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HISTÓRIA, MEMÓRIA E TEMPO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE PORTO NACIONAL
MESTRADO PROFISSIONAL EM HISTÓRIA DAS
POPULAÇÕES AMAZÔNICAS
REFLEXÕES SOBRE - HISTÓRIA, MEMÓRIA E TEMPO
PORTO NACIONAL -TO 
2023
REFLEXÕES SOBRE - HISTÓRIA, MEMÓRIA E TEMPO
Atividade avaliativa, apresentada ao Programa de Pós Graduação em História das Populações Amazônicas- PPGHISPAM da Universidade Federal do Tocantins, como requisito parcial para aprovação da disciplina Teoria e Metodologia da História. 
Prof. Dr. Marcos Arraes 
PORTO NACIONAL -TO 
2023
RESUMO 
A memória atualiza-se, em um campo de experiências, aberto a recordações e expectativas, horizonte que recebe a herança como um imperativo de transmissão, em um oceano em que se promete se possível vencer a morte, em um jogo ilusório que faz esquecer que, cedo ou tarde, duas ou três gerações, também ficarão órfãos de seus próprios filhos. A rapidez, com que os graduais avanços das inovações, as técnicas, científicas e culturais estabelecem quantidades cada vez maiores de produtos que já surgem praticamente obsoletos, contraindo objetivamente a expansão cronológica do que se pode ser considerado uma representação do presente de uma dada época. As memórias pessoais são consideradas pelos estudiosos como dados históricos valiosos que, a seu ver, podem ser usados ​​para derivar a verdade. Assim, dada a subjetividade envolvida no processo de rememoração. Nota-se a importância de reconhecer sobre os discursos relacionados à memória ligados às histórias diversificadas, que envolvem situações complexas de diferentes tempos e contextos. A qualidade permanece como uma questão a ser decidida caso a caso. Diante do exposto este estudo tem como objetivo apresentar reflexões sobre a história, memória e tempo. Apropriando-se da metodologia bibliográfica em estudos que aborda sobre o assunto. 
Palavras-chave: História. Memória. Tempo.
RESUMEN 
La memoria se actualiza, en un campo de vivencias, abierto a recuerdos y expectativas, un horizonte que recibe la herencia como imperativo de transmisión, en un océano donde se promete la muerte si es posible, en un juego ilusorio que hace olvidar que, tarde o temprano más tarde, dos o tres generaciones también quedarán huérfanas de sus propios hijos. La velocidad con la que los avances paulatinos de las innovaciones, las técnicas, la ciencia y la cultura establecen cantidades cada vez mayores de productos ya prácticamente obsoletos, contrayendo objetivamente la expansión cronológica de lo que puede considerarse una representación del presente de una época determinada. Los eruditos consideran que los recuerdos personales son datos históricos valiosos que creen que pueden usarse para derivar la verdad. Así, dada la subjetividad involucrada en el proceso de rememoración. Nótese la importancia de reconocer discursos relacionados con la memoria vinculados a historias diversas, que involucran situaciones complejas de diferentes épocas y contextos. La calidad sigue siendo un asunto que se decidirá caso por caso. Dado lo anterior, este estudio tiene como objetivo presentar reflexiones sobre la historia, la memoria y el tiempo. Apropiarse de la metodología bibliográfica en estudios que aborden el tema.
Palabras clave: Historia. Memoria. Hora.
INTRODUÇÃO
 	A presente atividade contém reflexões acerca a História, Memória e Tempo a partir das contribuições de Fernando Catroga com o estudo sobre Memória, História e Historiografia e Andreas Husyssen que apresenta a obra intitulada: seduzidos pela memória, abordagens que subsidiaram para construção deste.
 Para esses autores, pode desempenhar a suas funções sociais, através dos seus próprios ofícios em suscitações que se só os traços vestígios do que já não existe são capazes de gerar. Dessa forma, seu conteúdo é inseparável não só das expectativas em relação ao futuro, como dos seus campos de objetivação, mas especificamente, a pluralidade de tempos, unificando a memória. 
Com essa apropriação, entra se no campo figurado, em que este se transforma tanto mais em patrimônio quanto mais se passar de recordação vivida para a comemoração institucionalizada, domínio da repetição em que a mesma aparece integrada num ordenamento do tempo comandado pelas políticas memoriais.
O autor Catroga concede reflexões sobre a disseminação geográfica da cultura e memória que é ampla, variada o uso político da memória. Tal modo o mesmo enfatiza sobre as próprias estruturas da memória pública midiatizada que auxiliam na compreensão de contextualização cultural e social. 
 	As memórias individuais são consideradas pelos estudiosos como dados históricos valiosos que, a seu ver, podem ser usados ​​para derivar a verdade. Assim, dada a subjetividade envolvida no processo de rememoração. Nota-se a importância de reconhecer sobre os discursos relacionados à memória ligados às histórias diversificadas, que envolvem situações complexas de diferentes tempos e contextos. 
 	O propósito é apresentar algumas reflexões sobre a própria categoria de sedução monumental, que conforme seus efeitos políticos e culturais, que viriam a dominar a nossa compreensão mais genérica do monumental, o caso mais flagrante, o projeto de um gigantesco memorial do Holocausto. O mesmo ainda relata que a sua preocupação central, se dava em questão do monumental em relação à memória.
	A questão, no entanto, não é a perda de alguma idade de ouro de estabilidade e permanência. Trata- se mais da tentativa, na medida em que encaramos o próprio processo real de compreensão do espaço – tempo, de garantir alguma continuidade dentro do tempo, para propiciar alguma extensão do espaço vivido dentro do qual possamos respirar e nos mover.
DESENVOLVIMENTO
 	Após proceder à leitura aos textos sobre a história, memória e tempo, nota-se apresentação de esforço científico em descrever, analisar e explicar o que faz da escrita da história um objeto a ser pesquisado. Analisando as contribuições de Husyssen, compreende-se sobre a consciência de que o uso desta terminologia pode gerar confusões, por remeter explicitamente para uma longa tradição metafísica, e por manifestar algo controverso, tendo em vista que seu significado é a definição do esquecimento como produtor da memória. 
 E enfatiza, que existe um relativo consenso acerca do papel da recordação na construção de identidade pessoais e sociais, e a existência de três níveis de memorias que passaram por estudos, como, a foto memoria, fruto em boa parte, dos hábitos e da socialização, fonte dos automatismos do agir e que corresponde como memoria habitual, seguindo da memória propriamente dita, que enfatiza a recordação e o reconhecimento, e pôr fim, a meta memória, conceito que faz definição as representações que o indivíduo faz de modo compartilhado e onde predomina a chamada recordação de imagens. 
 Devido ao seu aspecto, se diz que a primeira acepção se refere a algo passivo, isto é, aos que gregos chamavam Mnême, enquanto as duas últimas recobrem a noção de anamnesis, ao significarem a procura ativa de recordações. E estas também remetem para a maneira como cada um se filia no seu próprio passado, e como, de forma explicitamente, constrói a sua identidade e se diferencia dos demais.
 Por sua vez, as duas primeiras têm uma dimensão mais espontânea, a terceira, se destaca com característica inerente a chamada memória coletiva e histórica, bem como as modalidades da sua reprodução. Contudo é óbvio que todas elas se interligam, e será um erro resumir a fenomenologia da mesma espontaneidade e autarquia do eu, dado que ela também está sujeita a uma sobre determinação social.
 No entanto, esses condicionamentos narram que a memória seja sempre seletiva, pelo que ela não pode ser considerada como um armazém imóvel ocasional e arbitraria acumulativa, se recolhendo aos acontecimentos vivenciados por determinado indivíduo, tal quando ocorre com o amontoado de objetos coletados no sótão dos seus avós.
 Bem pelo contrário,ela é uma retenção afetiva e aquecida dos traços, inscritos na tensão tridimensional do tempo que permanentemente o tece. Por isso, o esquecimento, sendo um tombo, portanto, uma perda, daí, a nostalgia e a saudade só será definitivamente o nada, resultando em surdos e cegos. Deparando com a incessante dialética que existe entre a recordação e o esquecimento, tendo em vista uma assumida definição dos planos psicofisiológico da memória. E recorreu a resposta de outros pesquisadores no assunto, em que as pesquisas demostravam que a imagem da recordação, a fim de sublinhar o seu paradoxo, ela representa no espirito do homem a presença a ausência. Caracterizando a marca do tempo, e definindo uma linha divisória entre o lado da imaginação e o fantasmático.
 Catroga menciona que assumir esta derradeira condicionalidade significa o acesso à autenticidade existencial, recordação que só pode emanar do esquecimento, e não o contrário. No entanto, a decisão da sua autenticidade não é descrita, por Heidegger, em termos de memória, mas de repetição.
	Por ela é relembrado ao Dasein que essa escolha tem de ser norteada pela finitude inerente à sua condição de ser-para-a-morte. Já que, ao nível da experiência do tempo, conduz a um desafio com o futuro exclusivamente individual, horizonte que esclarece ao pouco relevo que ele deu a memória, carência que está em evidente consonância com sua análoga desvalorização da historiografia, bem como de todas as questões que pudesse desaguar na socialização da vida autêntica do Dasein, mormente as respeitantes à problemática da memória histórica.
	Visto, que se tenha esse posicionamento, concedido contra o platonismo, não uma divisão com metafísica clássica, mas a sua manutenção mediante o prolongamento da censura entre a filosofia e a vida pública. Já a autenticidade existencial heideggeriana, ao lembrar-se da finitude e da morte. Esqueceu-se não só da memória, mas igualmente de uma condicionalidade humana que não é a definitiva da alteridade, mas criação genesíaca que a possibilita o nascimento. Em ordem a asseguram artefatos menos corruptíveis, como a escrita, e a analisar mais permanência à índole fútil e evanescente da finitude do tempo humano; e por fim da ação, que, contra os ditames da natureza. Assim criar a condição para recordar, reiterando para história. 
Essas expressões estão interligadas, o nexo mais estreito com natalidade e mantido pela ação. Fazendo compreender-se, já que está rompendo com a repetição da natureza, reificada o que cria, de molde a conservar e, assim vencer a degradação provocada pelo tempo.
 Num horizonte limitado, como em Heidegger, como lógico de tudo se dá limitado pela morte. Mas é precisamente porque a ação se afirma como construtora, que o homem pode aspirar a uma durabilidade estável devido aos efeitos das práxis plasmadas na obra histórica, política e artes e etc. 
 	Do lado das incidências políticas desta atividade, é fácil presumir que Platão e Aristóteles não acreditavam que os mortais se pudessem imortalizar através de grandes fatos e de grandes palavras, ligada às práxis e a luta contra a physis, a recordação reatualiza a memória e reproduz cadeia geracionais através das narrações, que iam desde as dos tempos míticos, em que mundo ainda estaria repleto de deuses. Sendo registradas em versos e prosa.
 	Desse modo, ganha sentido que a fundamentação do uso público da memória tenha os seus arcanos, como Homero e outros. E mais a frente serão retomadas as consequências desta perspectiva, ao analisar-se a estranheza metafísica dos filósofos gregos perante o aparecimento de gênero novo, a finalidade era combater o esquecimento que intitulou histórias. 
Diante do exposto, há de concordar que a memória e o esquecimento se exigem de maneira recíproca. Se a vida é impossível sem a primeira, dependendo do nível de sua ação, como pronta memória ou como hábito, ela seria igualmente irreal sem o esquecimento. 
 	 Em 1882, ao equacionar o cariz contratual da origem das nações, em confronto com o peso da tradição. Nesta ocasião, como a recordação e o esquecimento, nunca é o passado que se impõe ao presente, logo não será correto figurar a memória sob signo do ícone platônico. E só por desconhecimento do processo enraizados se poderá confundir esta atitude como passadismo.
 	A recordação é a prova de que se pode experienciar o tempo fora dos quadros do causalismo mecânico. Por isso, a convocação do acontecido não é escrava da ordenação irreversível, causal ou analógica em relação ao presente. Também se sabe que a memória, (subjetiva e/ou coletiva), tende a olvidar-se do esquecimento que constrói, bem como não reconhece que ela é uma espécie de ponta subconsciente ou inconscientemente recalcado (Augé, 1998). E se uma parte deste continente submerso é passível de ser recordado, mesmo em decorrência da existência da ameaça da amnésia, permanente direito de portagem que a anamnese tem de pagar ao esquecimento.
 	Enfatizado pelos pesquisadores, a recordação seja a voz verdadeira do pretérito e como não perceber que ela quem dá futuros ao passado. Se não for praticada, será devorada pela corrupção do tempo. Em suma, não há representações de memorial em historiografia sem traços. Aliás, não se deixa ser sintomático que a própria origem da palavra memória pareça solicitar o traço e rito. 
Nesta dimensão, a memória só pode ser narrada na linguagem pública e institui – te do rito, pois comemorar, na acepção que melhor cumpre o ato vivificado do recordar. Já a mediação espacial do traço surge, portanto, como condição necessária para que a recordação não degenere em exclusiva imaginação.
 	Em suma, Fernando Catroga (2000) expõem que, se o monumento é símbolo que espera a recordação, ou seu significado mais radical só será apreendido se as suas conotações forem confrontadas, tanto quanto for possível, com o que elas também omitem e ocultam. Como salientou Yerushalmi, é da essência da memória o que a palavra hebraica Zakhor (“tu lembrar-te-ás”) traduz, a tradução e a necessidade de se continuar a narrar, o acontecido através da mesma narrativa, a fim de, contra a amnésia, se manter e transmitir viva a presença do que se passou. 
 	Já na modernidade, o núcleo social em que, paradigmaticamente, se concretizou a assunção da herança memorial, em que seu ponto de vista e de ajudar a clarificar os laços existentes entre o trabalho de identificação, distinção, transmissão e a sua interiorização como norma de se recordar, mesmo no campo estritamente subjetivo, cada indivíduo ao recordar sua existência, as suas memórias, une os instantes do seu iter existencial numa espécie de linhagem contínua e finalística.
 	A memória atualiza-se, portanto em um campo de experiências, aberto a recordações e a expectativas, horizonte que a receber a herança e como um imperativo de transmissão, em um oceano em que se promete se possível vencer a morte, em um jogo ilusório que faz esquecer que, cedo ou tarde, duas ou três gerações, também ficarão órfãos de seus próprios filhos. Ou seja, é por ela que a vida, ao dar futuros ao passado, sublima e adia a assunção da consciência da finitude. 
 	O ritualismo memorial ganhou a sua mais pública expressão, na modernidade, e sobretudo no século XIX. Mas ele também foi, e não por acaso, o século da história, isto é, o século da edificação da ideia de nação. Entende-se, que as transformações sociais, culturais e simbólicas impeliam os indivíduos, as famílias, as novas associações, as classes, os novos Estados Nação a procurarem o passado, como havia feito a antiga aristocracia a sua legitimação.
 	É certo que, na mente, não existem vazios nem esquecimentos absolutos (Halbwachs,1997). Com isto a dimensão seletiva e de analisar e mostrar que novos traços podem despertar lembranças esquecidas e que novas alterações situacionais do evocador podem levar a reescrever o que nunca se esqueceu.
Pode ser supor, por ironia, a existência de uma dialética entre a recordação e esquecimento que funciona, igualmente, como uma espécie de ardil da memória, quepossibilita a existência tanto de futuros para o presente, como numa atitude justiceira de futuros para o passado.
 	Só lembrando se poderá explicar e compreender o que já foi. Essa é a condição necessária para que se possa alcançar a memória justa, para muitos, a sociedades contemporâneas estão a provocar rupturas no campo das heranças e das expectativas como se fossem sociedades amnésicas. Padecendo segundo alguns, de uma espécie de mnemotropismo. Serão tais mudanças fruto da maneira como o homem de hoje experimenta o tempo, vivendo como simples somatório de momentos hiatos entre si, e não como um construtor, e sim como um amiúde do que se passa no atual empolamento do problema de memória. Para alguns, essa enfatização seria uma consequência do ideal da aceleração do tempo e compreensão, no entanto, está maior privatização do recordar, em que as transformações sociais e a contestação do historicismo e seus postulados, bem como o desenvolvimento de uma sociedade mercantil, instalaram um exclusivo e atomista sentimento de descontinuidade e pluralidade e não sentido em relação ao tempo psicológico e ao tempo histórico.
 	Se reconhecemos a distância constitutiva entre a realidade e a sua representação em linguagem ou imagem, devemos, em princípio, estar abertos para muitas possibilidades diferentes de representação do real e de suas memórias. Isto não quer dizer que vale tudo.
 A qualidade permanece como uma questão a ser decidida caso a caso. Sabemos que a mídia não transporta a memória pública inocentemente, ela a condiciona na sua própria estrutura e de massa parece ser mais pertinente para explicar o sucesso da síndrome da memória. Em outras palavras, está vendendo mais do que o futuro. Não se sabendo por quanto tempo. 
 	De acordo com o desenvolver das circunstâncias e como está acontecendo, parece plausível perguntar, que dado o crescimento explosivo da memória e história, não resta dúvida de que será, terá alguém realmente se lembrando de alguma algo ou se todos o passado pode acabar, em meras ilusões de um passado. Na medida em que somos marcados por um presente que se escolhe cada vez mais presente da reciclagem a curto prazo, presente da produção na hora, do entretenimento instantâneo e dos paliativos para nossa sensação de ameaça e insegurança, imediatamente subjacente à superfície desta nova era dourada, em meios os avanços dos computadores, poderão não saber reconhecer a diferença entre os anos 2000 e o ano 1900. (HUYSSEN, 2000)
 	Observa-se que para os críticos da amnésia, do capitalismo tardio duvidam que a cultura ocidental da mídia esteja deixando algo parecido com a memória real, ou com um forte sentido de história. Partindo do argumento padrão de Adorno, segundo a qual a mercadorização é o mesmo que esquecimento. Para Husyssen a comercialização de memórias gera amnésia, em última instância, não acha que tal argumento seja convincente, porque ele deixa muita coisa de fora. Sendo muito fácil atribuir o dilema do que vivemos a maquinações da indústria da cultura e à proliferação da nova mídia. Enfatizando que algo mais deve estar em causa, algo que produz o desejo de privilegiar o passado, e que nos faz responder tão favoravelmente ao mercado de memória.
 	A velocidade sempre crescente das inovações técnicas, científicas e culturais gera quantidade cada vez maiores de produtos que já nascem praticamente obsoletos, contraindo objetivamente a expansão cronológica do que se pode ser considerado afiado qual gume presente de uma dada época.
 	O tempo de permanência dos objetos de consumo nas prateleiras tem obviamente encurtado de uma maneira muito radical, e com ele a extensão do presente, considerando a musealização, onde o poder do agora é facilmente mapeado com crescimento fenomenal do discurso de memória dentro da própria historiografia. 
 	Uma das lamentações permanentes da modernidade se refere a perda de um passado melhor, da memória de viver em um lugar seguramente circunscrito com um sendo de fronteiras estáveis e numa cultura construída localmente com o seu fluxo regular de tempo e um núcleo de relações permanentes. Talvez, tais dias tenham sido sempre mais sonhos do que realidade, uma fantasmagoria de perda gerada mais pela própria modernidade do que pela sua pré história. 
 	Com certeza, no fim do século XX, não nos ofereceu acesso fácil ao lugar comum da idade de ouro. As memorias desse século, nos confrontaram, não com uma vida melhor, mas com uma história única de genocídio e destruição em massa, a qual a priori, barra qualquer tentativa de glorifica o passado. Mas, é claro, o passado não pode nos dar o que o futuro não conseguiu. De fato, não há como evitar o retorno aos aspectos negativos daquilo que alguns chamam de uma epidemia de memórias. No cenário mais favorável, às culturas de memória estão intimamente ligadas, em muitas partes do mundo, ao processo de democratização e lutas por direitos humanos e à expansão e fortalecimento das esferas públicas da sociedade civil.
 	Assegurar o passado não é uma tarefa menos arriscada do que assegurar o futuro. Afinal de contas, a memória não pode ser substituída, mesmo onde as práticas da mesma não têm um foco explicitamente político, elas expressam o fato de que a sociedade precisa de ancoragem temporal. Afinal de contas, a memória não pode ser uma substituta da justiça e a própria justiça será inevitavelmente envolvida pela falta de credibilidade da memória, ainda assim o autor relata que quanto mais rápido somos empurrados para o futuro globalizado, que nãos nos inspira confiança, mais forte é o nosso desejo de ir mais devagar e mais nós voltamos para memória em busca de conforto, ainda descreve, que nesse sentido, a prática de memória nacionais e locais contestam os mitos do cibe capitalismo e da globalização, com sua negação de tempo, espaço e lugar.
 Não havendo dúvida, que desta negociação emergirá finalmente alguma nova configuração de tempo e espaço. As novas tecnologias de transporte e comunicação sempre transformaram a percepção humana na modernidade, foi assim com a ferrovia e o telefone, com o rádio e o avião, e o mesmo será verdade também quanto ao ciberespaço e ciber tempo. 
	Mesmo que a amnésia seja um subproduto do ciberespaço, precisamos não permitir que o medo e o esquecimento nos dominem. Aí então, talvez seja hora de lembrar do amanhã, em vez de apenas nos preocuparmos com o futuro da memória. Não há nenhuma dúvida de que a longo prazo todas estas lembranças serão modeladas em grande medida pelas tecnologias digitais, que ao longo do caminho proporcionam um impulso favorável que ajude a escrever a história de um modo novo.
 	De fato, desde os anos 1980, a mesma se engajou numa mania de memória de proporções verdadeiramente monumentais por todo país, tomado por uma implacável mania. 
	Por outro lado, talvez essa adoção, não tenha nada de surpreendente, quanto mais monumentos, mais o passado se torna invisível, mais fácil se torna esquecer. De fato, alguns críticos descrevem a atual obsessão da Alemanha, como uma tentativa nada sutil de exposição de lixo histórico radioativo.
 	Sendo assim, para evitar a reprodução daquilo que se ataca, é necessário buscar ou outra abordagem, em que a uma nova camada de memória pública e agora a de um evento genuinamente popular, que pode ser visto como um monumentalismo do amanhã, se trafico de informações para o futuro, vai se dar de fato na via expressa ou se ele vai produzir um engarrafamento dos cérebros em escala gigantesca é o que vamos ver. Aguardar o para assim se pronunciar se valeu a pena ser seduzido. 
CONSIDERAÇÕES 
 	A amnésia cultural produzida pelos avanços na mídia, ciência e tecnologia cultural, e o crescente armazenamento de memórias em bancos de dados e coleções de imagens, contribui para a obsolescência de estilos de vida, objetos e atitudes e pode reduzir a probabilidade de participação cultural ativa para comemorar. 
No entanto, apesar de um continuum de respostas à aceleração da vida e da tecnologia, as pessoas são fascinadaspela memória e pelo passado, um processo que pode não ser destrutivo e superficial, mas sim uma tentativa de desacelerar a vida pós-moderna. conseguir um certo equilíbrio com a amnésia causada pela política de curto prazo. 
 	O papel da mídia na tentativa de lembrar o Holocausto. Ao analisar os constantes avanços das novas tecnologias midiáticas, verifica-se que quanto maior o armazenamento da memória em bancos de dados e coleções de imagens, menos provável é que a cultura desempenhe um papel na memória ativa, como na amnésia cultural.
A memória demonstra que o tempo pode ser experimentado fora da estrutura da causalidade mecanicista. Assim, a chamada ao que aconteceu não é escravidão a uma ordem irreversível, causal ou analógica relativa ao presente. Sabe-se também que a memória (subjetiva e/ou coletiva) tende a esquecer o esquecimento que constrói e não o reconhece como um recalque subconsciente ou inconsciente. 
	Os pesquisadores enfatizam que a memória é a própria voz do passado, sem saber que é ela que dá o futuro ao passado. Se não for praticado, será engolido pela corrosão do tempo. Em suma, não há representações monumentais na historiografia prosaica. Aliás, não é sintomático que a origem da palavra memória pareça exigir características e rituais. 
	Os avanços tecnológicos e as novas mídias também sempre vêm acompanhada de ansiedades e medo, os quais, mais tarde, se mostraram injustificados ou até mesmo ridículos. Enfatizando a época como uma não exceção. De acordo com Huyssen (2000) se nós estamos, de fato, sofrendo de um acesso de memória, devemos fazer um esforço para distinguir os passados usáveis dos passados dispensáveis. 
REFERÊNCIAS 
AUGÉ, M. A Guerra dos Sonhos. Campinas: Papirus,1998.
CATROGA, Fernando. Memória, História e Historiografia. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2015. 
HALBWACHS, Maurice. La Mémoire collective, Paris, Albin Michel, 1997.
HARTOG, François. A testemunha e o historiador. IN _____Evidencia da História: o que os historiadores vêem. Belo Horizonte. Autêntica, 2011.
HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo. Tradução de Marcia Sá Cavalcante Schuback. 12. ed. Petrópolis: Vozes, 2002
HUYSSEN, Andreas. Seduzidos pela Memória. Arquitetura, monumento, mídia. 1. ed. Rio de Janeiro: Aeroplano Editora. 2000.
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