preocupação com a preservação do meio ambiente Demográficos Crescimento da população Expectativa de vida Nível de urbanização Distribuição da população por idade Migrações Legais Legislação tributária e fiscal Legislação trabalhista e sindical Legislação ambiental Legislação sobre propriedade intelectual Legislação referente a micro e pequenas empresas Tecnológicos Tecnologia atual e futura Parcerias, licenciamento, transferência ou compra de tecnologia Acesso a fontes de tecnologia Impacto de novas tecnologias Treinamento da mão de obra Adaptação a novas tecnologias Impacto da escala de produção para novas tecnologias Quadro 1. Aspectos do macroambiente (Continuação) 5Técnicas e métodos de elaboração de cenários Como mencionamos anteriormente, Ferrell e Hartline (2005) consideram importante interpretar o ambiente do consumidor. Para os autores, nessa tarefa, os profissionais de marketing devem identificar: os consumidores atuais e potenciais da empresa; as necessidades e os desejos predominantes dos con- sumidores atuais e potenciais; as características dos produtos da empresa e se elas são percebidas pelos consumidores; e, por fim, se existem mudanças que podem ser percebidas em relação às necessidades e aos desejos do consumidor. Para chegar a essas informações, algumas perguntas são importantes: Quem são, de fato, os consumidores atuais e potenciais da empresa? Como os consumidores utilizam os produtos da empresa? Em que quantidade compram? O que fazem com o produto depois do consumo? Onde os consumidores compram os produtos da empresa? Quando? Por que e com base em que escolhem os produtos da empresa? Por que os consumidores potenciais não compram os produtos da empresa? Um fator fundamental nesse processo de análise do consumidor é com- preender que o ambiente de marketing da empresa — seja interno ou externo — envolve um grupo de públicos. Podemos classificá-los da seguinte forma: Públicos financeiros — bancos, acionistas, investidores e outros, que têm a capacidade deinfluenciar na captação de fundos para a empresa. Formadores de opinião — colunistas e comentaristas de rádio, televisão e jornal. Públicos governamentais — as empresas lidam diretamente nas três esferas governamentais: união, estado e município. Logo, precisa estar atenta a novas legislações, restrições, controles, etc. Grupos de interesse — as decisões de marketing da empresa podem ser alvo de questionamentos de associações de consumidores, grupos ambientais, entre outros. Públicos locais — da mesma forma, as decisões de marketing ou mesmo estratégicas, muitas vezes, têm relação com associações de moradores ou associações comunitárias. Público geral — entende-se como público geral aquelas pessoas que podem ser potenciais consumidoras do produto da empresa, experimen- tadores, repetidores, fiéis e, principalmente, aquelas que não consomem ou mesmo têm rejeição pela marca. Técnicas e métodos de elaboração de cenários6 Públicos internos — inclui funcionários, gerentes e diretores. Públicos intermediários — representantes, vendedores, fornecedores, distribuidores, atacadistas, transportadores. Elaboração de cenários O processo de análise da situação organizacional pode gerar grande número de dados e informações para um planejamento de marketing. Isso pode ser bom, devido à necessidade de se conhecer mais a fundo determinados contextos. Por outro lado, as informações em si podem trazer poucas orientações estra- tégicas. É sempre importante salientar que um planejamento é um banco de dados, e não um bando de dados. Ou seja, as informações que vão surgindo precisam ser estruturadas. Um modelo bastante utilizado nesse processo é a matriz SWOT, cuja sigla é composta por quatro palavras em inglês: strengths (forças), weaknesses (fraquezas), opportunities (oportunidades) e threats (ameaças). Trata-se de um instrumento de análise amplamente utilizado para organizar e utilizar os dados e as informações obtidas. Uma das vantagens da matriz SWOT é que ela abrange tanto o contexto interno como o externo da empresa. Dentre os principais benefícios da ferramenta, está a simplicidade, pelo fato de que, para esse tipo de análise, não é necessário nenhum treinamento demorado, nem habilidades técnicas específicas. Basta alguma compreensão abrangente da natureza da empresa e do segmento em que ela opera. Em relação a outros modelos de análise, a matriz SWOT apresenta custos menores, pois, como não necessita de treinamentos complexos, também não demanda altos investimentos. Outro benefício é a flexibilidade, porque, mesmo em sistemas abrangentes e ambientes mutáveis, novas informações podem ser facilmente incorporadas à matriz SWOT. Essa integração e sistematização de novos dados pode ser de natureza tanto qualitativa quanto quantitativa. Além disso, trata-se de uma ferramenta colaborativa, pois permite a participação de todas as áreas gerenciais da empresa. A Figura 1 ilustra a matriz SWOT, identificando os itens relacionados aos ambientes internos e externos. 7Técnicas e métodos de elaboração de cenários Figura 1. Matriz SWOT. Análise SWOT A m bi en te in te rn o A m biente externo Forças Oportunidades Fraquezas Ameaças Embora seja, tecnicamente, um modelo bastante acessível para o desen- volvimento de um plano de marketing, a análise da matriz SWOT conta com algumas diretrizes para ser realmente produtiva. Manutenção do foco: a ferramenta em si é simples, mas análises muito simples e amplas demais levam a generalizações. Por isso, se a empresa possui contextos diferentes, com produtos e mercados diversos, reco- menda-se fazer análises separadas para cada situação produto/mercado. Ampla busca de concorrentes: o conceito de concorrência pode ser muito amplo, podendo envolver concorrentes de marca, concorrentes de produto, concorrentes genéricos, concorrentes de orçamento e, até mesmo, concorrentes indiretos, que não têm relação direta com o pro- duto, mas disputam consumidores por segmentos. Por exemplo: clubes de futebol têm como concorrentes indiretos cinema, teatro, shows e museus, na categoria entretenimento. Por isso, a análise desse item deve incluir tanto os concorrentes diretos como os indiretos. Perspectiva do consumidor: como já vimos anteriormente, pode- -se classificar os consumidores em várias categorias. Logo, a análise também inclui consumidores, funcionários, acionistas, indiretos e stakeholders. Procure causas, não características: a matriz SWOT não é uma possi- bilidade estratégica de ação, mas, sim, de análise da situação. Portanto, Técnicas e métodos de elaboração de cenários8 ela serve para encontrar as verdadeiras causas das forças, das fraquezas, das ameaças e das oportunidades. Separar questões internas das questões externas: o micro e o ma- croambiente são contextos diferentes, com causas e fatores de atuação distintos. Depois de inseridas e alinhadas todas as informações, a ideia da matriz SWOT é permitir que as fraquezas identificadas possam se transformar em forças, da mesma forma que as ameaças possam se converter em oportunidades. E, para ambas as situações, jamais deve ocorrer o contrário. Já as forças e as oportunidades devem ser combinadas, para garantir uma melhor perspectiva para a empresa. Outra possibilidade da matriz SWOT, após levantadas todas as informações, é a visualização do cenário atual da organização, conforme mostra a Figura 2. Figura 2. Análise de cenários a partir da matriz SWOT. Fraquezas Forças Ameaças Oportunidades Sobrevivência Crescimento Manutenção Desenvolvimento Ou seja, se há mais fraquezas e ameaças no contexto da empresa, a situação é de sobrevivência. Se há mais forças e ameaças, manutenção. Fraquezas e oportunidades indicam um cenário de crescimento. Porém, quando há um predomínio de forças e oportunidades, apresenta-se uma situação de desen- volvimento para a organização. 9Técnicas e métodos de elaboração de cenários Tendências no ambiente sociocultural Os fatores socioculturais afetam profundamente como as pessoas vivem e ajudam a determinar o que, quando, onde e como os consumidores compram os produtos de uma empresa. Entre essas tendências, podemos citar as seguintes, com base em Ferrell e Hartline (2005): Tendências demográficas: declínio da população jovem; migrações; número cres- cente de moradias com uma só pessoa; crescimento de famílias com pai ou mãe solteiros e relações homoafetivas. Tendências no estilo de vida: vestuário mais informal, inclusive no trabalho; mais compras feitas em casa; foco crescente na saúde e na nutrição saudável; mais tempo diante do computador. Tendências nos valores culturais: consumo mais orientado para o valor dos produtos; preocupação com o meio ambiente; maior foco na ética e na responsabilidade social. Coleta de dados Para desenvolver uma análise da situação o mais completa possível, os pro- fi ssionais de marketing acabam investindo a maior parte do tempo e dos recursos fi nanceiros no processo de coleta de dados e informações relevantes para o desenvolvimento do plano de marketing. Muitas vezes, há uma certa ansiedade nessa etapa, porque parece ser demorada demais; assim, deseja-se chegar logo nas estratégias e nas ações. Entretanto, isso é um equívoco, pois uma interpretação de cenários malfeita provavelmente gerará um plano com problemas. Cabe ressaltar, mais uma vez, a importância de a área de marketing tra- balhar em conjunto com outras áreas da empresa, especialmente na coleta de dados, que, muitas vezes, podem estar disponíveis em fontes secundárias, o que representa mais rapidez e custo menor. De acordo com Ferrell e Hartline (2005), existem quatro fontes secundárias básicas: as fontes internas, as fontes governamentais, os periódicos e livros e as fontes comerciais. As fontes internas incluem relatórios anuais da empresa, balancetes, de- clarações de renda, faturas, registros de estoque, bancos de dados e pesquisas realizadasanteriormente. O departamento de compras, por exemplo, sabe muito bem quais produtos recebem maior encomenda e para quais regiões se destinam, qual é o seu volume de rotatividade no ponto de venda, entre Técnicas e métodos de elaboração de cenários10 outras informações. Os departamentos financeiros e contábeis sabem quais são os maiores volumes de venda por região e por estabelecimento. Já a área de transporte e logística sabe quanto tempo leva até um produto chegar ao seu destino, quais estradas oferecem maior risco de danos ao produto, etc. As fontes governamentais consistem em dados gerados pelos municípios, estados ou países. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística é uma dessas fontes. Nesses relatórios, encontram-se praticamente todos os dados demográficos, econômicos ou sociais de interesse. Por exemplo, informações sobre o desempenho da agricultura, do comércio ou industrial podem ser úteis, ou sobre a taxa de desemprego. Assim como as fontes governamentais, diversas associações comerciais, industriais, de serviços, ou mesmo institutos de pesquisa, desenvolvem relató- rios, que estão disponíveis tanto no formato impresso como na internet. Além disso, essas informações, muitas vezes, são acompanhadas de análises feitas por economistas ou teóricos, projetando a situação futura a partir daqueles dados. Da mesma forma, na mídia, há noticiários especializados que também se dedicam à análise de desempenho e a projeções futuras sobre o mercado. E, de maneira mais específica, análises mais aprofundadas podem ser encon- tradas em artigos e publicações acadêmicas disponíveis em repositórios de universidades ou eventos. Por fim, as fontes comerciais são aquelas que já foram levantadas, nor- malmente, por institutos de pesquisa; para seu uso, é cobrada uma taxa. No Brasil, existem várias empresas que desenvolvem esse tipo de atividades. A grande vantagem das fontes comerciais é o fato de que elas trabalham com informações mais atualizadas. Um artigo científico, por exemplo, dificilmente será atualizado. No caso de uma fonte governamental, pode levar tempo até que um novo relatório seja produzido. Ainda que as fontes secundárias estejam mais disponíveis e tenham um menor custo, o problema de estarem desatualizadas ou não serem precisas ou confiáveis pode levar um profissional de marketing à necessidade de coletar dados primários. Assim como as fontes secundárias, também existem quatro tipos de fontes primárias: observação direta; grupo focal; levantamentos; e experimentos. 11Técnicas e métodos de elaboração de cenários Na observação direta, faz-se uma pesquisa em relação ao comportamento de compra dos consumidores, concorrentes ou fornecedores. Inicialmente, esse processo era feito por meio da técnica da observação participante ou não participante. Ou seja, alguém era inserido na mesma situação de compra dos consumidores, concorrentes ou fornecedores. Atualmente, com os avan- ços da tecnologia, esses comportamentos podem ser registrados de forma mais detalhada, por intervalos de tempo, volumes de atenção dedicados aos produtos, influência dos elementos presentes na atmosfera de compra, entre outros. O grande problema da técnica de observação, especialmente sem o uso da tecnologia, é que os resultados da pesquisa podem ser muito descritivos e sujeitos, inclusive, a uma má interpretação ou à interferência do pesquisador. Os grupos focais têm se apresentado como uma excelente ferramenta de coleta de dados. São grupos formados por entre seis e 10 pessoas, com a presença de um moderador, que incentiva a participação dos entrevistados. É um instrumento de coleta de dados que pode ser utilizado na obtenção de informações tanto do ambiente interno como do ambiente externo. Além disso, podem ser realizados mais de um grupo focal. Para a sua realização, o grupo focal exige que o moderador seja alguém altamente capacitado, para moderar as discussões e conduzir a pesquisa conforme os objetivos planejados e pretendidos. O terceiro tipo de fonte primária são os levantamentos. Por meio deles, as pessoas respondem a uma série de perguntas sobre determinados temas. Podem ser feitos pessoalmente ou por meio interativo, como por e-mail, em programas específicos produzidos na internet ou por telefone. No macroam- biente, embora seja um instrumento rápido de coleta de informações, tem se tornado mais difícil fazer com que as pessoas participem de levantamentos. Em especial, devido à intromissão que isso causa — sobretudo quando se liga para a casa das pessoas — ou mesmo pela desconfiança, em função de golpes ou outros métodos de criar confusão e obter dados dos consumidores. No microambiente, os levantamentos sempre causam um certo temor nos funcionários, porque as informações respondidas no questionário poderiam causar demissão ou mesmo algum tipo de retaliação. O quarto tipo de fonte primária são os experimentos. Atualmente, esse tipo de coleta e geração de ideias tem sido utilizado por meio de técnicas como o design thinking, em que produtos, situações ou contextos são reproduzidos, e as pessoas tentam encontrar uma solução. Embora eficiente, a experimentação pode gerar um custo de implantação, além de ser suscetível a variáveis externas, como o engajamento insuficiente, a desconfiança, o grau de entendimento, a motivação, entre outros. Técnicas e métodos de elaboração de cenários12 Sistema de informação de marketing Assim como o profi ssional da área de marketing precisa interagir com outros departamentos para conseguir as informações necessárias, da mesma forma, as informações que darão origem ao planejamento de marketing precisam ser compartilhadas com os demais setores, para que haja a retroalimentação de dados. É o que se chama de sistema de informação de marketing. A Figura 3 a seguir mostra como esse processo ocorre na prática. Figura 3. Sistema de informação de marketing. Fonte: Adaptada de Kotler e Armstrong (2003). Gerentes de marketing Análise Planejamento Implementação Organização Controle Sistemas de informação de marketing Identificação das informações necessárias Distribuição das informações Banco de dados interno Análise das informações Inteligência de marketing Pesquisa de marketing Ambiente de marketing Mercados-alvo Canais de marketing Concorrentes Públicos Forças do macroambiente Geração das informações necessárias O sistema de informação de marketing começa com a própria área de marketing, que, para desenvolver o seu plano, precisa da análise dos dados, do planejamento das estratégias, da implementação das ações, da organização e do controle dos resultados. Para isso, conforme a Figura 3 e como já foi explicado, é feita a identificação das informações necessárias e de onde elas estão disponíveis — se em fontes secundárias ou primárias. Geram-se essas informações e distribuem-se esses dados aos gerentes dos departamentos da empresa. Dessa maneira, constrói-se um ambiente de marketing, em que será possível gerenciar e administrar os aspectos relacionados aos mercados-alvo e suas tendências e aos canais de marketing, acompanhar os passos da concorrência, desenvolver relacionamentos melhores com os diversos tipos de público e 13Técnicas e métodos de elaboração de cenários prevenir-se contra eventuais forças do macroambiente. Tudo isso para que a área de marketing, a empresa e todos os seus departamentos estejam preparados para tomar as melhores decisões estratégicas. AAKER, D. A. Administração estratégica de mercado. Porto Alegre: Bookman, 2012. FARIAS, C.; DUSCHITZ, C.; CARVALHO, G. M. Marketing aplicado. Porto Alegre: Bookman, 2015. FERRELL, O. C.; HARTLINE, M. D. Estratégia de marketing. São Paulo: Pioneira, 2005. KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Administração de marketing. 9. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2003. Técnicas e métodos de elaboração de cenários14 Dica do professor Em uma organização existem diversos tipos de planejamentosutilizados; para que se tenha total êxito, é necessário que seja dada atenção a diversas questões, tanto do âmbito interno quanto externo. Nesta Dica do Professor, você acompanhará dicas que precisam ser observadas pelos gestores das organizações, além da importância da ferramenta de análise SWOT. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/353463dd10da3f42c8bb0813011fab4c Exercícios 1) Em qualquer ramo de negócio, é essencial que sejam identificadas as oportunidades que o mercado está apresentando. Porém não é nada fácil identificá-las, pois acontecem com frequência alterações que podem ser radicais ou mais relevantes. Para realizar o levantamento das oportunidades e ameaças que o ambiente externo representa para uma empresa, qual ferramenta é a mais indicada? A) Análise SWOT. B) Canvas. C) Matriz BCG. D) Bechmarking. E) Análise 360o. 2) As empresas precisam estar atentas a diversos fatores relacionados ao mercado em que estão inseridas, necessitando conhecer a viabilidade econômica, buscar alternativas para serem mais competitivas no mercado, compreender as forças internas e externas, entre outros aspectos relevantes. Os profissionais de marketing realizam diversas análises e precisam estar atentos a tudo o que cerca a empresa, efetuando análises que possibilitem criar ações estratégicas em consonância com a missão organizacional. Quais são os dois principais ambientes para análise dos cenários? A) Miniambiente e maximoabiente. B) Microambiente e macroambiente. C) Ambiente tecnológico e ambiente empresarial. D) Ambiente mercadológico e ambiente de marketing. E) Microambiente e miniambiente. As organizações dão atenção especial às informações do microambiente e do macroambiente, pois elas têm o poder de modificar qualquer tipo de estratégia que possa estar sendo executada pela empresa. No macroambiente são analisados pontos externos à 3) organização e que podem afetar diretamente as atividades desenvolvidas por ela, atingindo seus procedimentos; essas variáveis são incontroláveis e dependem de fatores externos. Quais são os ambientes e/os aspectos analisados no macroambiente? A) Sociais, econômicos, demográficos, empresariais, pessoais e culturais. B) Concorrentes, fornecedores, intermediadores, clientes, consumidores e demográficos. C) Econômicos, tecnológicos, políticos, legais, sociais e demográficos. D) Tecnológicos, políticos, legais, sociais, demográficos e fornecedores. E) Políticos, legais, sociais, pessoais, consumidores e tecnológicos. 4) As estratégias têm o intuito de viabilizar ações que auxiliem na melhoria de situações que não estão tão satisfatórias na organização ou podem ser úteis quando é preciso manter determinadas ações; mas é necessário atenção especial à criação das estratégias, pois uma estratégia mal traçada e dados observados de forma incorreta podem promover a perda de clientes, a perda do espaço no mercado. Sendo assim, é essencial reconhecer quais são as necessidades e os desejos dos consumidores, pois eles têm desejos ilimitados, mas os recursos são limitados. Quando uma empresa utiliza uma estratégia com foco principal no crescimento do seu mercado de atuação por meio do desenvolvimento de novos produtos mais atrativos para os seus clientes, qual o nome dado a essa estratégia? A) Estratégia de desenvolvimento de mercado. B) Estratégia de penetração. C) Estratégia de diversificação. D) Estratégia de desenvolvimento de produto. E) Estratégia de crescimento. 5) A área de marketing realiza diversas análises de cenários com o propósito de buscar novos clientes, atraí-los e retê-los, além de promover a satisfação dos clientes pelos serviços ou produtos oferecidos. Para o sucesso total das estratégias criadas, a partir do planejamento mercadológico, além de realizar a análise do macroambiente, também é preciso observar questões internas, porque as empresas têm consumidores e precisam dar atenção para as ações feitas para eles, para assim manter o seu equilíbrio econômico, entre outros aspectos. Qual o nome dado para o ambiente que precisa ser analisado e está próximo aos processos internos? A) Macroambiente. B) Ambiente interno. C) Ambiente empresarial. D) Microambiente. E) Ambiente externo. Na prática O sucesso depende única e exclusivamente do comprometimento dos gestores e colaboradores de uma organização, pois de nada adianta obter diversas informações internas e externas, a partir das quais são criadas estratégias em planejamentos organizacionais, se as pessoas não estão envolvidas em realizar as ações propostas. Neste Na Prática, você vai saber como a empresa Adoce Bem LTDA. conseguiu dar a volta por cima depois de realizar a análise de cenário. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/7c353647-9a68-4521-a895-459fdda65945/0b682816-7143-4d32-95c1-6085049cc6cc.jpg Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: O que é análise SWOT O site traz um podcast que apresenta, de maneira prática e objetiva, como utilizar essa ferramenta. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Análise SWOT: um exemplo prático A análise SWOT, ou análise FOFA, é essencial para que a empresa compreenda as suas potencialidades e fraquezas, entendendo melhor o ambiente interno e externo no qual está inserida. Clique no link para ver um exemplo prático. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Você sabe qual é a diferença entre microambiente e macroambiente empresarial? Conheça as principais diferenças desses dois ambientes para que seja possível determinar as melhores estratégias para o planejamento mercadológico. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.heflo.com/pt-br/swot/o-que-e-analise-swot/ https://www.economias.pt/analise-swot-exemplo/ https://administradores.com.br/artigos/voce-sabe-qual-e-a-diferenca-entre-microambiente-e-o-macroambiente-empresarial
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