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PEDAGOGIA-2017_2-UM-OLHAR-SOBRE-A-EDUCAÇÃO-ESPECIAL-NA-PERSPECTIVA-DA-EDUCAÇÃO-INCLUSIVA-LORENA

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1 
 
UM OLHAR SOBRE A EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA 
EDUCAÇÃO INCLUSIVA 
 
 
Lorena de Souza Galão1 
Eliene Nery Santana Enes2 
 
 
RESUMO 
 
Discute-se neste artigo a educação inclusiva e a formação de professores. Busca-se 
apresentar concepções da educação especial na perspectiva da educação inclusiva e 
discutir sobre a formação de professores. Para alcançar os objetivos, utilizou-se a 
pesquisa bibliográfica, apoiando-se em autores que discutem a temática. Com este 
trabalho, espera-se ampliar as reflexões e conhecimentos sobre a perspectiva da 
educação inclusiva. 
 
Palavras-chave: Educação; Educação Inclusiva; Formação de professores 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Na atualidade, a educação tem passado por transformações nos processos de 
inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais. As instituições 
escolares têm buscado mudanças de paradigmas, adequação de currículos, práticas 
pedagógicas e do espaço arquitetônico, na direção de uma educação inclusiva. Nesse 
contexto, na busca de compreensão dos princípios da educação inclusiva, levantam-
se as seguintes questões: o que é educação inclusiva? Por que educação inclusiva? 
Como fazer a educação inclusiva? A partir dessas perguntas, o objetivo deste artigo é 
mostrar concepções da educação especial na perspectiva da educação inclusiva e 
discutir sobre a formação de professores. 
Para alcançar esses objetivos, utilizou-se a pesquisa bibliográfica, 
especialmente através de artigos da base Scielo, publicações da Secretaria de 
Educação Especial e Diversidade (SECADI), publicações da Superintendência 
Regional de Ensino, além de documentos da Secretaria de Estado de Educação de 
Minas Gerais. Destacam-se ainda alguns autores que sustentam este estudo: 
Mantoan (2006) e Glat (2009). 
 
1 Graduanda em Pedagogia (licenciatura) pela Universidade Vale do Rio Doce - UNIVALE. E-mail: 
lorenasouzag1@hotmail.com. 
2 Profa. Ms. do Curso de Pedagogia da Universidade Vale do Rio Doce - UNIVALE. E-mail: 
eliene.nery@yahoo.com.br. 
mailto:lorenasouzag1@hotmail.com
mailto:eliene.nery@yahoo.com.br
2 
 
2 EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA 
 
 Ainda que o objetivo aqui não seja esgotar sobre o assunto, é importante que 
sejam apresentadas as compreensões que foram adotadas. Assim, a educação 
especial é considerada neste trabalho como 
 
uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e 
modalidades, realiza o atendimento educacional especializado, 
disponibiliza os recursos e serviços e orienta quanto a sua utilização 
no processo de ensino e aprendizagem nas turmas comuns do ensino 
regular. (BRASIL, 2008). 
 
Nessa mesma direção, o movimento mundial pela educação inclusiva diz 
respeito a um movimento desencadeado em defesa dos diretos de todos de 
participarem ativamente em todos os segmentos educacionais, sem nenhuma 
discriminação. Constitui também um paradigma educacional fundamentado na 
concepção dos direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores 
indissociáveis. 
A opção por esse tipo de educação não significa negar as dificuldades dos 
estudantes. Ao contrário, significa preparar as instituições escolares e os professores 
para receberem todos os alunos, independentemente de haver necessidades 
especiais ou não. Com a inclusão, as diferenças não são vistas como problemas, mas 
como um aspecto de diversidade. Dessa forma, trata-se de um tipo de educação que 
não segrega os alunos com necessidades especiais diante dos outros estudantes. 
Diferentemente, como sugere o termo, refere-se a uma ação inclusiva. 
Para explicitar melhor as ideias aqui defendidas, a seguir, na Figura 1, será 
apresentada uma representação do movimento e das mudanças de concepções no 
processo de inclusão de pessoas com deficiência. O primeiro quadro mostra as 
pessoas com deficiência fora do grupo social, configurando a exclusão. O segundo, 
por outro lado, mostra duas divisões sociais, em que o grupo de pessoas com 
necessidades especiais é separado do outro, configurando a segregação. O terceiro 
quadro apresenta a junção do grupo especial com os outros sujeitos, mas de forma 
parcial. Essa parte pode ser identificada como integração. Por fim, no quarto quadro, 
no qual o grupo social é totalmente incluído na sociedade, ocorre efetivamente a 
inclusão. 
 
3 
 
Figura 1 – Exclusão vs. Inclusão 
 
Fonte: http://blog.isocial.com.br/inclusao-social/ 
 
 Com base nas imagens acima, é possível compreender que há fases de falsas 
inclusões, sendo elas a integração e a segregação, que são completamente distintas 
da inclusão. Na inclusão, as pessoas com necessidades especiais interagem em 
sociedade de forma igualitária. Quanto às falsas inclusões, devem ser consideradas 
as ações que visam a socialização e a integração de indivíduos em sociedade 
somente em situações em que estão em grupos de especiais ou em ambientes físicos 
que são próprios somente para eles. Essas metodologias utilizadas, na verdade, 
acabam por excluir esses indivíduos de forma mascarada. 
Nesse contexto, conforme a Política Nacional de Educação Especial na 
Perspectiva da Educação Inclusiva – 2008, devem ser considerados como princípios 
da Educação Inclusiva: 
 
• Um direito humano (significa combater a exclusão social); 
• Implica em aumentar a participação de todos no processo educacional; 
• Significa respeitar e celebrar a diversidade. 
 
4 
 
Mantoan (2006) apresenta a concepção do conceito de integração na rede 
regular ensino como “uma concepção de inserção parcial, porque o sistema prevê 
serviços educacionais especiais” (p. 18). Nessa perspectiva, a integração consiste em 
levar os alunos com deficiências para dentro das escolas públicas. Todavia, as 
metodologias geralmente utilizadas impedem que esses sujeitos tenham livre acesso 
no ambiente escolar. Nesse sistema, o objetivo é inserir esses alunos, mas através de 
salas de aulas especificas e professores distintos, o que resulta em um atendimento 
e tratamento especial discriminatório e sem valor. 
A proposta de inclusão vai em sentido contrário ao da integração. A inclusão 
deve ser efetivada de forma a serem oferecidas propostas que possam ser iguais para 
todos. Assim sendo, as ações educativas devem alcançar também, de forma 
igualitária, aqueles que, por algum motivo, se sentem excluídos, não sendo destinadas 
somente a pessoas portadoras de necessidades especiais. Ainda segundo a autora, 
 
“A inclusão questiona não somente as políticas e a organização da educação 
especial e da regular, mas também o próprio conceito de integração. Ela é 
incompatível com a integração, já que prevê a inserção escolar de forma 
radical, completa e sistemática. Todos os alunos, sem exceção, devem 
frequentar as salas de aula do ensino regular.” (MANTOAN, 2006, p. 19). 
 
Apesar do avanço nessas reflexões, ainda hoje a sociedade vivencia um 
processo de construção e passagem do movimento de integração em direção à 
inclusão. A implementação de ações inclusivas no ambiente de ensino mostra que as 
propostas pedagógicas que eram aplicadas com intencionalidades de segregação 
precisam ser extintas. Em direção oposta a isso, deve-se ter um sistema regular de 
ensino interessado pela melhoria na qualidade de ensino, contribuindo para que os 
alunos desenvolvam suas aptidões, sem receios. Contudo, a efetivação de uma 
educação inclusiva e de processos sociais inclusivos não é uma tarefa fácil. 
No âmbito nacional, o movimento pela inclusão ganhou força com a Declaração 
de Salamanca, fruto da Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas 
Especiais, em 1994. O documento tem grande importância social, no qual são tratados 
princípios, política e práticas relacionadas às necessidades especiais. Essa 
Declaração, defende que nenhuma criança deve ser separada das outras pela razão 
de apresentar alguma espécie de deficiência.Conforme destaque do autor, o referido 
documento proclama que as pessoas com necessidades educativas especiais devem 
ter acesso às escolas comuns, que deverão integrá-las numa pedagogia capaz de 
5 
 
atender a essas necessidades (Mantoan, 2006). 
Ainda na Declaração de Salamanca, alguns preceitos são destacados: 
 
[...] todas as escolas deveriam acomodar todas as crianças, 
independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, 
emocionais, linguísticas ou outras. Deveriam incluir todas as crianças 
deficientes e superdotadas, crianças de rua e que trabalham, crianças de 
origem remota ou de população nômade, crianças pertencentes a minorias 
linguísticas, étnicas ou culturais, e crianças de outros grupos em 
desvantagem ou marginalizadas. As escolas têm que encontrar a maneira de 
educar com êxito todas as crianças, inclusive as que têm deficiências graves 
(UNESCO, 1994). 
 
A Declaração defende o princípio de que as escolas devem acolher todas as 
crianças, independentemente de suas diferenças culturais, sociais, étnicas, religiosas, 
condições intelectuais, etc., ou seja, defende o princípio da diversidade. Nesse 
sentido, essa nova maneira de pensar a educação reflete sobre a educação especial 
e traz influências sobre os sistemas de ensino na reorganização de suas propostas 
pedagógicas, segundo o princípio da “educação para todos”. 
Por assim ser, a educação inclusiva é entendida neste artigo como um 
movimento no sentido de eliminar barreiras, criar processos e caminhos para 
acessibilidade, construir suas práticas por caminhos diferentes, novos códigos de 
linguagem e saberes singulares. Desse modo, com base nas discussões aqui 
apresentadas, como também caminhando na direção dos princípios inclusivos e do 
ensino para todos, espera-se trazer contribuições diversas para a compreensão dessa 
temática. 
A educação inclusiva, na verdade, não diz respeito somente às pessoas com 
deficiência, mas também a todas as pessoas que enfrentam qualquer tipo de barreira: 
seja de acesso à escolarização ou de acesso ao currículo, que levam ao fracasso 
escolar e à exclusão social. Para Carvalho (2005), a educação inclusiva não significa 
oferecer educação igual para todos, mas, antes e acima de tudo, oferecer a cada um, 
de acordo com seus interesses e necessidades, a educação que lhe é adequada. Para 
a autora, a palavra de ordem é a equidade, o que significa educar de acordo com as 
diferenças individuais, sem que qualquer manifestação de dificuldades se traduza em 
impedimento à aprendizagem. 
Ainscow (2004) assinala que a inclusão escolar pressupõe três elementos 
básicos, sendo eles: a presença, a participação e a construção do conhecimento. O 
elemento da presença está relacionado à socialização, visando a inserção dos 
6 
 
indivíduos nos espaços educativos e em todos os demais espaços públicos. Busca-
se também a sua participação, que só será concretizada a partir de ações efetivas 
voltadas para a plena inserção desses sujeitos nas atividades escolares. E, por fim, a 
construção de conhecimento, que de nada valerá as demais se o sujeito não 
desenvolver e, por si só, estabelecer relações de saber. 
Atualmente, no Brasil, temos Legislações muito avançadas no que se refere à 
garantia dos direitos das pessoas com necessidades educacionais especiais, entre as 
quais devem ser destacadas: a Constituição Federal de 1988; a Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional (LDB), a Lei nº 9394/1996; a Lei da Pessoa Portadora 
de Deficiência, Lei nº 7853/1989; a Lei nº 10098/2000, sobre a acessibilidade; a Lei 
da Língua Brasileira de Sinais – Libras, Lei nº 10.436/2002; a Lei da inclusão, Lei nº 
13.146/2015; e a Lei do Autismo, Lei nº 12.764/2012. 
 Destaca-se ainda a proposição da Política Nacional de Educação Especial na 
Perspectiva da Educação Inclusiva - 2008, que traz ampla discussão e reflete um 
grande avanço dos marcos legais e educacionais. A referida política aponta como 
objetivos da educação especial: 
 
• transversalidade da educação especial desde a educação infantil até a 
educação superior; 
• atendimento educacional especializado; 
• continuidade da escolarização nos níveis mais elevados do ensino; 
• formação de professores para o atendimento educacional especializado e 
demais profissionais da educação para a inclusão escolar; 
• participação da família e da comunidade; 
• acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobiliários e equipamentos, nos 
transportes, na comunicação e informação; 
• articulação intersetorial na implementação das políticas públicas. 
 
Outro ponto forte da Política é a indicação do atendimento educacional 
especializado, que tem como função 
 
 
 
 
 
7 
 
Identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que 
eliminem barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas 
necessidades específicas. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a 
formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora 
dela (BRASIL, 2008). 
 
Ao longo de todo o processo de escolarização, esse atendimento deve estar 
articulado com a proposta pedagógica do ensino comum: nos atendimentos aos 
alunos com deficiência (visual, auditiva, deficiência neuromotora), transtornos globais 
do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação (BRASIL, 2008). 
As Diretrizes da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da 
Educação Inclusiva - 2008 ainda trazem: 
 
a) O acesso à educação na infância, com prioridade nas atividades lúdicas, 
buscando promover todo potencial de desenvolvimento das crianças. Em 
crianças com idade inferior a três anos, o atendimento educacional acontece 
por meio de serviços de estimulação precoce em interface com os serviços de 
saúde e assistência social; 
b) Na modalidade jovens e adultos e educação profissional, o atendimento vem 
com ação de ampliar o leque de novas possibilidades educacionais, com 
formação para o mundo do trabalho; 
c) A interface com a educação indígena, grupos quilombola e do campo deve 
assegurar que os recursos, serviços e atendimento sejam assegurados; 
d) Na educação superior, a educação especial se efetiva por meio do acesso, 
permanência e participação dos alunos; 
e) Para o ingresso dos alunos surdos, a educação bilíngue deve ser assegurada 
(Língua Brasileira de Sinais – Libras como primeira língua e a Língua 
Portuguesa como segunda língua), como também os serviços de tradutor e 
intérprete. Os serviços específicos do sistema Braille, do Soroban, da 
orientação e mobilidade, da tecnologia assistiva também estão integrados na 
proposta da educação especial. 
 
As Diretrizes da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da 
Educação Inclusiva apontam que a avaliação deve ser mediante o aprendizado já ad-
quirido pelos alunos, validando suas ações frente ao seu desenvolvimento no decorrer 
8 
 
do processo educacional. Nesse processo, levam-se em consideração as caracterís-
ticas de cada aluno. 
Um dos desafios na implementação de práticas na direção inclusiva é a 
formação de professores. Nota-se a necessidade de quebra de paradigmas e o 
exercício de uma nova cultura de “educação para todos”. Dito isso, será feita, a seguir, 
uma breve discussão sobre a formação de professores para a educação inclusiva. 
 
3 OS PROFESSORES E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA 
 
A educação inclusiva é um desafio para a educação, na prática da qual há ainda 
pouco preparo para a atuação na área e profissionais pouco informados, tornando 
difícil o desenvolvimento de uma prática pedagógica sensível às necessidades do 
aluno com necessidades especiais. Assim, o desafio atual posto para os cursos de 
formação de professores é o de produzir conhecimentos que permitam a 
compreensão de situações complexas de ensino, para que os profissionais possam 
desempenhar de modo efetivo e satisfatório o seu papel de ensinar e aprender para adiversidade (GLAT, 2009). 
Valle e Guedes (2003) destacam pontos importantes para formação de 
professores na direção inclusiva: 
 
a) partir da ideia de que “todos os alunos podem aprender”, valorizando 
as potencialidades de aprendizagem de cada um; b) reafirmar que a 
aprendizagem é um processo individual, ocorrendo de maneira ativa em 
cada pessoa, de tal maneira que é o aluno que controla o seu processo 
de aprendizagem, sempre partindo do que sabe e influenciado por sua 
história pessoal e social; c) desenvolver a autoestima como uma das 
condições de aprendizagem, uma vez que o sentimento de pertencer a um 
grupo social, sentindo-se útil e valorizado, possibilita o agir e o crescer 
com o outro; d) estimular a autonomia dos alunos mediante a construção 
de sua aprendizagem; e) avaliar permanentemente as aprendizagens; f) 
avaliar o progresso de cada aluno segundo seu ritmo, do ponto de vista 
da evolução de suas competências ao resolver problemas de toda ordem 
e na participação da vida social; g) desenvolver a cooperação entre os 
alunos e certas formas de ensino mútuo, pois toda pedagogia diferenciada 
exige cooperação ativa dos alunos e dos seus pais, diminuindo a 
discriminação entre eles; h) envolver os alunos em suas aprendizagens e 
em seu trabalho, despertando o desejo de aprender e propondo tarefas 
cognitivas de maneira lúdica e interessante, a partir das quais deveria ser 
desenvolvido no educando a capacidade de auto-avaliação; i) inserir-se 
no universo cultural dos alunos (VALLE e GUEDES, 2003, p. 52-53). 
 
 Em síntese, pode-se afirmar que o professor deve valorizar a diversidade e ser 
capaz de construir estratégias de ensino, bem como estar apto para adaptar 
9 
 
atividades e conteúdos curriculares para a prática educativa. A realidade evidenciada 
por uma pesquisa recente, em âmbito nacional, mostrou que os professores, de 
maneira geral, não estão preparados para receber em sua sala de aula alunos 
especiais. 
Segundo Mantoan (2006), uma das principais barreiras para que se coloque 
em prática ações inclusivas diz respeito às escolas tradicionais, que não estão aptas 
para receber alunos especiais. Além disso, suas estruturas não oferecem condições 
adequadas para o bom desenvolvimento dos sujeitos com necessidades especiais. 
 
Em nossos projetos de transformação das escolas verificamos que há uma 
minoria de professores, diretores, especialistas e pais que já têm claro que a 
inclusão total é possível. [...]. Há, infelizmente, os que tentam e ainda não 
conseguem se libertar de preconceitos e de hábitos enraizados, que não 
permitem fazer uma releitura de suas ações (MANTOAN, 2006, p. 31-32). 
 
Um outro obstáculo, também refletido pela autora, é o déficit na formação 
profissional, que, em sua grande maioria, tem em suas práticas pedagógicas apenas 
aprendizagens acerca do ensino básico. As propostas de formação, em sua maior 
parte, estão voltadas para a ideia de um educador que dita conhecimento para os 
alunos e sobre os alunos. 
Com base nesses argumentos, destacando-se o papel da formação no preparo 
dos profissionais da educação, podem ser percebidos os motivos principais pelos 
quais os professores se posicionam com insegurança e receios ao receberem um 
aluno com necessidades educacionais especiais. 
Nesse cenário, há educadores que, com o objetivo de resolverem problemas 
relacionados à inclusão, buscam grupos e profissionais especializados. Contudo, é 
importante frisar que, devido ao fato de educadores esperarem respostas, técnicas e 
ações prontas, muitos acabam por distorcer a formação profissional de ambos os 
educadores e do que vem a ser a proposta da inclusão escolar. Destacam-se aqui as 
palavras de Mantoan (2006, p. 55), que aponta que “ensinar, na perspectiva inclusiva, 
significa ressignificar o papel do professor, da escola, da educação e de práticas 
pedagógicas, que são usuais no contexto excludente do nosso ensino, em todos os 
seus níveis [...]”. 
O exercício sugerido pela autora, que visa a transformação no trabalho 
educacional especial através dos educadores da rede regular de ensino, é a troca de 
vivências, com participação de toda a equipe gestora e educacional. Trata-se não 
10 
 
apenas da participação da instituição, mas, de uma forma coletiva, das demais 
escolas. É importante a troca de pensamentos, experiências e situações corriqueiras 
do dia-a-dia, sejam elas positivas ou negativas. São de grande validade as trocas de 
informações que tratem de situações reais, nas quais há sentimentos de pessoas reais 
que estão inseridas em um contexto social que envolve todos. Como se observa, “a 
proposta incentiva os professores a interagir regularmente com seus colegas, a 
estudar juntos e a colaborar com seus pares na busca dos caminhos pedagógicos da 
inclusão.” (MANTOAN, 2006, p. 56). 
 Além do objetivo de coletividade da equipe gestora ao desenvolver o momento 
de troca, as ações de aprendizagem não se darão mais com o auxílio de formações 
especializadas. Ao contrário, as ações serão feitas a partir das próprias vivências dos 
profissionais, com base em suas relações de conhecimento, além de suas indagações 
frente aos novos desafios. 
 Diante das demandas envolvidas, nota-se a necessidade da participação de 
profissionais especialistas dentro da rede regular de ensino. Também é legível aprovar 
o uso de equipamentos, recursos e instrumentos, como o uso do sistema Braille, 
rampas e apoios para a locomoção de deficientes físicos, entre outros objetos que são 
necessários para valorizar a presença desses alunos. Entretanto, não é aceitável o 
uso de métodos distintos para pessoas especiais, de modo a qualificar o ensino como 
especial. 
 
Sejam quais forem as limitações do aluno, adaptar currículos, facilitar tarefas 
e diminuir o alcance dos objetos educacionais concorrem para que 
rebaixemos o nível de nossas expectativas com relação a potencialidade 
desse, para enfrentar uma tarefa mais complexa, diferente. (MANTOAN, 
2006, p. 34). 
 
Para poder transformar a educação básica em uma educação inclusiva total na 
rede regular de ensino, é preciso romper paradigmas, quebrar barreiras e valorizar os 
sujeitos em suas diferenças. A educação inclusiva “[...] não diz respeito apenas à 
inserção de alunos com deficiência, mas é condição para se reverter a situação 
vergonhosa da escola brasileira, marcada pelo fracasso e pela evasão de parte 
significativa de alunos.” (MANTOAN, 2006, p. 37). 
 Quanto à capacitação, os professores têm diversas opções para a sua 
formação, entre as quais: habilitação em Pedagogia, cursos de Pós-graduação lato 
sensu e a Formação Continuada. Na realidade, as alternativas descritas acima não 
11 
 
são as que trarão, necessariamente, todos os resultados. Deve-se considerar ainda 
que suas propostas ofertadas não vão de encontro a uma educação aberta, mas com 
alguma restrição para a participação dos interessados. 
Se ofertada uma educação única para todos, na qual os sujeitos fossem 
submetidos à mesma oportunidade de aprendizagem, a junção da Educação Especial 
e Educação Inclusiva surtiria efeito. Por outro lado, a formação continuada contribuiria 
através da proposta de trabalho em equipe, em que os professores e profissionais da 
educação, em coletivo, debateriam sobre seus anseios e garantiriam tempo para a 
proposição e compreensão de ações de valorização de seus alunos na forma 
pedagógica. 
 
“[...] o que se almeja acima de tudo é saber se os professores e demais 
integrantes das unidades escolares progridem pedagogicamente, atualizando 
a maneira de ensinar, a partir de novas concepções e práticas educacionais; 
se as escolas estão se transformando; se os alunos estão sendo respeitados 
nas suas possibilidades de avançar autonomamente ao construir 
conhecimentos; se esses conhecimentos e outros são produzidos 
coletivamente nas salas de aula em clima solidário e com responsabilidade; 
se as relações entre crianças,pais, professores e toda a comunidade escolar 
se estreitaram em laços de cooperação e dialogo, frutos de um exercício 
diário de compartilhamento de deveres, problemas, sucessos.” (MANTOAN, 
2006, p. 59). 
 
O objetivo da educação inclusiva é o acesso e a qualidade na educação para 
todos aqueles que se sintam excluídos na escola. Nesse processo, a função da escola 
e do professor é receber e acolher esses indivíduos, com o objetivo de transformar a 
sua realidade de conhecimento. É dessa forma que esses sujeitos poderão progredir, 
de forma independente, com os seus objetivos de vida, alcançando posteriormente, 
de forma mais ampla, mudanças na sociedade. 
 
4 CONCLUSÃO 
 
 Diante da exposição acima, conclui-se que a educação inclusiva já evoluiu 
bastante no decorrer dos últimos anos, como também é possível perceber que suas 
propostas são de grande valia para a promoção da qualidade educacional dos alunos 
com necessidades educacionais especiais. Trata-se de uma tarefa difícil, sendo um 
desafio para gestores e para o sistema de ensino em geral. 
 Sabe-se que romper barreiras, para receber o novo, não é fácil. Também é 
preciso levar em conta que é necessário o suporte de uma escola bem estruturada e 
12 
 
preparada com profissionais capacitados e prontos para ajudar nesse processo. A 
educação especial na perspectiva da educação inclusiva busca oferecer uma 
educação para todos os alunos em sala de aula, devendo ser oferecida por 
professores da rede regular de ensino. 
 Este artigo, no qual o objetivo foi tratar da educação inclusiva, não descartou 
os sujeitos envolvidos, até mesmo no que se refere à escrita deste texto. Nesse 
percurso de estudo, muitas crenças e equívocos foram revelados, evidenciando como 
alguns entendimentos perpassam o imaginário das pessoas, inclusive do pesquisador, 
naquilo que se refere à inclusão social. 
 Em suma, os autores tomados por base exemplificam de forma bem clara que 
a educação inclusiva é para todos, abrangendo todos os que se sentem excluídos. 
Então, a partir disso, pode-se compreender que as crianças, jovens e adultos que são 
deficientes não estão sozinhos e que a educação precisa ser ensinada de forma igual 
para todos, sem nenhum tipo de segregação ou educação exclusiva. 
 
Ensinar é marcar um encontro com o outro e a inclusão escolar provoca, 
basicamente, uma mudança de atitude diante do outro, esse que não é mais 
um indivíduo qualquer, com o qual topamos simplesmente na nossa existência 
e/ou com o qual convivemos um certo tempo de nossas vidas. Mas é alguém 
que é essencial para a nossa constituição como pessoa e como profissional, 
que nos mostra os nossos limites e nos faz ir além. Cumprir o dever de incluir 
todas as crianças na escola supõe, portanto, considerações que extrapolam a 
simples inovação educacional e que implicam o reconhecimento de que o outro 
é sempre e implacavelmente diferente, pois a diferença é o que existe, a 
igualdade é inventada e a valorização das diferenças impulsiona o progresso 
educacional.” (STOBAUS e MOSQUERA, 2004 p. 28). 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, 
Diversidade e Inclusão. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da 
Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SECADI, 2008. 
 
 
BRASIL. Ministério de Educação e Cultura. LDB - Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro 
de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996. 
Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em 21 nov. 
2017. 
 
 
13 
 
BRASIL. Planalto Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989. Dispõe sobre o apoio às 
pessoas portadoras de deficiência. Brasília: Planalto, 1989. Disponível em: 
<www.planalto.gov.br/ccivil_<03/leis/L7853.htm>. Acesso em 21 nov. 2017. 
 
 
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em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L10098.htm>. Acesso em 21 nov. 2017. 
 
 
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