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VIGILÂNCIA SANITÁRIA

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VIIGILÂNCIA SANITÁRIA 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Elaine Grácia de Quadros Nascimento 
 
 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, abordaremos a História da Vigilância Sanitária e seus 
conceitos básicos. Veremos, também, neste módulo, as atividades básicas que 
a Vigilância Sanitária realiza de acordo com cada necessidade em saúde. Vamos 
descobrir em quais estabelecimentos a Vigilância Sanitária deve atuar e quais 
são os ramos de atividade da área. Ao longo da aula, o aluno deverá entender a 
Vigilância Sanitária, sua história, as áreas de atuação e quais ações desenvolve. 
TEMA 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA 
 A Vigilância Sanitária aparece já na Antiguidade, na Idade Média, entre 
outros tempos pelo mundo inteiro – cada lugar com suas necessidades em saúde 
em um dado momento, com o foco principalmente nas doenças e nas 
populações urbanas. 
Na Grécia, no período da antiguidade, havia o conhecimento de doenças 
como a dor de garganta e seu modo de transmissão; nesse momento, citamos 
também a difteria, uma doença que teve uma dimensão bem intensa para a 
época. 
Desde que se tem conhecimento da propagação das doenças, e suas 
formas de transmissão, as ações da vigilância epidemiológica e sanitária se 
fizeram necessárias em vários momentos do processo de adoecimento. 
Na Idade Média, surgem as primeiras necessidades de proteção ao 
consumidor, quando são revistas as práticas alimentares e a vigilância sanitária, 
principalmente com relação às práticas relacionadas a alimentos e à higiene. 
Como se tinha muito alimento adulterado sendo vendido, principalmente nas 
praças, surgiram ali as autoridades sanitárias, cujo principal papel era proteger 
as pessoas contra os vendedores de alimentos alterados. 
Na história mundial sobre a vigilância sanitária, temos alguns estudos que 
trazem a Alemanha como um dos primeiros países a desenvolver ações 
centradas na Vigilância Sanitária, no século XVIII. 
 O controle da saúde da população era feito pelo Estado; nessa época, 
havia o termo “polícia médica”. Em toda a Europa, o início das ações de 
Vigilância Sanitária ocorreu nesse período, com foco nas ações de prevenção 
de epidemias, mesmo sem entendimento completo da forma de transmissão das 
doenças. 
 
 
3 
Nos EUA, a Vigilância Sanitária teve início com a primeira Guerra Civil 
americana, no século XIX, também com a intenção de controlar epidemias. 
Nessa época, preocupava-se mais com as estruturas do que com as questões 
médicas. 
Todas as práticas desse período eram focadas primeiramente nas ações 
epidemiológicas e no controle das doenças, em grande parte pelo próprio 
desconhecimento das formas de transmissão e das ações de promoção e 
prevenção mais específicas, direcionadas para a Vigilância Sanitária. 
A cada descoberta de interesse epidemiológico e sanitário, a história ia se 
modificando; os homens foram se aprofundando nas ações sanitárias de acordo 
com a eliminação das doenças, priorizando as necessidades vigentes para a 
saúde da população. 
TEMA 2 – VIGILÂNCIA SANITÁRIA NO BRASIL 
No Brasil, a vigilância sanitária teria início já na colonização do Brasil, pois 
a chegada de pessoas estranhas ao ambiente das tribos indígenas acabou 
trazendo inúmeras doenças. 
Quando da vinda da família real, foi criado o controle sanitário, que era 
uma forma de ação voltada basicamente para garantir a higiene como um padrão 
mínimo, principalmente nos portos, onde chegavam pessoas de todo o mundo 
trazendo diversas doenças. 
Nessa época, atuava-se esencialmente nos portos, em serviços 
alimentares e cemitérios, ainda de forma precária e sem o conhecimento teórico 
que temos hoje, utilizando-se de um poder de “polícia”, porém ainda pouco 
efetivo. 
Uma das cidades do Brasil que primeiro investiu em ações voltadas para 
a vigilância sanitária foi o Rio de Janeiro, que já se urbanizava de maneira 
indiscriminada. Isso fez com que ocorressem o aumento da quantidade de 
sujeira, a proliferação de roedores e outros transmissores e a disseminação de 
doenças, entre outros agravos. 
Oswaldo Cruz, médico sanitarista renomado, atuou na prevenção da febre 
amarela, peste bulbônica e varíola. Para que isso desse certo, foi preciso tomar 
atitudes radicais para a eliminação de sujeiras, roedores, entre outras 
necessidades ligadas à saúde. Então, já nessa época, eram realizadas ações 
conjuntas de vigilância sanitária, ambiental e epidemiológica. 
 
 
4 
Carlos Chagas também teve um papel importante no controle das 
doenças, entre elas a gripe espanhola, em 1918, no Rio de Janeiro. Também 
teve importante papel como chefe do Departamento Nacional de Saúde Pública. 
Lembrando que o SUS foi instituído em 1988. Por meio, a política de 
saúde passou a prever as ações de vigilância em saúde, entre elas a Vigilância 
Sanitária. Depois, com a criação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária), as ações fiscalizatórias foram mais intensificadas e diversas 
legislações foram instituídas de acordo com as necessidades em saúde. 
Hoje, temos na Anvisa o órgão fiscalizador que determina ações voltadas 
para o risco sanitário; essas legislações são criadas em todas as áreas: 
alimentar, medicamento, hospitalar e qualquer área que necessite de uma 
legislação sanitária pertinente. 
O foco das ações da vigilância sanitária, independentemente da área de 
atuação, sempre será minimizar ou eliminar o risco sanitário. 
TEMA 3 – MARCOS HISTÓRICOS 
Vamos citar alguns marcos legais no desenvolvimento da Vigilância 
Sanitária: 
 1897 – Criada a Diretoria Geral da Saúde Pública pelo Decreto n. 2.449. 
 1920 – Criado o Departamento Nacional de Saúde Pública pelo Decreto 
n. 3.987. 
 1923 – Regulamento Sanitário Federal, Decreto n. 16.300. 
 1930 – Criação do Ministério da Educação e da Saúde Pública. 
 1953 – Criação do Ministério da Saúde pela Lei n. 1920. 
 1961 – Criado o Código Nacional de Saúde. 
 1976 – Decreto n. 79.506 – Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, 
que citava a promoção, a elaboração e a fiscalização de normas e padrões 
de interesse sanitário, principalmente em portos e aeroportos e a produtos 
e exercício profissional de interesse à saúde. 
 1977 – A Lei n. 6.437 dispõe sobre infrações à Legislação Sanitária 
Federal. 
 1988 – O art. 200 da Constituição Federal traz que, dentre as 
competências do SUS, temos atribuições como a execução das ações de 
 
 
5 
vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do 
trabalhador. 
 1990 – A Lei n. 8.080/1990 traz como funções da vigilância Sanitária: 
“entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações capaz de 
eliminar, prevenir ou reduzir riscos à saúde e de intervir nos problemas 
sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de 
bens e da prestação de serviços de interesse à saúde”. 
 1996 – A Vigilância Sanitária foi introduzida no SUS. 
 1999 – Lei n. 9.782, que cria a Anvisa, com o intuito de realizar o controle 
e a fiscalização sobre ações de comercialização e circulação de produtos 
como alimentos, de higiene e medicamentos, entre outro de interesse à 
saúde da população. 
 2006 – Pacto pela Saúde, que dispõe sobre o financiamento do SUS e as 
áreas de atuação, entre outras ações. 
 2011 – Decreto n. 7.508, que dispõe sobre a organização do SUS, o 
planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação 
interfederativa. 
 2013 – Regulamentadas as responsabilidades e definidas diretrizes para 
a execução e o financiamento das ações de Vigilância em Saúde pela 
União, pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios, com 
relação ao Sistema Nacional de Vigilância em Saúde e ao Sistema 
Nacional de Vigilância Sanitária. 
 2017 – Resolução RDC Anvisa/MS n. 153, de 26 de abril de 2017. A 
Licença Sanitária é o documento emitido pelo órgão de vigilância sanitária 
do SUS, que habilita a operação de atividadesespecíficas sujeitas à 
vigilância sanitária. 
 2017 - Resolução da Diretoria Colegiada, RDC n. 153, de 26 de abril, e a 
necessidade de definir o grau de risco sanitário das atividades 
econômicas de interesse à saúde conforme a codificação da Classificação 
Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) e seus respectivos 
procedimentos para licenciamentos. 
 2017 – A Redesim (Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da 
Legalização de Empresas e Negócios) foi instituída por meio da Lei 
Federal n. 11.598/07, para simplificar e desburocratizar os procedimentos 
de abertura ou regularização de empresas. 
 
 
6 
A reforma sanitária foi um marco importante no entendimento e na 
priorização das necessidades em saúde da população. A vigilância sanitária 
começou a ser estruturada efetivamente após a Constituição Federal, pois, até 
esse período, não havia políticas de saúde voltadas para ações de vigilância 
sanitária. 
Na Constituição Federal, a saúde foi incluída como dever do Estado; 
nesse momento, as ações da vigilância sanitária se fazem necessárias também 
para garantir esse direito, conforme citado acima. 
Quando se entende que a Vigilância Sanitária é um conjunto de ações 
voltados para a eliminação e minimização do risco sanitário, fica mais fácil 
entender todo o universo que ela compreende. 
O risco sanitário pode ocorrer em qualquer situação em que se perceba 
uma probabilidade de ocorrer algum dano à saúde. Esse risco pode ser avaliado 
no momento da tomada de decisão numa inspeção. Quanto maior o risco 
sanitário, mais energética a tomada de decisão numa inspeção da Vigilância 
Sanitária. 
A Redesim veio ao encontro da necessidade de avaliação do risco 
sanitário para o processo de Licenciamento Sanitário, com a intenção de facilitar 
a desburocratização da criação de estabelecimentos de interesse à saúde, e 
também de outros. Porém ela não elimina o acompanhamento e monitoramento 
dos estabelecimentos de interesse à saúde sempre que se fizer necessário 
independente do risco. 
Primeiramente, precisamos entender o conceito mais amplo do que 
significa Vigilância em Saúde. Nesse momento, temos as ações em conjunto da 
epidemiologia, da Vigilância Sanitária, da saúde ambiental e da saúde do 
trabalhador. Há, nesse âmbito, um universo de estabelecimentos e ações muito 
vasto, aos quais precisamos incorporar regras e ações, por meio de profissionais 
capacitados. É preciso, também, uma definição legislativa, abordando as 
diferentes atividades que estão vinculadas à ação da vigilância sanitária. 
TEMA 4 – ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELA VIGILÂNCIA SANITÁRIA 
O conceito relacionado à vigilância sanitária se depara com o objeto de 
ação da vigilância sanitária. Então, para tal, precisamos entender que as 
atividades da Vigilância Sanitária são basicamente: 
 
 
7 
 o estabelecimento de normas e regulamentos visando a melhoria das 
condições higiênico sanitárias; 
 a fiscalização dos estabelecimentos de saúde, incluindo, aqui, a aplicação 
de multas se for o caso; 
 conceder ou cancelar registro de produtos e autorizar o funcionamento de 
determinadas empresas; 
 em portos, aeroportos e fronteiras, lugares que são alvo da disseminação 
de doenças, é necessário seguir regras e garantir uma fiscalização 
efetiva; 
 monitorar propaganda, pois a vigilância sanitária responsabilidade pelo 
conteúdo das propagandas de produtos e serviços, visando a 
transparência e a veracidade das informações. 
 Levando-se em consideração as atividades acima citadas, a vigilância 
sanitária deve atuar de forma educativa, orientando e fiscalizando. Temos que 
conhecer o universo de estabelecimentos e também as necessidades de saúde 
da população. É preciso descobrir quais as doenças que mais atingem a 
população para, com base nesses indicadores, realizar ações mais efetivas. 
 As atividades desenvolvidas pela vigilância são as seguintes: 
 Atividades de rotina – Normalmente, o estabelecimento procura a 
Vigilância Sanitária para ações que envolvem liberação de perecer 
técnico, alvará de funcionamento, licença sanitária e aprovação de 
projetos arquitetônicos. 
 Atividades programadas – O município se organiza de acordo com a 
avaliação de risco sanitário, como por exemplo em hospitais, serviços de 
hemodiálise, indústrias de alimentos etc. 
 Atividades emergenciais – Existem várias atividades, mas dentre elas a 
que mais vemos é a relacionada aos estabelecimentos alimentícios, como 
surto alimentar ou a denúncia de utilização de produtos proibidos, tais 
como uso indiscriminado de formol em salão de beleza. 
 Demandas externas – São determinadas por denúncias de terceiros, por 
ações do Ministério Público, ouvidorias da população, entre outras fontes. 
 
 
 
 
8 
TEMA 5 – ESTABELECIMENTOS DE INTERESSE À SAÚDE 
 Temos que compreender que, em todo estabelecimento que possa 
oferecer algum tipo de risco à saúde das pessoas, a Vigilância Sanitária poderá 
atuar a qualquer momento. Quando citamos esses riscos à saúde, entendemos 
que qualquer estabelecimento pode ser um risco à saúde, pois, em qualquer 
estabelecimento, temos trabalhadores, e um dos ramos da Vigilância Sanitária é 
a preservação da vida dos trabalhadores – a saúde do trabalhador. Então, às 
vezes, a ação não se volta ao que o estabelecimento produz ou atende, mas às 
pessoas que trabalham. 
 Dentre os serviços mais comuns de interesse de fiscalização, 
monitoramento, avaliação e orientação da vigilância sanitária, temos: 
 serviços hospitalares, consultórios e clínicas; 
 tecnologia médica, como laboratórios, serviços de diagnóstico, materiais 
médicos; 
 alimentos, o que inclui fabricação, venda, distribuição, transporte, 
acondicionamento e manipulação de produtos alimentares; 
 beleza, limpeza e higiene, com produtos que vão desde o interesse a 
cosméticos e perfumes, até produtos de higiene e saneantes; 
 qualquer produto industrial de interesse à saúde, como produtos 
químicos; 
 educação e convivência, área que inclui escolas, creches, instituições de 
longa permanência, orfanatos e presídios; 
 lazer, como academias, salões de beleza, hotéis e clubes. 
 Cada um dos ramos citados poderá ser alvo de diversas ações, que vão 
desde orientação sobre legislações a seguir e informes técnicos, até ações de 
fiscalização, interdição e autuação de infrações já cometidas. É importante que 
o profissional que atua na vigilância sanitária conheça todas as legislações 
pertinentes, pois elas serão a base e o respaldo legal para os processos 
administrativos decorrentes de inspeções. 
NA PRÁTICA 
Considerando a importância do risco sanitário e das atividades 
relacionadas desenvolvidas no município de Dourado, a Secretaria Municipal de 
 
 
9 
Saúde precisa criar um cronograma de ação da Vigilância Sanitária para atuar 
na promoção e prevenção de doenças hidroveiculadas, e também na promoção 
e prevenção de infecção hospitalar. Para que isso ocorra de acordo com a 
necessidade em saúde, devemos ter alguns critérios de ação. Como isso deveria 
acontecer? 
 Primeiramente, devemos conhecer a realidade do território, as 
necessidades em saúde, pois, a partir desse levantamento, sabemos da 
importância de alguns tipos de atividades: de rotina, programada e de 
emergência. Logo, se conheço as necessidades da população, programo melhor 
as ações, sejam elas motivadas por uma denúncia ou por uma atividade 
programada, para realizar a inspeção ou a fiscalização em um hospital, onde se 
deve garantir a qualidade da assistência, visando uma diminuição dos 
indicadores de infecção hospitalar. 
 No caso das doenças hidroveiculadas, precisamos verificar se há 
indicação de necessidade a se houve denúncia, ou se há um aumento de casos 
de determinada doença. 
FINALIZANDO 
Devemos compreender, ao final do módulo, a importância da Vigilância 
Sanitária para a qualidadede vida da população, também a partir de uma 
perspectiva histórica. Afinal, a partir da história da Vigilância Sanitária, 
compreendemos quais ações são necessárias para atuar na prevenção de 
doenças de um modo geral. 
Vimos, nesse módulo, uma descrição do modo como a Vigilância Sanitária 
trabalha com avaliação de risco. Quanto maior o risco sanitário, mais vamos 
priorizar a ação da vigilância, seja ela fiscalizatória, de orientação ou mesmo a 
interdição de estabelecimentos. 
Vimos também que, dentro das áreas abordadas, estão alguns ramos 
previamente definidos: alimentos, beleza, limpeza e higiene, lazer, tecnologia 
médicas, educação e produção industrial e agrícola. 
Para terminar, enfatizamos que a avaliação do risco sanitário é de extrema 
importância para a priorização das atividades de vigilância. Dentro dessa 
priorização, devemos conhecer as necessidades de atuação, seja por meio de 
uma atividade de rotina, de emergência, por uma atividade programada ou por 
demandas externas. 
 
 
10 
 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. 
_____. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 20 set. 1990. 
COSTA, E.; ROZENFELD, S. Constituição da Vigilância Sanitária no Brasil. In: 
ROZENFELD, S. (Org.) Fundamentos da Vigilância Sanitária. Rio de Janeiro: 
Fiocruz, 2009. 
KORNIS, G. E. M. et al. A regulação em saúde no Brasil: um breve exame das 
décadas de 1999 a 2008. Physis Revista de Saúde Coletiva, v. 21, n. 3, p. 
1077-1102, 2011. 
MELLO, D. R.; OLIVEIRA, G. G.; CASTANHEIRA, L. G. A regulação de 
medicamentos. In: BUSS, P. M.; CARVALHEIRO, J. R.; CASAS, C. P. R. 
(Orgs.). Medicamentos no Brasil: inovação e acesso. Rio de Janeiro: Fiocruz, 
2008. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VIIGILÂNCIA SANITÁRIA 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Elaine Grácia de Quadros Nascimento 
 
 
CONVERSA INICIAL 
Quando abordamos a promoção e prevenção da saúde, temos uma 
quantidade enorme de informações, das mais simples às mais complexas. 
Temos que compreender os conceitos mais importantes com relação à 
promoção e prevenção. Neste módulo, veremos também modelos explicativos 
do processo saúde-doença. Trataremos, também, sobre o processo saúde-
doença e seus conceitos, exemplificando-os. Nesta aula, o aluno deverá 
compreender a determinação do processo saúde-doença, sua história, as 
intervenções no processo e quais são as ações típicas. 
TEMA 1 – PROCESSO SAÚDE-DOENÇA 
Nesta aula, o aluno deverá compreender a determinação do processo 
saúde-doença, sua história, as intervenções do processo e quais ações 
acontecem caracteristicamente. Podemos definir saúde como uma situação de 
completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência da doença. 
Devemos analisar esse conceito e entender que é impossível atingir essa 
situação de saúde plenamente. Assim, podemos entender a importância de 
prever como os fatores externos desempenham papel importante no processo 
saúde-doença. 
Nesse ínterim, doença é uma alteração do equilíbrio entre o ser humano, 
os agentes e o meio. Neste momento, temos que realizar uma avaliação das 
transformações, seja pelo território ou pelas características de saúde ou culturais 
da população. 
Podemos entender que a saúde é um conjunto de condições adequadas 
de alimentação, moradia, lazer, trabalho, atenção à saúde, entre outras. Mendes 
(2009) aponta que temos uma tripla carga de doença: as doenças infecciosas e 
parasitárias, as doenças crônicas e as mortes ou invalidez por violências/causas 
externas. 
Essas condições interferem no adoecimento. Nesse âmbito, temos a 
vigilância sanitária com um papel importante no adoecimento, pois a vigilância 
sanitária interfere nos processos de saúde ambiental e nas condições higiênico-
sanitárias dos estabelecimentos de interesse à saúde – mesmo ou quando atua 
na saúde do trabalhador, entre outras ações. 
 
 
3 
Vamos voltar ao passado, no ano de 1986, e relembrar da carta de Otawa, 
cujos participantes comprometiam-se a: 
 atuar no campo das políticas públicas saudáveis e advogar um 
compromisso político claro em relação à saúde e à equidade em todos os 
setores; 
 agir contra a produção de produtos prejudiciais à saúde, a degradação 
dos recursos naturais, as condições ambientais e de vida não-saudáveis 
e a má-nutrição; e centrar sua atenção nos novos temas da saúde pública, 
tais como a poluição, o trabalho perigoso e questões relacionadas a 
habitação e assentamentos rurais. 
Isso só nos mostra que as ações de vigilância sanitária foram sempre 
vistas como prioridade para a garantia da qualidade de vida da população. 
TEMA 2 – MODELOS EXPLICATIVOS DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA 
Na história da humanidade, sempre se tentou explicar o processo de 
saúde e adoecimento. Em vários momentos da história, e dependendo da 
evolução das tecnologias, os homens descreveram modelos explicativos do 
processo saúde-doença, com diferentes concepções, modificando as 
necessidades em saúde. 
Dentre os modelos explicativos do processo saúde de doença, temos os 
seguintes: 
 Modelo mágico-religioso – Neste modelo, temos como referência que o 
adoecimento ocorre por causas sobrenaturais, e que a religião seria um 
ponto de partida para o cuidado. Acreditava-se nos espíritos do bem e do 
mal, entre outras divindades. 
 Modelo holístico – Aqui temos o processo saúde como um equilíbrio 
entre os elementos e humores que compõem o ser humano. Quando 
temos o processo de doença, há um desequilíbrio nos elementos do ser 
humano. Aqui temos como exemplo a medicina hindu e chinesa. 
 Modelo hipocrático – Hipócrates estudou as formas de explicar a saúde 
e a doença com base nos elementos água, terra e fogo. Existia uma 
explicação não sobrenatural para a saúde e a doença. 
 
 
4 
 Modelo biomédico – Neste modelo, vemos o homem como uma 
máquina. Analisamos as partes de um todo, fragmentadas. Uma máquina 
e suas engrenagens: um problema pode ser definido como um desajuste 
no funcionamento da máquina. 
 Modelo sistêmico – Este modelo vê o processo saúde-doença de uma 
forma mais abrangente, avaliando o conjunto do sistema e todos os seus 
elementos. Ele se contrapõe ao modelo biomédico, quando se via uma 
fragmentação das ações. 
 Modelo da história natural da doença – Aqui vemos a tríade hospedeiro, 
meio e agente causador. Neste modelo, compreendemos a inter-relação 
entre esses fatores para o desenvolvimento de uma patologia, e 
entendemos que a histórias natural da doença tem níveis de prevenção 
que se dividem em dois períodos: pré-patogênico e patogênico. O período 
pré-patogênico se refere ao período de interação entre o homem, o meio 
e o agente, quando devemos atuar com medidas de promoção e 
prevenção. O período patogênico já tem alterações com a presença de 
sinais e sintomas, e devemos ter como prioridade ações para o 
diagnóstico e o tratamento precoces, evitando agravamentos e a limitação 
de danos, de modo a promover uma reabilitação mais eficaz. 
TEMA 3 – DETERMINAÇÃO DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA 
O processo saúde-doença está calcado em uma legislação que auxilia na 
determinação de ações, que é a Política Nacional da Promoção da Saúde. Ela 
visa promover a qualidade de vida e tem como foco a diminuição das 
vulnerabilidades e dos riscos relacionados à saúde, envolvendo os 
determinantes e condicionantes do processo. 
Temos como exemplo alguns fatores como: moradia, trabalho, modo de 
viver, educação, meio ambiente, cultura, entre outros. 
Existem ações que vêm ao encontro das necessidades de saúde da 
população, e que estão contempladas na Política Nacional de Promoção à 
Saúde, com o intuito de diminuir ou minimizar riscos para a saúde: 
 alimentação saudável; 
 prática corporal e atividade física; 
 prevenção e controle de tabagismo;5 
 diminuição de morbimortalidade pelo uso de drogas e álcool; 
 acidentes de trânsito; 
 prevenção de violência. 
Temos ainda alguns determinantes da saúde: 
 biológicos; 
 físicos; 
 químicos; 
 políticas públicas; 
 nutricional; 
 econômico; 
 cultural/educação; 
 sócio-histórico. 
Para tratamos dos determinantes do nível de saúde da população, temos 
o exemplo de Mark Lalonde, Ministro da Saúde do Canadá, que investiu em 
determinantes inversos à doença, com a promoção da saúde. 
Figura 1 – Determinantes da saúde (Modelo de Dahlgreen e Whitehead)
 
Fonte: Elaborado com base em Dahlgreen; Whitehead, 1991. 
 
 
 
 
6 
TEMA 4 – PROMOÇÃO E PREVENÇÃO 
Os níveis de prevenção de Leavell e Clark são bastante discutidos, pois 
trabalham a promoção e a prevenção, buscando tanto orientar quanto criar ações 
que eliminem ou minimizem as causas das doenças (as determinantes e as 
condicionantes). 
Para Leavell e Clark (1976), a prevenção da doença é dividida em três 
níveis: primário, secundário e terciário, que são divididos em período pré-
patogênico e patogênico. Entende-se, nesse contexto, que a promoção da saúde 
é um esforço da comunidade organizada para desenvolver políticas que 
melhorem as condições de saúde da população. 
 A promoção da saúde tem um olhar mais abrangente sobre a ausência 
da doença, e também sobre o que determina o adoecimento. Devemos ter 
políticas públicas voltadas para a promoção da saúde, e para isso é preciso 
primeiramente conhecer o território e suas necessidades em saúde. Somente 
com esse levantamento poderemos ter uma política de saúde adequada para a 
nossa realidade. 
A vigilância sanitária atua sobre o risco sanitário e suas ações são tanto 
de promoção em saúde quanto fiscalizatória, então as ações de promoção são 
importantes para o controle dos riscos sanitários. 
A promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação da 
comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo 
uma maior participação no controle desse processo. Então, a promoção ocorre 
tanto nas ações dos profissionais da saúde quanto na participação ativa da 
população. Esse conceito foi definido em 1986, na Primeira Conferência 
Internacional sobre Promoção da Saúde, que originou a Carta de Ottawa. 
As ações preventivas, por sua vez, definem-se como intervenções 
orientadas a evitar o surgimento de doenças específicas, reduzindo sua 
incidência e a prevalência nas populações (Czeresnia; Freitas, 2003). A 
prevenção se orienta a ações de detecção, controle e enfraquecimento dos 
fatores de risco de enfermidades, sendo o foco a doença e os mecanismos para 
atacá-la. 
 
 
 
 
7 
TEMA 5 – INTERVENÇÃO DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA NO PROCESSO 
SAÚDE-DOENÇA 
Partindo de determinantes, das necessidades em saúde e dos problemas 
de saúde, conseguimos diminuir os riscos sanitários em conjunto com as ações 
voltadas para a vigilância em saúde. A vigilância sanitária, hoje, deverá abordar 
as ações de promoção em saúde. Devemos atuar na promoção e prevenção. 
Devemos incluir ações de educação na promoção e prevenção das doenças. 
A Lei n. 8.080, de 1990, nos traz que a vigilância sanitária seria um 
conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir risco à saúde, além de 
intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente. 
Por esses motivos, temos a vigilância sanitária, hoje, com um foco 
importante em ações de promoção da saúde, conforme previsto também na 
legislação vigente, com a Lei n. 8.080 e a Portaria n. 1.378/2013, em seu art. 6º. 
A vigilância sanitária tem vários campos de atuação. Sua 
responsabilidade é garantir o acesso a serviços de qualidade e a promoção de 
saúde da população, com atividades de fiscalização, mas também com 
atividades de orientação sanitária, prevenindo riscos à saúde da população e 
indo ao encontro das propostas da Política Nacional de Promoção da Saúde. 
Buss (2000) aponta que a promoção da saúde visa assegurar a igualdade 
de oportunidades e proporcionar os meios (capacitação) que permitam a 
todas as pessoas realizar completamente seu potencial de saúde. Os indivíduos 
e as comunidades devem ter oportunidade de conhecer e controlar os fatores 
determinantes da sua saúde. Ambientes favoráveis, acesso à informação, 
habilidades para viver melhor, bem como oportunidades para fazer escolhas 
mais saudáveis, estão entre os principais elementos capacitantes. Então, é a 
partir desse conceito que entendemos que a vigilância sanitária poderá atuar nas 
ações de promoção e prevenção da saúde no momento que, por exemplo, 
realiza uma inspeção e orientação relacionadas à presença de roedores em um 
estabelecimento alimentar, quando estará prevenindo doenças como a 
leptospirose. O mesmo acontece quando atua na prevenção de uma intoxicação 
por algum produto químico negociado por empresas clandestinas, orientando a 
população dos riscos. Temos também o exemplo de orientação para acúmulo de 
água e prevenção de dengue, chicungunya e zika. 
Portanto, as ações de vigilância são amplas, e todas estão intimamente 
ligadas primeiramente à orientação e depois à fiscalização e punição. 
 
 
8 
NA PRÁTICA 
Um estabelecimento do ramo de atividade alimentar apresentou 15 casos 
de intoxicação alimentar no mesmo dia. As pessoas se alimentaram e passaram 
mal, com quadro de diarreia e vômitos, e fizeram uma denúncia à secretaria de 
saúde do município. A denúncia chega para dois setores importantes, que seriam 
a Vigilância Epidemiológica e a Vigilância Sanitária. 
Partindo desta situação, o que podemos perceber de ações conjuntas 
para a prevenção de doenças e promoção da saúde? Os setores têm uma ação 
conjunta. Qual seria? 
FINALIZANDO 
Neste módulo, compreendemos a importância da vigilância sanitária nas 
ações de promoção à saúde e prevenção a doenças. Vimos a história do 
processo saúde-doença, reconhecendo que há vários modelos explicativos do 
processo. Na sequência, descrevemos a ideia de cada um. 
Devemos compreender a importância do processo de determinação da 
saúde e da doença. 
Quando Leavell e Clark (1976) descrevem os períodos de uma doença, 
citando os períodos pré-patogênico e patogênico, e a atuação de cada um nas 
ações de promoção e prevenção, pensamos logicamente no impacto a curto e 
longo prazo. 
A vigilância sanitária deve dar informações visando orientar sobre ações 
que diminuam o risco sanitário, minimizando, com isso, os processos de 
adoecimento da população. Todas as ações da vigilância sanitária devem vir, 
primeiramente, como ações orientativas; somente após esse primeiro momento 
há as ações fiscalizatórias e punitivas. 
 
 
 
 
9 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Brasília, DF, 20 set. 1990. 
BUSS, P. M. Promoção da saúde e qualidade de vida. Ciência & Saúde 
Coletiva, v. 5, n. 1, p. 163-177, 2000. 
CZERESNIA, D.; FREITAS, C. M. (Orgs.) Promoção da saúde: conceitos, 
reflexões, tendências. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2003. 
DAHLGREEN, G.; WHITEHEAD, M. Policies and strategies to promote social 
equity in health. Stockholm: Institute for Future Studies, 1991. 
LALONDE, M. A new perspective on the health of Canadians: a working 
document. Ottawa, 1974. 
LEAVELL, H. R.; CLARK, E. G. Medicina preventiva. São Paulo: McGraw Hill 
do Brasil, 1976. 
MENDES, E. V. As redes de atenção à saúde. Belo Horizonte: Escola de Saúde 
Pública de Minas Gerais, 2009. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VIGILÂNCIA SANITÁRIA 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Elaine Grácia de Quadros Nascimento 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Abordaremos o tema sobre a base legal da vigilância sanitária e alguns 
conceitos básicos. Veremos também a Vigilância Sanitária (VISA) e a 
importância de conhecer o território em que atua. 
Estudaremos os instrumentos de ação da VISA,por exemplo os planos 
municipais, o plano diretor, a programação anual, entre outros. 
Ao final, você deverá entender a Vigilância Sanitária, sua base legal, quais 
são os instrumentos de planejamento de ações da VISA e como devemos 
compreender o território de ação e todas as suas particularidades e 
características. 
TEMA 1 – O DIREITO SANITÁRIO E A VIGILÂNCIA SANITÁRIA 
Quando discutimos o papel do direito sanitário nas ações da vigilância 
sanitária, percebemos que precisamos de uma base sólida e focada para 
embasar toda a estrutura. 
O direito dentro do contexto da saúde pode iniciar com direitos sociais, 
em que se querem preservar os direitos de uma sociedade garantindo ações 
básicas. 
O Manual de Direito Sanitário de 2006 cita que, no final do século XVIII, 
Jean-Jacques Rousseau defendia que os direitos inalienáveis do homem seriam 
a garantia equilibrada da igualdade e da liberdade. Para Rousseau, a liberdade 
consistia no direito de obedecer às leis e vê-las sendo obedecidas. 
O filósofo francês desenvolveu, então, a obra que talvez mais tenha 
influenciado os revolucionários franceses, na qual defende que a organização 
social deve basear-se em um contrato social firmado entre todos os cidadãos 
que compõem a sociedade. Por meio do contrato social, o cidadão cede parcela 
de sua liberdade ao Estado, que se incumbirá de garantir o uso e o gozo plenos 
dos demais direitos naturais e inalienáveis do homem, como a própria liberdade 
(ou o que restar dela), a segurança e a propriedade (Rousseau). 
Após o término da Segunda Guerra Mundial, e para minimizar as ações e 
o impacto dos horrores dela para toda a população mundial, foi criada a 
Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948. 
O direito social iniciou-se no século XX, mais especificamente com a 
instituição da Constituição Brasileira, em 1988, a qual cita: “todos são 
 
 
3 
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. 
(Brasil, 2003) 
Temos alguns momentos importantes para garantir o cuidado integral, a 
liberdade e a igualdade, que são o direito humano e o direito à saúde. 
Se entendermos que esses conceitos estão interligados e amadurecem 
um conceito maior, que é o direito sanitário, fica fácil perceber os requisitos para 
garantir as condições necessárias para a saúde integral da população. 
Como base para o direito sanitário, temos organizações de extrema 
importância, como é o caso da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da 
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). 
Em 1999, foi criada a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), 
o órgão responsável por instituir legislações para promover a proteção da saúde 
da população, com a utilização do direito sanitário e de suas regras. Realiza-se 
o controle sanitário dos bens de produção e consumo, dos serviços de interesse 
à saúde, entre outros. 
O Manual de Direito Sanitário, de 2006, com enfoque na vigilância em 
saúde, cita que o objetivo do direito sanitário tem o seguinte conceito: 
Reduzir os riscos de doenças e de outros agravos à saúde da 
população, o direito sanitário, além de condicionar e proibir condutas, 
também orienta os poderes públicos na adoção de medidas concretas 
que identifiquem os possíveis riscos à saúde que podem existir na 
sociedade e os órgãos públicos responsáveis na adoção de medidas 
cabíveis para tentar evitar que o risco se concretize ou para reduzir os 
possíveis danos que os riscos identificados certamente irão causar. 
(Ministério da Saúde, 2006) 
TEMA 2 – A VIGILÂNCIA SANITÁRIA – A BASE LEGAL 
Vamos citar a base legal no desenvolvimento da vigilância sanitária, em 
que temos várias legislações que são tanto municipais quanto estaduais ou 
federais. Elas podem ser decretos, portarias ou outra forma de garantir os 
direitos do cidadão. 
Se lembrarmos da história da Vigilância Sanitária, veremos que desde os 
primórdios ela traz as ações atreladas a alguma base legal. A base legal da 
Vigilância Sanitária é recente e está na Constituição Federal (1988) no art. 200. 
Ao Sistema Único de Saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da 
lei: “Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de 
saúde do trabalhador” (Brasil, 1988). 
 
 
4 
Outra legislação é a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990: 
Entende-se por Vigilância Sanitária um conjunto de ações capazes de 
eliminar ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas 
sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de 
bens e da prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo: 
1. O controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se 
relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e 
processos, da produção ao consumo; e 
2. O controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou 
indiretamente com a saúde. (Brasil, 1990) 
Com a Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999, cria-se a ANVISA, à qual 
foram atribuídas ações de controle e fiscalização. 
A Portaria nº 1.172, de 15 de junho de 2004, traz as ações que são 
atividades de responsabilidade da vigilância em saúde como sendo as seguintes: 
 Vigilância em doenças transmissíveis; 
 Vigilância de doenças e agravos não transmissíveis e de seus fatores de 
risco; 
 Vigilância ambiental em saúde; 
 Vigilância da situação de saúde; 
 Vigilância sanitária incorporada em diversos estados e municípios. 
Em 2006, com o pacto pela saúde, foram descritas as ações definidas 
como estratégicas para a vigilância em saúde, compreendendo ações de 
vigilância epidemiológica, saúde do trabalhador, doenças emergentes, entre 
outras. Lembrando que o pacto pela saúde era dividido em três dimensões: pacto 
pela vida, em defesa do SUS e de gestão. Ele contemplava diversas estratégias 
gerais que poderiam ser utilizadas de acordo com a necessidade em saúde de 
cada população, e nessas estratégias teríamos as ações, o planejamento e a 
definição dos limites financeiros das ações para poder priorizar as ações e 
estratégias de acordo com as necessidades em saúde. 
O plano diretor da Vigilância Sanitária foi aprovado na Portaria nº 1.052, 
de 8 de maio de 2007. Nele, temos descritas ações para o reconhecimento da 
VISA, do planejamento e da estruturação de ações da VISA. 
A Portaria nº 3.252/GM, de 22 de dezembro de 2009, aprova as diretrizes 
para a execução e o financiamento das ações de vigilância em saúde, entre 
outras providências. 
 
 
5 
Precisamos compreender que esta portaria traz a vigilância em saúde 
como uma análise constante das necessidades em saúde de uma população, e, 
para que seja possível utilizar da forma adequada os recursos financeiros, 
precisamos estar em constante avaliação, análise de riscos, conhecimento do 
território, sempre com o intuito de garantir a integralidade do cuidado. Esta 
integralidade vai desde promoção, prevenção e outros cuidados específicos de 
acordo com cada região, população, entre outras abordagens. 
A Portaria nº 3.252 traz, entre os conceitos de vigilância em saúde: 
 Vigilância da situação em saúde: nesse momento, devemos monitorar as 
ações em saúde, incluindo território, necessidades, equipes, indicadores 
de saúde, entre outras necessidades em saúde. 
 Vigilância em saúde ambiental: na saúde ambiental, devemos nos 
preocupar com as ações de impacto na mudança de fatores 
condicionantes e determinantes do processo de saúde-doença e que 
afetam de alguma forma o meio ambiente e propiciam doenças 
relacionadas ao ambiente, como doenças relacionadas a poluição 
ambiental, doenças transmitidas por vetores, entre outras. 
 Vigilância da saúde do trabalhador: são ações voltadas para preservar a 
saúde dos trabalhadores, tanto do ambiente em que o trabalhador está 
inserido quanto doenças relacionadas a sua atividade.A necessidade é 
atuar em indicadores de saúde para redução da morbimortalidade dos 
profissionais. 
 Vigilância sanitária: nela se inserem várias ações capazes de eliminar, 
minimizar riscos à saúde da população. 
Aqui, devemos atuar em qualquer estabelecimento de interesse à saúde, 
seja ele de saúde, de circulação de bens, de serviços de saúde, de alimentos, 
entre outras atividades. 
O Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011, traz a regulamentação da 
Lei nº 8.080. Entre as ações, está a divisão das regiões de saúde, para trabalhar 
melhor as necessidades de cada região dentro de uma estratégia maior. 
Também criou o mapa da saúde, que mostra a descrição geográfica da 
distribuição de recursos humanos e de ações e serviços de saúde, e por meio 
dele conseguimos utilizar melhor os recursos financeiros e atuar de maneira mais 
otimizada e com qualidade. 
 
 
6 
A Portaria nº 1.378, de 9 de julho de 2013, mais atualizada com relação 
às ações e descrições da vigilância em saúde, nos traz uma redivisão desta, 
dando novo enfoque. Regulamenta as responsabilidades e define diretrizes para 
execução e financiamento das ações de vigilância em saúde pela União, pelos 
estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios relativos ao Sistema Nacional 
de Vigilância em Saúde e Sistema Nacional de Vigilância Sanitária: “Art. 4º As 
ações de Vigilância em Saúde abrangem toda a população brasileira e envolvem 
práticas e processos de trabalho voltados para as ações das vigilâncias” (Brasil, 
2013). 
TEMA 3 – PLANEJAMENTO E PROGRAMAÇÃO EM VIGILÂNCIA SANITÁRIA 
Quando citamos planejamento e programação de ações, temos como 
estratégia melhorar indicadores de saúde, diminuir ou eliminar riscos sanitários 
e utilização de recursos financeiros. 
A finalidade do planejamento em saúde das ações da vigilância sanitária 
é para que se possa atuar em promoção e prevenção de riscos, e não apenas 
nas ações de emergência, demandas de ministério público, entre outras formas 
de demandas. 
O planejamento bem-feito serve como medida para detectar 
necessidades em saúde antes do problema iminente acontecer. Se planejamos 
as ações de acordo com as necessidades em saúde, certamente teremos um 
melhor aproveitamento de recursos físicos, materiais e financeiros. 
Para termos um planejamento mais dentro possível da realidade local, é 
preciso primeiro fazer a análise e o conhecimento do território. Partindo deste 
conhecimento, teremos ações mais direcionadas para a realidade daquele 
território. 
Então, como conceito de planejamento, vemos o seguinte: “Planejar 
consiste, basicamente, em decidir com antecedência o que será feito para mudar 
condições insatisfatórias no presente ou evitar que condições adequadas 
venham a deteriorar-se no futuro” (Chorny, 1998). 
Para que tenhamos um impacto importante nas ações em saúde, 
precisamos primeiro conhecer a realidade de necessidade em saúde, e, com 
base nesse conhecimento, podemos iniciar um planejamento estratégico. 
 
 
7 
Para que o planejamento dê certo, inicia-se com levantamento de 
realidade, de recursos, materiais e financeiros. Elencamos as prioridades de 
maior impacto nos indicadores de saúde. 
A programação em saúde faz parte do processo de planejamento. Seria 
uma continuidade do levantamento, em que devemos definir uma descrição do 
objetivo que se deseja atingir, quais recursos serão necessários, quem são os 
atores sociais que farão parte, entre outras ações. 
Reforçamos que, para que o planejamento dê certo, colocamos em prática 
as ações necessárias, e a elas chamamos programação em saúde. O 
documento mais importante neste processo seria o Plano de Saúde. 
A Programação Anual de Saúde é o instrumento que operacionaliza as 
intenções expressas no Plano de Saúde (Brasil, 2009): 
Objetivos: 
 Integrar o processo geral de planejamento das três esferas de 
governo de forma ascendente, coerente com os respectivos planos 
municipal, estadual e nacional de saúde, para o ano 
correspondente; 
 Consolidar o papel do gestor na coordenação da política de 
saúde; 
 Viabilizar a regulação, o controle e a avaliação do sistema de 
saúde; 
 Definir a macro alocação dos recursos do SUS para o 
financiamento do sistema; 
 Promover a integração dos sistemas municipais de saúde; 
 Explicitar o pacto de gestão e o comando único em cada esfera 
de governo; 
 Contribuir no desenvolvimento de processos e métodos de 
avaliação de resultado e controle das ações e serviços de saúde. 
Na programação, são detalhadas – com base nos objetivos das diretrizes 
e das metas do Plano de Saúde – as ações, as metas anuais e os recursos 
financeiros que operacionalizam o respectivo plano. 
A Vigilância Sanitária realiza a sua programação de ações por meio do 
Plano Diretor da Vigilância Sanitária. Nele, são estabelecidas diretrizes e metas 
para suas ações. 
 
 
8 
TEMA 4 – INSTRUMENTOS DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA 
Os instrumentos utilizados para o planejamento e a programação da 
Vigilância Sanitária seriam: 
4.1 Plano de Saúde – para a melhor descrição de planejamento de ações 
Define-se como Plano de Saúde o instrumento que, com base em uma 
análise situacional, apresenta as intenções e os resultados a serem buscados 
no período de quatro anos, expressos em objetivos, diretrizes e metas (Brasil, 
2009). 
Objetivos: expressam o que se pretende fazer acontecer a fim de superar, 
reduzir, eliminar ou controlar os problemas identificados. 
No Plano de Saúde, são definidas estratégias de ação, contratos, 
programações, compromissos para se atingir metas importantes no impacto das 
políticas de saúde do município. 
4.2 Programação Anual de Saúde 
Segundo o Ministério da Saúde, a Programação Anual de Saúde é o 
instrumento que operacionaliza as intenções expressas no Plano de Saúde 
(Brasil, 2009). 
A programação é realizada de acordo com o território e suas 
necessidades de saúde, sempre levando em consideração as metas e diretrizes 
do Plano de Saúde. 
A programação é reavaliada e monitorada, e devemos acompanhar os 
resultados das ações. Podemos rever as estratégias e reorganizar as ações para 
atingir as metas sempre que necessário. 
Na programação, devemos detalhar objetivos a alcançar, alocação de 
recursos, parcerias necessárias, propostas para atingir os objetivos, atores 
sociais envolvidos, intersetorialidade, entre outras ações. 
Conforme estabelecido no PDVISA, o Plano de Ação em Visa é uma 
ferramenta de planejamento, em que estão descritas todas as ações que a 
Vigilância Sanitária pretende realizar durante um exercício (um ano), assim como 
as atividades a serem desencadeadas, as metas e os resultados esperados e 
seus meios de verificação, os recursos financeiros implicados, os responsáveis 
e as parcerias necessárias para a execução dessas ações. Nesse sentido, ele 
 
 
9 
busca dar concretude ao PDVISA e incorpora a lógica sistêmica do PlanejaSUS 
(Brasil, 2007). 
O Plano de Ação em Visa tem duas partes essenciais: 
 A análise situacional da VISA local; e 
 A definição de áreas temáticas (de estruturação e de intervenção), ações, 
atividades, metas/resultados esperados e seus meios de verificação, 
responsáveis, parcerias e recursos financeiros necessários, além de 
outras informações que a Secretaria Municipal/Estadual de Saúde julgue 
necessárias. 
O plano diretor deve ser acompanhado e monitorado com regularidade 
para que se atinjam os objetivos descritos. Devemos lembrar que podemos 
reestruturar as ações para alcançar as metas propostas. 
O Relatório de Gestão é o instrumento que acompanha e monitora a 
execução da Plano Anual de Saúde, no qual devemos apresentar o que 
atingimos das ações previstas nas metas. 
TEMA 5 – O TERRITÓRIO E A VIGILÂNCIA SANITÁRIA 
O termo território origina-se do latim territorium, que deriva de terra e nos 
tratados de agrimensura aparece com o significado de “pedaço de terra 
apropriada”.Em uma acepção mais antiga, pode significar uma porção 
delimitada da superfície terrestre (Haesbaert, 1997, 2005; Souza; Pedon, 2007). 
Para Haesbaert e Limonad (2007), nas ciências sociais a utilização do conceito 
de território envolve três pressupostos: o primeiro refere-se à diferença entre 
território e espaço geográfico; o segundo, à construção histórica do território, o 
que coloca o território como social, com base nas relações de poder; por fim, o 
terceiro pressuposto enfatiza o território em sua dimensão mais subjetiva 
(dominação e identidade) e em outra objetiva (instrumentos de ação político-
econômica). 
Temos que ter claro que em todo estabelecimento que puder ter algum 
tipo de risco à saúde das pessoas, a Vigilância Sanitária poderá atuar. Para que 
se possa agir mais diretamente, devemos conhecer nosso território e as 
necessidades em saúde desta população. 
Com o objetivo de termos ações de impacto, com minimização ou 
eliminação de risco, devemos: 
 
 
10 
 Atuar no conhecimento do território e dos indicadores de saúde. 
 Atuar com ações de prevenção e promoção de saúde para a população. 
 Detectar ações necessárias para a saúde do trabalhador. 
 Manter a vigilância de riscos ambientais para a população. 
 Realizar ações de vigilância sanitária voltadas para atuar nos riscos 
sanitários. 
Quando vamos analisar a situação de um território, precisamos: 
 Realizar coleta de dados necessários – sejam demográficos, de recursos 
humanos, de indicadores de saúde ou dos sistemas de informação em 
saúde disponíveis pelo SUS. 
 Após a coleta dos dados, devemos interpretá-los. 
 Verificar situações gerais, como: problemas sanitários, ambientais, 
destino dos resíduos de saúde, qualidade de água, entre outras situações. 
 Conhecer a população, seu adoecimento, suas necessidades. 
 Conhecer os estabelecimentos de interesse à saúde e quais ações são 
necessárias para melhorar a qualidade do atendimento à população com 
relação a questões sanitárias. 
Isso tudo se faz necessário para se conhecer o perfil da comunidade, seus 
problemas e necessidades em saúde, bem como os recursos disponíveis para 
que as ações aconteçam. 
NA PRÁTICA 
O Plano Diretor da Vigilância Sanitária é a base para que ações voltadas 
para as reais necessidades em saúde aconteçam, sempre priorizando o risco 
sanitário. 
Em um determinado município, o gestor realizou um reconhecimento de 
seu território e, pela detecção de problemas e de indicadores de saúde, analisou 
as possíveis abordagens para uma determinada situação. 
O município tem um índice muito alto de problemas relacionados ao 
acúmulo de resíduos sólidos, pois alguns dos estabelecimentos de saúde não 
têm destino adequado para seu lixo hospitalar. Outra situação detectada foi o 
 
 
11 
aumento de focos do mosquito Aedes aegipty, o que permite o aparecimento de 
diversas doenças, como: dengue, febre amarela, zica, entre outras. 
Com relação a farmácias, no município é comum denúncias das farmácias 
de manipulação. 
Frente a este diagnóstico, qual seria o papel do Plano Diretor? Que 
importância tem o fato de desenvolver um planejamento completo seguindo as 
diretrizes de cada programa? 
FINALIZANDO 
Esta aula tem um papel importante para que consigamos melhorar os 
indicadores de saúde e saber quais são as necessidades em saúde da 
população, pois o planejamento das ações para atingir metas é necessário para 
a otimização de recursos e a melhoria da qualidade em saúde. 
A necessidade de compreender a programação em saúde da Vigilância 
Sanitária serve para que a atuação seja realizada de acordo com a realidade de 
cada território. A programação em saúde existe para atingir as metas do Plano 
de Saúde e sempre avaliar e monitorar as necessidades. 
Ao conhecer o território que será abordado, podemos verificar quais 
recursos podemos utilizar, quais ações são de maior prioridade e relevância, 
para conhecer o perfil da comunidade elencada. 
 
 
 
12 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. 
_____. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Plano Diretor de Vigilância 
Sanitária. Brasília: Anvisa, 2007. Disponível em: 
<http://www.anvisa.gov.br/institucional/pdvisa/index.htm>. Acesso em: 
BRASIL. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Brasília, DF, 20 set. 1990. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Direito Sanitário com Enfoque na 
Vigilância em Saúde. Disponível em: 
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/10001021420.pdf>. Acesso em: 6 
jan. 2019. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Manual de 
planejamento no SUS. Disponível em: 
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/articulacao_interfederativa_v4_ma
nual_planejamento_atual.pdf>. Acesso em: 6 jan. 2019. 
CHORNY, A. H. Planificación en salud: viejas ideas en nuevos ropajes. 
Cuadernos Médico-Sociales, v. 73, p. 23-44. Buenos Aires, 1998. 
COSTA, E.; ROZENFELD, S. Constituição da Vigilância Sanitária no Brasil. In: 
HAESBAERT, R. Dos múltiplos territórios à multiterritorialidade. Disponível 
em: <http://www.ufrgs.br/petgea/Artigo/rh.pdf>. Acesso em: 6 jan. 2019. 
HAESBAERT, R.; LIMONAD, E. O território em tempos de globalização. Revista 
Eletrônica de Ciências Sociais Aplicadas. v.2 (4), n. 1, p. 39-52, ago. 2007. 
Disponível em: 
<http://www.ligiatavares.com/gerencia/uploads/arquivos/6477dd13d45c1917f9e
8147345657e7e.pdf >. Acesso em: 6 jan. 2019. 
KORNIS, G. E. M.; BRAGA. M. H.; FAGUNDES, M.; DE PAULA, P. A. B. A 
regulação em saúde no Brasil: um breve exame das décadas de 1999 a 2008. 
Physis Revista de Saúde Coletiva, v. 21, 2011. 
ROZENFELD, S. (Org.) Fundamentos da vigilância sanitária. Rio de Janeiro: 
Fiocruz, 2009. 
 
 
13 
SOUZA, E. A.; PEDON, N. R. Território e identidade. Revista eletrônica da 
associação dos Geógrafos Brasileiros. Seção Três Lagoas. V. 1, n. 6, ano 4, 
nov. 2007. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VIGILÂNCIA SANITÁRIA 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Elaine Grácia de Quadros Nascimento 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
A Vigilância em Saúde tem integração com as áreas de Vigilância 
Sanitária, Vigilância Epidemiológica, Saúde do Trabalhador e Saúde Ambiental. 
Essa abordagem é importante para que a interface dessas áreas seja 
produtiva e que se consiga realizar um planejamento adequado das ações em 
saúde. 
As áreas da Vigilância em saúde são de extrema importância para 
promoção e prevenção de agravos e de minimização de riscos sanitários. As 
ações acontecem muitas vezes em ações conjuntas dos setores. 
TEMA 1 – INTERFACE DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA, VIGILÂNCIA SAÚDE 
AMBIENTAL E SAÚDE DO TRABALHADOR E VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA 
A Vigilância em Saúde tem como conceito: 
Conjunto de ações voltadas para o conhecimento, previsão, prevenção 
e enfrentamento continuado de problemas de saúde selecionados e 
relativos aos fatores e condições de risco, atuais e potenciais, e aos 
acidentes, incapacidades, doenças, incluindo as zoonoses, e outros 
agravos à saúde de uma população num território determinado. (III 
Congresso Brasileiro de Epidemiologia, 1995) 
Em um novo modelo de vigilância em saúde, temos um olhar que abrange 
as ações com envolvimento dos setores. 
Ocorre uma integração entre as vigilâncias, com o intuito de transformar 
as ações, ampliando-as, com uma maior resolutividade. 
Dentre as legislações que abordam o tema, temos a Portaria n.º 1.378, de 
9 de julho de 2013, que no seu 2.º artigo aponta a Vigilância em Saúde como um 
processo contínuo e sistemático de coleta, consolidação, análise e disseminação 
de dados sobre eventos relacionados à saúde. 
No art. 4.º, temos as ações de vigilância em saúde, em que são mostrados 
práticas e processos de trabalho. 
I. A vigilância da saúde da população, com a produção de análises que 
subsidiem o planejamento, [...] monitoramentoe avaliação das ações 
de saúde pública; 
II. Detecção oportuna e adoção de medidas adequadas para a resposta 
às emergências de saúde pública; 
III. A vigilância, prevenção e controle das doenças transmissíveis; 
IV. A vigilância das doenças não transmissíveis, dos acidentes e 
violência; 
V. A vigilância e populações expostas a riscos ambientais em saúde; 
VI. A vigilância à saúde do trabalhador; 
 
 
3 
VII. Vigilância sanitária dos riscos decorrentes da produção e do uso de 
produtos, serviços e tecnologias de interesse à saúde; 
VIII. Outras ações de vigilância que podem ser desenvolvidas em serviços 
de saúde públicos e privados nos vários níveis de atenção, 
laboratórios, ambientes de estudo e trabalho e na própria 
comunidade. 
Isso nos mostra a interface das áreas em todas as situações de saúde, 
em que podemos necessitar da ação de outros setores para que se atinja a 
qualidade da atenção em saúde. O processo de trabalho está inserido em vários 
momentos, várias ações. 
TEMA 2 – A PRÁTICA DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA E A ÉTICA 
Quando falamos em ética, pensamos em atitudes de acordo com as 
regras estabelecidas e devemos perceber quais as legislações pertinentes para 
cada atitude tomada. 
A ética como conceito seria a forma de agirmos perante cada situação. As 
condutas éticas são aquelas aceitas pela sociedade. 
Quando falamos de ética profissional, ela interage também com o código 
de cada profissão, sempre pensando em não fazer o mal a cada pessoa e com 
respeito às diferenças e necessidades individuais. A ética profissional trabalha 
também com o sigilo profissional. A vigilância sanitária atua sempre preservando 
o sigilo ante o que foi encontrado em cada estabelecimento, porém, com respeito 
à população, quando o risco iminente existir em determinado local. É bem mais 
complexa do que apenas guardar o sigilo. 
Para tomarmos as decisões corretas perante cada situação, temos que 
ter o conhecimento das legislações pertinentes. 
Sabemos que a dinâmica com que as situações ocorrem e como 
procedemos é muito rápido. 
Quando falamos em ética, devemos entender que as ações devem 
somente ter como base a legislação e não a nossa impressão pessoal. 
Ser ético é agir dentro dos padrões convencionais, é proceder bem, é não 
prejudicar o próximo. Ser ético é cumprir os valores estabelecidos pela 
sociedade em que se vive. (Eduardo, 1998) 
Devemos ser imparciais diante das condições encontradas, 
independentemente do estabelecimento. Somente devemos conhecer as regras 
a seguir e sempre ter como base documentos como o Código de Saúde, seja ele 
do estado ou dos municípios nos quais eles têm o papel importante de regular a 
 
 
4 
organização e a fiscalização das ações, estabelecendo normas sobre as 
infrações sanitárias e sobre como proceder em um processo administrativo 
sanitário. 
Citamos outras legislações importantes como o Código de Defesa do 
Consumidor, e as legislações pertinentes a cada situação de saúde. 
A ética seria fazer a legislação ser cumprida independentemente de qual 
estabelecimento estamos citando. 
TEMA 3 – VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL 
Dentre as áreas que fazem uma interface com a vigilância sanitária, temos 
a saúde ambiental, a qual está interligada às ações da Vigilância Sanitária e à 
vigilância epidemiológica, e, em alguns casos, até à saúde do trabalhador. 
Como conceito em Vigilância em Saúde Ambiental, temos o seguinte: 
Conjunto de ações que proporciona o conhecimento e a detecção de 
qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes do 
meio ambiente que interferem na saúde humana, com a finalidade de 
identificar as medidas de prevenção e controle dos fatores de risco 
ambientais relacionados às doenças ou outros agravos à saúde. 
(Brasil, 2009) 
Os riscos que temos com relação à saúde ambiental podem ser tanto 
biológicos quanto não biológicos. No caso dos biológicos, temos, por exemplo, 
as doenças transmitidas por vetores. Os não biológicos seriam os que se analisa 
a qualidade de solo, a água, os alimentos etc. 
Na vigilância, alguns riscos são verificados com mais importância por 
poderem criar impacto no meio ambiente. Dentre esses riscos, temos, por 
exemplo: radiações, qualidade da água, qualidade do ar, toxinas químicas, entre 
outros. 
A saúde ambiental atua sobre as diversas doenças hidroveiculadas, sobre 
o destino final dos resíduos sólidos de saúde e de outros resíduos, pelas 
doenças transmitidas por vetores. 
Existem alguns programas nacionais de importância para a vigilância 
ambiental. 
1. Vigiagua: esse programa acompanha e monitora a qualidade da água 
para consumo humano. Tem como foco transmissão hídrica de doenças. 
 
 
5 
2. Vigiar: programa nacional de vigilância em saúde de populações 
expostas à poluição atmosférica. Desenvolve ações para a prevenção e 
promoção com vistas a garantir a qualidade do ar atmosférico. 
3. Vigifis: realiza ações de promoção, prevenção e monitoramento de solos 
contaminados por radiações ionizantes e não ionizantes. 
4. Vigidesastres: estabelece estratégias para a atuação em desastres de 
origem natural e tecnológica. O Ministério da Saúde investe em ações 
para controlar ou evitar desastres naturais, sejam eles inundações, 
deslizamento de terra ou até para acidentes com produtos químicos. 
5. Vigipeq: é a Vigilância em Saúde de Populações Expostas a 
Contaminantes Químicos (Vigipeq). Acompanha e monitora as 
populações expostas a algum produto químico de interesse à saúde da 
população. 
TEMA 4 – VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 
A Saúde do Trabalhador tem uma interface direta com todas as inspeções 
da Vigilância Sanitária. Não tem como realizar uma inspeção sanitária sem 
verificar as questões relacionadas à saúde do trabalhador. 
A Portaria GM/MS n.º 3.252/2009, substituída pela Portaria 1.378/2013, 
tem como prioridade a promoção à saúde. Ela traz muitas informações 
importantes sobre promoção, prevenção e ações de financiamento para investir 
na saúde do trabalhador, entre outros itens importantes. 
Na Vigilância em Saúde do Trabalhador (Visat) constam as ações que 
diminuem ou acabam com riscos à saúde da população, focando ações para 
saúde do trabalhador. 
A Saúde do Trabalhador realiza investigações de acidentes de trabalho, 
com ou sem óbito. Nessa investigação, vemos se existe o Nexo Causal, que é o 
momento em que se descreve a relação do acidente ou doença com o trabalho 
realizado. Nexo causal bem descrito é importante para os indicadores de saúde 
com relação à saúde do trabalhador. 
Nas investigações de saúde do trabalhador, devemos analisar todas as 
informações pertinentes ao caso, que muitas vezes abordam temas ligados à 
saúde ambiental, à vigilância sanitária ou a questões ocupacionais. 
Também se realiza ações de promoção e prevenção com a execução de 
medidas de controle de riscos ambientais no trabalho. 
 
 
6 
Existem alguns documentos importantes para a prevenção de danos ou 
para a investigação completa. O primeiro deles seria a Comunicação de Acidente 
de Trabalho (CAT). Ela é o primeiro documento que oficializa um acidente de 
trabalho. Quando temos doenças relacionadas ao trabalho, estas devem ser 
notificadas e documentadas por meio do CID correto. 
Outro documento importante que auxilia na prevenção de doenças ou 
acidentes é o documento chamado de Programa de Prevenção de Riscos 
Ambientais, pois o profissional deve conhecer quais são os riscos inerentes à 
sua profissão. Esse documento é, inclusive, cobrado dos estabelecimentos que 
se enquadram nessa necessidade. 
Os exames admissionais, periódicos e admissionais têm importância de 
detectar alguma doença ligada ao trabalho. Neles está incluso outro programa 
que é o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, também verificado 
em ações da Vigilância Sanitária. 
Para análise, acompanhamento e monitoramento dos riscos ambientais, 
temos o Mapa de riscos, que tem comopapel principal sinalizar a que riscos 
cada ambiente de trabalho está exposto. 
TEMA 5 – VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA 
A Vigilância Epidemiológica refere-se às doenças transmissíveis e não 
transmissíveis. Atua com as doenças de notificação compulsória e também tem 
um papel importante na promoção e prevenção das doenças. 
O conceito de vigilância epidemiológica, segundo a Lei 8.080/1990, diz o 
seguinte: “É um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a 
detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e 
condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar 
e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos.” 
A epidemiologia tem uma interface importante com a vigilância ambiental, 
quando estamos discutindo, por exemplo, sobre dengue. 
Com relação à Vigilância Sanitária, sempre que existir um surto alimentar 
para investigar, temos a vigilância epidemiológica cumprindo seu papel em 
conjunto. 
Ao se falar de saúde do trabalhador, a epidemiologia se preocupa com 
qualquer doença que possa ser transmitida em um ambiente de trabalho, e aí 
 
 
7 
entram ações como os bloqueios de transmissão, ou também em casos de 
acidente de trabalho com perfuro-cortantes. 
Nesse sentido, percebe-se que o tempo todo as vigilâncias se tornam 
presentes em diversas ações. Isso se dá de acordo com a complexidade de cada 
caso e com as necessidades de ação em saúde. 
NA PRÁTICA 
Em um determinado estabelecimento de interesse à saúde da população 
houve um óbito de um profissional que atuava nas caldeiras. Quando ocorreu o 
acidente, foram acionados a Delegacia do Trabalho e a Vigilância Sanitária. 
Quais os papeis de cada um desses órgãos neste óbito? Como podemos 
atuar preventivamente nessas situações? 
FINALIZANDO 
A interface torna-se clara em diversos momentos e nas mais diferentes 
ações no processo de promoção, prevenção e minimização ou eliminação de 
riscos. 
Percebe-se que, quando se trata da Vigilância em Saúde, as ações devem 
ser sempre em conjunto para que se atinja a qualidade das ações. 
Quando citamos as vigilâncias sanitária, ambiental, epidemiológica e da 
saúde do trabalhador, entendemos que, apesar de cada uma ter suas 
especificidades, uma depende da outra em diversos momentos para garantir a 
integralidade das ações. Com isso, melhoramos a qualidade da assistência com 
a diminuição de riscos à saúde da população. 
Para que tudo tenha um respaldo legal, necessitamos conhecer todas as 
legislações que regem cada tema, utilizando-se da transparência e da ética em 
todas as inspeções sanitárias. 
 
 
 
8 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990. Diário Oficial da União, Distrito 
Federal, Brasília, 20 set. 1990. 
_____. Portaria n. 1.378, de 9 de julho de 2013. Diário Oficial da União, Distrito 
Federal, Brasília, 9 jul. 2013. Acesso em: 24 fev. 2019. 
_____. Portaria n.º 3.252, de 22 de dezembro de 2009. Diário Oficial da União, 
Distrito Federal, Brasília, 22 de dezembro de 2009. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Vigilância ambiental. Disponível em: 
<http://portalms.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental>. Acesso 
em: 24 fev. 2019. 
CONGRESSO BRASILEIRO DE EPIDEMIOLOGIA, 3., Salvador, 1995. 
EDUARDO, M. B. P. Vigilância sanitária. São Paulo: Fundação Petrópolis, 1998. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VIGILÂNCIA SANITÁRIA 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Elaine Grácia de Quadros Nascimento 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Para que a Vigilância Sanitária tenha êxito em suas ações, é necessário 
termos base legal e instrumentos para que o processo de trabalho funcione 
adequadamente. 
Os instrumentos legais da Vigilância Sanitária são as normativas 
utilizadas para a definição do que é permitido ou proibido para que os 
estabelecimentos de interesse à saúde possam ter base legal. Fazem parte o 
código sanitário e as legislações pertinentes a cada situação específica 
relacionada com o risco sanitário. 
Entendemos que o conceito de risco sanitário vem ao encontro da 
necessidade de avaliação de cada situação pelo profissional da Vigilância 
Sanitária. Após a detecção das situações encontradas nas inspeções da 
Vigilância Sanitária, devemos seguir a conduta necessária. 
As ações da Vigilância Sanitária podem estar ligadas por uma 
necessidade de deferimento de licença sanitária para o estabelecimento ou por 
uma aprovação de um projeto arquitetônico, uma investigação por denúncia, 
entre outros. 
TEMA 1 – A VIGILÂNCIA SANITÁRIA NO CONTEXTO DO SUS 
A vigilância em saúde foi estruturada na Lei Orgânica da Saúde, Lei nº 
8.080, de 19 de setembro de 1990. Esta legislação cita, no art. 6º, a atuação do 
SUS nas ações de Vigilância Sanitária, o controle e a fiscalização de serviços, 
produtos e substâncias de interesse para a saúde; a fiscalização e a inspeção 
de alimentos, água e bebidas para consumo humano; a colaboração na proteção 
de meio ambiente, nele compreendido o trabalho. 
Essa legislação também descreve o conceito de vigilância sanitária como 
um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir os riscos à saúde 
e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da 
produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse à saúde. 
Devemos entender que em inúmeros estabelecimentos de saúde temos a 
ação da Vigilância Sanitária, seja para promoção à saúde, orientações de 
prevenção de riscos à saúde ou para fiscalização de problemas detectados. 
Como o SUS é constituído por um conjunto de ações, medidas, 
estratégias, devemos defender ações que promovam uma melhor qualidade de 
 
 
3 
saúde para a população, assim como garantir a qualidade dos serviços de 
interesse à saúde. 
As ações da vigilância dependem de um planejamento, que deve 
acontecer de acordo com a área de abrangência e também baseado no 
conhecimento das necessidades do território. 
O SUS deve garantir a integralidade do cuidado, e isso inclui todas as 
formas de ação. Entre as estratégias temos, as ações da Vigilância Sanitária. As 
ações da vigilância em saúde são importantes para auxiliar na promoção em 
saúde, reconhecendo o território e seus problemas em saúde. 
TEMA 2 – O RISCO SANITÁRIO E O TERRITÓRIO 
Quando falamos no significado do risco sanitário, devemos compreender 
o significado da palavra risco: uma probabilidade de perigo, a probabilidade de 
alguma coisa ou situação acontecer. Enquanto a probabilidade é definida 
matematicamente como a possibilidade ou chance de um evento indesejado 
ocorrer, o risco está associado à possibilidade do evento e à sua severidade 
(Navarro, 2009). 
Na Vigilância Sanitária, verificamos a importância de analisar o risco 
sanitário, pois, se temos uma probabilidade de algo acontecer, precisamos 
interferir nesta ação. 
A Vigilância Sanitária atua num território, e, para que as ações sejam mais 
eficazes e efetivas, temos que conhecer a realidade da população adstrita. É 
muito importante entender que o risco sanitário significa que a Vigilância 
Sanitária deve regular os riscos para que possam ser criadas medidas de 
prevenção, promoção ou fiscalização e punição para as melhores condições de 
saúde da população. 
O risco sanitário é a propriedade que tem uma atividade, um serviço ou 
uma substância de produzir efeitos nocivos ou prejudiciais à saúde humana. 
Anvisa, 2015). Esse fato nos chama a atenção pois é de responsabilidade da 
Vigilância Sanitária conhecer e detectar possíveis risco sanitários e saber avaliar 
a sua severidade. 
De acordo com a Anvisa, devemos planejar as ações da Vigilância 
Sanitária de acordo com o risco e sua classificação. Podemos classificar o 
planejamento dos riscos como etapas: 
 
 
4 
1. Estabelecer o contexto: nesta etapa, verificamos o que seria o nosso risco 
de acordo com a realidade do território, como percebemos a importância 
decada risco para a comunidade avaliando a necessidade em saúde. 
2. Identificação do risco: detecção e reconhecimento dos riscos existentes, 
por que eles existem e qual é o impacto que causarão para a população 
daquele território. 
3. Análise do risco: devemos analisar todas as ações do risco, a severidade 
e suas consequências. 
4. Avaliação dos riscos: para entender a magnitude destes no território e 
para perceber se as abordagens realizadas estão sendo suficientes para 
eliminar ou minimizar as ações do risco. 
5. Tratamento do risco: acontece com o controle do risco, no qual 
percebemos se as medidas tomadas pelo estabelecimento foram 
suficientes para diminuir ou eliminar o risco; após isso, é realizado 
constantemente o monitoramento do risco para verificar se as tomadas de 
decisão pelo estabelecimento foram suficientes para manter a eliminação 
ou a diminuição do risco ou se as medidas fracassaram ou pioraram o 
risco. Esse monitoramento deve ser constante. Por último, a comunicação 
do risco para conhecimento dos órgãos de interesse e da própria 
população, que podem acontecer pela mídia, por informativos ou, se for o 
caso, por relatórios para os órgãos competentes. 
Rinaldi e Barreiros (2007) citam que a comunicação de riscos não é um 
conjunto de técnicas voltadas a informar sobre a possibilidade de danos 
decorrentes da interação com determinados perigos, mas é parte integrante e 
estratégica do processo de gestão de riscos. 
2.1 Sistema de Notificação e Investigação em Vigilância Sanitária – 
Notivisa 
O Notivisa é um sistema informatizado que entrou em funcionamento em 
2006 com o intuito de captar os dados e as informações relativos a eventos 
adversos e queixas técnicas (desvios de qualidade que poderiam culminar em 
eventos adversos, mas que não atingiram o indivíduo). Entre 2013 e 2014, 
passou a incorporar também os chamados eventos adversos relacionados à 
 
 
5 
assistência à saúde, por ocasião do lançamento do Programa Nacional de 
Segurança do Paciente (Portaria nº 529, de 1º de abril de 2013). 
Esse sistema de informação pode ser usado tanto por órgãos 
competentes como por profissionais de saúde, desde que cadastrados no 
sistema e por meio de formulário preenchido. Nele, podemos registrar: 
cancelamento de registro, alterações de bulas, efeitos adversos de vacinas ou 
medicamentos, notas técnicas, alertas, comunicação de risco, entre outras 
ações. 
Reforçamos que o risco sanitário deve ser sempre levado em 
consideração desde o início das ações da vigilância sanitária, 
independentemente do tipo de estabelecimento, e muitas vezes é analisado com 
base no que é encontrado no estabelecimento na primeira inspeção. O potencial 
do risco sanitário pode ser mais intenso dependendo das condutas que os 
próprios estabelecimentos de interesse à saúde adotam, por exemplo: manual 
de boas práticas, procedimentos operacionais padrão (POP), capacitações 
frequentes, entre outras medidas. 
TEMA 3 – OS INSTRUMENTOS LEGAIS DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA 
Os instrumentos da vigilância sanitária são a base legal que institui as leis 
que devem nortear as ações nos estados do Brasil. 
Segue-se como base as legislações explicadas a seguir. 
3.1 Constituição Federal Brasileira de 1988 
Quando se trata da Constituição Federal (1988), devemos ter como base 
principalmente o art. 200, que traz o seguinte: 
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras 
atribuições, nos termos da lei: 
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de 
interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, 
equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; 
II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem 
como as de saúde do trabalhador; 
III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; 
IV - participar da formulação da política e da execução das ações de 
saneamento básico; 
 
 
6 
V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento 
científico e tecnológico e a inovação; 
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de 
seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo 
humano; 
VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, 
guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e 
radioativos; 
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o 
do trabalho. (Brasil, 1988) 
Esse artigo nos mostra a importância e a necessidade de inserir as ações 
da Vigilância Sanitária para o benefício da população. 
3.2 Lei 8.080 de 1990 
No que se trata da Lei nº 8.080/1990, no capítulo I, o art. 6º inclui as ações 
da vigilância sanitária na atuação do SUS. 
3.3 Portaria de designação dos profissionais como fiscais sanitários 
Para que o fiscal possa realizar as devidas ações legais no processo de 
fiscalização, é obrigatório que ele seja designado pelo município. Os nomes de 
todos os designados que teriam o poder de atuar como fiscalizadores, tendo o 
poder de “polícia”, devem constar numa portaria instituída pelo Estado. 
Com essa designação, o profissional será considerado autoridade 
sanitária e poderá exercer todas as atividades inerentes à função de fiscal 
sanitário, que seriam: fiscalização, inspeção sanitária, autuação, instauração de 
processo administrativo, interdição, entre outras ações necessárias. 
3.4 Instituição do Código Sanitário 
O Código Sanitário é a base legal mais importante para a Vigilância 
Sanitária. Ele pode ser nacional, estadual e municipal e traz como deverá ser 
realizada a organização, a regulamentação, a fiscalização e o controle das ações 
da Vigilância Sanitária. 
O Código Sanitário elenca o que devemos verificar nas ações 
relacionadas às inspeções, mostrando o que precisamos verificar em cada 
estabelecimento de interesse à saúde para manter a qualidade da atenção à 
saúde. Ele também informa em quais momentos podemos instaurar processo 
 
 
7 
administrativo, infração, interdição, apreensão de produtos, inutilização de 
produtos, cassação de licença sanitária ou cancelamento de autorização para o 
funcionamento. Além disso, descreve as infrações: advertência, multa e o valor 
descrito de cada multa de acordo com a gravidade. 
TEMA 4 – O PROCESSO ADMINISTRATIVO SANITÁRIO 
O Processo Administrativo Sanitário é o documento que pode ser utilizado 
para liberação de licença sanitária, licença de construção ou quanto punitivo, e 
neste caso se faz uma juntada de relatórios e provas contundentes para que se 
justifique a abertura do processo. Nele são estipulados prazos para as ações de 
resposta de defesa dos estabelecimentos. Quando punitivo, ele é apoiado em 
bases legais, como o código sanitário, o código e defesa do consumidor, entre 
outras legislações pertinentes para cada situação. 
Dias traz como conceito de Processo Administrativo Sanitário o seguinte: 
O processo administrativo sanitário é o instrumento usado pela 
Administração Pública com a finalidade de apurar as irregularidades 
sanitárias detectadas e as responsabilidades do infrator, assegurando 
a este a oportunidade de promover a ampla defesa e o contraditório ao 
que lhe é atribuído, de modo a respaldar, com juridicidade, a aplicação 
da penalidade correspondente que lhe for imputada. (2002) 
O processo administrativo sanitário punitivo sempre se inicia com um auto 
de infração, e por meio dele é que se faz a juntada de provas e outros 
documentos pertinentes. 
TEMA 5 – ATUAÇÃO DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA 
A Vigilância Sanitária tem diversas atuações dentro da legislação. As 
ações que tem como responsabilidade as seguintes: 
 Estabelece normas e regulamentos – por meio da Anvisa, que é o órgão 
regulatório e fiscalizador –, então cria normas específicas para cada área 
de atuação, bem como de acordo com as necessidades de saúde da 
população. Regulamentam os processos de trabalho, produção, entre 
outros. 
 Concede ou cancela

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