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VIIGILÂNCIA SANITÁRIA AULA 1 Profª Elaine Grácia de Quadros Nascimento CONVERSA INICIAL Nesta aula, abordaremos a História da Vigilância Sanitária e seus conceitos básicos. Veremos, também, neste módulo, as atividades básicas que a Vigilância Sanitária realiza de acordo com cada necessidade em saúde. Vamos descobrir em quais estabelecimentos a Vigilância Sanitária deve atuar e quais são os ramos de atividade da área. Ao longo da aula, o aluno deverá entender a Vigilância Sanitária, sua história, as áreas de atuação e quais ações desenvolve. TEMA 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA A Vigilância Sanitária aparece já na Antiguidade, na Idade Média, entre outros tempos pelo mundo inteiro – cada lugar com suas necessidades em saúde em um dado momento, com o foco principalmente nas doenças e nas populações urbanas. Na Grécia, no período da antiguidade, havia o conhecimento de doenças como a dor de garganta e seu modo de transmissão; nesse momento, citamos também a difteria, uma doença que teve uma dimensão bem intensa para a época. Desde que se tem conhecimento da propagação das doenças, e suas formas de transmissão, as ações da vigilância epidemiológica e sanitária se fizeram necessárias em vários momentos do processo de adoecimento. Na Idade Média, surgem as primeiras necessidades de proteção ao consumidor, quando são revistas as práticas alimentares e a vigilância sanitária, principalmente com relação às práticas relacionadas a alimentos e à higiene. Como se tinha muito alimento adulterado sendo vendido, principalmente nas praças, surgiram ali as autoridades sanitárias, cujo principal papel era proteger as pessoas contra os vendedores de alimentos alterados. Na história mundial sobre a vigilância sanitária, temos alguns estudos que trazem a Alemanha como um dos primeiros países a desenvolver ações centradas na Vigilância Sanitária, no século XVIII. O controle da saúde da população era feito pelo Estado; nessa época, havia o termo “polícia médica”. Em toda a Europa, o início das ações de Vigilância Sanitária ocorreu nesse período, com foco nas ações de prevenção de epidemias, mesmo sem entendimento completo da forma de transmissão das doenças. 3 Nos EUA, a Vigilância Sanitária teve início com a primeira Guerra Civil americana, no século XIX, também com a intenção de controlar epidemias. Nessa época, preocupava-se mais com as estruturas do que com as questões médicas. Todas as práticas desse período eram focadas primeiramente nas ações epidemiológicas e no controle das doenças, em grande parte pelo próprio desconhecimento das formas de transmissão e das ações de promoção e prevenção mais específicas, direcionadas para a Vigilância Sanitária. A cada descoberta de interesse epidemiológico e sanitário, a história ia se modificando; os homens foram se aprofundando nas ações sanitárias de acordo com a eliminação das doenças, priorizando as necessidades vigentes para a saúde da população. TEMA 2 – VIGILÂNCIA SANITÁRIA NO BRASIL No Brasil, a vigilância sanitária teria início já na colonização do Brasil, pois a chegada de pessoas estranhas ao ambiente das tribos indígenas acabou trazendo inúmeras doenças. Quando da vinda da família real, foi criado o controle sanitário, que era uma forma de ação voltada basicamente para garantir a higiene como um padrão mínimo, principalmente nos portos, onde chegavam pessoas de todo o mundo trazendo diversas doenças. Nessa época, atuava-se esencialmente nos portos, em serviços alimentares e cemitérios, ainda de forma precária e sem o conhecimento teórico que temos hoje, utilizando-se de um poder de “polícia”, porém ainda pouco efetivo. Uma das cidades do Brasil que primeiro investiu em ações voltadas para a vigilância sanitária foi o Rio de Janeiro, que já se urbanizava de maneira indiscriminada. Isso fez com que ocorressem o aumento da quantidade de sujeira, a proliferação de roedores e outros transmissores e a disseminação de doenças, entre outros agravos. Oswaldo Cruz, médico sanitarista renomado, atuou na prevenção da febre amarela, peste bulbônica e varíola. Para que isso desse certo, foi preciso tomar atitudes radicais para a eliminação de sujeiras, roedores, entre outras necessidades ligadas à saúde. Então, já nessa época, eram realizadas ações conjuntas de vigilância sanitária, ambiental e epidemiológica. 4 Carlos Chagas também teve um papel importante no controle das doenças, entre elas a gripe espanhola, em 1918, no Rio de Janeiro. Também teve importante papel como chefe do Departamento Nacional de Saúde Pública. Lembrando que o SUS foi instituído em 1988. Por meio, a política de saúde passou a prever as ações de vigilância em saúde, entre elas a Vigilância Sanitária. Depois, com a criação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), as ações fiscalizatórias foram mais intensificadas e diversas legislações foram instituídas de acordo com as necessidades em saúde. Hoje, temos na Anvisa o órgão fiscalizador que determina ações voltadas para o risco sanitário; essas legislações são criadas em todas as áreas: alimentar, medicamento, hospitalar e qualquer área que necessite de uma legislação sanitária pertinente. O foco das ações da vigilância sanitária, independentemente da área de atuação, sempre será minimizar ou eliminar o risco sanitário. TEMA 3 – MARCOS HISTÓRICOS Vamos citar alguns marcos legais no desenvolvimento da Vigilância Sanitária: 1897 – Criada a Diretoria Geral da Saúde Pública pelo Decreto n. 2.449. 1920 – Criado o Departamento Nacional de Saúde Pública pelo Decreto n. 3.987. 1923 – Regulamento Sanitário Federal, Decreto n. 16.300. 1930 – Criação do Ministério da Educação e da Saúde Pública. 1953 – Criação do Ministério da Saúde pela Lei n. 1920. 1961 – Criado o Código Nacional de Saúde. 1976 – Decreto n. 79.506 – Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, que citava a promoção, a elaboração e a fiscalização de normas e padrões de interesse sanitário, principalmente em portos e aeroportos e a produtos e exercício profissional de interesse à saúde. 1977 – A Lei n. 6.437 dispõe sobre infrações à Legislação Sanitária Federal. 1988 – O art. 200 da Constituição Federal traz que, dentre as competências do SUS, temos atribuições como a execução das ações de 5 vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador. 1990 – A Lei n. 8.080/1990 traz como funções da vigilância Sanitária: “entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações capaz de eliminar, prevenir ou reduzir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse à saúde”. 1996 – A Vigilância Sanitária foi introduzida no SUS. 1999 – Lei n. 9.782, que cria a Anvisa, com o intuito de realizar o controle e a fiscalização sobre ações de comercialização e circulação de produtos como alimentos, de higiene e medicamentos, entre outro de interesse à saúde da população. 2006 – Pacto pela Saúde, que dispõe sobre o financiamento do SUS e as áreas de atuação, entre outras ações. 2011 – Decreto n. 7.508, que dispõe sobre a organização do SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa. 2013 – Regulamentadas as responsabilidades e definidas diretrizes para a execução e o financiamento das ações de Vigilância em Saúde pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios, com relação ao Sistema Nacional de Vigilância em Saúde e ao Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. 2017 – Resolução RDC Anvisa/MS n. 153, de 26 de abril de 2017. A Licença Sanitária é o documento emitido pelo órgão de vigilância sanitária do SUS, que habilita a operação de atividadesespecíficas sujeitas à vigilância sanitária. 2017 - Resolução da Diretoria Colegiada, RDC n. 153, de 26 de abril, e a necessidade de definir o grau de risco sanitário das atividades econômicas de interesse à saúde conforme a codificação da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) e seus respectivos procedimentos para licenciamentos. 2017 – A Redesim (Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios) foi instituída por meio da Lei Federal n. 11.598/07, para simplificar e desburocratizar os procedimentos de abertura ou regularização de empresas. 6 A reforma sanitária foi um marco importante no entendimento e na priorização das necessidades em saúde da população. A vigilância sanitária começou a ser estruturada efetivamente após a Constituição Federal, pois, até esse período, não havia políticas de saúde voltadas para ações de vigilância sanitária. Na Constituição Federal, a saúde foi incluída como dever do Estado; nesse momento, as ações da vigilância sanitária se fazem necessárias também para garantir esse direito, conforme citado acima. Quando se entende que a Vigilância Sanitária é um conjunto de ações voltados para a eliminação e minimização do risco sanitário, fica mais fácil entender todo o universo que ela compreende. O risco sanitário pode ocorrer em qualquer situação em que se perceba uma probabilidade de ocorrer algum dano à saúde. Esse risco pode ser avaliado no momento da tomada de decisão numa inspeção. Quanto maior o risco sanitário, mais energética a tomada de decisão numa inspeção da Vigilância Sanitária. A Redesim veio ao encontro da necessidade de avaliação do risco sanitário para o processo de Licenciamento Sanitário, com a intenção de facilitar a desburocratização da criação de estabelecimentos de interesse à saúde, e também de outros. Porém ela não elimina o acompanhamento e monitoramento dos estabelecimentos de interesse à saúde sempre que se fizer necessário independente do risco. Primeiramente, precisamos entender o conceito mais amplo do que significa Vigilância em Saúde. Nesse momento, temos as ações em conjunto da epidemiologia, da Vigilância Sanitária, da saúde ambiental e da saúde do trabalhador. Há, nesse âmbito, um universo de estabelecimentos e ações muito vasto, aos quais precisamos incorporar regras e ações, por meio de profissionais capacitados. É preciso, também, uma definição legislativa, abordando as diferentes atividades que estão vinculadas à ação da vigilância sanitária. TEMA 4 – ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELA VIGILÂNCIA SANITÁRIA O conceito relacionado à vigilância sanitária se depara com o objeto de ação da vigilância sanitária. Então, para tal, precisamos entender que as atividades da Vigilância Sanitária são basicamente: 7 o estabelecimento de normas e regulamentos visando a melhoria das condições higiênico sanitárias; a fiscalização dos estabelecimentos de saúde, incluindo, aqui, a aplicação de multas se for o caso; conceder ou cancelar registro de produtos e autorizar o funcionamento de determinadas empresas; em portos, aeroportos e fronteiras, lugares que são alvo da disseminação de doenças, é necessário seguir regras e garantir uma fiscalização efetiva; monitorar propaganda, pois a vigilância sanitária responsabilidade pelo conteúdo das propagandas de produtos e serviços, visando a transparência e a veracidade das informações. Levando-se em consideração as atividades acima citadas, a vigilância sanitária deve atuar de forma educativa, orientando e fiscalizando. Temos que conhecer o universo de estabelecimentos e também as necessidades de saúde da população. É preciso descobrir quais as doenças que mais atingem a população para, com base nesses indicadores, realizar ações mais efetivas. As atividades desenvolvidas pela vigilância são as seguintes: Atividades de rotina – Normalmente, o estabelecimento procura a Vigilância Sanitária para ações que envolvem liberação de perecer técnico, alvará de funcionamento, licença sanitária e aprovação de projetos arquitetônicos. Atividades programadas – O município se organiza de acordo com a avaliação de risco sanitário, como por exemplo em hospitais, serviços de hemodiálise, indústrias de alimentos etc. Atividades emergenciais – Existem várias atividades, mas dentre elas a que mais vemos é a relacionada aos estabelecimentos alimentícios, como surto alimentar ou a denúncia de utilização de produtos proibidos, tais como uso indiscriminado de formol em salão de beleza. Demandas externas – São determinadas por denúncias de terceiros, por ações do Ministério Público, ouvidorias da população, entre outras fontes. 8 TEMA 5 – ESTABELECIMENTOS DE INTERESSE À SAÚDE Temos que compreender que, em todo estabelecimento que possa oferecer algum tipo de risco à saúde das pessoas, a Vigilância Sanitária poderá atuar a qualquer momento. Quando citamos esses riscos à saúde, entendemos que qualquer estabelecimento pode ser um risco à saúde, pois, em qualquer estabelecimento, temos trabalhadores, e um dos ramos da Vigilância Sanitária é a preservação da vida dos trabalhadores – a saúde do trabalhador. Então, às vezes, a ação não se volta ao que o estabelecimento produz ou atende, mas às pessoas que trabalham. Dentre os serviços mais comuns de interesse de fiscalização, monitoramento, avaliação e orientação da vigilância sanitária, temos: serviços hospitalares, consultórios e clínicas; tecnologia médica, como laboratórios, serviços de diagnóstico, materiais médicos; alimentos, o que inclui fabricação, venda, distribuição, transporte, acondicionamento e manipulação de produtos alimentares; beleza, limpeza e higiene, com produtos que vão desde o interesse a cosméticos e perfumes, até produtos de higiene e saneantes; qualquer produto industrial de interesse à saúde, como produtos químicos; educação e convivência, área que inclui escolas, creches, instituições de longa permanência, orfanatos e presídios; lazer, como academias, salões de beleza, hotéis e clubes. Cada um dos ramos citados poderá ser alvo de diversas ações, que vão desde orientação sobre legislações a seguir e informes técnicos, até ações de fiscalização, interdição e autuação de infrações já cometidas. É importante que o profissional que atua na vigilância sanitária conheça todas as legislações pertinentes, pois elas serão a base e o respaldo legal para os processos administrativos decorrentes de inspeções. NA PRÁTICA Considerando a importância do risco sanitário e das atividades relacionadas desenvolvidas no município de Dourado, a Secretaria Municipal de 9 Saúde precisa criar um cronograma de ação da Vigilância Sanitária para atuar na promoção e prevenção de doenças hidroveiculadas, e também na promoção e prevenção de infecção hospitalar. Para que isso ocorra de acordo com a necessidade em saúde, devemos ter alguns critérios de ação. Como isso deveria acontecer? Primeiramente, devemos conhecer a realidade do território, as necessidades em saúde, pois, a partir desse levantamento, sabemos da importância de alguns tipos de atividades: de rotina, programada e de emergência. Logo, se conheço as necessidades da população, programo melhor as ações, sejam elas motivadas por uma denúncia ou por uma atividade programada, para realizar a inspeção ou a fiscalização em um hospital, onde se deve garantir a qualidade da assistência, visando uma diminuição dos indicadores de infecção hospitalar. No caso das doenças hidroveiculadas, precisamos verificar se há indicação de necessidade a se houve denúncia, ou se há um aumento de casos de determinada doença. FINALIZANDO Devemos compreender, ao final do módulo, a importância da Vigilância Sanitária para a qualidadede vida da população, também a partir de uma perspectiva histórica. Afinal, a partir da história da Vigilância Sanitária, compreendemos quais ações são necessárias para atuar na prevenção de doenças de um modo geral. Vimos, nesse módulo, uma descrição do modo como a Vigilância Sanitária trabalha com avaliação de risco. Quanto maior o risco sanitário, mais vamos priorizar a ação da vigilância, seja ela fiscalizatória, de orientação ou mesmo a interdição de estabelecimentos. Vimos também que, dentro das áreas abordadas, estão alguns ramos previamente definidos: alimentos, beleza, limpeza e higiene, lazer, tecnologia médicas, educação e produção industrial e agrícola. Para terminar, enfatizamos que a avaliação do risco sanitário é de extrema importância para a priorização das atividades de vigilância. Dentro dessa priorização, devemos conhecer as necessidades de atuação, seja por meio de uma atividade de rotina, de emergência, por uma atividade programada ou por demandas externas. 10 REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. _____. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 20 set. 1990. COSTA, E.; ROZENFELD, S. Constituição da Vigilância Sanitária no Brasil. In: ROZENFELD, S. (Org.) Fundamentos da Vigilância Sanitária. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2009. KORNIS, G. E. M. et al. A regulação em saúde no Brasil: um breve exame das décadas de 1999 a 2008. Physis Revista de Saúde Coletiva, v. 21, n. 3, p. 1077-1102, 2011. MELLO, D. R.; OLIVEIRA, G. G.; CASTANHEIRA, L. G. A regulação de medicamentos. In: BUSS, P. M.; CARVALHEIRO, J. R.; CASAS, C. P. R. (Orgs.). Medicamentos no Brasil: inovação e acesso. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2008. VIIGILÂNCIA SANITÁRIA AULA 2 Profª Elaine Grácia de Quadros Nascimento CONVERSA INICIAL Quando abordamos a promoção e prevenção da saúde, temos uma quantidade enorme de informações, das mais simples às mais complexas. Temos que compreender os conceitos mais importantes com relação à promoção e prevenção. Neste módulo, veremos também modelos explicativos do processo saúde-doença. Trataremos, também, sobre o processo saúde- doença e seus conceitos, exemplificando-os. Nesta aula, o aluno deverá compreender a determinação do processo saúde-doença, sua história, as intervenções no processo e quais são as ações típicas. TEMA 1 – PROCESSO SAÚDE-DOENÇA Nesta aula, o aluno deverá compreender a determinação do processo saúde-doença, sua história, as intervenções do processo e quais ações acontecem caracteristicamente. Podemos definir saúde como uma situação de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência da doença. Devemos analisar esse conceito e entender que é impossível atingir essa situação de saúde plenamente. Assim, podemos entender a importância de prever como os fatores externos desempenham papel importante no processo saúde-doença. Nesse ínterim, doença é uma alteração do equilíbrio entre o ser humano, os agentes e o meio. Neste momento, temos que realizar uma avaliação das transformações, seja pelo território ou pelas características de saúde ou culturais da população. Podemos entender que a saúde é um conjunto de condições adequadas de alimentação, moradia, lazer, trabalho, atenção à saúde, entre outras. Mendes (2009) aponta que temos uma tripla carga de doença: as doenças infecciosas e parasitárias, as doenças crônicas e as mortes ou invalidez por violências/causas externas. Essas condições interferem no adoecimento. Nesse âmbito, temos a vigilância sanitária com um papel importante no adoecimento, pois a vigilância sanitária interfere nos processos de saúde ambiental e nas condições higiênico- sanitárias dos estabelecimentos de interesse à saúde – mesmo ou quando atua na saúde do trabalhador, entre outras ações. 3 Vamos voltar ao passado, no ano de 1986, e relembrar da carta de Otawa, cujos participantes comprometiam-se a: atuar no campo das políticas públicas saudáveis e advogar um compromisso político claro em relação à saúde e à equidade em todos os setores; agir contra a produção de produtos prejudiciais à saúde, a degradação dos recursos naturais, as condições ambientais e de vida não-saudáveis e a má-nutrição; e centrar sua atenção nos novos temas da saúde pública, tais como a poluição, o trabalho perigoso e questões relacionadas a habitação e assentamentos rurais. Isso só nos mostra que as ações de vigilância sanitária foram sempre vistas como prioridade para a garantia da qualidade de vida da população. TEMA 2 – MODELOS EXPLICATIVOS DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA Na história da humanidade, sempre se tentou explicar o processo de saúde e adoecimento. Em vários momentos da história, e dependendo da evolução das tecnologias, os homens descreveram modelos explicativos do processo saúde-doença, com diferentes concepções, modificando as necessidades em saúde. Dentre os modelos explicativos do processo saúde de doença, temos os seguintes: Modelo mágico-religioso – Neste modelo, temos como referência que o adoecimento ocorre por causas sobrenaturais, e que a religião seria um ponto de partida para o cuidado. Acreditava-se nos espíritos do bem e do mal, entre outras divindades. Modelo holístico – Aqui temos o processo saúde como um equilíbrio entre os elementos e humores que compõem o ser humano. Quando temos o processo de doença, há um desequilíbrio nos elementos do ser humano. Aqui temos como exemplo a medicina hindu e chinesa. Modelo hipocrático – Hipócrates estudou as formas de explicar a saúde e a doença com base nos elementos água, terra e fogo. Existia uma explicação não sobrenatural para a saúde e a doença. 4 Modelo biomédico – Neste modelo, vemos o homem como uma máquina. Analisamos as partes de um todo, fragmentadas. Uma máquina e suas engrenagens: um problema pode ser definido como um desajuste no funcionamento da máquina. Modelo sistêmico – Este modelo vê o processo saúde-doença de uma forma mais abrangente, avaliando o conjunto do sistema e todos os seus elementos. Ele se contrapõe ao modelo biomédico, quando se via uma fragmentação das ações. Modelo da história natural da doença – Aqui vemos a tríade hospedeiro, meio e agente causador. Neste modelo, compreendemos a inter-relação entre esses fatores para o desenvolvimento de uma patologia, e entendemos que a histórias natural da doença tem níveis de prevenção que se dividem em dois períodos: pré-patogênico e patogênico. O período pré-patogênico se refere ao período de interação entre o homem, o meio e o agente, quando devemos atuar com medidas de promoção e prevenção. O período patogênico já tem alterações com a presença de sinais e sintomas, e devemos ter como prioridade ações para o diagnóstico e o tratamento precoces, evitando agravamentos e a limitação de danos, de modo a promover uma reabilitação mais eficaz. TEMA 3 – DETERMINAÇÃO DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA O processo saúde-doença está calcado em uma legislação que auxilia na determinação de ações, que é a Política Nacional da Promoção da Saúde. Ela visa promover a qualidade de vida e tem como foco a diminuição das vulnerabilidades e dos riscos relacionados à saúde, envolvendo os determinantes e condicionantes do processo. Temos como exemplo alguns fatores como: moradia, trabalho, modo de viver, educação, meio ambiente, cultura, entre outros. Existem ações que vêm ao encontro das necessidades de saúde da população, e que estão contempladas na Política Nacional de Promoção à Saúde, com o intuito de diminuir ou minimizar riscos para a saúde: alimentação saudável; prática corporal e atividade física; prevenção e controle de tabagismo;5 diminuição de morbimortalidade pelo uso de drogas e álcool; acidentes de trânsito; prevenção de violência. Temos ainda alguns determinantes da saúde: biológicos; físicos; químicos; políticas públicas; nutricional; econômico; cultural/educação; sócio-histórico. Para tratamos dos determinantes do nível de saúde da população, temos o exemplo de Mark Lalonde, Ministro da Saúde do Canadá, que investiu em determinantes inversos à doença, com a promoção da saúde. Figura 1 – Determinantes da saúde (Modelo de Dahlgreen e Whitehead) Fonte: Elaborado com base em Dahlgreen; Whitehead, 1991. 6 TEMA 4 – PROMOÇÃO E PREVENÇÃO Os níveis de prevenção de Leavell e Clark são bastante discutidos, pois trabalham a promoção e a prevenção, buscando tanto orientar quanto criar ações que eliminem ou minimizem as causas das doenças (as determinantes e as condicionantes). Para Leavell e Clark (1976), a prevenção da doença é dividida em três níveis: primário, secundário e terciário, que são divididos em período pré- patogênico e patogênico. Entende-se, nesse contexto, que a promoção da saúde é um esforço da comunidade organizada para desenvolver políticas que melhorem as condições de saúde da população. A promoção da saúde tem um olhar mais abrangente sobre a ausência da doença, e também sobre o que determina o adoecimento. Devemos ter políticas públicas voltadas para a promoção da saúde, e para isso é preciso primeiramente conhecer o território e suas necessidades em saúde. Somente com esse levantamento poderemos ter uma política de saúde adequada para a nossa realidade. A vigilância sanitária atua sobre o risco sanitário e suas ações são tanto de promoção em saúde quanto fiscalizatória, então as ações de promoção são importantes para o controle dos riscos sanitários. A promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle desse processo. Então, a promoção ocorre tanto nas ações dos profissionais da saúde quanto na participação ativa da população. Esse conceito foi definido em 1986, na Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, que originou a Carta de Ottawa. As ações preventivas, por sua vez, definem-se como intervenções orientadas a evitar o surgimento de doenças específicas, reduzindo sua incidência e a prevalência nas populações (Czeresnia; Freitas, 2003). A prevenção se orienta a ações de detecção, controle e enfraquecimento dos fatores de risco de enfermidades, sendo o foco a doença e os mecanismos para atacá-la. 7 TEMA 5 – INTERVENÇÃO DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA NO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA Partindo de determinantes, das necessidades em saúde e dos problemas de saúde, conseguimos diminuir os riscos sanitários em conjunto com as ações voltadas para a vigilância em saúde. A vigilância sanitária, hoje, deverá abordar as ações de promoção em saúde. Devemos atuar na promoção e prevenção. Devemos incluir ações de educação na promoção e prevenção das doenças. A Lei n. 8.080, de 1990, nos traz que a vigilância sanitária seria um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir risco à saúde, além de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente. Por esses motivos, temos a vigilância sanitária, hoje, com um foco importante em ações de promoção da saúde, conforme previsto também na legislação vigente, com a Lei n. 8.080 e a Portaria n. 1.378/2013, em seu art. 6º. A vigilância sanitária tem vários campos de atuação. Sua responsabilidade é garantir o acesso a serviços de qualidade e a promoção de saúde da população, com atividades de fiscalização, mas também com atividades de orientação sanitária, prevenindo riscos à saúde da população e indo ao encontro das propostas da Política Nacional de Promoção da Saúde. Buss (2000) aponta que a promoção da saúde visa assegurar a igualdade de oportunidades e proporcionar os meios (capacitação) que permitam a todas as pessoas realizar completamente seu potencial de saúde. Os indivíduos e as comunidades devem ter oportunidade de conhecer e controlar os fatores determinantes da sua saúde. Ambientes favoráveis, acesso à informação, habilidades para viver melhor, bem como oportunidades para fazer escolhas mais saudáveis, estão entre os principais elementos capacitantes. Então, é a partir desse conceito que entendemos que a vigilância sanitária poderá atuar nas ações de promoção e prevenção da saúde no momento que, por exemplo, realiza uma inspeção e orientação relacionadas à presença de roedores em um estabelecimento alimentar, quando estará prevenindo doenças como a leptospirose. O mesmo acontece quando atua na prevenção de uma intoxicação por algum produto químico negociado por empresas clandestinas, orientando a população dos riscos. Temos também o exemplo de orientação para acúmulo de água e prevenção de dengue, chicungunya e zika. Portanto, as ações de vigilância são amplas, e todas estão intimamente ligadas primeiramente à orientação e depois à fiscalização e punição. 8 NA PRÁTICA Um estabelecimento do ramo de atividade alimentar apresentou 15 casos de intoxicação alimentar no mesmo dia. As pessoas se alimentaram e passaram mal, com quadro de diarreia e vômitos, e fizeram uma denúncia à secretaria de saúde do município. A denúncia chega para dois setores importantes, que seriam a Vigilância Epidemiológica e a Vigilância Sanitária. Partindo desta situação, o que podemos perceber de ações conjuntas para a prevenção de doenças e promoção da saúde? Os setores têm uma ação conjunta. Qual seria? FINALIZANDO Neste módulo, compreendemos a importância da vigilância sanitária nas ações de promoção à saúde e prevenção a doenças. Vimos a história do processo saúde-doença, reconhecendo que há vários modelos explicativos do processo. Na sequência, descrevemos a ideia de cada um. Devemos compreender a importância do processo de determinação da saúde e da doença. Quando Leavell e Clark (1976) descrevem os períodos de uma doença, citando os períodos pré-patogênico e patogênico, e a atuação de cada um nas ações de promoção e prevenção, pensamos logicamente no impacto a curto e longo prazo. A vigilância sanitária deve dar informações visando orientar sobre ações que diminuam o risco sanitário, minimizando, com isso, os processos de adoecimento da população. Todas as ações da vigilância sanitária devem vir, primeiramente, como ações orientativas; somente após esse primeiro momento há as ações fiscalizatórias e punitivas. 9 REFERÊNCIAS BRASIL. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 20 set. 1990. BUSS, P. M. Promoção da saúde e qualidade de vida. Ciência & Saúde Coletiva, v. 5, n. 1, p. 163-177, 2000. CZERESNIA, D.; FREITAS, C. M. (Orgs.) Promoção da saúde: conceitos, reflexões, tendências. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2003. DAHLGREEN, G.; WHITEHEAD, M. Policies and strategies to promote social equity in health. Stockholm: Institute for Future Studies, 1991. LALONDE, M. A new perspective on the health of Canadians: a working document. Ottawa, 1974. LEAVELL, H. R.; CLARK, E. G. Medicina preventiva. São Paulo: McGraw Hill do Brasil, 1976. MENDES, E. V. As redes de atenção à saúde. Belo Horizonte: Escola de Saúde Pública de Minas Gerais, 2009. VIGILÂNCIA SANITÁRIA AULA 3 Elaine Grácia de Quadros Nascimento 2 CONVERSA INICIAL Abordaremos o tema sobre a base legal da vigilância sanitária e alguns conceitos básicos. Veremos também a Vigilância Sanitária (VISA) e a importância de conhecer o território em que atua. Estudaremos os instrumentos de ação da VISA,por exemplo os planos municipais, o plano diretor, a programação anual, entre outros. Ao final, você deverá entender a Vigilância Sanitária, sua base legal, quais são os instrumentos de planejamento de ações da VISA e como devemos compreender o território de ação e todas as suas particularidades e características. TEMA 1 – O DIREITO SANITÁRIO E A VIGILÂNCIA SANITÁRIA Quando discutimos o papel do direito sanitário nas ações da vigilância sanitária, percebemos que precisamos de uma base sólida e focada para embasar toda a estrutura. O direito dentro do contexto da saúde pode iniciar com direitos sociais, em que se querem preservar os direitos de uma sociedade garantindo ações básicas. O Manual de Direito Sanitário de 2006 cita que, no final do século XVIII, Jean-Jacques Rousseau defendia que os direitos inalienáveis do homem seriam a garantia equilibrada da igualdade e da liberdade. Para Rousseau, a liberdade consistia no direito de obedecer às leis e vê-las sendo obedecidas. O filósofo francês desenvolveu, então, a obra que talvez mais tenha influenciado os revolucionários franceses, na qual defende que a organização social deve basear-se em um contrato social firmado entre todos os cidadãos que compõem a sociedade. Por meio do contrato social, o cidadão cede parcela de sua liberdade ao Estado, que se incumbirá de garantir o uso e o gozo plenos dos demais direitos naturais e inalienáveis do homem, como a própria liberdade (ou o que restar dela), a segurança e a propriedade (Rousseau). Após o término da Segunda Guerra Mundial, e para minimizar as ações e o impacto dos horrores dela para toda a população mundial, foi criada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948. O direito social iniciou-se no século XX, mais especificamente com a instituição da Constituição Brasileira, em 1988, a qual cita: “todos são 3 iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. (Brasil, 2003) Temos alguns momentos importantes para garantir o cuidado integral, a liberdade e a igualdade, que são o direito humano e o direito à saúde. Se entendermos que esses conceitos estão interligados e amadurecem um conceito maior, que é o direito sanitário, fica fácil perceber os requisitos para garantir as condições necessárias para a saúde integral da população. Como base para o direito sanitário, temos organizações de extrema importância, como é o caso da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Em 1999, foi criada a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o órgão responsável por instituir legislações para promover a proteção da saúde da população, com a utilização do direito sanitário e de suas regras. Realiza-se o controle sanitário dos bens de produção e consumo, dos serviços de interesse à saúde, entre outros. O Manual de Direito Sanitário, de 2006, com enfoque na vigilância em saúde, cita que o objetivo do direito sanitário tem o seguinte conceito: Reduzir os riscos de doenças e de outros agravos à saúde da população, o direito sanitário, além de condicionar e proibir condutas, também orienta os poderes públicos na adoção de medidas concretas que identifiquem os possíveis riscos à saúde que podem existir na sociedade e os órgãos públicos responsáveis na adoção de medidas cabíveis para tentar evitar que o risco se concretize ou para reduzir os possíveis danos que os riscos identificados certamente irão causar. (Ministério da Saúde, 2006) TEMA 2 – A VIGILÂNCIA SANITÁRIA – A BASE LEGAL Vamos citar a base legal no desenvolvimento da vigilância sanitária, em que temos várias legislações que são tanto municipais quanto estaduais ou federais. Elas podem ser decretos, portarias ou outra forma de garantir os direitos do cidadão. Se lembrarmos da história da Vigilância Sanitária, veremos que desde os primórdios ela traz as ações atreladas a alguma base legal. A base legal da Vigilância Sanitária é recente e está na Constituição Federal (1988) no art. 200. Ao Sistema Único de Saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: “Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador” (Brasil, 1988). 4 Outra legislação é a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990: Entende-se por Vigilância Sanitária um conjunto de ações capazes de eliminar ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo: 1. O controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo; e 2. O controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde. (Brasil, 1990) Com a Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999, cria-se a ANVISA, à qual foram atribuídas ações de controle e fiscalização. A Portaria nº 1.172, de 15 de junho de 2004, traz as ações que são atividades de responsabilidade da vigilância em saúde como sendo as seguintes: Vigilância em doenças transmissíveis; Vigilância de doenças e agravos não transmissíveis e de seus fatores de risco; Vigilância ambiental em saúde; Vigilância da situação de saúde; Vigilância sanitária incorporada em diversos estados e municípios. Em 2006, com o pacto pela saúde, foram descritas as ações definidas como estratégicas para a vigilância em saúde, compreendendo ações de vigilância epidemiológica, saúde do trabalhador, doenças emergentes, entre outras. Lembrando que o pacto pela saúde era dividido em três dimensões: pacto pela vida, em defesa do SUS e de gestão. Ele contemplava diversas estratégias gerais que poderiam ser utilizadas de acordo com a necessidade em saúde de cada população, e nessas estratégias teríamos as ações, o planejamento e a definição dos limites financeiros das ações para poder priorizar as ações e estratégias de acordo com as necessidades em saúde. O plano diretor da Vigilância Sanitária foi aprovado na Portaria nº 1.052, de 8 de maio de 2007. Nele, temos descritas ações para o reconhecimento da VISA, do planejamento e da estruturação de ações da VISA. A Portaria nº 3.252/GM, de 22 de dezembro de 2009, aprova as diretrizes para a execução e o financiamento das ações de vigilância em saúde, entre outras providências. 5 Precisamos compreender que esta portaria traz a vigilância em saúde como uma análise constante das necessidades em saúde de uma população, e, para que seja possível utilizar da forma adequada os recursos financeiros, precisamos estar em constante avaliação, análise de riscos, conhecimento do território, sempre com o intuito de garantir a integralidade do cuidado. Esta integralidade vai desde promoção, prevenção e outros cuidados específicos de acordo com cada região, população, entre outras abordagens. A Portaria nº 3.252 traz, entre os conceitos de vigilância em saúde: Vigilância da situação em saúde: nesse momento, devemos monitorar as ações em saúde, incluindo território, necessidades, equipes, indicadores de saúde, entre outras necessidades em saúde. Vigilância em saúde ambiental: na saúde ambiental, devemos nos preocupar com as ações de impacto na mudança de fatores condicionantes e determinantes do processo de saúde-doença e que afetam de alguma forma o meio ambiente e propiciam doenças relacionadas ao ambiente, como doenças relacionadas a poluição ambiental, doenças transmitidas por vetores, entre outras. Vigilância da saúde do trabalhador: são ações voltadas para preservar a saúde dos trabalhadores, tanto do ambiente em que o trabalhador está inserido quanto doenças relacionadas a sua atividade.A necessidade é atuar em indicadores de saúde para redução da morbimortalidade dos profissionais. Vigilância sanitária: nela se inserem várias ações capazes de eliminar, minimizar riscos à saúde da população. Aqui, devemos atuar em qualquer estabelecimento de interesse à saúde, seja ele de saúde, de circulação de bens, de serviços de saúde, de alimentos, entre outras atividades. O Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011, traz a regulamentação da Lei nº 8.080. Entre as ações, está a divisão das regiões de saúde, para trabalhar melhor as necessidades de cada região dentro de uma estratégia maior. Também criou o mapa da saúde, que mostra a descrição geográfica da distribuição de recursos humanos e de ações e serviços de saúde, e por meio dele conseguimos utilizar melhor os recursos financeiros e atuar de maneira mais otimizada e com qualidade. 6 A Portaria nº 1.378, de 9 de julho de 2013, mais atualizada com relação às ações e descrições da vigilância em saúde, nos traz uma redivisão desta, dando novo enfoque. Regulamenta as responsabilidades e define diretrizes para execução e financiamento das ações de vigilância em saúde pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios relativos ao Sistema Nacional de Vigilância em Saúde e Sistema Nacional de Vigilância Sanitária: “Art. 4º As ações de Vigilância em Saúde abrangem toda a população brasileira e envolvem práticas e processos de trabalho voltados para as ações das vigilâncias” (Brasil, 2013). TEMA 3 – PLANEJAMENTO E PROGRAMAÇÃO EM VIGILÂNCIA SANITÁRIA Quando citamos planejamento e programação de ações, temos como estratégia melhorar indicadores de saúde, diminuir ou eliminar riscos sanitários e utilização de recursos financeiros. A finalidade do planejamento em saúde das ações da vigilância sanitária é para que se possa atuar em promoção e prevenção de riscos, e não apenas nas ações de emergência, demandas de ministério público, entre outras formas de demandas. O planejamento bem-feito serve como medida para detectar necessidades em saúde antes do problema iminente acontecer. Se planejamos as ações de acordo com as necessidades em saúde, certamente teremos um melhor aproveitamento de recursos físicos, materiais e financeiros. Para termos um planejamento mais dentro possível da realidade local, é preciso primeiro fazer a análise e o conhecimento do território. Partindo deste conhecimento, teremos ações mais direcionadas para a realidade daquele território. Então, como conceito de planejamento, vemos o seguinte: “Planejar consiste, basicamente, em decidir com antecedência o que será feito para mudar condições insatisfatórias no presente ou evitar que condições adequadas venham a deteriorar-se no futuro” (Chorny, 1998). Para que tenhamos um impacto importante nas ações em saúde, precisamos primeiro conhecer a realidade de necessidade em saúde, e, com base nesse conhecimento, podemos iniciar um planejamento estratégico. 7 Para que o planejamento dê certo, inicia-se com levantamento de realidade, de recursos, materiais e financeiros. Elencamos as prioridades de maior impacto nos indicadores de saúde. A programação em saúde faz parte do processo de planejamento. Seria uma continuidade do levantamento, em que devemos definir uma descrição do objetivo que se deseja atingir, quais recursos serão necessários, quem são os atores sociais que farão parte, entre outras ações. Reforçamos que, para que o planejamento dê certo, colocamos em prática as ações necessárias, e a elas chamamos programação em saúde. O documento mais importante neste processo seria o Plano de Saúde. A Programação Anual de Saúde é o instrumento que operacionaliza as intenções expressas no Plano de Saúde (Brasil, 2009): Objetivos: Integrar o processo geral de planejamento das três esferas de governo de forma ascendente, coerente com os respectivos planos municipal, estadual e nacional de saúde, para o ano correspondente; Consolidar o papel do gestor na coordenação da política de saúde; Viabilizar a regulação, o controle e a avaliação do sistema de saúde; Definir a macro alocação dos recursos do SUS para o financiamento do sistema; Promover a integração dos sistemas municipais de saúde; Explicitar o pacto de gestão e o comando único em cada esfera de governo; Contribuir no desenvolvimento de processos e métodos de avaliação de resultado e controle das ações e serviços de saúde. Na programação, são detalhadas – com base nos objetivos das diretrizes e das metas do Plano de Saúde – as ações, as metas anuais e os recursos financeiros que operacionalizam o respectivo plano. A Vigilância Sanitária realiza a sua programação de ações por meio do Plano Diretor da Vigilância Sanitária. Nele, são estabelecidas diretrizes e metas para suas ações. 8 TEMA 4 – INSTRUMENTOS DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA Os instrumentos utilizados para o planejamento e a programação da Vigilância Sanitária seriam: 4.1 Plano de Saúde – para a melhor descrição de planejamento de ações Define-se como Plano de Saúde o instrumento que, com base em uma análise situacional, apresenta as intenções e os resultados a serem buscados no período de quatro anos, expressos em objetivos, diretrizes e metas (Brasil, 2009). Objetivos: expressam o que se pretende fazer acontecer a fim de superar, reduzir, eliminar ou controlar os problemas identificados. No Plano de Saúde, são definidas estratégias de ação, contratos, programações, compromissos para se atingir metas importantes no impacto das políticas de saúde do município. 4.2 Programação Anual de Saúde Segundo o Ministério da Saúde, a Programação Anual de Saúde é o instrumento que operacionaliza as intenções expressas no Plano de Saúde (Brasil, 2009). A programação é realizada de acordo com o território e suas necessidades de saúde, sempre levando em consideração as metas e diretrizes do Plano de Saúde. A programação é reavaliada e monitorada, e devemos acompanhar os resultados das ações. Podemos rever as estratégias e reorganizar as ações para atingir as metas sempre que necessário. Na programação, devemos detalhar objetivos a alcançar, alocação de recursos, parcerias necessárias, propostas para atingir os objetivos, atores sociais envolvidos, intersetorialidade, entre outras ações. Conforme estabelecido no PDVISA, o Plano de Ação em Visa é uma ferramenta de planejamento, em que estão descritas todas as ações que a Vigilância Sanitária pretende realizar durante um exercício (um ano), assim como as atividades a serem desencadeadas, as metas e os resultados esperados e seus meios de verificação, os recursos financeiros implicados, os responsáveis e as parcerias necessárias para a execução dessas ações. Nesse sentido, ele 9 busca dar concretude ao PDVISA e incorpora a lógica sistêmica do PlanejaSUS (Brasil, 2007). O Plano de Ação em Visa tem duas partes essenciais: A análise situacional da VISA local; e A definição de áreas temáticas (de estruturação e de intervenção), ações, atividades, metas/resultados esperados e seus meios de verificação, responsáveis, parcerias e recursos financeiros necessários, além de outras informações que a Secretaria Municipal/Estadual de Saúde julgue necessárias. O plano diretor deve ser acompanhado e monitorado com regularidade para que se atinjam os objetivos descritos. Devemos lembrar que podemos reestruturar as ações para alcançar as metas propostas. O Relatório de Gestão é o instrumento que acompanha e monitora a execução da Plano Anual de Saúde, no qual devemos apresentar o que atingimos das ações previstas nas metas. TEMA 5 – O TERRITÓRIO E A VIGILÂNCIA SANITÁRIA O termo território origina-se do latim territorium, que deriva de terra e nos tratados de agrimensura aparece com o significado de “pedaço de terra apropriada”.Em uma acepção mais antiga, pode significar uma porção delimitada da superfície terrestre (Haesbaert, 1997, 2005; Souza; Pedon, 2007). Para Haesbaert e Limonad (2007), nas ciências sociais a utilização do conceito de território envolve três pressupostos: o primeiro refere-se à diferença entre território e espaço geográfico; o segundo, à construção histórica do território, o que coloca o território como social, com base nas relações de poder; por fim, o terceiro pressuposto enfatiza o território em sua dimensão mais subjetiva (dominação e identidade) e em outra objetiva (instrumentos de ação político- econômica). Temos que ter claro que em todo estabelecimento que puder ter algum tipo de risco à saúde das pessoas, a Vigilância Sanitária poderá atuar. Para que se possa agir mais diretamente, devemos conhecer nosso território e as necessidades em saúde desta população. Com o objetivo de termos ações de impacto, com minimização ou eliminação de risco, devemos: 10 Atuar no conhecimento do território e dos indicadores de saúde. Atuar com ações de prevenção e promoção de saúde para a população. Detectar ações necessárias para a saúde do trabalhador. Manter a vigilância de riscos ambientais para a população. Realizar ações de vigilância sanitária voltadas para atuar nos riscos sanitários. Quando vamos analisar a situação de um território, precisamos: Realizar coleta de dados necessários – sejam demográficos, de recursos humanos, de indicadores de saúde ou dos sistemas de informação em saúde disponíveis pelo SUS. Após a coleta dos dados, devemos interpretá-los. Verificar situações gerais, como: problemas sanitários, ambientais, destino dos resíduos de saúde, qualidade de água, entre outras situações. Conhecer a população, seu adoecimento, suas necessidades. Conhecer os estabelecimentos de interesse à saúde e quais ações são necessárias para melhorar a qualidade do atendimento à população com relação a questões sanitárias. Isso tudo se faz necessário para se conhecer o perfil da comunidade, seus problemas e necessidades em saúde, bem como os recursos disponíveis para que as ações aconteçam. NA PRÁTICA O Plano Diretor da Vigilância Sanitária é a base para que ações voltadas para as reais necessidades em saúde aconteçam, sempre priorizando o risco sanitário. Em um determinado município, o gestor realizou um reconhecimento de seu território e, pela detecção de problemas e de indicadores de saúde, analisou as possíveis abordagens para uma determinada situação. O município tem um índice muito alto de problemas relacionados ao acúmulo de resíduos sólidos, pois alguns dos estabelecimentos de saúde não têm destino adequado para seu lixo hospitalar. Outra situação detectada foi o 11 aumento de focos do mosquito Aedes aegipty, o que permite o aparecimento de diversas doenças, como: dengue, febre amarela, zica, entre outras. Com relação a farmácias, no município é comum denúncias das farmácias de manipulação. Frente a este diagnóstico, qual seria o papel do Plano Diretor? Que importância tem o fato de desenvolver um planejamento completo seguindo as diretrizes de cada programa? FINALIZANDO Esta aula tem um papel importante para que consigamos melhorar os indicadores de saúde e saber quais são as necessidades em saúde da população, pois o planejamento das ações para atingir metas é necessário para a otimização de recursos e a melhoria da qualidade em saúde. A necessidade de compreender a programação em saúde da Vigilância Sanitária serve para que a atuação seja realizada de acordo com a realidade de cada território. A programação em saúde existe para atingir as metas do Plano de Saúde e sempre avaliar e monitorar as necessidades. Ao conhecer o território que será abordado, podemos verificar quais recursos podemos utilizar, quais ações são de maior prioridade e relevância, para conhecer o perfil da comunidade elencada. 12 REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. _____. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Plano Diretor de Vigilância Sanitária. Brasília: Anvisa, 2007. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/institucional/pdvisa/index.htm>. Acesso em: BRASIL. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 20 set. 1990. BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Direito Sanitário com Enfoque na Vigilância em Saúde. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/10001021420.pdf>. Acesso em: 6 jan. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Manual de planejamento no SUS. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/articulacao_interfederativa_v4_ma nual_planejamento_atual.pdf>. Acesso em: 6 jan. 2019. CHORNY, A. H. Planificación en salud: viejas ideas en nuevos ropajes. Cuadernos Médico-Sociales, v. 73, p. 23-44. Buenos Aires, 1998. COSTA, E.; ROZENFELD, S. Constituição da Vigilância Sanitária no Brasil. In: HAESBAERT, R. Dos múltiplos territórios à multiterritorialidade. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/petgea/Artigo/rh.pdf>. Acesso em: 6 jan. 2019. HAESBAERT, R.; LIMONAD, E. O território em tempos de globalização. Revista Eletrônica de Ciências Sociais Aplicadas. v.2 (4), n. 1, p. 39-52, ago. 2007. Disponível em: <http://www.ligiatavares.com/gerencia/uploads/arquivos/6477dd13d45c1917f9e 8147345657e7e.pdf >. Acesso em: 6 jan. 2019. KORNIS, G. E. M.; BRAGA. M. H.; FAGUNDES, M.; DE PAULA, P. A. B. A regulação em saúde no Brasil: um breve exame das décadas de 1999 a 2008. Physis Revista de Saúde Coletiva, v. 21, 2011. ROZENFELD, S. (Org.) Fundamentos da vigilância sanitária. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2009. 13 SOUZA, E. A.; PEDON, N. R. Território e identidade. Revista eletrônica da associação dos Geógrafos Brasileiros. Seção Três Lagoas. V. 1, n. 6, ano 4, nov. 2007. VIGILÂNCIA SANITÁRIA AULA 4 Profª Elaine Grácia de Quadros Nascimento 2 CONVERSA INICIAL A Vigilância em Saúde tem integração com as áreas de Vigilância Sanitária, Vigilância Epidemiológica, Saúde do Trabalhador e Saúde Ambiental. Essa abordagem é importante para que a interface dessas áreas seja produtiva e que se consiga realizar um planejamento adequado das ações em saúde. As áreas da Vigilância em saúde são de extrema importância para promoção e prevenção de agravos e de minimização de riscos sanitários. As ações acontecem muitas vezes em ações conjuntas dos setores. TEMA 1 – INTERFACE DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA, VIGILÂNCIA SAÚDE AMBIENTAL E SAÚDE DO TRABALHADOR E VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA A Vigilância em Saúde tem como conceito: Conjunto de ações voltadas para o conhecimento, previsão, prevenção e enfrentamento continuado de problemas de saúde selecionados e relativos aos fatores e condições de risco, atuais e potenciais, e aos acidentes, incapacidades, doenças, incluindo as zoonoses, e outros agravos à saúde de uma população num território determinado. (III Congresso Brasileiro de Epidemiologia, 1995) Em um novo modelo de vigilância em saúde, temos um olhar que abrange as ações com envolvimento dos setores. Ocorre uma integração entre as vigilâncias, com o intuito de transformar as ações, ampliando-as, com uma maior resolutividade. Dentre as legislações que abordam o tema, temos a Portaria n.º 1.378, de 9 de julho de 2013, que no seu 2.º artigo aponta a Vigilância em Saúde como um processo contínuo e sistemático de coleta, consolidação, análise e disseminação de dados sobre eventos relacionados à saúde. No art. 4.º, temos as ações de vigilância em saúde, em que são mostrados práticas e processos de trabalho. I. A vigilância da saúde da população, com a produção de análises que subsidiem o planejamento, [...] monitoramentoe avaliação das ações de saúde pública; II. Detecção oportuna e adoção de medidas adequadas para a resposta às emergências de saúde pública; III. A vigilância, prevenção e controle das doenças transmissíveis; IV. A vigilância das doenças não transmissíveis, dos acidentes e violência; V. A vigilância e populações expostas a riscos ambientais em saúde; VI. A vigilância à saúde do trabalhador; 3 VII. Vigilância sanitária dos riscos decorrentes da produção e do uso de produtos, serviços e tecnologias de interesse à saúde; VIII. Outras ações de vigilância que podem ser desenvolvidas em serviços de saúde públicos e privados nos vários níveis de atenção, laboratórios, ambientes de estudo e trabalho e na própria comunidade. Isso nos mostra a interface das áreas em todas as situações de saúde, em que podemos necessitar da ação de outros setores para que se atinja a qualidade da atenção em saúde. O processo de trabalho está inserido em vários momentos, várias ações. TEMA 2 – A PRÁTICA DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA E A ÉTICA Quando falamos em ética, pensamos em atitudes de acordo com as regras estabelecidas e devemos perceber quais as legislações pertinentes para cada atitude tomada. A ética como conceito seria a forma de agirmos perante cada situação. As condutas éticas são aquelas aceitas pela sociedade. Quando falamos de ética profissional, ela interage também com o código de cada profissão, sempre pensando em não fazer o mal a cada pessoa e com respeito às diferenças e necessidades individuais. A ética profissional trabalha também com o sigilo profissional. A vigilância sanitária atua sempre preservando o sigilo ante o que foi encontrado em cada estabelecimento, porém, com respeito à população, quando o risco iminente existir em determinado local. É bem mais complexa do que apenas guardar o sigilo. Para tomarmos as decisões corretas perante cada situação, temos que ter o conhecimento das legislações pertinentes. Sabemos que a dinâmica com que as situações ocorrem e como procedemos é muito rápido. Quando falamos em ética, devemos entender que as ações devem somente ter como base a legislação e não a nossa impressão pessoal. Ser ético é agir dentro dos padrões convencionais, é proceder bem, é não prejudicar o próximo. Ser ético é cumprir os valores estabelecidos pela sociedade em que se vive. (Eduardo, 1998) Devemos ser imparciais diante das condições encontradas, independentemente do estabelecimento. Somente devemos conhecer as regras a seguir e sempre ter como base documentos como o Código de Saúde, seja ele do estado ou dos municípios nos quais eles têm o papel importante de regular a 4 organização e a fiscalização das ações, estabelecendo normas sobre as infrações sanitárias e sobre como proceder em um processo administrativo sanitário. Citamos outras legislações importantes como o Código de Defesa do Consumidor, e as legislações pertinentes a cada situação de saúde. A ética seria fazer a legislação ser cumprida independentemente de qual estabelecimento estamos citando. TEMA 3 – VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL Dentre as áreas que fazem uma interface com a vigilância sanitária, temos a saúde ambiental, a qual está interligada às ações da Vigilância Sanitária e à vigilância epidemiológica, e, em alguns casos, até à saúde do trabalhador. Como conceito em Vigilância em Saúde Ambiental, temos o seguinte: Conjunto de ações que proporciona o conhecimento e a detecção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente que interferem na saúde humana, com a finalidade de identificar as medidas de prevenção e controle dos fatores de risco ambientais relacionados às doenças ou outros agravos à saúde. (Brasil, 2009) Os riscos que temos com relação à saúde ambiental podem ser tanto biológicos quanto não biológicos. No caso dos biológicos, temos, por exemplo, as doenças transmitidas por vetores. Os não biológicos seriam os que se analisa a qualidade de solo, a água, os alimentos etc. Na vigilância, alguns riscos são verificados com mais importância por poderem criar impacto no meio ambiente. Dentre esses riscos, temos, por exemplo: radiações, qualidade da água, qualidade do ar, toxinas químicas, entre outros. A saúde ambiental atua sobre as diversas doenças hidroveiculadas, sobre o destino final dos resíduos sólidos de saúde e de outros resíduos, pelas doenças transmitidas por vetores. Existem alguns programas nacionais de importância para a vigilância ambiental. 1. Vigiagua: esse programa acompanha e monitora a qualidade da água para consumo humano. Tem como foco transmissão hídrica de doenças. 5 2. Vigiar: programa nacional de vigilância em saúde de populações expostas à poluição atmosférica. Desenvolve ações para a prevenção e promoção com vistas a garantir a qualidade do ar atmosférico. 3. Vigifis: realiza ações de promoção, prevenção e monitoramento de solos contaminados por radiações ionizantes e não ionizantes. 4. Vigidesastres: estabelece estratégias para a atuação em desastres de origem natural e tecnológica. O Ministério da Saúde investe em ações para controlar ou evitar desastres naturais, sejam eles inundações, deslizamento de terra ou até para acidentes com produtos químicos. 5. Vigipeq: é a Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Contaminantes Químicos (Vigipeq). Acompanha e monitora as populações expostas a algum produto químico de interesse à saúde da população. TEMA 4 – VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR A Saúde do Trabalhador tem uma interface direta com todas as inspeções da Vigilância Sanitária. Não tem como realizar uma inspeção sanitária sem verificar as questões relacionadas à saúde do trabalhador. A Portaria GM/MS n.º 3.252/2009, substituída pela Portaria 1.378/2013, tem como prioridade a promoção à saúde. Ela traz muitas informações importantes sobre promoção, prevenção e ações de financiamento para investir na saúde do trabalhador, entre outros itens importantes. Na Vigilância em Saúde do Trabalhador (Visat) constam as ações que diminuem ou acabam com riscos à saúde da população, focando ações para saúde do trabalhador. A Saúde do Trabalhador realiza investigações de acidentes de trabalho, com ou sem óbito. Nessa investigação, vemos se existe o Nexo Causal, que é o momento em que se descreve a relação do acidente ou doença com o trabalho realizado. Nexo causal bem descrito é importante para os indicadores de saúde com relação à saúde do trabalhador. Nas investigações de saúde do trabalhador, devemos analisar todas as informações pertinentes ao caso, que muitas vezes abordam temas ligados à saúde ambiental, à vigilância sanitária ou a questões ocupacionais. Também se realiza ações de promoção e prevenção com a execução de medidas de controle de riscos ambientais no trabalho. 6 Existem alguns documentos importantes para a prevenção de danos ou para a investigação completa. O primeiro deles seria a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). Ela é o primeiro documento que oficializa um acidente de trabalho. Quando temos doenças relacionadas ao trabalho, estas devem ser notificadas e documentadas por meio do CID correto. Outro documento importante que auxilia na prevenção de doenças ou acidentes é o documento chamado de Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, pois o profissional deve conhecer quais são os riscos inerentes à sua profissão. Esse documento é, inclusive, cobrado dos estabelecimentos que se enquadram nessa necessidade. Os exames admissionais, periódicos e admissionais têm importância de detectar alguma doença ligada ao trabalho. Neles está incluso outro programa que é o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, também verificado em ações da Vigilância Sanitária. Para análise, acompanhamento e monitoramento dos riscos ambientais, temos o Mapa de riscos, que tem comopapel principal sinalizar a que riscos cada ambiente de trabalho está exposto. TEMA 5 – VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA A Vigilância Epidemiológica refere-se às doenças transmissíveis e não transmissíveis. Atua com as doenças de notificação compulsória e também tem um papel importante na promoção e prevenção das doenças. O conceito de vigilância epidemiológica, segundo a Lei 8.080/1990, diz o seguinte: “É um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos.” A epidemiologia tem uma interface importante com a vigilância ambiental, quando estamos discutindo, por exemplo, sobre dengue. Com relação à Vigilância Sanitária, sempre que existir um surto alimentar para investigar, temos a vigilância epidemiológica cumprindo seu papel em conjunto. Ao se falar de saúde do trabalhador, a epidemiologia se preocupa com qualquer doença que possa ser transmitida em um ambiente de trabalho, e aí 7 entram ações como os bloqueios de transmissão, ou também em casos de acidente de trabalho com perfuro-cortantes. Nesse sentido, percebe-se que o tempo todo as vigilâncias se tornam presentes em diversas ações. Isso se dá de acordo com a complexidade de cada caso e com as necessidades de ação em saúde. NA PRÁTICA Em um determinado estabelecimento de interesse à saúde da população houve um óbito de um profissional que atuava nas caldeiras. Quando ocorreu o acidente, foram acionados a Delegacia do Trabalho e a Vigilância Sanitária. Quais os papeis de cada um desses órgãos neste óbito? Como podemos atuar preventivamente nessas situações? FINALIZANDO A interface torna-se clara em diversos momentos e nas mais diferentes ações no processo de promoção, prevenção e minimização ou eliminação de riscos. Percebe-se que, quando se trata da Vigilância em Saúde, as ações devem ser sempre em conjunto para que se atinja a qualidade das ações. Quando citamos as vigilâncias sanitária, ambiental, epidemiológica e da saúde do trabalhador, entendemos que, apesar de cada uma ter suas especificidades, uma depende da outra em diversos momentos para garantir a integralidade das ações. Com isso, melhoramos a qualidade da assistência com a diminuição de riscos à saúde da população. Para que tudo tenha um respaldo legal, necessitamos conhecer todas as legislações que regem cada tema, utilizando-se da transparência e da ética em todas as inspeções sanitárias. 8 REFERÊNCIAS BRASIL. Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990. Diário Oficial da União, Distrito Federal, Brasília, 20 set. 1990. _____. Portaria n. 1.378, de 9 de julho de 2013. Diário Oficial da União, Distrito Federal, Brasília, 9 jul. 2013. Acesso em: 24 fev. 2019. _____. Portaria n.º 3.252, de 22 de dezembro de 2009. Diário Oficial da União, Distrito Federal, Brasília, 22 de dezembro de 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Vigilância ambiental. Disponível em: <http://portalms.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental>. Acesso em: 24 fev. 2019. CONGRESSO BRASILEIRO DE EPIDEMIOLOGIA, 3., Salvador, 1995. EDUARDO, M. B. P. Vigilância sanitária. São Paulo: Fundação Petrópolis, 1998. VIGILÂNCIA SANITÁRIA AULA 5 Elaine Grácia de Quadros Nascimento 2 CONVERSA INICIAL Para que a Vigilância Sanitária tenha êxito em suas ações, é necessário termos base legal e instrumentos para que o processo de trabalho funcione adequadamente. Os instrumentos legais da Vigilância Sanitária são as normativas utilizadas para a definição do que é permitido ou proibido para que os estabelecimentos de interesse à saúde possam ter base legal. Fazem parte o código sanitário e as legislações pertinentes a cada situação específica relacionada com o risco sanitário. Entendemos que o conceito de risco sanitário vem ao encontro da necessidade de avaliação de cada situação pelo profissional da Vigilância Sanitária. Após a detecção das situações encontradas nas inspeções da Vigilância Sanitária, devemos seguir a conduta necessária. As ações da Vigilância Sanitária podem estar ligadas por uma necessidade de deferimento de licença sanitária para o estabelecimento ou por uma aprovação de um projeto arquitetônico, uma investigação por denúncia, entre outros. TEMA 1 – A VIGILÂNCIA SANITÁRIA NO CONTEXTO DO SUS A vigilância em saúde foi estruturada na Lei Orgânica da Saúde, Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Esta legislação cita, no art. 6º, a atuação do SUS nas ações de Vigilância Sanitária, o controle e a fiscalização de serviços, produtos e substâncias de interesse para a saúde; a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas para consumo humano; a colaboração na proteção de meio ambiente, nele compreendido o trabalho. Essa legislação também descreve o conceito de vigilância sanitária como um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir os riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse à saúde. Devemos entender que em inúmeros estabelecimentos de saúde temos a ação da Vigilância Sanitária, seja para promoção à saúde, orientações de prevenção de riscos à saúde ou para fiscalização de problemas detectados. Como o SUS é constituído por um conjunto de ações, medidas, estratégias, devemos defender ações que promovam uma melhor qualidade de 3 saúde para a população, assim como garantir a qualidade dos serviços de interesse à saúde. As ações da vigilância dependem de um planejamento, que deve acontecer de acordo com a área de abrangência e também baseado no conhecimento das necessidades do território. O SUS deve garantir a integralidade do cuidado, e isso inclui todas as formas de ação. Entre as estratégias temos, as ações da Vigilância Sanitária. As ações da vigilância em saúde são importantes para auxiliar na promoção em saúde, reconhecendo o território e seus problemas em saúde. TEMA 2 – O RISCO SANITÁRIO E O TERRITÓRIO Quando falamos no significado do risco sanitário, devemos compreender o significado da palavra risco: uma probabilidade de perigo, a probabilidade de alguma coisa ou situação acontecer. Enquanto a probabilidade é definida matematicamente como a possibilidade ou chance de um evento indesejado ocorrer, o risco está associado à possibilidade do evento e à sua severidade (Navarro, 2009). Na Vigilância Sanitária, verificamos a importância de analisar o risco sanitário, pois, se temos uma probabilidade de algo acontecer, precisamos interferir nesta ação. A Vigilância Sanitária atua num território, e, para que as ações sejam mais eficazes e efetivas, temos que conhecer a realidade da população adstrita. É muito importante entender que o risco sanitário significa que a Vigilância Sanitária deve regular os riscos para que possam ser criadas medidas de prevenção, promoção ou fiscalização e punição para as melhores condições de saúde da população. O risco sanitário é a propriedade que tem uma atividade, um serviço ou uma substância de produzir efeitos nocivos ou prejudiciais à saúde humana. Anvisa, 2015). Esse fato nos chama a atenção pois é de responsabilidade da Vigilância Sanitária conhecer e detectar possíveis risco sanitários e saber avaliar a sua severidade. De acordo com a Anvisa, devemos planejar as ações da Vigilância Sanitária de acordo com o risco e sua classificação. Podemos classificar o planejamento dos riscos como etapas: 4 1. Estabelecer o contexto: nesta etapa, verificamos o que seria o nosso risco de acordo com a realidade do território, como percebemos a importância decada risco para a comunidade avaliando a necessidade em saúde. 2. Identificação do risco: detecção e reconhecimento dos riscos existentes, por que eles existem e qual é o impacto que causarão para a população daquele território. 3. Análise do risco: devemos analisar todas as ações do risco, a severidade e suas consequências. 4. Avaliação dos riscos: para entender a magnitude destes no território e para perceber se as abordagens realizadas estão sendo suficientes para eliminar ou minimizar as ações do risco. 5. Tratamento do risco: acontece com o controle do risco, no qual percebemos se as medidas tomadas pelo estabelecimento foram suficientes para diminuir ou eliminar o risco; após isso, é realizado constantemente o monitoramento do risco para verificar se as tomadas de decisão pelo estabelecimento foram suficientes para manter a eliminação ou a diminuição do risco ou se as medidas fracassaram ou pioraram o risco. Esse monitoramento deve ser constante. Por último, a comunicação do risco para conhecimento dos órgãos de interesse e da própria população, que podem acontecer pela mídia, por informativos ou, se for o caso, por relatórios para os órgãos competentes. Rinaldi e Barreiros (2007) citam que a comunicação de riscos não é um conjunto de técnicas voltadas a informar sobre a possibilidade de danos decorrentes da interação com determinados perigos, mas é parte integrante e estratégica do processo de gestão de riscos. 2.1 Sistema de Notificação e Investigação em Vigilância Sanitária – Notivisa O Notivisa é um sistema informatizado que entrou em funcionamento em 2006 com o intuito de captar os dados e as informações relativos a eventos adversos e queixas técnicas (desvios de qualidade que poderiam culminar em eventos adversos, mas que não atingiram o indivíduo). Entre 2013 e 2014, passou a incorporar também os chamados eventos adversos relacionados à 5 assistência à saúde, por ocasião do lançamento do Programa Nacional de Segurança do Paciente (Portaria nº 529, de 1º de abril de 2013). Esse sistema de informação pode ser usado tanto por órgãos competentes como por profissionais de saúde, desde que cadastrados no sistema e por meio de formulário preenchido. Nele, podemos registrar: cancelamento de registro, alterações de bulas, efeitos adversos de vacinas ou medicamentos, notas técnicas, alertas, comunicação de risco, entre outras ações. Reforçamos que o risco sanitário deve ser sempre levado em consideração desde o início das ações da vigilância sanitária, independentemente do tipo de estabelecimento, e muitas vezes é analisado com base no que é encontrado no estabelecimento na primeira inspeção. O potencial do risco sanitário pode ser mais intenso dependendo das condutas que os próprios estabelecimentos de interesse à saúde adotam, por exemplo: manual de boas práticas, procedimentos operacionais padrão (POP), capacitações frequentes, entre outras medidas. TEMA 3 – OS INSTRUMENTOS LEGAIS DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA Os instrumentos da vigilância sanitária são a base legal que institui as leis que devem nortear as ações nos estados do Brasil. Segue-se como base as legislações explicadas a seguir. 3.1 Constituição Federal Brasileira de 1988 Quando se trata da Constituição Federal (1988), devemos ter como base principalmente o art. 200, que traz o seguinte: Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; 6 V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação; VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. (Brasil, 1988) Esse artigo nos mostra a importância e a necessidade de inserir as ações da Vigilância Sanitária para o benefício da população. 3.2 Lei 8.080 de 1990 No que se trata da Lei nº 8.080/1990, no capítulo I, o art. 6º inclui as ações da vigilância sanitária na atuação do SUS. 3.3 Portaria de designação dos profissionais como fiscais sanitários Para que o fiscal possa realizar as devidas ações legais no processo de fiscalização, é obrigatório que ele seja designado pelo município. Os nomes de todos os designados que teriam o poder de atuar como fiscalizadores, tendo o poder de “polícia”, devem constar numa portaria instituída pelo Estado. Com essa designação, o profissional será considerado autoridade sanitária e poderá exercer todas as atividades inerentes à função de fiscal sanitário, que seriam: fiscalização, inspeção sanitária, autuação, instauração de processo administrativo, interdição, entre outras ações necessárias. 3.4 Instituição do Código Sanitário O Código Sanitário é a base legal mais importante para a Vigilância Sanitária. Ele pode ser nacional, estadual e municipal e traz como deverá ser realizada a organização, a regulamentação, a fiscalização e o controle das ações da Vigilância Sanitária. O Código Sanitário elenca o que devemos verificar nas ações relacionadas às inspeções, mostrando o que precisamos verificar em cada estabelecimento de interesse à saúde para manter a qualidade da atenção à saúde. Ele também informa em quais momentos podemos instaurar processo 7 administrativo, infração, interdição, apreensão de produtos, inutilização de produtos, cassação de licença sanitária ou cancelamento de autorização para o funcionamento. Além disso, descreve as infrações: advertência, multa e o valor descrito de cada multa de acordo com a gravidade. TEMA 4 – O PROCESSO ADMINISTRATIVO SANITÁRIO O Processo Administrativo Sanitário é o documento que pode ser utilizado para liberação de licença sanitária, licença de construção ou quanto punitivo, e neste caso se faz uma juntada de relatórios e provas contundentes para que se justifique a abertura do processo. Nele são estipulados prazos para as ações de resposta de defesa dos estabelecimentos. Quando punitivo, ele é apoiado em bases legais, como o código sanitário, o código e defesa do consumidor, entre outras legislações pertinentes para cada situação. Dias traz como conceito de Processo Administrativo Sanitário o seguinte: O processo administrativo sanitário é o instrumento usado pela Administração Pública com a finalidade de apurar as irregularidades sanitárias detectadas e as responsabilidades do infrator, assegurando a este a oportunidade de promover a ampla defesa e o contraditório ao que lhe é atribuído, de modo a respaldar, com juridicidade, a aplicação da penalidade correspondente que lhe for imputada. (2002) O processo administrativo sanitário punitivo sempre se inicia com um auto de infração, e por meio dele é que se faz a juntada de provas e outros documentos pertinentes. TEMA 5 – ATUAÇÃO DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA A Vigilância Sanitária tem diversas atuações dentro da legislação. As ações que tem como responsabilidade as seguintes: Estabelece normas e regulamentos – por meio da Anvisa, que é o órgão regulatório e fiscalizador –, então cria normas específicas para cada área de atuação, bem como de acordo com as necessidades de saúde da população. Regulamentam os processos de trabalho, produção, entre outros. Concede ou cancela
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