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História da Arte Brasileira

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Prévia do material em texto

História da
Arte Brasileira
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Ms. Sonia Leni Chamon
Revisão Textual:
Profa. Ms. Alessandra Fabiana Cavalcanti
O Século XIX no Brasil – Da Estética Neoclássica às Tendências 
Modernizantes do Final do Século
• De colônia a império: A Missão Artística Francesa
• A Academia Imperial de Belas Artes e sua Época
• A Escola Nacional de Belas Artes e sua Época
• Conexões Contemporâneas: A Construção de um País pela Arte
(O Neoclassicismo do Século XIX e o Projeto Construtivo do
Concretismo dos Anos 50)
 · Conhecer o contexto histórico do império e a construção imagética 
do Brasil oitocentista, por meio da estética neoclássica, academicista 
e das rupturas do final de século.
 · Conhecer a produção dos artistas viajantes do período.
 · Analisar e comparar as similaridades e as diferenciações estilísticas 
dos movimentos e principais artistas.
 · Ampliar as leituras históricas propiciadas pelas obras do período, 
compreendendo-as como construções narrativas.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
O Século XIX no Brasil – Da Estética Neoclássica 
às Tendências Modernizantes do Final do Século
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE O Século XIX no Brasil – Da Estética Neoclássica 
às Tendências Modernizantes do Final do Século
De colônia a império: 
A Missão Artística Francesa
Um Novo Contexto
Na Europa, o séc. XVIII traz o rompimento com os estilos artísticos anteriores, 
o barroco e o rococó, através das ideias iluministas e da arte neoclássica. É o 
período da razão absoluta, do cientificismo e das metodologias como discurso e 
como práxis, o que possibilita não só a Revolução Industrial, a máquina a vapor 
e as novas tecnologias que irão se impor no séc. XIX; mas também um novo 
olhar sobre a política, a religião, as relações sociais, a história e a arte. O intenso 
racionalismo proposto nas ideias iluministas trazia em seu âmago a negação de 
um estado absolutista e da dominação religiosa. O rigor racional deveria coincidir 
com a liberdade individual e a busca pela felicidade. As escavações arqueológicas 
de Herculano (1737) e de Pompéia (1748) foram vistas como fontes concretas de 
conhecimento sobre a vida e a arte na antiguidade e promoveram o revival clássico 
que caracteriza o neoclassicismo.
Revival: termo inglês correspondente a historicismo – elementos estilísticos de uma época 
transpostos ou adaptados para outro período.Ex
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Este é o contexto de ideias no qual subsistem a Revolução Francesa, a ascensão 
e a queda de Napoleão Bonaparte e os primórdios da revolução Industrial. É um 
momento tão fundamental para a humanidade, que historicamente dá início à 
chamada Idade Contemporânea.
Em 1807, o cenário europeu era de plena guerra. Napoleão Bonaparte (fig. 1), 
o maior estrategista militar dos tempos modernos, despertava medo e admiração 
em iguais proporções. Determinado a dominar a Inglaterra, que resistia à altura, 
obrigou todas as nações aliadas à aderirem ao bloqueio continental – proibindo 
as relações comerciais. Dom João VI (fig. 2), soberano português, recebeu os 
termos de Napoleão – deveria cortar todas as relações com a Inglaterra e ainda 
declarar guerra. Dom João blefou com Napoleão e fez um acordo com a Inglaterra: 
proteção naval em troca de livre comércio nos portos brasileiros. Assim, toda a 
corte portuguesa juntamente com o governo, os funcionários e o aparato do estado 
– entre 10.000 e 15.000 pessoas – vieram em mais de 40 embarcações rumo ao 
Brasil. E a Coroa transferiu-se para os trópicos.
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Figura 1 – A travessia dos Alpes por Napoleão Bonaparte -
JACQUES-LOUIS DAVID 1800. Coleção Castelo de Malmaison
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 2 – Retrato de Dom João VI - Debret, Jean Baptiste, Óleo sobre tela | (1817).
Museu Nacional de Belas Artes | Rio de Janeiro – Brasil. Dimensões da obra: 60 x 42 cm 
Fonte: mnba.gov.br
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UNIDADE O Século XIX no Brasil – Da Estética Neoclássica 
às Tendências Modernizantes do Final do Século
Sobre a vinda de D. João VI ao Brasil, leia o fascinante livro 1808, de Laurentino Gomes. 
Divertido, irreverente e curioso relata este episódio da história do Brasil de forma nada 
protocolar, a começar pelo título: Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte 
corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil.
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A Missão Francesa
Muito já se escreveu sobre a Missão Artística Francesa, termo que aparece 
pela primeira vez em um artigo de Afonso d’Escragnolle Taunay de 1911 (DIAS, 
BARCINSKY, 2015), descendente de um dos artistas da Missão e talvez um dos 
mais influentes construtores da história brasileira. Pesquisas, análises e relatos 
sobre um grupo de artistas franceses que teriam vindo ao Brasil com um projeto 
civilizatório, relacionando arte, política e uma nova identidade nacional.
Com a queda de Napoleão Bonaparte, artistas ligados ao soberano buscaram 
proteção da coroa portuguesa instalada no Brasil. Correspondências travadas entre 
Le Breton, artista chefe da Missão, e o diplomata português Cavaleiro Francisco 
de Brito demonstram que artistas franceses oferecem seus serviços e D. João os 
acolhe, como uma das estratégias no processo de modernização do Rio de Janeiro 
e de afirmação da corte no país. Assim, em 26 de março de 1816 aportam no 
Rio de Janeiro: Joachim Le Breton (1760-1819), secretário recém-destituído da 
classe de Belas Artes do Institut de France; pintor histórico Jean Baptiste Debret 
(1768-1848); o paisagista Nicolas Antoine Taunay (1755-1830) e seu irmão, o 
escultor Auguste-Marie Taunay (1768-1824); o arquiteto Grandjean de Montigny 
(1776-1850) e outros artistas e técnicos.
O objetivo fundamental da Missão Artística Francesa era fundar a Academia 
de Arte do Reino Unido (Portugal, Brasil e Algarves) e difundir a arte neoclássica, 
apoiando a monarquia no estabelecimento da coroa. Eventos importantes 
estavam acontecendo e, de certa forma, fizeram com que os planos iniciais dos 
artistas ficassem delegados a segundo plano. O que se efetivou no período que 
permaneceram no Brasil como pensionários da coroa, foi trabalho como artistas e 
professores autônomos, organizaram os eventos políticos importantes, dando-lhes 
“roupagem”necessária (cenarizações efêmeras), organizaram acervos e indicaram 
padrões de gosto e imaginário político.
Organizaram e registraram a coroação de D. João VI, o Desembarque da 
Princesa Leopoldina ao Rio de Janeiro (fig.3), o casamento real, a Coroação de 
D. Pedro I (fig 4) entre outros eventos da corte.
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Figura 3 – JEAN BAPTISTE DEBRET. Desembarque da princesa Leopoldina ao Rio de Janeiro.
Viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Tomo 3. p. 54. Acervo Fundação Biblioteca Nacional 
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 4 – JEAN BAPTISTE DEBRET. Coroação de D. Pedro. s.d.
Óleo sobre tela 43.0x 63.0cm. Coleção Palácio Itamaraty
Fonte: Wikimedia Commons
Quando finalmente é inaugurada a da Real Academia de Desenho, Pintura, 
Escultura e Arquitetura Civil (futura Academia Imperial de Belas Artes - AIBA), Le 
Breton já é falecido e um português, Henrique José da Silva, é nomeado diretor. 
Gradativamente, os demais franceses da Missão Artística retornam ao seu país, 
com exceção de Montigny, que permanece no Brasil.
Jean Baptiste Debret: Permanece no Brasil por 15 anos. Pintor oficial da 
corte, foi também gravurista, escritor, professor, cenógrafo, decorador, criador de 
emblemática (é dele a bandeira do Império), cerimonial e etiqueta do império. Como 
artista viajante, retratou em aquarela tipos humanos (fig. 5), costumes e paisagens 
(fig. 6) de diversas partes do Brasil – registrados posteriormente (1834/1839) nos 
três volumes de Viagem Pitoresca Histórica ao Brasil. Esta produção traduz seu 
dilema entre a formação clássica e positivista e a realidade brasileira.
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UNIDADE O Século XIX no Brasil – Da Estética Neoclássica 
às Tendências Modernizantes do Final do Século
Figura 5 –JEAN BAPTISTE DEBRET. Negra com tatuagens vendendo cajus, 1827. 
Aquarela, 15,7 x 21,6 cm. Coleção Museu Castro Maia, RJ
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 6 –JEAN BAPTISTE DEBRET. Paranaguá, 1824. 
Aquarela, 10 x 36 cm. Coleção Museu Castro Maia, RJ 
Fonte: museuscastromaya.com.br
Nicolas Taunay: Importante pintor bonapartista, integra o Institut de France e 
tem considerável fama em seu meio. Vem para o Brasil com 61 anos de idade, em 
1816 com a família (seus filhos Félix Émile Taunay e Aimé Adrien Taunay tornam-
se importantes artistas). Executa diversas paisagens, nas quais seu olhar clássico 
adapta as luxuriantes vistas cariocas. Paisagens idílicas, com uma luz misteriosa, 
inauguram esta temática no Brasil (figs. 7 e 8).
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Figura 7 –NICOLAS ANTOINE TAUNAY. Vista do outeiro, praia e Igreja da Glória, c. 1817
Óleo sobre tela, 37 x 48,5 cm. Coleção Museu Castro Maia, RJ
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 8 –NICOLAS-ANTOINE TAUNAY. Entrada da baía e da cidade do Rio, a partir do terraço do convento
de Santo Antônio. Óleo sobre tela, 45 x 56,5 cm, 1816. Coleção Museu Nacional de Belas Artes
Fonte: Wikimedia Commons
Retorna à França em 1821, em função da nomeação de Henrique José da Silva, 
como diretor da Real Academia de Desenho, Pintura, Escultura e Arquitetura Civil 
(futura AIBA) – indica seu filho Félix Taunay como seu substituto da cadeira de 
pintura e paisagem.
Grandjean De Montigny: Estudou na École d’Architetucture, na França, 
durante a Revolução Francesa. Desenvolveu alguns projetos importantes na França 
e na Itália. É o primeiro professor de arquitetura do Brasil, na AIBA, e o introdutor 
da arquitetura neoclássica, a qual adapta em função do traçado irregular da cidade, 
da disponibilidade técnica e das limitações econômicas impostas pela coroa. Seu 
primeiro projeto é o prédio da AIBA (fig. 9) o qual, após a demolição nos anos 40, 
tem sua fachada perpetuada no Jardim Botânico. Construções que permaneceram: 
sua residência na Gávea, Casa França-Brasil.
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UNIDADE O Século XIX no Brasil – Da Estética Neoclássica 
às Tendências Modernizantes do Final do Século
Figura 9 –ACADEMIA IMPERIAL DE BELAS ARTES 
Fonte: www.eba.ufrj.br
Retorna à França em 1821, em função da nomeação de Henrique José da Silva, como diretor da Real 
Academia de Desenho, Pintura, Escultura e Arquitetura Civil (futura AIBA) – indica seu filho Félix Taunay 
como seu substituto da cadeira de pintura e paisagem.
Grandjean De Montigny: Estudou na École d’Architetucture, na França, 
durante a Revolução Francesa. Desenvolveu alguns projetos importantes na França 
e na Itália. É o primeiro professor de arquitetura do Brasil, na AIBA, e o introdutor 
da arquitetura neoclássica, a qual adapta em função do traçado irregular da cidade, 
da disponibilidade técnica e das limitações econômicas impostas pela coroa. Seu 
primeiro projeto é o prédio da AIBA (fig. 9) o qual, após a demolição nos anos 40, 
tem sua fachada perpetuada no Jardim Botânico. Construções que permaneceram: 
sua residência na Gávea, Casa França-Brasil.
O prédio projetado por Montigny, que se localizava na Rua do Ouvidor, foi demolido na década 
de 1930. Lucio Costa, arquiteto e urbanista, conseguiu transferir a fachada preservada para 
o Jardim Botânico. A escola foi transferida em 1908 para o prédio onde hoje se encontra o 
Museu Nacional de Belas Artes – construção eclética do arquiteto Morales de los Rios.
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Sobre os Artistas Viajantes do Século XIX
O Brasil adentra o século XIX politicamente aberto para receber os viajantes 
e as suas expedições. A chegada da família real e da corte portuguesa em 1808, 
e a imediata decisão de D. João VI em abrir os portos ao comércio estrangeiro, 
principalmente à Inglaterra, e a criação do Reino Unido de Portugal, Brasil e 
Algarves, em 1815 estabeleceram condições de visitação ampla ao país, alterando 
a prática colonial de hermetismo ao estrangeiro. A vinda da Missão Artística 
Francesa, em 1816, estabelece novas possibilidades artísticas, renovando a posição 
social do artista e a sua influência junto à corte. O grande cronista visual da Missão 
Francesa, como vimos, é Jean Baptiste Debret.
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Outros fatos políticos das primeiras décadas do século XIX possibilitaram o 
livre fluxo de estrangeiros no país, mas, principalmente, o primeiro casamento 
de D. Pedro com uma princesa austríaca – erudita e politizada, que despertou 
sobremaneira o interesse do mundo científico pelo Brasil. Assim, por ocasião do 
casamento da arquiduquesa austríaca Carolina Josefa Leopoldina com Dom Pedro 
de Alcântara, herdeiro real, vem ao Brasil a Missão Austríaca, uma expedição 
científica de História Natural, com o objetivo de reunir informações sobre o país 
e posteriormente organizar um museu brasileiro em Viena. A Missão Austríaca, 
chefiada por Karl Philip von Martius e Johann von Spix, nos legou as esplêndidas 
aquarelas de Thomas Ender (fig.10).
Figura 10 –THOMAS ENDER, Vista de Vila Rica (Ouro Preto).
Aquarela. Coleção Academia Künste Wien
Fonte: akbild.ac.at
No decorrer do século, várias expedições aconteceram, visitando as mais diversas 
localidades do país. A Expedição Langsdorff, sob o patrocínio do governo russo, 
estende suas pesquisas do Rio de Janeiro a Minas Gerais, mas tem sua principal 
atividade entre o interior de São Paulo, seguindo o curso do Rio Tietê até o Rio 
Paraná, chegando ao Mato Grosso até o Amazonas. Grandes artistas participaram 
desta expedição - Johann Moritz Rugendas, Adrien- Aimée Taunay (fig. 11) e 
Hercule Florence.
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UNIDADE O Século XIX no Brasil – Da Estética Neoclássica 
às Tendências Modernizantes do Final do Século
Figura 11 –ADRIEN-AIMÉE TAUNAY. Convento dos Capuchinhos em Santos, 
1825, aquarela. Coleção: Academia de Ciências de São Petersburgo 
Fonte: Academia de Ciências de São Petersburgo
Os anais das missões e das expedições em terras brasileiras permitem um vasto 
campo de estudo na investigação da produção dos artistas viajantes no Brasil, 
possibilitando, ainda, interpretar o seu olhar, perscrutar suas intencionalidades, 
analisar suas obras em um processo de mediação entre uma realidade existente e 
outra construída. Como nas palavras de Ana Maria de Moraes Belluzzo:
O legado iconográfico e a literatura de viagem dos cronistas europeustrazem sempre a possibilidade de novas aproximações com a história do 
Brasil. No entanto, essas obras só podem dar a ver um Brasil pensado por 
outros. O olhar dos viajantes espelha, também a condição de nos vermos 
pelos olhos deles. (BELLUZZO, Revista da USP nº30)
Faça o download do catálogo da exposição Langsdorff, do Centro cultural Banco do Brasil, 
em 2010, curadoria de Boris N. Komissarov, um dos maiores especialistas em Langsdorff. 
Imagens maravilhosas de artistas desta expedição, talvez a maior aventura do século XIX. 
https://goo.gl/JbPvea
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A Academia Imperial de
Belas Artes e sua época
Debret e Montigny se empenharam durante anos para a fundação da Academia 
Imperial de Belas Artes, de acordo com os moldes imaginados por Le Breton. 
Enquanto ela não saía do papel, ambos davam aulas não-oficiais em ateliês 
alugados – formando artistas e direcionando o estudo que viria a ser oficial – dentro 
das diretrizes do neoclassicismo. Em novembro de 1826, a AIBA finalmente é 
inaugurada, iniciando-se uma sistematização de ensino similar às das academias 
europeias. A ideia inicial, prevista por Le Breton, aproximava as belas artes e as 
artes industriais, tornando a academia mais democrática e prática às realizações 
pretendidas. A parte dos “ofícios” não aconteceu, e a AIBA tornou-se efetivamente 
uma escola de arte, muito ligada ao ensino do desenho de nus e de observação de 
clássicos. Junto ao ensino, a academia passa a fazer exposições:
“...de absoluta importância para o desenvolvimento artístico do Brasil, 
para o surgimento da crítica de arte e o início da formação do gosto 
privado, com vistas a um futuro colecionismo.” (DIAS; BARCINSKY, 
2015, p.161).
Entre 1834 e 1851, o pintor Félix Émile Taunay, 
filho de Nicolas Taunay, dirige a AIBA, estruturando-a 
quanto à metodologia; criando as Exposições Gerais 
de Belas Artes, em 1840 – o mais importante evento 
artístico anual do século XIX no Brasil; organizando 
a pinacoteca ligada à AIBA, 1843; e instituindo o 
cobiçado prêmio viagem, 1845, através do qual tantos 
artistas brasileiros conseguiram estudar na Europa, 
principalmente em Roma ou Paris. A importância de 
Félix Taunay não se liga apenas à AIBA, sua influência 
junto à D. Pedro II (fig. 12) é imensa – professor e 
conselheiro desde a adolescência do soberano, o guiou 
para uma vida de extrema erudição e para a formação 
de uma identidade cultural na coroa dos trópicos – o 
que será melhor analisado mais à frente.
Figura 12 –FÉLIX ÉMILE TAUNAY. 
Retrato de D. Pedro II, 1837.Acervo 
Museu Nacional de Belas Artes
Fonte: brasil.gov.br
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UNIDADE O Século XIX no Brasil – Da Estética Neoclássica 
às Tendências Modernizantes do Final do Século
Entre 1854 e 1857, a AIBA é dirigida pela primeira vez por brasileiro: o pintor, 
caricaturista e crítico de arte Araújo Porto Alegre. Ele busca uma modernização 
e uma brasilidade na academia – a pintura de paisagens deveria coincidir com 
a natureza brasileira, e não com cópia de quadros famosos; o curso deveria 
abranger o estudo da música e da história da arte, solidificando as bases teóricas do 
ensino, e deveria também abranger os ofícios, com aulas de desenho geométrico e 
matemática, desenho de ornatos, etc.
É neste período que uma forte tendência romântica insurge na AIBA, mas um 
romantismo que tangencia o neoclassicismo – duas pontas de opostos que se 
confundem. O romantismo efetivado no século XIX, no Brasil, dá um tratamento 
idealizado às temáticas, principalmente as históricas, indigenistas e mesmo 
paisagísticas, com um sutil colorismo emocional, porém sem abrir mão de métodos 
acadêmicos ligados ao neoclassicismo; busca a aceitação da arte oficial e dos padrões 
vigentes. É o chamado academicismo, termo que deve ser usado com cautela, 
posto seu forte teor pejorativo. O academicismo levado à termo na AIBA liga-se 
à cópia de padrões, referências europeias, mas com adaptações modernizantes, 
nacionalistas e eventualmente individuais.
Os gigantes deste período são os artistas Victor Meireles e Pedro Américo. 
Rivais pela opinião popular, divididas e enfáticas nos jornais da época, produziram 
obras emblemáticas e fundamentais para a história da arte brasileira. É de Meirelles 
A primeira missa no Brasil (fig. 13), obra que foi produzida a partir dos escritos 
da carta de Pero Vaz de Caminha, de 1500. Araújo Porto Alegre assessorava, 
indicando vegetações e paisagens. A composição da obra segue referências, 
sobretudo francesas, de pinturas históricas. Porém, é uma construção histórica, 
algo idealizada e estetizada. Mas é impossível pensar na primeira missa no Brasil, 
sem ter a imagem do quadro como menção.
Figura 13 – MEIRELLES. Primeira Missa no Brasil, 1860 óleo sobre tela, 
268 x 356 cm. Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro) 
Fonte: Wikimedia Commons
18
19
Já Moema (fig. 14), do mesmo artista, tornou-se exemplo para esse gênero de 
pintura, na segunda metade do XIX:
“que permitia a união do indianismo ao romance sentimental e ao 
erotismo, por meio da imagem feminina” (MIGLIACCIO; BARSINSKY, 
2015; p. 181).
Pedro Américo é grandiloquente e, entre várias obras fundamentais, 
Independência ou Morte (fig.15), de 1888, reúne a precisão técnica do desenho 
extraordinário, do método neoclássico, com a idealização e construção de uma 
cena histórica, produzida no romantismo.
Figura 14 – MEIRELLES, Moema, 1866. Óleo sobre tela. 129x 190 cm. Coleção MASP 
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 15 – AMÉRICO. Independência ou morte, 1888.óleo sobre tela,415 x 760cm. Museu Paulista, SP
Fonte: Wikimedia Commons
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UNIDADE O Século XIX no Brasil – Da Estética Neoclássica 
às Tendências Modernizantes do Final do Século
Figura 16 – 16 GEORG GRIMM, Vista do Morro do Cavalão, Niterói, RJ. 
Óleo sobre tela, 110 x 84 cm. Coleção Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro) 
Fonte: Wikimedia Commons
A partir de 1884, o artista alemão Georg Grimm (fig. 16) apresenta uma nova 
proposta de pintura de paisagem – feita diretamente a partir da observação, ao ar 
livre. Jovens artistas se reúnem e posteriormente são conhecidos como “Grupo 
Grimm”. Pintores como Antônio Parreiras, França Júnior, Castagneto (fig. 17), 
Caron e o pintor alemão Thomas Driendl, produziram uma arte fresca e autêntica, 
que teve aceitação popular, porém não foi aceita na AIBA pela subversão da 
metodologia acadêmica.
Figura 17 – GIOVANNI BAPTISTA CASTAGNETO Marinha (Paquetá). 
s.d., óleo sobre tela. 30 x 50 cm. Acervo Pinacoteca do Estado 
Fonte: Pinacoteca do Estado - SP
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Dom Pedro II tinha forte influência sobre a arte no Brasil. O Império financiava 
a AIBA, as bolsas viagens e, eventualmente, o imperador custeava do próprio bolso 
viagens e aquisições. Isso aconteceu com José Ferraz de Almeida Junior, paulista 
da cidade de Itu, desde muito jovem demonstrou talento artístico. Consegue estudar 
na AIBA com recursos dos moradores da cidade, e se sobressai na academia. 
Ao final do curso, sem concorrer à bolsa viagem, volta à Itu. O imperador, em 
viagem à cidade, conhece seu trabalho e paga sua bolsa em Paris. Estuda com um 
dos mestres do período, o pintor Cabanel e produz obras importantes, como O 
descanso do modelo (fig. 18). Mas são os personagens rurais, tipos vívidos, quase 
realistas, que dão o destaque à obra de Almeida Jr. O gesto simples, do cotidiano, 
com o detalhismo vívido da figura, gesto, ambiente de Caipira picando fumo
(fig. 19) traduzem a obra fartamente brasileira do artista.
Figura 18 – ALMEIDA JÚNIOR. O descanso do modelo, 1892. óleo sobre tela, 100x130.
Acervo Museu Nacional de Belas Artes Foto: Romulo Fialdini
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 19 – ALMEIDA JÚNIOR. Caipira picando fumo, 1893.
Óleo sobre tela, 202 x 141. Acervo Pinacoteca do Estado
 Fonte: Wikimedia Commons
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UNIDADE O Século XIX no Brasil – Da Estética Neoclássica 
às Tendências Modernizantes do Final do Século
Com a crise do regime monárquico, a AIBA, patrocinada pelo império, se vê em 
forte conflitointerno, com exoneração de diretor e professores. Da metodologia 
do ensino e das diretrizes estéticas às novas formas de sustento da instituição, tudo 
é transformado e revisto. Com a proclamação da república, a AIBA efetivamente 
encerra sua atuação. Nasce a Escola Nacional de Belas Artes.
A Escola Nacional de Belas Artes 
e sua Época
A ENBA nasce com a república sob a direção dos artistas Rodolfo Bernardelli 
(diretor) e Rodolfo Amoedo (vice-diretor). O diretor Rodolfo Amoedo, que 
permanece no cargo até 1915, é mexicano de nascença e vem para o Brasil com a 
família em 1866 – seus pais são convidados a ser preceptores das princesas Isabel 
e Leopoldina. Estuda na AIBA e torna-se um dos grandes escultores do século XIX, 
e também professor de escultura na AIBA. Deixa bustos e esculturas no Rio de 
Janeiro e São Paulo – sua obra tem elementos modernizantes, como se vê nessa 
Moema, de 1895 (fig. 19).
Figura 20 – RODOLFO BERNARDELLI. Moema, Bronze Fundido | (1895). 
Dimensões da obra: 25 x 218 x 100 cm Museu Nacional de Belas Artes | Rio de Janeiro – Brasil 
Fonte: Wikimedia Commons
Já Rodolfo Amoedo, vice diretor da ENBA entre 1893 e 1896, é um pintor 
tradicional, mas que possibilitou a renovação da pintura acadêmica pela docência 
na cadeira de pintura, que vem a ocupar no século XX. Tem um trabalho forte em 
pintura histórica, mas é como pintor da vida burguesa que mais chama atenção. Seu 
Estudo de Mulher, 1884 (fig. 20), mostra a precisão técnica da representação das 
superfícies, o conhecimento meticuloso do nu feminino, a leveza e a luminosidade 
cromática e a excelência da composição. Mas ficou famoso como o quadro que 
causou furor e escândalo na Exposição de 1884.
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Figura 21 – RODOLFO AMOEDO. Estudo de Mulher, 1884.
Óleo sobre tela, 150 x 200 cm. Acervo Museu Nacional de Belas Artes
Fonte: mnba.gov.br
A nova direção da ENBA, a qual faz parte de um grupo considerado modernizante 
da Escola, procura estabelecer uma renovação do modelo acadêmico de ensino. A 
inspiração vem da Académie Julian, de Paris – muito mais flexível, pragmática e 
aberta a novas tendências. Porém, efetivamente, a estrutura do ensino se modificou 
muito pouco. O que se abriu foi a possibilidade para tendências menos oficiais 
serem prestigiadas ou pelo menos aceitas. Assim, artistas podem explorar a arte 
do fin de siécle em todas as suas variações.
Belmiro de Almeida discorre por uma imensa gama de visualidades, temáticas 
e linguagens. Uma de suas obras mais conhecidas é Arrufos, de 1887 (fig. 21). 
Seguindo a linha de Amoedo, trata do tema pequeno, burguês, cotidiano, com 
grande habilidade técnica nas faturas e nos retratos. Mas a obra traz um novo 
olhar social, a possibilidade de tratar um assunto normal dos teatros de vaudeville, 
dos folhetins ou das caricaturas, a crônica de costumes - inaceitável para a arte 
acadêmica originária da AIBA. O pintor Henrique Bernardelli, irmão do diretor 
Rodolfo, também estuda na AIBA, mas viaja para Itália e é influenciado por novos 
estilos, sobretudo o realismo. O forte erotismo da Messalina, de 1880 (fig. 22) 
desenvolve-se para um realismo cada vez mais cru e autêntico.
Figura 22 – BELMIRO DE ALMEIDA Arrufos, Óleo sobre tela,
89 x 116 cm, 1887. Coleção Museu Nacional de Belas Artes 
Fonte: Wikimedia Commons
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UNIDADE O Século XIX no Brasil – Da Estética Neoclássica 
às Tendências Modernizantes do Final do Século
Figura 23 – HENRIQUE BERNARDELLI, Messalina. 1880. Óleo sobre tela. 
207x115 cm. Coleção Museu nacional de Belas Artes, RJ 
Fonte: Wikimedia Commons
A ENBA possibilitou a manifestação das tendências modernizantes, as quais, 
apesar de não terem as rupturas da representação - característica do modernismo, 
são sinais de anseio por liberdade, busca por autonomia e variedade dos padrões 
impostos. O modernismo no Brasil se dá por marco, ruptura, quase obstinação. 
Mas a transição já se iniciava... 
Conexões Contemporâneas: A Construção 
de um País pela Arte (O Neoclassicismo 
do Século XIX e o Projeto Construtivo 
do Concretismo dos Anos 50)
Félix Émile Taunay, diretor da Academia Imperial de Belas Artes entre 1834 e 
1851 (primeira fase do Segundo Império), discursava na inauguração da Primeira 
Exposição Geral de Belas Artes, na presença do jovem Imperador Dom Pedro II:
Senhor! São as Belas Artes instrumentos de civilização e de glória: e, 
como tais, elas, não menos que as ciências e as letras, merecem proteção 
aos soberanos, nem tão pouco se pode dizer que no Rio de Janeiro elas 
se achem em estado de desamparo e orfandade”. (SANTOS; PEREIRA, 
1997, p. 95).
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Figura 24 – MANUEL DE ARAÚJO PORTO ALEGRE, Sagração de D. Pedro II.
Óleo sobre tela, e 1840, 1 100 x 800m. Coleção Museu de história Nacional 
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 25 – 25 Charge de AGOSTINI. 1882. Dom Pedro II é derrubado do trono, Revista Ilustrada nº 283
Fonte: Revista Illustrada - memoria.bn.br
O status de “nação civilizada” pretendido ligava-se a uma noção de identidade 
nacional, resultante de elementos tidos como essencialmente brasileiros, passados 
pela forma dos modelos clássicos europeus. O brasileiro erudito da época - que 
vivia em um ambiente tropical, com uma urbanização insipiente e uma relação 
absolutamente física com a sua terra – evocava em sua vida cultural uma bagagem 
totalmente europeia: língua, hábitos, relações familiares, religião, história, filosofia, 
literatura. No entanto, já se compreendia que a cultura hegemônica europeia, 
transplantada para o Brasil, não era suficiente, nem possível, para civilizá-lo. Seria 
preciso criar um imaginário próprio. Os elementos definidores da tradição ocidental 
seriam assimilados (conhecidos profundamente através da educação) e arraigados 
(através da utilização mais constante possível), fazendo fluir dessa apropriação os 
elementos brasileiros mais próprios, mas também mais elevados, por terem sido 
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UNIDADE O Século XIX no Brasil – Da Estética Neoclássica 
às Tendências Modernizantes do Final do Século
reorganizados pela ótica eurocêntrica.
A primeira manifestação contemporânea de arte no Brasil, se dá com o 
concretismo, nos anos 50 do século XX. O rompimento total com representação 
figurativa, a frieza racionalista e a destruição de qualquer semelhança com a 
“brasilidade” construída no século XIX e também no modernismo, são os fatores 
chave dos grupos Ruptura, em São Paulo (fig. 26) e Frente, no Rio de Janeiro.
Figura 26 – Manifesto Grupo Ruptura 
Fonte: macvirtual.usp.br
Em São Paulo, 1956. Waldemar Cordeiro (fig. 27) – mentor do grupo Ruptura 
– diz em seu texto O Objeto, publicado na revista Arquitetura e Decoração:
É por força dos objetos que o homem adquire e desenvolve o conhecimento. 
Leonardo escreveu que a experiência é a mãe da razão. A sensibilidade 
é a chave de todo um mundo de valores. A arte representa os momentos 
qualitativos da sensibilidade elevados a pensamento. Um ‘pensamento 
por imagens’. A universalidade da arte é a universalidade do objeto. 
(COCHIARALE E GEIGER; 1987, p. 223)
O Concretismo buscava o conhecimento racional como decorrência do 
conhecimento experimental – acessível a todos (ligação com as teorias de Gramsci). 
Era o ‘vocabulário puro’, nos dizeres de Ferreira Gullar. Tinha o objeto de arte 
como produto, inserido em todos os meios sociais, possibilitando um salto para a 
universalidade. Era a arte construtiva por excelência, não apenas pela construção 
geométrica formal, mas pelo seu anseio de materialização de uma nova realidade.
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Figura 27 – WALDEMAR CORDEIRO, Movimento. 1951,
Têmperas. Tela. 90,1x95,3 cm. Coleção MAC USP
Fonte: macvirtual.usp.br
O Concretismo brasileiro, desenvolvido aqui na década de 50, rompeu com o 
universo simbólico figurativo modernista – universo este bastante ligado a uma elite 
agrária e a um Estado conservador – em um momento de euforia desenvolvimentista 
ligado ao governo de Juscelino Kubitschek. Na verdade, a figura do presidente, 
naquele momento, era tão emblemática quanto ade D. Pedro II, no Império: “JK 
impregnou o país com um tal ânimo, com a crença de que poderíamos chegar 
mais longe do que nosso destino permitia sonhar. Essa força veio de JK mesmo, 
não de seu partido, de seu correligionários ou de seus ministros. .Na música ele 
era chamado de presidente bossa-nova, quando o ritmo 100% brasileiro competia 
com o jazz nas paradas internacionais. Os problemas de seu governo, entre eles o 
alto endividamento do país, só seriam sentidos mais tarde” (LIPPI; 2002, p. 110).
Figura 28 – Foto de divulgação. O presidente JUSCELINO KUBITSCHEK
em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasília
Fonte: Acervo do Governo do Distrito Federal
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UNIDADE O Século XIX no Brasil – Da Estética Neoclássica 
às Tendências Modernizantes do Final do Século
A industrialização acelerada trouxe um processo de urbanização que, pela 
extensão e pelo desenvolvimento dos serviços proporcionados pela indústria, 
ampliou as possibilidades de trabalho, fortalecendo a classe média. O Concretismo 
participou deste processo na busca de superação do subdesenvolvimento, por meio 
de uma estética contemporânea e universal. Os caminhos para a veiculação desta 
estética eram não apenas os museus, as fundações e as bienais que se consolidavam 
nesta época, mas o caminho da própria indústria. Muitos dos artistas participantes 
do movimento concreto paulista trabalhavam paralelamente com publicidade, 
artes gráficas, desenho industrial, entre outros serviços. A linguagem concreta 
proporcionava um diálogo extremamente coerente com esses novos meios técnicos 
e com a provável necessidade do consumidor. O cartaz da primeira Bienal de Artes 
de São Paulo, de Antônio Maluf, apesar de preceder o furor desenvolvimentista, 
ilustra essa coesão.
Figura 29 – ANTÔNIO Maluf. Cartaz da 1ª Bienal de São Paulo 
Fonte: bienal.org.br
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As críticas constantes ao movimento Concretista apontam como equívoco a 
indiferença dos nossos artistas com a nossa realidade e a subserviência aos modelos 
culturais hegemônicos. Com certeza, o momento otimista pelo qual passava o 
país não era suficiente para apagar nossas mazelas econômicas e sociais, mas 
seria obrigatório a arte apenas refletir a realidade? O interagir com a sociedade, 
proporcionando alternativas sígnicas de relação estética, não seria também uma 
função da arte?
Nos dois momentos históricos buscou-se uma nova realidade, uma nova 
construção da história brasileira. O Neoclassicismo do século XIX, com sua 
racionalidade e rigor formal, traduziu o anseio de um Império dos trópicos. O 
Abstracionismo Geométrico dos anos 50, igualmente racional e rigoroso, ajudou a 
construir a imagem de um pais que apostou no progresso.
Figura 30 – GERALDO DE BARROS, Movimento contra movimento, 1952.
Esmalte s/ kelmite, 60,0 x 60,0 cm. Coleção Fabiana de Barros, Suíça
Fonte: macvirtual.usp.br
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UNIDADE O Século XIX no Brasil – Da Estética Neoclássica 
às Tendências Modernizantes do Final do Século
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
1808 – Como uma Rainha Louca, um Príncipe Medroso e uma Corte Corrupta enganaram Napoleão e mudaram a 
História de Portugal e do Brasil 
São Paulo: Editora Planeta, 2007.
1822 - Como um Homem Sábio, uma Princesa Triste e um Escocês Louco por Dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil
um país que tinha tudo para não dar errado. São Paulo: Nova Fronteira 2010.
1899 - Como um Imperador Cansado, um Marechal Vaidoso e um Professor Injustiçado contribuíram para o Fim da 
Monarquia e a Proclamação da República no Brasil 
Rio de Janeiro: Editora O Globo. 2013.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. O Sol do Brasil 
Nicolas-Antoine Taunay e as desventuras dos artistas franceses na corte de D. João. 
São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
 Filmes
Carlota Joaquina, a Princesa do Brasil
A atriz Marieta Severo interpreta a princesa Carlota, de forte personalidade e que se 
casa com apenas 10 anos com o príncipe Dom João VI (Marco Nanini). Um painel 
extravagante da vinda da Família Real ao Brasil.
 Visite
Museu Nacional de Belas Artes
Herdeiro direto da AIBA/ENBA, tem uma espetacular coleção de arte brasileira do 
século XIX. O prédio projetado por Adolfo Morales de los Rios, foi sede da Escola de 
Belas Artes e hoje é um bem tombado pelo IPHAN.
https://goo.gl/wC42Xf
Pinacoteca do Estado, São Paulo
Em um maravilhoso prédio dos escritórios de Ramos de Azevedo, este museu tem 
amplo acervo de século XIX, além de modernistas, contemporâneos, estrangeiros e 
ótimas exposições temporárias.
https://goo.gl/CJU0p
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Referências
BARCINSKI, F. W. Sobre a Arte Brasileira. São Paulo: Martins Fontes, 2015
BELLUZZO, A. M. de M. O Brasil dos viajantes. 3 vol. São Paulo: Editora 
Odebrecht, 1994.
A Propósito d’O Brasil dos Viajantes. In Revista da USP nº30. Disponível em: 
<http://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/25903>
COCHIARALE, F. e GEIGER, A. B. Abstracionismo Geométrico e Informal – A 
Vanguarda Brasileira nos Anos Cinqüenta. Rio de Janeiro, FUNARTE,1987, p.223.
GOMES, L. 1808 – Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma 
corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do 
Brasil. São Paulo: Editora Planeta, 2007.
LIPPI, L. O presidente bossa nova. Revista Veja, edição 1 755, 12 de junho de 
2002, p. 110.
PEREIRA, S. G., OLIVEIRA, M. A. R., LUZ, A. A. História da Arte no Brasil: 
textos de síntese. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2008.
SANTOS, A. C. M. dos. A Academia Imperial de Belas-Artes e o Projeto 
Civilizatório do Império (recuperando citação da imprensa da época). In: 
PEREIRA, Sonia Gomes. 180 Anos de Escola de Belas Artes. Anais do Seminário 
EBA 180. Rio de Janeiro: UFRJ, 1997, p. 95.
SCHWARCZ, L. M. O Sol do Brasil – Nicolas-Antoine Taunay e as desventuras dos 
artistas franceses na corte de D. João. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
TIRAPELLI, P. Conhecendo os Patrimônios da Humanidade no Brasil. São 
Paulo: Metalivros, 2001.
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Outros materiais