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GESTÃO de OPERAÇÕES e LOGÍSTICA Leandro José Morilhas Lean d ro Jo sé M o rilh as G estão d e O peraçõ es e Lo gística GESTÃO de OPERAÇÕES e LOGÍSTICA Leandro José Morilhas Lean d ro Jo sé M o rilh as G estão d e O peraçõ es e Lo gística G estão d e O peraçõ es e Lo gística Lean d ro Jo sé M o rilh as Código Logístico 58671 Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6495-3 9 7 8 8 5 3 8 7 6 4 9 5 3 Gestão de operações e logística IESDE BRASIL S/A 2019 Leandro José Morilhas Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br © 2019 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: SFIO CRACHO/Halfpoint/Milos Muller/Ralf Gosch/Shutterstock CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ M849g Morilhas, Leandro José Gestão de operações e logística / Leandro José Morilhas. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2019. 158 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6495-3 1. Administração de material. 2. Controle de estoque. 3. Logística empresarial. I. Título. 19-58830 CDD: 658.787 CDU: 658.787 Leandro José Morilhas Doutor e mestre em Administração pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). Especialista em Gestão de Empresas e Contabilidade pelas Faculdades Integradas Urubupungá (FIU). Graduado em Administração pelas Faculdades Integradas de Jales (Unijales). Fez cursos de extensão nas Universidades de Cambridge (Inglaterra), Lyon (França) e Harvard (EUA). É professor visitante da Escuela Superior de Administración y Negocios (Esan), de Lima, Peru, e avaliador do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Possui ampla experiência na área de gestão educacional. É CEO e diretor de produtos e serviços em uma empresa de soluções educacionais. Já atuou como diretor-geral, coordenador de graduação e de pós-graduação, de pesquisa e de extensão e, atualmente, é professor de mestrado e de MBAs. É diretor-executivo e de afiliação da Associação Nacional de MBA (Anamba), ex-diretor do Principles for Responsible Management Education (PRME-Chapter Brazil), do Pnud-ONU, e membro do comitê organizador de eventos da European Foundation for Management Development (EFMD) para a América Latina. Desenvolve consultorias na área de gestão educacional para diversas empresas e pesquisas na área de administração com ênfase em gestão de operações, principalmente nas seguintes vertentes: logística e gestão da cadeia de suprimentos, desenvolvimento de produtos, processos e serviços, gestão ambiental e inovação tecnológica. Sumário Apresentação 7 1 Introdução à gestão de produção e operações 9 1.1 O que é gestão de produção e operações? 9 1.2 Qual é a importância da gestão de produção e operações para as empresas? 13 1.3 Conceitos iniciais 14 1.4 Administração da produção e suas contribuições para outras áreas da organização 16 2 Evolução histórica da gestão de produção e operações 25 2.1 A origem da gestão de produção e operações 25 2.2 Os grandes gurus da área 37 3 Estratégia de produção e operações 45 3.1 A função produção 45 3.2 O papel estratégico da função produção 47 3.3 Objetivos de desempenho da função produção 49 3.4 Foco x trade-offs em gestão de operações 55 3.5 Implementação da estratégia de operações 57 4 Gestão de serviços 67 4.1 Diferenças conceituais entre bens e serviços 67 4.2 Uma nova classificação para bens e serviços 69 4.3 O pacote de serviços 72 4.4 Operações de linha de frente 74 4.5 Operações de retaguarda 76 4.6 O modelo Servqual ou dos 5 gaps 79 5 Logística 85 5.1 Introdução à logística 85 5.2 Evolução histórica da logística 88 5.3 Fluxos logísticos 90 6 Redes de operações 101 6.1 Gestão integrada entre elos 101 6.2 Redes de suprimento: visão histórica, desenvolvimento e desafios 104 6.3 Tipos de produtos e de redes 109 6.4 Decisões de comprar ou fazer 110 6.5 Fluxos de materiais e efeito chicote 113 7 Previsão de demanda 117 7.1 O começo do processo produtivo: previsões em produção e operações 117 7.2 Características das previsões de demanda 118 7.3 Erros comuns em previsões de demanda 120 7.4 Processo de previsão de demandas 121 7.5 Métodos de previsão de demanda 124 8 Gestão de estoques 133 8.1 Função dos estoques 133 8.2 Tipos de demanda 137 8.3 Tipos de estoque 138 8.4 Modelos de gestão de estoques 139 Gabarito 153 Apresentação A gestão de operações é uma área instigante que tem mudado muito nas últimas décadas em três principais sentidos: ela se tornou mais estratégica, ampliou seu escopo de atuação e, mais recentemente, expandiu seu horizonte de preocupações. Mas o que isso quer dizer? Dizemos que a área se tornou mais estratégica porque, a cada dia, fica mais explícita sua contribuição ao desempenho competitivo das organizações. Já quando afirmamos que a área teve seu escopo de atuação ampliado, queremos dizer que passou de exclusivamente fabril para incluir também a gestão dos mais importantes serviços – não só de empresas tradicionalmente consideradas prestadoras de serviços como também de hospitais, companhias aéreas e de parcelas crescentes de serviços que as empresas manufatureiras têm oferecido aos seus clientes como forma de se diferenciarem da concorrência. Além disso, a gestão de operações estendeu seu horizonte de preocupações porque partiu da gestão de unidades operacionais (fábricas individuais e unidades individuais de prestação de serviços) para a gestão de redes de unidades operacionais interativas, as chamadas redes de suprimentos. Nesta obra, você encontrará boas discussões relacionadas a essas três mudanças de modo aprofundado, além de uma visão introdutória dessa importante área da administração, sua evolução histórica e ainda noções de previsão de demanda e de gestão de estoques. Este é, portanto, um livro para ser utilizado por estudantes e gestores, que fornece os principais conceitos e dados técnicos atrelados a contextos atualizados, assim como elucida o impacto da gestão de operações na vida das pessoas, na tecnologia e nos produtos, transitando sempre na fronteira entre o rigor conceitual e a aplicabilidade prática. Bons estudos! 1 Introdução à gestão de produção e operações Este capítulo objetiva tratar dos fundamentos da gestão de produção e operações, descrevendo seus principais conceitos, sua importância para a competitividade das organizações e as principais áreas que interagem com ela na empresa. Os temas foram estruturados numa sequência lógica de aprendizado e são abordados de maneira clara e concisa, com o apoio de exemplos e ilustrações. Além disso, os assuntos tratados neste capítulo servem como importante base para consolidar os conhecimentos a serem desenvolvidos nos próximos capítulos. 1.1 O que é gestão de produção e operações? A partir do final da Segunda Guerra Mundial (principalmente nos períodos posteriores à década de 1950), pode ser observado um aumento nos níveis competitivos entre as empresas, que se verifica fundamentalmente pelos movimentos de globalização e pela integração de economias ao redor do globo. Esse aumento fez surgir a necessidade de desenvolvimento de modelos inovadores de gestão nas organizações, devido ao novo cenário caracterizado por mudanças constantes. Em relação à competição, podem ser citados como exemplos os diversos aspectos que têm influenciado o gerenciamento de uma organização, tais como: a transformação de uma concorrência local ou regional em global, a disputa por mercados cada vez mais escassos, o avanço das tecnologias de informação e de comunicação, a complexidade dos sistemas econômicos, o aumento da exigência do consumidor, o ciclo de vida cadavez menor de produtos e serviços, entre outros. Nesse contexto, os sistemas que envolvem os processos de produção e operações constituem importante função da gestão das organizações, pois eles representam o papel de intermediação entre a transformação de produtos e serviços e a sua consequente disponibilização (entrega) ao consumidor. Considerando, então, que eles constituem o elo responsável pela entrega do produto ou serviço ao consumidor final, a principal função relacionada ao seu gerenciamento consiste em desenvolver mecanismos de operação colaborativa que possam otimizar esse processo de produção e distribuição. Toda organização, quer vise ela lucro ou não, tem dentro de si uma função de operações, pois gera algum “pacote de valor” para seus clientes, que inclui algum composto de produtos e serviços, mesmo que, dentro da organização, a função de operações não tenha esse nome. Os “clientes” podem ser internos – outros setores da empresa, por exemplo –, ou clientes externos – usuários, externos à organização, dos bens e serviços produzidos, por exemplo –. (CORRÊA; CORRÊA, 2004, p. 24) Vídeo Gestão de operações e logística10 Praticamente todos os produtos e serviços que consumimos atualmente são derivados de processos gerenciados pelas organizações e que resultam na utilização de diversos recursos, como as pessoas, a tecnologia, os materiais, a informação, o dinheiro, entre outros. O uso adequado e na medida certa desses recursos muitas vezes é fator fundamental para que a organização possa transformá-los em bens e serviços necessários ao nosso dia a dia. O Quadro 1, a seguir, retrata alguns dos mais comuns tipos de produtos e serviços consumidos atualmente. Quadro 1 – Tipos mais comuns de produtos e serviços Produtos Serviços Alimentos Restaurantes e lanchonetes Produtos eletrônicos (smartphones, tablets, computadores etc.) Sistemas de telefonia e sistemas disponibilizados na nuvem (cloud) Remédios e aparelhos de diagnóstico médico Hospitais e planos de saúde Livros, cadernos, canetas e lápis Colégios e faculdades Tesouras, secadores de cabelo, pentes e lâminas de barbear Cabeleireiros e salões de beleza Fonte: Elaborado pelo autor. Assim, pode-se entender que a gestão de produção e operações consiste no processo de gerenciamento da transformação de recursos em produtos e serviços que serão comprados e utilizados por todos nós. Ao mesmo tempo, esse processo de transformação precisa ser adequadamente conduzido, já que o uso dos recursos deve ser realizado da maneira mais eficiente possível, resultando no maior número de produtos e serviços a serem oferecidos. A gestão de produção e operações, ao mesmo tempo, também pode ser observada sob os três principais níveis relacionados ao processo de tomada de decisão organizacional: estratégico, tático-funcional e operacional. O planejamento e as tomadas de decisão que lhes são inerentes podem ser classificados em três grandes níveis, segundo a abrangência que terão dentro da empresa, afetando fatias maiores ou menores da companhia (MOREIRA, 2008, p. 7). A Figura 1, a seguir, ilustra a estrutura piramidal que descreve os três níveis de decisão na organização, sob a ótica da gestão de produção e operações. Cada um dos níveis apresentados na Figura 1 será explicado de maneira detalhada nas seções a seguir. Figura 1 – Níveis da organização (tomadas de decisão) Estratégico Tático-funcional Operacional Fonte: Elaborada pelo autor. Introdução à gestão de produção e operações 11 1.1.1 Nível estratégico O nível estratégico da organização é aquele em que as decisões são tomadas dentro de um macroambiente e definidas, muitas vezes, em um cenário de longo prazo. Esse nível será o responsável pela determinação dos rumos a serem seguidos pela empresa. Como exemplo dessas decisões, podemos citar a instalação de uma nova fábrica, de um novo armazém ou de novas unidades comerciais. São determinações que envolvem a análise do cenário econômico de longo prazo e exigem o exercício de extrapolação do mercado no futuro. A Figura 2, a seguir, exemplifica alguns desses tipos de decisões. Figura 2 – Decisões estratégicas relacionadas à gestão de produção e operações (produtos e serviços) Implementação de uma nova montadora de automóveis. Abertura de novas lojas. Nível de atendimento esperado nas operações de um terminal de passageiros (rodoviário, trens e metrô). Estabelecimento da localização de novo centro de distribuição de produtos. Investimentos em novas linhas de produtos. Operações em portos e em aeroportos. Fonte: Elaborada pelo autor. Portanto, a gestão estratégica de produção e operações envolve o processo de tomada de decisões com os maiores aportes financeiros, que são os mais difíceis de ser revertidos no curto prazo. Ela pressupõe um diagnóstico sobre o cenário futuro de demanda, em que as análises sejam cuidadosamente elaboradas para que esse tipo de decisão seja o mais adequado possível. 1.1.2 Nível tático-funcional O nível tático-funcional da gestão de produção e operações envolve as decisões de médio prazo diretamente relacionadas às atividades e às operações das diversas áreas da organização. Por exemplo, as decisões de fábrica são aplicadas ao planejamento agregado (que será posteriormente tratado neste livro) e aos processos de alocação dos principais recursos relativos à manufatura ou à prestação de serviços. A Figura 3, a seguir, mostra algumas dessas decisões tático-funcionais. IE SD E BR AS IL S /A Gestão de operações e logística12 Figura 3 – Decisões tático-funcionais relacionadas à gestão de produção e operações (produtos e serviços) Projeto de produção Nível do preparo do pessoal que irá trabalhar na manufatura Qualidade no atendimento dos serviços Planejamento da produção Layout da planta fabril Operações e fluxos dos processos Fonte: Elaborada pelo autor. As decisões tático-funcionais se referem ao estabelecimento de atividades a serem operacionalizadas no médio prazo e envolvem aportes financeiros significativos. Elas estão relacionadas ao nível gerencial das organizações, muitas vezes representado pelas áreas funcionais da produção e das operações, como manufatura, logística, compras, estoques, entre outras. 1.1.3 Nível operacional O nível operacional da gestão de produção e operações envolve as atividades relacionadas à operação dos processos. Ele ocorre sempre em períodos curtos de tempo e normalmente utiliza menores recursos financeiros do que os níveis apresentados anteriormente. Nesse nível, localizam-se as decisões relacionadas ao adequado funcionamento dos processos, e suas atividades são tratadas de maneira detalhada e com elevado grau de especificação. A Figura 4, a seguir, exemplifica algumas dessas decisões. Figura 4 – Decisões operacionais relacionadas à gestão de produção e operações (produtos e serviços) Número de máquinas para a fábrica Pessoal necessário no chão de fábrica Programação da produção Número de operações do serviço analisado Alocação de processos à atividade Análise dos tempos dos processos Fonte: Elaborada pelo autor. Agora que já esclarecemos o que são os níveis estratégico, tático-funcional e operacional, vejamos por que é tão relevante compreender e aplicar esses conceitos no gerenciamento das organizações. Introdução à gestão de produção e operações 13 1.2 Qual é a importância da gestão de produção e operações para as empresas? Como consumidores de produtos e serviços, normalmente optamos por aqueles que atendem às nossas necessidades. Para fazer essa opção, realizamos a análise de diversos fatores, como qualidade, durabilidade, tecnologia, aparência, preço, rapidez, entre outros. Produtos como smartphones, móveis, panelas, geladeiras, televisores etc. são exemplos em que esses fatores são considerados. Ao mesmo tempo, ao consumirmos serviços como os de hospitais, de uma oficina mecânica de automóveis e de um restaurante, por exemplo,fatores como a rapidez, a confiabilidade e a qualidade também são observados. Assim, para que as organizações consigam oferecer aos clientes produtos e serviços competitivos é necessário que estes sejam desenvolvidos por meio de processos bem elaborados e eficientemente concebidos. Em outras palavras, a análise e o desenvolvimento de operações estruturadas são fundamentais para que as empresas consigam atingir níveis elevados de competitividade, com produtos e serviços adequados aos seus clientes. Essas evidências constituem a principal importância da gestão de produção e operações: estabelecer mecanismos que organizem e estruturem os processos e as atividades organizacionais, visando à elaboração de produtos e serviços necessários ao consumidor. Dessa maneira, a função que envolve a gestão de produção e operações para as empresas é de fundamental importância para que elas possam ser competitivas no mercado. Segundo Slack, Chambers e Johnston (2009), a função da produção, ao lado das funções de marketing e de desenvolvimento de produtos e serviços, são as funções centrais de qualquer organização. Além disso, ainda de acordo com os autores, outras funções de apoio também são importantes, como a gestão financeira e de pessoal. A Figura 5 ilustra as principais funções da organização e o posicionamento central da área de produção e operações. Figura 5 – Principais funções da organização Marketing/Desenvolvimento de produto e serviço/Produção e operações Funções de apoio Funções centrais Finanças Pessoal/RH Fonte: Adaptada de Slack, Chambers e Johnston, 2009, p. 5. É importante lembrar que as empresas, de acordo com suas particularidades, podem considerar diferentes tipos de funções e, até mesmo, nominá-las de maneira distinta. No entanto, as funções centrais são fundamentalmente encontradas na maioria das organizações, estando normalmente presentes em todos os tipos de negócio. Vídeo Gestão de operações e logística14 Outro detalhe importante que deve ser considerado refere-se ao processo de integração entre essas funções (tanto as centrais como as de apoio) no desenvolvimento das atividades da organização. De fato, uma visão sistêmica (visão integrada das funções e suas correlações) faz-se presente no processo de gestão da empresa, pois será responsável pela determinação adequada das ações e da priorização de passos e etapas a serem seguidos. A maneira correta de estruturar as ações consiste na principal importância da função da gestão de produção e operações para as empresas, uma vez que permite a elaboração e a organização de atividades que visam à produção dos produtos e serviços que os clientes desejam. 1.3 Conceitos iniciais Neste tópico, serão apresentados alguns dos principais conceitos relacionados à gestão de produção e operações, os quais serão relevantes para fundamentar o melhor entendimento dos assuntos tratados neste livro. 1.3.1 Produção A produção consiste no processo de transformação de produtos, matérias-primas, informação e outros recursos materiais, humanos e financeiros em novos bens e produtos destinados ao cliente. 1.3.2 Operações As operações são as atividades que envolvem o processo de prestação de um serviço. Elas são compostas pelas ações orientadas por etapas e passos a serem seguidos e que, de maneira integrada, proporcionam o serviço esperado pelo cliente. 1.3.3 Inputs Os inputs são considerados as entradas (insumos) num processo de produção ou de operações. Eles podem ser as matérias-primas, os produtos, os componentes, a infraestrutura, as pessoas, a informação, a tecnologia, os recursos financeiros ou de mercado, o feedback, entre outros. 1.3.4 Processamento O processamento consiste no processo de transformação dos recursos de entrada nos produtos ou serviços esperados pelo cliente. Essa etapa do processo de produção e operações é a responsável pela alteração das características dos insumos, transformando-os em novos produtos ou serviços que servem ao consumo final ou que podem ser parte (novos insumos) de outros processos de transformação. 1.3.5 Outputs Os outputs consistem nas saídas do sistema de processamento. São normalmente associados aos resultados do processo de transformação e denominados produtos ou serviços (quando têm Vídeo Introdução à gestão de produção e operações 15 o consumidor como destino final) ou componentes e materiais (quando destinados a compor o processo de transformação de outros produtos e serviços). O sistema de produção e operações pode ser mais bem entendido por meio da ilustração apresentada na Figura 6, a seguir. Figura 6 – Sistema do processo de produção Recursos transformados Input/Insumos Recursos de transformação Input/Insumos Materiais Informação Consumidores Instalações Pessoal Processo de Transformação Influências e restrições Subsistema de controle Bens ou serviçosINPUT OUTPUT Ambiente Ambiente Fonte: Adaptada de Slack, Chambers e Johnston, 2009, p. 9. A Figura 6 mostra o sistema de produção, com as entradas, o processamento e as saídas. Além disso, ela mostra o processo de feedback (ou retroalimentação) que vai apoiar as atividades de controle e avaliação do sistema. Esse processo de retorno possibilita a realimentação do sistema e é muito importante para que o próprio sistema faça os ajustes e as alterações que forem necessários. 1.3.6 Bens O conceito de bem é atribuído normalmente aos produtos físicos e tangíveis que são destinados para o uso, como um produto final ou um componente. São exemplos de bens os produtos que apresentam materialidade, que podem ser “tocados”. Eles podem ser classificados como públicos ou particulares, móveis ou imóveis, consumíveis ou não consumíveis, divisíveis ou indivisíveis, comercializáveis ou não comercializáveis, entre outros. 1.3.7 Serviços Constituem os resultados (outputs) de um processo, os quais não são físicos, ou melhor, são intangíveis. Eles são muitas vezes associados a um processo de entrega de algo de valor que necessita ser percebido pelo cliente, não necessariamente podendo ser “tocado”. Um corte de cabelo, uma regulagem no veículo, um atendimento médico e a limpeza de um local são exemplos de serviços. Em relação às diferenças entre bens ou produtos e serviços, muitos autores estabelecem, atualmente, uma nova abordagem, na qual a análise conjunta de produto/serviço deve ser Gestão de operações e logística16 considerada pelas empresas. Muitas vezes, um produto necessita estar integrado a um serviço para que seja reconhecido pelo cliente como importante e, consequentemente, seja comprado. Nesse sentido, qual seria o negócio de uma empresa que comercializa um serviço de streaming? Ela vende um serviço tecnológico que envolve a integração de diversos produtos (filmes, séries e documentários, por exemplo) com um serviço de assinatura mensal. Ela também oferece pacotes (que envolvem o número de acessos e máquinas, a qualidade de sinal HD ou não, entre outros) que podem ser escolhidos pelo cliente de acordo com a conveniência. Assim, o cliente decide qual o nível de produto/serviço é mais adequado para ele e qual preço está disposto a pagar (percepção de valor recebido). Outro exemplo seria uma concessionária de veículos, pois além de ela vender o produto (carro), também deve oferecer a assistência técnica, a disponibilidade de peças de manutenção, os acessórios, as informações para a adequada condução etc. Verificando os exemplos apresentados, observa-se que estabelecer a fronteira entre produto e serviço já não é mais tão simples. Produtos e serviços, atualmente, devem ser partes de um mesmo pacote de valor competitivo a ser oferecido pelas empresas. Daí a relevância de a área de produção e operações estar intimamente ligada às atividades das organizações. 1.4 Administração da produção e suas contribuições para outras áreas da organização As atividades que envolvem o gerenciamento de uma empresa dependem fundamentalmente dos processos de integraçãoentre os seus diversos departamentos e as suas áreas. Com a área de produção e operações não é diferente, pois ela é a responsável pela estruturação do sistema de transformação de insumos (entradas ou inputs) em resultados (saídas ou outputs). Em outras palavras, pode-se afirmar que a área de produção e operações praticamente está ligada a todas as outras áreas da organização, pois é responsável pela geração dos produtos/serviços ofertados pela empresa. A Figura 7, a seguir, ilustra essas relações. Figura 7 – Integração da área de produção e operações às outras áreas da empresa Produção e operações Marketing VendasLogística FinançasCompras Fonte: Elaborada pelo autor. Observa-se que é muito importante que a área de produção e operações consiga relacionar suas atividades e integrá-las às demais áreas, pois, assim, a organização poderá efetivamente desenvolver produtos e serviços competitivos e adequados aos clientes. Vídeo Introdução à gestão de produção e operações 17 Praticamente em todas as áreas da empresa as atividades que envolvem a análise de processos transformadores estão presentes e devem ser consideradas na gestão do mercado (marketing e vendas), gestão financeira, de compras e logística. Os tópicos a seguir detalham a relação entre a área de produção e operações com essas outras áreas principais da empresa. 1.4.1 Marketing e vendas Para sobreviver, a empresa necessita que seus produtos e serviços sejam comprados pelos clientes. Uma eficiente ação de marketing e de vendas é necessária, pois ela é a responsável por possibilitar que os clientes conheçam os produtos/serviços ofertados e tenham acesso a eles, garantindo que sejam disponibilizados em quantidade suficiente e a preços adequados. No entanto, para que os produtos e serviços possam ser divulgados e disponibilizados pelas áreas de marketing e vendas eles precisam, antes, ser fabricados (produtos) ou operacionalizados (serviços) na quantidade, na qualidade e no momento corretos. E essa função cabe à área de produção e operações, pois ela é que vai analisar e gerenciar as principais atividades que possibilitam a disponibilização de produtos e serviços dentro das expectativas dos clientes. Para isso, faz-se necessária a integração de informações entre as áreas de marketing e vendas e a de produção e operações, visando ajustar os procedimentos de fabricação e preparo do pacote de valor (produto/serviço) àqueles propostos pela área de comercialização. Christopher (2011) defende que os processos da organização devem ser gerenciados de maneira interfuncional, a fim de criar e fornecer valor ao cliente. O autor cita como exemplos o desenvolvimento da marca e do cliente, a administração de clientes, a análise de fornecedores e a própria gestão da cadeia de suprimentos. Nesse sentido, quando uma empresa decide lançar um novo smartphone no mercado mundial, por exemplo, ela integra as áreas de marketing e vendas com a de produção e operações, pois, no dia determinado para o lançamento do produto, o estoque dele deve estar disponível (em quantidade suficiente) nas lojas dos países em que ocorrerá o lançamento. Assim, deve ser realizado um planejamento prévio e integrado entre essas áreas para que o lançamento ocorra dentro das expectativas de venda da empresa e, mais do que isso, seja um sucesso. O Quadro 2, a seguir, exemplifica algumas dessas ações que integram outras áreas da empresa com a de produção e operações. Quadro 2 – Ações integradas entre as áreas de marketing e vendas e a de produção e operações Ação Área de marketing (vendas) Área de produção e operações Lançamento de smartphone no mercado • Preparar o conceito da divulgação do produto. • Divulgar a data do lançamento. • Promover e realizar ações e campanhas para o lançamento. • Fabricar os produtos em quantidade suficiente para o lançamento. Liquidação de produto • Criar e divulgar a campanha. • Garantir a disponibilidade dos produtos (na quantidade anunciada). Gestão de operações e logística18 Ampliar o mercado consumidor e a base de clientes • Desenvolver campanhas de marketing mais amplas. • Aumentar o volume de produção ou operação. Fonte: Elaborado pelo autor. O Quadro 2 mostra a importância da integração entre as áreas de marketing e vendas e a de produção e operações para o alcance de maiores níveis competitivos pela organização. Essa relação de dependência das ações que integram as atividades e as tarefas entre as áreas de elaboração e de comercialização dos produtos ou serviços é fundamental para que a organização desenvolva uma gestão eficiente. 1.4.2 Finanças Para que a empresa possa produzir um bem ou operacionalizar um serviço, diversos custos e despesas relativos ao processo devem ser considerados. Os custos e as despesas de produção são aqueles relacionados ao processo de manufatura (transformação) de um produto ou da prestação de um serviço e envolvem o custo das matérias-primas, do investimento em máquinas, de contratação e treinamento das pessoas, da energia que será consumida, do custo do espaço a ser utilizado, do tempo que levará o processo etc. Assim, para que a empresa consiga definir um preço final do produto ou serviço a ser comercializado, é necessário que ela realize a análise financeira de todos os processos que envolvem a fabricação ou o desenvolvimento do produto/serviço e os parâmetros pelos quais o mercado está disposto a comprar o que ela comercializa. Alguns conceitos relacionados aos principais aspectos das questões financeiras ligadas ao processo produtivo, por exemplo, envolvem o estabelecimento dos custos totais. Esse tipo de custo é estabelecido a partir de levantamento e análise de custos e despesas fixos e variáveis, que são os principais componentes do custo de fabricação do produto. O Quadro 3 define os conceitos de custos e despesas fixos e variáveis. Quadro 3 – Conceitos importantes Custos/despesas fixos Custos/despesas variáveis Não sofrem alteração em relação à quantidade de produtos fabricados: • custos com o pessoal administrativo da empresa; • custos relacionados aos espaços físicos (impostos municipais, taxas de funcionamento, energia consumida em espaços administrativos e de não manufatura); • custos com a depreciação das máquinas. Sofrem alteração de acordo com o volume de produção realizado: • custos com matérias-primas; • custos com a energia consumida pelo maquinário; • custos com o pessoal envolvido na fabricação; • custos com a manutenção das máquinas. Fonte: Elaborado pelo autor. Ao mesmo tempo, ao analisar a relação entre as áreas de produção e operações e a financeira, outro aspecto importante deve ser observado: a análise custo-volume-lucro. Introdução à gestão de produção e operações 19 A análise custo-volume-lucro verifica a importância de se estabelecer parâmetros que possam auxiliar o processo de gestão estratégica da produção. Nesse sentido, aspectos como a quantidade (volume) a ser produzida representam fatores relevantes para um estudo financeiro da lucratividade de toda a operação. O resultado dessa análise consiste no cálculo do ponto de equilíbrio (do termo em inglês break-even point) que, conceitualmente, pode ser definido como a quantidade ou o volume em que os custos totais são equivalentes à receita total. Esse valor define o momento em que ocorre a transformação de uma situação de prejuízo operacional em lucro, conforme mostra a Figura 8 a seguir. Figura 8 – Ilustração do ponto de equilíbrio Custo ($) Linha de receita total Linha do custo total Custo fixo Custo variável Volume (quantidade)Break-even point (ponto de equilíbrio) Custo Total = Receita Total Lucro Prejuízo Fonte: Elaborada pelo autor. Observe, na Figura 8, que, a partir do momento destacado no ponto de equilíbrio, as receitas totais serão maiores que os custos totais, inserindo o volume na área de lucro. 1.4.3 Compras Para que a empresa consiga fabricar produtos ou oferecer serviços de maneiraadequada aos clientes, é necessário que tenha os materiais (insumos/inputs) suficientes para tal. O fornecimento adequado dos inputs é muito importante para que o processo e as atividades de transformação na empresa possam ocorrer, sendo considerado como função de compras (purchasing em inglês). O processo de compras consiste em um conjunto de atividades que envolve diversas ações integradas em sequência e que mobiliza outras áreas da empresa, como demonstra a Figura 9. Gestão de operações e logística20 Figura 9 – Processo de compras Processo de compras Follow-up Cotações 1, 2, 3, ..., nCadastro de fornecedores Nota fiscal Controle de estoque Estocagem Recebimento Decisão Material Fonte: Elaborada pelo autor. Conceitualmente, a área de compras é a responsável pelo fornecimento dos insumos necessários para que o processo de produção/prestação de serviços possa ocorrer. Nela, são levantadas e analisadas diversas ações importantes que visam suprir e apoiar a área de produção e operações, como mostra a Figura 10 a seguir. Figura 10 – Ações importantes na área de compras Levantamento e análise de fornecedores Processo de cotação Acompanhamento da compra Fonte: Elaborada pelo autor. Como a Figura 10 sugere, a disposição dos itens abordados se dá em um processo sequencial lógico, que deve ser realizado fase a fase para que as decisões e as ações na área de compras sejam tomadas e realizadas de maneira eficaz. Cada item ilustrado será explicado brevemente a seguir. • Levantamento e análise de fornecedores: inclui a busca por fornecedores e a análise da situação financeira/operacional e da capacidade de fornecimento em diversas localidades de cada um dos fornecedores. • Processo de cotação: envolve a pesquisa de preços, a análise da especificação dos materiais a serem adquiridos e dos prazos de pagamento e entrega, a negociação e o fechamento da compra, a emissão do pedido de compra, entre outros elementos. • Acompanhamento da compra (follow-up): envolve o acompanhamento do pedido de compra, desde o momento em que ele é fechado até o recebimento do material adquirido. Esse processo é muito importante, pois pode levantar problemas de fornecimento, antecipando ações corretivas e prevendo problemas na produção. Introdução à gestão de produção e operações 21 1.4.4 Logística A logística pode ser entendida como a parte da gestão da cadeia de suprimentos que envolve o planejamento, a implementação e o controle da eficiência e do efetivo movimento de produtos, serviços e informações entre os elos iniciais (fornecedores) e os elos finais (consumidores), de acordo com requisitos e necessidades estabelecidos pelo cliente. O fluxo de movimentação do produto entre o ponto de origem e o de consumo é denominado cadeia de suprimentos. Segundo o Conselho Profissional de Gerenciamento de Cadeia de Suprimentos americano (CSCMP, 2019, tradução nossa): a gestão da cadeia de suprimentos – SCM – engloba o planejamento e a gestão de todas as atividades envolvidas na procura, na aquisição, na conversão e em todas as atividades da gestão logística. Além disso, ela inclui a coordenação e a colaboração dos parceiros do canal, como fornecedores, intermediários, serviços terceirizados e clientes. A Figura 11, a seguir, ilustra uma cadeia de suprimentos e os processos (relacionamentos) que devem ser estabelecidos entre seus diversos elos constituintes. Figura 11 – Cadeia de suprimentos típica e seus processos internos e externos Relacionamento entre os elos Cadeia de suprimentos Processos externos Fornecedores e parceiros Processos internos Organização Processos externos Clientes Fonte: Elaborada pelo autor. Assim, a área logística possui muita integração com a área de produção e operações, pois é a responsável pelo fluxo de produtos e informações entre as diversas fases do processo produtivo ou da prestação de serviços. A maneira como esse fluxo ocorre entre os diversos elos da cadeia de suprimentos e como ele chega ao cliente constitui o principal mecanismo a ser considerado na análise dos processos organizacionais. Outro importante papel da logística na área de produção e operações refere-se à melhoria do relacionamento entre a empresa e seus clientes e seus fornecedores, procurando estabelecer uma relação que envolva o compartilhamento de informações entre eles e a busca pela melhoria contínua dos processos de compra, suprimento, armazenagem, venda e distribuição. Para Ballou (2010), a logística deve estabelecer um conjunto de atividades visando ao maior retorno possível sobre o investimento ao longo do tempo. O autor afirma também que as estratégias logísticas devem buscar três objetivos principais: redução de custo, redução de capital e melhorias do serviço. Gestão de operações e logística22 Muitas vezes, a relação entre a empresa e seus parceiros não é feita de maneira que todos possam se beneficiar, gerando situações denominadas ganha-perde. A aplicação dos princípios básicos da gestão logística possibilita uma maior confiança entre os parceiros de negócio por estabelecer novos modos de comunicação e compartilhamento de informações, gerando uma nova relação entre eles, denominada ganha-ganha. A melhoria do relacionamento empresarial entre os parceiros dentro de uma cadeia de suprimentos leva à possibilidade de um maior planejamento e o controle da área de produção e operações. Isso acarreta melhoria da eficiência produtiva e operacional e, consequentemente, tem a capacidade de proporcionar maiores ganhos competitivos para a organização por produzir ou oferecer produtos/serviços mais adequados ao que o cliente espera. Considerações finais Neste capítulo, foi estabelecida uma introdução à área de produção e operações, apresentando seus principais conceitos e suas inter-relações com as outras áreas da organização. Os tópicos apresentados descreveram os assuntos mais importantes atualmente abordados pela área e servem como uma introdução aos diversos temas que serão trabalhados nos capítulos seguintes deste livro. A temática descrita neste capítulo mostra a gestão de produção e operações como uma das principais áreas da organização. Ao fazer uma reflexão entre essa área e o nível competitivo da empresa, é fácil observar sua importância na elaboração, no desenvolvimento e na entrega de produtos e serviços adequados às necessidades dos clientes. De nada adianta a empresa divulgar as características qualitativas de seu produto ou serviço se este não for efetivamente fabricado e não estiver disponível onde o cliente está, em quantidade, qualidade, preço e prazo esperados por ele. Em um mundo competitivo como o de hoje, no qual a disponibilização de produtos e serviços de acordo com as expectativas do cliente se faz cada vez mais presente, uma adequada gestão de produção e operações tem se mostrado de fundamental importância. Ampliando seus conhecimentos Sites • CSCMP – Concil of Supply Chain Management Professionals. Disponível em: https:// cscmp.org/. Acesso em: 25 jul. 2019. O Conselho de Profissionais de Gestão da Cadeia de Suprimentos, de acordo com o próprio site, existe para proporcionar oportunidades para os profissionais da cadeia de suprimentos se comunicarem e desenvolverem suas habilidades de gerenciamento. Além disso, o conselho também auxilia na identificação e condução de pesquisas que contribuam para a base de conhecimento da teoria e da prática da cadeia de suprimentos e na criação de consciência do significado da cadeia de suprimentos para os negócios e para a economia. https://cscmp.org/ https://cscmp.org/ Introdução à gestão de produção e operações 23 • ASCM – Association for Supply Chain Management. Disponível em: http://www.apics. org/. Acesso em: 25 jul. 2019. Segundo o próprio site, a Associação para Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos constitui-se como uma organização sem fins lucrativos que promove conceitos e práticas sobre as cadeias de suprimento (pesquisa, benchmarkinge publicações diversas). Além disso, é uma das principais associações profissionais para o gerenciamento da cadeia de suprimentos. • POMS – Production and Operations Management Society. Disponível em: http://www. poms.org/. Acesso em: 25 jul. 2019. A Sociedade de Gestão de Produção e Operações (POMS em inglês) é uma organização profissional internacional que representa os interesses dos profissionais dessa área em todo o mundo. Os propósitos da POMS são: estender e integrar conhecimentos que contribuam para melhorar o entendimento e a prática da gestão de produção e operações; disseminar informações sobre esse tipo de gestão para gerentes, cientistas, educadores, estudantes, organizações públicas e privadas, governos nacionais e locais e para o público em geral; e promover a melhoria da área de produção e operações e seu ensino em organizações de manufatura e em serviços públicos e privados de todo o mundo. Filme • FOME de poder. Direção: John Lee Hancock. EUA: The Weinsteins Company, 2016. 115 min, son., color. Esse filme apresenta a história dos irmãos McDonald’s e sua relação com um ambicioso empreendedor, Ray Kroc. Perceba, no decorrer do filme, o modelo de produção inventado pelos irmãos e a transformação da empresa em uma rede de lanchonetes, na qual o serviço também se torna fator competitivo fundamental para seu crescimento. Atividades 1. O que é gestão de produção e operações e qual a sua importância para o desenvolvimento competitivo das organizações? 2. Descreva, com base nas dimensões estratégica, tático-funcional e operacional da área de produção e operações, as principais atividades de uma companhia aérea regional e nacional. 3. Por que devemos considerar uma visão sistêmica da organização, em que a área de produção e operações necessita estar integrada a outras áreas da empresa? Cite alguns exemplos de atividades integradas a essa e a outras áreas. Gestão de operações e logística24 Referências BALLOU, R. H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 2010. CHRISTOPHER, M. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: criando redes que agregam valor. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011. CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. Administração de produção e operações. São Paulo: Atlas, 2004. CSCMP – Council of Supply Chain Management Professionals. What is Supply Chain Management? Disponível em: https://cscmp.org/CSCMP/Certify/Fundamentals/What_is_Supply_Chain_Management. aspx?WebsiteKey=0b3f453d-bd90-4121-83cf-172a90b226a9. Acesso em: 25 jul. 2019. MOREIRA, D. A. Administração da produção e operações. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2008. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. https://cscmp.org/CSCMP/Certify/Fundamentals/What_is_Supply_Chain_Management.aspx?WebsiteKey=0b3f453d-bd90-4121-83cf-172a90b226a9 https://cscmp.org/CSCMP/Certify/Fundamentals/What_is_Supply_Chain_Management.aspx?WebsiteKey=0b3f453d-bd90-4121-83cf-172a90b226a9 2 Evolução histórica da gestão de produção e operações Entender como surgiu a área de produção e operações e como ela evoluiu ao longo do tempo é o que se pretende nos tópicos deste capítulo. Ao mesmo tempo, pretende-se também auxiliar a compreensão de como essa evolução ocorreu e quais os caminhos traçados pelos principais expoentes da área. Assim, este segundo capítulo tem por objetivos apresentar a evolução histórica da gestão de produção e operações e evidenciar os principais marcos históricos e suas contribuições para a área. Ao final de sua leitura, de seu estudo, espera-se que você saiba mais sobre o surgimento da área de produção e operações e possa refletir acerca da evolução dela, contando ainda com um maior entendimento a respeito dos possíveis movimentos futuros para essa importante área organizacional. 2.1 A origem da gestão de produção e operações Desde os primórdios da raça humana encontram-se evidências de construções de vários tamanhos, simples e complexas, que certamente exigiram significativos esforços de seus construtores. Um dos primeiros relatos sobre os projetos de construção é citado por Corrêa e Corrêa (2017), que afirmam que, há mais de 400 anos, são retratados os primeiros projetos desenvolvidos e já se nota a popularização de sua sistematização ao redor do mundo. Os monumentos e templos de várias partes do planeta, igrejas e catedrais medievais, principalmente na Europa, as pirâmides no Egito, o Coliseu romano, o Parthenon grego, entre outros, são alguns exemplos de construções elaboradas pelo homem e que ainda permanecem com sua estrutura preservada. Ao observar as construções realizadas pela humanidade, verifica-se que, no passado, os processos que envolviam essas construções eram desenvolvidos normalmente por projetistas reconhecidos à época, com uso intensivo de mão de obra e com prazos de execução e término bastante longos. Outra característica importante consiste na necessidade de utilização de pessoas com habilidade artesanal especial para a construção de detalhes únicos. O processo de produção das partes e o seu devido encaixe na construção eram realizados por habilidosos artesãos, que normalmente levavam tempos consideráveis para essa confecção. Certamente, pode-se supor que as tarefas que envolviam essas construções demandaram sofisticados projetos, elaborados dentro de planejados e controlados processos de execução (em que a gestão da produção já se fazia presente). Vídeo Gestão de operações e logística26 2.1.1 Revolução Industrial A Revolução Industrial teve início na segunda metade do século XVIII, sendo que um de seus marcos iniciais é a invenção do motor a vapor, por James Watt (Figura 1), em 1764. Figura 1 – James Watt, inventor do motor a vapor D co et ze e/ W ik im ed ia C om m on s Fonte: VON BREDA, Carl Frederik. Portrait of James Watt. 1792. Óleo sobre tela: 125,7 x 100,3 cm. National Portrait Gallery, Londres, Inglaterra. Ao mesmo tempo, a Revolução Industrial também se espalhou, principalmente pela Europa e pelos Estados Unidos. Em solo americano, Eli Whitney, conhecido inventor da época, desenvolveu o conceito de peças intercambiáveis (no final do século XVIII) para a fabricação de armas para o governo americano. A Figura 2 mostra Eli Whitney, o inventor de peças intercambiáveis. De acordo com o conceito proposto por Whitney, as peças deveriam se encaixar corretamente desde a primeira vez que fossem usadas. Esse método de produção veio a substituir o sistema antigo de se encontrar as peças que melhor se encaixavam ou a substituição delas por outras que se encaixassem na montagem do produto (GAITHER; FRAZIER, 2001). O movimento gerado pela Revolução Industrial durante os séculos XVIII e XIX pode ser considerado a principal ocorrência a marcar o desenvolvimento dos sistemas modernos de produção e manufatura como conhecemos nos dias atuais. O estabelecimento de novas formas de sistematização do trabalho e o advento de M eg ap ix ie /W ik im ed ia C om m on s Fonte: KING, Charles Bird. Gravura baseada em uma pintura de Eli Whitney. 1820-1830. Figura 2 – Eli Whitney Evolução histórica da gestão de produção e operações 27 métodos lógicos de organização fabril fundamentaram o desenvolvimento dos modelos de produção que seriam referência do início do século XX em diante. Entretanto, mesmo com essa mudança significativa nos sistemas produtivos no final do século XIX e início do século XX, a Revolução Industrial ainda é considerada por muitos estudiosos mais como esforço artístico do que necessariamente como uma ciência (DAVIS; AQUILANO; CHASE, 2001). Assim, uma nova revolução, fundamentada nos pressupostos da Revolução Industrial, começa a acontecer a partir do século XX. Essas mudanças serão abordadas nos tópicos a seguir. 2.1.2 Administração científica O início do século XX foi marcado pela profusão e pela ampliação de novos mercados, ávidos porconsumir produtos que eram até então fabricados, em sua maioria, de maneira artesanal e em quantidades limitadas. O avanço de novas rotas comerciais entre alguns países do ocidente europeu, da Ásia e da nova América (representada principalmente pelos Estados Unidos) exigia o fornecimento de maior quantidade de produtos para atender a essa nova sociedade de consumo que estava emergindo. Nesse sentido, os primeiros trabalhos relacionados ao maior estudo sobre os sistemas de produção são atribuídos a Frederick Winslow Taylor, engenheiro mecânico que publicou, em 1911, o livro Princípios da Administração Científica. Ao mesmo tempo, Taylor recebeu o auxílio de diversos colaboradores, que amplificaram seus estudos e seu trabalho. Podem ser destacados os estudos de tempos e movimentos, da fadiga e ergonomia, de Frank e Lillian Gilbreth; a proposta de organização e controle das etapas, de Henry Gantt; as análises matemáticas, de Carl Barth; entre outros. O Quadro 1, a seguir, apresenta os principais atores da administração científica. Quadro 1 – Principais atores da administração científica Ator Período Contribuições Frederick W. Taylor 1856-1915 Princípios de administração científica, estudo do tempo, análise de métodos e padrões, planejamento e controle. Frank B. Gilbreth 1868-1934 Estudo dos movimentos, métodos, therbligs, contratos de construção e consultoria. Lillian M. Gilbreth 1878-1973 Estudos da fadiga e ergonomia, seleção e treinamento de empregados. Henry L. Gantt 1861-1919 Gráficos de Gantt, sistemas de pagamento por incentivo, abordagem humanística do trabalho e treinamentos. Carl G. Barth 1860-1939 Análise matemática, régua de cálculo, estudos de suprimentos e velocidade e consultoria para a indústria automobilística. Harrington Emerson 1885-1931 Princípios de eficiência, economia de milhões de dólares em ferrovias e métodos de controle. Morris L. Cooke 1872-1960 Aplicação da administração científica à educação e ao governo. Fonte: Adaptado de Gaither e Frazier, 2001, p. 9. Gestão de operações e logística28 A administração científica é considerada a primeira escola a utilizar, ainda que de maneira limitada, princípios e métodos científicos para compreender e gerenciar os processos de manufatura. Seus resultados proporcionaram um aumento significativo da eficiência e, consequentemente, dos volumes de produção. Até hoje, diversos métodos e técnicas desenvolvidos por Taylor e seus colaboradores são utilizados no aprimoramento da manufatura, e seu surgimento é considerado o principal marco do início da administração moderna. 2.1.3 Fordismo O avanço da administração científica, a partir do início do século XX, possibilitou que os empresários da época utilizassem esse conceito de produção e procurassem implementá-lo em suas fábricas. Sem dúvida, o principal expoente desse avanço foi o fordismo, que pode ser entendido como uma referência direta ao conceito de produção em massa, por meio do sistema de linhas de produção. Ele foi desenvolvido por Henry Ford, que, com a aplicação de diversas técnicas da administração científica em sua fábrica de automóveis, revolucionou a maneira como os produtos eram fabricados. Antes do fordismo, os automóveis normalmente eram construídos de maneira artesanal e caracterizados pelo baixo volume de produção. Com o advento do fordismo, os produtos puderam ser fabricados em larga escala e com custos de produção muito mais baixos. Com produção e oferta maiores e menores preços de produtos proporcionados pelo sistema fordista, um número maior de pessoas, de diversas classes econômicas, teve acesso ao consumo, gerando o denominado consumo de massa. Os princípios fundamentais do fordismo baseavam-se na especialização do trabalho em cada parte da fabricação e na responsabilidade exclusiva do trabalhador na produção de uma parte específica, sendo treinado para executar somente aquela função. Assim, havia uma elevada especialização do trabalhador naquela parte da produção, fazendo com que ele fosse altamente especializado e realizasse sua tarefa da maneira mais rápida possível. O funcionamento desse sistema proporcionou ganhos significativos na produção, transformando-a em produção em massa e gerando produtos padronizados e acessíveis à maior parte das pessoas. Entretanto, o sistema fordista também gerou problemas, principalmente para os trabalhadores, pois, ao serem treinados e preparados para fazer uma função muito específica, o trabalho se tornava bastante repetitivo, estafante e desgastante, gerando neles problemas físicos e emocionais. Por serem também considerados de baixa qualificação (pois não se exigia muitas competências em vários processos), os salários eram baixos, o que gerava muita insatisfação e trocas de trabalhadores. Evolução histórica da gestão de produção e operações 29 Dentre as principais características do fordismo, destacam-se: • desenvolvimento da produção em linha, com redução de custos; • baixa qualificação dos trabalhadores; • elevada repetição do trabalho; • especialização do trabalho; • produção em massa; • trabalho sequencial; • investimento em maquinários e em plantas fabris; • fluxo contínuo de produção. Por causa de suas características inovadoras para a época e por ter sido predominante na maior parte do século XX em diversos sistemas de produção, o sistema fordista é considerado um dos maiores marcos da história da gestão de produção e operações. 2.1.4 Período pós-guerra O período pós-guerra é aquele que culmina com o final da Segunda Guerra Mundial (a partir do ano 1946) e é marcado por uma necessidade de reconstrução das economias globais, muitas delas destroçadas pelos elevados gastos empreendidos nas batalhas. Ao mesmo tempo, ele também marca o aparecimento de um grupo de recém-nascidos no período (denominado baby boomers), que formaria uma nova sociedade, ávida pelo consumo de produtos e serviços. Por isso, mesmo com as fábricas limitadas em sua capacidade de produção, um novo esforço para se fabricar mais produtos foi necessário, pois havia, naquele momento, um mercado que estava comprando tudo o que fosse produzido. Essa situação proporcionou o desenvolvimento de novos sistemas de produção, mais focados no aumento dos volumes a serem produzidos e em uma busca incessante pela redução de custos e pelo aumento da capacidade produtiva. Ao mesmo tempo, esses sistemas também foram apoiados por técnicas desenvolvidas ainda no período da guerra, como a aplicação da abordagem sistêmica, dos processos logísticos de distribuição e das equipes interdisciplinares e o uso de técnicas matemáticas avançadas (como a pesquisa operacional, por exemplo). Assim, o período pós-guerra foi marcado por intensos avanços nos sistemas de produção, culminando no desenvolvimento de novos modelos e técnicas que ainda hoje estão presentes no ambiente organizacional. 2.1.5 A gestão da qualidade total A gestão da qualidade total – ou TQM (total quality management em inglês) – foi um movimento relacionado aos processos de gestão e de produção que teve seu auge no final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Gestão de operações e logística30 Mas o que é qualidade? Segundo Slack, Chambers e Johnston (2009, p. 40), qualidade “significa a produção consistente de serviços e produtos dentro das especificações” e satisfação dos clientes internos e externos. Em outras palavras, ela visa padronizar e controlar o processo de fabricação ou prestação de serviço de acordo com as necessidades do cliente, com um desenvolvimento interno (das pessoas) integrado e motivado a propor melhorias contínuas nas operações. A fundamentação do TQM se baseia em três princípios que orientam a busca por elevados níveis de performance e de qualidade no processo. Eles se relacionam à satisfação do cliente, ao envolvimento do funcionário e à melhoria contínua do desempenho (KRAZEWSKI; RITZMAN; MALHOTRA, 2009). A Figura 3, a seguir, ilustra o TQM e suas interações com os princípioscitados. Figura 3 – TQM e os três princípios fundamentais Satisfação do cliente Envolvimento do pessoal Melhoria contínua TQM Fonte: Elaborada pelo autor. Considerado por diversos autores como uma filosofia de trabalho, o TQM pressupõe que esses três princípios sejam adequadamente gerenciados para que níveis de competitividade sejam alcançados. Vamos conhecer, a seguir, os três princípios que norteiam o TQM, de acordo com as definições de Krazewski, Ritzman e Malhotra (2009). 2.1.5.1 Satisfação do cliente O princípio da satisfação do cliente consiste na análise, pelo consumidor, do atendimento de suas expectativas em relação ao produto ou ao serviço consumido. Muitas vezes denominado como qualidade do produto ou serviço, ele se refere ao alinhamento entre o que o consumidor espera e o que ele efetivamente recebe como entrega da empresa. Diversos aspectos podem ser verificados ao se analisar a ocorrência desse princípio, como a conformidade com as especificações, o valor agregado, a usabilidade, o apoio técnico e assistencial e a experiência de uso. A Figura 4, a seguir, mostra o exemplo de um smartphone. Verifica-se se ele possui as especificações tecnológicas esperadas (câmera de vários pixels, tela touch, definição do visor, velocidade do processador e memória), o valor agregado pela sua aquisição (marca do aparelho Evolução histórica da gestão de produção e operações 31 e status), a usabilidade (tamanho, peso e sistema operacional utilizado), o apoio técnico (rede de assistência e durabilidade) e a experiência de uso (aspectos psicológicos, como a facilidade de uso – user friendly –, o design do aparelho e sua relativa exclusividade). Figura 4 – Análise da satisfação do cliente que adquire um smartphone Especificações? Conveniência? Valor agregado? Usabilidade Assistência Experiência Fonte: Elaborada pelo autor. A adequada análise desse princípio é muito importante para que o conceito de satisfação do cliente possa ser identificado e os processos que envolvem o TQM possam ser dimensionados e estruturados. 2.1.5.2 Envolvimento dos funcionários Esse princípio pode ser considerado como um dos mais importantes para o TQM, pois consiste no desenvolvimento de competências relativas ao pessoal interno da empresa, que será responsável pela efetivação e pela condução adequada dos processos definidos. Ele pressupõe que a organização avalie e promova uma mudança cultural e encoraje a formação e o trabalho em equipe. Quando a empresa necessita desenvolver um TQM que realmente funcione e seja adequadamente sistematizado para o atendimento das expectativas organizacionais, é preciso que os funcionários entendam e reconheçam quem são seus clientes (internos e externos) e como cada função desempenhada é importante para o desenvolvimento do todo. Ao mesmo tempo, esse entendimento necessita da percepção de que as atividades são interligadas e precisam ser integradas em trabalhos conjuntos que dependem uns dos outros (integração de processos). A Figura 5, a seguir, exemplifica, de maneira simulada, a necessidade de mudança cultural no entendimento individual e coletivo do processo e a necessidade de se ajustar às atividades de cada parte, a fim de que o mecanismo funcione adequadamente (ou seja, para que o sistema de engrenagem possa funcionar). IE SD E BR AS IL S /A Gestão de operações e logística32 Figura 5 – Trabalho coletivo e integrado Verifica-se, portanto, a importância das pessoas dentro das ações de TQM. O entendimento dos propósitos organizacionais (mudança cultural e transparência de objetivos) e a formação de equipes de trabalho integradas a esses propósitos são elementos fundamentais para que o TQM possa ser efetivamente executado. 2.1.5.3 Melhoria contínua A melhoria contínua é um princípio derivado de um conceito japonês, denominado kaizen. Ela pressupõe a necessidade de analisar constantemente os processos e de verificar suas possibilidades de melhoria e evolução. Melhorias em relação aos recursos utilizados – como a otimização do tempo, das pessoas envolvidas, dos métodos de trabalho e dos materiais componentes – devem ser continuamente revisadas e implementadas, com o propósito de que os processos sejam mais bem conduzidos e executados. Dessa maneira, o princípio da melhoria contínua começa com o preparo e o treinamento do pessoal, o que envolve sensibilização, educação sobre métodos de controle e conhecimentos acerca de indicadores de desempenho. Além disso, também é necessária a utilização de técnicas de gestão que possibilitem o acompanhamento e a análise dos processos, como o ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act, que significam, respectivamente, planejar, executar, controlar, agir). A Figura 6, a seguir, ilustra o ciclo PDCA. au rie la ki /S hu tt er st oc k Evolução histórica da gestão de produção e operações 33 Figura 6 – Ciclo PDCA Ac t Ag ir PlanPlanejar Do Faz er Check Checar É importante ressaltar que esse princípio deve ser aplicado em processos que agregam ou não valor ao projeto desenvolvido. Por exemplo, ao se reconhecer atividades que não agregam valor ao processo, podem ser analisadas as possibilidades de sua eliminação, reduzindo tarefas, tempo e recursos empregados. Ao mesmo tempo, a análise de atividades que agregam valor pode ter o seu escopo potencializado e mais bem estruturado, visando ao atendimento mais eficaz dos anseios do cliente. 2.1.6 Toyotismo e a administração japonesa O toyotismo consiste em um sistema de gestão da produção de mercadorias baseado na agilidade e na flexibilidade dos processos de fabricação. Desenvolvido inicialmente no Japão do período do pós-guerra, pelo japonês Taiichi Ohno, na empresa Toyota, esse sistema de produção foi pensado para suprir as necessidades de fabricação de produtos em um país que apresentava uma enorme escassez de recursos físicos e materiais. Como o desenvolvimento desse sistema de produção começou no Japão, pelas peculiaridades anteriormente citadas e com as diversas evoluções que foram acontecendo no país (com melhorias contínuas e aumentos significativos de produtividade), foi também chamado de modelo de administração japonesa. Esse modelo de gestão de produção e operações popularizou-se ao redor do mundo a partir da década de 1960, sendo ainda muito utilizado e aplicado pelas empresas. Um elemento muito importante que fundamentou o toyotismo foi o desenvolvimento do sistema Just in Time (JIT), surgido no Japão, na década de 1970. Segundo Corrêa e Corrêa (2004, p. 597), o JIT é muito mais que uma técnica ou um conjunto de técnicas de administração da produção, sendo considerado como uma completa filosofia que inclui aspectos de administração de materiais, gestão da qualidade, arranjo físico, projeto do produto, organização do trabalho e gestão de recursos humanos, entre outros. Assim, o JIT pode ser considerado uma filosofia de trabalho, a qual tem seus pilares focados na eliminação de desperdícios causados por excessos de capacidade e de estoques. Seu propósito consiste em gerar valor aos produtos por meio da produção de quantidades definidas pela demanda. IE SD E BR AS IL S /A Gestão de operações e logística34 Ele pressupõe a organização dos recursos de produção (máquinas, pessoas, tempo, volume, espaço, layout, entre outros) visando à eliminação dos desperdícios, à melhoria dos processos de produção, à redução drástica de estoques, à produção enxuta (lean production, que será abordada mais adiante), à produção em fluxos contínuos e ao melhor direcionamento dos esforços na resolução de problemas. Os objetivos do JIT estão intimamente ligados à melhoria contínua e ao processo de melhoria da qualidade, por meio do incessante “ataque” aos problemas ocasionados pela melhora na gestão e pela redução de estoques. A Figura 7, a seguir, ilustra o funcionamento do sistema JIT por meio de uma analogia com um lago. Figura 7 – Analogia entre um lago e o sistema JIT Ataque seletivo aosproblemas Problemas Refugo Filas, quebras e demanda instável Melhoria contínua Estoques Entregas atrasadas ou defeituosas Retrabalho Operadores destreinados Fonte: Adaptada de Corrêa e Corrêa, 2004, p. 599. Observa-se, na analogia apresentada pela Figura 7, que o lago representa os estoques da fabricação. Eles devem ser constantemente reduzidos, pois, assim, as barreiras, que são os morros no fundo do lago (representando os problemas da produção), vão aparecendo e se apresentando como problemas à navegação. Dessa maneira, elas devem ser atacadas para que o barco possa continuar a navegar (o que significa que a produção está ocorrendo). Portanto, é possível perceber que o JIT defende o contínuo combate aos estoques, para que surjam os problemas de produção e eles, por meio da melhoria contínua, sejam sempre resolvidos. Também denominado sistema Toyota de produção ou Lean Production (que significa produção enxuta), esse modelo de produção iniciado no Japão implementa diversos conceitos relacionados à melhoria dos processos produtivos nas organizações. Veremos, a seguir, suas principais características, apresentadas de acordo com Krazewski, Ritzman e Malhotra (2009). Evolução histórica da gestão de produção e operações 35 2.1.6.1 Método de fluxo puxado de trabalho Nesse método, o processo anterior é disparado somente após o processo imediatamente seguinte solicitá-lo. Isso pressupõe que cada processo realizará a sua tarefa sempre em consistência com a necessidade do processo seguinte. Em oposição a esse método, existe o denominado método empurrado, em que cada parte do processo se preocupa em realizar a sua tarefa, independentemente dos demais processos. Em outras palavras, no método empurrado, um determinado processo realiza suas tarefas e, então, transfere seus resultados ao processo seguinte, sem a necessidade de que este os solicite. A Figura 8, a seguir, ilustra um exemplo dos métodos puxado e empurrado de fluxo de trabalho. Figura 8 – Diferenças entre os métodos empurrado e puxado Empurrado Condições para disparar produção: 1. disponibilidade do material; 2. presença da ordem no programa, definida com base em previsões; 3. disponibilidade do equipamento. Diferenças entre sistemas puxados e empurrados Puxado Condições para disparar produção: 1. sinal vindo da demanda (quadrado Kanban) com menos de dois produtos (no exemplo); 2. disponibilidade do equipamento; 3. disponibilidade do material. Demanda Fonte: Adaptada de Corrêa e Corrêa, 2004, p. 601. Observa-se, na Figura 8, que o método puxado gera a ocorrência de menores estoques entre cada processo de produção. Isso acontece porque cada processo entrega seus resultados ao processo seguinte somente quando este o solicita. Gestão de operações e logística36 2.1.6.2 Qualidade no processo anterior Antes de o resultado de um processo avançar ao processo seguinte, deve ser checado, para verificar se está em ordem, e somente transferido se estiver adequado. Assim, garante-se que o componente transferido do processo anterior esteja em consonância com os requisitos necessários para ser processado na etapa seguinte. Essa característica permite a redução significativa de produção de peças com defeito e, consequentemente, a melhoria da conformidade do produto na etapa final de sua produção (KRAZEWSKI; RITZMAN; MALHOTRA, 2009). Um outro método associado a essa característica refere-se ao denominado poka-yoke (que significa à prova de falhas). O sistema de câmbio automático nos veículos – que permite ligar o carro somente se a alavanca estiver na posição correta (P) e impede a troca de posição para a marcha à ré quando o carro estiver em movimento para frente – é um exemplo de mecanismo à prova de falhas (poka-yoke) implementado no processo de montagem dos veículos. 2.1.6.3 Pequenos lotes Observe que, na Figura 8, os lotes de solicitação e de entrega entre as etapas do processo do sistema puxado são menores do que os do sistema empurrado. Isso permite que menores estoques se acumulem entre as etapas e, assim, o ambiente produtivo fique mais arejado, com menos produtos que possam atrapalhar ou poluir o fluxo de materiais e produtos na fábrica (KRAZEWSKI; RITZMAN; MALHOTRA, 2009). 2.1.6.4 Uniformização e padronização de trabalho Com uma maior uniformização e padronização do trabalho, as tarefas podem ser otimizadas e os seus recursos alocados de maneira a aumentar a eficiência de seu uso (KRAZEWSKI; RITZMAN; MALHOTRA, 2009). 2.1.6.5 Proximidade com os parceiros Essa característica estabelece maior proximidade entre os vários parceiros ao longo da cadeia de suprimentos, tais como fornecedores e clientes. Essa aproximação pode ser realizada de maneira geográfica, o que significa que os fornecedores ficam localizados mais perto da fábrica, reduzindo os custos logísticos, e com a integração de processos, sincronizando as ações entre os parceiros, com o objetivo de redução de etapas, de tempo e de recursos (KRAZEWSKI; RITZMAN; MALHOTRA, 2009). 2.1.6.6 Força de trabalho flexível A força de trabalho flexível é a característica que consiste na ação que envolve o treinamento das pessoas para que possam executar mais de uma tarefa. Uma empresa que presta assistência de aparelhos eletrônicos, por exemplo, demanda um grupo de pessoas que seja capaz de identificar diversos problemas que podem ter acontecido com o aparelho e que tenha a competência necessária para solucionar qualquer um desses problemas (KRAZEWSKI; RITZMAN; MALHOTRA, 2009). Evolução histórica da gestão de produção e operações 37 2.1.6.7 Fluxos em linha e em células Essa característica pressupõe que o fluxo de produção seja analisado inicialmente em relação ao volume de determinado produto a ser produzido e, dependendo dele, a disposição do fluxo de produção seja realizada em linhas maiores ou menores. O objetivo é reduzir os tempos de parada para troca de produção, denominados setup (KRAZEWSKI; RITZMAN; MALHOTRA, 2009). 2.1.6.8 Automação Essa característica consiste no uso de sistemas automatizados, muitas vezes operados por robôs. Eles são aplicados especialmente em processos de produção que envolvem sequências de atividades repetitivas e que exigem elevado grau de precisão e velocidade. Além disso, o uso desses sistemas reduz os custos de operação (KRAZEWSKI; RITZMAN; MALHOTRA, 2009). 2.1.6.9 Cinco S O emprego dessa técnica de origem japonesa envolve o uso de cinco princípios que auxiliam a organização da gestão da produção, proporcionando condições que favoreçam a execução dos trabalhos dentro das fábricas. Esses princípios são denominados senso de utilização, de arrumação, de limpeza, de padronização e de disciplina (KRAZEWSKI; RITZMAN; MALHOTRA, 2009). 2.1.6.10 Manutenção preventiva Essa característica, por fim, consiste no estabelecimento de um cronograma de manutenção, que envolve tanto o controle e a substituição de peças após determinado tempo de uso quanto estudos a serem aplicados visando à redução de tempo ocioso do maquinário, por exemplo. Essa característica procura evitar que ocorram paradas de máquinas por problemas de peças desgastadas, utilizando-as durante o maior tempo possível de suas capacidades (KRAZEWSKI; RITZMAN; MALHOTRA, 2009). Considerando, então, todas as características apresentadas, é importante salientar que o Toyotismo é considerado um dos principais movimentos evolutivos da área da gestão de produção e operações na segunda metade do século XX, sendo adotado amplamente, ainda nos dias atuais, por diversas empresas ao redor do mundo. 2.2 Os grandes gurus da área Nesta seção, serão apresentados os principais gurus da área de produção e operações, responsáveis por fundamentar e complementar a área logística e de redes de operações (CORRÊA; CORRÊA, 2004). 2.2.1 Frederick Winslow Taylor (1856-1915) Frederick W. Taylor nasceu no dia 20 de março de 1856, em Germantown, estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, e formou-se técnico e engenheiro mecânico. Teve umainfância marcada pelo rigor e pelas normas familiares, que o ajudaram a formar seu comportamento analítico e voltado para o estudo disciplinado das estruturas dos processos de trabalho (CORRÊA; CORRÊA, 2004). Vídeo Gestão de operações e logística38 Na pesquisa sobre os processos de trabalho, Taylor descreveu os estudos que realizou na empresa americana Midvale Steel, em relação aos processos de trabalho, às capacidades de operação do trabalhador e aos tempos e movimentos necessários para que cada etapa da produção pudesse ocorrer. Seus levantamentos envolveram a observação e a análise do processo de fabricação de um produto, dividindo-o em várias etapas menores, para serem estudadas e medidas (essa tarefa também foi denominada especialização do trabalho). Assim, com esse princípio, Taylor conseguia entender e detalhar cada etapa do processo de produção, o que possibilitava a definição de como este poderia ocorrer e quais ações seriam necessárias para o aumento de sua eficiência e, consequentemente, de sua produtividade. Os estudos de Taylor envolveram, por exemplo: • o conhecimento das habilidades e das forças (capacidades) dos trabalhadores envolvidos e da necessidade de seu preparo; • o uso de cronômetros para medir os tempos de cada etapa ou processo; • a análise específica das tarefas necessárias para realizar a produção; • o estabelecimento de procedimentos, roteiros e normas a serem seguidos; • a implementação de sistemas de pagamento como forma de incentivo para a melhoria da eficiência. Taylor é considerado pioneiro por ter implantado um método de observação e análise dos processos de produção e por ter estudado minuciosamente as ações de cada etapa desse processo, com o objetivo de fundamentar os esforços de melhoria e estabilidade na execução dos trabalhos (CORRÊA; CORRÊA, 2004). Por esse pioneirismo, é considerado o “pai da administração científica”. 2.2.2 Henry Ford (1863-1947) Henry Ford nasceu em 30 de julho de 1863, no município norte-americano de Springwells. Formado em engenharia mecânica, foi o fundador da Ford Motor Company, a empresa automobilística que transformou, com os métodos adotados por Ford, o modelo de produção em massa no início do século XX (CORRÊA; CORRÊA, 2004). É atribuído a Ford o desenvolvimento e a implantação da primeira linha de montagem contínua e em série na fabricação de automóveis. Exímio inventor, com mais de 150 patentes reconhecidas, ele começou seus trabalhos na Edison Illuminating Company, de Thomas A. Edison, em Detroit (EUA). Vi ki ng st ad / W ik im ed ia C om m on s Figura 9 – Frederick Winslow Taylor (1856-1915) Evolução histórica da gestão de produção e operações 39 Após ter saído da empresa de Edison, com o intuito de trabalhar com motores, Ford iniciou seus estudos sobre veículos em uma oficina improvisada nos fundos de sua casa. Um de seus primeiros inventos foi o quadriciclo. Um dos maiores sonhos de Ford era produzir um veículo que pudesse ser fabricado em larga escala e que fosse financeiramente acessível a um maior número de pessoas. Seu primeiro veículo, então, foi o Modelo A, construído em 1903, que teve vendas ainda consideradas tímidas em relação ao seu propósito. Certamente, o desenvolvimento do Modelo A foi muito importante para Ford. Com ele, foi possível que novos aperfeiçoamentos fossem realizados e que, assim, Ford finalmente conseguisse realizar seu objetivo: melhorar seu sistema de fabricação e conseguir fabricar um veículo em grande escala e com preços acessíveis – o famoso e lendário Modelo T. As vendas do Modelo T foram um grande sucesso: mais de 15 milhões de unidades até o final da década de 1920. Esse número surpreendente levou Ford à galeria dos maiores empresários da época. Ford também realizou projetos que não deram certo, como a compra de terras às margens do Rio Tapajós, na Amazônia brasileira, para garantir o fornecimento de borracha para os componentes de seus carros, como pneus, peças de borracha, mangueiras, entre outros. Esse projeto envolveu, com o cultivo da seringueira, a construção de toda uma comunidade, com fábrica, casas para os funcionários, galpões, armazéns e até uma igreja. A Fordlândia, entretanto, não deu certo. Problemas envolvendo diferenças culturais e dificuldades de gestão do projeto pelos administradores encarregados acabaram minando os objetivos de Ford para a região. Ainda assim, Henry Ford é considerado um dos maiores empreendedores da História, e seus inventos e suas iniciativas são objetos de estudo e admiração até os dias atuais. 2.2.3 Taiichi Ohno (1912-1990) Taiichi Ohno nasceu em 29 de fevereiro de 1912, na cidade de Dalian, na China. Filho de pais japoneses, Ohno formou-se em engenharia mecânica e foi trabalhar na Toyota Spinning and Wearing em 1932. No início da década de 1940, foi transferido para a Toyota Motor Company, de onde se tornou vice-presidente em 1975 (CORRÊA; CORRÊA, 2004). É considerado o principal criador do sistema Toyota de produção. Durante toda a sua carreira trabalhou para reduzir ao mínimo as perdas na produção e os tempos de fabricação e de trocas de produtos em fabricação (setup). Além disso, elaborou células de produção dentro de outros sistemas de produção. H ar ts oo k/ W ik im ed ia C om m on s Figura 10 – Henry Ford (1863-1947) Gestão de operações e logística40 2.2.4 William Edwards Deming (1900-1993) O engenheiro norte-americano W. Edwards Deming nasceu em Sioux City, estado de Iowa, em 14 de outubro de 1900. Após a formação em engenharia, Deming focou seus estudos em matemática e física. Seu doutorado o auxiliou nos conhecimentos em estatística e em sua aplicação no cotidiano (CORRÊA; CORRÊA, 2004). Deming (Figura 11) é considerado um dos principais expoentes da gestão da qualidade e foi o responsável pelo desenvolvimento da indústria japonesa no período do pós- -guerra. Ele chegou ao Japão nos anos 1950 para colaborar com o censo japonês e para ministrar palestras na União Japonesa de Cientistas e Engenheiros (JUSE – sigla em inglês para Japan Union of Scientists and Engineers), a principal associação de cientistas e engenheiros do Japão. Os princípios de controle da qualidade propostos por Deming foram amplamente adotados pelas empresas japonesas, o que fez com que elas conseguissem alcançar elevados níveis de competitividade em contexto mundial e fossem, posteriormente, copiadas ao redor do mundo. A contribuição desse cientista para o desenvolvimento da gestão da qualidade foi decisiva. Por isso, ele foi homenageado com a criação do Prêmio Deming, oferecido aos melhores gestores e às melhores práticas de qualidade com o uso de métodos estatísticos praticados no Japão. 2.2.5 Joseph Moses Juran (1904-2008) Joseph Moses Juran (Figura 12) nasceu em 24 de dezembro de 1904, na cidade de Braila, na Romênia. Mudou-se com sua família, na década de 1910, para os Estados Unidos. Anos mais tarde, formou-se em engenharia elétrica e foi trabalhar na Western Electric Company, posteriormente atuando como diretor industrial, consultor e professor na área da qualidade (CORRÊA; CORRÊA, 2004). Juran realizou diversos trabalhos junto com W. E. Deming, e a ele também é atribuída a responsabilidade pelos fundamentos da gestão da qualidade e pelo significativo desenvolvimento das empresas japonesas no período do pós-guerra. Os principais aspectos defendidos por Juran se referem ao planejamento da gestão, An dr ia na 18 /W ik im ed ia C om m on s Figura 11 – W. Edwards Deming (1900-1993) Figura 12 – Joseph Moses Juran (1904-2008) D at Bo t/ W ik im ed ia C om m on s Evolução histórica da gestão de produção e operações 41 à melhoria e ao controle da qualidade. Sua contribuição também passa a considerar a percepção do cliente como critério a ser observado na gestão da qualidade. Em outras palavras, o nível de entrega do produto passa a ser o responsável pela satisfação ou insatisfação do cliente,
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