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livro Gestão de Risco e Desastres em Defesa Civil

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Indaial – 2020
Vigilância em Saúde
Prof. Carla Eunice Gomes Correa
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof. Carla Eunice Gomes Correa
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
C824v
 Correa, Carla Eunice Gomes
 Vigilância em saúde. / Carla Eunice Gomes Correa. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2020.
 199 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-017-5
1. Serviços de saúde. - Brasil. 2. Vigilância epidemiológica. – Brasil. 
Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 362.11
III
apreSentação
Prezado acadêmico, seja bem-vindo à disciplina de Vigilância em 
Saúde. Atualmente, o tema vigilância em saúde é muito importante na área 
da saúde pública, visto que, com técnicas do sistema produtivo e hábitos 
de consumo da sociedade, estão ocorrendo várias alterações que interferem 
na saúde humana, assim, é necessário que fiquemos atentos aos fatores que 
levam ao adoecimento da população. 
Vocês, ao longo da disciplina, irão perceber que a atuação da 
vigilância em saúde é ampla e complexa. Ela se divide nas seguintes áreas: 
Epidemiológica, Sanitária, Saúde do Trabalhador e Ambiental. 
Na Unidade 1, vamos apresentar alguns tópicos essenciais para 
você compreender a atuação da vigilância em saúde, os fatores que levam a 
população a ficar doente e a forma como mensuramos esses impactos com a 
aplicabilidade dos indicadores de saúde.
Na Unidade 2, vamos estudar os aspectos relacionados à Vigilância 
Epidemiológica responsável por monitorar e avaliar os fatores determinantes 
e condicionantes das doenças. Trataremos também da atuação da vigilância 
sanitária, cujo foco está na produção de bens e serviços, na distribuição e na 
prestação de serviços que podem causar impacto na saúde da população e 
da vigilância em saúde do trabalhador, cujo objetivo é vigiar as condições de 
trabalho e a saúde do trabalhador.
Por fim, na Unidade 3, vamos apresentar a Vigilância em Saúde 
ambiental. Entenderemos a relação do meio ambiente com a saúde e 
acompanhar como é realizada o acompanhamento das alterações do meio 
ambiente e que podem favorecer o adoecimento da população. 
Bons estudos!
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
VII
UNIDADE 1 - VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA .....................................................1
TÓPICO 1 - VIGILÂNCIA EM SAÚDE ................................................................................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3
2 MOVIMENTO HISTÓRICO E CONCEITOS BÁSICOS DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE .......3
2.1 DESENVOLVIMENTO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE NO SUS ..............................................7
3 ESTRUTURAÇÃO E RESPONSABILIDADE DAS ESFERAS DE ATUAÇÃO DA 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE .......................................................................................................................9
3.1 SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE ...............................................................9
3.2 RESPONSABILIDADE DAS ESFERAS DE ATUAÇÃO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE .....11
3.2.1 Vigilância Epidemiológica ....................................................................................................12
3.2.2 Vigilância Sanitária ................................................................................................................13
3.2.3 Vigilância Ambiental ............................................................................................................14
3.2.4 Vigilância em Saúde do Trabalhador ...................................................................................15
4 FINANCIAMENTO DAS AÇÕES DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE NO BRASIL ....................15
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................22
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................26
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................27
TÓPICO 2 - MEDIDAS DE CONTROLE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS .................................29
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................29
2 FUNDAMENTOS BÁSICOS DA PREVENÇÃO E PROMOÇÃO NA SAÚDE .......................29
2.1 PREVENÇÃO DA SAÚDE ............................................................................................................29
2.2 PROMOÇÃO DA SAÚDE .............................................................................................................34
3 VIGILÂNCIA, PREVENÇÃO, CONTROLE E ERRADICAÇÃO DE DOENÇAS ..................36
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................40
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................41
TÓPICO 3 - INDICADORES DE SAÚDE UTILIZADOS NA VIGILÂNCIA EM SAÚDE ......43
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................43
2 DEFINIÇÃO E CONCEITO DE INDICADORES .........................................................................43
3 METODOLOGIA PARA ORGANIZAÇÃO DE INDICADORES PARA A ÁREA DA 
SAÚDE E MEIO AMBIENTE ...............................................................................................................46
3.1 MODELO PRESSÃO-ESTADO-RESPOSTA (PER) .....................................................................46
3.2 MODELO PRESSÃO-ESTADO-IMPACTO-RESPOSTAS(PEIR) ..............................................47
3.3 MODELO FORÇA MOTRIZ-PRESSÃO-ESTADO-IMPACTO-RESPOSTA (DPSIR) .............48
3.4 MODELO FORÇA MOTRIZ-PRESSÃO-SITUAÇÃO-EXPOSIÇÃO-EFEITO-AÇÕES 
(FPSEEA)............................................................................................................................................49
4 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE – SIS .....................................................................50
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................59
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................60
UNIDADE 2 - VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, SANITÁRIA E SAÚDE DO 
TRABALHADOR .....................................................................................................................................61
TÓPICO 1 - VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA .............................................................................63
Sumário
VIII
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................63
2 VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA: ORGANIZAÇÃO, FINALIDADE E IMPORTÂNCIA 63
2.1 SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA – SINAM ............................66
2.2 DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA .....................................................................69
2.3 SISTEMA DE MOTALIDADE – SIM ............................................................................................73
2.4 SISTEMA NACIONAL DOS NASCIDOS VIVOS – SINASC ................................................74
2.5 SISTEMA DE IMUNIZAÇÃO ........................................................................................................75
2.6 SISTEMA DE INFORMAÇÃO PARA A NOTIFICAÇÃO DAS PESSOAS EM 
TRATAMENTO DA ILTB ................................................................................................................77
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................81
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................82
TÓPICO 2 - VIGILÂNCIA SANITÁRIA E SUA EVOLUÇÃO ......................................................85
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................85
2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA NO BRASIL ...............................85
3 FUNÇÕES E OBJETIVOS DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA .......................................................89
4 VIGILÂNCIA SANITÁRIA: ARTICULAÇÕES COM O ESTADO, MERCADO E O 
CONSUMO DE BENS E SERVIÇOS ..................................................................................................90
4.1 PROGRAMAS DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA ..........................................................................92
4.1.1 Vigilância Sanitária das Tecnologias de Alimentos ...........................................................92
4.1.2 Vigilância Sanitária das Tecnologias de Beleza, Limpeza e Higiene ...............................94
4.1.3 Vigilância Sanitária das Tecnologias de Produção Industrial e Agrícola .......................94
4.1.4 Vigilância Sanitária das Tecnologias Médicas ....................................................................95
4.1.5 Vigilância Sanitária das Tecnologias do Lazer ...................................................................96
4.1.6 Vigilância Sanitária das Tecnologias de Educação e Convivência ...................................97
4.1.7 Vigilância Sanitária Pós-Comercialização/Pós-Uso (VIGIPÓS) ......................................97
4.2 REDE SENTINELA .........................................................................................................................98
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................103
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................104
TÓPICO 3 - VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR ...................................................105
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................105
2 ASPECTOS CONCEITUAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR ............................................105
3 VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR .....................................................................109
3.1 FINALIDADE E OBJETIVOS DAS AÇÕES DE SAÚDE DO TRABALHADOR ..................113
3.2 CENTRO DE REFERÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR - CEREST ........................115
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................116
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................120
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................121
UNIDADE 3 - VIGILÂNCIA AMBIENTAL .....................................................................................123
TÓPICO 1 - INTER-RELAÇÃO DO MEIO AMBIENTE E SAÚDE .............................................125 
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................125
2 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, MEIO AMBIENTE E SAÚDE ..................................125
2.1 PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS E O IMPACTO NA SAÚDE ..............................129
2.1.1 Poluição do solo e erosão ....................................................................................................130
2.1.2 Poluição e escassez da água ................................................................................................131
2.1.3 Poluição do ar ........................................................................................................................134
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................138
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................139
IX
TÓPICO 2 - SISTEMA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL ........................................141
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................141
2 HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL .........................141
3 COMPETÊNCIAS DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL ...........................................145
4 FORMAS DE ATUAÇÃO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL ..............................146
4.1 VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO (VIGIAGUA) ............147
4.2 VIGILÂNCIA DA SAÚDE DE POPULAÇÕES EXPOSTAS A POLUENTES 
ATMOSFÉRICOS (VIGIAR)..........................................................................................................148
4.3 VIGILÂNCIA EM SAÚDE DAS POPULAÇÕES EXPOSTAS A CONTAMINANTES 
QUÍMICOS (VIGIPEQ)..................................................................................................................150
4.4 VIGILÂNCIA EM SAÚDE DE POPULAÇÕES EXPOSTAS A SOLO CONTAMINADO 
(VIGISOLO).....................................................................................................................................154
4.5 VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL ASSOCIADA A FATORES FÍSICOS (VIGIFIS) .156
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................160AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................161
TÓPICO 3 - VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL EM
 DESASTRES NATURAIS E INDICADORES ...........................................................163
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................163
2 VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL RELACIONADA A DESASTRES 
 (VIGIDESASTRES) ............................................................................................................................163
2.1 COMPONENTES DO VIGIDESTRE ...........................................................................................166
2.2 ATUAÇÃO E AÇÕES DESENVOLVIDAS PELO VIGIDESASTRE .......................................166
3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES DA ATUAÇÃO DA
 SAÚDE FRENTE AOS DESASTRES ..............................................................................................169
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................176
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................179
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................180
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................181
X
1
UNIDADE 1
VIGILÂNCIA EM SAÚDE E 
EPIDEMIOLOGIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender o processo evolutivo da vigilância em saúde; 
• compreender a estruturação e financiamento das ações do Sistema de Vi-
gilância e Saúde; 
• conhecer e compreender o processo saúde-doença; 
• compreender os sistemas de informações em saúde e sua relação com a 
vigilância em saúde.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você 
encontrará atividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – VIGILÂNCIA EM SAÚDE 
TÓPICO 2 – MEDIDAS DE CONTROLE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS 
TÓPICO 3 – INDICADORES DE SAÚDE UTILIZADOS NA VIGILÂNCIA 
EM SAÚDE
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
1 INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, mais precisamente após a Revolução Industrial, 
a sociedade vive exposta em razão do crescimento desordenado das cidades, 
do consumo e produção em massa, favorecida pela utilização de grandes 
quantidades de agrotóxicos. Tais exposições aceleram o aparecimento de novas 
doenças como a microcefalia, aumento do número de pessoas com câncer e até 
mesmo o surgimento de doenças que até então a Organização Mundial da Saúde 
(OMS) considerada como erradicadas como por exemplo, surto de sarampo e 
febre amarela. Da mesma forma observamos ainda o surgimento e utilização de 
medicamentos milagrosos, sem autorização dos órgãos oficiais na busca da cura 
de doenças terminais. Situações como estas destacam a importância da vigilância 
em saúde para a sociedade.
Assim, neste Tópico apresentaremos os fundamentos da vigilância em 
saúde, principais conceitos e a sua evolução no decorrer dos anos. Também 
estudaremos sobre o funcionamento do financiamento das ações de vigilância 
em saúde no âmbito do SUS e como se dá a sua estruturação nas esferas de gestão.
2 MOVIMENTO HISTÓRICO E CONCEITOS BÁSICOS DE 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Os estudos sobre as epidemias e sua influência sobre a vida da sociedade 
é antiga. No antigo testamento já se fazia menção das doenças que assolavam 
as pessoas naquela época e, devido a isso elas eram mantidas em isolamento. 
Podemos observar na literatura, por exemplo, os escritos sobre os leprosos 
na Idade Média. Constata-se na literatura, por exemplo, que na Idade Média, 
houve registros sobre a epidemia da lepra, fato que motivou as autoridades a 
utilizarem o porto de comércio com o Oriente, localizado em Veneza (1834), como 
área de quarentena. Neste período, foi instituído pela primeira vez a notificação 
obrigatória desta doença e foram estabelecidas medidas de isolamento tanto para 
as pessoas, quanto para as embarcações e mercadorias, surgindo assim a chamada 
vigilância (SOLHA; GALEGUILLOS, 2014).
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA
4
No final da Idade Média as epidemias fizeram com que o governo da Europa 
Ocidental começasse a estabelecer protocolos e instrumentos de monitoramento 
das doenças e aplicação de normas, principalmente para locais como, cemitérios e 
os mercados, com o objetivo de evitar que as doenças contagiosas se propagassem. 
No Século XVII, o Brasil adotou tais medidas no porto de Recife para evitar 
a propagação da febre amarela. A vinda da Coroa Portuguesa para o Brasil, faz 
com que em 1889 se estabeleça a primeira Regulamentação dos Serviços de Saúde 
dos Portos, normativa esta, semelhante a desenvolvida pelos países europeus, 
também com o objetivo de “prevenir a chegada de epidemias e possibilitar um 
intercâmbio seguro de mercadorias” (SOLHA; GALEGUILLOS, 2014, p. 12).
Com a chegada da família real ao Brasil incorporou-se a ação de política 
médica com a finalidade de vigiar e controlar o aparecimento de epidemias, ou 
seja, uma forma de vigiar as cidades através de um controle-profilaxia. 
Neste período, as teorias sobre o aparecimento das doenças, eram baseadas 
na teoria miasmática. De acordo com a teorias miasmática, o aparecimento das 
doenças se dava pelo miasma, e com isso surge a crença de que odores, resíduos 
nocivos da atmosfera, do solo e de gases provocam eram responsáveis pelas 
doenças.
No final do Século XIX e início do XX, surge a bacteriologia e com isso, se 
modifica as ações de intervenção a saúde, mais individual e dirigida ao portador da 
doença. E, as doenças pestilenciais (cólera, febre amarela, peste bubônica, varíola) 
chamadas de doenças infecciosas e as parasitárias (tuberculose, hanseníase, febre 
tifoide) representavam as doenças de maiores expressões e que necessitavam de 
maior atenção da saúde pública. Mas, foi em 1904 que se deu a primeira campanha 
de combate à febre amarela comandada por Oswaldo Cruz e a obrigatoriedade de 
vacinação contra a varíola (ALEXANDRE, 2012). 
Quarentena é um “sistema instituído no período da peste, e que consistia em 
retirar as pessoas da convivência e em observá-las até se ter certeza de que não estivessem 
com a doença, é referida, por exemplo, pelos historiadores contemporâneos como uma 
das primeiras contribuições fundamentais à prática da saúde pública” (ROSEN, 1994, p. 63).
NOTA
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE
5
Em 1923, é criado o Departamento Nacional de Saúde Pública, que tinha 
com função a higiene industrial, a saúde dos portos e o combate as endemias ru-
rais. Em 1941 se inicia as campanhas sanitárias e em 1953 foi criado o Ministério 
da Saúde.
O grande marco da vigilância veio a ocorrer em 1968, quando a 21ª As-
sembleia Mundial da Saúde adotou o conceito de vigilância populacional, de-
finida como a coleta sistemática e o uso de informação epidemiológica para o 
planejamento, implementação e avaliação do controle de doenças. A Assembleia 
definiu os três principais aspectos da vigilância: a coleta sistemática de dados 
pertinentes; a consolidação e a avaliação ordenada desses dados; e a rápida dis-
seminação dos resultados àqueles que necessitam de conhecê-los para tomada de 
decisão (FRANCO NETTO et al., 2017, p. 3139, grifo nosso).
O movimento da vigilância em saúde no Brasil, teve como marco regula-
tório além da consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) pela instituciona-
lidade da Lei 8.080/90 também a criação do Centro Nacional de Epidemiologia(CENEPI) em 1990, com a estruturação do financiamento das ações de vigilância 
FONTE: <https://bit.ly/2VHSvlo>. Acesso em: 6 abr. 2020.
Oswaldo Gonçalves Cruz – o médico e cientista Oswaldo Gonçalves Cruz nasceu em 
São Luís do Paraitinga (SP), em 5 de agosto de 1872. Filho de Bento Gonçalves Cruz e 
Amália Bulhões Cruz. Sua família se transferiu para o Rio de Janeiro em 1877 e, na capital, 
estudou no Colégio Laure, no Colégio São Pedro de Alcântara e no Externato Dom Pedro II. 
Graduou-se na Faculdade de Medicina do Rio de janeiro em 1892, apresentando a tese de 
doutoramento A veiculação microbiana pelas águas. Antes de concluir o curso, já publicara 
dois artigos sobre microbiologia na revista Brasil Médico.
NOTA
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA
6
e controle de doenças no SUS e, mais recentemente, em 2003 a criação da Secreta-
ria de Vigilância em Saúde.
Entre as ações de grande relevância realizadas pelo CENEPI para o for-
talecimento das ações de vigilância, prevenção e controle de doenças no SUS, 
destacam-se o programa de formação e capacitação de técnicos vinculados aos 
serviços estaduais e municipais de epidemiologia, desenvolvido mediante parce-
rias estabelecidas com instituições acadêmicas; o financiamento de pesquisas; a 
busca e o esforço para integrar setores afins; o apoio à organização dos serviços 
de vigilância nos níveis estadual e municipal; a tentativa de ampliação do objeto 
da vigilância, implantando, pela primeira vez, o monitoramento das doenças e 
dos agravos não transmissíveis (BRASIL, 2006, p. 10).
A Fundação Nacional de Saúde (Funasa) é uma fundação pública federal, 
vinculada ao Ministério da Saúde do Brasil. Surgiu com o Decreto nº 100, de 16 de abril de 
1991, autorizado pelo Art. 14, da Lei nº 8.029, de 12 de Abril de 1990, como resultado da fusão 
de vários segmentos da área de saúde, entre os quais a Fundação Serviços de Saúde Pública 
(Fsesp) e a Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam), duas entidades de 
notável tradição e projeção internacional, orgulho do serviço público brasileiro, que contam 
com uma bela folha de serviços construída em todo território nacional, além da Secretaria 
Nacional de Ações Básicas de Saúde (Snabs) e da Secretaria Nacional de Programas Especiais 
de Saúde (Snpes). As ações da Fsesp e da Sucam consistiam no trabalho de prevenção e 
combate a doenças, na educação em saúde, na atenção à saúde de populações carentes, 
sobretudo aquelas do Norte e Nordeste, no saneamento e no combate e controle de 
endemias, além da pesquisa científica e tecnológica voltadas à saúde. Assim, a criação da 
Funasa buscou dar continuidade à algumas das ações desenvolvidas por esses órgãos, além 
de exercer papel relevante na efetivação da reforma sanitária promovida pelo Ministério da 
Saúde e ter ação decisiva na implementação e ampliação do Sistema Único de Saúde (SUS).
FONTE: <http://www.funasa.gov.br/web/guest/a-funasa1>. Acesso em: 6 abr. 2020.
IMPORTANT
E
A vigilância é tão relevante para a saúde da sociedade e no contexto de 
SUS que teve sua função estabelecida pela Constituição Federal (Seção III), art. 
200, Parágrafo II: executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem 
como, as de saúde do trabalhador.
De acordo com o Artigo 200 da CF, a vigilância tem a incumbência de 
atuar frente a preservação e proteção à saúde, sendo responsável pela fiscalização 
e o controle de diversas situações que podem levar à exposição de riscos e 
adoecimento da população. 
http://www.funasa.gov.br/web/guest/a-funasa1
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE
7
2.1 DESENVOLVIMENTO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE NO SUS 
Com objetivo de aprimorar o processo de descentralização das ações 
de vigilância em saúde, em 2004, o Governo Federal publica a Portaria GM/MS 
nº 1.172, onde são definidas as atividades sob o título vigilância em saúde, a 
saber: vigilância de doenças transmissíveis, vigilância de doenças e agravos não 
transmissíveis e de seus fatores de risco, vigilância ambiental em saúde, e análise 
de situação de saúde. Já em 2007, por meio da Portaria GM/MS nº 1.956/07, a 
gestão federal da saúde do trabalhador é transferida da Secretaria de Atenção à 
Saúde para a Secretaria de Vigilância em Saúde.
Os avanços não param por aí, em 2009 com o objetivo de fortalecer as 
ações da vigilância em saúde, o Ministério da Saúde pública a Portaria GM 
nº 3.253, aprovando as diretrizes para execução e financiamento das ações de 
Vigilância em Saúde pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios e dá 
outras providências. 
De acordo com esta portaria, a vigilância em saúde constitui-se de ações de 
promoção da saúde da população, vigilância, proteção, prevenção e controle das 
doenças e agravos à saúde, abrangendo: vigilância epidemiológica; promoção da 
saúde; vigilância da situação de saúde; vigilância em saúde ambiental; vigilância 
da saúde do trabalhador; vigilância sanitária (BRASIL, 2009). 
Esta portaria em 2013, foi substituída pela Portaria 1.378, de 9 de julho 
de 2013 que regulamenta as responsabilidades e define diretrizes para execução 
e financiamento das ações de Vigilância em Saúde pela União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios, relativos ao Sistema Nacional de Vigilância em Saúde e 
Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. A partir desta portaria consolidou-se 
o Grupo de Trabalho Tripartite com a finalidade de discutir e elaborar a Política 
Nacional de Vigilância em Saúde.
Mas qual é o conceito atualizado de Vigilância em Saúde?
A palavra vigilância remete, inicialmente, a palavra vigiar. Sua origem 
vem do latim vigilare, que significa observar atentamente, estar atento, estar de 
sentinela. No contexto da saúde, a vigilância em saúde constitui um processo 
contínuo e sistemático de coleta, consolidação, análise e disseminação de dados 
sobre eventos relacionados saúde, objetivando o planejamento e a implementação 
de medidas de saúde pública para a proteção da saúde da população, a prevenção 
e controle de riscos, agravos e doenças, bem como para a promoção da saúde 
(BRASIL, 2013).
Sua finalidade associada ao planejamento e a implementação de medidas 
de saúde pública para:
• Proteção da saúde.
• Prevenção e controle de riscos, agravos e doenças.
• Promoção da saúde.
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA
8
 Fazem parte da evolução do conceito de vigilância em saúde os seguintes 
marcos legais, conforme descreve Solha (2015): 
• 1961: Código Nacional de Saúde.
• 1973 a 1977 - Leis 5991/73; 6360/76; 6368/76: Medicamentos / Lei 6437/77: 
Alimentos.
• 1976 – Decreto 79.506 – Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária: Promover, 
elaborar, controlar aplicação e fiscalizar “normas e padrões de interesse 
sanitários” (Portos, aeroportos e fronteiras; Produtos e exercício profissional 
relacionados à saúde).
De acordo com a Portaria 1.378, de 9 de julho de 2013, art. 4, as ações de 
Vigilância em Saúde abrangem toda a população brasileira e envolvem práticas e 
processos de trabalho voltados para:
I – a vigilância da situação de saúde da população, com a produção de 
análises que subsidiem o planejamento, estabelecimento de prioridades e 
estratégias, monitoramento e avaliação das ações de saúde pública;
II – a detecção oportuna e adoção de medidas adequadas para a resposta às 
emergências de saúde pública; 
III – a vigilância, prevenção e controle das doenças transmissíveis;
IV – a vigilância das doenças crônicas não transmissíveis, dos acidentes e 
violências;
V – a vigilância de populações expostas a riscos ambientais em saúde;
VI – a vigilância da saúde do trabalhador;
VII – vigilância sanitária dos riscos decorrentes da produção e do uso de 
produtos, serviços e tecnologias de interesse a saúde; e
VIII – outras ações de vigilância que, de maneira rotineira e sistemática, podem 
ser desenvolvidas em serviços de saúde públicos e privados nos vários 
níveis de atenção, laboratórios, ambientes de estudo e trabalho e na própria 
comunidade (BRASIL,2013).
Mas por que é necessário no contexto do SUS as ações de vigilância em 
saúde?
Podemos dizer que as vigilâncias em saúde desenvolvem ações que 
envolvem conhecimentos e metodologias, que auxiliam as ações de gestão, 
identificação e diagnóstico da realidade, identificação de problemas e conflitos 
que envolvem a população local, estabelecimento de prioridades de atuação das 
equipes de vigilância, e a melhorar aplicabilidade dos recursos para alcançar 
resultados efetivos. 
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE
9
3 ESTRUTURAÇÃO E RESPONSABILIDADE DAS ESFERAS DE 
ATUAÇÃO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE
De acordo com a Constituição Federal de 1988, o Brasil é dividido em entes 
federativos (a União, os Estados e os Municípios). Nesta divisão cada uma das 
esferas possui autonomia relativa, uma vez que, são independentes um dos outros, 
porém, cooperam entre si. Para compreendermos melhor a responsabilidade 
de cada um dos entes vamos inicialmente estudar a estruturação do sistema de 
Vigilância em Saúde, vamos lá!
3.1 SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE
A partir da criação do Decreto nº 4.726/2003, o Ministério da Saúde é 
restruturado, e se cria a Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS, que passou a 
ter como uma de suas competências a gestão do “Sistema Nacional de Vigilância 
Ambiental em Saúde – SINVAS”.
 
O Sistema Nacional de Vigilância em Saúde foi estruturado a partir da 
publicação da Portaria MS nº 1172/2004 que Institui o “Sistema Nacional de 
Vigilância em Saúde”, cuja gestão é atribuída à Secretaria de Vigilância em Saúde 
e com objetivo de fazer com que o sistema de vigilância funcionasse em todas as 
esferas de competência desde o ministério da saúde até o nível local (município), 
dividiu-se a vigilância em subsistemas, com objetivos e modos de trabalho de 
cada uma das vigilâncias: vigilância sanitária, epidemiológica, ambiental e de 
saúde do trabalhador.
No âmbito do Ministério da Saúde, as Vigilâncias estão divididas conforme 
imagem a seguir:
A SVS publica regularmente análise de situação da saúde. Consulte a 
publicação Saúde Brasil no endereço http://portal. saude.gov.br/portal/saude/Gestor/area.
cfm?id_area=1499.
DICAS
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA
10
FIGURA 1 – VIGILÂNCIAS DE SAÚDE 
FONTE: A autora
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), possui atividades 
especificas que só podem ser realizas por como, por exemplo, o registro de novos 
produtos, substâncias e medicamentos; coordenação do sistema nacional da 
vigilância sanitária entre outras atividades decorrentes das ações da vigilância 
sanitária (SOLHA, 2014). 
LEI Nº 9.782, DE 26 DE JANEIRO DE 1999 Define o Sistema Nacional de 
Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e dá outras providências.
NOTA
A Secretaria de Vigilância a Saúde (SVS/MS) é composta pela vigilância 
epidemiológica, ambiental e de saúde do trabalhador, responsáveis por coorde-
nar os programas voltados a prevenção e controle de doenças e o programa na-
cional de imunização. 
As vigilâncias em saúde do trabalhador e a ambiental em saúde, mormen-
te quando aborda os fatores não biológicos, apresentam alto potencial de geração 
de conflitos, o que não é mitigado pelo fato de, constitucionalmente, o poder de 
polícia administrativa estar colocado em outros ministérios. De todo modo, três 
das quatro vigilâncias são “vigilâncias do conflito real ou potencial”: a dos pro-
cessos de produção-trabalho (vigilância em saúde do trabalhador); a dos proces-
sos de produção-consumo (vigilância sanitária); e a da exposição a situações de 
risco, principalmente a vigilância ambiental, no tocante aos riscos não biológi-
cos. Essas vigilâncias, de modo diverso da epidemiológica, se caracterizam pela 
necessidade de forte atuação intersetorial para a efetividade de suas ações (DE 
SETA; OLIVEIRA; PEPE, 2017, p. 3227).
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE
11
Ainda de acordo com esses autores, os dois sistemas nacionais apresen-
taram um desenvolvimento desigual que variaram com o passar dos anos. Eles 
destacam que no período de 10997 a 2006, predominou ideia de que vigilância 
em saúde seria igual a vigilância em saúde pública, não incluído a regulação da 
vigilância sanitária. Após 2007, a concepção de Vigilância em Saúde que inclui a 
Vigilância Sanitária, principalmente integrada à atenção básica e, posteriormente, 
às redes de atenção (DE SETA; OLIVEIRA; PEPE, 2017). 
3.2 RESPONSABILIDADE DAS ESFERAS DE ATUAÇÃO DA 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
O planejamento das ações de vigilância em saúde no âmbito do SUS ocor-
rem em todo o território nacional e compreende as três esferas de governo: fede-
ral, estadual e municipal. A atuação da gestão da vigilância e suas responsabili-
dades em cada um dos eixos temáticos são normatizadas através de portaria e 
resoluções cuja execução das ações é de responsabilidade dos municípios, junta-
mente com os estados. 
De acordo com estas normas e portarias a implementação das ações de 
vigilância são definidas, se dão a partir do entendimento de território, ou seja, 
um espaço físico onde vivem, trabalham ou transitam os seres humanos que 
se relacionam entre si, e que são influenciados por variáveis e alterações que 
também podem causar danos à saúde. Neste contexto, o papel da vigilância está 
em identificar os riscos e implementar as ações que possam eliminá-los ou mitigá-
los ao máximo, com o objetivo de garantir a qualidade de vida e a segurança da 
população (COSTA, 2018). 
“A territorialização é a base do trabalho das equipes de atenção básica para a 
prática da vigilância em saúde, caracterizando-se por um conjunto de ações, no âmbito indi-
vidual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, 
o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde” (BRASIL, 2009, p. 11).
NOTA
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA
12
3.2.1 Vigilância Epidemiológica 
A vigilância epidemiológica tem a atribuição e a responsabilidade de 
elaborar normas e procedimentos técnicos que dão subsídios a execução de ações 
de prevenção e promoção da saúde por meio da imunização e outros tipos de 
intervenção que possam eliminar doenças. Desta forma, uma das atribuições, se 
não a mais importante, da vigilância epidemiológica em realizar a notificação de 
doenças ou agravos junto a autoridade sanitária. 
Considera-se território o bairro, comunidade, fábrica, aeroporto, feira livre, 
entre outros. 
Dando continuidade aos nossos estudos vamos compreender o papel de cada uma das 
vigilâncias e suas responsabilidades no âmbito do SUS. Vamos iniciar nossos estudos 
analisando a vigilância epidemiológica.
A notificação de doenças e agravos também chamada de notificação 
compulsória “é definida como a comunicação da sua ocorrência à autoridade sanitária, 
feita por profissionais de saúde ou qualquer cidadão para a realização de medidas de 
intervenção necessárias” (COSTA, 2018, p. 21).
NOTA
NOTA
Desta forma, podemos dizer que a notificação compulsória é a principal 
fonte de dados dos sistemas de informação da vigilância epidemiológica, pois 
através da ficha de investigação, é que se alimenta o Sistema de Informação de 
Agravos de Notificação (SINAN).
Para saber mais sobre a Notificação Compulsória, acesse a Portaria nº 204, de 17 
de fevereiro 2016, que define a Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos 
e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território 
nacional, nos termos do anexo, e dá outras providências. Acesse: https://bit.ly/3bFYhcY.
DICAS
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE
13
Tragédias evitáveis
1996 – 102 idosos morreram na clínica geriátrica Santa Genoveva, na cidade do Rio de 
Janeiro, devido à falta de higiene e a outras irregularidades. 
1996 – 47 pacientes morreram e outros 120 foram contaminados no Instituto de Doenças 
Renais de Caruaru, devido à utilização de água imprópria para hemodiálise. 
NOTA
Além disso, a vigilância epidemiológicatambém atua no campo das 
Doenças e Agravos Crônicos Não Transmissíveis (DANT), ou seja, monitora os 
atendimentos prestados à população no tratamento de doenças cardiovasculares, 
Diabetes tipo I e II, câncer, doenças respiratórias, neuropsiquiátricas entre outras, 
que atualmente acometem grande parte da população. 
3.2.2 Vigilância Sanitária 
Diariamente somos cercados por produtos e serviços que de alguma forma 
influenciam de forma positiva ou negativa à saúde humana quando realizamos 
nossa higiene pessoal, estamos em nosso ambiente de trabalho ou até mesmo no 
momento da nossa alimentação ou buscamos os serviços de saúde para cuidar/ 
tratar nossa saúde. Todas essas ações estão inseridas no cotidiano da vigilância 
sanitária e nem sempre nos damos conta disso. 
Pensamos em vigilância sanitária muitas vezes, somente quando ocorre 
alguma intercorrência em virtude da alimentação. Porém, a vigilância sanitária 
tem várias atribuições que vão desde a fiscalização, a emissão dos alvarás para os 
estabelecimentos comerciais até a liberação de um produto para a comercialização.
Assim, neste contexto, cabe à vigilância sanitária a responsabilidade e 
atribuição, identificar, avaliar, gerenciar e comunicar os riscos à saúde com o 
objetivo de evitar que haja a ocorrência de danos ou agravo a saúde. Desta forma, 
toda ocorrência identificada por este órgão é registrada pelo Sistema Nacional de 
Vigilância Sanitária (SNVS). 
Devido as suas ações de ocuparem problemas complexos e amplos, há a 
necessidade de se formar uma equipe de profissional multidisciplinar para que 
seja possível lidar com objetos múltiplos e múltiplas intervenções, que devem ser 
de caráter intersetorial (COSTA, 2018).
Para que você compreenda melhor a importância da vigilância sanitária, 
observe o texto a seguir, que descreve casos de tragédias que poderiam ter sido 
evitadas se as ações de vigilância sanitária já estivessem sendo desenvolvidas.
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA
14
1998 – 14 Mulheres ficaram grávidas, mesmo fazendo uso do anticoncepcional Microvlar. 
Ao se analisar o produto consumido, foi constatada a ausência do princípio ativo do 
remédio. O evento ficou conhecido como pílula de farinha. 
A intensa mobilização social com essas tragédias e a ampla cobertura pela imprensa 
pressionaram o governo a criar a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 
1990 através da Portaria Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999.
Podemos observar neste exemplo que muitas fatalidades como esta podem 
ser evitadas através das ações que a vigilância sanitária acaba desenvolvendo 
no âmbito da saúde pública. Com certeza você já deve ter escutado história 
semelhantes a esta e agora já consegue entender como tais ações podem também 
promover a saúde.
 
3.2.3 Vigilância Ambiental 
A vigilância ambiental que por atribuição acompanhar e identificar 
os fatores determinantes e condicionantes do meio e que interferem na saúde 
humana com o objetivo de implementar ações e medidas de prevenção e controle 
dos fatores ambientais que possam vir a causar doenças e agravos. Neste sentido, 
de acordo com Costa (2018, p. 24) cabe à vigilância ambiental desenvolver 
programas estratégicos visando:
 
[...] produzir e interpretar informações para o planejamento e execu-
ção de ações relativas à promoção da saúde e de prevenção e controle 
de doenças relacionadas ao meio ambiente; estabelecer os principais 
parâmetros, procedimentos e ações relacionadas à vigilância ambien-
tal; identificar os riscos e divulgar as informações sobre esses fatores 
ambientais condicionantes e determinantes de enfermidades; intervir 
para eliminar os principais fatores ambientais de riscos à saúde hu-
mana; conhecer e estimular a interação entre saúde, meio ambiente e 
desenvolvimento, visando ao fortalecimento da participação da popu-
lação na promoção da saúde e qualidade de vida.
Assim, para garantir seus objetivos e suas atribuições, a vigilância em 
saúde é responsável por desenvolver ações em relação aos seguintes programas: 
Vigilância da qualidade da água para consumo humano (VIGIAGUA); Vigilância 
em saúde de populações expostas à poluição atmosférica (VIGIAR); Vigilância em 
saúde de populações expostas a contaminantes químicos (VIGIPEQ); Vigilância 
em saúde ambiental dos riscos aos desastres (VIGIDESASTRE): Vigilância em 
saúde ambiental associada aos fatores físicos (exposição a radiações ionizantes e 
não ionizantes) (VIGIFIS) os quais estudaremos com maior aprofundamento na 
Unidade 3 deste livro (BRASIL,2017, on-line).
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE
15
3.2.4 Vigilância em Saúde do Trabalhador
A vigilância em saúde do trabalhador tem por objetivo realizar intervenção 
na promoção da saúde e da morbimortalidade dos trabalhadores, bem como, 
identificar, acompanhar e monitorar as doenças e agravos que possam surgir em 
decorrência do trabalho. 
Assim, de acordo com Costa (2010), dentre os seus objetivos, destacam-
se: “a caracterização do território, perfil social, econômico e ambiental dos 
trabalhadores; intervir nos fatores determinantes dos riscos e agravos para 
eliminar ou diminuí-los; avaliar o impacto das intervenções para subsidiar o 
planejamento do SUS e órgãos competentes nas três esferas de governo”.
4 FINANCIAMENTO DAS AÇÕES DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE 
NO BRASIL
A Programação das Ações de Vigilância em Saúde (PAVS) é um conjunto 
de ações desenvolvidas o âmbito do SUS e tem por finalidade nortear as ações de 
saúde coletiva no sentido da prevenção e controle de doenças, desenvolvidas por 
todas as esferas de gestão, mediante um processo de pactuação das atividades.
A Portaria nº 64, de 30 de maio de 2008, estabelece a Programação das 
Ações de Vigilância em Saúde (PAVS) como instrumento de planejamento para 
definição de um elenco norteador das ações de vigilância em saúde que serão 
operacionalizadas pelas três esferas de gestão e dá outras providências. De acordo 
com o art. 2º desta portaria, a PAVS está estruturada pelos seguintes eixos:
I. notificação de doenças e agravos;
II. investigação epidemiológica;
III. diagnóstico laboratorial de agravos de saúde pública;
IV. vigilância ambiental;
V. vigilância de doenças transmitidas por vetores e antropozoonoses;
VI. controle de doenças;
VII. imunizações;
VIII. monitoramento de agravos de relevância epidemiológica;
IX. divulgação de informações epidemiológicas;
X. alimentação e manutenção de sistemas de informação;
XII. monitoramento das ações de vigilância em saúde; e
XIII. vigilância sanitária (BRASIL, 2008, documento on-line)
Podemos observar que estes eixos são abrangentes, cabendo a cada esfera 
o desenvolvimento de várias ações em atendimento a legislação. Mas, você deve 
estar se perguntando, afinal quem financia estas ações de vigilância em saúde?
A Vigilância em Saúde constitui um processo contínuo e sistemático de 
coleta, análise e divulgação de dados sobre os eventos adversos relacionados à 
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA
16
saúde, com o objetivo de planejar ações que possam contribuir para a proteção 
da saúde da população; a prevenção e controle de riscos, agravos e doenças e a 
promoção da saúde (UNA-SUS/UFMA, 2016). 
O governo federal regularmente transfere recursos do Fundo Nacional 
de Saúde para os Estados e Municípios para o desenvolvimento destas ações de 
vigilância em saúde conforme determina os arts. 1º a 8º e 1.147 a 1.154 da Portaria 
de Consolidação nº 6/GM/MS, de 28 de setembro de 2017, consolidação das 
normas sobre o financiamento e a transferência dos recursos federais para as ações 
e os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde, regulamenta o financiamento 
e a transferência dos recursos federais para as ações e os serviços de saúde, na 
forma de blocos de financiamento (Texto adaptado de: https://www.saude.gov.
br/images/pdf/2017/novembro/17/Orientacoes-sobre-os-recursos-transferidos-
no-Bloco-de-Vigilancia-em-Saude.pdf).
“Os recursos do bloco de Vigilância em Saúde serão repassadosmensalmente de forma regular e automática do Fundo Nacional de Saúde para os 
fundos de saúde dos Estados, Distrito Federal e Municípios em uma conta única 
e específica” (UNA-SUS/UFMA, 2016, p. 54). 
FIGURA 2 – RECURSOS DO BLOCO VIGILÂNCIA EM SAÚDE
FONTE: UNA-SUS/UFMA (2016, p. 55)
A Portaria nº 1.378 de 2013, regulamenta as responsabilidades e define 
diretrizes para execução e financiamento das ações de vigilância em saúde pela 
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, relativos ao Sistema Nacional 
de Vigilância em Saúde e Sistema Nacional de Vigilância. Sendo assim, no caso 
da Vigilância em Saúde, o financiamento destas ações é organizado no Bloco 
Financeiro de Vigilância em Saúde e são constituídos por dois componentes: 
(1) componente de vigilância em saúde e (2) componente da vigilância sanitária 
conforme observamos na figura a seguir.
https://www.saude.gov.br/images/pdf/2017/novembro/17/Orientacoes-sobre-os-recursos-transferidos-no-Bloco-de-Vigilancia-em-Saude.pdf
https://www.saude.gov.br/images/pdf/2017/novembro/17/Orientacoes-sobre-os-recursos-transferidos-no-Bloco-de-Vigilancia-em-Saude.pdf
https://www.saude.gov.br/images/pdf/2017/novembro/17/Orientacoes-sobre-os-recursos-transferidos-no-Bloco-de-Vigilancia-em-Saude.pdf
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE
17
FIGURA 3 – BLOCO FINANCEIRO DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE
FONTE: A autora
Podemos observar na figura anterior, que o componente de vigilância 
em saúde é constituído por um piso fixo chamado de piso fixo de vigilância em 
saúde – (PFVS), um piso variável, denominado de piso variável de vigilância 
em saúde – (PVVS) e pela Assistência Financeira aos Agentes de Combate às 
Endemias (ACF). 
O Piso Fixo de Vigilância em Saúde (PFVS) os recursos devem ser 
aplicados em ações de vigilância em saúde, compreendendo a vigilância, 
prevenção e controle das doenças transmissíveis; vigilância e prevenção das 
doenças e agravos não transmissíveis e dos seus fatores de risco; vigilância de 
riscos ambientais em saúde; gestão de sistemas de informação de vigilância 
em saúde de âmbito nacional e que possibilitam análises de situação de saúde; 
vigilância da saúde do trabalhador e ações de promoção em saúde.
De acordo com art. 16. O PFVS da Portaria nº 1.378 de 2013 compõe-se de 
um valor per capita estabelecido com base na estratificação das unidades federadas 
em função da situação epidemiológica e grau de dificuldade operacional para a 
execução das ações de Vigilância em Saúde (BRASIL, 2013).
Para o Piso Variável de Vigilância em Saúde (PVVS), estão previstos 
três incentivos financeiros específicos, recebidos mediante adesão pelos entes 
federativos, conforme determina o art. 19;
I. Núcleos Hospitalares de Epidemiologia (NHE). 
II. Serviço de Verificação de Óbito (SVO).
III. Registro de Câncer de Base Populacional (RCBP).
IV. Apoio de laboratório para o monitoramento da resistência a inseticidas de 
populações de “Aedes aegypti” provenientes de diferentes estados do país.
V. Fator de Incentivo para os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (FINLACEN).
VI. Vigilância Epidemiológica da Influenza.
VII. Ações do Projeto Vida no Trânsito.
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA
18
VIII. Ações de Promoção da Saúde do Programa Academia da Saúde (BRASIL, 
2013, s.p.).
Enquadra-se também neste contexto, o incentivo destinado as ações de 
Vigilância, Prevenção e Controle das DST/Aids e Hepatites Virais que é composto 
pela unificação dos seguintes incentivos: (a) Qualificação das Ações de Vigilância 
e Promoção da Saúde às DST/AIDS e Hepatites Virais; (b) Casas de Apoio para 
Pessoas Vivendo com HIV/AIDS e (c) Fórmula infantil às crianças verticalmente 
expostas ao HIV (BRASIL, 2013).
A Assistência Financeira aos Agentes de Combate às Endemias (AFC), é 
um recurso definido pela Lei nº 12.994/2014, que institui o piso salarial profissional 
nacional para o plano de carreira dos Agentes Comunitários de Saúde e dos 
Agentes de Combate às Endemias (ACE), e regulamentado pelo Decreto nº 
8.474/2015, que define em seu art. 5º, o valor de 95% (noventa e cinco por cento) 
do piso salarial, a ser repassado pela União aos Estados e Municípios, na forma 
de assistência financeira complementar, até o quantitativo máximo de ACEs 
definido no parâmetro publicado nos arts. 416 a 424 da Portaria de Consolidação 
nº 06/GM/MS, de 28/09/2017.
O Componente da Vigilância Sanitária refere-se aos recursos federais 
destinados às ações de vigilância sanitária, constituído de:
I - Piso Fixo de Vigilância Sanitária - PFVisa: destinados a Estados, Dis-
trito Federal e Municípios, objetivando o fortalecimento do processo de descen-
tralização, a execução das ações de vigilância sanitária e para a qualificação das 
análises laboratoriais de interesse para a vigilância sanitária; e
II - Piso Variável de Vigilância Sanitária - PVVisa: destinados a Estados, 
Distrito Federal e Municípios, na forma de incentivos específicos para implemen-
tação de estratégias voltadas à Vigilância Sanitária.
De acordo com a Portaria nº 1.378, de 9 de julho de 2013, art. 16, o PFVS 
compõe-se de um valor “per capita” estabelecido com base na estratificação das 
unidades federadas em função da situação epidemiológica e grau de dificuldade 
operacional para a execução das ações de Vigilância em Saúde (BRASIL, 2013).
Os valores para financiamento das ações de vigilância em saúde serão 
ajustados anualmente com base na população estimada pelo IBGE.
NOTA
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE
19
O parágrafo único do art. 16 desta portaria estabelece que para efeito do 
PFVS, as unidades federativas são agrupadas em extratos I, II, III conforme se 
observa no quadro a seguir: 
QUADRO 1 – AGRUPAMENTO DAS UNIDADES FEDERATIVAS
Estrato I:
Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins 
e Municípios pertencentes à Amazônia Legal dos Estados do 
Maranhão (1) e Mato Grosso (1).
Estrato II:
Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão (2), Minas 
Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso (2), Paraíba, Pernambuco, 
Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Sergipe.
Estrato III: Distrito Federal, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
FONTE: Brasil (2013, on-line)
Assim, os recursos que compõe o PFVS, no âmbito da CIB, são distribuídos 
considerando os seguintes critérios estabelecidos no art. 17 da Portaria nº 1.378, 
de 9 de julho de 2013:
I. As Secretarias Estaduais de Saúde perceberão valores equivalentes a, no 
mínimo, 10% (dez por cento) do PFVS atribuído ao Estado correspondente.
II. Cada Município perceberá valores equivalentes a no mínimo 60% (sessenta 
por cento) do “per capita” do PFVS atribuído ao Estado correspondente.
III. Cada Capital e Município que compõe sua região metropolitana perceberá 
valores equivalentes a no mínimo 80% (oitenta por cento) do “per capita” do 
PFVS atribuído ao Estado correspondente (BRASIL, 2013ª, s.p., grifo nosso).
 
Mas no que estes valores de incentivos podem ser aplicados? Os recursos 
podem ser aplicados em custeio e de capital. Assim, os recursos podem ser 
aplicados de acordo com o descrito no quadro a seguir:
QUADRO 2 – DESCRIÇÃO DA APLICAÇÃO DOS RECURSOS E INCENTIVOS DA 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
RECURSOS 
HUMANOS
Contratação de recursos humanos para desenvolver atividades 
na área de controle de endemias.
Gratificações para recursos humanos que estejam desenvolvendo 
atividades na área da Vigilância em Saúde.
Capacitações específicas com conteúdo da Vigilância em Saúde 
para todos os profissionais, inclusive os que desenvolvem 
atividades na rede assistencial.
Participação em seminários, congressos de saúde coletiva, epide-
miologia, medicina tropical e outros onde sejam apresentados e 
discutidos temas relacionados à Vigilância em Saúde.
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA
20
Diárias para deslocamento de servidores de atividades inerentes 
à Vigilância em Saúde, bem como para participação em eventos 
ligados à área.
SERVIÇOS 
DE 
TERCEIROS
Pagamento de provedor de internetpara viabilizar envio de ban-
cos de dados à Secretaria Estadual de Saúde, além de pesquisa e 
troca de informações técnicas.
Confecção e reprodução de material informativo educativo (fol-
ders, cartazes, cartilhas, faixas, banner etc.) e técnico (manuais, 
guias de vigilância epidemiológica).
Manutenção de veículos e equipamentos utilizados nas ações da 
Vigilância em Saúde.
Pagamento de estadia, alimentação e locais para a realização de 
capacitações, eventos e atividades da Vigilância em Saúde.
Pagamento de assessorias, consultorias e horas-aula em ações de 
interesse da Vigilância em Saúde.
Aluguel de imóveis com atividades próprias da Vigilância em 
Saúde.
MATERIAL 
DE 
CONSUMO
Peças, combustíveis (óleo diesel, gasolina, álcool) e lubrificantes 
para manutenção de veículos.
Isopor, termômetro, bobinas de gelo reciclável e outros insumos 
para rede de frio, conservação de imunobiológicos e amostras de 
laboratório.
Materiais, peças e outros insumos para atividades de laboratório 
de saúde pública.
Compra de equipamentos de proteção individual (EPI) para ati-
vidades de controle de vetores (competências definidas na Porta-
ria MS nº 1.172/04).
Reposição de peças para equipamentos de aspersão.
Lâminas, lamínulas, estiletes e papel filtro.
Material de escritório.
FONTE: Brasil (2013, on-line)
Para você aprofundar seus conhecimentos em relação ao financiamento das 
ações de vigilância em saúde, acesse as portarias:
PORTARIA Nº 48, DE 20 DE JANEIRO DE 2015
Habilita os entes federativos ao recebimento do incentivo financeiro de custeio para im-
plantação e manutenção de ações e serviços públicos estratégicos de Vigilância em Saúde 
(BRASIL, 2015).
PORTARIA Nº 56, DE 29 DE JANEIRO DE 2015
Autoriza o repasse dos valores de recursos federais, relativos ao incentivo financeiro de cus-
DICAS
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE
21
teio para implantação e manutenção de ações e serviços públicos estratégicos de Vigilância 
em Saúde, aos Fundos Estaduais, Distrital e Municipais de Saúde (BRASIL, 2015).
PORTARIA Nº 183, DE 30 DE JANEIRO DE 2014
Regulamenta o incentivo financeiro de custeio para implantação e manutenção de ações e 
serviços públicos estratégicos de Vigilância em Saúde, previsto no art. 18, inciso I, da Porta-
ria nº 1.378/GM/MS, de 9 de julho de 2013, com a definição dos critérios de financiamento, 
monitoramento e avaliação (BRASIL, 2014).
Em relação aos papéis referentes ao planejamento e fiscalização da 
execução orçamentária previstos pela Lei Federal nº 8.080/90, pela Lei Federal nº 
8.142/90 e pela Resolução nº 453 de 10 de maio de 2012, do Conselho Nacional de 
Saúde, temos como embasamento legal:
• Constituição Federal do Brasil de 1988 (CF-88).
• Lei Federal nº 8.080/90, caput do artigo 36 e parágrafos 1º e 2º.
• Lei Federal nº 8.142/90, parágrafo 2º do artigo 1º.
• Resolução nº 453/2012.
• Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/00).
• Lei Federal nº 8.689/93 (Lei nº 8.689/93).
• Portaria MOG nº 42/99 (Portaria nº 42/99).
• Portaria Interministerial STN/SOF nº 163/2001 (Portaria nº 163/2001).
• Portarias MS: Portaria nº 2.135/2013 (revoga as portarias nº 3.085/2006, nº 
3.332/2006 e nº 3.176/2008), nº 2.053/2013, nº 204/2007, e nº 837/2009.
Caro acadêmico, chegamos ao final do Tópico 1 da Unidade 1 deste 
livro. Convido você para darmos sequência aos nossos estudos compreendendo 
o universo das doenças e agravos, que de alguma forma podem comprometer 
nossa qualidade de vida do cuidado preventivo e que justificam a existência da 
vigilância em saúde no âmbito do SUS. Vamos lá!
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA
22
Vigilância em saúde
Maurício Monken Carlos Batistella
Aspectos históricos
A expressão ‘vigilância em saúde’ remete, inicialmente, à palavra vigiar. 
Sua origem – do latim vigilare – significa, de acordo com o Dicionário Aurélio, 
observar atentamente, estar atento a, atentar em, estar de sentinela, procurar, 
campear, cuidar, precaver-se, acautelar-se. No campo da saúde, a ‘vigilância’ está 
historicamente relacionada aos conceitos de saúde e doença presentes em cada 
época e lugar, às práticas de atenção aos doentes e aos mecanismos adotados para 
tentar impedir a disseminação das doenças.
O isolamento é uma das práticas mais antigas de intervenção social relativa 
à saúde dos homens (Rosen, 1994; Scliar, 2002; Brasil, 2005). No final da Idade 
Média, o modelo médico e político de intervenção que surgia para a organização 
sanitária das cidades deslocava-se do isolamento para a quarentena. Três 
experiências iniciadas no Século XVIII, na Europa, irão constituir os elementos 
centrais das atuais práticas da ‘vigilância em saúde’: a medicina de estado, na 
Alemanha; a medicina urbana, na França; e a medicina social, na Inglaterra 
(Foucault, 1982).
O desenvolvimento das investigações no campo das doenças infecciosas e 
o advento da bacteriologia, em meados do Século XIX, resultaram no aparecimento 
de novas e mais eficazes medidas de controle, entre elas a vacinação, iniciando 
uma nova prática de controle das doenças, com repercussões na forma de 
organização de serviços e ações em saúde coletiva (Brasil, 2005). Surge, então, em 
saúde pública, o conceito de “vigilância”, definido pela específica, mas limitada, 
função de observar contatos de pacientes atingidos pelas denominadas “doenças 
pestilenciais” (Waldman, 1998).
A partir da década de 1950, o conceito de ‘vigilância’ é modificado, 
deixando de ser aplicado no sentido da ‘observação sistemática de contatos de 
doentes’, para ter significado mais amplo, o de ‘acompanhamento sistemático 
de eventos adversos à saúde na comunidade’, com o propósito de aprimorar as 
medidas de controle (Waldman, 1998).
Em 1963, Alexander Langmuir, conceituou ‘vigilância em saúde’ como 
a “observação contínua da distribuição e tendências da incidência de doenças 
mediante a coleta sistemática, consolidação e avaliação de informes de morbidade 
e mortalidade, assim como de outros dados relevantes, e a regular disseminação 
dessas informações a todos os que necessitam conhecê-la” (Brasil, 2005).
LEITURA COMPLEMENTAR
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE
23
Esta noção de ‘vigilância’, ainda presente nos dias atuais, baseada na 
produção, análise e disseminação de informações em saúde, restringe-se ao 
assessoramento das autoridades sanitárias quanto à necessidade de medidas de 
controle, deixando a decisão e a operacionalização dessas medidas a cargo das 
próprias autoridades sanitárias (Waldman, 1998).
Em 1964, Karel Raska, propõe o qualificativo ‘epidemiológica’ ao conceito 
de ‘vigilância’ – designação consagrada no ano seguinte com a criação da 
Unidade de Vigilância Epidemiológica da Divisão de Doenças Transmissíveis da 
Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 1968, a 21ª Assembleia Mundial da 
Saúde promove ampla discussão sobre a aplicação da ‘vigilância’ no campo da 
saúde pública, que resulta em uma visão mais abrangente desse instrumento, com 
recomendação de sua utilização não só em doenças transmissíveis, mas também 
em outros eventos adversos à saúde (Waldman, 1998).
Um dos principais fatores que propiciaram a disseminação da ‘vigilância’ 
como instrumento em todo o mundo foi a ‘campanha de erradicação da varíola’, 
nas décadas de 1960 e 1970. Neste período, no Brasil, a organização do Sistema 
Nacional de Vigilância Epidemiológica (1975), se dá através da instituição do 
Sistema de Notificação Compulsória de Doenças. Em 1976, é criada a Secretaria 
Nacional de Vigilância Sanitária. No caso da vigilância ambiental, começou a ser 
pensada e discutida, a partir da década de 1990, especialmente com o advento do 
Projeto de Estruturação do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde - VIGISUS 
(Brasil, 1998; EPSJV, 2002).
O debate atual
As discussões que se intensificaram a partir da década de 1990 em torno 
da reorganização do sistema de ‘vigilância epidemiológica’, tornando possível 
conceber a proposta de ação baseada na ‘vigilância da saúde’, continham pelo 
menos três elementosque deveriam estar integrados: 1) a ‘vigilância’ de efeitos 
sobre a saúde, como agravos e doenças, tarefa tradicionalmente realizada pela 
‘vigilância epidemiológica’; 2) a ‘vigilância’ de perigos, como agentes químicos, 
físicos e biológicos que possam ocasionar doenças e agravos, tarefa tradicionalmente 
realizada pela ‘vigilância sanitária’; 3) a ‘vigilância’ de exposições, através do 
monitoramento da exposição de indivíduos ou grupos populacionais a um agente 
ambiental ou seus efeitos clinicamente ainda não aparentes (subclínicos ou pré-
clínicos), este último se coloca como o principal desafio para a estruturação da 
‘vigilância ambiental’ (Freitas & Freitas, 2005; EPSJV, 2002).
No Brasil, o processo de implantação dos distritos sanitários buscava 
organizar os esforços para redefinir as práticas de saúde, tentando articular a 
epidemiologia, o planejamento e a organização dos serviços (Teixeira, 2000). 
Naquele momento, a preocupação incidia sobre a possibilidade de reorganizar 
a prestação dos serviços, buscando a integração das diferentes lógicas existentes: 
a atenção à demanda espontânea, os programas especiais e a oferta organizada 
dos serviços, com base na identificação das necessidades de saúde da população.
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA
24
A excessiva fragmentação observada na institucionalização das ações de 
‘vigilância’ (epidemiológica, sanitária e ambiental) também é criticada no âmbito 
de sua construção conceitual.
Três vertentes apontam diferentes concepções em torno da noção de 
‘vigilância em saúde’: uma primeira, que a entende como sinônimo de ‘análise 
de situações de saúde’, embora amplie o objeto da ‘vigilância epidemiológica’, 
abarcando não só as doenças transmissíveis, não incorpora as ações voltadas 
ao enfrentamento dos problemas. A segunda vertente concebe a ‘vigilância 
em saúde’ como integração institucional entre a ‘vigilância epidemiológica’ 
e a ‘vigilância sanitária’, resultando em reformas administrativas e, em alguns 
casos, no fortalecimento das ações de ‘vigilância sanitária’ e na articulação com 
os centros de saúde. Por fim, a terceira noção concebe a ‘vigilância em saúde’ 
como uma proposta de redefinição das práticas sanitárias, organizando processos 
de trabalho em saúde sob a forma de operações para enfrentar problemas que 
requerem atenção e acompanhamento contínuos. Estas operações devem se dar 
em territórios delimitados, nos diferentes períodos do processo saúde-doença, 
requerendo a combinação de diferentes tecnologias (Teixeira, Paim & Vilasboas, 
1998). Nesta última concepção são revistos os sujeitos, os objetos, meios de 
trabalho e as formas de organização dos processos de trabalho envolvidos.
De acordo com Teixeira, Paim e Vilasboas (1998), o sistema de saúde 
brasileiro após a constituição de 1988 vem buscando construir modelos de atenção 
que respondam de forma eficaz e efetiva às reais necessidades da população 
brasileira, seja em sua totalidade, seja em suas especificidades locais. Os modelos 
hegemônicos atuais – o médico-assistencial, pautado na assistência médica e no 
hospital, e o modelo sanitarista, baseado em campanhas, programas e em ações 
de ‘vigilância epidemiológica’ e ‘sanitária’ – não conseguem mais responder 
à complexidade e diversidade dos problemas de saúde que circunscrevem o 
cidadão comum nesse início de século.
A busca por modelos alternativos que, sem negar os anteriores, conjuguem 
as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde a outras formas de 
cuidado voltadas para qualidade de vida das coletividades, incorporando atores 
sociais antes excluídos do processo de produção da saúde, é estratégia para 
superar o ciclo biologicista, antropocêntrico, medicalizante e iatrogênico em que 
se encontra o sistema de saúde há quase um século.
A ‘vigilância em saúde’, entendida como rearticulação de saberes e de 
práticas sanitárias, indica um caminho fértil para a consolidação do ideário e 
princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). Apoiada no conceito positivo do 
processo saúde-enfermidade, ela desloca radicalmente o olhar sobre o objeto da 
saúde pública – da doença para o modo de vida (as condições e estilos de vida) 
das pessoas. Entendida como uma ‘proposta de ação’ e uma ‘área de práticas’, 
a ‘vigilância em saúde’ apresenta as seguintes características: intervenção sobre 
problemas de saúde que requerem atenção e acompanhamento contínuos; adoção 
do conceito de risco; articulação entre ações promocionais, preventivas, curativas 
TÓPICO 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE
25
e reabilitadoras; atuação intersetorial; ação sobre o território; e intervenção sob a 
forma de operações (Paim & Almeida Filho, 2000).
Fundamentada em diferentes disciplinas (epidemiologia, geografia 
crítica, planificação em saúde, ciências sociais, pedagogia, comunicação etc.), a 
‘vigilância em saúde’ recorre a uma ‘associação de tecnologias’ (materiais e não 
materiais) para enfrentar problemas (danos e riscos), necessidades e determinantes 
socioambientais da saúde. Como combinação tecnológica estruturada para 
resolver questões postas pela realidade de saúde, a ‘vigilância em saúde’ tem sido 
reconhecida como um ‘modelo de atenção’ ou como um ‘modo tecnológico de 
intervenção em saúde’ (Paim & Almeida Filho, 2000) ou uma via para a construção 
e a implementação da diretriz da integralidade.
O pensar sistemático sobre o conhecimento, o objeto e o trabalho em 
saúde dão suporte para a operacionalização do trinômio ‘informação-decisão-
ação’, dimensões estratégicas para o planejamento. Esta reflexão coloca tanto 
para o diagnóstico quanto para a ação a importância do olhar de cada ator social 
sobre o seu cotidiano. Portanto, os processos de trabalho da ‘vigilância em saúde’ 
apontam para o desenvolvimento de ações intersetoriais, visando responder com 
efetividade e eficácia aos problemas e necessidades de saúde de populações e de 
seus contextos geradores.
Para Carvalho (2005), embora a corrente da ‘vigilância em saúde’ venha 
contribuindo para a consolidação do SUS e aponte corretamente para a reorganiza-
ção do modelo assistencial, é preciso indicar suas debilidades teóricas e práticas. A 
‘vigilância em saúde’ tenderia a desconsiderar a importância do saber clínico acu-
mulado ao longo da história, dando ênfase demasiada ao papel da epidemiologia 
e do planejamento na determinação das necessidades de saúde. O autor assinala 
ainda a subordinação do universo do sofrimento à lógica dos fatores e condições 
de risco presente na proposta da ‘vigilância em saúde’. Em nome do coletivo, esta 
tenderia a desconsiderar os planos do desejo e do interesse individual que confor-
mam o sujeito. Por fim, à ênfase dada ao método epidemiológico na priorização 
dos problemas de saúde põe em questão a afirmação de que a ‘vigilância em saúde’ 
teria como objeto a saúde e não a doença.
Outra vertente de crítica diz respeito à intersetorialidade. Para Lefévre 
e Lefévre (2004), ao afirmar que a saúde é responsabilidade de todos setores 
(habitação, emprego, renda, meio ambiente etc.), a ‘vigilância em saúde’ esvaziaria 
a ação específica do setor saúde em detrimento de ações políticas globais com alto 
grau de generalidade.
FONTE: BATISTELLA, M. M. C. Vigilância em saúde. 2019. Disponível em: http://www.sites.epsjv.
fiocruz.br/dicionario/verbetes/vigsau.html>. Acesso em: 2 abr. 2020.
http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/vigsau.html
http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/vigsau.html
26
Neste tópico, você aprendeu que: 
• No decorrer dos anos houve um movimento histórico sobre as ações de 
vigilância em saúde.
• Em 2004, o Governo Federal publica a Portaria GM/MS nº 1.172, onde são 
definidas as atividades sob o título vigilância em saúde.
• A Secretaria de Vigilância a Saúde (SVS/MS) é composta pela vigilância 
epidemiológica, ambiental e de saúde do trabalhador.
• A vigilância epidemiológica tem a atribuição e a responsabilidade de elaborar 
normas e procedimentos técnicos quedão subsídios a execução de ações de 
prevenção e promoção da saúde por meio da imunização.
• Cabe à vigilância sanitária a responsabilidade e atribuição de identificar, 
avaliar, gerenciar e comunicar os riscos à saúde.
• A vigilância ambiental tem, por atribuição, acompanhar e identificar os fatores 
determinantes e condicionantes do meio e que interferem na saúde humana.
• A vigilância em saúde do trabalhador tem por objetivo realizar intervenção na 
promoção da saúde e da morbimortalidade dos trabalhadores.
• A Portaria nº 64, de 30 de maio de 2008, estabelece a Programação das Ações de 
Vigilância em Saúde (PAVS) como instrumento de planejamento para definição 
de um elenco norteador das ações de vigilância em saúde. 
RESUMO DO TÓPICO 1
27
1 A vigilância em saúde tem várias funções no contexto da saúde pública. En-
tretanto, uma atividade é comum a toda vigilância em saúde. Analise as prepo-
sições a seguir e assinale a alternativa correta:
a) Fazer somente notificação dos agravos a saúde.
b) Mapear área de riscos ambientais e analisar dados.
c) Desenvolver atividades de investigação, identificar riscos ou agravos, imple-
mentar ações.
d) Levantar incidência ou analisar dados socioeconômicos.
2 Analise o conceito a seguir: “sistema instituído no período da peste, e que 
consistia em retirar as pessoas da convivência e em observá-las até se ter certe-
za de que não estivessem com a doença, é referida, por exemplo, pelos historia-
dores contemporâneos como uma das primeiras contribuições fundamentais à 
prática da saúde pública” (ROSEN, 1994, p. 63). Assinale a alternativa correta 
em relação ao conceito:
a) Esse conceito refere-se o período da febre amarela.
b) O conceito refere-se ao período de quarentena.
c) O conceito é relacionado aos determinantes de saúde.
d) O conceito é relacionado ao período da peste negra.
3 A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) possui atividades es-
pecificas que só podem ser realizas por ela. Analise as preposições a seguir em 
relação a essas atividades: 
I- O registro de novos produtos, substâncias e medicamentos; 
II- A coordenação do sistema nacional da vigilância sanitária;
III- Desenvolver o perfil epidemiológico das populações vulneráveis;
IV- Proibir a fabricação, distribuição e armazenamento de produtos que pos-
sam causar danos à saúde; as atividades de investigação. 
Assinale a alternativa CORRETA:
a) Somente a alternativa I está correta.
b) As alternativas I, II, III estão corretas.
c) As alternativas I, II e IV estão corretas.
d) As alternativas III e IV estão corretas.
AUTOATIVIDADE
28
4 O incentivo destinado às ações de Vigilância, Prevenção e Controle das DST/
Aids e Hepatites Virais é composto pela unificação de alguns incentivos. Em 
relação a esses incentivos, analise as alternativas a seguir:
I- Qualificação das Ações de Vigilância e Promoção da Saúde às DST/AIDS e 
Hepatites Virais.
II- Casas de Apoio para Pessoas Vivendo com HIV/AIDS.
III- Fórmula infantil às crianças verticalmente expostas ao vírus HIV/IADS.
IV- Vacinas para rubéola.
 
Assinale a alternativa CORRETA:
a) Somente a alternativa I está correta.
b) As alternativas I, II, IV estão corretas.
c) As alternativas I, II e III estão corretas.
d) As alternativas III e IV estão corretas.
29
TÓPICO 2
MEDIDAS DE CONTROLE E PREVENÇÃO 
DE DOENÇAS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
A melhoria da saúde humana sempre foi um tema muito discutido, e com-
plexo, visto que a sociedade gasta sua energia e esforço para compreender e in-
tervir nos processos que causam adoecimento, sofrimento e dor. Entretanto, nas 
últimas décadas a preocupação da sociedade está voltada mais para as questões de 
prevenção e formas de promoção do que somente a cura das doenças. Nas novas 
formas de viver em sociedade trouxeram à tona uma a preocupação em se pensar 
ações antecipadas que possam inibir o aparecimento e progressão de doenças. 
O avanço tecnológico no campo da saúde associado aos resultados de 
pesquisa e até mesmo da medicina baseada em evidência tem gerado diversas 
medidas de proteção à saúde e combate às doenças, considerando os seus fatores 
e determinantes. 
Assim, nosso objetivo neste Tópico 2 é compreender qual o papel do cui-
dado preventivo no contexto do processo saúde-doença e sua relação com a vigi-
lância em saúde.
2 FUNDAMENTOS BÁSICOS DA PREVENÇÃO E PROMOÇÃO 
NA SAÚDE
O processo de adoecimento sempre fez parte da relação do homem com 
seu meio, e traz grandes impactos na vida das populações. E, por este motivo, 
as medidas de prevenção e promoção da saúde ainda são desafiadoras para os 
sistemas de saúde.
2.1 PREVENÇÃO DA SAÚDE 
O processo saúde-doença é complexo, e por isso, que mesmo depois de anos 
de pesquisa ainda se diz que não é possível explicar a saúde ou a doença a partir de 
um único ponto de vista. No decorrer da evolução deste processo, vários modelos 
teóricos foram desenvolvidos e reforçaram a ideia de que o corpo humano é uma 
máquina e que a doença representa uma falha nesta máquina ou em parte dela. 
UNIDADE 1 | VIGILÂNCIA EM SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA
30
Assim, nos períodos distintos da vida em sociedade a saúde e o seu con-
ceito passaram por um processo evolutivo desde a chamada visão mágica, nos 
primórdios da civilização, ou seja, neste período a doença era vista como algo 
natural que simplesmente acontecia, cujas explicações variavam de acordo com a 
cultura e os costumes da comunidade local. 
Na Civilização Grega, a saúde foi explicada a partir das conclusões ad-
vindas dos homens e sua relação com a natureza. Destaca-se nesse período os 
escritos de Hipócrates em seu tratado Ares Aguas e Lugares em que descreve a 
relação do homem e o seu modo de vida, apresentando a doença como um resul-
tado dessas relações. 
Na Idade Média, as explicações para a o aparecimento das doenças foram 
vinculadas as más condições de higiene, principalmente pela igreja, que a relaciona-
va a um castigo divino. Nos dias atuais, ainda é possível identificar populações que 
explicam a cura das doenças a partir de rituais religiosos ou pela crendice popular.
No decorrer do Século XV, com a ruptura entre a Igreja e poder público, 
os estudos biológicos cresceram com maior rapidez, proporcionando o desenvol-
vimento de equipamentos e pesquisas, que por sua vez, possibilitou aos cientistas 
europeus o conhecimento mais aprofundado do homem e seu interior. 
Foi a partir da Revolução Industrial (segunda metade do Século XVIII) que 
nasce a medicina social, responsável por discutir o processo de adoecimento a par-
tir das condições de vida das pessoas. Ainda se destaca, nesta evolução histórica, a 
era bacteriológica, em que houve a comprovação de que algumas doenças estavam 
relacionadas à presença de germes, porém, não foi capaz de explicar a complexida-
de do adoecimento em meados do Século XX (SOLHA, 2014; OPAS, 2010).
Neste contexto, novas teorias foram sendo criadas, considerando a mul-
ticausalidade (modelo multicausal) do processo de adoecimento. A mais conhe-
cida e utilizada ainda nos dias atuais é a História Natural da Doença proposta 
pelos pesquisadores Leavell e Clark, em 1965. De acordo com esses pesquisado-
res a doença apresenta duas fases: Pré-patogênese e Patogênese (COSTA, 2018). 
A fase pré-patogênese precede a instalação da doença no organismo. É nela 
que ocorre a interação entre os agentes patogênicos, o ambiente e o suscetível.
Já a fase patogênese compreende o período no qual a doença já está insta-
lada no organismo e surgem as primeiras alterações, sendo que os resultados des-
te processo podem resultar em cura, cronificação da doença, sequelas e/ou morte.
 
Com base nesta lógica de desenvolvimento das doenças os pesquisadores 
Leavell e Clark propuseram a classificação das ações preventivas em três níveis 
descritos por Costa (2018): 
Prevenção Primária: visa implementar ações para atuar no controle dos 
fatores pré-patogênicos, aumentando a capacidade da pessoa se manter livre de 
doenças.
TÓPICO 2 | MEDIDAS DE

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