Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FARMACOLOGIA CAMILA SANTIAGO FARMACOLOGIA | MEDICINA Farmacologia 07: Anti-inflamatórios AINES, AIES, dor (não opioides, opioides, neuropática) AINES: não modificam (controlam somente) os sinais ou sintomas das inflamações; São amplamente utilizados sem prescrição pelo público em geral. Possuem propriedades analgésicas, antitérmicas, anti inflamatórias, anti trombóticas e anti reumáticas - Não possuem anel esteroide Os AINES pode ser: - Não seletivos (inibe COX-1 e COX-2): ácido acetilsalicílico (aspirina – usada off label como anti trombótico), diclofenaco (cataflan), naproxeno, ibuprofeno, piroxicam (feldene) e ácido mefenâmico (ponstan), paracetamol (não é um AINE, mas é classificado como se fosse internacionalmente) - Seletivos (inibe COX-2): rofecoxibe, calecoxibe, lumiracoxibe, valdecoxibe, etoricoxibe, nimesulida, meloxicam, etodolaco Mecanismo de ação geral: Ainda que existam diferenças, sua ação farmacológica se baseia na sua habilidade compartilhada de inibir a enzima COX de ácidos graxos, inibindo a síntese de prostaglandinas e tromboxanos. Existem duas isoformas comuns dessa enzima, COX-1 e COX-2. Os AINES inibem a biossíntese de prostaglandinas através da ação sobre a COX COX-1: enzima constitutiva, expressa na maioria dos tecidos, inclusiva nas plaquetas do sangue. Desempenha funções de manutenção no organismo, pois está envolvida na homeostase dos tecidos e é responsável pela produção de prostaglandinas, com funções de proteção gástrica, agregação plaquetária, autorregulação do fluxo sanguíneo renal e no início do parto COX-2: induzida principalmente nas células inflamatórias quando ativadas por citocinas (IL-1 e TNF-a). Sendo a principal responsável pela produção de mediadores da inflamação. Contudo, existem algumas exceções, como no rim, onde é expressão continuamente e participa da homeostase renal, e no SNC Prostaglandinas: anti agregantes plaquetários, são os mais potentes vasodilatadores, e esta ação envolve principalmente arteríolas, esfíncteres pré capilares e vênulas pós capilares Estômago: a prostaglandina produzida pela COX-1 confere ao estomago gastro proteção - Citotec é uma prostaglandina sintética utilizada para o tratamento de úlcera gástrica, mas em mulheres gravidas pode induzir ao aborto pois causam contração uterina Útero não gravídico: COX1 e COX2 produz prostaglandina F2 alfa que induz a contração uterina, o medicamento vai inibir a COX e aliviar a dor - AINES diminui a contração uterina; pode prolongar o trabalho de parto para parto prematura Circulação fetal: o fechamento do canal arterial do recém nascido ocorre com 12 a 15 horas de vida. No prematuro ele permanece aberto por um período mais prolongado e a frequência da persistência do canal é maior quanto mais prematuro o recém-nascido. O mecanismo de manutenção depende de uma alta concentração de prostaglandina E2 Pulmão: TXA2, PGD, PGF2alfa → substancias anti- inflamatórias para o pulmão; prostaglandina tem função benéfica neles FARMACOLOGIA CAMILA SANTIAGO FARMACOLOGIA | MEDICINA - Asmático não pode tomar por mais de 6 dias, causa broncoconstrição; DPOC também não, dificulta a respiração Endotélio: COX1 e COX2; prostaglandina I2; função: vasodilatação, anti agregação plaquetária; reduz captação de colesterol. Inibir a prostaglandina nesse caso é ruim Plaqueta: COX1; tromboxano sintase; função: pró agregação plaquetária; vasoconstritor Rim: o tipo de COX depende do lugar - COX1 e COX2; várias prostaglandinas, mas uma que chama a atenção: prostaglandina I2; função: vasodilatação, para manter o néfron viável/vivo Sistema nervoso central: - Hipotálamo: COX2, prostaglandina E2; função: pró inflamatória A maioria dos AINES tradicionais (não seletivos) inibem tanto a COX-1 quanto a COX-2, embora sua potencia relativa para cada forma seja diferente. A sua ação inflamatória está relacionada à inibição da COX- 2, enquanto seus efeitos indesejáveis (principalmente os do trato gastrointestinais) resultam da sua inibição sobre a COX-1 AINES não seletivos: ácido acetilsalicílico (aspirina) – inibe irreversivelmente, de maneira covalente, COX 1 e COX 2; diclofenaco (cataflan), ácido mefenâmico, ibuprofeno, paracetamol Mecanismo: todos os AINES (não seletivos e seletivos COX 2) apresentam eficácia similar, a maior diferença entre os AINES (não seletivos e seletivos COX 2) são as reações adversas, variação na resposta e na tolerância individual, cerca de 60% das pessoas respondem a qualquer AINE Eficácia dos AINES não seletivos: todos são analgésicos, anti inflamatórios e antitérmicos, além de efeito nas doenças reumáticas, exceto o paracetamol, que não é inflamatório 1. Benefício definido na dor: analgesia: uteis contra dor leve ou moderada, principalmente originada de inflamação ou lesão tecidual. Sinais clínicos da resposta inflamatória incluem palidez que aumenta sob pressão, diminuição da força, dor latejante, falta de sensação de toque leve, cianose - Doses únicas apresentam analgesia comparável à do paracetamol (analgésicos suaves) - Doses regulares possuem analgesia mais duradoura e efeitos inflamatórios - Úteis em dores contínuas e associadas a inflamação - Não existe diferença entre os efeitos analgésicos dos AINES. Os inibidores seletivos da COX-2 têm eficácia analgésica similar aos convencionais (não seletivos) Mecanismo: atividade analgésica - Inibe a síntese de prostaglandinas que são liberadas durante o processo inflamatório - Inibe a liberação de mediadores inflamatórios - Produz efeito central sobre a percepção da dor 2. Benefício definido na inflamação: anti inflamatório: - Inflamação aguda: cessa no 1º dia tomando o medicamento - Inflamação crônica: demora semanas Mecanismo: atividade anti inflamatória - Inibe a síntese de prostaglandinas - Inibe a expressão de moléculas de adesão FARMACOLOGIA CAMILA SANTIAGO FARMACOLOGIA | MEDICINA - Inibe a aderência de leucócitos - Inibe a migração de leucócitos - Interfere na degranulação das células inflamatórias - Reduz a produção de mediadores reativos 3. Benefício definido na febre: antitérmico: febre geralmente resulta de uma infecção, lesão tissular, rejeição ao enxerto, doença maligna ou inflamação – pode ser alterada pelo AINES. Mas a febre resultante de exercício ou de alterações na temperatura não podem ser modificadas por AINES Febre = aumento da temperatura pelo hipotálamo para níveis acima do normal, ocorre pela ativação da COX- 2 e produção de prostaglandinas, decorre geralmente de infecções (processo inflamatório) O que pode provocar esta mudança na sensibilidade dos neurônios: imaturidade dos centros termo regulatórios, tumores, inflamação ou infecção (prostaglandinas, fator gerador de corticotropina e endotelinas) Mecanismo: inibe a produção de prostaglandinas no hipotálamo 4. Benefício definido: dismenorreia primaria: cólicas menstruais Ibuprofeno obteve a melhor relação risco-benefício 5. Benefício definido: distúrbios reumáticos - Artrite reumatoide e gota; promovem o alívio sintomático, mas não alteram o curso da doença Efeitos adversos dos AINES não seletivos: Mais comuns: desconforto gastrointestinal, náusea e diarreia. Pode aumentar o sangramento digestivo (quanto maior os dias de medicamento e a dose, maior o sangramento) RAM gastrintestinais - AINES tem alto risco de sangramento digestivo, quanto maior a dose, maior o sangramento - Pode levar a úlcera péptica Recomendação: iniciar com um AINEt de menor risco, na menor dose recomendada, não associar a outros medicamentos AINES e optar por medicamentos seletivos da COX-2; pode ingerir um gastroprotetor junto Mecanismo: COX-1 produz prostaglandinas; AINES: inibe o efeito gastro protetor → petéquias, úlceras2. RAM anti agregante plaquetário - Por que apenas a aspirina é utilizada como anti agregante plaquetário? Ela aumenta e prolonga o tempo de coagulação. Inibe parcialmente as plaquetas de produzir tromboxano - Necessário suspender a aspirina antes de procedimentos cirúrgicos - Nas plaquetas há COX-1; 100mg de aspirina possui efeito anti agregante plaquetário - Para dor de cabeça o indivíduo pode tomar até 1000mg/3x dia = 3000mg/dia - Efeito anti inflamatório precisa da dose: 2000mg/3x dia = 6000mg/dia → causa sangramento 3. RAM renal: ocorre no uso sistêmico e tópico, neuropatia por analgésicos. Quase não afeta indivíduos saudáveis que utilizam AINES em dose terapêutica. O grupo de risco são idosos, pacientes em uso de diuréticos, insuficiência cardíaca, doença vascular renal ou consumo de álcool crônico 4. Asma induzida por AINES: 5% dos pacientes expostos aos AINES podem apresentar asma sensível a FARMACOLOGIA CAMILA SANTIAGO FARMACOLOGIA | MEDICINA aspirina, possui relação com inibição da COX devido a uma infecção viral preexistente sensibilizadora Ao tomar AINES, inibe a COX 1 e COX 2, que normalmente no pulmão, produzem produtos anti inflamatórios (quando o indivíduo não está passando por um processo inflamatório) 5. Hipersensibilidade cruzada: possui alergia a um AINE, possui há todos os outros - Erupções cutâneas, urticaria, rinite Contra indicações: pacientes com história de reação alérgica severa (anafilaxia e angioedema), asmáticos, pólipos nasais, gravidas (na última metade da gravidez), feto e recém nascidos - Na gravidez: prolonga a gestação, atrasando o início do trabalho de parto. A indometacina tem sido usada para a interrupção do trabalho de parto prematuro. Riscos do uso – hipertensão pulmonar fetal por fechamento do canal arterial e comprometimento da circulação geral (alta concentração de prostaglandinas em prematuros – o fechamento do canal arterial ocorre algumas horas após o nascimento, nos prematuros ele permanece aberto por mais tempo). Contra indicação: maior no terceiro trimestre da gravidez - Tratamento com AINES para fechar o canal em prematuros: indometacina produz o fechamento na maioria dos casos, porém pode ser ineficiente. O ibuprofeno tem sido utilizado, com efetividade semelhante, mas aumenta o risco de doença pulmonar crônica e a hipertensão pulmonar Interações: Nunca usar AINES com: - Outro AINES: podem levar a insuficiência renal, já existindo pré disposição - IECA - Anti hipertensivos (essa interação diminui o efeito anti hipertensivo, AINES bloqueiam a prostaciclina – vasodilatador produzido pelas anti hipertensivos) - Anticoagulantes e trombolíticos (AINES prolongam o tempo de coagulação) - Corticosteroides (podem aumentar os efeitos adversos; diminuem a gastroproteção e a prostaglandina no estômago, pode provocar ototoxicidade e risco aumentado de ulceração e perda gastrointestinal de sangue) - Metotrexato Principais AINES não seletivos: AAS: principal AINES desenvolvido a partir da acetilação do ácido salicílico - Inibe a COX irreversivelmente por acetilação Indicações: dor, febre, terapia de doença cardiovascular, anti inflamatório, anti trombótico, infarto, aterosclerose Mecanismo de ação: inibição da função plaquetária, AAS inibe a COX-1 irreversivelmente nas plaquetas, com a inibição elas não conseguem fazer a produção de tromboxano A2 ou mesmo sofrer ação do tromboxano A2, o que diminui a sua produção. A aspirina acetila as enzimas COX e como as plaquetas não tem núcleo, elas não são capazes de realizar a síntese proteica, permanecendo inativadas pelo seu tempo de vida - A aspirina ao inibir a COX-1 e 2, inibe a prostaciclina, mas o endotélio se recupera, fazendo síntese de COX-2 que foi inibida pela aspirina - Anti inflamatório: inibição do sistema NFkB Administração: ingerir com alimentos ou leite para diminuir a irritação gástrica. Diferentes apresentações podem apresentar diferentes tempos de latência, mas FARMACOLOGIA CAMILA SANTIAGO FARMACOLOGIA | MEDICINA nenhuma elimina a irritação gástrica (inibição da COX-1 no estômago) • 500 ou 1000mg de AAS ou associados – 4 a 8 horas, não excedendo 8 comprimidos por dia; não deve ser administrada por mais de 3 a 5 dias • Ação anti pirética para febre alta superior a 39,5 graus com duração superior a 3 dias ou febre recorrente; atua no SNC onde a interleucina-1 libera prostaglandinas que elevam o ponto de ajuste hipotalâmico para o controle de temperatura, causando febre, os AINES ajudem a impedir esse mecanismo – 0,3 a 1g por dose • Pode causar sangramento gastrintestinal, decorrentes da inibição da COX 1 gástrica, que sintetiza as prostaglandinas que normalmente inibem a secreção de ácido e protegem a mucosa – a partir de 0,3g • Pode ser usado como anti agregante plaquetário – 75 a 325mg/dia • Não é recomendado como anti inflamatório pois o AAS atua inativando irreversivelmente a COX 1 e COX 2 – 3g/dia • Pode ser utilizado como analgésico em curto prazo – 0,3 a 1g por dose - Não possui efeito pró trombótico Cuidados: usar com precaução em pacientes com problemas de coagulação, erosões gastrintestinais, comprometimento hepático ou renal. Em crianças pode levar a Síndrome de Reye ou toxicidade - Síndrome de Reye: em caso de crianças com virose (varicela zoster ou influenza) + uso de AAS leva a inflamação do cérebro e do fígado, gerando dificuldade respiratória e até a morte. Utilizar o paracetamol (tylenol) Hipersensibilidade: ocorre dentro de 3 horas. Apresenta urticária, angioedema, broncoespasmo, rinite severa e choque. Relatos de óbito após poucos minutos em pacientes com histórico de hipersensibilidade - Nunca utilizar qualquer substancia que contenha AAS em indivíduos com suspeita ou dengue confirmada Contra indicações: hipersensibilidade, asma, rinite, pólipos nasais, hemofílicos, crianças ou adolescentes com sintomas de gripe ou catapora - Na gravidez: teratogenicidade (alterações na homeostasia), mortalidade perinatal e hipertensão pulmonar - Na lactação: salicilatos são excretados no leite materno e podem causar reações adversas no bebe, possibilitando desenvolvimento da síndrome de Reye. Paracetamol e ibuprofeno são alternativas melhores Paracetamol - Tylenol - Medicamento seguro Indicações: dor leve a moderada, de baixa intensidade e origem não visceral, enxaqueca, dor relacionada a osteoartrite, febre Posologia: - Adultos: 750mg/dose – 4x/dia = 3000mg/dia - Crianças: 10 a 15mg/kg/dose Mecanismo: inibe a COX 3. Uma isoforma da COX que é produto de splice alternativo da COX-1 Farmacocinética: após a absorção oral os picos plasmáticos são atingidos em 10 a 60 minutos. Sofrem eliminação pela urina ou bile. Sua meia vida é de 1,25 a 3h - Pode ocorrer hepatotoxicidade se tomada em excesso FARMACOLOGIA CAMILA SANTIAGO FARMACOLOGIA | MEDICINA Cuidados: hepatotoxicidade potencialmente fatal pelo acúmulo de NAPQI (pode ocorrer pela ingestão de dose tóxica única de 10g, ingestão repetida de altas doses 7,5g por dois dias, ingestão crônica). A fatalidade é rara em doses menores de 15mg. Não se deve utilizar outro produto que contenha paracetamol Contra indicações: hipersensibilidade a paracetamol, uso com precaução em pacientes que utilizam mais de 3 doses diárias de bebidas alcóolicas (fígado sobrecarregado) Só usar se necessário na lactação e na gravidez, excretado no leite materno Interações: álcool, indutores enzimáticos, anticoagulantes orais Diclofenaco Biofenac, Cataflan, Voltaren Indicações: artrite reumatoide aguda, crônica e juvenil, febre, osteoartrite, dismenorreia, espondilite anquilosante, cólica renal e biliar, alívio da dor, pós operatório preventivo da cirurgia do olho - Processosque tenham dor, inflamação e febre Posologia: VO, VM, IV - Suspensão oral, gotas, pomada, supositório, injetáveis, gotas Sais: o fármaco é ligado a um sal para aumentar a hidrossolubilidade (diclofenaco sódico ou potássico). Pode ser associado a colestiramina para aliviar o efeito gástrico (resina de troca iônica) Cuidados: não são indicados para crianças abaixo de 14 anos, com exceção de casos de artrite juvenil crônica. Não aplicar no deltóide, pode necrosar Ibuprofeno Muito seguro. Difícil ter efeitos colaterais com o aumento da dose Indicações: artrite reumatoide (concentra-se em articulações), artrite reumatoide infantil, osteoartrite, dismenorreia – primeira escolha, febre – segunda escolha, cefaleia (apenas 15 minutos para efeito) Efeitos adversos: o ibuprofeno é considerado uma droga segura Ibuprofeno + arginina: utilizados por pacientes que precisam usar ibuprofeno com frequência (artrite) Arginina → permite a sua solubilização, melhora a biodisponibilidade e acelera o início do efeito terapêutico, alcançando picos de concentração plasmática após 15 minutos de administração Concentração no fluído sinovial → menor que a concentração plasmática (penetra lentamente nos espaços sinoviais e pode ali permanecer em concentrações elevadas) Criança: escolha: ordem: paracetamol, ibuprofeno, dipirona; porém, a dipirona é mais utilizada pelo preço no SUS Obs: a dipirona não é AINES – tem efeito antitérmico e analgésico, mas não inibe a COX. - É muito difícil ter efeitos colaterais com o aumento da dose de ibuprofeno, em relação ao paracetamol que pode ter toxicidade e a aspirina com problemas de coagulação FARMACOLOGIA CAMILA SANTIAGO FARMACOLOGIA | MEDICINA Inibidores seletivos da COX 2: é seletiva quando não causa nenhuma interferência mensurável na atividade da COX-1 - O sufixo ‘’coxibs’’ indica inibição de COX 2 - Foram desenvolvidos com o intuito de não causar os efeitos adversos dos inibidores não seletivos. Porém, há malefícios em inibir a COX 2 e não inibir a COX 1 - Não possuem efeito antitrombótico, pelo contrário, podem induzir a trombose – efeito pró trombótico Obs: somente sob prescrição médica – devido aos efeitos sobre trombose, reação anafilactóide Rofecoxibe: matou por infarto agudo do miocárdio; forma trombos; não é seguro Celecoxibe: menor potencial a causar trombo; menor risco cardiovascular Efeitos terapêuticos: anti inflamatório (moderado), analgésico (moderado) e antipirético - Benefício definido: artrite reumatoide, dismenorreia e dor pós operatória - Efeitos adversos: lesão renal, eventos cardiovasculares, reações anafilactóides. Por esse motivo não são utilizados como fármacos de 1ª escolha - COX-2 não é restrita apenas ao processo inflamatório, ela é constitutiva/fisiológica – se tomada com muita frequência causa inibição da COX-2 renal, gerando problemas renais - Riscos cardiovasculares devido a diminuição de COX-2 e, consequentemente de prostaciclina, o que aumenta os riscos de trombose e aterosclerose; podem causar edema, aumento da tensão arterial, insuficiência cardíaca e renal aguda em pacientes com doença renal pré-existente - Presença de COX 2 ao redor de úlceras Hipertensão: inibidores seletivos da COX-2 apresentam retenção transitória de sódio, mas em indivíduos saudáveis não há aumento da pressão. Depende da dose, duração e paciente Aterosclerose: inibem a produção de PGI2 e favorecem a formação de pró trombóticos (TAX2) Reações cutâneas: Síndrome de Bextra e de Stevens Johnson Prescrição: - Não são mais eficazes como anti inflamatórios e analgésicos que os outros AINES - Sua prescrição deve ser reservada a pacientes com alto risco gastrintestinal - Indicado para pacientes com risco gastrointestinal - Não devem ser utilizados em pacientes com cardiopatia isquêmica ou doença cerebrovascular - Não devem ser utilizados como fármacos de primeira linha, deve-se priorizar AINES não seletivos (mais seguros em relação aos efeitos adversos) AIES Classificação: - Esteroides gonadais: progesterona, estrogênio, androgênio - Glicocorticoides: o mais importante é o cortisol por suas ações metabólicas e anti inflamatórias - Mineralocorticoides: o mais importante é a aldosterona, por sua ação reguladora do equilíbrio eletrolítico Desenvolvimento do fármaco esteroidal ideal: efeito anti inflamatório típico, sem efeito mineralocorticoide FARMACOLOGIA CAMILA SANTIAGO FARMACOLOGIA | MEDICINA Anti inflamatórios esteroidais: corticosteroides (glicocorticoides e mineralocorticoides) são os agentes anti inflamatórios mais efetivos. Seu uso mais comum é em asma crônica ou exacerbações e na profilaxia pela administração via inalatória Locais de produção: produzidos na adrenal e regulados pelo eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. Esse eixo controla a liberação de aldosterona e cortisol, assim como os hormônios gonadais. A prednisolona é um análogo do cortisol e bloqueia esse eixo. O cortisol exerce funções homeostáticas (atuando nas células por via genômica ou não genômica) Mecanismo de ação: - Bloqueiam todo o mecanismo inflamatório, enquanto os AINES bloqueiam apenas a COX Quando o corticoide é ingerido, ao chegar no sangue a droga se liga a albumina, se apresentando de forma inativa, semelhante ao cortisol endógeno. Para exercer sua ação, essa substancia precisa se precisa se desligar das proteínas e assumir sua forma ativa. Existem receptores para o glicocorticoide (GR) e mineralocorticoides (MR). Quando se baseia no cortisol ele atua apenas no receptor GR, por apresentar a enzima 11 beta HSD-1, essa enzima metaboliza o cortisol no fígado, pois transforma a cortisona (inativa) em cortisol (ativo). No rim o cortisol sofre inativação pela enzima HSD-2, que transforma o cortisol em uma substância inativa. A prednisona sofre ativação pela ação da HSD-1 formando a prednisolona no fígado e a prednisolona sofre inativação pela ação da HSD-2 formando a prednisona no rim Os glicocorticoides interagem com o receptor esteroidal inativo e se ligam nesse receptor, formando um complexo que induz uma mudança conformacional. O receptor ao se ligar a substância se desvincula das proteínas que conferem estabilidade tornando-se ativado. A partir disso forma-se um dímero capaz de entrar no núcleo e se ligar ao elemento responsivo por esteroide, regulando a transcrição gênica aumentando ou diminuindo a síntese de proteínas No núcleo os AIES irão ativar a anexina-1 que inibe a fosfolipase A2, e inibir os fatores de transcrição NFkB e AP-1, que inibem outros mediadores de inflamação e citocinas envolvidas nas respostas imunológicas. O que justifica sua ação anti inflamatória e imunossupressora Genômico (indireto e direto): depende dos receptores do citosol Não genômico: rápido, não depende do DNA para ocorrer o efeito - O efeito genômico ou não depende da dose Efeito genômico: se liga a MR ou GR – mas a ação é somente em GR por causa de 11β HSD Fisiologicamente há produção de cortisol (agonista do receptor de mineralocorticoide), no rim, ele não tem efeito porque é metabolizado a uma substancia inativa (cortisona) Mas, se há produção da cortisona ou se ela é tomada, ela é metabolizada em cortisol e esse cortisol possui efeito A prednisona no rim é inativa, se ligando pouco ao receptor MR Obs: todos os glicocorticoides possuem alguma atividade mineralocorticoide. Isto ocorre porque a aldosterona é quimicamente semelhante ao cortisol, e eles possuem atividade parcial nos receptores um do outro. A aldosterona age no rim, promovendo a retenção de água e sódio e excreção de potássio, é interessante, portanto, pacientes hipertensos evitarem corticoides com ação mineralocorticoides (como a FARMACOLOGIA CAMILA SANTIAGOFARMACOLOGIA | MEDICINA cortisona) e utilizarem outros que apresentam minimamente este caráter (prednisona e dexametasona) AIES: efeitos 1. Efeito anti inflamatório e imunossupressor: supressão de citocinas, quimiotoxinas, moléculas de adesão, prostaglandinas, fosfolipase A2 e da COX-2. Inibem a função dos macrófagos teciduais, APC, degranulação de mastócitos - Os análogos do cortisol reduzem a inflamação das vias respiratórias, inibindo sinais clínicos de asma, artrite reumatoide e rejeição de transplantes 2. Efeitos metabólicos: produz hiperglicemia por antagonizar as ações da insulina 3. Efeitos catabólicos e antianabólicos: diminuição do colágeno e de massa muscular, diminui a força muscular e aumenta a lipólise 4. Efeito cardiovascular: hipertensão arterial 5. Efeitos sobre o músculo esquelético: fadiga e fraqueza muscular 6. Efeitos sobre o SNC: alterações do comportamento, euforia, insônia, ansiedade e psicose 7. Efeitos hematológicos: diminuem os linfócitos e eosinófilos, aumentam os leucócitos 8. Supressão do eixo hipotálamo-hipofisário 9. Risco de úlcera péptica: por inibição da expressão da COX-2, prostaglandina é diminuída e isso reduz a gastroproteção Indicações: indicados em doenças e manifestações responsivas, só devem ser utilizados após tentativas com medicamentos de menor risco (preferencia pelos AINES), empregar as menores doses eficazes, no menor tempo e em esquemas que propiciem os resultados esperados. A melhora sintomática e não a remissão completa da doença deve ser o objetivo. A suspensão do tratamento prolongado deve ser lenta e gradual, a fim de permitir a reativação funcional progressiva do eixo hipotalâmico-hipófise-adrenal - Uma pessoa tomando a medicação a longo prazo (em uso tópico, inalatório ou sistêmico) possui uma supressão transitória da função adrenal, o que interfere no crescimento. Portanto, ela deve ser retirada gradativamente, a fim de evitar a suscetibilidade a infecções Formas de apresentação: - Vias sistêmicas: comprimido, elixir, soluções, xaropes e injetável - Vias tópicas: comparar a eficácia, relação custo- efetividade, efeito adversos, pode ser pela via respiratória (rinite, asma, DPOC, pode ser solução nasal – dexametasona ou spray – budesonido), ocular, periocular, cutânea, renal e intra-articular (pode gerar um quadro de desgaste ósseo com aumento de mais de 3 aplicações) Posologia: - Uso sistêmico: como anti inflamatório – por no máximo 7 dias (evitar o fracionamento, pois pode gerar a supressão), de preferência no período matinal, ou como supressores – 1 a 2 mg com esquema crônico Devem ser empregadas diferentes doses por dia, como forma de enganar o eixo Farmacocinética: distribuição de 90% do cortisol ligado a albumina e CGB e 10% na forma livre. Seu metabolismo ocorre no fígado e no rim, a partir do sistema citocromo p450, com posterior conjugação com ácido glicurônico. A eliminação ocorre pelo sistema renal Usos clínicos: FARMACOLOGIA CAMILA SANTIAGO FARMACOLOGIA | MEDICINA 1. Diagnóstico e tratamento das alterações da supra renal: insuficiência córtico-supra-renal, síndrome de Cushing e aldosteronismo 2. Estimulação de maturação pulmonar do feto: usado para redução da síndrome da angústia respiratória pelo uso na mãe (ajuda na produção de surfactante pulmonar), deve ser administrada intramuscular com repetição dentro de 24 a 48 horas 3. Distúrbios não supra renais: asma aguda, DPOC, rinite, meningite bacteriana, rejeição aos órgãos após transporte e lesão medular aguda (reduzir as sequelas neurológicas) Reações adversas: em geral o uso maior que 2 semanas pode levar a várias reações de toxicidade - Pode levar a Síndrome de Cushing iatrogênica: euforia, hipertensão craniana benigna, cataratas, corcova de búfalo, hipertensão, face em lua cheia com bochechas vermelhas, aumento da gordura abdominal, braços e pernas finos, atrofia muscular e cicatrização deficiente das feridas. Além disso, osteoporose, hiperglicemia, aumento do apetite, obesidade - Reações adversas gerais: hiperglicemia, ganho de peso, osteoporose, catarata, hipertensão arterial, glaucoma e imunossupressão - Cuidados especiais: paciente hipertenso, paciente com osteoporose, diabéticos e gravidez (preferir prednisona, pois o feto não tem 11 beta-HSD II ativo no fígado, o que não permite sua conversão em prednisolona) - Interações medicamentosas: agentes que induzem (fenobarbital ou rifampicina) ou inibem (estrógenos, eritromicina, cetoconazol) o metabolismo hepático e antiácidos que interferem na absorção (hidróxido de magnésio + alumínio)
Compartilhar