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Formação Sociocultural (NOVA VERSÃO) - UniFatecie-70-73

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66UNIDADE III História e Cultura Indígena
4. HISTÓRIA E CULTURA INDÍGENA: ATUALIDADE DOS POVOS INDÍGENAS E
DE SUA CULTURA
Após	 séculos	de	exploração	dos	nativos	brasileiros	pelos	portugueses,	 além	do	
genocídio	praticado	pelo	colonizador	e	posteriormente	pelos	brasileiros	que	aqui	nasceram	
oriundos	da	Europa,	 os	 indígenas	 lutam	diariamente	 para	manter	 sua	 cultura	 viva,	 pois	
discriminamos	os	mesmos	desde	a	nomenclatura	que	damos	aos	mesmos,	ou	seja,	os	cha-
mamos	de	índios	mesmo	não	sendo	nativos	da	índia,	até	mesmo	quando	declaramos	que	
a	língua	oficial	do	Brasil	é	o	Português	e	a	deles	é	um	simples	dialeto.	Vale	ressaltar	que	a	
cultura	indígena	é	rica	mesmo	sendo	considerada	atualmente	como	folclore,	onde	a	grande	
maioria	da	população	brasileira	a	despreza,	pois	erroneamente	dizemos	que	os	índios	são	
preguiçosos,	sem	considerar	que	o	mesmo	cultua	a	terra	como	sagrado	e	não	se	preocupa	
em	desenvolver	a	agricultura,	pois	ela	retira	o	necessário	da	mesma.	Vale	destacar	que	a	
luta	indígena	pela	terra	ocorre	diariamente,	pois	em	vários	pontos	do	país	existe	intenso	
conflito	com	produtores	rurais	que	avançam	sobre	a	terra	demarcada,	sem	falar	na	bancada	
ruralista	que	defende	no	congresso	nacional	uma	nova	demarcação	diminuindo	o	território	
indígena	e	aumentando	a	área	agricultável	do	país	com	a	derrubada	de	parte	da	floresta.
O	erro	em	declarar	que	o	índio	é	indolente	e	preguiçoso	não	é	tão	atual,	pois	des-
de	a	colonização	alguns	historiadores	afirmaram	isso	analisando	simplesmente	o	ato	do	
índio	se	suicidar,	preferindo	a	morte	que	a	escravidão,	pois	vale	destacar	que	isso	é	uma	
67UNIDADE III História e Cultura Indígena
característica	cultural	e	que	deveria	ser	respeitada	e	até	contemplada	em	uma	sociedade	
exploradora	e	genocida	como	a	colonizadora	portuguesa.	
			Na	atualidade	algumas	pessoas	ainda	classificam	o	índio	como	indolente	e	pre-
guiçoso	como	o	próprio	vice-presidente	da	república,	General	Hamilton	Mourão,	na	época	
em	campanha	eleitoral,	para	ser	mais	exato	sua	fala	ocorreu	em	uma	segunda-feira,	dia	
06	de	agosto	de	20018.	Vale	destacar	que	essa	declaração	foi	realizada	em	uma	reunião	
na	Câmara	de	Indústria	e	Comércio	de	Caxias	do	Sul,	na	serra	gaúcha.	As	palavras	foram:		
E	o	nosso	Brasil?	Já	citei	nosso	porte	estratégico.	Mas	tem	uma	dificuldade	
para	transformar	isso	em	poder.	Ainda	existe	o	famoso	‘complexo	de	vira-lata’	
aqui	no	nosso	País,	infelizmente”,	disse	Mourão.	“Essa	herança	do	privilégio	
é	uma	herança	ibérica.	Temos	uma	certa	herança	da	indolência,	que	vem	da	
cultura	indígena.	Eu	sou	indígena.	Meu	pai	é	amazonense.	E	a	malandragem.	
Nada	contra,	mas	a	malandragem	é	oriunda	do	africano.	Então,	esse	é	o	nos-
so	‘cadinho’	cultural.	(A	REDAÇÃO,	On-line,	2018).
Como	apresentado	acima	é	uma	declaração	errônea,	pois	contraria	inclusive	a	es-
sência	das	leis	10.639/03	e	11.645/08	que	abordamos	em	todo	nosso	processo	de	ensino/
aprendizagem	da	disciplina.	Vale	ressaltar	que	esse	pensamento	faz	parte	do	senso	comum	
de	um	grande	número	de	brasileiros,	podendo	ser	até	mesmo	você	antes	de	conhecer	e	
estudar	essas	 leis	e	essa	disciplina.	Outro	ponto	 ressaltado	é	que	esse	pensamento	de	
senso	comum	se	faz	presente	até	mesmo	por	desconhecimento	que	o	índio	dedica	grande	
parte	do	 seu	 tempo	a	atividades	 consideradas	 sem	 importância	 como	o	 cuidado	com	o	
corpo,	o	convívio	 familiar	e	as	atividades	na	floresta.	Vale	 ressaltar	que	o	documentário	
Índio	Presente	se	foi	ao	ar	no	dia	27/04/2008	às	05:30	na	TV	Brasil,	com	produção:	Amazon	
Picture	e	dirigido	por	Bruno	Villela	e	Sérgio	Lobato	afirma:
Em	Mato	Grosso	do	Sul,	os	Guarani-Kaiowa	refletem	sobre	a	importância	do	
Bem	Viver,	ou	teko	porã,	que	exprime	uma	vida	pautada	pela	reciprocidade,	
benevolência	e	a	generosidade.	Em	Rondônia,	os	Suruí	apresentam	as	dinâ-
micas	de	manejo	do	território	que	emergem	no	diálogo	entre	o	modo	de	vida	
tradicional	e	as	novas	estratégias	de	gestão	do	seu	território.	(EBC,	On-line,	
2018).	
Atualmente,	 os	 índios	 brasileiros	 são	 tão	 desprezados	 culturalmente	 com	 suas	
terras	tomadas	por	ruralistas	que	com	apoio	de	ONGs	(organizações	não	governamentais),	
criaram	a	Plataforma	“Caci”,	que	promove	levantamentos	do	número	de	assassinatos	de	
indígenas	ocorridos	no	Brasil	nas	últimas	décadas	em	conflitos	por	terra.	Vale	ressaltar	que	
a	palavra	Caci	para	o	homem	branco	tem	o	significado	de	“Cartografia	de	Ataques	Contra	
Indígenas”,	já	na	língua	Guarani	significa	“DOR”,	ou	seja,	a	dor	de	perder	irmãos	na	disputa	
por	terras	que	por	direito	e	por	lei	pertencem	aos	índios.	
Uma	das	críticas	atuais	sobre	o	 índio	é	sua	presença	nas	cidades	praticando	a	
venda	de	seus	artesanatos,	onde	os	pais	adultos	ficam	produzindo	na	calçada	e	as	crian-
68UNIDADE III História e Cultura Indígena
ças	vendendo	nos	sinais	de	trânsito.	Você	 já	presenciou	 isso?	Provavelmente	sim.	Para	
compreendermos	esse	fato	temos	que	pensar	um	pouco	e	responder	a	perguntas	abaixo:
Então	pergunto	a	você	para	uma	reflexão:
● Será	que	é	a	maioria	dos	índios	que	estão	vendendo	seu	artesanato	nos	sinais?
● Será	que	querem	estar	naquele	local,	passando	por	humilhações,	fome,	sede	e
exposição	ao	perigo	iminente	do	trânsito	e	do	roubo	e	assaltos?
● O	que	você	fez	quando	presenciou	ou	quando	presenciar	a	cena?
● Onde	está	sua	cultura	se	está	inserido	no	processo	de	aquisição	de	capital,
dinheiro?
Pois	é!	Perguntas	que	mexem	com	nosso	conhecimento	prévio,	ou	conhecimento	
preconceituoso,	em	relação	a	essa	crítica.	Vale	ressaltar	que	acredito	que	essa	reflexão	
ocorreu	 em	 você	 devido	 ao	 estudo	 desse	 componente	 curricular.	Amente	 vai	 abrindo	 e	
vamos	abrindo	os	olhos	para	um	problema	que	vai	além	do	simples	fato	da	venda	cidades,	
em	sinais	de	trânsito.
O	índio	atual	 tem	a	necessidade	de	se	adaptar	a	sociedade	capitalista	para	que	
consiga	sobreviver	na	selva	de	pedra,	onde	uma	grande	parte	não	retorna	a	suas	aldeias	
e	outros	que	 retornam	totalmente	dependente	do	uso	de	álcool,	provocando	discórdia	e	
conflitos	entre	os	nativos	que	tentam	resguardar	o	que	restou	de	sua	cultura.	
Outro	ponto	muito	criticado	em	relação	aos	povos	indígenas	na	atualidade	é	quando	
os	mesmos	abordam	motoristas	cobrando	pedágios	para	que	ocorra	o	trânsito	em	rodovias	
que	cortam	as	 terras	 indígenas.	Vale	 ressaltar	que	assim	como	o	caso	do	artesanato	o	
assunto	é	complexo,	pois	precisamos	compreender	a	vida	dos	indígenas	e	o	próprio	papel	
exercido	pela	FUNAI,	que	tenta	proteger	os	índios	mesmo	quando	essas	rodovias	cortam	
territórios	demarcados	como	 terra	 indígena,	pois	nesse	caso	o	que	precisa	 realmente	é	
uma	discussão	de	políticas	públicas	e	políticas	indígenas,	para	evitar	o	conflito	e	para	que	
o homem	branco	possa	ir	e	vir	de	acordo	com	a	rodovias	que	não	deveriam	cortar	terras
indígenas.
Alguns	índios	afirmam	que	a	venda	de	artesanato	nas	cidades	podem	disseminar	a	
cultura	indígena	que	anda	repreendida	e	adormecida	no	pequeno	espaço	que	restou,	mas	
pode-se	afirmar	que	a	tentativa	de	vender	seu	artesanato	nas	cidades	não	é	uma	boa	ideia,		
pois	estudos	afirmam	que	quanto	maior	é	a	convivência	com	os	homens	brancos,	maior	o	
risco	de	se	perder	suas	tradições,	e,	isso	ocorre	desde	o	início	da	colonização.	
69UNIDADE III História e Cultura Indígena
REFLITA 
“Enquanto o Brasil real não assumir, com a devida lucidez e honestidade, sua trajetó-
ria indígena e indigenista-antindígena secularmente, na política oficial-este país, pluri-
cultural, pluriétnico, plurinacional, não estará em paz com sua consciência, ignorará 
sua identidade e carregará a maldição de ser oficialmente-etnocida, genocida, suicida.” 
Dom Pedro Casaldáliga, bispo de São Félix do Araguaia. 
Disponível	 em:	 https://jovensindigenas.org.br/2020/11/24/enquanto-o-brasil-real-nao-assumir-com-a-de-
vida-lucidez-e-honestidade-sua-trajetoria-indigena-e-indigenista-antindigena-secularmente-na-politica-
oficial-este-pais-pluricultural-plurietni/	
https://jovensindigenas.org.br/2020/11/24/enquanto-o-brasil-real-nao-assumir-com-a-devida-lucidez-e-honestidade-sua-trajetoria-indigena-e-indigenista-antindigena-secularmente-na-politica-oficial-este-pais-pluricultural-plurietni/https://jovensindigenas.org.br/2020/11/24/enquanto-o-brasil-real-nao-assumir-com-a-devida-lucidez-e-honestidade-sua-trajetoria-indigena-e-indigenista-antindigena-secularmente-na-politica-oficial-este-pais-pluricultural-plurietni/
https://jovensindigenas.org.br/2020/11/24/enquanto-o-brasil-real-nao-assumir-com-a-devida-lucidez-e-honestidade-sua-trajetoria-indigena-e-indigenista-antindigena-secularmente-na-politica-oficial-este-pais-pluricultural-plurietni/
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