Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Infecções em cirurgia 1 Infecções em cirurgia Definições INFECÇÃO CIRÚRGICA → aquela relacionada com o ato operatório em si, como causa ou consequência desse. INFECÇÃO HOSPITALAR → processo infeccioso causado por um microrganismo adquirido dentro do ambiente hospitalar; corresponde acerca de 10% de todas as internações hospitalares. INFECÇÕES QUE EXIGEM TTO CIRÚRGICO: Infecções necrotizantes de tecidos moles Infecções de cavidades do corpo → peritonite, pericardite, empiema Infecções de tecidos limitados, órgãos e articulações → abscessos e artrite séptica Infecções associadas a próteses INFECÇÕES RESULTANTES DE TTOS CIRÚRGICOS: Infecção de ferida operatória Abscessos pós-operatórios Infecções pós-operatórias das cavidades → empiema, peritonite, pericardite Outras infecções hospitalares: pneumonia, ITU, infecções relacionadas a cateteres venosos INFECÇÃO RESPIRATÓRIA: Infecções altas (traqueobronquites, bronquites e bronquiolites) Pneumonias (3° causa mais comum de infecção hospitalar p.o.) Abscessos pulmonares e empiema INFECÇÃO URINÁRIA: Agentes etiológicos → E.coli, Proteus mirabilis, Sthaphylococcus coagulase positivo, Streptococcus faecalis, Klebsiella sp, Pseudomonas sp Geralmente, houve instrumentação do trato urinário. Relação com o tempo de cateterismo vesical obs.: ITU → geralmente, gram - INFECÇÕES DE CATETERES VENOSOS: Sthaphylococcus epidermidis → responsável por mais de 50% dos casos de infecção de cateter Complicações → tromboflebite supurativa, embolia pulmonar séptica, endocardite, infecções em outros órgãos e sistemas (via hematogênica) Determinantes da infecção Patogenicidade microbiana Defesas do hospedeiro Fatores ambientais locais Técnica cirúrgica Patogenicidade microbiana Capacidade de produzir a doença. A virulência microbiana (capacidade de multiplicação) se relaciona com as defesas do hospedeiro. Defesas do hospedeiro DEFESAS LOCAIS → barreira epitelial e condições locais (que não permitem a fixação e crescimento microbiano); ex.: lágrima, urina, cílios da traqueia e brônquios, peristalse, muco, pH, imunidade local, IgA DEFESAS SISTÊMICAS → células fagocitárias, imunidade humoral e celular; alteradas em indivíduos nos extremos etários, mal nutridos, pacientes politraumatizados, queimados, recém operados, portadores de neoplasias, usuários Infecções em cirurgia 2 de drogas imunossupressoras Fatores ambientais locais Inibem as defesas sistêmicas do organismo do hospedeiro: Necrose ou corpo estranho Coleções de líquidos ou edema Doença vascular periférica Atuam reduzindo a PO2 e inibindo a função das células fagocitárias. Técnica cirúrgica Manuseio dos tecidos com delicadeza Remoção de tecidos desvitalizados Uso criterioso do cautério Tensão em suturas e anastomoses Verificação do adequado suprimento sanguíneo Escolha dos fios Tipos de infecções cirúrgicas Infecções de pele e tecidos moles Infecções da pele, tecido subcutâneo, fáscias e músculos → podem, em geral, ser tratados com antibióticos, a menos que haja abscesso ou necrose Infecções de cavidades PERITONITE PRIMÁRIA → geralmente em portadores de ascite ou insuficiência renal, causada por um único tipo de microorganismo. Pode ser tratada com antibióticos e medidas clínicas. PERITONITE BACTERIANA SECUNDÁRIA → geralmente causada por perfuração no trato digestório. Infecção poli- microbiana. Necessita de antibioticoterapia e cirurgia. ABSCESSOS INTRACAVITÁRIOS → devem ser drenados de forma percutânea ou cirúrgica, associando-se antibióticos. Tto: drenagem + ATB EMPIEMA → geralmente causado por pneumonia. Tto: evacuação do empiema por meio de drenagem pleural, associada à antibioticoterapia. Infecções de outros espaços fechados Em geral, é necessário o uso de antibióticos e drenagem cirúrgica do espaço. Infecções de próteses Estão associadas à grande morbidade e mortalidade. O tratamento exige, muitas vezes, além do uso de antibioticoterapia intensiva, a retirada da prótese. Infecções nosocomiais São infecções que se desenvolvem ou que são contraídas dentro de hospitais. Infecções de feridas cirúrgicas Infecção localizada acima da fáscia (superficial) → é cirúrgica se ocorre nos primeiros 30 dias após à cirurgia Infecção localizada abaixo da fáscia (profunda) → nos primeiros 30 dias após a cirurgia, ou até um ano, se foi colocado prótese permanente Classificação das feridas cirúrgicas Infecções em cirurgia 3 Quanto à contaminação Limpa Limpa-contaminada Contaminada Suja-infectada Limpa EM CASOS DE: Eletiva, suturada e não drenada Não traumática, não infectada Sem inflamação Sem falha na assepsia Não penetrando nos tratos respiratório, digestório e genito-urinário Limpa-contaminada EM CASOS DE: Penetrando no sistema respiratório, genito-urinário ou digestório (exceto colon) Mínima falha na técnica de assepsia Drenagem mecânica Ferimentos traumáticos aberto, recentes Extravasamento macroscópico de conteúdo do TGI ex.: cirurgias TGI ou de via biliar (eletivas) Contaminadas EM CASOS DE: Penetração no trato genitourinário ou biliar, na presença de urina ou bile infectadas Falha importante na assepsia Incisões com inflamação aguda não purulenta ex.: cirurgias no colon, reto e ânus Sujas e infectadas EM CASOS DE: Presença de processo infeccioso local, independente da localização ex.: apendicite/colescitite aguda Profilaxia Pré-operatório TEMPO DE HOSPITALIZAÇÃO → o menor possível Lavagem das mãos/assepsia e anti-sepsia Estabilização do quadro clínico do paciente Investigação de focos de infecção → avaliação odontológica, tratamento de infecções à distância (onicomicose e lesões infectadas de pele/subcutâneo) Banho pré-operatório → na noite anterior ou na manhã da cirurgia – água e sabão de rotina ou soluções degermantes para grandes cirurgias Tricotomia → imediatamente antes da cirurgia e com aparelho elétrico Infecções em cirurgia 4 Intra-operatório 1. Sala cirúrgica → presença de sistema de controle de ar, número pessoas na sala de cirurgia uso obrigatório da mascara cirúrgica 2. Instrumentos e campos cirúrgicos validade do processo de esterilização dispositivo de controle da esterilização (integrador) 3. Gorros, máscaras, roupas e “propés” 4. Lavagem das mãos da equipe cirúrgica → iodo-povidona, clorexidina. 5. Luvas 6. Preparação do campo operatório e da pele → degermação do sitio operatório, aplicação de solução anti-séptica 7. Técnica cirúrgica → manusear tecidos delicadamente, realizar hemostasia eficiente, minimizar a desvitalização dos tecidos, remoção de corpos estranhos, erradicar o espaço morto no sítio cirúrgico Se o sítio cirúrgico for grosseiramente contaminado: fechamento primário retardado ou deixar a incisão aberta Uso de drenos: fechar à vácuo por contra-abertura; remoção mais precoce possível Pós-operatório DEVE-SE: Controlar o estado nutricional Curativos: Fechados (sutura primária) → curativos estéreis por 24 a 48 horas (após, lavar durante o banho e secar) Abertos → curativo oclusivo até total cicatrização; trocas diárias com técnica asséptica Drenos → curativos oclusivos Inspeção constante Educar o paciente quanto a higiene da ferida Antibióticos em cirurgia “Os responsáveis para que uma ferida se infecte são os germes, mas os responsáveis para que eles cheguem às feridas somos nós” INDICAÇÕES: Exposição durante cirurgia; e/ou Infecção presente Infecções em cirurgia 5 Escolha do agente profilático O melhor antibiótico deve ser aquele que atue contra os organismos que causem infecção no sitio cirúrgico, atinja meia vida plasmática e níveis tissulares adequados, seja pouco indutor de resistência, seguro e barato. Administração do antibiótico MOMENTO ADEQUADO → na indução anestésica (30-60 minutos da incisão cirúrgica) REPIQUE DA DOSE → a cada 2 horas se a cirurgia ultrapassar este limite TEMPO DA PROFILAXIA → não deve exceder 24 horas; há consenso de que a dose única é suficiente A maioria dos estudos não mostra benefício de doses múltiplasApós o fechamento da incisão, não há necessidade de novas doses❗ Pacientes em antibioticoterapia → discutir com equipe da CCIH obs.: se já utilizar ATB, não precisa reiniciar, só manter Abordagem da infecção cirúrgica Técnica cirúrgica apurada Retirada tecidos desvitalizados Drenagem de abscessos Sustentação hemodinâmica Correção das alterações metabólicas Antibioticoterapia Suporte nutricional imediato Em casos de infecção diagnosticada, tratar empiricamente conforme dados clínicos e epidemiológicos. Deve-se conhecer a microbiota endógena própria do sítio cirúrgico e colher amostras para culturas (intra-operatória, em tecidos profundos) e gram antes de iniciar o antimicrobiano. Infecções em cirurgia 6 Após o resultado da cultura, adequar a droga, de modo a utilizar a de menor espectro e custo. INFECÇÃO GRAVE → inicia com grande espectro e desescalona INFECÇÃO LEVE → inicia com pequeno e escalona MICROBIOTA MAIS COMUM NOS PROCESSOS INFECCIOSOS DOS SÍTIOS CIRÚRGICOS: Parâmetros para suspensão do antimicrobiano Desaparecimento da febre Melhora clínica Normalização do hemograma obs.: se persistência da febre, rever ATB Redução da contaminação da cavidade peritoneal Lavagem intra-operatória da cavidade (até líquido claro/limpo) Desbridamento peritoneal Tto e prevenção da infecção residual Relaparotomia programada Peritoniostomia Drenagem de abscessos intra-peritoneais
Compartilhar