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Professora MSc. Telma Lélia Gonçalves Schultz de Carvalho PREVENÇÃO E CONTROLE DA DOR Analgésicos e Anti-inflamatórios Santarém 2020-2 1 Temas Abordados Introdução Anti-inflamatórios Esteroides (AIES) Analgésicos Opioides Regimes analgésicos em Odontologia Anti-inflamatórios Não-Esteroides (AINES) Posologia Inflamação INTRODUÇÃO Introdução 4 Introdução “Uma das maiores preocupações de todo cirurgião-dentista diz respeito à prevenção e controle da dor de seus pacientes. Na clínica odontológica, a dor invariavelmente é de caráter inflamatório, e pode ser classificada como aguda, quando é de curta duração, ou crônica, de curso mais prolongado, em geral relacionada a certos tipos de distúrbios da articulação temporomandibular. Toda intervenção cirúrgica odontológica provoca destruição tecidual, gerando respostas inflamatórias agudas. Essas reações se caracterizam pela presença de dor, que pode ser acompanhada por edema (inchaço) e limitação da função mastigatória”. 5 Introdução “Quando o procedimento é pouco invasivo, como as exodontias não complicadas ou pequenas cirurgias de tecido mole, a resposta inflamatória é mínima, geralmente autolimitada. Nesses casos, no período pós-operatório, o paciente acusa apenas certo desconforto ou dor de intensidade leve, cujo tratamento reside na simples prescrição de um analgésico de ação periférica. Ao contrário, nas intervenções cirúrgicas mais complexas, como a remoção de terceiros molares mandibulares inclusos, cirurgias periodontais ou implantodônticas, o traumatismo tecidual é mais intenso, gerando respostas inflamatórias caracterizadas por hiperalgesia persistente e edema, que por sua vez causam maior desconforto e limitação das atividades diárias do paciente. No planejamento dessas intervenções, além dos analgésicos de ação periférica ou central, justifica-se o uso de fármacos com propriedades anti- -inflamatórias, com o objetivo de prevenir a hiperalgesia e controlar o edema pós-operatório”. 6 PROCESSO INFLAMATÓRIO 8 CELSUS – século XIX – quatro sinais cardinais da inflamação: Calor: decorre do aumento da circulação sanguínea no local e aumento do metabolismo local. Rubor: decorre do aumento da circulação sanguínea no local. Tumor (Edema): Decorre do aumento da permeabilidade vascular (edema). Aumento de líquidos intersticiais (exsudato). Pode determinar aumento do volume hídrico local em até 5 ou 7 vezes. Dor: Causada pela irritação química nas terminações nervosas, compressão das fibras nervosas locais devido ao acúmulo de líquidos e de células, etc. Rudolf Virchow - século XIX, conhecido como “pai da patologia moderna”, acrescentou perda de função como o quinto sinal. 5. Perda da função: Somatório de vários fatores (principalmente edema e dor). É decorrente do tumor (principalmente em articulações, impedindo a movimentação) e da própria dor, dificultando as atividades locais. Inflamação 9 Sequência de eventos em uma reação inflamatória. Os macrófagos e outras células reconhecem os microrganismos e as células danificadas que estão liberando mediadores, o que desencadeia reações vasculares e celulares da inflamação. Eventos ou fases do processo inflamatório 10 A reação inflamatória típica se desenvolve por meio de uma série de etapas em sequência: O agente agressor, que se situa nos tecidos extravasculares, é reconhecido pelas células e moléculas hospedeiras. Os leucócitos e as proteínas do plasma são recrutados da circulação para o local onde o agente agressor está localizado. Eventos ou fases do processo inflamatório 11 Eventos ou fases do processo inflamatório 3. 3. Os leucócitos e as proteínas são ativados e trabalham juntos para destruir e eliminar a substância agressora. 4. A reação é controlada e concluída. 5. O tecido lesado é reparado. 12 Eventos ou fases do processo inflamatório 13 Fosfolipídios Lesão Fosfolipase A2 Ác. Araquidônico COX2 COX1 PGG2 Prostaglandinas Prostaciclinas Tromboxanos Normalmente, o Ácido Araquidônico encontra-se ‘inerte’ na membrana celular (Fosfolipídeos) mas a partir de qualquer tipo de lesão (química,física ou biológica). A fosfolipase A2 agirá sobre a membrana, liberando ácido araquidônico. A partir do Ác. Araquidônico, a COX1 e 2, irão sintetizar os mediadores da inflamação PGG. Leucotrienos LIPOX* Obs.A Lipox (Lipoxigenase) sintetiza leucotrienos a partir do Ácido Araquidonico. Fase irritativa (Irritação): Metabólitos do ácido araquidônico – AA (eicosanoides): COX: CICLOOXIGENASE ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTEROIDES (AINES) E ANTIINFLAMATÓRIOS ESTEROIDES (AIES) HISTÓRICO: - Décadas de 1970 e 1980 - Indicação inicial: artrite reumatoide - Ampliação das indicações: condições traumáticas, pós-operatórias, em odontologia Anti-inflamatórios 18 Antiinflamatórios Não Esteroidais Os antiinflamatórios não esteróides irão agir bloqueando o ‘uso’ do Ácido Araquidônico pelas COX. (AINES não bloqueiam Leucotrienos) Fosfolipídios Fosfolipase A2 Ác. Araquidônico COX2 COX1 PGG2 Prostaglandinas Prostaciclinas Tromboxanos AINE Leucotrienos LIPOX* AIEs Anti-inflamatórios Esteroidais ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTEROIDES (AINES) Antiinflamatórios não-esteroidais (AINEs) Existem mais de 50 AINEs diferentes no mercado (Ex: ácido acetilsalicílico, dipirona, ibuprofeno, celecoxib, diclofenaco, etc). Estão entre os agentes terapêuticos mais utilizados no mundo inteiro. Conceito: São medicamentos que tem a função de controlar os níveis de prostaglandinas endógenas, atuando como analgésicas, antitérmicas e anti-inflamatórias. - Mecanismo de ação: Inibição das enzimas ciclooxigenases (COX 1, 2 e 3), diminuindo assim a síntese de PG (prostaglandinas). Ações farmacológicas: Efeitos anti-inflamatórias: modificação da resposta inflamatória; Efeitos analgésicos: redução da dor especialmente causadas por inflamação. Efeitos antipiréticos: redução da temperatura corporal (febre). 22 INDICAÇÃO DE AINES: - Ainda é um dilema. A resposta inflamatória é benéfica ou não? Às vezes não: Cirurgias extensas, Doenças auto-imunes; Anafilaxia. Indicações: - Doenças músculo-esqueléticas - Em condições pós-traumáticas e pós-operativas (Odonto) - Para analgesia em condições dolorosas, cefaleias, dismenorreia (cólicas menstruais), lombalgias, metástases ósseas de câncer - Para reduzir temperatura em pacientes febris. ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTEROIDES (AINES) 23 ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTEROIDES (AINES) MECANISMO DE AÇÃO: - Inibição das enzimas Ciclooxigenases - Inibem a formação de prostaglandinas e tromboxano - TXA2: Envolvida nos processos de coagulação - Os AINES modificam o tempo de coagulação sanguínea 24 ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTEROIDES (AINES) A COX-2, por sua vez, está presente em pequenas quantidades nos tecidos. Sua concentração é drasticamente aumentada em até 80 vezes após um estímulo inflamatório, daí ser chamada de cicloxigenase pró-inflamatória. A COX-1 é encontrada em grandes quantidades nas plaquetas, nos rins e na mucosa gástrica, na forma de enzima constitutiva (ou seja, sempre presente). A COX-3, presente nos tecidos do SNC. Estudos recentes sugerem que a COX-3 pode ser uma própria variação da COX-1 ou mesmo da COX-2 25 ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTEROIDES (AINES) 26 ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTEROIDES (AINES) 27 ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTEROIDES (AINES) 28 ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTEROIDES (AINES) EFEITOS ADVERSOS: - Trato Gastro intestinal: ulceração, intolerância ao medicamento - Bloqueio da agregação plaquetária - Inibem motilidade uterina. São contraindicados para gestantesno último trimestre de gestação. Em casos específicos podem ser utilizados para retardar o parto -> Agente tocolítico – parar a produção de PG . - Inibição do fluxo sanguíneo renal - Hipersensibilidade 29 ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTEROIDES (AINES) Aspirina (Ácido Acetilsalicílico-AAS) Inibidor irreversível da COX-1 Utilizado tbem distúrbios cardiovasculares por sua ação anti-plaquetária (baixas doses) Uso regular reduz o risco de câncer de colo e retal (inibidores seletivos da COX-2 podem ser mais eficazes) Evidências preliminares de que a aspirina reduz o risco da doença de Alzheimer e tb retarda seu início. 30 ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTEROIDES (AINES) Aspirina (Ácido Acetilsalicílico-AAS) Efeitos colaterais: Doses terapêuticas Sangramento gástrico mínimo Doses altas Salicismo (tonteira, zumbido e diminuição da audição) Doses tóxicas acidose metabólica (hiperpnéia, hiperpirexia, convulsão, coma) Relação com o desenvolvimento da Síndrome de Reye Crianças – distúrbio hepático e encefalopatia que pode surgir após infecção viral aguda, com taxa de mortalidade de 20-40%. Interação medicamentosa: Em combinação com o warfarin → ↑do risco de sangramento. AAS: Efeitos continuam por até 7 dias após a retirada do medicamento. 31 DROGA USO MECANISMO DE AÇÃO CONTRA INDICAÇÃO OU EFEITOS COLATERAIS Ácido Acetilsalicílico Nome comercial: A.A.S, Aspirina, Melhoral. -Febre: Ótimo -Dor: Moderado (500 mg) -Inflamação: Fraco (Dose alta) -Anticoagulante: 100 mg/1 x ao dia. Indicação: dor; febre; inibir agregação plaquetária (IAM) eficaz na redução do risco de infarto do miocárdio. -Inibe irreversivelmente a atividade da enzima ciclo-oxigenasse (COX1), diminuindo a síntese de prostaglandinas. -Em crianças e idosos com febre de origem viral (Síndrome Reye). -Grávidas, hemofílicos, dengue, úlcera gástrica, pós-cirúrgicos, hemorragia gastrointestinal.Nefrotoxidade, hepatotoxidade, deficiência da Vit. K. OBS: Não pode ser utilizado no pós-cirúrgico -> pode provocar Hemorragia. Asmáticos: Efeito mais irreversível. b) Acetaminofeno (Paracetamol) Nome comercial: Tylenol, Dôrico, Tylex. * O paracetamol não é considerado um AINE. -Febre: Bom (dengue, virose) -Dor: Bom (cefaleia) -Inflamação: Não tem efeito -Indicação: Dor, dor pós-cirúrgica (odontológica), febre; o analgésico/antipirético de escolha em crianças com infecções virais ou Varicela. Muito utilizado na odonto. -Reduz a febre por ação no SNC (hipotálamo). Ação analgésica e antipirética seletivamente na inibição da COX3 do SNC. -Hepatopatias, asma, nefropatas. -Reações adversas/Toxidade: Fígado: hepatotóxico, hepatite medicamentosa. -Obs: não altera o tempo de coagulação. Acetilcisteína: Usada no caso de intoxicação com paracetamol. Quando comparado com a Dipirona, o Paracetamol é um medicamento ruim. 32 DROGA USO Mecanismo de ação CONTRA INDICAÇÃO OU EFEITOS COLATERAIS c) Diclofenacos (Sódio e Potássio). Nome comercial: Voltarem, Cataflam, Sinaflam, Optamax, Torsilax, Tandrilax. -Febre: Fraco -Dor: Fraco -Inflamação: Ótimo -Indicação: gota; dor; enxaqueca; espondilite; inflamação; artrose; artrite; reumatismo. Muito utilizado na odonto. -Inibidor não-seletivo da ciclo-oxigenase. – Inibe a COX com potência superior à indometacina e naproxeno -Contra-Indicação: Cardiopata, nefropatas, úlceras gástricas, gastrite, grávidas. -Reações adversas/Toxidade: Nefrotoxidade, ↑ da PA, arritmias, ↓ da imunidade, hemorragias, hepatotoxidade DROGA USO Mecanismo de ação CONTRA INDICAÇÃO OU EFEITOS COLATERAIS d) Indometacina Nome comercial: Indocid - Mais potente que AAS -Febre: Fraco -Dor: Fraco -Inflamação: Moderado -Indicação: reumatismo, gota, artrite; artrose. -20% dos pacientes interrompem o tratamento. Pouco usada. -Muito utilizado com a gente tocolítico (inibir contrações uterinas). -Inibição irreversível da ciclo-oxigenasse inibindo a síntese de prostaglandinas. -Contra-indicação: Doenças do TGI; epilepsia; Parkinson; Nefro e hepatopatas; Hemofílicos; Doenças virais. -Reações adversas/Toxicidade: TGI: epigastria, dor, hemorragia, dispepsia, úlcera. SNC: vertigens, confusão mental, psicose. Hematológicos: Neutropenia, trombocitopenia, anemia. Outros: Alergias, prurido, asma. Obs: Muitos efeitos colaterais e muito tóxico. DROGA USO Mecanismo de ação CONTRA INDICAÇÃO OU EFEITOS COLATERAIS e) Ibuprofeno Nome comercial: Artril, Allivium; Advil; Motrin. OBS: Uso em crianças – o ibuprofeno é o único AINE aprovado para uso em crianças, de acordo com as atuais recomendações do FDA. -Febre: Ótimo -Dor: Ótimo -Inflamação: Moderado -Indicação: artrite; dismenorreia; dor; enxaqueca; febre; gota; inflamação moderada; artrose. Muito utilizado na odonto. -Inibição da ciclo-oxigenasse levando a inibição da síntese de prostaglandinas (tanto no sistema periférico quanto no SNC). -Contra-indicação: Nefropatas, hepatopatias e doenças do TGI. -Reações adversas/Toxicidade: ↓ da imunidade, cefaleia, tontura, hemorragia discreta. Efeito teratogênico em animais . Contra-indicado para gestantes, nutrizes DROGA USO Mecanismo de ação CONTRA INDICAÇÃO OU EFEITOS COLATERAIS f) Cetoprofeno Nome comercial: Profenid; . -Febre: Fraco -Dor: Bom -Inflamação: Ótimo -Indicação: artrite reumatoide; bursite; dismenorreia; dor; enxaqueca; gota; inflamação; sinusite; artrose. Muito utilizado na odonto. -Inibição da ciclo-oxigenasse levando a inibição da síntese de prostaglandinas. -Contra-indicação: Nefropatas, hepatopatias e doenças do TGI. -Reações adversas/Toxicidade: ↓ da imunidade, cefaleia, tontura, hemorragia discreta. Obs: Baixa toxicidade. 36 DROGA USO Mecanismo de ação CONTRA INDICAÇÃO OU EFEITOS COLATERAIS g) Piroxicam Nome comercial: Feldene. -Febre: Fraco -Dor: Bom -Inflamação: Ótimo -Indicação: artrite reumatoide; dismenorreia; distúrbio músculo esquelética aguda; dor pós-cirúrgica; gota aguda; artrose. Muito utilizado na odonto. Obs: Talvez o único AINE que permite dosagem única (1 x ao dia). -Inibição da ciclo-oxigenasse levando a inibição da síntese de prostaglandinas. -Contra-indicação: Nefropatas, hepatopatias e doenças do TGI. -Reações adversas/Toxicidade: Muito tóxico quando associado ao álcool; cefaleia; zumbido no ouvido; edema; prurido; anemia; alteração da coagulação; hepatite medicamentosa; diminuição da imunidade. Meloxicam e Tenoxicam: Tentativa de criar um medicamento que fosse específico para a COX2. DROGA USO Mecanismo de ação CONTRA INDICAÇÃO OU EFEITOS COLATERAIS h) Ácido mefenâmico Nome comercial: Ponstan. -Febre: Fraco -Dor: Fraco -Inflamação: Bom -Indicação: dismenorreia; dor leve; enxaqueca. -Inibição da ciclo-oxigenasse levando a inibição da síntese de prostaglandinas. -Contra-indicação: Nefropatas e doenças do TGI. -Reações adversas/Toxicidade: Desconforto gástrico, dispepsia, anemia hemolítica, esterilidade. Diarréia grave é relativamente comum. i)Nimesulida Nome comercial: Nisulid; Scaflan. -Febre: Fraco -Dor: Bom -Inflamação: Fraco -Indicação: inflamação leve. Muito utilizado na odonto. -Inibição da ciclo-oxigenasse COX2 levando a inibição da síntese de prostaglandinas. -Contra-indicação: Nefropatas. -Reações adversas/Toxicidade: aumento discreto de hemorragias. DROGA USO Mecanismo de ação CONTRA INDICAÇÃO OU EFEITOS COLATERAIS j) Dipirona ou METAMIZOLE Nome comercial: Novalgina . Obs: Não é considerado um AINE. -Febre: Ótimo -Dor: Ótimo -Inflamação: Não -Indicação: dor e febre. -É um analgésico eficaz e seguro para uso em odontologia. Um dos mais utilizados. O mecanismo de ação da dipirona é via inibição da síntese de prostaglandina. A dipirona tem demonstrado inibir a ciclooxigenase, síntese do tromboxano, a agregação plaquetária. A ação da droga pode ser tanto central como periférica (Inibição da substância P na medula -Consegue inibir a dor já instalada). Há evidências de que a ação central da dipirona no hipotálamo reduz a febre. -Contra-indicação: Nefropatas, hepatopatas e doenças do TGI, anêmicos, imunodeprimidos. -Reações adversas/Toxicidade: Aumento discretodo sangramento, náuseas e vômitos, diarreia, retenção de Na, queda de PA, diminuição da imunidade, anemia aplásica (parada total da produção de glóbulos vermelhos na medula). DROGA USO Mecanismo de ação CONTRA INDICAÇÃO OU EFEITOS COLATERAIS l) Celecoxib Nome comercial: Celebra. -Febre: Fraco -Dor: Moderado -Inflamação: Ótimo -Indicação: artrite reumatoide e artrose. -Mais seletivo para inibir a COX-2. Esta seletividade contra a COX-2 lhe confere uma vantagem terapêutica sobre os inibidores não seletivos da COX, permitindo um manejo mais adequado das inflamações crônicas. -Contra-indicação: Nefropatas e hepatopatas. -Reações adversas/Toxicidade: Diarreia, náusea, sinusite, cólicas intestinais, dispepsia, infecção respiratória, IAM e AVE. Atenção para o seu uso em pacientes com insuficiência cardíaca, ataque cardíaco, c irurgias de r evascularização (ponte de safena), dor no peito (angina) e outros r iscos cardiovasculares OBS: Inibidores seletivos para a COX-2 Etoricoxibe, celecoxibe, meloxicam e nimesulida ANTIINFLAMATÓRIOS ESTEROIDAIS (AIES) GLICOCORTICÓIDES: Anti-inflamatórios esteroidais: - Glicocorticóides, corticosteróides, anti-inflamatórios hormonais. Interferem com todos o s mediadores inflamatórios. Causam inchaço em longo prazo pelo acúmulo de líquido. - Hormônios sintéticos que imitam as ações do cortisol endógeno - Empregados e m dose superiores à secreção endógena do cortisol - Mais eficazes que AI NES como anti-inflamatórios - Propriedades imunomoduladoras e linfolíticas - Em uso agudo (24 -72 hora s) são bem tolerados - Efeitos não são imediatos, ocorrem após várias horas (Não são indicados para terapias emergenciais) - Efeitos endócrinos: supressão do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, com involução da adrenal e cessação de secreção de corticoides endógenos, antagonista da insulina -> Contra indicado para diabéticos. Tim ANTIINFLAMATÓRIOS ESTEROIDAIS (AIES) Já foram propostos vários mecanismos de ação anti-inflamatória para os corticosteroides, porém sua ação inibitória da enzima fosfolipase A2 (“o disparo do gatilho”) talvez seja o principal deles. Após a lesão tecidual, a inativação da enzima fosfolipase A2 reduz a disponibilidade de ácido araquidônico liberado das membranas das células que participam da resposta inflamatória. Com menor quantidade de substrato, a subsequente ação enzimática da COX-2 e da 5-lipoxigenase fica prejudicada, ou seja, haverá menor produção de prostaglandinas e leucotrienos. ANTIINFLAMATÓRIOS ESTEROIDAIS (AIES) 43 A via 5-lipoxigenase (Lipox) Por esta via de metabolização do ácido araquidônico, são gerados autacoides denominados leucotrienos (LT), como produtos finais. Dentre eles, o leucotrieno B4 (LTB4) parece estar envolvido no processo de hiperalgesia, sendo também considerado como um dos mais potentes agentes quimiotáticos para neutrófilos. Portanto, entende-se que o LTB4 atrai os neutrófilos e outras células de defesa para o sítio inflamado, as quais se encarregam de fagocitar e neutralizar corpos estranhos ao organismo. Tal ação poderá resultar em mais lesão tecidual, que novamente dispara o gatilho para a formação de mais autacoides, e assim por diante. ANTIINFLAMATÓRIOS ESTEROIDAIS (AIES) 44 AIEs Uso dos corticosteroides na clínica odontológica De forma similar aos AINEs, os corticosteroides são indicados para prevenir a hiperalgesia e controlar o edema inflamatório, decorrentes de intervenções odontológicas eletivas, como a exodontia de inclusos, as cirurgias periodontais, a colocação de implantes múltiplos, as enxertias ósseas, etc. Para essa finalidade, a dexametasona ou a betametasona são os fármacos de escolha, pela maior potência anti-inflamatória e duração de ação, o que permite muitas vezes seu emprego em dose única ou por tempo muito restrito. Em adultos, essa dose é, em geral, de 4 a 8 mg, administrada 1 h antes do início da intervenção. Em crianças, no caso de intervenções mais invasivas, emprega-se a solução oral “gotas” de betametasona (0,5 mg/mL), obedecendo à regra prática de 1 gota/kg/peso corporal, em dose única, 1 h antes do procedimento. Quando empregados em dose única pré-operatória ou por tempo restrito, podem ser feitas as seguintes considerações quanto à prescrição dos corticosteroides, comparada ao uso dos AINEs: • Não produzem efeitos adversos clinicamente significativos. • Não interferem nos mecanismos de hemostasia, ao contrário de alguns AINEs, que pela ação antiagregante plaquetária aumentam o risco de hemorragia pós-operatória. • Reduzem a síntese dos leucotrienos que constituem a substância de reação lenta da anafilaxia, liberada em muitas das reações alérgicas. Os corticosteroides são mais seguros para serem empregados em gestantes ou lactantes, bem como em pacientes hipertensos, diabéticos, nefropatas ou hepatopatas, com a doença controlada. • A relação custo/benefício do tratamento é muito menor quando se usam os corticosteroides. Uso dos corticosteroides na clínica odontológica Usos com precaução e contraindicações dos corticosteroides São contraindicações absolutas ao uso dos corticosteroides: pacientes portadores de doenças fúngicas sistêmicas, herpes simples ocular, doenças psicóticas, tuberculose ativa ou os que apresentam história de alergia aos fármacos deste grupo Uso dos corticosteroides na clínica odontológica •Ação farmacologica: –Antiinflamatórios –Imunossupressores -Afetam metabolismo dos carboidratos e proteínas, aumentam a resistência ao estresse; •Divisão dos fármacos glicocorticóides: –Os fármacos são divididos de acordo com o tempo de duração. •Ação curta: –Hidrocortisona (Cortizol®). –Cortisona: primeiro fármaco. Não é tão utilizada. Anti-inflamatórios Esteróides-AIEs •Ação intermediária: –Prednisona (Meticorten®) –Prednisolona (Prelone®) –Metilprednisolona (Depo-medrol®) –Triancinolona (Omcilon-A®). •Os três primeiros são muito utilizados em uso crônico e o último é utilizado em aftas (diminui a dor, mas retarda a cicatrização). Anti-inflamatórios Esteróides-AIEs •Ação prolongada: –Dexametasona (Decadron®) –Betametasona (Diprospan®/Celestone®). Anti-inflamatórios Esteróides-AIEs EFEITOS COLATERAIS O hormônio do crescimento pode ser diminuído com O uso de AIES. O tratamento crônico com a medicação pode, portanto, levar à supressão do crescimento, de forma que o crescimento linear deve ser monitorado periodicamente (em crianças). Anti-inflamatórios Esteróides-AIEs Comparações dos Corticoides ANALGÉSICOS OPIÓIDES Fármacos que deprimem a atividade dos nociceptores Introdução Figura 1: Papaver somniferum Fonte: http://www.gettyimages.com Os opióides: Substâncias endógena (endorfina) ou sintética: Efeitos semelhantes aos da morfina e bloqueados por antagonistas como a naloxona. Tratamento da dor Podendo envolver 1 ou mais classes de fármacos. AINEs, anticonvulsivantes e antidepressivos. O ópio: Extrato do suco retirado da P. somniferum O termo Opiáceo: Compostos derivados do ópio Naturais: Morfina e Codeína Derivados semissintéticos: Petidina Analgésicos narcóticos: Termo antigo para opióides; Refere-se à capacidade de induzir o sono; Termo inadequadamente utilizado por alguns para se referir aos fármacos com potencial abusivo. São uma classe dentro dos analgésicos, eles interagem com seus receptores.. (mi) e nosso corpo também produz opióides que vão interagir com esses receptores. opióides constituem a base do tratamento da dor, no entanto dependendo do grau dessa dor pode envolver uma ou mais classes de fármacos, inclusive os antiflamatorios não esteroides AINEs, anticonvulsivantes e antidepressivos. O termo opiaceo refere-se aos compostos relacionados estruturalmente com os produtos encontrados do ópio. OS opiacceos incluem os alcaloides vegetais naturais como morfina, codeína, tebaína.. analgésicos narcóticos: termo antigo para opioides; o termo narcótico refere-se à capacidade de induzir o sono. Infelizmente, esse termo foi subsequentementesequestrado e inadequadamente utilizado por alguns para se referir aos fármacos com potencial abusivo. 60 Classes dos Opiodes Classes dos Opiodes Introdução ANALGÉSICOS OPIÓIDES : - A resposta dolorosa possui dois componentes: resposta fisiológica e resposta emocional - Utilizados e m casos de dor como sensação específica, dor como sofrimento, do nocioceptiva, dor neuropática. Quando os nociceptores já se encontram sensibilizados pela ação das prostaglandinas e de outros autacoides, os corticosteroides não mostram tanta eficácia como na prevenção da hiperalgesia. - Os opióides atuam na interpretação da dor - Tolerância gradual ao efeito do medicamento, que leva o paciente ao aumento da dose, aproximando a dose tóxica da dose terapêutica. - Abuso: Utilização par a uso recreativo. Todos os derivados do ópio tem esse efeito. Codeína, morfina e heroína Neuropeptídeos: Encefalinas, endorfinas e dimorfinas (parecem funcionar como neurotransmissores ou neuro -hormônios). Além dos AINES e AIES o cirurgião-dentista pode ainda optar pelos analgésicos de ação predominantemente central, chamados de opioides fracos. No Brasil, estão disponíveis para uso clínico a codeína (comercializada em associação com o paracetamol) e o tramadol, ambos indicados no tratamento de dores moderadas a intensas, que não respondem ao tratamento com outros analgésicos. São uma classe dentro dos analgésicos, eles interagem com seus receptores.. (mi) e nosso corpo também produz opióides que vão interagir com esses receptores. opióides constituem a base do tratamento da dor, no entanto dependendo do grau dessa dor pode envolver uma ou mais classes de fármacos, inclusive os antiflamatorios não esteroides AINEs, anticonvulsivantes e antidepressivos. O termo opiaceo refere-se aos compostos relacionados estruturalmente com os produtos encontrados do ópio. OS opiacceos incluem os alcaloides vegetais naturais como morfina, codeína, tebaína.. analgésicos narcóticos: termo antigo para opioides; o termo narcótico refere-se à capacidade de induzir o sono. Infelizmente, esse termo foi subsequentemente sequestrado e inadequadamente utilizado por alguns para se referir aos fármacos com potencial abusivo. 62 ANALGÉSICOS OPIÓIDES : - CODEÍNA: - Empregada como antitussígeno, antidiarreico e analgésico - Associação com paracetamol 500 mg + codeína 7,5 mg ou Paracetamol 800 mg + codeína 30 mg (Tylex®) Efeitos colaterais: - Diminui a salivação - Dilatação da musculatura lisa e travamento da musculatura estriada - Totalmente contra indicado e m presença de colite Pseudo-membranosa, menores de 3 anos, depr essão respiratória aguda - Cuidado ao prescrever para pacientes com distúrbios gastrointestinais, pois o anu s é formado de musculatura estriada, e o intestino é liso. O opioide acentua os casos de retenção de fezes. São uma classe dentro dos analgésicos, eles interagem com seus receptores.. (mi) e nosso corpo também produz opióides que vão interagir com esses receptores. opióides constituem a base do tratamento da dor, no entanto dependendo do grau dessa dor pode envolver uma ou mais classes de fármacos, inclusive os antiflamatorios não esteroides AINEs, anticonvulsivantes e antidepressivos. O termo opiaceo refere-se aos compostos relacionados estruturalmente com os produtos encontrados do ópio. OS opiacceos incluem os alcaloides vegetais naturais como morfina, codeína, tebaína.. analgésicos narcóticos: termo antigo para opioides; o termo narcótico refere-se à capacidade de induzir o sono. Infelizmente, esse termo foi subsequentemente sequestrado e inadequadamente utilizado por alguns para se referir aos fármacos com potencial abusivo. 63 ANALGÉSICOS OPIÓIDES : TRAMADOL: - Tramal® - Associação com Paracetamol - Antagonista opióide - 50 a 10 mg 2 vezes ao dia contraindicado em pacientes que usam IMAO, doença pulmonar obstrutiva. O cloridrato de tramadol possui potência analgésica 5 a 10 vezes menor do que a morfina e seu mecanismo de ação ainda não é completamente conhecido. Seu início de ação ocorre, em geral, 1 h após a administração de uma dose de 50 mg. Não é indicado para pacientes < 16 anos, pela falta de estudos clínicos controlados. Efeitos adversos, como náuseas e constipação intestinal, vômito, alterações de humor, sonolência e depressão respiratória, limitam a utilização da codeína e do tramadol em larga escala na clínica odontológica. Devem ser utilizados com cautela em pacientes idosos, debilitados, com insuficiência hepática ou renal, hipertrofia prostática e portadores de depressão respiratória. São uma classe dentro dos analgésicos, eles interagem com seus receptores.. (mi) e nosso corpo também produz opióides que vão interagir com esses receptores. opióides constituem a base do tratamento da dor, no entanto dependendo do grau dessa dor pode envolver uma ou mais classes de fármacos, inclusive os antiflamatorios não esteroides AINEs, anticonvulsivantes e antidepressivos. O termo opiaceo refere-se aos compostos relacionados estruturalmente com os produtos encontrados do ópio. OS opiacceos incluem os alcaloides vegetais naturais como morfina, codeína, tebaína.. analgésicos narcóticos: termo antigo para opioides; o termo narcótico refere-se à capacidade de induzir o sono. Infelizmente, esse termo foi subsequentemente sequestrado e inadequadamente utilizado por alguns para se referir aos fármacos com potencial abusivo. 64 Regimes analgésicos em Odontologia INTRODUÇÃO Atualmente, sabe-se que a dor inflamatória aguda também pode ser prevenida, não apenas amenizada. Há de se convir que a prevenção da dor seja uma conduta muito mais inteligente e conveniente do que tratá-la, após sua instalação. Nos procedimentos eletivos da clínica odontológica (pré-agendados), que envolvem traumatismos cirúrgicos ou outras intervenções invasivas, a dor inflamatória aguda pode ser prevenida (e posteriormente controlada) por meio de três regimes farmacológicos, descritos no Quadro 6.1. POSOLOGIA DOS AINES, AINES E ANALGÉSICOS OPIOIDES Triancinolona: Lesão aftosa recorrente Prednisolona: Preparo de paciente para cirurgia de dente incluso ou semi-incluso Betametazona e Dexametazona: Medicação intra-canal. 72 ORDEM DE ESCOLHA - DOR LEVE A MODERADA ORDEM DE ESCOLHA - DOR LEVE A MODERADA ORDEM DE ESCOLHA - DOR DE MAIOR INTENSIDADE ORDEM DE ESCOLHA - DOR DE MAIOR INTENSIDADE ESTUDO DIRIGIDO 1) Os anti-inflamatórios são classificados em esteroidais (ou corticóides) e não esteroidais (AINES). Os AINES é um grupo heterogêneo de drogas-medicamentos que atuam produzindo efeitos antipiréticos, anti-inflamatórios e analgésico. Qual o principal mecanismo de ação dos AINEs? Inibição da receptação de dopamina. Inibição da Acetilcolinesterase (AChE). Inibição da Fosfolipase A2. Inibição da MAO (monooxidadxe). Inibição das enzimas Ciclooxigenases (COX 1, 2 e 3). ESTUDO DIRIGIDO 2) Uma menina de 8 anos apresenta febre e dores musculares, provavelmente relacionadas a uma infecção viral. Qual dos seguintes fármacos seria o mais apropriado para o tratamento desses sintomas? A. Paracetamol B. Ácido acetilsalicílico C. Celecoxibe D. Codeína E. lndometacina ESTUDO DIRIGIDO 3) I.A.M de 54 anos de idade pergunta sobre a maneira de reduzir o risco de infarto do miocárdio. Qual dos seguintes medicamentos é o mais eficaz na redução do risco de infarto do miocárdio segundo seu médico? A. Paracetamol B. Ácido acetilsalicílico C. Celecoxibe D. Ibuprofeno 4) Em qual das seguintes condições o ácido acetilsalicílico seria contraindicado? Malária Febre Úlcera péptica Artrite reumatoide Angina instável 5)Paciente do sexo feminino, 59 anos de idade, surgiu-lhe há 72 horas melena, acompanhada, há duas horas de hematêmese. Desde um mês atrás com epigastralgia e hiporexia. É ex-tabagista (46 maços-ano), com doença cardiovascular hipertensiva sistêmica, diabetes mellitus tipo 2 e insuficiência arterial, sendo submetida, há um ano, à amputação do antepé esquerdo. Emuso, há quatro meses, de quatro comprimidos de nimesulida e AAS para alívio de dor no coto do pé amputado. Realizou endoscopia digestiva alta com biópsia, mostradas abaixo. Com base na história clínica e nos achados dos exames apresentados, qual o diagnóstico mais provável? a. Adenocarcinoma gástrico. b. Ulcera péptica gástrica por Helicobacterpylori. c. Ulcera péptica gástrica por anti-inflamatório não-esteroidal (AINE) d. Tumor gastrointestinal. ESTUDO DIRIGIDO ESTUDO DIRIGIDO 6) Adalberto, 8 anos, com asma grave é tratada de maneira eficaz há 4 anos com prednisona por via oral (Fonte: CLARK, M. A. Farmacologia ilustrada - 5.ed. - Porto Alegre: Artmed, 2013 - Adaptado). Qual dos seguintes efeitos adversos é de preocupação particular na Pediatria? A. Hipoglicemia. B. Aumento da imunidade. C. Supressão do crescimento. D. Gastrite. E. Formação de catarata. Referências Rang, H.P., Dale, M.M., Ritter, J.M., Flower, R.J., Henderson, G. Farmacologia. 8ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. Golan, D.E., Tashjian, A.H., Armstrong, E.J., Armstrong, A.W. Princípios de Farmacologia: A Base Fisiopatológica da Farmacoterapia. 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. Andrade, E. D. Terapêutica medicamentosa em odontologia. 3. ed. – São Paulo : Artes Médicas, 2014.
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