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MARINHA
MARINHA DO BRASIL
Serviço Militar Voluntário (SMV)
- Oficiais RM2
CONVOCAÇÃO Nº 01/2021
SL-038FV-21
CÓD: 7908433201038
DICA
Como passar em um concurso público?
Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro 
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação.
É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa 
encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução 
preparou este artigo com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.
Então mãos à obra!
• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter 
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho.
• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você 
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma 
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área.
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito, 
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não 
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total.
• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É 
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha 
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo.
• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto 
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque 
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses 
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais 
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame.
• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma 
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é 
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.
Se prepare para o concurso público
O concurseiro preparado não é aquele que passa o dia todo estudando, mas está com a cabeça nas nuvens, e sim aquele que se 
planeja pesquisando sobre o concurso de interesse, conferindo editais e provas anteriores, participando de grupos com enquetes sobre 
seu interesse, conversando com pessoas que já foram aprovadas, absorvendo dicas e experiências, e analisando a banca examinadora do 
certame.
O Plano de Estudos é essencial na otimização dos estudos, ele deve ser simples, com fácil compreensão e personalizado com sua 
rotina, vai ser seu triunfo para aprovação, sendo responsável pelo seu crescimento contínuo.
Além do plano de estudos, é importante ter um Plano de Revisão, ele que irá te ajudar na memorização dos conteúdos estudados até 
o dia da prova, evitando a correria para fazer uma revisão de última hora.
Está em dúvida por qual matéria começar a estudar? Vai mais uma dica: comece por Língua Portuguesa, é a matéria com maior 
requisição nos concursos, a base para uma boa interpretação, indo bem aqui você estará com um passo dado para ir melhor nas outras 
disciplinas.
Vida Social
Sabemos que faz parte algumas abdicações na vida de quem estuda para concursos públicos, mas sempre que possível é importante 
conciliar os estudos com os momentos de lazer e bem-estar. A vida de concurseiro é temporária, quem determina o tempo é você, 
através da sua dedicação e empenho. Você terá que fazer um esforço para deixar de lado um pouco a vida social intensa, é importante 
compreender que quando for aprovado verá que todo o esforço valeu a pena para realização do seu sonho.
Uma boa dica, é fazer exercícios físicos, uma simples corrida por exemplo é capaz de melhorar o funcionamento do Sistema Nervoso 
Central, um dos fatores que são chaves para produção de neurônios nas regiões associadas à aprendizagem e memória.
DICA
Motivação
A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo 
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.
Caso você não seja aprovado de primeira, é primordial que você PERSISTA, com o tempo você irá adquirir conhecimento e experiência. 
Então é preciso se motivar diariamente para seguir a busca da aprovação, algumas orientações importantes para conseguir motivação:
• Procure ler frases motivacionais, são ótimas para lembrar dos seus propósitos;
• Leia sempre os depoimentos dos candidatos aprovados nos concursos públicos;
• Procure estar sempre entrando em contato com os aprovados;
• Escreva o porquê que você deseja ser aprovado no concurso. Quando você sabe seus motivos, isso te da um ânimo maior para seguir 
focado, tornando o processo mais prazeroso;
• Saiba o que realmente te impulsiona, o que te motiva. Dessa maneira será mais fácil vencer as adversidades que irão aparecer.
• Procure imaginar você exercendo a função da vaga pleiteada, sentir a emoção da aprovação e ver as pessoas que você gosta felizes 
com seu sucesso.
Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação 
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.
A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Se você quer aumentar as suas chances 
de passar, conheça os nossos materiais, acessando o nosso site: www.apostilasolucao.com.br 
Vamos juntos!
ÍNDICE
Língua Portuguesa 
1. GRAMÁTICA - Sistema ortográfico em vigor: emprego das letras e do hífen, acentuação gráfica e uso do sinal indicador de crase. . . .01
2. Aspectos morfológicos: estrutura e formação de palavras, classes de palavras, flexão (nominal e verbal) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
3. Organização sintática da frase e do período: frase, oração e período, estrutura da frase; ordem direta e inversa; Processos de 
subordinação e coordenação: valores sintáticos e semânticos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
4. Concordância: nominal e verbal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
5. Regência: nominal e verbal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
6. Colocação pronominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
7. Pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
8. COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO - Leitura e análise de textos verbais e não verbais: os propósitos do autor e suas 
implicações na organização do texto, compreensão de informações implícitas e explícitas, linguagens denotativa e conotativa, 
elementos ficcionais e não ficcionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
9. Texto e contexto: ambiguidade e polissemia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
10. Relações lexicais: sinonímia, antonímia, homonímia, hiperonímia, hiponímia e paronímia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
11. Figuras de linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
12. Tipos e gêneros textuais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
13. Tipos de discurso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
14. Reescritura de frases . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
15. Funções da linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
16. Textualidade: coesão, coerência, intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade e intertextualidade . . . . . . . 36
17. Adequação vocabular e variação linguística: norma culta e variedades regionais e sociais, registro formal e informal . . . . . . . . . . . 36
Defesa Nacional
1. POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA – O Estado, a Segurança e a Defesa; O ambiente internacional; O ambiente regional e o entorno es-
tratégico; O Brasil; Objetivos Nacionais de Defesa; e Orientações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA – Formulação Sistemática; e Medidas de implementação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
Organização Básica Da Marinha
1. FORÇAS ARMADAS (FFAA) – Missão constitucional; Hierarquia e disciplina; e Comandante Supremo das Forças Armadas . . . . . . . 01
2. NORMAS GERAIS PARA A ORGANIZAÇÃO, O PREPARO E O EMPREGO DAS FORÇAS ARMADAS – Disposições preliminares; Destinação e 
atribuições; Assessoramento ao Comandante Supremo; Organização das Forças Armadas; Direção Superior das Forças Armadas . . . . . 02
Legislação Militar-Naval
1. ESTATUTO DOS MILITARES – Hierarquia Militar e disciplina; Cargos e Funções militares; Valor e ética militar; Compromisso, comando 
e subordinação; Violação das obrigações e deveres militares; Crimes militares; Contravenções ou transgressões disciplinares . . . . . . . 01
Tradições Navais
1. TRADIÇÕES DA MARINHA DO BRASIL – Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Semelhanças entre as Marinhas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
3. Conhecendo o Navio: Navios e Barcos, o Navio, Características do Navio, A Flâmula de Comando, Posições Relativas a Bordo, 
Câmara, Camarotes e Afins, Praças e Cobertas, Praça D’Armas, A Tolda à Ré, Agulha e Bússola, Corda e Cabo . . . . . . . . . . . . . . 01
4. A Gente de Bordo: A Hierarquia Naval e A Hierarquia da Marinha Mercante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
5. A Organização de Bordo: Organização por Quartos e Divisões de Serviço, O Pessoal de Serviço, O Sino de Bordo, As Fainas, A Presidên-
cia das Refeições a Bordo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
ÍNDICE
6. Cerimonial de Bordo: saudar o Pavilhão, Saudar o Comandante, Saudar o Imediato, Saudação entre militares, Saudação com espada, O 
Cerimonial da Bandeira, Bandeira a Meio-Pau, Saudação de Navios Mercantes e Resposta. A salva – saudação com canhões, Os Postos 
de Continência, Vivas, Vivas de Apito, Cerimonial de Recepção e Despedida. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
7. Uniformes e seus acessórios: Os Uniformes, Gorro de Fita, O Apito Marinheiro, Alamares, Condecorações e Medalhas . . . . . . . . . 07
8. Algumas Expressões Corriqueiras: “Safo”, “Onça”, “Safa Onça”, “Pegar”, “Rosca Fina”, “Voga Larga” e “Voga Picada” . . . . . . . . . . . 08
Relações Humanas E Liderança
1. DOUTRINA DE LIDERANÇA DA MARINHA – Chefia e Liderança; Aspectos Fundamentais da Liderança; Estilos de Liderança; Seleção de 
Estilos de Liderança; Fatores da Liderança; Atributos de um Líder; Níveis de Liderança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
História Naval
1. A HISTÓRIA DA NAVEGAÇÃO - Os navios de madeira: construindo embarcações e navios; O desenvolvimento dos navios portugueses; 
O desenvolvimento da navegação oceânica: os instrumentos e as cartas de marear; A vida a bordo dos navios veleiros. . . . . . . . . 01
2. A EXPANSÃO MARÍTIMA EUROPEIA E O DESCOBRIMENTO DO BRASIL – Fundamentos da organização do Estado português e a 
expansão ultramarina: Lusitânia; Ordens militares e religiosas; O papel da nobreza; A importância do mar na formação de Portugal; 
Desenvolvimento econômico e social; A descoberta do Brasil; O reconhecimento da costa brasileira: A expedição de 1501/1502; A 
expedição de 1502/1503; A expedição de 1503/1504; As expedições guarda-costas; A expedição colonizadora de Martim Afonso de 
Sousa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
3. INVASÕES ESTRANGEIRAS AO BRASIL - Invasões francesas no Rio de Janeiro e no Maranhão: Rio de Janeiro; Maranhão; Invasores 
na foz do Amazonas: Invasões holandesas na Bahia e em Pernambuco: Holandeses na Bahia; A ocupação do Nordeste brasileiro; A 
insurreição em Pernambuco; A derrota dos holandeses em Recife; Corsários franceses no Rio de Janeiro no século XVIII; Guerras, 
tratados e limites no Sul do Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
4. FORMAÇÃO DA MARINHA IMPERIAL BRASILEIRA - A vinda da Família Real; Política externa de D. João e a atuação da Marinha: a 
conquista de Caiena e a ocupação da Banda Oriental: A Banda Oriental; A Revolta Nativista de 1817 e a atuação da Marinha; Guerra 
de independência; Elevação do Brasil a Reino Unido; O retorno de D. João VI para Portugal; A Independência; A Formação de uma 
Esquadra Brasileira; Operações Navais; Confederação do Equador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
5. A ATUAÇÃO DA MARINHA NOS CONFLITOS DA REGÊNCIA E DO INÍCIO DO SEGUNDO REINADO - Conflitos internos; Cabanagem; Guerra 
dos Farrapos; Sabinada; Balaiada; Revolta Praieira; Conflitos externos; Guerra Cisplatina; Guerra contra Oribe e Rosas . . . . . . . . . 32
6. A ATUAÇÃO DA MARINHA NA GUERRA DA TRÍPLICE
ALIANÇA CONTRA O GOVERNO DO PARAGUAI - O bloqueio do Rio Paraná e 
a Batalha Naval do Riachuelo; Navios encouraçados e a invasão do Paraguai; Curuzu e Curupaiti; Caxias e Inhaúma; Passagem de 
Curupaiti; Passagem de Humaitá; O recuo das forças paraguaias; O avanço aliado e a Dezembrada; A ocupação de Assunção e a fase 
final da guerra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
7. A MARINHA NA REPÚBLICA - Primeira Guerra Mundial: Antecedentes; O preparo do Brasil; A Divisão Naval em Operações de Guerra; 
O Período entre Guerras; A situação em 1940; Segunda Guerra mundial: Antecedentes; Início das hostilidades e ataques aos nossos 
navios mercantes; A Lei de Empréstimo e Arrendamento e modernizações de nossos meios e defesa ativa da costa brasileira; Defesas 
Locais; Defesa Ativa; A Força Naval do Nordeste; E o que ficou? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
8. O EMPREGO PERMANENTE DO PODER NAVAL - O Poder Naval na guerra e na paz: Classificação; A percepção do Poder Naval; O 
emprego permanente do Poder Naval . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
LÍNGUA PORTUGUESA
1. GRAMÁTICA - Sistema ortográfico em vigor: emprego das letras e do hífen, acentuação gráfica e uso do sinal indicador de crase. . . .01
2. Aspectos morfológicos: estrutura e formação de palavras, classes de palavras, flexão (nominal e verbal) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
3. Organização sintática da frase e do período: frase, oração e período, estrutura da frase; ordem direta e inversa; Processos de 
subordinação e coordenação: valores sintáticos e semânticos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
4. Concordância: nominal e verbal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
5. Regência: nominal e verbal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
6. Colocação pronominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
7. Pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
8. COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO - Leitura e análise de textos verbais e não verbais: os propósitos do autor e suas 
implicações na organização do texto, compreensão de informações implícitas e explícitas, linguagens denotativa e conotativa, 
elementos ficcionais e não ficcionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
9. Texto e contexto: ambiguidade e polissemia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
10. Relações lexicais: sinonímia, antonímia, homonímia, hiperonímia, hiponímia e paronímia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
11. Figuras de linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
12. Tipos e gêneros textuais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
13. Tipos de discurso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
14. Reescritura de frases . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
15. Funções da linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
16. Textualidade: coesão, coerência, intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade e intertextualidade . . . . . . . 36
17. Adequação vocabular e variação linguística: norma culta e variedades regionais e sociais, registro formal e informal . . . . . . . . . . . 36
LÍNGUA PORTUGUESA
1
GRAMÁTICA - SISTEMA ORTOGRÁFICO EM VIGOR: 
EMPREGO DAS LETRAS E DO HÍFEN, ACENTUAÇÃO 
GRÁFICA E USO DO SINAL INDICADOR DE CRASE
ORTOGRAFIA OFICIAL
• Mudanças no alfabeto: O alfabeto tem 26 letras. Foram rein-
troduzidas as letras k, w e y.
O alfabeto completo é o seguinte: A B C D E F G H I J K L M N O 
P Q R S T U V W X Y Z
• Trema: Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a 
letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, 
gui, que, qui.
Regras de acentuação
– Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das 
palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima 
sílaba)
Como era Como fica
alcatéia alcateia
apóia apoia
apóio apoio
Atenção: essa regra só vale para as paroxítonas. As oxítonas 
continuam com acento: Ex.: papéis, herói, heróis, troféu, troféus.
– Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no 
u tônicos quando vierem depois de um ditongo.
Como era Como fica
baiúca baiuca
bocaiúva bocaiuva
Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em 
posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos: 
tuiuiú, tuiuiús, Piauí.
– Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem 
e ôo(s).
Como era Como fica
abençôo abençoo
crêem creem
– Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/
para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.
Atenção:
• Permanece o acento diferencial em pôde/pode. 
• Permanece o acento diferencial em pôr/por. 
• Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural 
dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, 
reter, conter, convir, intervir, advir etc.).
• É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as 
palavras forma/fôrma.
Uso de hífen
Regra básica:
Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-ho-
mem.
Outros casos
1. Prefixo terminado em vogal:
– Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo.
– Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteproje-
to, semicírculo.
– Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirracis-
mo, antissocial, ultrassom.
– Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-on-
das.
2. Prefixo terminado em consoante:
– Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub-
-bibliotecário.
– Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, su-
persônico.
– Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante.
Observações:
• Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra 
iniciada por r: sub-região, sub-raça. Palavras iniciadas por h perdem 
essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subumanidade.
• Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de pala-
vra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano.
• O prefixo co aglutina-se, em geral, com o segundo elemento, 
mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar, coope-
rar, cooperação, cooptar, coocupante.
• Com o prefixo vice, usa-se
sempre o hífen: vice-rei, vice-al-
mirante.
• Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam 
a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva, 
pontapé, paraquedas, paraquedista.
• Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, 
usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, 
recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu.
Viu? Tudo muito tranquilo. Certeza que você já está dominan-
do muita coisa. Mas não podemos parar, não é mesmo?!?! Por isso 
vamos passar para mais um ponto importante. 
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
Acentuação é o modo de proferir um som ou grupo de sons 
com mais relevo do que outros. Os sinais diacríticos servem para 
indicar, dentre outros aspectos, a pronúncia correta das palavras. 
Vejamos um por um:
Acento agudo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre 
aberto.
Já cursei a Faculdade de História.
Acento circunflexo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre 
fechado.
Meu avô e meus três tios ainda são vivos.
Acento grave: marca o fenômeno da crase (estudaremos este 
caso afundo mais à frente).
Sou leal à mulher da minha vida.
As palavras podem ser:
– Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-cu-
-já, ra-paz, u-ru-bu...)
– Paroxítonas: quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa, 
sa-bo-ne-te, ré-gua...)
– Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima 
(sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…)
LÍNGUA PORTUGUESA
2
As regras de acentuação das palavras são simples. Vejamos: 
• São acentuadas todas as palavras proparoxítonas (médico, 
íamos, Ângela, sânscrito, fôssemos...)
• São acentuadas as palavras paroxítonas terminadas em L, N, 
R, X, I(S), US, UM, UNS, OS, ÃO(S), Ã(S), EI(S) (amável, elétron, éter, 
fênix, júri, oásis, ônus, fórum, órfão...)
• São acentuadas as palavras oxítonas terminadas em A(S), 
E(S), O(S), EM, ENS, ÉU(S), ÉI(S), ÓI(S) (xarás, convéns, robô, Jô, céu, 
dói, coronéis...)
• São acentuados os hiatos I e U, quando precedidos de vogais 
(aí, faísca, baú, juízo, Luísa...)
Viu que não é nenhum bicho de sete cabeças? Agora é só trei-
nar e fixar as regras. 
CRASE
A crase é a fusão de duas vogais idênticas. A primeira vogal a 
é uma preposição, a segunda vogal a é um artigo ou um pronome 
demonstrativo.
a (preposição) + a(s) (artigo) = à(s)
• Devemos usar crase:
– Antes palavras femininas:
Iremos à festa amanhã
Mediante à situação.
O Governo visa à resolução do problema.
– Locução prepositiva implícita “à moda de, à maneira de”
Devido à regra, o acento grave é obrigatoriamente usado nas 
locuções prepositivas com núcleo feminino iniciadas por a: 
Os frangos eram feitos à moda da casa imperial.
Às vezes, porém, a locução vem implícita antes de substanti-
vos masculinos, o que pode fazer você pensar que não rola a crase. 
Mas... há crase, sim!
Depois da indigestão, farei uma poesia à Drummond, vestir-
-me-ei à Versace e entregá-la-ei à tímida aniversariante.
– Expressões fixas
Existem algumas expressões em que sempre haverá o uso de 
crase: 
à vela, à lenha, à toa, à vista, à la carte, à queima-roupa, à von-
tade, à venda, à mão armada, à beça, à noite, à tarde, às vezes, às 
pressas, à primeira vista, à hora certa, àquela hora, à esquerda, à 
direita, à vontade, às avessas, às claras, às escuras, à mão, às escon-
didas, à medida que, à proporção que.
• NUNCA devemos usar crase:
– Antes de substantivos masculinos:
Andou a cavalo pela cidadezinha, mas preferiria ter andado a 
pé.
– Antes de substantivo (masculino ou feminino, singular ou 
plural) usado em sentido generalizador: 
Depois do trauma, nunca mais foi a festas.
Não foi feita menção a mulher, nem a criança, tampouco a ho-
mem.
– Antes de artigo indefinido “uma”
Iremos a uma reunião muito importante no domingo.
– Antes de pronomes
Obs.: A crase antes de pronomes possessivos é facultativa.
Fizemos referência a Vossa Excelência, não a ela.
A quem vocês se reportaram no Plenário?
Assisto a toda peça de teatro no RJ, afinal, sou um crítico.
– Antes de verbos no infinitivo
A partir de hoje serei um pai melhor, pois voltei a trabalhar.
ASPECTOS MORFOLÓGICOS: ESTRUTURA E FORMA-
ÇÃO DE PALAVRAS, CLASSES DE PALAVRAS, FLEXÃO 
(NOMINAL E VERBAL)
Antes de estudarmos os processos de formação de palavras, 
precisamos relembrar alguns conceitos de estrutura das palavras 
que irão nos ajudar bastante. A parte de Estrutura das Palavras tra-
ta dos conceitos de radical, prefixo, sufixo e desinência. Vejamos, 
rapidamente, cada uma delas. 
Radical é a base da palavra, é a parte responsável pela signi-
ficação principal dela, assim como pela formação de novas. Sem 
radical não há palavra(s).
amargo, amargor, amargura, amargurar, amargurado
Os afixos são morfemas derivacionais ligados ao radical e capa-
zes de modificar o seu significado, formando palavras novas. Exis-
tem dois tipos: os prefixos e os sufixos.
O Prefixo vem antes do radical para ampliar sua significação e 
formar nova palavra.
ateu, analfabeto, anestesia
O Sufixo vem depois do radical para ampliar seu sentido e for-
mar nova palavra.
pançudo, maçudo
Desinências são morfemas flexionais colocados após os radi-
cais. Apenas indicam, no caso dos nomes, o gênero e o número 
das palavras; no caso dos verbos, indicam o modo, o tempo, o nú-
mero e a pessoa. Tais morfemas não formam novas palavras, mas 
flexionam, variam, mudam levemente a forma da mesma palavra, 
indicando certos aspectos. Portanto, não confunda desinência com 
sufixo!
Elas podem ser nominais (gênero e número) ou verbais (modo-
-temporais e número-pessoais).
aluna, aluno, alunas, alunos, estávamos (pretérito imperfeito 
do modo indicativo/ 1º pessoa do plural)
Agora sim! Já sabemos um pouco da base que nos ajudará a 
entender melhor os processos de formação de palavras. 
Existem algumas maneiras para a formação de novos vocábu-
los na língua, logo esta parte trata justamente dos diversos modos 
como as palavras se formam. Os principais processos são estes: 
derivação, composição, onomatopeia (reduplicação), abreviação 
(redução), siglonimização, hibridismo, palavra-valise (combinação).
A Derivação é um processo de multiplicação e reaproveita-
mento de um vocábulo pelo acréscimo de sufixos e prefixos. Ela 
pode ser prefixal, sufixal, parassintética, regressiva e imprópria.
• Derivação sufixal: livraria, livrinho, livresco.
• Derivação prefixal: reter, deter, conter.
• Parassintética: envelhecer (en + velho + ecer), aterrar (a + 
terra + ar), abençoar (a + bênção + ar).
• Regressiva: atrasar > atraso, demorar > demora, tossir > tos-
se, engasgar > engasgo, telefonar > telefone
• Imprópria (conversão): Você tem aracnofobia? (radical) / Eu 
tenho muitas fobias. (substantivo)
LÍNGUA PORTUGUESA
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• Ocorre Composição quando uma palavra é constituída por 
dois ou mais radicais. Há dois tipos de composição: por justaposi-
ção e por aglutinação. Vejamos!
• Composição por justaposição: pontapé (ponta + pé), vaivém 
(vai + vem), passatempo (passa + tempo)
• Composição por aglutinação: boquiaberto (boca + aberta), 
mundividência (mundo + vidência),fidalgo (filho de algo)
Outros processos de formação de palavras:
• Onomatopeia: bangue-bangue, zum-zum-zum, blá-blá-blá.
• Abreviação: televisão > tevê, motocicleta > moto, fotografia 
> foto
• Siglonimização: UFMG (Universidade Federal de Minas Ge-
rais), PT (Partido dos Trabalhadores), Petrobras (Petróleo do Brasil 
S/A)
• Hibridismo: socio/logia (latim e grego), auto/móvel (grego e 
latim), tele/visão (grego e latim)
• Palavra-valise: sofrer + professor > sofressor, aborrecer + ado-
lescente > aborrecente
CLASSES DE PALAVRAS
Substantivo 
São as palavras que atribuem nomes aos seres reais ou ima-
ginários (pessoas, animais, objetos), lugares, qualidades, ações e 
sentimentos, ou seja, que tem existência concreta ou abstrata. 
Classificação dos substantivos
SUBSTANTIVO SIMPLES: 
apresentam um só radical em 
sua estrutura. 
Olhos/água/
muro/quintal/caderno/
macaco/João/sabão
SUBSTANTIVOS COMPOSTOS: 
são
formados por mais de um 
radical em sua estrutura.
Macacos-prego/
porta-voz/
pé-de-moleque
SUBSTANTIVOS PRIMITIVOS: 
são os que dão origem a 
outras palavras, ou seja, ela é 
a primeira.
Casa/
mundo/
população
/formiga
SUBSTANTIVOS DERIVADOS: 
são formados por outros 
radicais da língua.
Caseiro/mundano/
populacional/formigueiro
SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS: 
designa determinado ser 
entre outros da mesma 
espécie. São sempre iniciados 
por letra maiúscula.
Rodrigo
/Brasil
/Belo Horizonte/Estátua da 
Liberdade
SUBSTANTIVOS COMUNS: 
referem-se qualquer ser de 
uma mesma espécie.
biscoitos/ruídos/estrelas/
cachorro/prima
SUBSTANTIVOS CONCRETOS: 
nomeiam seres com existência 
própria. Esses seres podem 
ser animadoso ou inanimados, 
reais ou imaginários.
Leão/corrente
/estrelas/fadas
/lobisomem
/saci-pererê
SUBSTANTIVOS ABSTRATOS: 
nomeiam ações, estados, 
qualidades e sentimentos que 
não tem existência própria, ou 
seja, só existem em função de 
um ser.
Mistério/
bondade/
confiança/
lembrança/
amor/
alegria
SUBSTANTIVOS COLETIVOS: 
referem-se a um conjunto 
de seres da mesma espécie, 
mesmo quando empregado 
no singular e constituem um 
substantivo comum.
Elenco (de atores)/
acervo (de obras artísticas)/
buquê (de flores)
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS 
PALAVRAS QUE NÃO ESTÃO AQUI!
Flexão dos Substantivos
• Gênero: Os gêneros em português podem ser dois: masculi-
no e feminino. E no caso dos substantivos podem ser biformes ou 
uniformes
– Biformes: as palavras tem duas formas, ou seja, apresenta 
uma forma para o masculino e uma para o feminino: tigre/tigresa, 
o presidente/a presidenta, o maestro/a maestrina
– Uniformes: as palavras tem uma só forma, ou seja, uma única 
forma para o masculino e o feminino. Os uniformes dividem-se em 
epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros.
a) Epicenos: designam alguns animais e plantas e são invariá-
veis: onça macho/onça fêmea, pulga macho/pulga fêmea, palmeira 
macho/palmeira fêmea.
b) Sobrecomuns: referem-se a seres humanos; é pelo contexto 
que aparecem que se determina o gênero: a criança (o criança), a 
testemunha (o testemunha), o individuo (a individua).
c) Comuns de dois gêneros: a palavra tem a mesma forma tan-
to para o masculino quanto para o feminino: o/a turista, o/a agen-
te, o/a estudante, o/a colega.
• Número: Podem flexionar em singular (1) e plural (mais de 1).
– Singular: anzol, tórax, próton, casa.
– Plural: anzóis, os tórax, prótons, casas.
• Grau: Podem apresentar-se no grau aumentativo e no grau 
diminutivo.
– Grau aumentativo sintético: casarão, bocarra.
– Grau aumentativo analítico: casa grande, boca enorme.
– Grau diminutivo sintético: casinha, boquinha
– Grau diminutivo analítico: casa pequena, boca minúscula. 
Adjetivo 
É a palavra invariável que especifica e caracteriza o substanti-
vo: imprensa livre, favela ocupada. Locução adjetiva é expressão 
composta por substantivo (ou advérbio) ligado a outro substantivo 
por preposição com o mesmo valor e a mesma função que um ad-
jetivo: golpe de mestre (golpe magistral), jornal da tarde (jornal 
vespertino).
Flexão do Adjetivos
• Gênero:
– Uniformes: apresentam uma só para o masculino e o femini-
no: homem feliz, mulher feliz.
– Biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra 
para o feminino: juiz sábio/ juíza sábia, bairro japonês/ indústria 
japonesa, aluno chorão/ aluna chorona. 
LÍNGUA PORTUGUESA
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• Número:
– Os adjetivos simples seguem as mesmas regras de flexão de número que os substantivos: sábio/ sábios, namorador/ namoradores, 
japonês/ japoneses.
– Os adjetivos compostos têm algumas peculiaridades: luvas branco-gelo, garrafas amarelo-claras, cintos da cor de chumbo.
• Grau:
– Grau Comparativo de Superioridade: Meu time é mais vitorioso (do) que o seu.
– Grau Comparativo de Inferioridade: Meu time é menos vitorioso (do) que o seu.
– Grau Comparativo de Igualdade: Meu time é tão vitorioso quanto o seu.
– Grau Superlativo Absoluto Sintético: Meu time é famosíssimo.
– Grau Superlativo Absoluto Analítico: Meu time é muito famoso.
– Grau Superlativo Relativo de Superioridade: Meu time é o mais famoso de todos.
– Grau Superlativo Relativo de Inferioridade; Meu time é menos famoso de todos.
Artigo 
É uma palavra variável em gênero e número que antecede o substantivo, determinando de modo particular ou genérico.
• Classificação e Flexão do Artigos
– Artigos Definidos: o, a, os, as.
O menino carregava o brinquedo em suas costas.
As meninas brincavam com as bonecas.
– Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas.
Um menino carregava um brinquedo.
Umas meninas brincavam com umas bonecas.
Numeral 
É a palavra que indica uma quantidade definida de pessoas ou coisas, ou o lugar (posição) que elas ocupam numa série.
• Classificação dos Numerais
– Cardinais: indicam número ou quantidade: 
Trezentos e vinte moradores.
– Ordinais: indicam ordem ou posição numa sequência: 
Quinto ano. Primeiro lugar.
– Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual uma quantidade é multiplicada: 
O quíntuplo do preço.
– Fracionários: indicam a parte de um todo: 
Dois terços dos alunos foram embora.
Pronome 
É a palavra que substitui os substantivos ou os determinam, indicando a pessoa do discurso.
• Pronomes pessoais vão designar diretamente as pessoas em uma conversa. Eles indicam as três pessoas do discurso. 
Pessoas do Discurso Pronomes RetosFunção Subjetiva
Pronomes Oblíquos
Função Objetiva
1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
3º pessoa do singular Ele, ela, Se, si, consigo, lhe, o, a
1º pessoa do plural Nós Nos, conosco
2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
3º pessoa do plural Eles, elas Se, si, consigo, lhes, os, as
• Pronomes de Tratamento são usados no trato com as pessoas, normalmente, em situações formais de comunicação. 
Pronomes de Tratamento Emprego
Você Utilizado em situações informais.
Senhor (es) e Senhora (s) Tratamento para pessoas mais velhas.
Vossa Excelência Usados para pessoas com alta autoridade 
Vossa Magnificência Usados para os reitores das Universidades.
Vossa Senhoria Empregado nas correspondências e textos escritos.
Vossa Majestade Utilizado para Reis e Rainhas
LÍNGUA PORTUGUESA
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Pronomes de Tratamento Emprego
Vossa Alteza Utilizado para príncipes, princesas, duques.
Vossa Santidade Utilizado para o Papa
Vossa Eminência Usado para Cardeais.
Vossa Reverendíssima Utilizado para sacerdotes e religiosos em geral.
• Pronomes Possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de alguma coisa.
Pessoa do Discurso Pronome Possessivo
1º pessoa do singular Meu, minha, meus, minhas
2º pessoa do singular teu, tua, teus, tuas
3º pessoa do singular seu, sua, seus, suas
1º pessoa do plural Nosso, nossa, nossos, nossas
2º pessoa do plural Vosso, vossa, vossos, vossas
3º pessoa do plural Seu, sua, seus, suas
• Pronomes Demonstrativos são utilizados para indicar a posição de algum elemento em relação à pessoa seja no discurso, no tempo 
ou no espaço.
Pronomes Demonstrativos Singular Plural
Feminino esta, essa, aquela estas, essas, aquelas
Masculino este, esse, aquele estes, esses, aqueles
• Pronomes Indefinidos referem-se à 3º pessoa do discurso, designando-a de modo vago, impreciso, indeterminado. Os pronomes 
indefinidos podem ser variáveis (varia em gênero e número) e invariáveis (não variam em gênero e número).
Classificação Pronomes Indefinidos
Variáveis
algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas, muito, muita, muitos, muitas, pou-
co, pouca, poucos, poucas, todo, toda, todos, todas, outro, outra, outros, outras, certo, certa, certos, certas, vário, 
vária, vários, várias, tanto, tanta, tantos, tantas, quanto, quanta, quantos, quantas, qualquer, quaisquer, qual, quais, 
um, uma, uns, umas.
Invariáveis quem, alguém, ninguém, tudo, nada, outrem, algo, cada.
• Pronomes Interrogativos são palavras variáveis e invariáveis utilizadas para formular perguntas diretas e indiretas.
Classificação
Pronomes Interrogativos
Variáveis qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
Invariáveis quem, que.
• Pronomes Relativos referem-se a um termo já dito anteriormente na oração, evitando sua repetição. Eles também podem ser 
variáveis e invariáveis. 
Classificação Pronomes Relativos
Variáveis o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
Invariáveis quem, que, onde.
Verbos 
São as palavras que exprimem ação, estado, fenômenos meteorológicos, sempre em relação ao um determinado tempo. 
• Flexão verbal
Os verbos podem ser flexionados de algumas formas. 
– Modo: É a maneira, a forma como o verbo se apresenta na frase para indicar uma atitude da pessoa que o usou. O modo é dividido 
em três: indicativo (certeza, fato), subjuntivo (incerteza, subjetividade) e imperativo (ordem, pedido). 
LÍNGUA PORTUGUESA
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– Tempo: O tempo indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo. Existem três tempos no modo indicativo: presente, 
passado (pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito) e futuro (do presente e do pretérito). No subjuntivo, são três: presente, pre-
térito imperfeito e futuro.
– Número: Este é fácil: singular e plural. 
– Pessoa: Fácil também: 1ª pessoa (eu amei, nós amamos); 2º pessoa (tu amaste, vós amastes); 3ª pessoa (ele amou, eles amaram).
• Formas nominais do verbo
Os verbos têm três formas nominais, ou seja, formas que exercem a função de nomes (normalmente, substantivos). São elas infinitivo 
(terminado em -R), gerúndio (terminado em –NDO) e particípio (terminado em –DA/DO). 
• Voz verbal 
É a forma como o verbo se encontra para indicar sua relação com o sujeito. Ela pode ser ativa, passiva ou reflexiva. 
– Voz ativa: Segundo a gramática tradicional, ocorre voz ativa quando o verbo (ou locução verbal) indica uma ação praticada pelo 
sujeito. Veja:
João pulou da cama atrasado
– Voz passiva: O sujeito é paciente e, assim, não pratica, mas recebe a ação. A voz passiva pode ser analítica ou sintética. A voz passiva 
analítica é formada por:
Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros) + verbo principal da ação conjugado no particípio + preposição por/
pelo/de + agente da passiva.
A casa foi aspirada pelos rapazes
A voz passiva sintética, também chamada de voz passiva pronominal (devido ao uso do pronome se) é formada por:
Verbo conjugado na 3.ª pessoa (no singular ou no plural) + pronome apassivador «se» + sujeito paciente.
Aluga-se apartamento.
Advérbio 
É a palavra invariável que modifica o verbo, adjetivo, outro advérbio ou a oração inteira, expressando uma determinada circunstância. 
As circunstâncias dos advérbios podem ser:
– Tempo: ainda, cedo, hoje, agora, antes, depois, logo, já, amanhã, tarde, sempre, nunca, quando, jamais, ontem, anteontem, breve-
mente, atualmente, à noite, no meio da noite, antes do meio-dia, à tarde, de manhã, às vezes, de repente, hoje em dia, de vez em quando, 
em nenhum momento, etc.
– Lugar: Aí, aqui, acima, abaixo, ali, cá, lá, acolá, além, aquém, perto, longe, dentro, fora, adiante, defronte, detrás, de cima, em cima, 
à direita, à esquerda, de fora, de dentro, por fora, etc.
– Modo: assim, melhor, pior, bem, mal, devagar, depressa, rapidamente, lentamente, apressadamente, felizmente, às pressas, às 
ocultas, frente a frente, com calma, em silêncio, etc.
– Afirmação: sim, deveras, decerto, certamente, seguramente, efetivamente, realmente, sem dúvida, com certeza, por certo, etc. 
– Negação: não, absolutamente, tampouco, nem, de modo algum, de jeito nenhum, de forma alguma, etc.
– Intensidade: muito, pouco, mais, menos, meio, bastante, assaz, demais, bem, mal, tanto, tão, quase, apenas, quanto, de pouco, de 
todo, etc.
– Dúvida: talvez, acaso, possivelmente, eventualmente, porventura, etc.
Preposição 
É a palavra que liga dois termos, de modo que o segundo complete o sentido do primeiro. As preposições são as seguintes: 
Conjunção 
É palavra que liga dois elementos da mesma natureza ou uma oração a outra. As conjunções podem ser coordenativas (que ligam 
orações sintaticamente independentes) ou subordinativas (que ligam orações com uma relação hierárquica, na qual um elemento é de-
terminante e o outro é determinado). 
LÍNGUA PORTUGUESA
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• Conjunções Coordenativas
Tipos Conjunções Coordenativas
Aditivas e, mas ainda, mas também, nem...
Adversativas contudo, entretanto, mas, não obstante, no entanto, porém, todavia...
Alternativas já…, já…, ou, ou…, ou…, ora…, ora…, quer…, quer…
Conclusivas assim, então, logo, pois (depois do verbo), por conseguinte, por isso, portanto...
Explicativas pois (antes do verbo), porquanto, porque, que...
• Conjunções Subordinativas
Tipos Conjunções Subordinativas
Causais Porque, pois, porquanto, como, etc.
Concessivas Embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, etc.
Condicionais Se, caso, quando, conquanto que, salvo se, sem que, etc.
Conformativas Conforme, como (no sentido de conforme), segundo, consoante, etc.
Finais Para que, a fim de que, porque (no sentido de que), que, etc.
Proporcionais À medida que, ao passo que, à proporção que, etc.
Temporais Quando, antes que, depois que, até que, logo que, etc.
Comparativas Que, do que (usado depois de mais, menos, maior, menor, melhor, etc.
Consecutivas Que (precedido de tão, tal, tanto), de modo que, De maneira que, etc.
Integrantes Que, se.
Interjeição 
É a palavra invariável que exprime ações, sensações, emoções, apelos, sentimentos e estados de espírito, traduzindo as reações das 
pessoas.
• Principais Interjeições
Oh! Caramba! Viva! Oba! Alô! Psiu! Droga! Tomara! Hum!
Dez classes de palavras foram estudadas agora. O estudo delas é muito importante, pois se você tem bem construído o que é e a 
função de cada classe de palavras, não terá dificuldades para entender o estudo da Sintaxe. 
ORGANIZAÇÃO SINTÁTICA DA FRASE E DO PERÍODO: FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO, ESTRUTURA DA FRASE; ORDEM 
DIRETA E INVERSA; PROCESSOS DE SUBORDINAÇÃO E COORDENAÇÃO: VALORES SINTÁTICOS E SEMÂNTICOS
Agora chegamos no assunto que causa mais temor em muitos estudantes. Mas eu tenho uma boa notícia para te dar: o estudo da 
sintaxe é mais fácil do que parece e você vai ver que sabe muita coisa que nem imagina. Para começar, precisamos de classificar algumas 
questões importantes:
• Frase: Enunciado que estabelece uma comunicação de sentido completo. 
Os jornais publicaram a notícia.
Silêncio! 
• Oração: Enunciado que se forma com um verbo ou com uma locução verbal.
Este filme causou grande impacto entre o público.
A inflação deve continuar sob controle.
• Período Simples: formado por uma única oração.
O clima se alterou muito nos últimos dias.
• Período Composto: formado por mais de uma oração.
O governo prometeu/ que serão criados novos empregos.
LÍNGUA PORTUGUESA
8
Bom, já está a clara a diferença entre frase, oração e período. Vamos, então, classificar os elementos que compõem uma oração: 
• Sujeito: Termo da oração do qual se declara alguma coisa.
O problema da violência preocupa os cidadãos.
• Predicado: Tudo que se declara sobre o sujeito.
A tecnologia permitiu o resgate dos operários.
• Objeto Direto: Complemento que se liga ao verbo transitivo direto ou ao verbo transitivo direto e indireto sem o auxílio da prepo-
sição.
A tecnologia tem possibilitado avanços notáveis.
Os pais oferecem ajuda financeira ao filho.
• Objeto Indireto: Complemento que se liga ao verbo transitivo indireto ou ao verbo transitivo direto e indireto por meio de prepo-
sição. 
Os Estados Unidos resistem ao grave momento.
João gosta de beterraba.
• Adjunto Adverbial: Termo modificador do verbo que exprime determinada circunstância (tempo, lugar, modo etc.) ou intensifica 
um verbo, adjetivo ou advérbio.
O ônibus saiu à noite quase cheio, com destino a Salvador.
Vamos sair do mar.
• Agente da Passiva: Termo da oração que exprime quem pratica a ação verbal quando o verbo está na voz passiva.
Raquel foi pedida em casamento por seu melhor amigo.
• Adjunto Adnominal:
Termo da oração que modifica um substantivo, caracterizando-o ou determinando-o sem a intermediação de 
um verbo.
Um casal de médicos eram os novos moradores do meu prédio.
• Complemento Nominal: Termo da oração que completa nomes, isto é, substantivos, adjetivos e advérbios, e vem preposicionado.
A realização do torneio teve a aprovação de todos.
• Predicativo do Sujeito: Termo que atribui característica ao sujeito da oração.
A especulação imobiliária me parece um problema.
• Predicativo do Objeto: Termo que atribui características ao objeto direto ou indireto da oração.
O médico considerou o paciente hipertenso.
• Aposto: Termo da oração que explica, esclarece, resume ou identifica o nome ao qual se refere (substantivo, pronome ou equiva-
lentes). O aposto sempre está entre virgulas ou após dois-pontos.
A praia do Forte, lugar paradisíaco, atrai muitos turistas.
• Vocativo: Termo da oração que se refere a um interlocutor a quem se dirige a palavra.
Senhora, peço aguardar mais um pouco.
Tipos de orações
As partes de uma oração já está fresquinha aí na sua cabeça, não é?!?! Estudar os tipos de orações que existem será moleza, moleza. 
Vamos comigo!!!
Temos dois tipos de orações: as coordenadas, cuja as orações de um período são independentes (não dependem uma da outra para 
construir sentido completo); e as subordinadas, cuja as orações de um período são dependentes (dependem uma da outra para construir 
sentido completo). 
As orações coordenadas podem ser sindéticas (conectadas uma a outra por uma conjunção) e assindéticas (que não precisam da 
conjunção para estar conectadas. O serviço é feito pela vírgula). 
LÍNGUA PORTUGUESA
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Tipos de orações coordenadas
Orações Coordenadas Sindéticas Orações Coordenadas Assindéticas
Aditivas Fomos para a escola e fizemos o exame final. •	 Lena estava triste, cansada, decepcionada.
•	
•	 Ao chegar à escola conversamos, estudamos, lan-
chamos.
Alfredo está chateado, pensando em se mudar. 
Precisamos estar com cabelos arrumados, unhas feitas. 
João Carlos e Maria estão radiantes, alegria que dá inveja. 
Adversativas Pedro Henrique estuda muito, porém não passa 
no vestibular.
Alternativas Manuela ora quer comer hambúrguer, ora quer 
comer pizza.
Conclusivas Não gostamos do restaurante, portanto não 
iremos mais lá.
Explicativas Marina não queria falar, ou seja, ela estava de 
mau humor.
Tipos de orações subordinadas
As orações subordinadas podem ser substantivas, adjetivas e adverbiais. Cada uma delas tem suas subclassificações, que veremos 
agora por meio do quadro seguinte. 
Orações Subordinadas
Orações Subordinadas Substantivas
Subjetivas
Exercem a função de sujeito
É certo que ele trará os a sobremesa do 
jantar. 
Completivas Nominal
Exercem a função de complemento 
nominal
Estou convencida de que ele é solteiro. 
Predicativas
Exercem a função de predicativo
O problema é que ele não entregou a 
refeição no lugar. 
Apositivas
Exercem a função de aposto
Eu lhe disse apenas isso: que não se 
aborrecesse com ela. 
Objetivas Direta
Exercem a função de objeto direto
Lembrou-se da dívida que tem com ele. 
Objetivas Indireta
Exercem a função de objeto indireto
Espero que você seja feliz. 
Orações Subordinadas Adjetivas
Explicativas
Explicam um termo dito anteriormente. 
SEMPRE serão acompanhadas por 
vírgula.
Os alunos, que foram mal na prova de 
quinta, terão aula de reforço. 
Restritivas
Restringem o sentido de um termo 
dito anteriormente. NUNCA serão 
acompanhadas por vírgula.
Os alunos que foram mal na prova de quinta 
terão aula de reforço. 
LÍNGUA PORTUGUESA
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Orações Subordinadas Adverbiais
Causais
Assumem a função de advérbio de causa
Estou vestida assim porque vou sair. 
Consecutivas
Assumem a função de advérbio de 
consequência 
Falou tanto que ficou rouca o resto do dia. 
Comparativas
Assumem a função de advérbio de 
comparação
A menina comia como um adulto come. 
Condicionais
Assumem a função de advérbio de 
condição
Desde que ele participe, poderá entrar na 
reunião. 
Conformativas
Assumem a função de advérbio de 
conformidade
O shopping fechou, conforme havíamos 
previsto. 
Concessivas
Assumem a função de advérbio de 
concessão
Embora eu esteja triste, irei à festa mais 
tarde. 
Finais
Assumem a função de advérbio de 
finalidade
Vamos direcionar os esforços para que todos 
tenham acesso aos benefícios.
Proporcionais
Assumem a função de advérbio de 
proporção 
Quanto mais eu dormia, mais sono tinha. 
Temporais
Assumem a função de advérbio de 
tempo
Quando a noite chega, os morcegos saem de 
suas casas. 
Olha como esse quadro facilita a vida, não é?! Por meio dele, conseguimos ter uma visão geral das classificações e subclassificações 
das orações, o que nos deixa mais tranquilos para estudá-las. 
CONCORDÂNCIA: NOMINAL E VERBAL
Concordância Nominal
Os adjetivos, os pronomes adjetivos, os numerais e os artigos concordam em gênero e número com os substantivos aos quais se 
referem.
Os nossos primeiros contatos começaram de maneira amistosa.
Casos Especiais de Concordância Nominal
• Menos e alerta são invariáveis na função de advérbio: 
Colocou menos roupas na mala./ Os seguranças continuam alerta.
• Pseudo e todo são invariáveis quando empregados na formação de palavras compostas: 
Cuidado com os pseudoamigos./ Ele é o chefe todo-poderoso.
• Mesmo, próprio, anexo, incluso, quite e obrigado variam de acordo com o substantivo a que se referem: 
Elas mesmas cozinhavam./ Guardou as cópias anexas.
• Muito, pouco, bastante, meio, caro e barato variam quando pronomes indefinidos adjetivos e numerais e são invariáveis quando 
advérbios: 
Muitas vezes comemos muito./ Chegou meio atrasada./ Usou meia dúzia de ovos.
• Só varia quando adjetivo e não varia quando advérbio:
Os dois andavam sós./ A respostas só eles sabem.
• É bom, é necessário, é preciso, é proibido variam quando o substantivo estiver determinado por artigo: 
É permitida a coleta de dados./ É permitido coleta de dados.
LÍNGUA PORTUGUESA
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Concordância Verbal
O verbo concorda com seu sujeito em número e pessoa: 
O público aplaudiu o ator de pé./ A sala e quarto eram enor-
mes.
Concordância ideológica ou silepse
• Silepse de gênero trata-se da concordância feita com o gêne-
ro gramatical (masculino ou feminino) que está subentendido no 
contexto.
Vossa Excelência parece satisfeito com as pesquisas.
Blumenau estava repleta de turistas.
• Silepse de número trata-se da concordância feita com o nú-
mero gramatical (singular ou plural) que está subentendido no con-
texto.
O elenco voltou ao palco e [os atores] agradeceram os aplau-
sos.
• Silepse de pessoa trata-se da concordância feita com a pes-
soa gramatical que está subentendida no contexto.
O povo temos memória curta em relação às promessas dos po-
líticos.
REGÊNCIA: NOMINAL E VERBAL
• Regência Nominal 
A regência nominal estuda os casos em que nomes (substan-
tivos, adjetivos e advérbios) exigem outra palavra para completar-
-lhes o sentido. Em geral a relação entre um nome e o seu comple-
mento é estabelecida por uma preposição.
• Regência Verbal
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre o 
verbo (termo regente) e seu complemento (termo regido). 
Isto pertence a todos.
Regência de algumas palavras
Esta palavra combina com Esta preposição
Acessível a
Apto a, para
Atencioso com, para com
Coerente com
Conforme a, com
Dúvida acerca de, de, em, sobre
Empenho de, em, por
Fácil a, de, para, 
Junto a, de
Pendente de
Preferível a
Próximo a, de
Respeito a, com, de, para com, por
Situado a, em, entre
Ajudar (a fazer algo) a
Aludir (referir-se) a
Aspirar (desejar, pretender) a
Assistir (dar assistência) Não usa preposição
Deparar (encontrar) com
Implicar (consequência) Não usa preposição
Lembrar Não usa preposição
Pagar (pagar a alguém) a
Precisar (necessitar) de
Proceder (realizar) a
Responder a
Visar ( ter como objetivo 
pretender)
a
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS 
QUE NÃO ESTÃO
AQUI!
COLOCAÇÃO PRONOMINAL
A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia da 
frase. A tendência do português falado no Brasil é o uso do prono-
me antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em que a norma 
culta prescreve o emprego do pronome no meio – mesóclise – ou 
após o verbo – ênclise.
De acordo com a norma culta, no português escrito não se ini-
cia um período com pronome oblíquo átono. Assim, se na lingua-
gem falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem escrita, 
formal, usa-se “Encontrei-me’’ com ele.
Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem bem 
as poucas regras de mesóclise e ênclise. Assim, sempre que estas 
não forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos que preju-
dique a eufonia da frase.
Próclise
Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo.
Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade.
Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero pa-
cientemente.
Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a ênclise: 
Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus.
Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui.
Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada.
Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa?
Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito ante-
posto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor!
Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita!
Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não 
sejam reduzidas: Percebia que o observavam.
Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plantando, 
tudo dá.
Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus in-
tentos são para nos prejudicarem.
Ênclise
Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo.
Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do 
indicativo: Trago-te flores.
Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verdade!
Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela pre-
posição em: Saí, deixando-a aflita.
LÍNGUA PORTUGUESA
12
Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com 
outras preposições é facultativo o emprego de ênclise ou próclise: 
Apressei-me a convidá-los.
Mesóclise
Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo.
É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou no 
futuro do pretérito que iniciam a oração.
Dir-lhe-ei toda a verdade.
Far-me-ias um favor?
Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de 
qualquer outro fator de atração, ocorrerá a próclise.
Eu lhe direi toda a verdade.
Tu me farias um favor?
Colocação do pronome átono nas locuções verbais
Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução verbal 
não vier precedida de um fator de próclise, o pronome átono deve-
rá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal.
Exemplos:
Devo-lhe dizer a verdade.
Devo dizer-lhe a verdade.
Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar antes 
do auxiliar ou depois do principal.
Exemplos:
Não lhe devo dizer a verdade.
Não devo dizer-lhe a verdade.
Verbo principal no particípio: Se não houver fator de próclise, 
o pronome átono ficará depois do auxiliar.
Exemplo: Havia-lhe dito a verdade.
Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes do 
auxiliar.
Exemplo: Não lhe havia dito a verdade. 
Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar depois 
do infinitivo.
Exemplos:
Hei de dizer-lhe a verdade.
Tenho de dizer-lhe a verdade. 
Observação
Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções:
Devo-lhe dizer tudo.
Estava-lhe dizendo tudo.
Havia-lhe dito tudo.
PONTUAÇÃO
Pontuação
Com Nina Catach, entendemos por pontuação um “sistema 
de reforço da escrita, constituído de sinais sintáticos, destinados 
a organizar as relações e a proporção das partes do discurso e das 
pausas orais e escritas. Estes sinais também participam de todas as 
funções da sintaxe, gramaticais, entonacionais e semânticas”. (BE-
CHARA, 2009, p. 514)
A partir da definição citada por Bechara podemos perceber a 
importância dos sinais de pontuação, que é constituída por alguns 
sinais gráficos assim distribuídos: os separadores (vírgula [ , ], pon-
to e vírgula [ ; ], ponto final [ . ], ponto de exclamação [ ! ], reti-
cências [ ... ]), e os de comunicação ou “mensagem” (dois pontos 
[ : ], aspas simples [‘ ’], aspas duplas [ “ ” ], travessão simples [ – ], 
travessão duplo [ — ], parênteses [ ( ) ], colchetes ou parênteses 
retos [ [ ] ], chave aberta [ { ], e chave fechada [ } ]).
Ponto ( . )
O ponto simples final, que é dos sinais o que denota maior pau-
sa, serve para encerrar períodos que terminem por qualquer tipo 
de oração que não seja a interrogativa direta, a exclamativa e as 
reticências.
Estaremos presentes na festa.
Ponto de interrogação ( ? )
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação interrogati-
va ou de incerteza, real ou fingida, também chamada retórica.
Você vai à festa?
Ponto de exclamação ( ! )
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação exclama-
tiva. 
Ex: Que bela festa!
Reticências ( ... )
Denotam interrupção ou incompletude do pensamento (ou 
porque se quer deixar em suspenso, ou porque os fatos se dão com 
breve espaço de tempo intervalar, ou porque o nosso interlocutor 
nos toma a palavra), ou hesitação em enunciá-lo.
Ex: Essa festa... não sei não, viu.
Dois-pontos ( : )
Marcam uma supressão de voz em frase ainda não concluída. 
Em termos práticos, este sinal é usado para: Introduzir uma citação 
(discurso direto) e introduzir um aposto explicativo, enumerativo, 
distributivo ou uma oração subordinada substantiva apositiva.
Ex: Uma bela festa: cheia de alegria e comida boa. 
Ponto e vírgula ( ; )
Representa uma pausa mais forte que a vírgula e menos que o 
ponto, e é empregado num trecho longo, onde já existam vírgulas, 
para enunciar pausa mais forte, separar vários itens de uma enu-
meração (frequente em leis), etc.
Ex: Vi na festa os deputados, senadores e governador; vi tam-
bém uma linda decoração e bebidas caras. 
Travessão ( — )
Não confundir o travessão com o traço de união ou hífen e com 
o traço de divisão empregado na partição de sílabas (ab-so-lu-ta-
-men-te) e de palavras no fim de linha. O travessão pode substituir 
vírgulas, parênteses, colchetes, para assinalar uma expressão inter-
calada e pode indicar a mudança de interlocutor, na transcrição de 
um diálogo, com ou sem aspas. 
Ex: Estamos — eu e meu esposo — repletos de gratidão. 
Parênteses e colchetes ( ) – [ ]
Os parênteses assinalam um isolamento sintático e semântico 
mais completo dentro do enunciado, além de estabelecer maior 
intimidade entre o autor e o seu leitor. Em geral, a inserção do 
parêntese é assinalada por uma entonação especial. Intimamente 
ligados aos parênteses pela sua função discursiva, os colchetes são 
utilizados quando já se acham empregados os parênteses, para in-
troduzirem uma nova inserção.
Ex: Vamos estar presentes na festa (aquela organizada pelo 
governador)
LÍNGUA PORTUGUESA
13
Aspas ( “ ” )
As aspas são empregadas para dar a certa expressão sentido 
particular (na linguagem falada é em geral proferida com entoação 
especial) para ressaltar uma expressão dentro do contexto ou para 
apontar uma palavra como estrangeirismo ou gíria. É utilizada, ain-
da, para marcar o discurso direto e a citação breve.
Ex: O “coffe break” da festa estava ótimo.
Vírgula
São várias as regras que norteiam o uso das vírgulas. Eviden-
ciaremos, aqui, os principais usos desse sinal de pontuação. Antes 
disso, vamos desmistificar três coisas que ouvimos em relação à 
vírgula: 
1º – A vírgula não é usada por inferência. Ou seja: não “senti-
mos” o momento certo de fazer uso dela. 
2º – A vírgula não é usada quando paramos para respirar. Em 
alguns contextos, quando, na leitura de um texto, há uma vírgula, o 
leitor pode, sim, fazer uma pausa, mas isso não é uma regra. Afinal, 
cada um tem seu tempo de respiração, não é mesmo?!?!
3º – A vírgula tem sim grande importância na produção de tex-
tos escritos. Não caia na conversa de algumas pessoas de que ela é 
menos importante
e que pode ser colocada depois. 
Agora, precisamos saber que a língua portuguesa tem uma or-
dem comum de construção de suas frases, que é Sujeito > Verbo > 
Objeto > Adjunto, ou seja, (SVOAdj). 
Maria foi à padaria ontem.
Sujeito Verbo Objeto Adjunto
Perceba que, na frase acima, não há o uso de vírgula. Isso ocor-
re por alguns motivos:
1) NÃO se separa com vírgula o sujeito de seu predicado. 
2) NÃO se separa com vírgula o verbo e seus complementos. 
3) Não é aconselhável usar vírgula entre o complemento do 
verbo e o adjunto. 
Podemos estabelecer, então, que se a frase estiver na ordem 
comum (SVOAdj), não usaremos vírgula. Caso contrário, a vírgula é 
necessária: 
Ontem, Maria foi à padaria.
Maria, ontem, foi à padaria.
À padaria, Maria foi ontem.
Além disso, há outros casos em que o uso de vírgulas é neces-
sário:
• Separa termos de mesma função sintática, numa enumera-
ção.
Simplicidade, clareza, objetividade, concisão são qualidades a 
serem observadas na redação oficial.
• Separa aposto.
Aristóteles, o grande filósofo, foi o criador da Lógica.
• Separa vocativo.
Brasileiros, é chegada a hora de votar.
• Separa termos repetidos.
Aquele aluno era esforçado, esforçado.
• Separa certas expressões explicativas, retificativas, exempli-
ficativas, como: isto é, ou seja, ademais, a saber, melhor dizendo, 
ou melhor, quer dizer, por exemplo, além disso, aliás, antes, com 
efeito, digo.
O político, a meu ver, deve sempre usar uma linguagem clara, 
ou seja, de fácil compreensão.
• Marca a elipse de um verbo (às vezes, de seus complemen-
tos).
O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os particula-
res. (= ... a portaria regulamenta os casos particulares)
• Separa orações coordenadas assindéticas.
Levantava-me de manhã, entrava no chuveiro, organizava as 
ideias na cabeça...
• Isola o nome do lugar nas datas.
Rio de Janeiro, 21 de julho de 2006.
• Isolar conectivos, tais como: portanto, contudo, assim, dessa 
forma, entretanto, entre outras. E para isolar, também, expressões 
conectivas, como: em primeiro lugar, como supracitado, essas in-
formações comprovam, etc.
Fica claro, portanto, que ações devem ser tomadas para ame-
nizar o problema.
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO - LEITU-
RA E ANÁLISE DE TEXTOS VERBAIS E NÃO VERBAIS: 
OS PROPÓSITOS DO AUTOR E SUAS IMPLICAÇÕES NA 
ORGANIZAÇÃO DO TEXTO, COMPREENSÃO DE IN-
FORMAÇÕES IMPLÍCITAS E EXPLÍCITAS, LINGUAGENS 
DENOTATIVA E CONOTATIVA, ELEMENTOS FICCIONAIS 
E NÃO FICCIONAIS
Compreensão e interpretação de textos
Chegamos, agora, em um ponto muito importante para todo o 
seu estudo: a interpretação de textos. Desenvolver essa habilidade 
é essencial e pode ser um diferencial para a realização de uma boa 
prova de qualquer área do conhecimento. 
Mas você sabe a diferença entre compreensão e interpreta-
ção?
A compreensão é quando você entende o que o texto diz de 
forma explícita, aquilo que está na superfície do texto. 
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Por meio dessa frase, podemos entender que houve um tempo 
que Jorge era infeliz, devido ao cigarro. 
A interpretação é quando você entende o que está implícito, 
nas entrelinhas, aquilo que está de modo mais profundo no texto 
ou que faça com que você realize inferências. 
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Já compreendemos que Jorge era infeliz quando fumava, mas 
podemos interpretar que Jorge parou de fumar e que agora é feliz. 
Percebeu a diferença? 
Tipos de Linguagem
Existem três tipos de linguagem que precisamos saber para 
que facilite a interpretação de textos.
• Linguagem Verbal é aquela que utiliza somente palavras. Ela 
pode ser escrita ou oral. 
LÍNGUA PORTUGUESA
14
• Linguagem não-verbal é aquela que utiliza somente imagens, 
fotos, gestos... não há presença de nenhuma palavra.
• Linguagem Mista (ou híbrida) é aquele que utiliza tanto as pa-
lavras quanto as imagens. Ou seja, é a junção da linguagem verbal 
com a não-verbal. 
Além de saber desses conceitos, é importante sabermos iden-
tificar quando um texto é baseado em outro. O nome que damos a 
este processo é intertextualidade. 
Interpretação de Texto 
Interpretar um texto quer dizer dar sentido, inferir, chegar a uma 
conclusão do que se lê. A interpretação é muito ligada ao subentendi-
do. Sendo assim, ela trabalha com o que se pode deduzir de um texto.
A interpretação implica a mobilização dos conhecimentos pré-
vios que cada pessoa possui antes da leitura de um determinado 
texto, pressupõe que a aquisição do novo conteúdo lido estabeleça 
uma relação com a informação já possuída, o que leva ao cresci-
mento do conhecimento do leitor, e espera que haja uma aprecia-
ção pessoal e crítica sobre a análise do novo conteúdo lido, afetan-
do de alguma forma o leitor.
Sendo assim, podemos dizer que existem diferentes tipos de 
leitura: uma leitura prévia, uma leitura seletiva, uma leitura analíti-
ca e, por fim, uma leitura interpretativa.
É muito importante que você:
- Assista os mais diferenciados jornais sobre a sua cidade, esta-
do, país e mundo;
- Se possível, procure por jornais escritos para saber de notícias 
(e também da estrutura das palavras para dar opiniões);
- Leia livros sobre diversos temas para sugar informações orto-
gráficas, gramaticais e interpretativas;
- Procure estar sempre informado sobre os assuntos mais po-
lêmicos;
- Procure debater ou conversar com diversas pessoas sobre 
qualquer tema para presenciar opiniões diversas das suas.
Dicas para interpretar um texto:
– Leia lentamente o texto todo.
No primeiro contato com o texto, o mais importante é tentar 
compreender o sentido global do texto e identificar o seu objetivo. 
– Releia o texto quantas vezes forem necessárias.
Assim, será mais fácil identificar as ideias principais de cada pa-
rágrafo e compreender o desenvolvimento do texto.
– Sublinhe as ideias mais importantes.
Sublinhar apenas quando já se tiver uma boa noção da ideia 
principal e das ideias secundárias do texto. 
– Separe fatos de opiniões.
O leitor precisa separar o que é um fato (verdadeiro, objetivo 
e comprovável) do que é uma opinião (pessoal, tendenciosa e mu-
tável). 
– Retorne ao texto sempre que necessário.
Além disso, é importante entender com cuidado e atenção os 
enunciados das questões.
– Reescreva o conteúdo lido.
Para uma melhor compreensão, podem ser feitos resumos, tó-
picos ou esquemas.
Além dessas dicas importantes, você também pode grifar pa-
lavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu vocabu-
lário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas são uma 
distração, mas também um aprendizado.
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a com-
preensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula nos-
sa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora 
nosso foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além 
de melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de memória.
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias se-
letas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela 
ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão 
do texto.
O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a 
identificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se as 
ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou ex-
plicações, que levem ao esclarecimento das questões apresentadas 
na prova. 
Compreendido tudo isso, interpretar significa extrair um sig-
nificado. Ou seja, a ideia está lá, às vezes escondida, e por isso o 
candidato só precisa entendê-la – e não a complementar com al-
gum valor individual. Portanto, apegue-se tão somente ao texto, e 
nunca extrapole a visão dele.
LÍNGUA PORTUGUESA
15
IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO
O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia 
principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga 
identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferen-
tes informações de forma a construir o
seu sentido global, ou seja, 
você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo 
significativo, que é o texto.
Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler 
um texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título. 
Pois o título cumpre uma função importante: antecipar informa-
ções sobre o assunto que será tratado no texto.
Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura por-
que achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se atra-
ído pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito 
comum as pessoas se interessarem por temáticas diferentes, de-
pendendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, preferências 
pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, se-
xualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuidados com 
o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente in-
finitas e saber reconhecer o tema de um texto é condição essen-
cial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar nossos 
estudos?
Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício 
bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um texto: 
reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?
CACHORROS
Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma es-
pécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram aos 
seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa ami-
zade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas 
precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perceberam que, 
se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a 
comida que sobrava. Já os homens descobriram que os cachorros 
podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da 
casa, além de serem ótimos companheiros. Um colaborava com o 
outro e a parceria deu certo.
Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o pos-
sível assunto abordado no texto. Embora você imagine que o texto 
vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele 
falaria sobre cães. Repare que temos várias informações ao longo 
do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a asso-
ciação entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo 
mundo, as vantagens da convivência entre cães e homens.
As informações que se relacionam com o tema chamamos de 
subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se integram, 
ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unida-
de de sentido. Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto 
fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você chegou à 
conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães. 
Se foi isso que você pensou, parabéns! Isso significa que você foi 
capaz de identificar o tema do texto!
Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-ideias-
-secundarias/
IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM 
TEXTOS VARIADOS
Ironia
Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que 
está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio ou 
com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem). 
A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou ex-
pressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha um 
novo sentido, gerando um efeito de humor.
Exemplo:
Na construção de um texto, ela pode aparecer em três modos: 
ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica).
Ironia verbal
Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig-
nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a 
intenção são diferentes.
Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível!
Ironia de situação
A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o 
resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja.
Exemplo: Quando num texto literário uma personagem plane-
ja uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. No 
livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a 
personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da 
vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem suces-
so. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que 
planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou famoso após a 
morte.
LÍNGUA PORTUGUESA
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Ironia dramática (ou satírica)
A ironia dramática é um dos efeitos de sentido que ocorre nos 
textos literários quando a personagem tem a consciência de que 
suas ações não serão bem-sucedidas ou que está entrando por um 
caminho ruim, mas o leitor já tem essa consciência.
Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o 
que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil apa-
recer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exem-
plo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da história 
irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens agem ao 
longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a 
plateia já sabe que eles não serão bem-sucedidos. 
Humor
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pare-
çam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de humor.
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas comparti-
lham da característica do efeito surpresa. O humor reside em ocor-
rer algo fora do esperado numa situação.
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as 
tirinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito cômi-
co; há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequente-
mente acessadas como forma de gerar o riso.
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em 
quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges.
Exemplo:
ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O GÊ-
NERO EM QUE SE INSCREVE 
Compreender um texto trata da análise e decodificação do que 
de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Inter-
pretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao 
conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação trabalha 
com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto.
Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual-
quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia 
principal. Compreender relações semânticas é uma competência 
imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.
Quando não se sabe interpretar corretamente um texto po-
de-se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimento 
profissional, mas também o desenvolvimento pessoal.
Busca de sentidos
Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo 
os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na 
apreensão do conteúdo exposto.
Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma 
relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já 
citadas ou apresentando novos conceitos.
Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explici-
tadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conceder 
espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas 
entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que não quer dizer 
que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun-
damental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas. 
Importância da interpretação
A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se 
informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a inter-
pretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos 
específicos, aprimora a escrita.
Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros 
fatores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes 
presentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz 
suficiente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre releia o 
texto, pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreen-
dentes que não foram observados previamente. Para auxiliar na 
busca de sentidos do texto, pode-se também retirar dele os tópicos 
frasais presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará
na 
apreensão do conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos 
não estão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira 
aleatória, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem ne-
cessários, estabelecendo uma relação hierárquica do pensamento 
defendido, retomando ideias já citadas ou apresentando novos 
conceitos.
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo au-
tor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para 
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. 
Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você 
precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que 
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas. 
Ler com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão, 
assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes.
Diferença entre compreensão e interpretação
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do 
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpreta-
ção imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O 
leitor tira conclusões subjetivas do texto.
Gêneros Discursivos
Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso-
nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou 
totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma 
novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. No 
romance nós temos uma história central e várias histórias secun-
dárias.
 
Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente 
imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas perso-
nagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única 
ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações 
encaminham-se diretamente para um desfecho.
 
Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferencia-
do por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e tem 
a história principal, mas também tem várias histórias secundárias. 
O tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e local são 
definidos pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem 
um ritmo mais acelerado do que a do romance por ter um texto 
mais curto.
LÍNGUA PORTUGUESA
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 Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações 
que nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a ironia para 
mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não 
é relevante e quando é citado, geralmente são pequenos intervalos 
como horas ou mesmo minutos.
 
Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da lin-
guagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o momento, 
a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de 
imagens. 
 
Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a 
opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assunto 
que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é con-
vencer o leitor a concordar com ele.
 
Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um 
entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informações. 
Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas 
de destaque sobre algum assunto de interesse. 
Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materiali-
za em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite as 
crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudan-
do os professores a identificar o nível de alfabetização delas.
Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo 
de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma certa 
liberdade para quem recebe a informação.
 
DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO
Fato
O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência 
do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato pode é 
uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma ma-
neira, através de algum documento, números, vídeo ou registro. 
Exemplo de fato:
A mãe foi viajar.
Interpretação
É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos 
quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas cau-
sas, previmos suas consequências. 
Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se 
apontamos uma causa ou consequência, é necessário que seja 
plausível. Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou 
diferenças sejam detectáveis.
Exemplos de interpretação:
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
tro país.
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão 
do que com a filha.
Opinião 
A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um 
juízo de valor. É um julgamento que tem como base a interpretação 
que fazemos do fato. 
Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coerên-
cia que mantêm com a interpretação do fato. É uma interpretação 
do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião 
pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores socioculturais.
Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpretações 
anteriores:
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
tro país. Ela tomou uma decisão acertada.
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão 
do que com a filha. Ela foi egoísta.
Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião. 
Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên-
cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previsões 
positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já esta-
mos expressando nosso julgamento. 
É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião, 
principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quando 
analisamos um texto dissertativo.
Exemplo:
A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando 
com o sofrimento da filha.
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS 
Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si 
ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento do 
texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar as 
ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no texto. 
Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pensamento 
e o do leitor.
Parágrafo
O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que é 
desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser forma-
do por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto 
dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos rela-
cionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apre-
sentada na introdução.
Embora existam diferentes formas de organização de parágra-
fos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jorna-
lísticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste 
em três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvol-
vem a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafirma a ideia-básica). Em 
parágrafos curtos, é raro haver conclusão.
Introdução: faz uma rápida apresentação do assunto e já traz 
uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que você irá 
identificar qual o problema do texto, o porque ele está sendo escrito. 
Normalmente o tema e o problema são dados pela própria prova.
Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos e 
ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É possí-
vel usar argumentos de várias formas, desde dados estatísticos até 
citações de pessoas que tenham autoridade no assunto.
Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abordado 
e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias ma-
neiras diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto criando 
uma pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as suas próprias 
conclusões a partir das ideias e argumentos do desenvolvimento.
Outro aspecto que merece especial atenção são os conecto-
res. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura mais 
fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico entre as 
ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no interior do pe-
ríodo, e o tópico que o antecede. 
LÍNGUA
PORTUGUESA
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Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto 
ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência também 
para a clareza do texto. 
Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, advér-
bios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, muitas 
vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se obscuro, 
sem coerência.
Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumenta-
tivos, e por conta disso é mais fácil para os leitores. 
Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa es-
trutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensamento 
mais direto.
NÍVEIS DE LINGUAGEM
Definição de linguagem
Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias 
ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos, 
gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia dependendo 
da idade, cultura, posição social, profissão etc. A maneira de arti-
cular as palavras, organizá-las na frase, no texto, determina nossa 
linguagem, nosso estilo (forma de expressão pessoal).
As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, com 
o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que só as 
incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o grupo so-
cial. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam na língua 
e caem em desuso.
Língua escrita e língua falada
A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua 
falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar grande 
parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entonação, 
e ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua falada 
é mais descontraída, espontânea e informal, porque se manifesta 
na conversação diária, na sensibilidade e na liberdade de expressão 
do falante. Nessas situações informais, muitas regras determinadas 
pela língua padrão são quebradas em nome da naturalidade, da li-
berdade de expressão e da sensibilidade estilística do falante.
Linguagem popular e linguagem culta
Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lingua-
gem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na fala, 
nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que ela esteja 
presente em poesias (o Movimento Modernista Brasileiro procu-
rou valorizar a linguagem popular), contos, crônicas e romances em 
que o diálogo é usado para representar a língua falada.
Linguagem Popular ou Coloquial
Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se qua-
se sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de 
linguagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbaris-
mo – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; 
pleonasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coorde-
nação, que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem 
popular está presente nas conversas familiares ou entre amigos, 
anedotas, irradiação de esportes, programas de TV e auditório, no-
velas, na expressão dos esta dos emocionais etc.
A Linguagem Culta ou Padrão
É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que 
se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas ins-
truídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediên-
cia às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem 
escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial, 
mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas, 
conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científi-
cas, noticiários de TV, programas culturais etc.
Gíria
A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais como 
arma de defesa contra as classes dominantes. Esses grupos utilizam 
a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensa-
gens sejam decodificadas apenas por eles mesmos.
Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam 
o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de 
comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam os 
novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria pode 
acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vocabulário 
de pequenos grupos ou cair em desuso.
Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “galera”, 
“mina”, “tipo assim”.
Linguagem vulgar
Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco 
ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar 
há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na 
comida”.
Linguagem regional
Regionalismos são variações geográficas do uso da língua pa-
drão, quanto às construções gramaticais e empregos de certas pa-
lavras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares amazôni-
co, nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino.
Tipos e gêneros textuais
Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e abran-
gentes que objetivam a distinção e definição da estrutura, bem 
como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descrição e 
explicação. Eles apresentam estrutura definida e tratam da forma 
como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco tipos clás-
sicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, expositivo (ou 
dissertativo-expositivo) dissertativo e narrativo. Vejamos alguns 
exemplos e as principais características de cada um deles. 
Tipo textual descritivo
A descrição é uma modalidade de composição textual cujo 
objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma 
pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto, 
um movimento etc.
Características principais:
• Os recursos formais mais encontrados são os de valor adje-
tivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjetiva), por sua função 
caracterizadora.
• Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa enu-
meração.
• A noção temporal é normalmente estática.
• Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a defini-
ção.
• Normalmente aparece dentro de um texto narrativo.
• Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, anún-
cio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial.
Exemplo:
Era uma casa muito engraçada
Não tinha teto, não tinha nada
Ninguém podia entrar nela, não
Porque na casa não tinha chão
Ninguém podia dormir na rede
Porque na casa não tinha parede
LÍNGUA PORTUGUESA
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Ninguém podia fazer pipi
Porque penico não tinha ali
Mas era feita com muito esmero
Na rua dos bobos, número zero
(Vinícius de Moraes)
TIPO TEXTUAL INJUNTIVO
A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe, 
instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o 
tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos e 
comportamentos, nas leis jurídicas.
Características principais:
• Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com ver-
bos de comando, com tom imperativo; há também o uso do futuro 
do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas).
• Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de 2ª 
pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc.
Exemplo:
Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Eleito-
ral) – Não podem alistar-se eleitores: os que não saibam exprimir-se 
na língua nacional, e os que estejam privados, temporária ou defi-
nitivamente dos direitos políticos. Os militares são alistáveis, desde 
que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha, subtenentes ou 
suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino su-
perior para formação de oficiais.
Tipo textual expositivo
A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver racio-
cínio, analisar contextos, dados e fatos, por meio de exposição, dis-
cussão, argumentação e defesa do que pensamos. A dissertação 
pode ser expositiva ou argumentativa. 
A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um as-
sunto de maneira atemporal, com o objetivo de explicá-lo de ma-
neira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar debate.
Características principais:
• Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
• O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, infor-
mar.
•
Normalmente a marca da dissertação é o verbo no presente.
• Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defesa 
de ponto de vista.
• Apresenta linguagem clara e imparcial.
Exemplo:
O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no 
questionamento, na reflexão, na polemização, no debate, na ex-
pressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um de-
terminado tema. 
Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a disserta-
ção expositiva (ou informativa) e a argumentativa (ou opinativa).
Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um as-
sunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente.
Tipo textual dissertativo-argumentativo
Este tipo de texto — muito frequente nas provas de concur-
sos — apresenta posicionamentos pessoais e exposição de ideias 
apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de objetividade, 
clareza, respeito pelo registro formal da língua e coerência, seu in-
tuito é a defesa de um ponto de vista que convença o interlocutor 
(leitor ou ouvinte).
Características principais:
• Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimento 
e conclusão): ideia principal do texto (tese); argumentos (estraté-
gias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, testemunho 
de autoridade, citações, confronto, comparação, fato, exemplo, 
enumeração...); conclusão (síntese dos pontos principais com su-
gestão/solução).
• Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumenta-
ções informais) e na 3ª pessoa do presente do indicativo (normal-
mente nas argumentações formais) para imprimir uma atemporali-
dade e um caráter de verdade ao que está sendo dito.
• Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas modali-
zações discursivas (indicando noções de possibilidade, certeza ou 
probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos exaltados.
• Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com o de-
senvolvimento coerente da ideia principal, evitando-se rodeios.
Exemplo:
A maioria dos problemas existentes em um país em desenvol-
vimento, como o nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente 
administração política (tese), porque a força governamental certa-
mente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais – por negligência 
de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes metró-
poles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do RJ e os 
traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se for do desejo 
dos políticos uma mudança radical visando o bem-estar da popula-
ção, isso é plenamente possível (estratégia argumentativa: fato-
-exemplo). É importante salientar, portanto, que não devemos ficar 
de mãos atadas à espera de uma atitude do governo só quando o 
caos se estabelece; o povo tem e sempre terá de colaborar com uma 
cobrança efetiva (conclusão).
Tipo textual narrativo
O texto narrativo é uma modalidade textual em que se conta 
um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e 
lugar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um en-
redo, personagens, tempo, espaço e narrador (ou foco narrativo).
Características principais:
• O tempo verbal predominante é o passado.
• Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da his-
tória – onipresente) ou de 3ª pessoa (não participa da história – 
onisciente).
• Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em 
prosa, não em verso.
Exemplo:
Solidão
João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão era 
o que o tornava assim. Conheceu Maria, também solteira, só e fe-
liz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão. Casam-se. 
Dura poucas semanas. Não havia mesmo como dar certo: ao se uni-
rem, um tirou do outro a essência da felicidade. 
Nelson S. Oliveira
Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossurre-
ais/4835684 
GÊNEROS TEXTUAIS
Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferentes 
de expressão comunicativa. As muitas formas de elaboração de um 
texto se tornam gêneros, de acordo com a intenção do seu pro-
dutor. Logo, os gêneros apresentam maior diversidade e exercem 
funções sociais específicas, próprias do dia a dia. Ademais, são pas-
síveis de modificações ao longo do tempo, mesmo que preservan-
LÍNGUA PORTUGUESA
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do características preponderantes. Vejamos, agora, uma tabela que 
apresenta alguns gêneros textuais classificados com os tipos textu-
ais que neles predominam. 
Tipo Textual Predominante Gêneros Textuais
Descritivo Diário
Relatos (viagens, históricos, etc.)
Biografia e autobiografia
Notícia
Currículo
Lista de compras
Cardápio
Anúncios de classificados
Injuntivo Receita culinária
Bula de remédio
Manual de instruções
Regulamento
Textos prescritivos
Expositivo Seminários
Palestras
Conferências
Entrevistas
Trabalhos acadêmicos
Enciclopédia
Verbetes de dicionários
Dissertativo-argumentativo Editorial Jornalístico
Carta de opinião
Resenha
Artigo
Ensaio
Monografia, dissertação de 
mestrado e tese de doutorado
Narrativo Romance
Novela
Crônica
Contos de Fada
Fábula
Lendas
Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da 
forma como o texto se apresenta. Os gêneros textuais são fluidos, 
infinitos e mudam de acordo com a demanda social. 
INTERTEXTUALIDADE
A intertextualidade é um recurso realizado entre textos, ou 
seja, é a influência e relação que um estabelece sobre o outro. As-
sim, determina o fenômeno relacionado ao processo de produção 
de textos que faz referência (explícita ou implícita) aos elementos 
existentes em outro texto, seja a nível de conteúdo, forma ou de 
ambos: forma e conteúdo.
Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos, de 
forma que essa relação pode ser estabelecida entre as produções 
textuais que apresentem diversas linguagens (visual, auditiva, escri-
ta), sendo expressa nas artes (literatura, pintura, escultura, música, 
dança, cinema), propagandas publicitárias, programas televisivos, 
provérbios, charges, dentre outros.
Tipos de Intertextualidade
• Paródia: perversão do texto anterior que aparece geral-
mente, em forma de crítica irônica de caráter humorístico. Do 
grego (parodès), a palavra “paródia” é formada pelos termos 
“para” (semelhante) e “odes” (canto), ou seja, “um canto (po-
esia) semelhante a outro”. Esse recurso é muito utilizado pelos 
programas humorísticos.
• Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a 
mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a utilização 
de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (paraphrasis), 
significa a “repetição de uma sentença”.
• Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras e textos cientí-
ficos. Consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha 
alguma relação com o que será discutido no texto. Do grego, o ter-
mo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) 
e “graphé” (escrita). 
• Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa produção 
textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem expressa 
entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro autor. 
Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação sem re-
lacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o termo 
“citação” (citare) significa convocar.
• Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros 
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois 
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
• Outras formas de intertextualidade menos discutidas são 
o pastiche, o sample, a tradução e a bricolagem.
ARGUMENTAÇÃO
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informa-
ção a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem positiva 
de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente, 
ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como 
verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem 
o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele 
propõe.
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo 
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o 
conjunto de recursos
de natureza linguística destinados a persuadir 
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo 
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de 
vista defendidos.
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas 
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a 
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse 
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu-
tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o 
que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio 
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recur-
sos de linguagem.
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom 
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa 
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem 
de escolher entre duas ou mais coisas”.
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des-
vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar. 
Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas 
coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre-
cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu-
mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna 
uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no 
domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer 
que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos-
sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra.
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de 
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o 
enunciador está propondo.
LÍNGUA PORTUGUESA
21
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação. 
O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende 
demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre-
missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados 
admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de 
crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea-
mento de premissas e conclusões.
Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento:
A é igual a B.
A é igual a C.
Então: C é igual a A.
Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamen-
te, que C é igual a A.
Outro exemplo:
Todo ruminante é um mamífero.
A vaca é um ruminante.
Logo, a vaca é um mamífero.
Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão 
também será verdadeira.
No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele, 
a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se 
mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau-
sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais 
confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada 
da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um 
banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, 
confiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de 
uma instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argu-
mentativo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é 
provável que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável 
do que outro fundado há dois ou três anos.
Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase 
impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as 
pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante en-
tender bem como eles funcionam.
Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso 
acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o auditó-
rio, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto 
mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas 
expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório 
pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomi-
na. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera 
positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência 
associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos, 
essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol 
não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasi-
vo de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desva-
lorizado numa dada cultura.
Tipos de Argumento
Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fa-
zer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um argu-
mento. Exemplo:
Argumento de Autoridade
É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas 
pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, para 
servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse re-
curso produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do pro-
dutor do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao 
texto a garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do 
texto um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente 
e verdadeira. Exemplo:
“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.”
Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para 
ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há conhe-
cimento. Nunca o inverso.
Alex José Periscinoto. 
In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais im-
portante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir a 
ela, o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. 
Se um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem 
acreditar que é verdade.
Argumento de Quantidade
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior nú-
mero de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior 
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento 
desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz 
largo uso do argumento de quantidade.
Argumento do Consenso
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se 
em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como 
verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que 
o objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de 
que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao indiscu-
tível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não 
desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as 
afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de que 
as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao 
confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos argu-
mentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as frases 
carentes de qualquer base científica.
Argumento de Existência
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar 
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas 
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o ar-
gumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão 
do que dois voando”.
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais 
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas con-
cretas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Duran-
te a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exér-
cito americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. Essa 
afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser 
vista como propagandística. No entanto, quando documentada 
pela comparação do número de canhões, de carros de combate, de 
navios, etc., ganhava credibilidade.
Argumento quase lógico
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa 
e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios são 
chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios lógi-
cos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias entre os 
elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, plausíveis. 
Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “então A 
é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica. Entre-
tanto, quando se afirma
“Amigo de amigo meu é meu amigo” não se 
institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável.
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente 
aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que con-
correm para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do 
LÍNGUA PORTUGUESA
22
tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se 
fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais 
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generaliza-
ções indevidas.
Argumento do Atributo
É aquele que considera melhor o que tem propriedades típicas 
daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais 
raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o 
que é mais grosseiro, etc.
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, ce-
lebridades recomendando prédios residenciais, produtos de bele-
za, alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor 
tende a associar o produto anunciado com atributos da celebrida-
de.
Uma variante do argumento de atributo é o argumento da 
competência linguística. A utilização da variante culta e formal da 
língua que o produtor do texto conhece a norma linguística social-
mente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto 
em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de 
dizer dá confiabilidade ao que se diz.
Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saú-
de de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas ma-
neiras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais 
adequada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria 
certa estranheza e não criaria uma imagem de competência do mé-
dico:
- Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em 
conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve 
por bem determinar o internamento do governador pelo período 
de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
- Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque al-
guns deles são barrapesada, a gente botou o governador no hospi-
tal por três dias.
Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen-
tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser 
ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação 
deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, 
um texto tem sempre uma orientação argumentativa.
A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante 
traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um 
homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo 
ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto 
dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos episó-
dios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não 
outras, etc. Veja:
“O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras troca-
vam abraços afetuosos.”
O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras 
e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse 
fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até, 
que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada.
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tra-
tamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros:
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão am-
plo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu contrá-
rio. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode 
ser usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter 
valor positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir carre-
gadas de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio am-
biente, injustiça, corrupção).
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas 
por um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos 
são ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para des-
truir o argumento.
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do 
contexto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as 
e atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, 
por exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não per-
mite que outras crescam”, em que o termo imperialismo é desca-
bido, uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a 
reduzir outros à sua dependência política e econômica”.
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situa-
ção concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvi-
dos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, 
o assunto, etc).
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com ma-
nifestações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo 
mentir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas 
feitas (como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evi-
dente, afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em seu 
texto, sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador 
deve construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas 
qualidades não se prometem, manifestam-se na ação.
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer 
verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a 
que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz.
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um 
ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui 
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Ar-
gumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações para che-
gar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é um processo 
de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se 
convencer os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu 
comportamento.
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão válida, 
expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou propo-
sição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio 
empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em 
argumentos subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen-
tais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de voz, a mí-
mica e até o choro.
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, 
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a fa-
vor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apre-
senta dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha 
dos dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam 
uma “tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na dis-
sertação, ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. 
Desse ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discus-
são, debate, questionamento, o que implica a liberdade de pensa-
mento, a possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A 
liberdade de questionar é fundamental, mas não é suficiente para 
organizar um texto dissertativo. É necessária também a exposição 
dos fundamentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto 
de vista.
Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argu-
mentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de dis-
curso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia.
Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posi-
ções, é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista 
e seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas ve-
zes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre, 
LÍNGUA PORTUGUESA
23
essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício para 
aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvol-
ver as seguintes habilidades:
- argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma 
ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição total-
mente contrária;
- contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os 
argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresenta-
ria contra a argumentação proposta;
- refutação: argumentos e razões contra a argumentação
opos-
ta.
A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, ar-
gumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões 
válidas, como se procede no método dialético. O método dialético 
não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas. 
Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo 
de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em 
questão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na so-
ciedade.
Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o 
método de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que parte do 
simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mes-
ma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões 
verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes, co-
meçando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio 
de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana, 
é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes, ordenar 
os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os seus elementos 
e determinar o lugar de cada um no conjunto da dedução.
A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a 
argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro 
regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma 
série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca 
da verdade:
- evidência;
- divisão ou análise;
- ordem ou dedução;
- enumeração.
A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão 
e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o 
encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
A forma de argumentação mais empregada na redação acadê-
mica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, que 
contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a con-
clusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, que a con-
clusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa 
maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não 
caracteriza a universalidade.
Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (silo-
gística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai do 
particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo é o 
silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se em 
uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva à 
conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, de 
verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação 
de fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa 
para o efeito. Exemplo:
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal)
Fulano é homem (premissa menor = particular)
Logo, Fulano é mortal (conclusão)
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia-
se em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nes-
se caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, 
parte de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desco-
nhecidos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. 
Exemplo:
O calor dilata o ferro (particular)
O calor dilata o bronze (particular)
O calor dilata o cobre (particular)
O ferro, o bronze, o cobre são metais
Logo, o calor dilata metais (geral, universal)
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido 
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas 
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos, 
pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conclu-
são falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição inexata, 
uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são 
algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção 
deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não tem 
essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de 
argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo simples 
de sofisma no seguinte diálogo:
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu?
- Lógico, concordo.
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates?
- Claro que não!
- Então você possui um brilhante de 40 quilates...
Exemplos de sofismas:
Dedução
Todo professor tem um diploma (geral, universal)
Fulano tem um diploma (particular)
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa)
Indução
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (parti-
cular)
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular)
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades.
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral 
– conclusão falsa)
Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão 
pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são pro-
fessores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Reden-
tor. Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou 
infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise 
superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, base-
ados nos sentimentos não ditados pela razão.
Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não fundamen-
tais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da verda-
de: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem 
outros métodos particulares de algumas ciências, que adaptam os 
processos de dedução e indução à natureza de uma realidade par-
ticular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio 
demonstrativo, comparativo, histórico etc. A análise, a síntese, a 
classificação a definição são chamadas métodos sistemáticos, por-
que pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a 
pesquisa.
Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados; 
a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para o 
todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma de-
LÍNGUA PORTUGUESA
24
pende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto a 
síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém, 
que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém 
reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu 
o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstrui-
ria todo se as partes estivessem organizadas, devidamente com-
binadas, seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, 
então, o relógio estaria reconstruído.
Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por 
meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num con-
junto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise, 
que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma decompo-
sição organizada, é preciso saber como dividir o todo em partes. As 
operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim 
relacionadas:
Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias 
a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação 
de abordagens possíveis. A síntese também é importante na esco-
lha dos elementos que farão parte do texto.
Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou in-
formal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é ca-
racterística das ciências matemáticas, físico-naturais e experimen-
tais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discernir” 
por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos de 
um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno.
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabe-
lece as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as 
partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se 
confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos: 
análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenôme-
nos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a 
classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou me-
nos arbitrário, em que os caracteres comuns
e diferenciadores são 
empregados de modo mais ou menos convencional. A classificação, 
no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros e 
espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas caracterís-
ticas comuns e diferenciadoras. A classificação dos variados itens 
integrantes de uma lista mais ou menos caótica é artificial.
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, cami-
nhão, canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, 
relógio, sabiá, torradeira.
Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.
Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira.
Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.
Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabé-
tica e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer critérios de 
classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, é 
uma habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimento de 
uma redação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato mais 
importante para o menos importante, ou decrescente, primeiro o 
menos importante e, no final, o impacto do mais importante; é in-
dispensável que haja uma lógica na classificação. A elaboração do 
plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou seja, 
os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização. 
(Garcia, 1973, p. 302304.)
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na 
introdução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para ex-
pressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e 
racionalmente as posições assumidas e os argumentos que as jus-
tificam. É muito importante deixar claro o campo da discussão e a 
posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também 
os pontos de vista sobre ele.
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lingua-
gem e consiste na enumeração das qualidades próprias de uma 
ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a 
espécie a que pertence, demonstra: a característica que o diferen-
cia dos outros elementos dessa mesma espécie.
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição 
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. A 
definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às pa-
lavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou 
metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica 
tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos:
- o termo a ser definido;
- o gênero ou espécie;
- a diferença específica.
O que distingue o termo definido de outros elementos da mes-
ma espécie. Exemplo:
Na frase: O homem é um animal racional classifica-se:
 
 
 Elemento especie diferença
 a ser definido específica
É muito comum formular definições de maneira defeituosa, 
por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em par-
tes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é 
advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é 
forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importan-
te é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, 
p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”. 
Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos:
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em 
que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está 
realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta 
ou instalação”;
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos 
os exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restri-
to para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade;
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, 
definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”;
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui 
definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem” 
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem);
- deve ser breve (contida num só período). Quando a definição, 
ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos 
ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição ex-
pandida;d
- deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) + 
cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos 
(as diferenças). 
As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de 
paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística que 
consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a pala-
vra e seus significados. 
A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sem-
pre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira e 
necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada 
LÍNGUA PORTUGUESA
25
com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do 
mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma funda-
mentação coerente e adequada.
Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clás-
sica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julgamento 
da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode re-
conhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras ve-
zes, as premissas e as conclusões organizam-se de modo livre, mis-
turando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender 
a reconhecer os elementos que constituem um argumento: premis-
sas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais elementos 
são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argumento está 
expresso corretamente; se há coerência e adequação entre seus 
elementos, ou se há contradição. Para isso é que se aprende os 
processos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se 
que raciocinar é relacionar, conclui-se que o argumento é um tipo 
específico de relação entre as premissas e a conclusão.
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimen-
tos argumentativos mais empregados para comprovar uma afirma-
ção: exemplificação, explicitação, enumeração, comparação.
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio 
de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns nes-
se tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de maior 
relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, acompa-
nhados de expressões: considerando os dados; conforme os dados 
apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apresentação de 
causas e consequências, usando-se comumente as expressões: por-
que, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por causa de, em 
virtude de, em vista de, por motivo de.
Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é explicar 
ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar 
esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpreta-
ção. Na explicitação por definição, empregamse expressões como: 
quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista, 
ou melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme, 
segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no 
entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela 
interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: pare-
ce, assim, desse ponto de vista.
Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de 
elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração 
de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são 
frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, de-
pois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, de-
pois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente, 
respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de 
espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí, 
além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no 
interior, nas grandes cidades, no sul, no leste...
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de 
se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar uma 
ideia ou opinião. Na analogia,
são comuns as expressões: da mesma 
forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para esta-
belecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, menos 
que, melhor que, pior que.
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar 
o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se:
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade 
reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma afir-
mação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a credi-
bilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no 
corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer 
uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na li-
nha de raciocínio que ele considera mais adequada para explicar ou 
justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tem mais 
caráter confirmatório que comprobatório.
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam expli-
cação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido por 
consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. Nesse 
caso, incluem-se
- A declaração que expressa uma verdade universal (o homem, 
mortal, aspira à imortalidade);
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postula-
dos e axiomas);
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de nature-
za subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria razão 
desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto não se 
discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que 
parece absurdo).
Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de 
um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados 
concretos, estatísticos ou documentais.
Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação se 
realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: cau-
sa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações, 
julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opini-
ões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada, 
e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que ex-
presse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na 
evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade 
dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra-
-argumentação ou refutação. São vários os processos de contra-ar-
gumentação:
Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demonstran-
do o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a contraargu-
mentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o cordeiro”;
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses 
para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga ver-
dadeira;
Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à opi-
nião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a universali-
dade da afirmação;
Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: con-
siste em refutar um argumento empregando os testemunhos de 
autoridade que contrariam a afirmação apresentada;
Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em de-
sautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador baseou-se 
em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes. 
Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados 
estatísticos, que “o controle demográfico produz o desenvolvimen-
to”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em 
uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para contra-
argumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvimento é 
que gera o controle demográfico”.
Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para 
desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas ao 
desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em segui-
da, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a 
elaboração de um Plano de Redação.
Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolu-
ção tecnológica
- Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, respon-
der a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da 
resposta, justificar, criando um argumento básico;
LÍNGUA PORTUGUESA
26
- Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e 
construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação 
que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la 
(rever tipos de argumentação);
- Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias 
que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias po-
dem ser listadas livremente ou organizadas como causa e conse-
quência);
- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o 
argumento básico;
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que 
poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se 
em argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do 
argumento básico;
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma se-
quência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo às 
partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou 
menos a seguinte:
Introdução
- função social da ciência e da tecnologia;
- definições de ciência e tecnologia;
- indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.
Desenvolvimento
- apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvol-
vimento tecnológico;
- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as 
condições de vida no mundo atual;
- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologica-
mente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países sub-
desenvolvidos;
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social;
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do pas-
sado; apontar semelhanças e diferenças;
- analisar as condições atuais de vida nos grandes centros ur-
banos;
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar 
mais a sociedade.
Conclusão
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/consequ-
ências maléficas;
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos 
apresentados.
Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de reda-
ção: é um dos possíveis.
Coesão e coerência fazem parte importante da elaboração de 
um texto com clareza. Ela diz respeito à maneira como as ideias são 
organizadas a fim de que o objetivo final seja alcançado: a compre-
ensão textual. Na redação espera-se do autor capacidade de mo-
bilizar conhecimentos e opiniões, argumentar de modo coerente, 
além de expressar-se com clareza, de forma correta e adequada.
Coerência
É uma rede de sintonia entre as partes e o todo de um texto. 
Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação se-
mântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias. (Na 
linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa bate com 
outra”).
Coerência é a unidade de sentido resultante da relação que se 
estabelece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a compreen-
der a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma 
das partes ganha sentido. Coerência é a ligação em conjunto dos 
elementos formativos de um texto.
A coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respeito 
aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união dos 
elementos textuais.
A coerência de um texto é facilmente deduzida por um falante 
de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre as propo-
sições de um enunciado oral ou escrito. É a competência linguística, 
tomada em sentido lato, que permite a esse falante reconhecer de 
imediato a coerência de um discurso.
A coerência:
- assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto;
- situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão concei-
tual;
- relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo, com 
o aspecto global do texto;
- estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases.
Coesão
É um conjunto de elementos posicionados ao longo do texto, 
numa linha de sequência e com os quais se estabelece um vínculo 
ou conexão sequencial. Se o vínculo coesivo
se faz via gramática, 
fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do vocabulário, 
tem-se a coesão lexical.
A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre pala-
vras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por elementos 
gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os compo-
nentes do texto.
Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a lexical, 
que é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, nomes ge-
néricos e formas elididas, e a gramatical, que é conseguida a partir 
do emprego adequado de artigo, pronome, adjetivo, determinados 
advérbios e expressões adverbiais, conjunções e numerais.
A coesão:
- assenta-se no plano gramatical e no nível frasal;
- situa-se na superfície do texto, estabelece conexão sequen-
cial;
- relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes 
componentes do texto;
- Estabelece relações entre os vocábulos no interior das frases.
Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece 
entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na 
criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextuali-
dade como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já 
existente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem fun-
ções diferentes que dependem muito dos textos/contextos em que 
ela é inserida.
O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento, 
não se restringindo única e exclusivamente a textos literários.
Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume 
a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a 
cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura, 
escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois 
textos caracterizada por um citar o outro.
A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando 
um texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira, 
se utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois textos 
– a fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo gênero ou 
de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou propósitos dife-
LÍNGUA PORTUGUESA
27
rentes. Assim, como você constatou, uma história em quadrinhos 
pode utilizar algo de um texto científico, assim como um poema 
pode valer-se de uma letra de música ou um artigo de opinião pode 
mencionar um provérbio conhecido.
Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade com 
outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo com ou-
tras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-lo, ao to-
má-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-lo, ao ironi-
zá-lo ou ao compará-lo com outros.
Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre algum 
grau de intertextualidade, pois quando falamos, escrevemos, de-
senhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que nos expres-
samos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que já foram 
formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los ou mesmo 
contradizê-los. Em outras palavras, não há textos absolutamente 
originais, pois eles sempre – de maneira explícita ou implícita – 
mantêm alguma relação com algo que foi visto, ouvido ou lido.
Tipos de Intertextualidade
A intertextualidade acontece quando há uma referência ex-
plícita ou implícita de um texto em outro. Também pode ocorrer 
com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela 
etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a intertex-
tualidade. 
Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo, 
um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um diálo-
go entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando as 
mesmas ideias da obra citada ou contestando-as. 
Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do texto 
é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar, rea-
firmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer com 
outras palavras o que já foi dito. 
A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros tex-
tos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso é objeto 
de interesse para os estudiosos da língua e das artes. Ocorre, aqui, 
um choque de interpretação, a voz do texto original é retomada 
para transformar seu sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica 
de suas verdades incontestadas anteriormente, com esse proces-
so há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos e uma busca 
pela verdade real, concebida através do raciocínio e da crítica. Os 
programas humorísticos fazem uso contínuo dessa arte, frequente-
mente os discursos de políticos são abordados de maneira cômica 
e contestadora, provocando risos e também reflexão a respeito da 
demagogia praticada pela classe dominante. 
A Epígrafe é um recurso bastante utilizado em obras, textos 
científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que con-
siste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma re-
lação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo “epígra-
fhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e “graphé” 
(escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre Patrimônio 
Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.): “A 
cultura é o melhor conforto para a velhice”.
A Citação é o Acréscimo de partes de outras obras numa pro-
dução textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem ex-
pressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro 
autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação 
sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o 
termo “citação” (citare) significa convocar.
A Alusão faz referência aos elementos presentes em outros 
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois 
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
Pastiche é uma recorrência a um gênero.
A Tradução está no campo da intertextualidade porque implica 
a recriação de um texto.
Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao “conheci-
mento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja, comum ao 
produtor e ao receptor de textos. 
A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito am-
plo e complexo, pois implica a identificação / o reconhecimento de 
remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou menos conhecidos, 
além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretar a função 
daquela citação ou alusão em questão. 
Intertextualidade explícita e intertextualidade implícita
A intertextualidade pode ser caracterizada como explícita ou 
implícita, de acordo com a relação estabelecida com o texto fonte, 
ou seja, se mais direta ou se mais subentendida.
A intertextualidade explícita:
– é facilmente identificada pelos leitores;
– estabelece uma relação direta com o texto fonte;
– apresenta elementos que identificam o texto fonte;
– não exige que haja dedução por parte do leitor;
– apenas apela à compreensão do conteúdos.
A intertextualidade implícita:
– não é facilmente identificada pelos leitores;
– não estabelece uma relação direta com o texto fonte;
– não apresenta elementos que identificam o texto fonte;
– exige que haja dedução, inferência, atenção e análise por 
parte dos leitores;
– exige que os leitores recorram a conhecimentos prévios para 
a compreensão do conteúdo.
PONTO DE VISTA
O modo como o autor narra suas histórias provoca diferentes 
sentidos ao leitor em relação à uma obra. Existem três pontos de 
vista diferentes. É considerado o elemento da narração que com-
preende a perspectiva através da qual se conta a história. Trata-se 
da posição da qual o narrador articula a narrativa. Apesar de existir 
diferentes possibilidades de Ponto de Vista em uma narrativa, con-
sidera-se dois pontos de vista como fundamentais: O narrador-ob-
servador e o narrador-personagem.
Primeira pessoa
Um personagem narra a história a partir de seu próprio pon-
to de vista, ou seja, o escritor usa a primeira pessoa. Nesse caso, 
lemos o livro com a sensação de termos a visão do personagem 
podendo também saber quais são seus pensamentos, o que causa 
uma leitura mais
íntima. Da mesma maneira que acontece nas nos-
sas vidas, existem algumas coisas das quais não temos conhecimen-
to e só descobrimos ao decorrer da história.
Segunda pessoa
O autor costuma falar diretamente com o leitor, como um diá-
logo. Trata-se de um caso mais raro e faz com que o leitor se sinta 
quase como outro personagem que participa da história.
Terceira pessoa
Coloca o leitor numa posição externa, como se apenas obser-
vasse a ação acontecer. Os diálogos não são como na narrativa em 
primeira pessoa, já que nesse caso o autor relata as frases como al-
guém que estivesse apenas contando o que cada personagem disse.
LÍNGUA PORTUGUESA
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Sendo assim, o autor deve definir se sua narrativa será transmi-
tida ao leitor por um ou vários personagens. Se a história é contada 
por mais de um ser fictício, a transição do ponto de vista de um para 
outro deve ser bem clara, para que quem estiver acompanhando a 
leitura não fique confuso.
PARÁFRASE, PERÍFRASE, SÍNTESE E RESUMO
Paráfrase
Ao parafrasear, reescrevemos um texto com nossa própria lin-
guagem, mantendo o conteúdo e a clareza originais. A pontuação 
adequada, a variação vocabular e novos torneios frásicos assegu-
ram a qualidade da paráfrase.
Paráfrase é a “tradução” de um texto em outro, na mesma lín-
gua. É um exercício de leitura aprofundada, porque exige e favore-
ce uma compreensão completa do texto que estamos parafrasean-
do. É também um excelente exercício de redação, porque amplia 
nosso domínio das estruturas da linguagem, ao mesmo tempo que 
propicia a ampliação do nosso vocabulário. 
Um texto parafraseado não deve configurar uma integral subs-
tituição de palavras, mas uma acomodação das ideias a uma lingua-
gem diferente, mais explícita, sem nada acrescentar ou subtrair ao 
texto original.
Portanto, parafrasear não é apenas substituir palavras, é en-
contrar a expressão que recupere a ideia original, por meio de uma 
nova organização de frases.
Como ler um texto
Recomendam-se duas leituras. A primeira, chamaremos de lei-
tura vertical e a segunda, de leitura horizontal.
Leitura horizontal é a leitura rápida que tem como finalidade o 
contato inicial com o assunto do texto. De posse desta visão geral, 
podemos passar para o próximo passo.
Leitura vertical consiste em uma leitura mais atenta; é o le-
vantamento dos referenciais do texto-base para a perfeita com-
preensão. É importante grifar, em cada parágrafo lido, as ideias 
principais. Após escrever à parte as ideias recolhidas nos grifos, 
procurando dar uma redação própria, independente das palavras 
utilizadas pelo autor do texto.
Perífrase
Trata-se da substituição de um nome comum ou próprio por 
uma expressão que a caracterize. Nada mais é do que um circunló-
quio, isto é, um rodeio de palavras.
Exemplos:
– astro rei (Sol)
– última flor do Lácio (língua portuguesa)
– Cidade-Luz (Paris)
– Rainha da Borborema (Campina Grande)
– Cidade Maravilhosa (Rio de Janeiro)
Existe também um tipo especial de perífrase que se refere so-
mente a pessoas. Tal figura de estilo é chamada de antonomásia 
e baseia-se nas qualidades ou ações notórias do indivíduo ou da 
entidade a que a expressão se refere.
Exemplos:
– A rainha do mar (Iemanjá)
– O poeta dos escravos (Castro Alves)
Síntese
A síntese é uma técnica de escrita que consiste em reduzir um 
texto às suas ideias essenciais, com liberdade na ordem e organiza-
ção das ideias.
Trata-se de um texto que é um tipo especial de composição 
que consiste em reproduzir, em poucas palavras, o que o autor ex-
pressou amplamente. Desse modo, só devem ser aproveitadas as 
ideias essenciais, dispensando-se tudo o que for secundário.
Resumo
Resumir um texto é reproduzir com poucas palavras aquilo que 
o autor disse. Saber resumir as ideias expressas em um texto não 
é difícil.
O resumo é uma técnica de escrita que consiste em condensar 
as ideias principais de um texto, não introduzindo qualquer comen-
tário e respeitando o sentido, a estrutura e o tipo de enunciação.
Nos resumos de livros, não devem aparecer diálogos, descri-
ções detalhadas, cenas ou personagens secundárias. Somente as 
personagens, os ambientes e as ações mais importantes devem ser 
registrados.
Resumo é uma apresentação sintética e seletiva das ideias de 
um texto, ressaltando a progressão e a articulação delas. Nele de-
vem aparecer as principais ideias do autor.
TEXTO E CONTEXTO: AMBIGUIDADE E POLISSEMIA; 
A polissemia refere-se a um termo que possui mais de um sen-
tido e, por isso, depende do contexto de enunciação, pois, se esti-
ver fora de contexto, pode provocar a ambiguidade, que consiste 
no duplo sentido de um enunciado.
Observe este diálogo:
— Jenival cortou a mangueira.
— Que pena! Eu gostava tanto daquelas mangas.
— Estou falando da mangueira de regar plantas.
— Ah, pensei que...
— Ele fez bambolês para as crianças.
Assim, se o enunciador da fala “Jenival cortou a mangueira” 
tivesse contextualizado a informação, não provocaria a confusão 
de seu interlocutor diante do enunciado ambíguo. Porém, a ambi-
guidade, considerada um vício de linguagem, não é gerada apenas 
pela descontextualização de uma palavra polissêmica. Ela pode ser 
causada também pelo uso inadequado de um hipérbato, isto é, da 
alteração da ordem direta (sujeito, verbo, complemento ou predi-
cativo) de uma oração:
O filho amava o pai.
Nesse enunciado, há ambiguidade, pois não sabemos quem 
amava quem, se o sujeito é o filho ou o pai, já que não é possível 
dizer se a oração está na ordem direta ou inversa. Desse modo, se, 
excepcionalmente, alterarmos a transitividade do verbo “amar”, 
acabamos com a ambiguidade:
Ao filho amava o pai.
O uso dos pronomes possessivos “seu” e “sua” também cos-
tuma gerar ambiguidade no português brasileiro, já que, no Brasil, 
são pouco usados os pronomes “teu” e “tua”. Veja o enunciado:
Pedro, eu tentava acalmar a Maria quando roubaram o seu 
carro.
Aqui fica difícil saber se o carro roubado era de Pedro ou de 
Maria.
Fonte: 
https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/polissemia.htm
LÍNGUA PORTUGUESA
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RELAÇÕES LEXICAIS: SINONÍMIA, ANTONÍMIA, HOMONÍMIA, HIPERONÍMIA, HIPONÍMIA E PARONÍMIA
Significação de palavras
As palavras podem ter diversos sentidos em uma comunicação. E isso também é estudado pela Gramática Normativa: quem cuida 
dessa parte é a Semântica, que se preocupa, justamente, com os significados das palavras. Veremos, então, cada um dos conteúdos que 
compõem este estudo. 
Antônimo e Sinônimo
Começaremos por esses dois, que já são famosos. 
O Antônimo são palavras que têm sentidos opostos a outras. Por exemplo, felicidade é o antônimo de tristeza, porque o significado 
de uma é o oposto da outra. Da mesma forma ocorre com homem que é antônimo de mulher. 
Já o sinônimo são palavras que têm sentidos aproximados e que podem, inclusive, substituir a outra. O uso de sinônimos é muito im-
portante para produções textuais, porque evita que você fique repetindo a mesma palavra várias vezes. Utilizando os mesmos exemplos, 
para ficar claro: felicidade é sinônimo de alegria/contentamento e homem é sinônimo de macho/varão. 
Hipônimos e Hiperônimos
Estes conceitos são simples de entender: o hipônimo designa uma palavra de sentido mais específico, enquanto que o hiperônimo 
designa uma palavra de sentido mais genérico. Por exemplo, cachorro e gato são hipônimos, pois têm sentido específico. E animais do-
mésticos é uma expressão hiperônima, pois indica um sentido mais genérico de animais. Atenção: não confunda hiperônimo com subs-
tantivo coletivo. Hiperônimos estão no ramo dos sentidos das palavras, beleza?!?!
Outros conceitos que agem diretamente no sentido das palavras são os seguintes:
Conotação e Denotação
Observe as frases: 
Amo pepino na salada.
Tenho um pepino para resolver.
As duas frases têm uma palavra em comum: pepino. Mas essa palavra tem o mesmo sentido nos dois enunciados? Isso mesmo, não! 
Na primeira frase, pepino está no sentido denotativo, ou seja, a palavra está sendo usada no sentido próprio,
comum, dicionarizado. 
Já na segunda frase, a mesma palavra está no sentindo conotativo, pois ela está sendo usada no sentido figurado e depende do con-
texto para ser entendida.
Para facilitar: denotativo começa com D de dicionário e conotativo começa com C de contexto. 
Por fim, vamos tratar de um recurso muito usado em propagandas:
Ambiguidade
Observe a propaganda abaixo:
https://redacaonocafe.wordpress.com/2012/05/22/ambiguidade-na-propaganda/
LÍNGUA PORTUGUESA
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Perceba que há uma duplicidade de sentido nesta construção. 
Podemos interpretar que os móveis não durarão no estoque da 
loja, por estarem com preço baixo; ou que por estarem muito bara-
to, não têm qualidade e, por isso, terão vida útil curta. 
Essa duplicidade acontece por causa da ambiguidade, que é 
justamente a duplicidade de sentidos que podem haver em uma 
palavra, frase ou textos inteiros. 
FIGURAS DE LINGUAGEM
Figuras de Linguagem
As figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para 
valorizar o texto, tornando a linguagem mais expressiva. É um re-
curso linguístico para expressar de formas diferentes experiências 
comuns, conferindo originalidade, emotividade ao discurso, ou tor-
nando-o poético. 
As figuras de linguagem classificam-se em
– figuras de palavra;
– figuras de pensamento;
– figuras de construção ou sintaxe.
Figuras de palavra
Emprego de um termo com sentido diferente daquele conven-
cionalmente empregado, a fim de se conseguir um efeito mais ex-
pressivo na comunicação.
Metáfora: comparação abreviada, que dispensa o uso dos co-
nectivos comparativos; é uma comparação subjetiva. Normalmente 
vem com o verbo de ligação claro ou subentendido na frase.
Exemplos
...a vida é cigana
É caravana
É pedra de gelo ao sol.
(Geraldo Azevedo/ Alceu Valença)
Encarnado e azul são as cores do meu desejo.
(Carlos Drummond de Andrade)
Comparação: aproxima dois elementos que se identificam, li-
gados por conectivos comparativos explícitos: como, tal qual, tal 
como, que, que nem. Também alguns verbos estabelecem a com-
paração: parecer, assemelhar-se e outros.
Exemplo
Estava mais angustiado que um goleiro na hora do gol, quando 
você entrou em mim como um sol no quintal.
(Belchior)
Catacrese: emprego de um termo em lugar de outro para o 
qual não existe uma designação apropriada.
Exemplos
– folha de papel
– braço de poltrona
– céu da boca
– pé da montanha
Sinestesia: fusão harmônica de, no mínimo, dois dos cinco sen-
tidos físicos.
Exemplo 
Vem da sala de linotipos a doce (gustativa) música (auditiva) 
mecânica.
(Carlos Drummond de Andrade)
A fusão de sensações físicas e psicológicas também é sineste-
sia: “ódio amargo”, “alegria ruidosa”, “paixão luminosa”, “indife-
rença gelada”.
Antonomásia: substitui um nome próprio por uma qualidade, 
atributo ou circunstância que individualiza o ser e notabiliza-o.
Exemplos
O filósofo de Genebra (= Calvino).
O águia de Haia (= Rui Barbosa).
Metonímia: troca de uma palavra por outra, de tal forma que 
a palavra empregada lembra, sugere e retoma a que foi omitida.
Exemplos
Leio Graciliano Ramos. (livros, obras)
Comprei um panamá. (chapéu de Panamá)
Tomei um Danone. (iogurte)
Alguns autores, em vez de metonímia, classificam como siné-
doque quando se têm a parte pelo todo e o singular pelo plural.
Exemplo
A cidade inteira viu assombrada, de queixo caído, o pistoleiro 
sumir de ladrão, fugindo nos cascos de seu cavalo. (singular pelo 
plural)
(José Cândido de Carvalho)
Figuras Sonoras
Aliteração: repetição do mesmo fonema consonantal, geral-
mente em posição inicial da palavra.
Exemplo
Vozes veladas veludosas vozes volúpias dos violões, vozes ve-
ladas.
(Cruz e Sousa)
Assonância: repetição do mesmo fonema vocal ao longo de 
um verso ou poesia.
Exemplo
Sou Ana, da cama,
da cana, fulana, bacana
Sou Ana de Amsterdam.
(Chico Buarque)
Paronomásia: Emprego de vocábulos semelhantes na forma 
ou na prosódia, mas diferentes no sentido.
Exemplo
Berro pelo aterro pelo desterro berro por seu berro pelo seu
[erro
quero que você ganhe que
[você me apanhe
sou o seu bezerro gritando
[mamãe.
(Caetano Veloso)
LÍNGUA PORTUGUESA
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Onomatopeia: imitação aproximada de um ruído ou som pro-
duzido por seres animados e inanimados.
Exemplo
Vai o ouvido apurado
na trama do rumor suas nervuras
inseto múltiplo reunido
para compor o zanzineio surdo
circular opressivo
zunzin de mil zonzons zoando em meio à pasta de calor
da noite em branco 
(Carlos Drummond de Andrade)
Observação: verbos que exprimem os sons são considerados 
onomatopaicos, como cacarejar, tiquetaquear, miar etc.
Figuras de sintaxe ou de construção
Dizem respeito a desvios em relação à concordância entre os 
termos da oração, sua ordem, possíveis repetições ou omissões.
Podem ser formadas por:
omissão: assíndeto, elipse e zeugma;
repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto;
inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e hipálage;
ruptura: anacoluto;
concordância ideológica: silepse.
Anáfora: repetição da mesma palavra no início de um período, 
frase ou verso.
Exemplo
Dentro do tempo o universo
[na imensidão.
Dentro do sol o calor peculiar
[do verão.
Dentro da vida uma vida me
[conta uma estória que fala
[de mim.
Dentro de nós os mistérios
[do espaço sem fim!
(Toquinho/Mutinho)
Assíndeto: ocorre quando orações ou palavras que deveriam 
vir ligadas por conjunções coordenativas aparecem separadas por 
vírgulas.
Exemplo
Não nos movemos, as mãos é
que se estenderam pouco a
pouco, todas quatro, pegando-se,
apertando-se, fundindo-se.
(Machado de Assis)
Polissíndeto: repetição intencional de uma conjunção coorde-
nativa mais vezes do que exige a norma gramatical.
Exemplo
Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem 
tuge, nem muge.
(Rubem Braga)
Pleonasmo: repetição de uma ideia já sugerida ou de um ter-
mo já expresso.
Pleonasmo literário: recurso estilístico que enriquece a expres-
são, dando ênfase à mensagem.
Exemplos
Não os venci. Venceram-me
eles a mim.
(Rui Barbosa)
Morrerás morte vil na mão de um forte.
(Gonçalves Dias)
Pleonasmo vicioso: Frequente na linguagem informal, cotidia-
na, considerado vício de linguagem. Deve ser evitado.
Exemplos
Ouvir com os ouvidos.
Rolar escadas abaixo.
Colaborar juntos.
Hemorragia de sangue.
Repetir de novo.
Elipse: Supressão de uma ou mais palavras facilmente suben-
tendidas na frase. Geralmente essas palavras são pronomes, con-
junções, preposições e verbos.
Exemplos
Compareci ao Congresso. (eu)
Espero venhas logo. (eu, que, tu)
Ele dormiu duas horas. (durante)
No mar, tanta tormenta e tanto dano. (verbo Haver)
(Camões)
Zeugma: Consiste na omissão de palavras já expressas ante-
riormente.
Exemplos
Foi saqueada a vila, e assassina dos os partidários dos Filipes.
(Camilo Castelo Branco)
 Rubião fez um gesto, Palha outro: mas quão diferentes.
(Machado de Assis)
Hipérbato ou inversão: alteração da ordem direta dos elemen-
tos na frase.
Exemplos
Passeiam, à tarde, as belas na avenida.
(Carlos Drummond de Andrade)
Paciência tenho eu tido...
(Antônio Nobre)
Anacoluto: interrupção do plano sintático com que se inicia a 
frase, alterando a sequência do processo lógico. A construção do 
período deixa um ou mais termos desprendidos dos demais e sem 
função sintática definida.
Exemplos
E o desgraçado, tremiam-lhe as pernas.
(Manuel Bandeira)
Aquela mina de ouro, ela não ia deixar que outras espertas bo-
tassem as mãos.
(José Lins do Rego)
LÍNGUA PORTUGUESA
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Hipálage: inversão da posição do adjetivo (uma qualidade que 
pertence a um objeto é atribuída a outro, na mesma frase).
Exemplo
...em cada olho um grito castanho de ódio.
(Dalton Trevisan)
...em cada olho castanho um grito de ódio)
Silepse
Silepse de gênero: Não há concordância de gênero do adjetivo 
ou pronome com a pessoa a que se refere.
Exemplos
Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho...
(Rachel de Queiroz)
V. Ex.a parece magoado...
(Carlos Drummond de Andrade)
Silepse de pessoa: Não há concordância da pessoa verbal com 
o sujeito da oração.
Exemplos
Os dois
ora estais reunidos...
(Carlos Drummond de Andrade)
Na noite do dia seguinte, estávamos reunidos algumas pesso-
as.
(Machado de Assis)
Silepse de número: Não há concordância do número verbal 
com o sujeito da oração.
Exemplo
Corria gente de todos os lados, e gritavam.
(Mário Barreto)
TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS
Prezado Candidato, o tópico acima supracitado foi abordado 
anteriormente. 
TIPOS DE DISCURSO
Discurso direto
É a fala da personagem reproduzida fielmente pelo narrador, 
ou seja, reproduzida nos termos em que foi expressa.
— Bonito papel! Quase três da madrugada e os senhores com-
pletamente bêbados, não é?
Foi aí que um dos bêbados pediu:
— Sem bronca, minha senhora. Veja logo qual de nós quatro é 
o seu marido que os outros querem ir para casa.
(Stanislaw Ponte Preta)
Observe que, no exemplo dado, a fala da personagem é intro-
duzida por um travessão, que deve estar alinhado dentro do pará-
grafo.
O narrador, ao reproduzir diretamente a fala das personagens, 
conserva características do linguajar de cada uma, como termos de 
gíria, vícios de linguagem, palavrões, expressões regionais ou caco-
etes pessoais.
O discurso direto geralmente apresenta verbos de elocução 
(ou declarativos ou dicendi) que indicam quem está emitindo a 
mensagem.
Os verbos declarativos ou de elocução mais comuns são:
acrescentar
afirmar
concordar
consentir
contestar
continuar
declamar
determinar
dizer
esclarecer
exclamar
explicar
gritar
indagar
insistir
interrogar
interromper
intervir
mandar
ordenar, pedir
perguntar
prosseguir
protestar
reclamar
repetir
replicar
responder
retrucar
solicitar
Os verbos declarativos podem, além de introduzir a fala, indi-
car atitudes, estados interiores ou situações emocionais das perso-
nagens como, por exemplo, os verbos protestar, gritar, ordenar e 
outros. Esse efeito pode ser também obtido com o uso de adjetivos 
ou advérbios aliados aos verbos de elocução: falou calmamente, 
gritou histérica, respondeu irritada, explicou docemente.
Exemplo:
— O amor, prosseguiu sonhadora, é a grande realização de 
nossas vidas.
Ao utilizar o discurso direto – diálogos (com ou sem travessão) 
entre as personagens –, você deve optar por um dos três estilos a 
seguir:
Estilo 1:
João perguntou:
— Que tal o carro?
Estilo 2:
João perguntou: “Que tal o carro?” (As aspas são optativas)
Antônio respondeu: “horroroso” (As aspas são optativas)
Estilo 3:
Verbos de elocução no meio da fala:
— Estou vendo, disse efusivamente João, que você adorou o 
carro.
— Você, retrucou Antônio, está completamente enganado.
Verbos de elocução no fim da fala:
— Estou vendo que você adorou o carro — disse efusivamente 
João.
— Você está completamente enganado — retrucou Antônio.
LÍNGUA PORTUGUESA
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Os trechos que apresentam verbos de elocução podem vir com 
travessões ou com vírgulas. Observe os seguintes exemplos:
— Não posso, disse ela daí a alguns instantes, não deixo meu 
filho. (Machado de Assis)
— Não vá sem eu lhe ensinar a minha filosofia da miséria, disse 
ele, escarrachando-se diante de mim. (Machado de Assis)
— Vale cinquenta, ponderei; Sabina sabe que custou cinquenta 
e oito. (Machado de Assis)
— Ainda não, respondi secamente. (Machado de Assis)
Verbos de elocução depois de orações interrogativas e excla-
mativas:
— Nunca me viu? perguntou Virgília vendo que a encarava com 
insistência. (Machado de Assis)
— Para quê? interrompeu Sabina. (Machado de Assis)
— Isso nunca; não faço esmolas! disse ele. (Machado de Assis)
Observe que os verbos de elocução aparecem em letras minús-
culas depois dos pontos de exclamação e interrogação.
Discurso indireto
No discurso indireto, o narrador exprime indiretamente a fala 
da personagem. O narrador funciona como testemunha auditiva e 
passa para o leitor o que ouviu da personagem. Na transcrição, o 
verbo aparece na terceira pessoa, sendo imprescindível a presença 
de verbos dicendi (dizer, responder, retrucar, replicar, perguntar, 
pedir, exclamar, contestar, concordar, ordenar, gritar, indagar, de-
clamar, afirmar, mandar etc.), seguidos dos conectivos que (dicendi 
afirmativo) ou se (dicendi interrogativo) para introduzir a fala da 
personagem na voz do narrador.
A certo ponto da conversação, Glória me disse que desejava 
muito conhecer Carlota e perguntou por que não a levei comigo.
(Ciro dos Anjos)
Fui ter com ela, e perguntei se a mãe havia dito alguma coisa; 
respondeu-me que não. 
(Machado de Assis)
Discurso indireto livre
Resultante da mistura dos discursos direto e indireto, existe 
uma terceira modalidade de técnica narrativa, o chamado discurso 
indireto livre, processo de grande efeito estilístico. Por meio dele, o 
narrador pode, não apenas reproduzir indiretamente falas das per-
sonagens, mas também o que elas não falam, mas pensam, sonham, 
desejam etc. Neste caso, discurso indireto livre corresponde ao mo-
nólogo interior das personagens, mas expresso pelo narrador.
As orações do discurso indireto livre são, em regra, indepen-
dentes, sem verbos dicendi, sem pontuação que marque a passa-
gem da fala do narrador para a da personagem, mas com transpo-
sições do tempo do verbo (pretérito imperfeito) e dos pronomes 
(terceira pessoa). O foco narrativo deve ser de terceira pessoa. Esse 
discurso é muito empregado na narrativa moderna, pela fluência e 
ritmo que confere ao texto.
Fabiano ouviu o relatório desconexo do bêbado, caiu numa in-
decisão dolorosa. Ele também dizia palavras sem sentido, conversa 
à toa. Mas irou-se com a comparação, deu marradas na parede. Era 
bruto, sim senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se. 
Estava preso por isso? Como era? Então mete- se um homem na 
cadeia por que ele não sabe falar direito?
(Graciliano Ramos)
Observe que se o trecho “Era bruto, sim” estivesse um discur-
so direto, apresentaria a seguinte formulação: Sou bruto, sim; em 
discurso indireto: Ele admitiu que era bruto; em discurso indireto 
livre: Era bruto, sim.
Para produzir discurso indireto livre que exprima o mundo inte-
rior da personagem (seus pensamentos, desejos, sonhos, fantasias 
etc.), o narrador precisa ser onisciente. Observe que os pensamen-
tos da personagem aparecem, no trecho transcrito, principalmente 
nas orações interrogativas, entremeadas com o discurso do narra-
dor.
Transposição de discurso
Na narração, para reconstituir a fala da personagem, utiliza-
-se a estrutura de um discurso direto ou de um discurso indireto. 
O domínio dessas estruturas é importante tanto para se empregar 
corretamente os tipos de discurso na redação.
Os sinais de pontuação (aspas, travessão, dois-pontos) e outros 
recursos como grifo ou itálico, presentes no discurso direto, não 
aparecem no discurso indireto, a não ser que se queira insistir na 
atribuição do enunciado à personagem, não ao narrador. Tal insis-
tência, porém, é desnecessária e excessiva, pois, se o texto for bem 
construído, a identificação do discurso indireto livre não oferece 
dificuldade.
LÍNGUA PORTUGUESA
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Discurso Direto
• Presente
A enfermeira afirmou:
– É uma menina.
• Pretérito perfeito
– Já esperei demais, retrucou com indignação.
• Futuro do presente
Pedrinho gritou:
– Não sairei do carro.
• Imperativo
Olhou-a e disse secamente:
– Deixe-me em paz.
Outras alterações
• Primeira ou segunda pessoa
Maria disse:
– Não quero sair com Roberto hoje.
• Vocativo
– Você quer café, João?, perguntou a prima.
• Objeto indireto na oração principal
A prima perguntou a João se ele queria café.
• Forma interrogativa ou imperativa
Abriu o estojo, contou os lápis e depois perguntou ansiosa:
– E o amarelo?
• Advérbios de lugar e de tempo
aqui, daqui, agora, hoje, ontem, amanhã
• Pronomes demonstrativos e possessivos
essa(s), esta(s)
esse(s), este(s)
isso, isto
meu, minha
teu, tua
nosso, nossa
Discurso Indireto
• Pretérito imperfeito
A enfermeira afirmou que era uma menina.
• Futuro do pretérito
Pedrinho gritou que não sairia do carro.
• Pretérito mais-que-perfeito
Retrucou com indignação que já esperara (ou tinha espera-
do) demais.
• Pretérito imperfeito do subjuntivo
Olhou-a e disse secamente que o deixasse em paz.
Outras alterações
• Terceira pessoa
Maria disse que não queria sair com Roberto naquele dia.
• Objeto indireto na oração principal
A prima perguntou a João se ele queria café.
• Forma declarativa
Abriu o estojo, contou os lápis e depois perguntou ansiosa 
pelo amarelo.
lá, dali, de lá, naquele momento, naquele dia, no dia an-
terior, na véspera, no dia seguinte, aquela(s), aquele(s), aquilo, 
seu, sua (dele, dela), seu, sua (deles, delas)
REESCRITURA DE FRASES
A reescrita é tão importante quanto a escrita, visto que, difi-
cilmente, sobretudo para os escritores mais cuidadosos, chegamos 
ao resultado que julgamos ideal na primeira tentativa. Aquele que 
observa um resultado ruim na primeira versão que escreveu terá, 
na reescrita, a possibilidade de alcançar um resultado satisfatório. 
A reescrita é um processo mais trabalhoso do que a revisão, pois, 
nesta, atemo-nos apenas aos pequenos detalhes, cuja ausência não 
implicaria em uma dificuldade do leitor para compreender o texto. 
Quando reescrevemos, refazemos nosso texto, é um proces-
so bem mais complexo, que parte do pressuposto de que o autor 
tenha observado aquilo que está ruim para que, posteriormente, 
possa melhorar seu texto até chegar a uma versão final, livre dos 
erros iniciais. Além de aprimorar a leitura, a reescrita auxilia a de-
senvolver e melhorar a escrita, ajudando o aluno-escritor a esclare-
cer melhor seus objetivos e razões para a produção de textos. 
Nessa perspectiva, esse autor considera que reescrever seja 
um processo de descoberta da escrita pelo próprio autor, que passa 
a enfocá-la como forma de trabalho, auxiliando o desenvolvimento 
do processo de escrever do aluno.
Operações linguísticas de reescrita:
A literatura sobre reescrita aponta para uma tipologia de ope-
rações linguísticas encontradas neste momento específico da cons-
trução do texto escrito.
- Adição, ou acréscimo: pode tratar-se do acréscimo de um ele-
mento gráfico, acento, sinal de pontuação, grafema (...) mas tam-
bém do acréscimo de uma palavra, de um sintagma, de uma ou de 
várias frases.
- Supressão: supressão sem substituição do segmento suprimi-
do. Ela pode ser aplicada sobre unidades diversas, acento, grafe-
mas, sílabas, palavras sintagmáticas, uma ou diversas frases.
- Substituição: supressão, seguida de substituição por um ter-
mo novo. Ela se aplica sobre um grafema, uma palavra, um sintag-
ma, ou sobre conjuntos generalizados.
- Deslocamento: permutação de elementos, que acaba por mo-
dificar sua ordem no processo de encadeamento.
Graus de Formalismo
São muitos os tipos de registros quanto ao formalismo, tais 
como: o registro formal, que é uma linguagem mais cuidada; o co-
loquial, que não tem um planejamento prévio, caracterizando-se 
por construções gramaticais mais livres, repetições frequentes, fra-
ses curtas e conectores simples; o informal, que se caracteriza pelo 
uso de ortografia simplificada e construções simples ( geralmente 
usado entre membros de uma mesma família ou entre amigos). 
As variações de registro ocorrem de acordo com o grau de for-
malismo existente na situação de comunicação; com o modo de 
expressão, isto é, se trata de um registro formal ou escrito; com a 
sintonia entre interlocutores, que envolve aspectos como graus de 
cortesia, deferência, tecnicidade (domínio de um vocabulário espe-
cífico de algum campo científico, por exemplo).
Expressões que demandam atenção
– acaso, caso – com se, use acaso; caso rejeita o se
– aceitado, aceito – com ter e haver, aceitado; com ser e estar, 
aceito
– acendido, aceso (formas similares) – idem
– à custa de – e não às custas de
LÍNGUA PORTUGUESA
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– à medida que – à proporção que, ao mesmo tempo que, con-
forme
– na medida em que – tendo em vista que, uma vez que
– a meu ver – e não ao meu ver
– a ponto de – e não ao ponto de
– a posteriori, a priori – não tem valor temporal
– em termos de – modismo; evitar
– enquanto que – o que é redundância
– entre um e outro – entre exige a conjunção e, e não a
– implicar em – a regência é direta (sem em)
– ir de encontro a – chocar-se com 
– ir ao encontro de – concordar com
– se não, senão – quando se pode substituir por caso não, se-
parado; quando não se pode, junto
– todo mundo – todos
– todo o mundo – o mundo inteiro
– não pagamento = hífen somente quando o segundo termo 
for substantivo
– este e isto – referência próxima do falante (a lugar, a tempo 
presente; a futuro próximo; ao anunciar e a que se está tratando)
– esse e isso – referência longe do falante e perto do ouvinte 
(tempo futuro, desejo de distância; tempo passado próximo do pre-
sente, ou distante ao já mencionado e a ênfase).
Expressões não recomendadas
– a partir de (a não ser com valor temporal). 
Opção: com base em, tomando-se por base, valendo-se de...
– através de (para exprimir “meio” ou instrumento). 
Opção: por, mediante, por meio de, por intermédio de, se-
gundo...
– devido a. 
Opção: em razão de, em virtude de, graças a, por causa de.
– dito. 
Opção: citado, mencionado.
– enquanto. 
Opção: ao passo que.
– inclusive (a não ser quando significa incluindo-se). 
Opção: até, ainda, igualmente, mesmo, também. 
– no sentido de, com vistas a. 
Opção: a fim de, para, com a finalidade de, tendo em vista.
– pois (no início da oração). 
Opção: já que, porque, uma vez que, visto que.
– principalmente. 
Opção: especialmente, sobretudo, em especial, em particular.
FUNÇÕES DA LINGUAGEM
Funções da Linguagem
Funções da linguagem são recursos da comunicação que, de 
acordo com o objetivo do emissor, dão ênfase à mensagem trans-
mitida, em função do contexto em que o ato comunicativo ocorre.
São seis as funções da linguagem, que se encontram direta-
mente relacionadas com os elementos da comunicação.
Funções da Linguagem Elementos da Comunicação
Função referencial ou denotativa contexto
Função emotiva ou expressiva emissor
Função apelativa ou conativa receptor
Função poética mensagem
Função fática canal
Função metalingu´´istica código
Função Referencial
A função referencial tem como objetivo principal informar, ref-
erenciar algo. Esse tipo de texto, que é voltado para o contexto da 
comunicação, é escrito na terceira pessoa do singular ou do plural, 
o que enfatiza sua impessoalidade. Para exemplificar a linguagem 
referencial, podemos citar os materiais didáticos, textos jornalísti-
cos e científicos. Todos eles, por meio de uma linguagem denotati-
va, informam a respeito de algo, sem envolver aspectos subjetivos 
ou emotivos à linguagem.
Exemplo de uma notícia:
O resultado do terceiro levantamento feito pela Aliança Global 
para Atividade Física de Crianças — entidade internacional dedicada 
ao estímulo da adoção de hábitos saudáveis pelos jovens — foi decep-
cionante. Realizado em 49 países de seis continentes com o objetivo de 
aferir o quanto crianças e adolescentes estão fazendo exercícios físi-
cos, o estudo mostrou que elas estão muito sedentárias. Em 75% das 
nações participantes, o nível de atividade física praticado por essa faixa 
etária está muito abaixo do recomendado para garantir um crescimen-
to saudável e um envelhecimento de qualidade — com bom condi-
cionamento físico, músculos e esqueletos fortes e funções cognitivas 
preservadas. De “A” a “F”, a maioria dos países tirou nota “D”.
Função Emotiva
Caracterizada pela subjetividade com o objetivo de emocionar. 
É centrada no emissor, ou seja, quem envia a mensagem. A men-
sagem não precisa ser clara ou de fácil entendimento.
Por meio do tipo de linguagem que usamos, do tom de voz que 
empregamos, etc., transmitimos uma imagem nossa, não raro in-
conscientemente.
Emprega-se a expressão função emotiva para designar a uti-
lização da linguagem para a manifestação do enunciador, isto é, 
daquele que fala.
Exemplo: Nós te amamos!
Função Conativa
A função conativa ou apelativa é caracterizada por uma lin-
guagem persuasiva com a finalidade de convencer o leitor.
Por isso, 
o grande foco é no receptor da mensagem.
Trata-se de uma função muito utilizada nas propagandas, pub-
licidades e discursos políticos, a fim de influenciar o receptor por 
meio da mensagem transmitida.
Esse tipo de texto costuma se apresentar na segunda ou na 
terceira pessoa com a presença de verbos no imperativo e o uso 
do vocativo.
Não se interfere no comportamento das pessoas apenas com 
a ordem, o pedido, a súplica. Há textos que nos influenciam de 
maneira bastante sutil, com tentações e seduções, como os anún-
cios publicitários que nos dizem como seremos bem-sucedidos, 
atraentes e charmosos se usarmos determinadas marcas, se con-
sumirmos certos produtos. 
LÍNGUA PORTUGUESA
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Com essa função, a linguagem modela tanto bons cidadãos, 
que colocam o respeito ao outro acima de tudo, quanto espertal-
hões, que só pensam em levar vantagem, e indivíduos atemoriza-
dos, que se deixam conduzir sem questionar.
Exemplos: Só amanhã, não perca!
Vote em mim!
Função Poética
Esta função é característica das obras literárias que possui 
como marca a utilização do sentido conotativo das palavras.
Nela, o emissor preocupa-se de que maneira a mensagem será 
transmitida por meio da escolha das palavras, das expressões, das 
figuras de linguagem. Por isso, aqui o principal elemento comunica-
tivo é a mensagem.
A função poética não pertence somente aos textos literários. 
Podemos encontrar a função poética também na publicidade ou 
nas expressões cotidianas em que há o uso frequente de metáforas 
(provérbios, anedotas, trocadilhos, músicas).
Exemplo: 
“Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...”
(Cecília Meireles)
Função Fática
A função fática tem como principal objetivo estabelecer um ca-
nal de comunicação entre o emissor e o receptor, quer para iniciar a 
transmissão da mensagem, quer para assegurar a sua continuação. 
A ênfase dada ao canal comunicativo.
Esse tipo de função é muito utilizado nos diálogos, por exemp-
lo, nas expressões de cumprimento, saudações, discursos ao tele-
fone, etc.
Exemplo:
-- Calor, não é!?
-- Sim! Li na previsão que iria chover.
-- Pois é...
Função Metalinguística
É caracterizada pelo uso da metalinguagem, ou seja, a lin-
guagem que se refere a ela mesma. Dessa forma, o emissor explica 
um código utilizando o próprio código.
Nessa categoria, os textos metalinguísticos que merecem 
destaque são as gramáticas e os dicionários.
Um texto que descreva sobre a linguagem textual ou um doc-
umentário cinematográfico que fala sobre a linguagem do cinema 
são alguns exemplos.
Exemplo:
Amizade s.f.: 1. sentimento de grande afeição, simpatia, apreço 
entre pessoas ou entidades. “sentia-se feliz com a amizade do seu 
mestre”
2. POR METONÍMIA: quem é amigo, companheiro, camarada. 
“é uma de suas amizades fiéis”
TEXTUALIDADE: COESÃO, COERÊNCIA, INTENCIONALI-
DADE, ACEITABILIDADE, SITUACIONALIDADE, INFOR-
MATIVIDADE E INTERTEXTUALIDADE
Prezado Candidato, o tópico acima supracitado foi abordado 
anteriormente. 
ADEQUAÇÃO VOCABULAR E VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: 
NORMA CULTA E VARIEDADES REGIONAIS E SOCIAIS, 
REGISTRO FORMAL E INFORMAL
Como na linguagem regional. Elas reúnem as variantes da lín-
gua que foram criadas pelos homens e são reinventadas a cada dia.
Delas surgem as variações que envolvem vários aspectos histó-
ricos, sociais, culturais, geográficos, entre outros.
Nenhuma língua é usada de maneira uniforme por todos os 
seus falantes em todos os lugares e em qualquer situação. Sabe-se 
que, numa mesma língua, há formas distintas para traduzir o mes-
mo significado dentro de um mesmo contexto. 
As variações que distinguem uma variante de outra se mani-
festam em quatro planos distintos, a saber: fônico, morfológico, 
sintático e lexical.
Variações Morfológicas
Ocorrem nas formas constituintes da palavra. As diferenças en-
tre as variantes não são tantas quanto as de natureza fônica, mas 
não são desprezíveis. Como exemplos, podemos citar:
– uso de substantivos masculinos como femininos ou vice-
-versa: duzentas gramas de presunto (duzentos), a champanha (o 
champanha), tive muita dó dela (muito dó), mistura do cal (da cal).
– a omissão do “s” como marca de plural de substantivos e 
adjetivos (típicos do falar paulistano): os amigo e as amiga, os livro 
indicado, as noite fria, os caso mais comum.
– o enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero que 
o Brasil reflete (reflita) sobre o que aconteceu nas últimas eleições; 
Se eu estava (estivesse) lá, não deixava acontecer; Não é possível 
que ele esforçou (tenha se esforçado) mais que eu.
– o uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para criar o 
superlativo de adjetivos, recurso muito característico da linguagem 
jovem urbana: um cara hiper-humano (em vez de humaníssimo), 
uma prova hiperdifícil (em vez de dificílima), um carro hiperpossan-
te (em vez de possantíssimo).
– a conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos regula-
res: ele interviu (interveio), se ele manter (mantiver), se ele ver (vir) 
o recado, quando ele repor (repuser).
– a conjugação de verbos regulares pelo modelo de irregulares: 
vareia (varia), negoceia (negocia).
Variações Fônicas
Ocorrem no modo de pronunciar os sons constituintes da pala-
vra. Entre esses casos, podemos citar:
– a redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis (Petró-
polis), fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas elas formas típicas de 
pessoas de baixa condição social.
– A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maioria das 
regiões do Brasil) ou como “l” (em certas regiões do Rio Grande 
do Sul e Santa Catarina) ou ainda como “r” (na linguagem caipira): 
quintau, quintar, quintal; pastéu, paster, pastel; faróu, farór, farol.
– deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato, preguntar, 
estrupo, cardeneta, típicos de pessoas de baixa condição social.
– a queda do “r” final dos verbos, muito comum na linguagem 
oral no português: falá, vendê, curti (em vez de curtir), compô.
LÍNGUA PORTUGUESA
37
– o acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu me 
alembro, o pássaro avoa, formas comuns na linguagem clássica, 
hoje frequentes na fala caipira.
– a queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava, ma-
relo (amarelo), margoso (amargoso), características na linguagem 
oral coloquial.
Variações Sintáticas
Correlação entre as palavras da frase. No domínio da sintaxe, 
como no da morfologia, não são tantas as diferenças entre uma 
variante e outra. Como exemplo, podemos citar:
– a substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome 
“que” no início da frase mais a combinação da preposição “de” com 
o pronome “ele” (=dele): É um amigo que eu já conhecia a família 
dele (em vez de cuja família eu já conhecia).
– a mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo quando 
se trata de verbos no imperativo: Entra, que eu quero falar com 
você (em vez de contigo); Fala baixo que a sua (em vez de tua) voz 
me irrita.
– ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles che-
gou tarde (em grupos de baixa extração social); Faltou naquela se-
mana muitos alunos; Comentou-se os episódios.
– o uso de pronomes do caso reto com outra função que não 
a de sujeito: encontrei ele (em vez de encontrei-o) na rua; não irão 
sem você e eu (em vez de mim); nada houve entre tu (em vez de 
ti) e ele.
– o uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em vez de 
“o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi ontem.
– a ausência da preposição adequada antes do pronome relati-
vo em função de complemento verbal: são pessoas que (em vez de: 
de que) eu gosto muito; este é o melhor filme que (em vez de a que) 
eu assisti; você é a pessoa que (em vez de em que) eu mais confio.
Variações Léxicas
Conjunto de palavras de uma língua. As variantes do plano do 
léxico, como as do plano fônico, são muito numerosas e caracteri-
zam com nitidez uma variante em confronto com outra. São exem-
plos possíveis de citar:
– as diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas
e, às 
vezes, tão surpreendentes, que têm sido objeto de piada de lado a 
lado do Oceano. Em Portugal chamam de cueca aquilo que no Brasil 
chamamos de calcinha; o que chamamos de fila no Brasil, em Por-
tugal chamam de bicha; café da manhã em Portugal se diz pequeno 
almoço; camisola em Portugal traduz o mesmo que chamamos de 
suéter, malha, camiseta.
– a escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito para 
formar o grau superlativo dos adjetivos, características da lingua-
gem jovem de alguns centros urbanos: maior legal; maior difícil; 
Esse amigo é um carinha maior esforçado.
Designações das Variantes Lexicais:
– Arcaísmo: palavras que já caíram de uso. Por exemplo, um 
bobalhão era chamado de coió ou bocó; em vez de refrigerante 
usava-se gasosa; algo muito bom, de qualidade excelente, era su-
pimpa.
– Neologismo: contrário do arcaísmo. São palavras recém-cria-
das, muitas das quais mal ou nem entraram para os dicionários. 
A na computação tem vários exemplos, como escanear, deletar, 
printar.
– Estrangeirismo: emprego de palavras emprestadas de outra 
língua, que ainda não foram aportuguesadas, preservando a forma 
de origem. Nesse caso, há muitas expressões latinas, sobretudo da 
linguagem jurídica, tais como: habeas-corpus (literalmente, “te-
nhas o corpo” ou, mais livremente, “estejas em liberdade”), ipso 
facto (“pelo próprio fato de”, “por isso mesmo.
As palavras de origem inglesas são várias: feeling (“sensibilida-
de”, capacidade de percepção), briefing (conjunto de informações 
básicas).
– Jargão: vocabulário típico de um campo profissional como 
a medicina, a engenharia, a publicidade, o jornalismo. Furo é no-
tícia dada em primeira mão. Quando o furo se revela falso, foi uma 
barriga. 
– Gíria: vocabulário especial de um grupo que não deseja ser 
entendido por outros grupos ou que pretende marcar sua identida-
de por meio da linguagem. Por exemplo, levar um lero (conversar).
– Preciosismo: é um léxico excessivamente erudito, muito raro: 
procrastinar (em vez de adiar); cinesíforo (em vez de motorista).
– Vulgarismo: o contrário do preciosismo, por exemplo, de 
saco cheio (em vez de aborrecido), se ferrou (em vez de se deu mal, 
arruinou-se).
Tipos de Variação
As variações mais importantes, são as seguintes:
 – Sociocultural: Esse tipo de variação pode ser percebido com 
certa facilidade. 
– Geográfica: é, no Brasil, bastante grande. Ao conjunto das 
características da pronúncia de uma determinada região dá-se o 
nome de sotaque: sotaque mineiro, sotaque nordestino, sotaque 
gaúcho etc. 
– De Situação: são provocadas pelas alterações das circuns-
tâncias em que se desenrola o ato de comunicação. Um modo de 
falar compatível com determinada situação é incompatível com 
outra
– Histórica: as línguas se alteram com o passar do tempo e com 
o uso. Muda a forma de falar, mudam as palavras, a grafia e o senti-
do delas. Essas alterações recebem o nome de variações históricas. 
A Linguagem Culta ou Padrão
É aquela ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências 
em que se apresenta com terminologia especial. É usada pelas 
pessoas instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se 
pela obediência às normas gramaticais. Mais comumente usada 
na linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É 
mais artificial, mais estável, menos sujeita a variações. Está presente 
nas aulas, conferências, sermões, discursos políticos, comunicações 
científicas, noticiários de TV, programas culturais etc.
Ouvindo e lendo é que você aprenderá a falar e a escrever 
bem. Procure ler muito, ler bons autores, para redigir bem.
A aprendizagem da língua inicia-se em casa, no contexto fa-
miliar, que é o primeiro círculo social para uma criança. A criança 
imita o que ouve e aprende, aos poucos, o vocabulário e as leis 
combinatórias da língua. Um falante ao entrar em contato com ou-
tras pessoas em diferentes ambientes sociais como a rua, a escola 
e etc., começa a perceber que nem todos falam da mesma forma. 
Há pessoas que falam de forma diferente por pertencerem a outras 
cidades ou regiões do país, ou por fazerem parte de outro grupo 
ou classe social. Essas diferenças no uso da língua constituem as 
variedades linguísticas.
Certas palavras e construções que empregamos acabam de-
nunciando quem somos socialmente, ou seja, em que região do 
país nascemos, qual nosso nível social e escolar, nossa formação e, 
às vezes, até nossos valores, círculo de amizades e hobbies. O uso 
da língua também pode informar nossa timidez, sobre nossa capa-
cidade de nos adaptarmos às situações novas e nossa insegurança.
A norma culta é a variedade linguística ensinada nas escolas, 
contida na maior parte dos livros, registros escritos, nas mídias tele-
visivas, entre outros. Como variantes da norma padrão aparecem: 
a linguagem regional, a gíria, a linguagem específica de grupos ou 
profissões. O ensino da língua culta na escola não tem a finalidade 
LÍNGUA PORTUGUESA
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de condenar ou eliminar a língua que falamos em nossa família ou 
em nossa comunidade. O domínio da língua culta, somado ao do-
mínio de outras variedades linguísticas, torna-nos mais preparados 
para nos comunicarmos nos diferentes contextos lingísticos, já que 
a linguagem utilizada em reuniões de trabalho não deve ser a mes-
ma utilizada em uma reunião de amigos no final de semana.
Portanto, saber usar bem uma língua equivale a saber empre-
gá-la de modo adequado às mais diferentes situações sociais de 
que participamos.
A norma culta é responsável por representar as práticas lin-
guísticas embasadas nos modelos de uso encontrados em textos 
formais. É o modelo que deve ser utilizado na escrita, sobretudo 
nos textos não literários, pois segue rigidamente as regras gramati-
cais. A norma culta conta com maior prestígio social e normalmente 
é associada ao nível cultural do falante: quanto maior a escolariza-
ção, maior a adequação com a língua padrão. 
Exemplo:
Venho solicitar a atenção de Vossa Excelência para que seja 
conjurada uma calamidade que está prestes a desabar em cima 
da juventude feminina do Brasil. Refiro-me, senhor presidente, ao 
movimento entusiasta que está empolgando centenas de moças, 
atraindo-as para se transformarem em jogadoras de futebol, sem 
se levar em conta que a mulher não poderá praticar este esporte 
violento sem afetar, seriamente, o equilíbrio fisiológico de suas fun-
ções orgânicas, devido à natureza que dispôs a ser mãe. 
A Linguagem Popular ou Coloquial
É aquela usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-
se quase sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de 
vícios de linguagem (solecismo – erros de regência e concordância; 
barbarismo – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; 
cacofonia; pleonasmo), expressões vulgares, gírias e preferência 
pela coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da língua. 
A linguagem popular está presente nas conversas familiares ou 
entre amigos, anedotas, irradiação de esportes, programas de TV e 
auditório, novelas, na expressão dos esta dos emocionais etc.
Dúvidas mais comuns da norma culta
Perca ou perda
Isto é uma perda de tempo ou uma perca de tempo? Tomara 
que ele não perca o ônibus ou não perda o ônibus? Quais são as fra-
ses corretas com perda e perca? Certo: Isto é uma perda de tempo.
Embaixo ou em baixo
O gato está embaixo da mesa ou em baixo da mesa? Continu-
arei falando em baixo tom de voz ou embaixo tom de voz? Quais 
são as frases corretas com embaixo e em baixo? Certo: O gato está 
embaixo da cama
Ver ou vir
A dúvida no uso de ver e vir ocorre nas seguintes construções: 
Se eu ver ou se eu vir? Quando eu ver ou quando eu vir? Qual das 
frases com ver ou vir está correta? Se eu vir você lá fora, você vai 
ficar de castigo!
Onde ou aonde
Os advérbios onde e aonde indicam lugar: Onde você está? 
Aonde você vai? Qual é a diferença entre onde e aonde? Onde indi-
ca permanência. É sinônimo de em que lugar. Onde, Em que lugar 
Fica?
Como escrever o dinheiro por extenso?
Os valores monetários, regra geral, devem ser escritos com al-
garismos: R$ 1,00 ou R$ 1 R$ 15,00 ou R$ 15 R$ 100,00 ou R$ 100 
R$ 1400,00 ou R$ 1400.
Obrigado ou obrigada
Segundo a gramática tradicional e a norma culta, o homem ao 
agradecer deve dizer obrigado. A mulher ao agradecer deve dizer 
obrigada. 
Mal ou mau
Como essas duas palavras são, maioritariamente, pronuncia-
das da mesma forma, são facilmente confundidas pelos falantes. 
Qual a diferença entre mal e mau? Mal é um advérbio, antônimo de 
bem. Mau é o adjetivo contrário de bom.
“Vir”, “Ver” e “Vier”
A conjugação desses verbos pode causar confusão em algumas 
situações, como por exemplo no futuro do subjuntivo. O correto é, 
por exemplo, “quando você o vir”, e não “quando você o ver”.
Já no caso do verbo “ir”, a conjugação correta deste tempo ver-
bal é “quando eu vier”, e não “quando eu vir”.
“Ao invés de” ou “em vez de”
“Ao invés de” significa “ao contrário” e deve ser usado apenas 
para expressar oposição.
Por exemplo: Ao invés de virar à direita, virei à esquerda.
Já “em vez de” tem um significado mais abrangente e é usado 
principalmente como a expressão “no lugar de”. Mas ele também 
pode ser usado para exprimir oposição. Por isso, os linguistas reco-
mendam usar “em vez de” caso esteja na dúvida.
Por exemplo: Em vez de ir de ônibus para a escola, fui de bici-
cleta.
“Para mim” ou “para eu”
Os dois podem estar certos, mas, se você vai continuar a frase 
com um verbo, deve usar “para eu”.
Por exemplo: Mariana trouxe bolo para mim; Caio pediu para 
eu curtir as fotos dele.
“Tem” ou “têm”
Tanto “tem” como “têm” fazem parte da conjugação do verbo 
“ter” no presente. Mas o primeiro é usado no singular, e o segundo 
no plural.
Por exemplo: Você tem medo de mudança; Eles têm medo de 
mudança.
“Há muitos anos”, “muitos anos atrás” ou “há muitos anos 
atrás”
Usar “Há” e “atrás” na mesma frase é uma redundância, já que 
ambas indicam passado. O correto é usar um ou outro.
Por exemplo: A erosão da encosta começou há muito tempo; O 
romance começou muito tempo atrás.
Sim, isso quer dizer que a música Eu nasci há dez mil anos atrás, 
de Raul Seixas, está incorreta.
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EXERCÍCIOS
1. (NCE/UFRJ – TRE/RJ – AUXILIAR JUDICIÁRIO – 2001) O item 
abaixo que apresenta erradamente uma separação de sílabas é:
(A) trans-o-ce-â-ni-co;
(B) cor-rup-te-la;
(C) sub-li-nhar;
(D) pneu-má-ti-co;
2. (FGV – SPTRANS – ESPECIALISTA EM TRANSPORTES – 2001) 
Assinale a alternativa em que o x representa fonema igual ao de 
“exame”.
(A) exceto.
(B) enxame.
(C) óxido.
(D) exequível.
3. (FUNDEC – TJ/MG – OFICIAL DE JUSTIÇA – 2002) Todas as 
palavras a seguir apresentam o mesmo número de sílabas e são 
paroxítonas, EXCETO:
(A) gratuito;
(B) silencio;
(C) insensível;
(D) melodia.
4. (FDC – PROFESSOR DE PORTUGUÊS II – 2005) Marque a série 
em que o hífen está corretamente empregado nas cinco palavras:
(A) pré-nupcial, ante-diluviano, anti-Cristo, ultra-violeta, infra-
-vermelho.
(B) vice-almirante, ex-diretor, super-intendente, extrafino, in-
fra-assinado.
(C) anti-alérgico, anti-rábico, ab-rupto, sub-rogar, antihigiênico.
(D) extraoficial, antessala, contrassenso, ultrarrealismo, con-
trarregra.
(E) co-seno, contra-cenar, sobre-comum, sub-humano, infra-
-mencionado.
5. (FUNIVERSA – CEB – ADVOGADO – 2010) Assinale a alter-
nativa em que todas as palavras são acentuadas pela mesma razão.
(A) “Brasília”, “prêmios”, “vitória”.
(B) “elétrica”, “hidráulica”, “responsáveis”.
(C) “sérios”, “potência”, “após”.
(D) “Goiás”, “já”, “vários”.
(E) “solidária”, “área”, “após”.
6. (CESGRANRIO – CMB – ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRA-
TIVO – 2012) Algumas palavras são acentuadas com o objetivo ex-
clusivo de distingui-las de outras. Uma palavra acentuada com esse 
objetivo é a seguinte:
(A) pôr.
(B) ilhéu.
(C) sábio.
(D) também.
(E) lâmpada.
7. (ESAF – SRF – AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL – 
2003) Indique o item em que todas as palavras estão corretamente 
empregadas e grafadas.
(A) A pirâmide carcerária assegura um contexto em que o po-
der de infringir punições legais a cidadãos aparece livre de 
qualquer excesso e violência.
(B) Nos presídios, os chefes e subchefes não devem ser exata-
mente nem juízes, nem professores, nem contramestres, nem
suboficiais, nem “pais”, porém avocam a si um pouco de tudo 
isso, num modo de intervenção específico.
(C) O carcerário, ao homogeinizar o poder legal de punir e o 
poder técnico de disciplinar, ilide o que possa haver de violento 
em um e de arbitrário no outro, atenuando os efeitos de revol-
ta que ambos possam suscitar.
(D) No singular poder de punir, nada mais lembra o antigo p 
der do soberano iminente que vingava sua autoridade sobre o 
corpo dos supliciados.
(E) A existência de uma proibição legal cria em torno dela um 
campo de práticas ilegais, sob o qual se chega a exercer con-
trole e aferir lucro ilícito, mas que se torna manejável por sua 
organização em delinqüência.
8. (FCC – METRÔ/SP – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO JÚNIOR 
– 2012) A frase que apresenta INCORREÇÕES quanto à ortografia é:
(A) Quando jovem, o compositor demonstrava uma capacidade 
extraordinária de imitar vários estilos musicais.
(B) Dizem que o músico era avesso à ideia de expressar senti-
mentos pessoais por meio de sua música.
(C) Poucos estudiosos se despõem a discutir o empacto das 
composições do músico na cultura ocidental.
(D) Salvo algumas exceções, a maioria das óperas do compositor 
termina em uma cena de reconciliação entre os personagens.
(E) Alguns acreditam que o valor da obra do compositor se 
deve mais à árdua dedicação do que a arroubos de inspiração.
9. (CESGRANRIO – FINEP – TÉCNICO – 2011) A vírgula pode 
ser retirada sem prejuízo para o significado e mantendo a norma 
padrão na seguinte sentença:
(A) Mário, vem falar comigo depois do expediente.
(B) Amanhã, apresentaremos a proposta de trabalho.
(C) Telefonei para o Tavares, meu antigo chefe.
(D) Encomendei canetas, blocos e crachás para a reunião.
(E) Entrou na sala, cumprimentou a todos e iniciou o discurso.
10. (CESGRANRIO – PETROBRAS – TÉCNICO DE ENFERMAGEM 
DO TRABALHO – 2011) Há ERRO quanto ao emprego dos sinais de 
pontuação em:
(A) Ao dizer tais palavras, levantou-se, despediu-se dos convi-
dados e retirou-se da sala: era o final da reunião.
(B) Quem disse que, hoje, enquanto eu dormia, ela saiu sorra-
teiramente pela porta?
(C) Na infância, era levada e teimosa; na juventude, tornou-se 
tímida e arredia; na velhice, estava sempre alheia a tudo.
(D) Perdida no tempo, vinham-lhe à lembrança a imagem mui-
to branca da mãe, as brincadeiras no quintal, à tarde, com os 
irmãos e o mundo mágico dos brinquedos.
(E) Estava sempre dizendo coisas de que mais tarde se arre-
penderia. Prometia a si própria que da próxima vez, tomaria 
cuidado com as palavras, o que entretanto, não acontecia.
11. (FCC – INFRAERO – ADMINISTRADOR – 2011) Está inteira-
mente correta a pontuação do seguinte período:
(A) Os personagens principais de uma história, responsáveis 
pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes, de peque-
nas providências que, tomadas por figurantes aparentemente 
sem importância, ditam o rumo de toda a história.
(B) Os personagens principais, de uma história, responsáveis 
pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes, de pequenas 
providências que tomadas por figurantes, aparentemente sem 
importância, ditam o rumo de toda a história.
(C) Os personagens principais de uma história, responsáveis 
pelo sentido maior dela dependem muitas vezes de pequenas 
providências, que, tomadas por figurantes aparentemente, 
sem importância, ditam o rumo de toda a história. 
LÍNGUA PORTUGUESA
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(D) Os personagens principais, de uma história, responsáveis 
pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes de pequenas 
providências, que tomadas por figurantes aparentemente sem 
importância, ditam o rumo de toda a história.
(E) Os personagens principais de uma história, responsáveis, 
pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes de peque-
nas
providências, que tomadas por figurantes, aparentemente, 
sem importância, ditam o rumo de toda a história.
12. (CONSULPLAN – ANALISTA DE INFORMÁTICA (SDS-SC) – 
2008) A alternativa em que todas as palavras são formadas pelo 
mesmo processo de formação é:
(A) responsabilidade, musicalidade, defeituoso;
(B) cativeiro, incorruptíveis, desfazer;
(C) deslealdade, colunista, incrível;
(D) anoitecer, festeiro, infeliz;
(E) reeducação, dignidade, enriquecer.
13. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL 
– 2010) No verso “Para desentristecer, leãozinho”, Caetano Veloso 
cria um neologismo. A opção que contém o processo de formação 
utilizado para formar a palavra nova e o tipo de derivação que a 
palavra primitiva foi formada respectivamente é:
(A) derivação prefixal (des + entristecer); derivação parassinté-
tica (en + trist + ecer);
(B) derivação sufixal (desentriste + cer); derivação imprópria 
(en + triste + cer);
(C) derivação regressiva (des + entristecer); derivação parassin-
tética (en + trist + ecer);
(D) derivação parassintética (en + trist + ecer); derivação prefi-
xal (des + entristecer);
(E) derivação prefixal (en + trist + ecer); derivação parassintéti-
ca (des + entristecer).
14. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL – 
2010) A palavra “Olhar” em (meu olhar) é um exemplo de palavra 
formada por derivação:
(A) parassintética;
(B) prefixal;
(C) sufixal;
(D) imprópria;
(E) regressiva.
15. (CESGRANRIO – BNDES – ADVOGADO – 2004) No título do 
artigo “A tal da demanda social”, a classe de palavra de “tal” é:
(A) pronome;
(B) adjetivo;
(C) advérbio;
(D) substantivo;
(E) preposição.
16. Assinale a alternativa que apresenta a correta classificação 
morfológica do pronome “alguém” (l. 44).
(A) Pronome demonstrativo.
(B) Pronome relativo.
(C) Pronome possessivo.
(D) Pronome pessoal.
(E) Pronome indefinido.
17. Em relação à classe e ao emprego de palavras no texto, na 
oração “A abordagem social constitui-se em um processo de traba-
lho planejado de aproximação” (linhas 1 e 2), os vocábulos subli-
nhados classificam-se, respectivamente, em
(A) preposição, pronome, artigo, adjetivo e substantivo.
(B) pronome, preposição, artigo, substantivo e adjetivo.
(C) conjunção, preposição, numeral, substantivo e pronome.
(D) pronome, conjunção, artigo, adjetivo e adjetivo.
(E) conjunção, conjunção, numeral, substantivo e advérbio.
18. (VUNESP – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO 
– 2011) Assinale a alternativa em que a concordância verbal está 
correta.
(A) Haviam cooperativas de catadores na cidade de São Paulo.
(B) O lixo de casas e condomínios vão para aterros.
(C) O tratamento e a destinação corretos do lixo evitaria que 
35% deles fosse despejado em aterros.
(D) Fazem dois anos que a prefeitura adia a questão do lixo.
(E) Somos nós quem paga a conta pelo descaso com a coleta 
de lixo.
19. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 
2012) Assinale a opção que fornece a correta justificativa para as 
relações de concordância no texto abaixo.
O bom desempenho do lado real da economia proporcionou 
um período de vigoroso crescimento da arrecadação. A maior lucra-
tividade das empresas foi decisiva para os resultados fiscais favo-
ráveis. Elevaram-se, de forma significativa e em valores reais, de-
flacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as 
receitas do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), a Contribuição 
Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), e a Contribuição para o Finan-
ciamento da Seguridade Social (Cofins). O crescimento da massa de 
salários fez aumentar a arrecadação do Imposto de Renda Pessoa 
Física (IRPF) e a receita de tributação sobre a folha da previdência 
social. Não menos relevantes foram os elevados ganhos de capital, 
responsáveis pelo aumento da arrecadação do IRPF.
(A) O uso do plural em “valores” é responsável pela flexão de 
plural em “deflacionados”.
(B) O plural em “resultados” é responsável pela flexão de plural 
em “Elevaram-se”.
(C) Emprega-se o singular em “proporcionou” para respeitar as 
regras de concordância com “economia”.
(D) O singular em “a arrecadação” é responsável pela flexão de 
singular em “fez aumentar”.
(E) A flexão de plural em “foram” justifica-se pela concordância 
com “relevantes”.
20. (FCC – TRE/MG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2005) As liber-
dades ...... se refere o autor dizem respeito a direitos ...... se ocupa 
a nossa Constituição. Preenchem de modo correto as lacunas da 
frase acima, na ordem dada, as expressões:
(A) a que – de que;
(B) de que – com que;
(C) a cujas – de cujos;
(D) à que – em que;
(E) em que – aos quais.
21. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 
2008) Assinale o trecho que apresenta erro de regência.
(A) Depois de um longo período em que apresentou taxas de 
crescimento econômico que não iam além dos 3%, o Brasil fe-
cha o ano de 2007 com uma expansão de 5,3%, certamente a 
maior taxa registrada na última década.
(B) Os dados ainda não são definitivos, mas tudo sugere que 
serão confirmados. A entidade responsável pelo estudo foi a 
conhecida Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL).
LÍNGUA PORTUGUESA
41
(C) Não há dúvida de que os números são bons, num momento 
em que atingimos um bom superávit em conta-corrente, em 
que se revela queda no desemprego e até se anuncia a am-
pliação de nossas reservas monetárias, além da descoberta de 
novas fontes de petróleo.
(D) Mesmo assim, olhando-se para os vizinhos de continente, 
percebe-se que nossa performance é inferior a que foi atribuí-
da a Argentina (8,6%) e a alguns outros países com participação 
menor no conjunto dos bens produzidos pela América Latina.
(E) Nem é preciso olhar os exemplos da China, Índia e Rússia, 
com crescimento acima desses patamares. Ao conjunto inteiro 
da América Latina, o organismo internacional está atribuindo 
um crescimento médio, em 2007, de 5,6%, um pouco maior do 
que o do Brasil.
22. (FGV – SENADO FEDERAL – POLICIAL LEGISLATIVO FEDE-
RAL – 2008) Assinale a alternativa em que se tenha optado correta-
mente por utilizar ou não o acento grave indicativo de crase.
(A) Vou à Brasília dos meus sonhos.
(B) Nosso expediente é de segunda à sexta.
(C) Pretendo viajar a Paraíba.
(D) Ele gosta de bife à cavalo.
23. (FDC – MAPA – ANALISTA DE SISTEMAS – 2010) Na oração 
“Eles nos deixaram À VONTADE” e no trecho “inviabilizando o ata-
que, que, naturalmente, deveria ser feito À DISTÂNCIA”, observa-se 
a ocorrência da crase nas locuções adverbiais em caixa-alta. Nas 
locuções das frases abaixo também ocorre a crase, que deve ser 
marcada com o acento, EXCETO em:
(A) Todos estavam à espera de uma solução para o problema.
(B) À proporção que o tempo passava, maior era a angústia do 
eleitorado pelo resultado final.
(C) Um problema à toa emperrou o funcionamento do sistema.
(D) Os técnicos estavam face à face com um problema insolúvel.
(E) O Tribunal ficou à mercê dos hackers que invadiram o sis-
tema.
24. Levando-se em consideração os conceitos de frase, oração e 
período, é correto afirmar que o trecho abaixo é considerado um (a):
“A expectativa é que o México, pressionado pelas mudanças 
americanas, entre na fila.”
(A) Frase, uma vez que é composta por orações coordenadas e 
subordinadas.
(B) Período, composto por três orações.
(C) Oração, pois possui sentido completo.
(D) Período, pois é composto por frases e orações.
25. (AOCP – PREF. DE CATU/BA – MECÂNICO DE VEÍCULOS 
– 2007) Leia a seguinte sentença: Joana tomou um sonífero e não 
dormiu. Assinale a alternativa que classifica corretamente a segun-
da oração.
(A) Oração coordenada assindética aditiva.
(B) Oração coordenada sindética aditiva.
(C) Oração coordenada sindética adversativa.
(D) Oração coordenada sindética explicativa.
(E) Oração coordenada sindética alternativa.
26. (AOCP – PREF. DE CATU/BA – BIBLIOTECÁRIO – 2007) Leia 
a seguinte sentença: Não precisaremos voltar ao médico nem fazer 
exames. Assinale a alternativa que classifica corretamente as duas 
orações.
(A) Oração coordenada assindética e oração coordenada adver-
sativa.
(B) Oração principal e oração coordenada sindética aditiva.
(C) Oração coordenada assindética e oração coordenada aditiva.
(D) Oração principal e oração subordinada adverbial consecutiva.
(E) Oração coordenada assindética e oração coordenada adver-
bial consecutiva.
27. (EMPASIAL – TJ/SP – ESCREVENTE JUDICIÁRIO – 1999) 
Analise sintaticamente a oração em destaque:
“Bem-aventurados os que ficam, porque eles serão recompen-
sados” (Machado de Assis).
(A) oração subordinada substantiva completiva nominal.
(B) oração subordinada adverbial causal.
(C) oração subordinada adverbial temporal desenvolvida.
(D) oração coordenada sindética conclusiva.
(E) oração coordenada sindética explicativa.
28. (FGV – SENADO FEDERAL – TÉCNICO LEGISLATIVO – ADMI-
NISTRAÇÃO – 2008) “Mas o fato é que transparência deixou de ser 
um processo de observação cristalina para assumir um discurso de 
políticas de averiguação de custos engessadas que pouco ou quase 
nada retratam as necessidades de populações distintas.”.
A oração grifada no trecho acima classifica-se como:
(A) subordinada substantiva predicativa;
(B) subordinada adjetiva restritiva;
(C) subordinada substantiva subjetiva;
(D) subordinada substantiva objetiva direta;
(E) subordinada adjetiva explicativa.
29. (FUNCAB – PREF. PORTO VELHO/RO – MÉDICO – 2009) No 
trecho abaixo, as orações introduzidas pelos termos grifados são 
classificadas, em relação às imediatamente anteriores, como:
“Não há dúvida de que precisaremos curtir mais o dia a dia, 
mas nunca à custa de nossos filhos...”
(A) subordinada substantiva objetiva indireta e coordenada sin-
dética adversativa;
(B) subordinada adjetiva restritiva e coordenada sindética ex-
plicativa;
(C) subordinada adverbial conformativa e subordinada adver-
bial concessiva;
(D) subordinada substantiva completiva nominal e coordenada 
sindética adversativa;
(E) subordinada adjetiva restritiva e subordinada adverbial con-
cessiva.
30. (ACEP – PREF. QUIXADÁ/CE – PSICÓLOGO – 2010) No pe-
ríodo “O essencial é o seguinte: //nunca antes neste país houve um 
governo tão imbuído da ideia // de que veio // para recomeçar a 
história.”, a oração sublinhada é classificada como:
(A) coordenada assindética;
(B) subordinada substantiva completiva nominal;
(C) subordinada substantiva objetiva indireta;
(D) subordinada substantiva apositiva.
31. (CESGRANRIO – SEPLAG/BA – PROFESSOR PORTUGUÊS – 
2010) Estabelece relação de hiperonímia/hiponímia, nessa ordem, 
o seguinte par de palavras:
(A) estrondo – ruído;
(B) pescador – trabalhador;
(C) pista – aeroporto;
(D) piloto – comissário;
(E) aeronave – jatinho.
LÍNGUA PORTUGUESA
42
32. (VUNESP – SEAP/SP – AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA 
PENITENCIÁRIA – 2012) No trecho – Para especialistas, fica uma 
questão: até que ponto essa exuberância econômica no Brasil é 
sustentável ou é apenas mais uma bolha? – o termo em destaque 
tem como antônimo:
(A) fortuna;
(B) opulência;
(C) riqueza;
(D) escassez;
(E) abundância.
33. (FEMPERJ – VALEC – JORNALISTA – 2012) Intertextualida-
de é a presença de um texto em outro; o pensamento abaixo que 
NÃO se fundamenta em intertextualidade é:
(A) “Se tudo o que é bom dura pouco, eu já deveria ter morrido 
há muito tempo.”
(B) “Nariz é essa parte do corpo que brilha, espirra, coça e se 
mete onde não é chamada.”
(C) “Une-te aos bons e será um deles. Ou fica aqui com a gente 
mesmo!”
(D) “Vamos fazer o feijão com arroz. Se puder botar um ovo, 
tudo bem.”
(E) “O Neymar é invendável, inegociável e imprestável.”
Atenção: Leia o texto abaixo para responder as questões.
UM APÓLOGO
Machado de Assis. 
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrola-
da, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?
— Deixe-me, senhora.
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está 
com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me 
der na cabeça.
— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. 
Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem 
o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos 
outros.
— Mas você é orgulhosa.
— Decerto que sou.
— Mas por quê?
— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa 
ama, quem é que os cose, senão eu?
— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora 
que quem os cose sou eu, e muito eu?
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um 
pedaço ao outro, dou feição aos babados…
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, 
puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e 
mando…
— Também os batedores vão adiante do imperador.
— Você é imperador?
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel su-
balterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o 
trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto…
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. 
Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que 
tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a 
costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou 
a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando or-
gulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os 
dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a 
isto uma cor poética. E dizia a agulha:
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? 
Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é 
que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo 
e acima…
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela 
agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe 
o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que 
ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era 
tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-pli-
c-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a 
costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até 
que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que 
a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para 
dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da 
bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, 
alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, 
perguntou-lhe:
— Ora agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da 
baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que 
vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para 
a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? 
Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabe-
ça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha: — 
Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que 
vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como 
eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.
Contei esta história a um professor de melancolia, que me dis-
se, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a 
muita linha ordinária!
34. De acordo com o texto “Um Apólogo” de Machado de Assis 
e com a ilustração abaixo, e levando em consideração as persona-
gens presentes nas narrativas tanto verbal quanto visual, indique 
a opção em que a fala não é compatível com a associação entre os 
elementos dos textos:
(A) “- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda en-
rolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?” (L.02)
(B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. 
Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar?” (L.06)
(C) “- Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, 
puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço 
e mando...” (L.14-15)
(D) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? 
Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; 
eu é que vou aqui
entre os dedos dela, unidinha a eles, furando 
abaixo e acima.” (L.25-26)
LÍNGUA PORTUGUESA
43
(E) “- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela 
e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de 
costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. 
Onde me espetam, fico.” (L.40-41)
35. O diminutivo, em Língua Portuguesa, pode expressar ou-
tros valores semânticos além da noção de dimensão, como afetivi-
dade, pejoratividade e intensidade. Nesse sentido, pode-se afirmar 
que os valores semânticos utilizados nas formas diminutivas “unidi-
nha”(L.26) e “corpinho”(L.32), são, respectivamente, de:
(A) dimensão e pejoratividade;
(B) afetividade e intensidade;
(C) afetividade e dimensão;
(D) intensidade e dimensão;
(E) pejoratividade e afetividade.
36. Em um texto narrativo como “Um Apólogo”, é muito co-
mum uso de linguagem denotativa e conotativa. Assinale a alterna-
tiva cujo trecho retirado do texto é uma demonstração da expressi-
vidade dos termos “linha” e “agulha” em sentido figurado.
(A) “- É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa 
ama, quem é que os cose, senão eu?” (L.11)
(B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. 
Agulha não tem cabeça.” (L.06)
(C) “- Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um 
pedaço ao outro, dou feição aos babados...” (L.13)
(D) “- Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordiná-
ria!” (L.43)
(E) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pou-
co?” (L.25)
37. De acordo com a temática geral tratada no texto e, de 
modo metafórico, considerando as relações existentes em um am-
biente de trabalho, aponte a opção que NÃO corresponde a uma 
ideia presente no texto:
(A) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação equâ-
nime em ambientes coletivos de trabalho;
(B) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação equâ-
nime em ambientes coletivos de trabalho;
(C) O texto indica que, em um ambiente coletivo de trabalho, 
cada sujeito possui atribuições próprias.
(D) O texto sugere que o reconhecimento no ambiente coletivo 
de trabalho parte efetivamente das próprias atitudes do sujeito.
(E) O texto revela que, em um ambiente coletivo de trabalho, 
frequentemente é difícil lidar com as vaidades individuais.
Leia o texto abaixo para responder a questão.
A lama que ainda suja o Brasil
Fabíola Perez(fabiola.perez@istoe.com.br)
 A maior tragédia ambiental da história do País escancarou um 
dos principais gargalos da conjuntura política e econômica brasilei-
ra: a negligência do setor privado e dos órgãos públicos diante de 
um desastre de repercussão mundial. Confirmada a morte do Rio 
Doce, o governo federal ainda não apresentou um plano de recu-
peração efetivo para a área (apenas uma carta de intenções). Tam-
pouco a mineradora Samarco, controlada pela brasileira Vale e pela 
anglo-australiana BHP Billiton. A única medida concreta foi a apli-
cação da multa de R$ 250 milhões – sendo que não há garantias de 
que ela será usada no local. “O leito do rio se perdeu e a calha pro-
funda e larga se transformou num córrego raso”, diz Malu Ribeiro, 
coordenadora da rede de águas da Fundação SOS Mata Atlântica, 
sobre o desastre em Mariana, Minas Gerais. “O volume de rejeitos 
se tornou uma bomba relógio na região.” 
Para agravar a tragédia, a empresa declarou que existem riscos 
de rompimento nas barragens de Germano e de Santarém. Segun-
do o Departamento Nacional de Produção Mineral, pelo menos 16 
barragens de mineração em todo o País apresentam condições de 
insegurança. “O governo perdeu sua capacidade de aparelhar ór-
gãos técnicos para fiscalização”, diz Malu. Na direção oposta 
Ao caminho da segurança, está o projeto de lei 654/2015, do 
senador Romero Jucá (PMDB-RR) que prevê licença única em um 
tempo exíguo para obras consideradas estratégicas. O novo marco 
regulatório da mineração, por sua vez, também concede priorida-
de à ação de mineradoras. “Ocorrerá um aumento dos conflitos 
judiciais, o que não será interessante para o setor empresarial”, 
diz Maurício Guetta, advogado do Instituto Sócio Ambiental (ISA). 
Com o avanço dessa legislação outros danos irreversíveis podem 
ocorrer.
FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/441106_A+LA MA+-
QUE+AINDA+SUJA+O+BRASIL
38. Observe as assertivas relacionadas ao texto lido:
I. O texto é predominantemente narrativo, já que narra um 
fato.
II. O texto é predominantemente expositivo, já que pertence 
ao gênero textual editorial. 
III. O texto é apresenta partes narrativas e partes expositivas, já 
que se trata de uma reportagem. 
IV. O texto apresenta partes narrativas e partes expositivas, já 
se trata de um editorial. 
Analise as assertivas e responda:
(A) Somente a I é correta.
(B) Somente a II é incorreta.
(C) Somente a III é correta
(D) A III e IV são corretas. 
39. (PREFEITURA DE TERESINA - PI - GUARDA CIVIL MUNICI-
PAL – NUCEPE – 2019)
No excerto: Estamos vivendo em uma época que pode ser 
comparada a uma mistura das cenas de Big Brother..., a expressão 
em destaque constitui uma perífrase verbal da mesma natureza es-
trutural, do ponto de vista da voz verbal, daquela que se encontra 
destacado em:
(A) ... a maioria de nós pode ser comparada a uma criança na 
primeira infância.
(B) O homem-bomba será substituído por um novo tipo de 
terrorismo, ...
(C) ... não está descartado o constrangimento de acesso 
aleatório à internet doméstica...
(D) ...estaremos transferindo dinheiro com um simples 
movimento do pulso.
(E) A maioria de nós será chipada.
40. (MPE-PE - ANALISTA MINISTERIAL - BIBLIOTECONOMIA – 
FCC – 2018)
Na elaboração de resumos, a paráfrase:
(A) é perigosa, pois pode conduzir o leitor a ideias diferentes 
das do autor.
(B) é vedada, devendo o resumidor empregar o vocabulário 
usado pelo autor.
(C) utiliza as mesmas palavras do original para manter o es-
tilo do autor.
(D) busca resumos originais e breves, sendo redigidos pelo 
próprio autor.
LÍNGUA PORTUGUESA
44
(E) consiste no uso de jargão, visando a simplificar as pala-
vras do autor.
41. ( PREFEITURA DE FORQUILHA - CE- GUARDA MUNICIPAL 
– CETREDE – 2018)
 “Tenha cuidado ao parafrasear o que ouvir, nossa capacidade 
de retenção é variável e, muitas vezes, inconscientemente deturpa-
mos o que ouvimos.” Ao pontuarmos esse período, corretamente, 
usaremos quantas vírgulas?
(A) 5.
(B) 4.
(C) 2.
(D) 3.
(E) 1.
42. (EMPREL – ANALISTA DE SISTEMAS- INSTITUTO AOCP – 
2019) 
Tecnologia a caminho da energia infinita
Rui Salsas
Vivemos uma fase de sensibilização e redução de emissão de 
gases com efeito de estufa, em prol do Planeta Azul. A energia é um 
recurso estratégico e um elemento-chave para o desenvolvimento 
sociodemográfico, assumindo um papel vital nas sociedades mo-
dernas. Em pleno século XXI, assistimos a uma verdadeira transfor-
mação e reengenharia de processos, promovendo a tecnologia e as 
suas funcionalidades na procura de melhor rendimento, de maior 
produtividade e eficiência, de maior sustentabilidade, fazendo mais 
com menos intervenção humana e minimizando as alterações aos 
ecossistemas ambientais.
Nesse sentido, o setor das Utilities tem procurado introduzir 
a Inteligência Artificial (IA) e a Computação de Aprendizagem Au-
tomática (machine learning e/ou deep learning) como sendo os 
aliados de peso para o futuro próximo onde a eficiência energética 
será, e já mostra ser, uma das áreas com maior potencial e investi-
mento e, consequentemente, geração de emprego.
Do ponto de vista teórico, a utilização da IA traduz-se por “en-
sinar” máquinas ou software a representar o ser humano na exe-
cução de tarefas. Mais, esta tecnologia está acrescentando tarefas 
complexas e mais elaboradas capazes de modificar o seu comporta-
mento, ou seja, as máquinas ou software poderão deter capacidade 
de aprender sem que sejam explicitamente programadas para isso.
Então, como é que a Inteligência Artificial afeta as Utilities? A 
IA cumpre quatro funções principais, transversais a outros setores:
• Compreender as necessidades
do consumidor – utilizar sof-
tware capaz de recolher dados dos clientes e ser capaz de ofere-
cer produtos mais adequados ao seu consumo, além de potenciar 
novos consumidores (por exemplo, combinar consumo energético 
com compras em hipermercados e usufruir de descontos associa-
dos);
• Melhorar os produtos e serviços oferecidos – recolher e ana-
lisar dados com programas inteligentes melhorará a oferta e divul-
gação de produtos e serviços atuais e novos; 
• Identificar e gerir o risco – usar dados analíticos da organiza-
ção para inferir novos padrões de comportamento e de risco dos 
consumidores;
• Identificar e evitar fraudes – usar sistemas de análise de apren-
dizagem automática, para padronizar com um grande grau de certeza 
cada consumidor, irá certamente ajudar na identificação de fraudes.
 […] Concluindo, os últimos anos introduziram desafios signifi-
cativos no setor da Energia, relacionados com a revolução energé-
tica em curso e na eficácia, quer da sua recolha quer do seu consu-
mo. É, portanto, necessário superar expectativas por um país mais 
inovador e digital e por um planeta mais sustentável e ecológico, e 
nesse contexto a IA tem-se revelado uma aposta séria no presente 
e para o futuro, para beneficiar todas as indústrias.
Adaptado de: <http://exameinformatica.sapo.pt/opiniao/
2019-10-09-Tecnologia-a-caminho-da-energia-infinita> . Acesso 
em: 10 out. 2019.
No trecho “Vivemos uma fase de sensibilização e redução de 
emissão de gases com efeito de estufa, em prol do Planeta Azul.” 
ocorre uma figura de linguagem denominada
(A) metáfora.
(B) perífrase.
(C) paradoxo.
(D) sinestesia.
(E) eufemismo.
43. (MDS- ATIVIDADES TÉCNICAS DE COMPLEXIDADE INTE-
LECTUAL-NÍVEL IV- CETRO – 2015) 
Dois temas pendentes da história brasileira continuam forte-
mente presentes em nossas inquietações sociais e políticas. O tema 
da escravidão e o seu tema residual, o da posse da terra. São temas 
inter-relacionados, relativos às duas grandes questões nacionais, si-
tuados em polos cronológicos opostos: a questão do trabalho livre 
e a questão agrária. Mesmo que enquanto temas não tenham visi-
bilidades equivalentes nem presença com dimensão apropriada no 
conjunto dos interesses da sociedade, estão ligados entre si porque 
referem-se a momentos polares de um processo inacabado, que 
subjaz silencioso em nossa história do presente. É inócuo discutir a 
questão agrária sem situá-la como incontornável questão residual 
da solução que, no passado, a sociedade brasileira deu à questão 
do escravismo.
São justamente os temas que balizam o ritmo de nossa história 
social e limitam nossos horizontes históricos. Limitam a possibili-
dade de sairmos dos impasses que nos tolhem e aprisionam nessa 
estranha modernidade em que o atraso e os problemas do passado 
se tornam o seu tempero folclórico. Nossa melhor literatura está 
profundamente marcada por essas persistências. Elas funcionam 
como um referencial de compreensão da invisibilidade do que so-
mos, de nossa alma perdida no fundo do tempo de uma história 
sempre inconclusa, sempre por fazer. Mais uma história da espera 
do que da esperança. São os temas que definem o ritmo inseguro 
de nossa história lenta.
MARTINS, J.S. Reforma Agrária: O Impossível Diálogo. Texto com 
adaptações. 1ª ed. São Paulo: Edusp, 2004.
Em seguida, propõem-se paráfrases do segundo período do 
último parágrafo. Considerando as orientações da prescrição gra-
matical no que se refere a textos escritos na modalidade padrão 
da Língua Portuguesa, assinale a alternativa que apresenta a pa-
ráfrase correta.
A) Limitam a possibilidade de o Brasil sair dos impasses que 
lhe tolhem e lhe aprisionam nessa estranha modernidade 
onde o atraso e os problemas do passado se tornam o seu 
tempero folclórico.
B) Limitam a possibilidade de o Brasil sair dos impasses que 
o tolhem e o aprisionam nessa estranha modernidade onde 
o atraso e os problemas do passado se tornam o seu tem-
pero folclórico. 
C) Limitam a possibilidade de o Brasil sair dos impasses que 
lhe tolhem e lhe aprisionam nessa estranha modernidade 
cujo tempero folclórico se forma do atraso e dos problemas 
do passado.
LÍNGUA PORTUGUESA
45
D) Limitam a possibilidade de o Brasil sair dos impasses que 
o tolhem e o aprisionam nessa estranha modernidade cujo 
tempero folclórico se forma do atraso e dos problemas do 
passado.
E) Limitam a possibilidade de o Brasil sair dos impasses que 
lhe tolhem e o aprisionam nessa estranha modernidade cujo 
atraso e os problemas do passado tornam-se seu tempero 
folclórico.
44. (IF-PA – PROFESSOR- LETRAS -HABILITAÇÃO EM PORTU-
GUÊS E INGLÊS – FADESP – 2018)
A paráfrase é um dos mecanismos de:
(A) sequenciação.
(B) coerência textual.
(C) substituição.
(D) coesão recorrencial.
(E) reiteração.
45. ( PREFEITURA DE CARANAÍBA - MG – AGENTE COMUNITÁ-
RIO DE SAÚDE – FCM – 2019)
Texto
“Linguagem é a expressão individual e social do ser humano e, 
ao mesmo tempo, o elemento comum que possibilita o processo 
comunicativo entre os sujeitos que vivem em sociedade.”(CEREJA 
& MAGALHÃES, 2013, p.13). 
Tendo por base o conceito veiculado no Texto, qual tipo de lin-
guagem apresenta-se na tirinha?
(A) Oral.
(B) Verbal.
(C) Escrita.
(D) Não verbal.
GABARITO
1 A
2 D
3 A
4 D
5 A
6 A
7 B
8 C
9 B
10 E
11 A
12 A
13 A
14 D
15 A
16 E
17 B
18 E
19 A
20 A
21 D
22 A
23 D
24 B
25 C
26 C
27 E
28 A
29 D
30 B
31 E
32 D
33 E
34 E
35 D
36 D
37 D
38 D
39 D
40 A
41 D
42 B
43 D
44 D
45 D
LÍNGUA PORTUGUESA
46
ANOTAÇÕES
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DEFESA NACIONAL
1. POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA – O Estado, a Segurança e a Defesa; O ambiente internacional; O ambiente regional e o entorno es-
tratégico; O Brasil; Objetivos Nacionais de Defesa; e Orientações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA – Formulação Sistemática; e Medidas de implementação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
DEFESA NACIONAL1POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA – O ESTADO, A SEGU-RANÇA E A DEFESA; O AMBIENTE INTERNACIONAL; O AMBIENTE REGIONAL E O ENTORNO ESTRATÉGICO; O BRASIL; OBJETIVOS NACIONAIS DE DEFESA; E ORIEN-TAÇÕESPOLÍTICA NACIONAL DE DEFESA1. INTRODUÇÃOA Política Nacional de Defesa (PND) é o documento condicio-nante de mais alto nível do planejamento de ações destinadas à defesa nacional coordenadas pelo Ministério da Defesa. Voltada essencialmente para ameaças externas, estabelece objetivos e orientações para o preparo e o emprego dos setores militar e civil em todas as esferas do Poder Nacional, em prol da Defesa NacionalEsta Política pressupõe que a defesa do País é inseparável do seu desenvolvimento, fornecendo-lhe o indispensável escudo. A intensificação da projeção do Brasil no concerto das nações e sua maior inserção em processos decisórios internacionais associam-se ao modelo de defesa proposto nos termos expostos a seguirEste documento explicita os conceitos de Segurança e de De-fesa Nacional, analisa os ambientes internacional e nacional e es-tabelece os Objetivos Nacionais de Defesa. Além disso, orienta a consecução desses objetivos.A Política Nacional de Defesa interessa a todos os segmen-tos da sociedade brasileira. Baseada nos fundamentos, objetivos e princípios constitucionais, alinha-se às aspirações nacionais e às orientações governamentais, em particular à política externa brasi-leira, que propugna, em uma visão ampla e atual, a solução pacífica das controvérsias, o fortalecimento da paz e da segurança interna-cionais, o reforço do multilateralismo e a integração sul-americana. Após longo período livre de conflitos que tenham afetado di-retamente o território e a soberania nacional, a percepção das ameaças está desvanecida para muitos brasileiros. No entanto, é imprudente imaginar que um país com o potencial do Brasil não enfrente antagonismos ao perseguir seus legítimos interesses. Um dos propósitos da Política Nacional de Defesa é conscientizar todos os segmentos da sociedade brasileira da importância da defesa do País e de que esta é um dever de todos os brasileiros.2. O ESTADO, A SEGURANÇA E A DEFESA2.1. O Estado tem como pressupostos básicos território, povo, leis e governo próprios e independência nas relações externas. Ele detém o monopólio legítimo dos meios de coerção para fazer valer a lei e a ordem, estabelecidas democraticamente, provendo, tam-bém, a segurança. A defesa externa é a destinação precípua das Forças Armadas2.2. A segurança é tradicionalmente vista somente do ângulo da confrontação entre nações, ou seja, a proteção contra ameaças de outras comunidades políticas ou, mais simplesmente, a defesa externa. À medida que as sociedades se desenvolveram e que se aprofundou a interdependência entre os Estados, novas exigências foram agregadas.2.3. Gradualmente, ampliou-se o conceito de segurança, abran-gendo os campos político, militar, econômico, psicossocial, científi-co-tecnológico, ambiental e outros.Preservar a segurança requer medidas de largo espectro, en-volvendo, além da defesa externa: a defesa civil, a segurança públi-ca e as políticas econômica, social, educacional, científicotecnológi-ca, ambiental, de saúde, industrial. Enfim, várias ações, muitas das quais não implicam qualquer envolvimento das Forças Armadas.Cabe considerar que a segurança pode ser enfocada a partir do indivíduo, da sociedade e do Estado, do que resultam definições com diferentes perspectivas.EXERCÍCIOSGABARITOANOTAÇÕES__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________A segurança, em linhas gerais, é a condição em que o Estado, a so-ciedade ou os indivíduos se sentem livres de riscos, pressões ou amea-ças, inclusive de necessidades extremas. Por sua vez, defesa é a ação efetiva para se obter ou manter o grau de segurança desejado. 2.4. Para efeito da Política Nacional de Defesa são adotados os seguintes conceitos:I – Segurança é a condição que permite ao País preservar sua soberania e integridade territorial, promover seus interesses nacio-nais, livre de pressões e ameaças, e garantir aos cidadãos o exercí-cio de seus direitos e deveres constitucionais;II – Defesa Nacional é o conjunto de medidas e ações do Es-tado, com ênfase no campo militar, para a defesa do território, da soberania e dos interesses nacionais contra ameaças preponderan-temente externas, potenciais ou manifestas.3. O AMBIENTE INTERNACIONAL3.1. O mundo vive
desafios mais complexos do que os enfren-tados durante o período de confrontação ideológica bipolar. O fim da Guerra Fria reduziu o grau de previsibilidade das relações inter-nacionais vigentes desde a Segunda Guerra MundiaNesse ambiente, é pouco provável um conflito generalizado entre Estados. Entretanto, renovam-se conflitos de caráter étnico e religioso, exacerbam-se os nacionalismos e fragmentam-se os Esta-dos, situações que afetam a ordem mundial. Neste século, poderão ser intensificadas disputas por áreas ma-rítimas, pelo domínio aeroespacial e por fontes de água doce, de alimentos e de energia, cada vez mais escassas. Tais questões pode-rão levar a ingerências em assuntos internos ou a disputas por es-paços não sujeitos à soberania dos Estados, configurando quadros de conflito. Por outro lado, o aprofundamento da interdependência dificulta a precisa delimitação dos ambientes externo e interno.Com a ocupação dos últimos espaços terrestres, as fronteiras continuarão a ser motivo de litígios internacionais.3.2. O fenômeno da globalização, caracterizado pela interde-pendência crescente dos países, pela revolução tecnológica e pela expansão do comércio internacional e dos fluxos de capitais, resul-tou em avanços para uma parcela da humanidade. Paralelamente, a criação de blocos econômicos tem acirrado a concorrência entre grupos de países. Para os países em desenvolvimento, o desafio é o de uma inserção positiva no mercado mundial, ao mesmo tem-po em que promovem o crescimento e a justiça social de modo soberano. A integração entre países em desenvolvimento – como na América do Sul – contribui para que alcancem esses objetivos. Nesse processo, as economias nacionais tornaram-se mais vul-neráveis às crises ocasionadas pela instabilidade econômica e financei-ra em todo o mundo. A exclusão de parcela significativa da população mundial dos processos de produção, consumo e acesso à informação constitui situação que poderá vir a configurar-se em conflito. 3.3. A configuração da ordem internacional, caracterizada por assimetrias de poder, produz tensões e instabilidades indesejáveis para a paz.A prevalência do multilateralismo e o fortalecimento dos prin-cípios consagrados pelo Direito Internacional como a soberania, a não-intervenção e a igualdade entre os Estados são promotores de um mundo mais estável, voltado para o desenvolvimento e bem-es-tar da humanidade.3.4. A questão ambiental permanece como uma das preocupa-ções da humanidade. Países detentores de grande biodiversidade, enormes reservas de recursos naturais e imensas áreas para serem incorporadas ao sistema produtivo podem tornar-se objeto de inte-resse internacional.
DEFESA NACIONAL
1
POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA – O ESTADO, A SEGU-
RANÇA E A DEFESA; O AMBIENTE INTERNACIONAL; O 
AMBIENTE REGIONAL E O ENTORNO ESTRATÉGICO; O 
BRASIL; OBJETIVOS NACIONAIS DE DEFESA; E ORIEN-
TAÇÕES
POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA
1. INTRODUÇÃO
A Política Nacional de Defesa (PND) é o documento condicio-
nante de mais alto nível do planejamento de ações destinadas à 
defesa nacional coordenadas pelo Ministério da Defesa. Voltada 
essencialmente para ameaças externas, estabelece objetivos e 
orientações para o preparo e o emprego dos setores militar e civil 
em todas as esferas do Poder Nacional, em prol da Defesa Nacional
Esta Política pressupõe que a defesa do País é inseparável do 
seu desenvolvimento, fornecendo-lhe o indispensável escudo. A 
intensificação da projeção do Brasil no concerto das nações e sua 
maior inserção em processos decisórios internacionais associam-se 
ao modelo de defesa proposto nos termos expostos a seguir
Este documento explicita os conceitos de Segurança e de De-
fesa Nacional, analisa os ambientes internacional e nacional e es-
tabelece os Objetivos Nacionais de Defesa. Além disso, orienta a 
consecução desses objetivos.
A Política Nacional de Defesa interessa a todos os segmen-
tos da sociedade brasileira. Baseada nos fundamentos, objetivos 
e princípios constitucionais, alinha-se às aspirações nacionais e às 
orientações governamentais, em particular à política externa brasi-
leira, que propugna, em uma visão ampla e atual, a solução pacífica 
das controvérsias, o fortalecimento da paz e da segurança interna-
cionais, o reforço do multilateralismo e a integração sul-americana. 
Após longo período livre de conflitos que tenham afetado di-
retamente o território e a soberania nacional, a percepção das 
ameaças está desvanecida para muitos brasileiros. No entanto, é 
imprudente imaginar que um país com o potencial do Brasil não 
enfrente antagonismos ao perseguir seus legítimos interesses. Um 
dos propósitos da Política Nacional de Defesa é conscientizar todos 
os segmentos da sociedade brasileira da importância da defesa do 
País e de que esta é um dever de todos os brasileiros.
2. O ESTADO, A SEGURANÇA E A DEFESA
2.1. O Estado tem como pressupostos básicos território, povo, 
leis e governo próprios e independência nas relações externas. Ele 
detém o monopólio legítimo dos meios de coerção para fazer valer 
a lei e a ordem, estabelecidas democraticamente, provendo, tam-
bém, a segurança. A defesa externa é a destinação precípua das 
Forças Armadas
2.2. A segurança é tradicionalmente vista somente do ângulo 
da confrontação entre nações, ou seja, a proteção contra ameaças 
de outras comunidades políticas ou, mais simplesmente, a defesa 
externa. À medida que as sociedades se desenvolveram e que se 
aprofundou a interdependência entre os Estados, novas exigências 
foram agregadas.
2.3. Gradualmente, ampliou-se o conceito de segurança, abran-
gendo os campos político, militar, econômico, psicossocial, científi-
co-tecnológico, ambiental e outros.
Preservar a segurança requer medidas de largo espectro, en-
volvendo, além da defesa externa: a defesa civil, a segurança públi-
ca e as políticas econômica, social, educacional, científicotecnológi-
ca, ambiental, de saúde, industrial. Enfim, várias ações, muitas das 
quais não implicam qualquer envolvimento das Forças Armadas.
Cabe considerar que a segurança pode ser enfocada a partir 
do indivíduo, da sociedade e do Estado, do que resultam definições 
com diferentes perspectivas.
A segurança, em linhas gerais, é a condição em que o Estado, a so-
ciedade ou os indivíduos se sentem livres de riscos, pressões ou amea-
ças, inclusive de necessidades extremas. Por sua vez, defesa é a ação 
efetiva para se obter ou manter o grau de segurança desejado. 
2.4. Para efeito da Política Nacional de Defesa são adotados os 
seguintes conceitos:
I – Segurança é a condição que permite ao País preservar sua 
soberania e integridade territorial, promover seus interesses nacio-
nais, livre de pressões e ameaças, e garantir aos cidadãos o exercí-
cio de seus direitos e deveres constitucionais;
II – Defesa Nacional é o conjunto de medidas e ações do Es-
tado, com ênfase no campo militar, para a defesa do território, da 
soberania e dos interesses nacionais contra ameaças preponderan-
temente externas, potenciais ou manifestas.
3. O AMBIENTE INTERNACIONAL
3.1. O mundo vive desafios mais complexos do que os enfren-
tados durante o período de confrontação ideológica bipolar. O fim 
da Guerra Fria reduziu o grau de previsibilidade das relações inter-
nacionais vigentes desde a Segunda Guerra Mundia
Nesse ambiente, é pouco provável um conflito generalizado 
entre Estados. Entretanto, renovam-se conflitos de caráter étnico e 
religioso, exacerbam-se os nacionalismos e fragmentam-se os Esta-
dos, situações que afetam a ordem mundial. 
Neste século, poderão ser intensificadas disputas por áreas ma-
rítimas, pelo domínio aeroespacial e por fontes de água doce, de 
alimentos e de energia, cada vez mais escassas. Tais questões pode-
rão levar a ingerências em assuntos internos ou a disputas por es-
paços não sujeitos à soberania dos Estados, configurando quadros 
de conflito. Por outro lado, o aprofundamento da interdependência 
dificulta a precisa
delimitação dos ambientes externo e interno.
Com a ocupação dos últimos espaços terrestres, as fronteiras 
continuarão a ser motivo de litígios internacionais.
3.2. O fenômeno da globalização, caracterizado pela interde-
pendência crescente dos países, pela revolução tecnológica e pela 
expansão do comércio internacional e dos fluxos de capitais, resul-
tou em avanços para uma parcela da humanidade. Paralelamente, 
a criação de blocos econômicos tem acirrado a concorrência entre 
grupos de países. Para os países em desenvolvimento, o desafio é 
o de uma inserção positiva no mercado mundial, ao mesmo tem-
po em que promovem o crescimento e a justiça social de modo 
soberano. A integração entre países em desenvolvimento – como 
na América do Sul – contribui para que alcancem esses objetivos. 
Nesse processo, as economias nacionais tornaram-se mais vul-
neráveis às crises ocasionadas pela instabilidade econômica e financei-
ra em todo o mundo. A exclusão de parcela significativa da população 
mundial dos processos de produção, consumo e acesso à informação 
constitui situação que poderá vir a configurar-se em conflito. 
3.3. A configuração da ordem internacional, caracterizada por 
assimetrias de poder, produz tensões e instabilidades indesejáveis 
para a paz.
A prevalência do multilateralismo e o fortalecimento dos prin-
cípios consagrados pelo Direito Internacional como a soberania, a 
não-intervenção e a igualdade entre os Estados são promotores de 
um mundo mais estável, voltado para o desenvolvimento e bem-es-
tar da humanidade.
3.4. A questão ambiental permanece como uma das preocupa-
ções da humanidade. Países detentores de grande biodiversidade, 
enormes reservas de recursos naturais e imensas áreas para serem 
incorporadas ao sistema produtivo podem tornar-se objeto de inte-
resse internacional.
DEFESA NACIONAL
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3.5. As mudanças climáticas têm graves consequências sociais, 
com reflexos na capacidade estatal de agir e nas relações interna-
cionais
3.6. Para que o desenvolvimento e a autonomia nacionais se-
jam alcançados é essencial o domínio crescentemente autônomo 
de tecnologias sensíveis, principalmente nos estratégicos setores 
espacial, cibernético e nuclear.
3.7. Os avanços da tecnologia da informação, a utilização de 
satélites, o sensoriamento eletrônico e outros aperfeiçoamentos 
tecnológicos trouxeram maior eficiência aos sistemas administrati-
vos e militares, sobretudo nos países que dedicam maiores recursos 
financeiros à Defesa. Em consequência, criaram-se vulnerabilidades 
que poderão ser exploradas, com o objetivo de inviabilizar o uso 
dos nossos sistemas ou facilitar a interferência à distância. Para su-
perar essas vulnerabilidades, é essencial o investimento do Estado 
em setores de tecnologia avançada.
4. O AMBIENTE REGIONAL E O ENTORNO ESTRATÉGICO
4.1. A América do Sul é o ambiente regional no qual o Brasil se 
insere. Buscando aprofundar seus laços de cooperação, o País vi-
sualiza um entorno estratégico que extrapola a região sulamericana 
e inclui o Atlântico Sul e os países lindeiros da África, assim como a 
Antártica. Ao norte, a proximidade do mar do Caribe impõe que se 
dê crescente atenção a essa região. 
4.2. A América do Sul, distante dos principais focos mundiais 
de tensão e livre de armas nucleares, é considerada uma região 
relativamente pacífica. Além disso, processos de consolidação de-
mocrática e de integração regional tendem a aumentar a confiança 
mútua e a favorecer soluções negociadas de eventuais conflitos.
4.3. Entre os fatores que contribuem para reduzir a possibili-
dade de conflitos no entorno estratégico destacam-se: o fortaleci-
mento do processo de integração, a partir do Mercosul e da União 
de Nações Sul-Americanas; o estreito relacionamento entre os 
países amazônicos, no âmbito da Organização do Tratado de Coo-
peração Amazônica; a intensificação da cooperação e do comércio 
com países da África, da América Central e do Caribe, inclusive a 
Comunidade dos Estados LatinoAmericanos e Caribenhos (Celac), 
facilitada pelos laços étnicos e culturais; o desenvolvimento de or-
ganismos regionais; a integração das bases industriais de defesa; a 
consolidação da Zona de Paz e de Cooperação do Atlântico Sul e o 
diálogo continuado nas mesas de interação interregionais, como a 
cúpula América do Sul-África (ASA) e o Fórum de Diálogo Índia-Bra-
sil-África do Sul (Ibas).
A ampliação, a modernização e a interligação da infraestrutura 
da América do Sul, com a devida atenção ao meio ambiente e às 
comunidades locais, podem concretizar a ligação entre seus cen-
tros produtivos e os dois oceanos, facilitando o desenvolvimento 
e a integração.
4.4. A segurança de um país é afetada pelo grau de estabilidade 
da região onde ele está inserido. Assim, é desejável que ocorram 
o consenso, a harmonia política e a convergência de ações entre 
os países vizinhos para reduzir os delitos transnacionais e alcançar 
melhores condições de desenvolvimento econômico e social, tor-
nando a região mais coesa e mais forte. 
4.5. A existência de zonas de instabilidade e de ilícitos transna-
cionais pode provocar o transbordamento de conflitos para outros 
países da América do Sul. A persistência desses focos de incertezas 
é, também, elemento que justifica a prioridade à defesa do Estado, 
de modo a preservar os interesses nacionais, a soberania e a inde-
pendência.
4.6. Como consequência de sua situação geopolítica, é impor-
tante para o Brasil que se aprofunde o processo de desenvolvimen-
to integrado e harmônico da América do Sul, que se estende, natu-
ralmente, à área de defesa e segurança regionais.
5. O BRASIL
5.1. O perfil brasileiro – ao mesmo tempo continental e maríti-
mo, equatorial, tropical e subtropical, de longa fronteira terrestre 
com quase todos os países sul-americanos e de extenso litoral e 
águas jurisdicionais – confere ao País profundidade geoestratégica 
e torna complexa a tarefa do planejamento geral de defesa. Des-
sa maneira, a diversificada fisiografia nacional conforma cenários 
diferenciados que, em termos de defesa, demandam, ao mesmo 
tempo, uma política abrangente e abordagens específicas.
5.2. A vertente continental brasileira contempla complexa va-
riedade fisiográfica, que pode ser sintetizada em cinco macrorre-
giões: Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste.
5.3. O planejamento da defesa deve incluir todas as regiões e, 
em particular, as áreas vitais onde se encontra a maior concentra-
ção de poder político e econômico. Da mesma forma, deve-se prio-
rizar a Amazônia e o Atlântico Sul.
5.4. A Amazônia brasileira, com seu grande potencial de rique-
zas minerais e de biodiversidade, é foco da atenção internacional. A 
garantia da presença do Estado e a vivificação da faixa de fronteira 
são dificultadas, entre outros fatores, pela baixa densidade demo-
gráfica e pelas longas distâncias. 
A vivificação das fronteiras, a proteção do meio ambiente e o 
uso sustentável dos recursos naturais são aspectos essenciais para 
o desenvolvimento e a integração da região. O adensamento da 
presença do Estado, e em particular das Forças Armadas, ao longo 
das nossas fronteiras é condição relevante para o desenvolvimento 
sustentável da Amazônia. 
5.5. O mar sempre esteve relacionado com o progresso do Bra-
sil, desde o seu descobrimento. A natural vocação marítima brasi-
leira é respaldada pelo seu extenso litoral e pela importância estra-
tégica do Atlântico Sul.
A Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar abre 
a possibilidade de o Brasil estender os limites da sua Plataforma 
Continental e exercer o direito de jurisdição sobre os recursos eco-
nômicos em uma área de cerca de 4,5 milhões de quilômetros qua-
drados, região de vital importância para o País, uma verdadeira 
“Amazônia Azul”.
Nessa imensa área, incluída a camada do pré-sal, estão as 
maiores reservas de petróleo e gás, fontes de energia imprescindí-
veis para o desenvolvimento do País,
além da existência de grande 
potencial pesqueiro, mineral e de outros recursos naturais. 
A globalização aumentou a interdependência econômica dos 
países e, consequentemente, o fluxo de cargas. No Brasil, o trans-
porte marítimo é responsável por movimentar quase todo o comér-
cio exterior.
5.6. As dimensões continental, marítima e aeroespacial, esta 
sobrejacente às duas primeiras, são de suma importância para a 
Defesa Nacional. O controle do espaço aéreo e a sua boa articu-
lação com os países vizinhos, assim como o desenvolvimento de 
nossa capacitação aeroespacial, constituem objetivos setoriais 
prioritários.
5.7. O Brasil defende uma ordem internacional baseada na de-
mocracia, no multilateralismo, na cooperação, na proscrição das 
armas químicas, biológicas e nucleares, e na busca da paz entre as 
nações. Nesse sentido, defende a reforma das instâncias decisórias 
internacionais, de modo a torná-las mais legítimas, representati-
vas e eficazes, fortalecendo o multilateralismo, o respeito ao Direito 
Internacional e os instrumentos para a solução pacífica de contro-
vérsias. 
5.8. A Constituição tem como um de seus princípios, nas rela-
ções internacionais, o repúdio ao terrorismo.
O Brasil considera que o terrorismo internacional constitui 
risco à paz e à segurança mundiais. Condena enfaticamente suas 
ações e implementa as resoluções pertinentes da Organização das 
DEFESA NACIONAL
3
Nações Unidas (ONU), reconhecendo a necessidade de que as na-
ções trabalhem em conjunto no sentido de prevenir e combater as 
ameaças terroristas.
5.9. O Brasil atribui prioridade aos países da América do Sul e 
da África, em especial aos da África Ocidental e aos de língua portu-
guesa, buscando aprofundar seus laços com esses países.
5.10. A intensificação da cooperação com a Comunidade dos 
Países de Língua Portuguesa, integrada por oito países distribuídos 
por quatro continentes e unidos pelos denominadores comuns da 
história, da cultura e da língua, constitui outro fator relevante das 
nossas relações exteriores. 
5.11. O Brasil tem laços de cooperação com países e blocos tra-
dicionalmente aliados que possibilitam a troca de conhecimento 
em diversos campos. Concomitantemente, busca novas parcerias 
estratégicas com nações desenvolvidas ou emergentes para ampliar 
esses intercâmbios. Ao lado disso, o País acompanha as mudanças 
e variações do cenário político e econômico internacional e não dei-
xa de explorar o potencial de novas associações, tais como as que 
mantém com os demais membros do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, 
China e África do Sul).
5.12. O Brasil atua na comunidade internacional respeitando os 
princípios consagrados no art. 4º da Constituição, em particular os 
princípios de autodeterminação, não-intervenção, igualdade entre 
os Estados e solução pacífica de conflitos. Nessas condições, sob a 
égide da Organização das Nações Unidas (ONU), participa de ope-
rações de paz, sempre de acordo com os interesses nacionais, de 
forma a contribuir para a paz e a segurança internacionais.
5.13. A persistência de ameaças à paz mundial requer a atuali-
zação permanente e o aparelhamento das nossas Forças Armadas, 
com ênfase no apoio à ciência e tecnologia para o desenvolvimento 
da indústria nacional de defesa. Visa-se, com isso, à redução da de-
pendência tecnológica e à superação das restrições unilaterais de 
acesso a tecnologias sensíveis.
5.14. Em consonância com a busca da paz e da segurança inter-
nacionais, o País é signatário do Tratado sobre a Não-Proliferação 
de Armas Nucleares e destaca a necessidade do cumprimento do 
seu Artigo VI, que prevê a negociação para a eliminação total das 
armas nucleares por parte das potências nucleares, ressalvando 
o direito de todos os países ao uso da tecnologia nuclear para fins 
pacíficos.
5.15. O contínuo desenvolvimento brasileiro traz implicações 
crescentes para a segurança das infraestruturas críticas. Dessa for-
ma, é necessária a identificação dos pontos estratégicos prioritá-
rios, de modo a planejar e a implementar suas defesas.
6. OBJETIVOS NACIONAIS DE DEFESA
As relações internacionais são pautadas por complexo jogo de 
atores, interesses e normas que estimulam ou limitam a capacida-
de de atuação dos Estados. Nesse contexto de múltiplas influências 
e de interdependência, os países buscam realizar seus interesses 
nacionais, podendo encorajar alianças ou gerar conflitos de varia-
das intensidades.
Dessa forma, torna-se essencial estruturar a Defesa Nacional 
de modo compatível com a estatura político-estratégica do País 
para preservar a soberania e os interesses nacionais. Assim, da ava-
liação dos ambientes descritos, emergem os Objetivos Nacionais de 
Defesa:
I – garantir a soberania, o patrimônio nacional e a integridade 
territorial;
II – defender os interesses nacionais e as pessoas, os bens e os 
recursos brasileiros no exterior;
III – contribuir para a preservação da coesão e da unidade na-
cionais;
IV – contribuir para a estabilidade regional;
V – contribuir para a manutenção da paz e da segurança inter-
nacionais;
VI – intensificar a projeção do Brasil no concerto das nações e 
sua maior inserção em processos decisórios internacionais;
VII – manter Forças Armadas modernas, integradas, adestra-
das e balanceadas, e com crescente profissionalização, operando 
de forma conjunta e adequadamente desdobradas no território na-
cional;
VIII – conscientizar a sociedade brasileira da importância dos 
assuntos de defesa do País;
IX – desenvolver a indústria nacional de defesa, orientada para 
a obtenção da autonomia em tecnologias indispensáveis;
X – estruturar as Forças Armadas em torno de capacidades, do-
tando-as de pessoal e material compatíveis com os planejamentos 
estratégicos e operacionais;
XI – desenvolver o potencial de logística de defesa e de mobi-
lização nacional.
7. ORIENTAÇÕES
7.1. No gerenciamento de crises internacionais de natureza po-
lítico-estratégica, o Governo poderá determinar o emprego de to-
das as expressões do Poder Nacional, de diferentes formas, visando 
a preservar os interesses nacionais.
7.2. No caso de agressão externa, o País empregará todo o Po-
der Nacional, com ênfase na expressão militar, na defesa dos seus 
interesses.
7.3. O Serviço Militar Obrigatório é a garantia de participação 
de cidadãos na Defesa Nacional e contribui para o desenvolvimento 
da mentalidade de defesa no seio da sociedade brasileira.
7.4. A expressão militar do País fundamenta-se na capacidade 
das Forças Armadas e no potencial dos recursos nacionais mobili-
záveis.
7.5. O País deve dispor de meios com capacidade de exercer 
vigilância, controle e defesa: das águas jurisdicionais brasileiras; do 
seu território e do seu espaço aéreo, incluídas as áreas continental 
e marítima. Deve, ainda, manter a segurança das linhas de comuni-
cações marítimas e das linhas de navegação aérea, especialmente 
no Atlântico Sul. 
7.6. Para contrapor-se às ameaças à Amazônia, é imprescin-
dível executar uma série de ações estratégicas voltadas para o 
fortalecimento da presença militar, a efetiva ação do Estado no 
desenvolvimento sustentável (social, econômico e ambiental) e a 
ampliação da cooperação com os países vizinhos, visando à defesa 
das riquezas naturais. 
7.7. Os setores governamental, industrial e acadêmico, volta-
dos à produção científica e tecnológica e para a inovação, devem 
contribuir para assegurar que o atendimento às necessidades de 
produtos de defesa seja apoiado em tecnologias sob domínio nacio-
nal obtidas mediante estímulo e fomento dos setores industrial e 
acadêmico. A capacitação da indústria nacional de defesa, incluído 
o domínio de tecnologias de uso dual, é fundamental para alcançar 
o abastecimento de produtos de defesa.
7.8. A integração da indústria de defesa sul-americana deve 
ser objeto de medidas que proporcionem desenvolvimento mútuo, 
bem como capacitação e autonomia tecnológicas.
7.9. O Brasil deverá buscar
parcerias estratégicas, visando a 
ampliar o leque de opções de cooperação na área de defesa e as 
oportunidades de intercâmbio.
7.10. Os setores espacial, cibernético e nuclear são estratégicos 
para a Defesa do País; devem, portanto, ser fortalecidos.
7.11. A atuação do Estado brasileiro com relação à defesa tem 
como fundamento a obrigação de garantir nível adequado de se-
gurança do País, tanto em tempo de paz, quanto em situação de 
conflito.
DEFESA NACIONAL
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7.12. À ação diplomática na solução de conflitos soma-se a es-
tratégia militar da dissuasão. Nesse contexto, torna-se importante 
desenvolver a capacidade de mobilização nacional e a manutenção 
de Forças Armadas modernas, integradas e balanceadas, operando 
de forma conjunta e adequadamente desdobradas no território na-
cional, em condições de pronto emprego.
7.13. Para ampliar a projeção do País no concerto mundial e 
reafirmar seu compromisso com a defesa da paz e com a coopera-
ção entre os povos, o Brasil deverá aperfeiçoar o preparo das For-
ças Armadas para desempenhar responsabilidades crescentes em 
ações humanitárias e em missões de paz sob a égide de organismos 
multilaterais, de acordo com os interesses nacionais.
7.14. O Brasil deverá dispor de capacidade de projeção de po-
der, visando a eventual participação em operações estabelecidas ou 
autorizadas pelo Conselho de Segurança da ONU.
7.15. Excepcionalmente, em conflitos de maior extensão, de 
forma coerente com sua história e o cenário vislumbrado, observa-
dos os dispositivos constitucionais e legais, bem como os interesses 
do País e os princípios básicos da política externa, o Brasil poderá 
participar de arranjos de defesa coletiva.
7.16. É imprescindível que o País disponha de estrutura ágil, 
capaz de prevenir ações terroristas e de conduzir operações de con-
traterrorismo.
7.17. Para se opor a possíveis ataques cibernéticos, é essencial 
aperfeiçoar os dispositivos de segurança e adotar procedimentos 
que minimizem a vulnerabilidade dos sistemas que possuam supor-
te de tecnologia da informação e comunicação ou permitam seu 
pronto restabelecimento.
7.18. É prioritário assegurar continuidade e previsibilidade na 
alocação de recursos para permitir o preparo e o equipamento ade-
quado das Forças Armadas.
7.19. Deverá ser buscado o constante aperfeiçoamento da ca-
pacidade de comando, controle, monitoramento e do sistema de 
inteligência dos órgãos envolvidos na Defesa Nacional.
7.20. Nos termos da Constituição, as Forças Armadas poderão 
ser empregadas pela União contra ameaças ao exercício da sobera-
nia do Estado e à indissolubilidade da unidade federativa.
7.21. O Brasil deverá buscar a contínua interação da atual PND 
com as demais políticas governamentais, visando a fortalecer a in-
fraestrutura de valor estratégico para a Defesa Nacional, particular-
mente a de transporte, a de energia e a de comunic ções.
7.22. O emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da 
ordem é regido por legislação específica.
DECRETO Nº 6.703, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2008
 Aprova a Estratégia Nacional de Defesa, e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe 
confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em 
vista o disposto no Decreto de 6 de setembro de 2007, que institui o 
Comitê Ministerial de Formulação da Estratégia Nacional de Defesa, 
DECRETA: 
Art. 1 Fica aprovada a Estratégia Nacional de Defesa anexa a 
este Decreto. 
Art. 2 Os órgãos e entidades da administração pública federal 
deverão considerar, em seus planejamentos, ações que concorram 
para fortalecer a Defesa Nacional. 
Art. 3 Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. 
Brasília, 18 de dezembro de 2008; 187o da Independência e 
120o da República.
ANEXO 
ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA 
 I – FORMULAÇÃO SISTEMÁTICA 
 Introdução 
O Brasil é pacífico por tradição e por convicção. Vive em paz 
com seus vizinhos. Rege suas relações internacionais, dentre ou-
tros, pelos princípios constitucionais da não-intervenção, defesa da 
paz e solução pacífica dos conflitos. Esse traço de pacifismo é parte 
da identidade nacional e um valor a ser conservado pelo povo bra-
sileiro. 
País em desenvolvimento, o Brasil ascenderá ao primeiro plano 
no mundo sem exercer hegemonia ou dominação. O povo brasileiro 
não deseja exercer mando sobre outros povos. Quer que o Brasil se 
engrandeça sem imperar. 
Talvez por isso nunca tenha sido realizado no Brasil, em toda 
a sua história, amplo debate sobre os assuntos de defesa. Perio-
dicamente, os governos autorizavam a compra ou a produção de 
novos materiais de defesa e introduziam reformas pontuais nas 
Forças Armadas. No entanto, nunca propuseram uma estratégia na-
cional de defesa para orientar de forma sistemática a reorganização 
e reorientação das Forças Armadas; a organização da indústria de 
material de defesa, com a finalidade de assegurar a autonomia ope-
racional para as três Forças: a Marinha, o Exército e a Aeronáutica; e 
a política de composição dos seus efetivos, sobretudo a reconside-
ração do Serviço Militar Obrigatório.
Porém, se o Brasil quiser ocupar o lugar que lhe cabe no mun-
do, precisará estar preparado para defender-se não somente das 
agressões, mas também das ameaças. Vive-se em um mundo em 
que a intimidação tripudia sobre a boa fé. Nada substitui o envolvi-
mento do povo brasileiro no debate e na construção da sua própria 
defesa. 
Estratégia Nacional de Defesa e Estratégia Nacional de Desen-
volvimento 
1.Estratégia nacional de defesa é inseparável de estratégia na-
cional de desenvolvimento. Esta motiva aquela. Aquela fornece es-
cudo para esta. Cada uma reforça as razões da outra. Em ambas, se 
desperta para a nacionalidade e constrói-se a Nação. Defendido, o 
Brasil terá como dizer não, quando tiver que dizer não. Terá capaci-
dade para construir seu próprio modelo de desenvolvimento.
2.Difícil – e necessário – é para um País que pouco trato teve 
com guerras convencer-se da necessidade de defender-se para po-
der construir-se. Não bastam, ainda que sejam proveitosos e até 
mesmo indispensáveis, os argumentos que invocam as utilidades 
das tecnologias e dos conhecimentos da defesa para o desenvolvi-
mento do País. Os recursos demandados pela defesa exigem uma 
transformação de consciências para que se constitua uma estraté-
gia de defesa para o Brasil. 
3.Difícil – e necessário – é para as Forças Armadas de um País 
tão pacífico como o Brasil manterem, em meio à paz, o impulso de 
se prepararem para o combate e de cultivarem, em prol desse pre-
paro, o hábito da transformação. 
Disposição para mudar é o que a Nação está a exigir agora de 
seus marinheiros, soldados e aviadores. Não se trata apenas de fi-
nanciar e de equipar as Forças Armadas. Trata-se de transformá-las, 
para melhor defenderem o Brasil. 
DEFESA NACIONAL
5
4.Projeto forte de defesa favorece projeto forte de desenvol-
vimento. Forte é o projeto de desenvolvimento que, sejam quais 
forem suas demais orientações, se guie pelos seguintes princípios:
a) Independência nacional, efetivada pela mobilização de re-
cursos físicos, econômicos e humanos, para o investimento no po-
tencial produtivo do País. Aproveitar a poupança estrangeira, sem 
dela depender;
b) Independência nacional, alcançada pela capacitação tecno-
lógica autônoma, inclusive nos estratégicos setores espacial, ciber-
nético e nuclear. Não é independente quem não tem o domínio das 
tecnologias sensíveis, tanto para a defesa como para o desenvolvi-
mento; e
c) Independência nacional, assegurada pela democratização 
de oportunidades educativas e econômicas e pelas oportunidades 
para ampliar a participação popular nos processos decisórios da 
vida política e econômica do País. O Brasil não será independente 
enquanto faltar para parcela do seu povo condições para aprender, 
trabalhar e produzir. 
Natureza e âmbito da Estratégia Nacional de Defesa 
1.A Estratégia Nacional de Defesa é o vínculo entre o concei-
to e
a política de independência nacional, de um lado, e as Forças 
Armadas para resguardar essa independência, de outro. Trata de 
questões políticas e institucionais decisivas para a defesa do País, 
como os objetivos da sua “grande estratégia” e os meios para fazer 
com que a Nação participe da defesa. Aborda, também, problemas 
propriamente militares, derivados da influência dessa “grande es-
tratégia” na orientação e nas práticas operacionais das três Forças. 
A Estratégia Nacional de Defesa será complementada por pla-
nos para a paz e para a guerra, concebidos para fazer frente a dife-
rentes hipóteses de emprego.
2.A Estratégia Nacional de Defesa organiza-se em torno de três 
eixos estruturantes. 
O primeiro eixo estruturante diz respeito a como as Forças 
Armadas devem-se organizar e orientar para melhor desempenha-
rem sua destinação constitucional e suas atribuições na paz e na 
guerra. Enumeram-se diretrizes estratégicas relativas a cada uma 
das Forças e especifica-se a relação que deve prevalecer entre elas. 
Descreve-se a maneira de transformar tais diretrizes em práticas e 
capacitações operacionais e propõe-se a linha de evolução tecnoló-
gica necessária para assegurar que se concretizem. 
A análise das hipóteses de emprego das Forças Armadas - para 
resguardar o espaço aéreo, o território e as águas jurisdicionais bra-
sileiras - permite dar foco mais preciso às diretrizes estratégicas. 
Nenhuma análise de hipóteses de emprego pode, porém, desconsi-
derar as ameaças do futuro. Por isso mesmo, as diretrizes estratégi-
cas e as capacitações operacionais precisam transcender o horizon-
te imediato que a experiência e o entendimento de hoje permitem 
descortinar. 
Ao lado da destinação constitucional, das atribuições, da cul-
tura, dos costumes e das competências próprias de cada Força e 
da maneira de sistematizá-las em estratégia de defesa integrada, 
aborda-se o papel de três setores decisivos para a defesa nacional: 
o espacial, o cibernético e o nuclear. Descreve-se como as três For-
ças devem operar em rede - entre si e em ligação com o monito-
ramento do território, do espaço aéreo e das águas jurisdicionais 
brasileiras. 
O segundo eixo estruturante refere-se à reorganização da in-
dústria nacional de material de defesa, para assegurar que o aten-
dimento das necessidades de equipamento das Forças Armadas 
apóie-se em tecnologias sob domínio nacional. 
O terceiro eixo estruturante versa sobre a composição dos efe-
tivos das Forças Armadas e, conseqüentemente, sobre o futuro do 
Serviço Militar Obrigatório. Seu propósito é zelar para que as Forças 
Armadas reproduzam, em sua composição, a própria Nação - para 
que elas não sejam uma parte da Nação, pagas para lutar por con-
ta e em benefício das outras partes. O Serviço Militar Obrigatório 
deve, pois, funcionar como espaço republicano, no qual possa a Na-
ção encontrar-se acima das classes sociais. 
Diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa. 
Pauta-se a Estratégia Nacional de Defesa pelas seguintes dire-
trizes. 
1.Dissuadir a concentração de forças hostis nas fronteiras ter-
restres, nos limites das águas jurisdicionais brasileiras, e impedir-
-lhes o uso do espaço aéreo nacional. 
Para dissuadir, é preciso estar preparado para combater. A 
tecnologia, por mais avançada que seja, jamais será alternativa ao 
combate. Será sempre instrumento do combate. 
2.Organizar as Forças Armadas sob a égide do trinômio monito-
ramento/controle, mobilidade e presença. 
Esse triplo imperativo vale, com as adaptações cabíveis, para 
cada Força. Do trinômio resulta a definição das capacitações opera-
cionais de cada uma das Forças. 
3.Desenvolver as capacidades de monitorar e controlar o espa-
ço aéreo, o território e as águas jurisdicionais brasileiras. 
Tal desenvolvimento dar-se-á a partir da utilização de tecnolo-
gias de monitoramento terrestre, marítimo, aéreo e espacial que 
estejam sob inteiro e incondicional domínio nacional.
4.Desenvolver, lastreado na capacidade de monitorar/contro-
lar, a capacidade de responder prontamente a qualquer ameaça ou 
agressão: a mobilidade estratégica. 
A mobilidade estratégica - entendida como a aptidão para se 
chegar rapidamente ao teatro de operações – reforçada pela mo-
bilidade tática – entendida como a aptidão para se mover dentro 
daquele teatro - é o complemento prioritário do monitoramento/
controle e uma das bases do poder de combate, exigindo das Forças 
Armadas ação que, mais do que conjunta, seja unificada. 
O imperativo de mobilidade ganha importância decisiva, dadas 
a vastidão do espaço a defender e a escassez dos meios para de-
fendê-lo. O esforço de presença, sobretudo ao longo das fronteiras 
terrestres e nas partes mais estratégicas do litoral, tem limitações 
intrínsecas. É a mobilidade que permitirá superar o efeito prejudi-
cial de tais limitações. 
5.Aprofundar o vínculo entre os aspectos tecnológicos e os 
operacionais da mobilidade, sob a disciplina de objetivos bem de-
finidos.
Mobilidade depende de meios terrestres, marítimos e aéreos 
apropriados e da maneira de combiná-los. Depende, também, de 
capacitações operacionais que permitam aproveitar ao máximo o 
potencial das tecnologias do movimento. 
O vínculo entre os aspectos tecnológicos e operacionais da 
mobilidade há de se realizar de maneira a alcançar objetivos bem 
definidos. Entre esses objetivos, há um que guarda relação espe-
cialmente próxima com a mobilidade: a capacidade de alternar a 
concentração e a desconcentração de forças com o propósito de 
dissuadir e combater a ameaça.
6.Fortalecer três setores de importância estratégica: o espacial, 
o cibernético e o nuclear. 
Esse fortalecimento assegurará o atendimento ao conceito de 
flexibilidade. 
Como decorrência de sua própria natureza, esse setores trans-
cendem a divisão entre desenvolvimento e defesa, entre o civil e o 
militar.
DEFESA NACIONAL
6
Os setores espacial e cibernético permitirão, em conjunto, que 
a capacidade de visualizar o próprio país não dependa de tecnolo-
gia estrangeira e que as três Forças, em conjunto, possam atuar em 
rede, instruídas por monitoramento que se faça também a partir 
do espaço.
O Brasil tem compromisso - decorrente da Constituição Federal 
e da adesão ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares 
- com o uso estritamente pacífico da energia nuclear. Entretanto, 
afirma a necessidade estratégica de desenvolver e dominar a tecno-
logia nuclear. O Brasil precisa garantir o equilíbrio e a versatilidade 
da sua matriz energética e avançar em áreas, tais como as de agri-
cultura e saúde, que podem se beneficiar da tecnologia de energia 
nuclear. E levar a cabo, entre outras iniciativas que exigem inde-
pendência tecnológica em matéria de energia nuclear, o projeto do 
submarino de propulsão nuclear.
7.Unificar as operações das três Forças, muito além dos limites 
impostos pelos protocolos de exercícios conjuntos.
Os instrumentos principais dessa unificação serão o Ministério 
da Defesa e o Estado-Maior de Defesa, a ser reestruturado como Es-
tado-Maior Conjunto das Forças Armadas. Devem ganhar dimensão 
maior e responsabilidades mais abrangentes.
O Ministro da Defesa exercerá, na plenitude, todos os poderes 
de direção das Forças Armadas que a Constituição e as leis não re-
servarem, expressamente, ao Presidente da República.
A subordinação das Forças Armadas ao poder político consti-
tucional é pressuposto do regime republicano e garantia da integri-
dade da Nação.
Os Secretários do Ministério da Defesa serão livremente esco-
lhidos pelo Ministro da Defesa, entre cidadãos brasileiros, militares 
das três Forças e civis, respeitadas as peculiaridades e as funções de 
cada secretaria. As iniciativas destinadas a formar quadros de espe-
cialistas civis em defesa permitirão, no futuro, aumentar a presença 
de civis em postos dirigentes no Ministério da Defesa. As disposi-
ções legais em contrário serão revogadas.
O Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas será chefiado 
por um oficial-general
de último posto, e terá a participação dos 
Chefes dos Estados-Maiores das três Forças. Será subordinado dire-
tamente ao Ministro da Defesa. Construirá as iniciativas que dêem 
realidade prática à tese da unificação doutrinária, estratégica e 
operacional e contará com estrutura permanente que lhe permita 
cumprir sua tarefa.
A Marinha, o Exército e a Aeronáutica disporão, singularmente, 
de um Comandante, nomeado pelo Presidente da República e indi-
cado pelo Ministro da Defesa. O Comandante de Força, no âmbito 
das suas atribuições, exercerá a direção e a gestão da sua Força, 
formulará a sua política e doutrina e preparará seus órgãos opera-
tivos e de apoio para o cumprimento da destinação constitucional.
Os Estados-Maiores das três Forças, subordinados a seus Co-
mandantes, serão os agentes da formulação estratégica em cada 
uma delas, sob a orientação do respectivo comandante.
8.Reposicionar os efetivos das três Forças.
As principais unidades do Exército estacionam no Sudeste e no 
Sul do Brasil. A esquadra da Marinha concentra-se na cidade do Rio 
de Janeiro. As instalações tecnológicas da Força Aérea estão quase 
todas localizadas em São José dos Campos, em São Paulo. As preo-
cupações mais agudas de defesa estão, porém, no Norte, no Oeste 
e no Atlântico Sul. 
Sem desconsiderar a necessidade de defender as maiores con-
centrações demográficas e os maiores centros industriais do País, a 
Marinha deverá estar mais presente na região da foz do Amazonas 
e nas grandes bacias fluviais do Amazonas e do Paraguai-Paraná. 
O Exército deverá posicionar suas reservas estratégicas no centro 
do País, de onde poderão se deslocar em qualquer direção. Deverá 
também o Exército agrupar suas reservas regionais nas respectivas 
áreas, para possibilitar a resposta imediata na crise ou no conflito 
armado. 
Pelas mesmas razões que exigem a formação do Estado-Maior 
Conjunto das Forças Armadas, os Distritos Navais ou Comandos de 
Área das três Forças terão suas áreas de jurisdição coincidentes, res-
salvados impedimentos decorrentes de circunstâncias locais ou es-
pecíficas. Os oficiais-generais que comandarem, por conta de suas 
respectivas Forças, um Distrito Naval ou Comando de Área, reunir-
-se-ão regularmente, acompanhados de seus principais assessores, 
para assegurar a unidade operacional das três Forças naquela área. 
Em cada área deverá ser estruturado um Estado-Maior Conjunto, 
que será ativado para realizar e atualizar, desde o tempo de paz, os 
planejamentos operacionais da área.
9.Adensar a presença de unidades do Exército, da Marinha e da 
Força Aérea nas fronteiras.
Deve-se ter claro que, dadas as dimensões continentais do ter-
ritório nacional, presença não pode significar onipresença. A pre-
sença ganha efetividade graças à sua relação com monitoramento/
controle e com mobilidade. 
Nas fronteiras terrestres e nas águas jurisdicionais brasileiras, 
as unidades do Exército, da Marinha e da Força Aérea têm, sobretu-
do, tarefas de vigilância. No cumprimento dessas tarefas, as unida-
des ganham seu pleno significado apenas quando compõem siste-
ma integrado de monitoramento/controle, feito, inclusive, a partir 
do espaço. Ao mesmo tempo, tais unidades potencializam-se como 
instrumentos de defesa, por meio de seus vínculos com as reservas 
táticas e estratégicas. Os vigias alertam. As reservas respondem e 
operam. E a eficácia do emprego das reservas táticas regionais e 
estratégicas é proporcional à capacidade de elas atenderem à exi-
gência da mobilidade. 
10.Priorizar a região amazônica. 
A Amazônia representa um dos focos de maior interesse para a 
defesa. A defesa da Amazônia exige avanço de projeto de desenvol-
vimento sustentável e passa pelo trinômio monitoramento/contro-
le, mobilidade e presença. 
O Brasil será vigilante na reafirmação incondicional de sua so-
berania sobre a Amazônia brasileira. Repudiará, pela prática de atos 
de desenvolvimento e de defesa, qualquer tentativa de tutela sobre 
as suas decisões a respeito de preservação, de desenvolvimento e 
de defesa da Amazônia. Não permitirá que organizações ou indiví-
duos sirvam de instrumentos para interesses estrangeiros - políticos 
ou econômicos - que queiram enfraquecer a soberania brasileira. 
Quem cuida da Amazônia brasileira, a serviço da humanidade e de 
si mesmo, é o Brasil. 
11.Desenvolver, para fortalecer a mobilidade, a capacidade lo-
gística, sobretudo na região amazônica.
Daí a importância de se possuir estruturas de transporte e de 
comando e controle que possam operar em grande variedade de 
circunstâncias, inclusive sob as condições extraordinárias impostas 
por um conflito armado. 
12.Desenvolver, para atender aos requisitos de monitoramen-
to/controle, mobilidade e presença, o conceito de flexibilidade no 
combate. 
Isso exigirá, sobretudo na Força Terrestre, que as forças con-
vencionais cultivem alguns predicados atribuídos a forças não-con-
vencionais. 
Somente Forças Armadas com tais predicados estarão aptas 
para operar no amplíssimo espectro de circunstâncias que o futuro 
poderá trazer.
DEFESA NACIONAL
7
A conveniência de assegurar que as forças convencionais ad-
quiram predicados comumente associados a forças não-convencio-
nais pode parecer mais evidente no ambiente da selva amazônica.
Aplicam-se eles, porém, com igual pertinência, a outras áreas do 
País. Não é uma adaptação a especificidades geográficas localiza-
das. É resposta a uma vocação estratégica geral. 
13.Desenvolver, para atender aos requisitos de monitoramen-
to/controle, mobilidade e presença, o repertório de práticas e de 
capacitações operacionais dos combatentes.
Cada homem e mulher a serviço das Forças Armadas há de dis-
por de três ordens de meios e de habilitações. 
Em primeiro lugar, cada combatente deve contar com meios e 
habilitações para atuar em rede, não só com outros combatentes e 
contingentes de sua própria Força, mas também com combatentes 
e contingentes das outras Forças. As tecnologias de comunicações, 
inclusive com os veículos que monitorem a superfície da terra e do 
mar a partir do espaço, devem ser encaradas como instrumentos 
potencializadores de iniciativas de defesa e de combate. Esse é o 
sentido do requisito de monitoramento e controle e de sua relação 
com as exigências de mobilidade e de presença. 
Em segundo lugar, cada combatente deve dispor de tecnologias 
e de conhecimentos que permitam radicalizar, em qualquer teatro de 
operações, terrestre ou marítimo, o imperativo de mobilidade. É a esse 
imperativo, combinado com a capacidade de combate, que devem ser-
vir as plataformas e os sistemas de armas à disposição do combatente. 
Em terceiro lugar, cada combatente deve ser treinado para 
abordar o combate de modo a atenuar as formas rígidas e tradicio-
nais de comando e controle, em prol da flexibilidade, da adaptabili-
dade, da audácia e da surpresa no campo de batalha. Esse comba-
tente será, ao mesmo tempo, um comandado que sabe obedecer, 
exercer a iniciativa na ausência de ordens específicas e orientar-se 
em meio às incertezas e aos sobressaltos do combate - e uma fonte 
de iniciativas - capaz de adaptar suas ordens à realidade da situação 
mutável em que se encontra. 
Ganha ascendência no mundo um estilo de produção industrial 
marcado pela atenuação de contrastes entre atividades de planeja-
mento e de execução e pela relativização de especializações rígidas nas 
atividades de execução. Esse estilo encontra contrapartida na maneira 
de fazer a guerra, cada vez mais caracterizada por extrema flexibilida-
de. O desdobramento final dessa trajetória é esmaecer o contraste 
entre forças convencionais e não-convencionais, não em relação aos 
armamentos com que cada uma delas possa contar, senão no radicalis-
mo com que ambas praticam o conceito de flexibilidade. 
14.Promover a reunião, nos militares brasileiros, dos atributos 
e predicados exigidos pelo conceito de flexibilidade. 
O militar brasileiro precisa reunir qualificação e rusticidade. 
Necessita dominar as tecnologias
e as práticas operacionais exigi-
das pelo conceito de flexibilidade. Deve identificar-se com as pecu-
liaridades e características geográficas exigentes ou extremas que 
existem no País. Só assim realizar-se-á, na prática, o conceito de 
flexibilidade, dentro das características do território nacional e da 
situação geográfica e geopolítica do Brasil. 
15.Rever, a partir de uma política de otimização do emprego de 
recursos humanos, a composição dos efetivos das três Forças, de 
modo a dimensioná-las para atender adequadamente ao disposto 
na Estratégia Nacional de Defesa.
16. Estruturar o potencial estratégico em torno de capacidades. 
Convém organizar as Forças Armadas em torno de capacida-
des, não em torno de inimigos específicos. O Brasil não tem inimi-
gos no presente. Para não tê-los no futuro, é preciso preservar a paz 
e preparar-se para a guerra. 
17.Preparar efetivos para o cumprimento de missões de garan-
tia da lei e da ordem, nos termos da Constituição Federal.
O País cuida para evitar que as Forças Armadas desempenhem 
papel de polícia. Efetuar operações internas em garantia da lei e da 
ordem, quando os poderes constituídos não conseguem garantir a 
paz pública e um dos Chefes dos três Poderes o requer, faz parte 
das responsabilidades constitucionais das Forças Armadas. A legiti-
mação de tais responsabilidades pressupõe, entretanto, legislação 
que ordene e respalde as condições específicas e os procedimentos 
federativos que dêem ensejo a tais operações, com resguardo de 
seus integrantes. 
18.Estimular a integração da América do Sul. 
Essa integração não somente contribuirá para a defesa do Bra-
sil, como possibilitará fomentar a cooperação militar regional e a 
integração das bases industriais de defesa. Afastará a sombra de 
conflitos dentro da região. Com todos os países avança-se rumo à 
construção da unidade sul-americana. O Conselho de Defesa Sul-A-
mericano, em debate na região, criará mecanismo consultivo que 
permitirá prevenir conflitos e fomentar a cooperação militar regio-
nal e a integração das bases industriais de defesa, sem que dele 
participe país alheio à região.
19.Preparar as Forças Armadas para desempenharem respon-
sabilidades crescentes em operações de manutenção da paz. 
Em tais operações, as Forças agirão sob a orientação das Na-
ções Unidas ou em apoio a iniciativas de órgãos multilaterais da 
região, pois o fortalecimento do sistema de segurança coletiva é 
benéfico à paz mundial e à defesa nacional. 
20.Ampliar a capacidade de atender aos compromissos inter-
nacionais de busca e salvamento. 
É tarefa prioritária para o País o aprimoramento dos meios exis-
tentes e da capacitação do pessoal envolvido com as atividades de 
busca e salvamento no território nacional, nas águas jurisdicionais 
brasileiras e nas áreas pelas quais o Brasil é responsável, em decor-
rência de compromissos internacionais.
21.Desenvolver o potencial de mobilização militar e nacional 
para assegurar a capacidade dissuasória e operacional das Forças 
Armadas.
Diante de eventual degeneração do quadro internacional, o 
Brasil e suas Forças Armadas deverão estar prontos para tomar me-
didas de resguardo do território, das linhas de comércio marítimo e 
plataformas de petróleo e do espaço aéreo nacionais. As Forças Ar-
madas deverão, também, estar habilitadas a aumentar rapidamen-
te os meios humanos e materiais disponíveis para a defesa. Expri-
me-se o imperativo de elasticidade em capacidade de mobilização 
nacional e militar. 
Ao decretar a mobilização nacional, o Poder Executivo delimi-
tará a área em que será realizada e especificará as medidas neces-
sárias à sua execução, tais como poderes para assumir o controle 
de recursos materiais, inclusive meios de transporte, necessários à 
defesa, de acordo com a Lei de Mobilização Nacional. A mobilização 
militar demanda a organização de uma força de reserva, mobilizável 
em tais circunstâncias. Reporta-se, portanto, à questão do futuro 
do Serviço Militar Obrigatório. 
Sem que se assegure a elasticidade para as Forças Armadas, 
seu poder dissuasório e defensivo ficará comprometido. 
22.Capacitar a indústria nacional de material de defesa para 
que conquiste autonomia em tecnologias indispensáveis à defesa. 
Regime jurídico, regulatório e tributário especiais protegerá as 
empresas privadas nacionais de material de defesa contra os riscos 
do imediatismo mercantil e assegurará continuidade nas compras 
DEFESA NACIONAL
8
públicas. A contrapartida a tal regime especial será, porém, o poder 
estratégico que o Estado exercerá sobre tais empresas, a ser asse-
gurado por um conjunto de instrumentos de direito privado ou de 
direito público. 
Já o setor estatal de material de defesa terá por missão operar 
no teto tecnológico, desenvolvendo as tecnologias que as empresas 
privadas não possam alcançar ou obter, a curto ou médio prazo, de 
maneira rentável. 
A formulação e a execução da política de compras de produtos 
de defesa serão centralizadas no Ministério da Defesa, sob a res-
ponsabilidade de uma secretaria de produtos de defesa. , admitida 
delegação na sua execução. 
A indústria nacional de material de defesa será incentivada a 
competir em mercados externos para aumentar a sua escala de pro-
dução. A consolidação da União de Nações Sul-Americanas poderá 
atenuar a tensão entre o requisito da independência em produção 
de defesa e a necessidade de compensar custo com escala, possibi-
litando o desenvolvimento da produção de defesa em conjunto com 
outros países da região. 
Serão buscadas parcerias com outros países, com o propósito 
de desenvolver a capacitação tecnológica e a fabricação de produ-
tos de defesa nacionais, de modo a eliminar, progressivamente, a 
compra de serviços e produtos importados. 
Sempre que possível, as parcerias serão construídas como ex-
pressões de associação estratégica mais abrangente entre o Brasil 
e o país parceiro. A associação será manifestada em colaborações 
de defesa e de desenvolvimento e será pautada por duas ordens de 
motivações básicas: a internacional e a nacional. 
A motivação de ordem internacional será trabalhar com o país 
parceiro em prol de um maior pluralismo de poder e de visão no 
mundo. Esse trabalho conjunto passa por duas etapas. Na primeira 
etapa, o objetivo é a melhor representação de países emergentes, 
inclusive o Brasil, nas organizações internacionais – políticas e eco-
nômicas – estabelecidas. Na segunda, o alvo é a reestruturação das 
organizações internacionais, inclusive a do regime internacional de 
comércio, para que se tornem mais abertas às divergências, às ino-
vações e aos experimentos do que são as instituições nascidas ao 
término da Segunda Guerra Mundial. 
A motivação de ordem nacional será contribuir para a amplia-
ção das instituições que democratizem a economia de mercado e 
aprofundem a democracia, organizando o crescimento econômico 
socialmente includente. O método preferido desse trabalho é o dos 
experimentos binacionais: as iniciativas desenvolvidas em conjunto 
com os países parceiros.
23.Manter o Serviço Militar Obrigatório. 
O Serviço Militar Obrigatório é condição para que se possa mo-
bilizar o povo brasileiro em defesa da soberania nacional. É, tam-
bém, instrumento para afirmar a unidade da Nação acima das divi-
sões das classes sociais.
O objetivo, a ser perseguido gradativamente, é tornar o Ser-
viço Militar realmente obrigatório. Como o número dos alistados 
anualmente é muito maior do que o número de recrutas de que 
precisam as Forças Armadas, deverão elas selecioná-los segundo o 
vigor físico, a aptidão e a capacidade intelectual, em vez de permitir 
que eles se auto-selecionem, cuidando para que todas as classes 
sociais sejam representadas. 
No futuro, convirá que os que forem desobrigados da presta-
ção do serviço militar obrigatório sejam incentivados a prestar um 
serviço civil, de preferência em região do País diferente da região 
das quais se originam. Prestariam o serviço de acordo com a natu-
reza de sua instrução preexistente, além de receber instrução nova. 
O serviço seria, portanto, ao mesmo tempo oportunidade de apren-
dizagem, expressão de solidariedade e instrumento de unidade na-
cional. Os que o prestassem receberiam treinamento militar básico 
que embasasse eventual mobilização futura. E passariam a compor 
força de reserva mobilizável. 
Devem as escolas de formação de oficiais das três Forças conti-
nuarem a atrair candidatos de todas as classes sociais. É ótimo que 
número cada vez maior deles provenha da classe trabalhadora. É 
necessário, porém, que os efetivos das Forças Armadas sejam for-
mados por cidadãos oriundos de todas as classes sociais. Essa é uma 
das razões pelas quais a valorização da carreira, inclusive em termos 
remuneratórios, representa exigência de segurança nacional. 
A Marinha do Brasil: a hierarquia dos objetivos estratégicos 
e táticos.
1.Na maneira de conceber a relação entre as tarefas estratégi-
cas de negação do uso do mar, de controle de áreas marítimas e de 
projeção de poder, a Marinha do Brasil se pautará por um desenvol-
vimento desigual e conjunto. Se aceitasse dar peso igual a todos os 
três objetivos, seria grande o risco de ser medíocre em todos eles. 
Embora todos mereçam ser cultivados, o serão em determinadas 
ordem e seqüência. 
A prioridade é assegurar os meios para negar o uso do mar a 
qualquer concentração de forças inimigas que se aproxime do Brasil 
por via marítima. A negação do uso do mar ao inimigo é a que orga-
niza, antes de atendidos quaisquer outros objetivos estratégicos, a 
estratégia de defesa marítima do Brasil. Essa prioridade tem impli-
cações para a reconfiguração das forças navais.
Ao garantir seu poder para negar o uso do mar ao inimigo, pre-
cisa o Brasil manter a capacidade focada de projeção de poder e 
criar condições para controlar, no grau necessário à defesa e dentro 
dos limites do direito internacional, as áreas marítimas e águas in-
teriores de importância político-estratégica, econômica e militar, e 
também as suas linhas de comunicação marítimas. A despeito desta 
consideração, a projeção de poder se subordina, hierarquicamente, 
à negação do uso do mar.
A negação do uso do mar, o controle de áreas marítimas e a 
projeção de poder devem ter por foco, sem hierarquização de obje-
tivos e de acordo com as circunstâncias:
(a) defesa pró-ativa das plataformas petrolíferas;
(b) defesa pró-ativa das instalações navais e portuárias, dos ar-
quipélagos e das ilhas oceânicas nas águas jurisdicionais brasileiras;
(c) prontidão para responder a qualquer ameaça, por Estado 
ou por forças não-convencionais ou criminosas, às vias marítimas 
de comércio;
(d) capacidade de participar de operações internacionais de 
paz, fora do território e das águas jurisdicionais brasileiras, sob a 
égide das Nações Unidas ou de organismos multilaterais da região;
A construção de meios para exercer o controle de áreas marí-
timas terá como focos as áreas estratégicas de acesso marítimo ao 
Brasil. Duas áreas do litoral continuarão a merecer atenção espe-
cial, do ponto de vista da necessidade de controlar o acesso marí-
timo ao Brasil: a faixa que vai de Santos a Vitória e a área em torno 
da foz do rio Amazonas. 
2.A doutrina do desenvolvimento desigual e conjunto tem im-
plicações para a reconfiguração das forças navais. A implicação mais 
importante é que a Marinha se reconstruirá, por etapas, como uma 
arma balanceada entre o componente submarino, o componente 
de superfície e o componente aeroespacial. 
3.Para assegurar o objetivo de negação do uso do mar, o Brasil 
contará com força naval submarina de envergadura, composta de 
submarinos convencionais e de submarinos de propulsão nuclear. 
O Brasil manterá e desenvolverá sua capacidade de projetar e de 
fabricar tanto submarinos de propulsão convencional como de pro-
pulsão nuclear. Acelerará os investimentos e as parcerias necessá-
rios para executar o projeto do submarino de propulsão nuclear. 
DEFESA NACIONAL
9
Armará os submarinos, convencionais e nucleares, com mísseis e 
desenvolverá capacitações para projetá-los e fabricá-los. Cuidará de 
ganhar autonomia nas tecnologias cibernéticas que guiem os sub-
marinos e seus sistemas de armas e que lhes possibilitem atuar em 
rede com as outras forças navais, terrestres e aéreas. 
4.Para assegurar sua capacidade de projeção de poder, a Ma-
rinha possuirá, ainda, meios de Fuzileiros Navais, em permanente 
condição de pronto emprego. A existência de tais meios é também 
essencial para a defesa das instalações navais e portuárias, dos 
arquipélagos e ilhas oceânicas nas águas jurisdicionais brasileiras, 
para atuar em operações internacionais de paz, em operações hu-
manitárias, em qualquer lugar do mundo. Nas vias fluviais, serão 
fundamentais para assegurar o controle das margens durante as 
operações ribeirinhas. O Corpo de Fuzileiros Navais consolidar-se-á 
como a força de caráter expedicionário por excelência. 
5.A força naval de superfície contará tanto com navios de gran-
de porte, capazes de operar e de permanecer por longo tempo em 
alto mar, como de navios de porte menor, dedicados a patrulhar o 
litoral e os principais rios navegáveis brasileiros. Requisito para a 
manutenção de tal esquadra será a capacidade da Força Aérea de 
trabalhar em conjunto com a Aviação Naval para garantir superiori-
dade aérea local em caso de conflito armado. 
Entre os navios de alto mar, a Marinha dedicará especial aten-
ção ao projeto e à fabricação de navios de propósitos múltiplos que 
possam, também, servir como navios-aeródromos. Serão preferi-
dos aos navios-aeródromos convencionais e de dedicação exclusiva.
A Marinha contará, também, com embarcações de combate, 
de transporte e de patrulha, oceânicas, litorâneas e fluviais. Serão 
concebidas e fabricadas de acordo com a mesma preocupação de 
versatilidade funcional que orientará a construção das belonaves de 
alto mar. A Marinha adensará sua presença nas vias navegáveis das 
duas grandes bacias fluviais, a do Amazonas e a do Paraguai-Paraná, 
empregando tanto navios-patrulha como navios-transporte, ambos 
guarnecidos por helicópteros, adaptados ao regime das águas. 
A presença da Marinha nas bacias fluviais será facilitada pela 
dedicação do País à inauguração de um paradigma multimodal de 
transporte. Esse paradigma contemplará a construção das hidrovias 
do Paraná-Tietê, do Madeira, do Tocantins-Araguaia e do Tapajós-
-Teles Pires. As barragens serão, quando possível, providas de eclu-
sas, de modo a assegurar franca navegabilidade às hidrovias.
6.O monitoramento da superfície do mar a partir do espaço de-
verá integrar o repertório de práticas e capacitações operacionais 
da Marinha. 
A partir dele as forças navais, submarinas e de superfície terão 
fortalecidas suas capacidades de atuar em rede com as forças ter-
restre e aérea. 
7.A constituição de uma força e de uma estratégia navais que 
integrem os componentes submarino, de superfície e aéreo, permi-
tirá realçar a flexibilidade com que se resguarda o objetivo prioritá-
rio da estratégia de segurança marítima: a dissuasão com a negação 
do uso do mar ao inimigo que se aproxime, por meio do mar, do 
Brasil. Em amplo espectro de circunstâncias de combate, sobretudo 
quando a força inimiga for muito mais poderosa, a força de super-
fície será concebida e operada como reserva tática ou estratégica. 
Preferencialmente e sempre que a situação tática permitir, a força 
de superfície será engajada no conflito depois do emprego inicial da 
força submarina, que atuará de maneira coordenada com os veícu-
los espaciais (para efeito de monitoramento) e com meios aéreos 
(para efeito de fogo focado).
Esse desdobramento do combate em etapas sucessivas, sob 
a responsabilidade de contingentes distintos, permitirá, na guerra 
naval, a agilização da alternância entre a concentração e a descon-
centração de forças e o aprofundamento da flexibilidade a serviço 
da surpresa. 
8.Um dos elos entre a etapa preliminar
do embate, sob a res-
ponsabilidade da força submarina e de suas contrapartes espacial e 
aérea, e a etapa subseqüente, conduzida com o pleno engajamento 
da força naval de superfície, será a Aviação Naval, embarcada em 
navios. A Marinha trabalhará com a indústria nacional de material 
de defesa para desenvolver um avião versátil, de defesa e ataque, 
que maximize o potencial aéreo defensivo e ofensivo da Força Na-
val.
9.A Marinha iniciará os estudos e preparativos para estabele-
cer, em lugar próprio, o mais próximo possível da foz do rio Amazo-
nas, uma base naval de uso múltiplo, comparável, na abrangência e 
na densidade de seus meios, à Base Naval do Rio de Janeiro. 
10.A Marinha acelerará o trabalho de instalação de suas bases 
de submarinos, convencionais e de propulsão nuclear. 
O Exército Brasileiro: os imperativos de flexibilidade e de elas-
ticidade 
1.O Exército Brasileiro cumprirá sua destinação constitucional e 
desempenhará suas atribuições, na paz e na guerra, sob a orienta-
ção dos conceitos estratégicos de flexibilidade e de elasticidade. A 
flexibilidade, por sua vez, inclui os requisitos estratégicos de moni-
toramento/controle e de mobilidade. 
Flexibilidade é a capacidade de empregar forças militares com 
o mínimo de rigidez pré-estabelecida e com o máximo de adaptabi-
lidade à circunstância de emprego da força. Na paz, significa a ver-
satilidade com que se substitui a presença - ou a onipresença - pela 
capacidade de se fazer presente (mobilidade) à luz da informação 
(monitoramento/controle). Na guerra, exige a capacidade de dei-
xar o inimigo em desequilíbrio permanente, surpreendendo-o por 
meio da dialética da desconcentração e da concentração de forças 
e da audácia com que se desfecha o golpe inesperado. 
A flexibilidade relativiza o contraste entre o conflito convencio-
nal e o conflito não-convencional: reivindica para as forças conven-
cionais alguns dos atributos de força não-convencional e firma a su-
premacia da inteligência e da imaginação sobre o mero acúmulo de 
meios materiais e humanos. Por isso mesmo, rejeita a tentação de 
ver na alta tecnologia alternativa ao combate, assumindo-a como 
um reforço da capacidade operacional. Insiste no papel da surpresa. 
Transforma a incerteza em solução, em vez de encará-la como pro-
blema. Combina as defesas meditadas com os ataques fulminantes. 
Elasticidade é a capacidade de aumentar rapidamente o di-
mensionamento das forças militares quando as circunstâncias o 
exigirem, mobilizando em grande escala os recursos humanos e 
materiais do País. A elasticidade exige, portanto, a construção de 
força de reserva, mobilizável de acordo com as circunstâncias. A 
base derradeira da elasticidade é a integração das Forças Armadas 
com a Nação. O desdobramento da elasticidade reporta-se à parte 
desta Estratégia Nacional de Defesa que trata do futuro do Serviço 
Militar Obrigatório e da mobilização nacional. 
A flexibilidade depende, para sua afirmação plena, da elasti-
cidade. O potencial da flexibilidade, para dissuasão e para defesa, 
ficaria severamente limitado se não fosse possível, em caso de ne-
cessidade, multiplicar os meios humanos e materiais das Forças 
Armadas. Por outro lado, a maneira de interpretar e de efetuar o 
imperativo da elasticidade revela o desdobramento mais radical da 
flexibilidade. A elasticidade é a flexibilidade, traduzida no engaja-
mento de toda a Nação em sua própria defesa.
2.O Exército, embora seja empregado de forma progressiva nas 
crises e conflitos armados, deve ser constituído por meios moder-
nos e por efetivos muito bem adestrados. O Exército não terá den-
tro de si uma vanguarda. O Exército será, todo ele, uma vanguarda. 
A concepção do Exército como vanguarda tem, como expressão 
prática principal a sua reconstrução em módulo brigada, que vem a 
DEFESA NACIONAL
10
ser o módulo básico de combate da Força Terrestre. Na composição 
atual do Exército, as brigadas das Forças de Ação Rápida Estratégi-
cas são as que melhor exprimem o ideal de flexibilidade. 
O modelo de composição das Forças de Ação Rápida Estraté-
gicas não precisa nem deve ser seguido rigidamente, sem que se 
levem em conta os problemas operacionais próprios dos diferen-
tes teatros de operações. Entretanto, todas as brigadas do Exército 
devem conter, em princípio, os seguintes elementos, para que se 
generalize o atendimento do conceito da flexibilidade:
(a) Recursos humanos com elevada motivação e efetiva capa-
citação operacional, típicas da Brigada de Operações Especiais, que 
hoje compõe a reserva estratégica do Exército;
(b) Instrumentos de comunicações e de monitoramento que 
lhes permitam operar em rede com outras unidades do Exército, 
da Marinha e da Força Aérea e receber informação fornecida pelo 
monitoramento do terreno a partir do ar e do espaço;
(c) Instrumentos de mobilidade que lhes permitam deslocar-se 
rapidamente por terra, água e ar - para o teatro de operações e 
dentro dele. Por ar e por água, a mobilidade se efetuará comumen-
te por meio de operações conjuntas com a Marinha e com a Força 
Aérea;
(d) Recursos logísticos capazes de manter a brigada com supri-
mento, mesmo em regiões isoladas e inóspitas, por um período de 
várias semanas. 
A qualificação do módulo brigada como vanguarda exige amplo 
espectro de meios tecnológicos, desde os menos sofisticados, tais 
como radar portátil e instrumental de visão noturna, até as formas 
mais avançadas de comunicação entre as operações terrestres e o 
monitoramento espacial.
O entendimento da mobilidade tem implicações para a evolu-
ção dos blindados, dos meios mecanizados e da artilharia. Uma im-
plicação desse entendimento é harmonizar, no desenho dos blinda-
dos e dos meios mecanizados, características técnicas de proteção 
e movimento. Outra implicação – nos blindados, nos meios mecani-
zados e na artilharia - é priorizar o desenvolvimento de tecnologias 
capazes de assegurar precisão na execução do tiro.
3.A transformação de todo o Exército em vanguarda, com base 
no módulo brigada, terá prioridade sobre a estratégia de presença. 
Nessa transformação, o aparelhamento baseado no completamen-
to e modernização dos sistemas operacionais das brigadas, para 
dotá-las de capacidade de rapidamente fazerem-se presentes, será 
prioritário. 
A transformação será, porém, compatibilizada com a estratégia 
da presença, em especial na região amazônica, em face dos obs-
táculos ao deslocamento e à concentração de forças. Em todas as 
circunstâncias, as unidades militares situadas nas fronteiras funcio-
narão como destacamentos avançados de vigilância e de dissuasão.
Nos centros estratégicos do País – políticos, industriais, tecno-
lógicos e militares – a estratégia de presença do Exército concorrerá 
também para o objetivo de se assegurar a capacidade de defesa 
antiaérea, em quantidade e em qualidade, sobretudo por meio de 
artilharia antiaérea de média altura. 
4.O Exército continuará a manter reservas regionais e estratégi-
cas, articuladas em dispositivo de expectativa. As reservas estraté-
gicas, incluindo pára-quedistas e contingentes de operações espe-
ciais, em prol da faculdade de concentrar forças rapidamente, serão 
estacionadas no centro do País. 
5.O monitoramento/controle, como componente do imperati-
vo de flexibilidade, exigirá que entre os recursos espaciais haja um 
vetor sob integral domínio nacional, ainda que parceiros estrangei-
ros participem do seu projeto e da sua implementação, incluindo:
(a) a fabricação de veículos lançadores de satélites;
(b) a fabricação de satélites de baixa e de alta altitude, sobretu-
do de satélites geoestacionários, de múltiplos usos;
(c) o desenvolvimento de alternativas nacionais aos sistemas 
de localização e de posicionamento dos quais o Brasil depende, 
passando pelas necessárias etapas internas de evolução dessas tec-
nologias;
(d) os meios aéreos e terrestres para monitoramento focado, 
de alta resolução;
(e) as capacitações e os instrumentos cibernéticos necessários 
para
assegurar comunicações entre os monitores espaciais e aéreos 
e a força terrestre. 
6.A mobilidade como componente do imperativo de flexibili-
dade requer o desenvolvimento de veículos terrestres e de meios 
aéreos de combate e de transporte. Demandará, também, a reor-
ganização das relações com a Marinha e com a Força Aérea, de ma-
neira a assegurar, tanto na cúpula dos Estados-Maiores como na 
base dos contingentes operacionais, a capacidade de atuar como 
uma única força. 
7.Monitoramento/controle e mobilidade têm seu complemen-
to em medidas destinadas a assegurar, ainda no módulo brigada, a 
obtenção do efetivo poder de combate. Algumas dessas medidas 
são tecnológicas: o desenvolvimento de sistemas de armas e de 
guiamento que permitam precisão no direcionamento do tiro e o 
desenvolvimento da capacidade de fabricar munições não-nuclea-
res de todos os tipos. Outras medidas são operacionais: a consolida-
ção de um repertório de práticas e de capacitações que proporcio-
nem à Força Terrestre os conhecimentos e as potencialidades, tanto 
para o combate convencional quanto para não-convencional, capaz 
de operar com adaptabilidade nas condições imensamente varia-
das do território nacional. Outras medidas - ainda mais importantes 
- são educativas: a formação de um militar que reúna qualificação 
e rusticidade. 
8.A defesa da região amazônica será encarada, na atual fase da 
História, como o foco de concentração das diretrizes resumidas sob 
o rótulo dos imperativos de monitoramento/controle e de mobili-
dade. Não exige qualquer exceção a tais diretrizes; reforça as razões 
para seguí-las. As adaptações necessárias serão as requeridas pela 
natureza daquele teatro de operações: a intensificação das tecno-
logias e dos dispositivos de monitoramento a partir do espaço, do 
ar e da terra; a primazia da transformação da brigada em uma força 
com atributos tecnológicos e operacionais; os meios logísticos e aé-
reos para apoiar unidades de fronteira isoladas em áreas remotas, 
exigentes e vulneráveis; e a formação de um combatente detentor 
de qualificação e de rusticidade necessárias à proficiência de um 
combatente de selva. 
O desenvolvimento sustentável da região amazônica passará 
a ser visto, também, como instrumento da defesa nacional: só ele 
pode consolidar as condições para assegurar a soberania nacional 
sobre aquela região. Dentro dos planos para o desenvolvimento 
sustentável da Amazônia, caberá papel primordial à regularização 
fundiária. Para defender a Amazônia, será preciso tirá-la da condi-
ção de insegurança jurídica e de conflito generalizado em que, por 
conta da falta de solução ao problema da terra, ela se encontra. 
9.Atender ao imperativo da elasticidade será preocupação es-
pecial do Exército, pois é, sobretudo, a Força Terrestre que terá de 
multiplicar-se em caso de conflito armado.
10.Os imperativos de flexibilidade e de elasticidade culminam 
no preparo para uma guerra assimétrica, sobretudo na região ama-
zônica, a ser sustentada contra inimigo de poder militar muito supe-
rior, por ação de um país ou de uma coligação de países que insista 
em contestar, a pretexto de supostos interesses da Humanidade, a 
incondicional soberania brasileira sobre a sua Amazônia. 
DEFESA NACIONAL
11
A preparação para tal guerra não consiste apenas em ajudar a 
evitar o que hoje é uma hipótese remota, a de envolvimento do Bra-
sil em um conflito armado de grande escala. É, também, aproveitar 
disciplina útil para a formação de sua doutrina militar e de suas ca-
pacitações operacionais. Um exército que conquistou os atributos 
de flexibilidade e de elasticidade é um exército que sabe conjugar 
as ações convencionais com as não-convencionais. A guerra assimé-
trica, no quadro de uma guerra de resistência nacional, representa 
uma efetiva possibilidade da doutrina aqui especificada. 
Cada uma das condições, a seguir listadas, para a condução exi-
tosa da guerra de resistência deve ser interpretada como advertên-
cia orientadora da maneira de desempenhar as responsabilidades 
do Exército:
a. Ver a Nação identificada com a causa da defesa. Toda a estra-
tégia nacional repousa sobre a conscientização do povo brasileiro 
da importância central dos problemas de defesa.
b. Juntar a soldados regulares, fortalecidos com atributos de 
soldados não-convencionais, as reservas mobilizadas de acordo 
com o conceito da elasticidade.
c. Contar com um soldado resistente que, além dos pendores 
de qualificação e de rusticidade, seja também, no mais alto grau, 
tenaz. Sua tenacidade se inspirará na identificação da Nação com a 
causa da defesa.
d. Sustentar, sob condições adversas e extremas, a capacidade 
de comando e controle entre as forças combatentes.
e. Manter e construir, mesmo sob condições adversas e extre-
mas, o poder de apoio logístico às forças combatentes.
f. Saber aproveitar ao máximo as características do terreno. 
A Força Aérea Brasileira: vigilância orientadora, superioridade 
aérea, combate focado, combate aeroestratégico 
1.Quatro objetivos estratégicos orientam a missão da Força Aé-
rea Brasileira e fixam o lugar de seu trabalho dentro da Estratégia 
Nacional de Defesa. Esses objetivos estão encadeados em deter-
minada ordem: cada um condiciona a definição e a execução dos 
objetivos subseqüentes. 
a. A prioridade da vigilância aérea.
Exercer do ar a vigilância do espaço aéreo, sobre o território 
nacional e as águas jurisdicionais brasileiras, com a assistência dos 
meios espaciais, terrestres e marítimos, é a primeira das responsa-
bilidades da Força Aérea e a condição essencial para poder inibir o 
sobrevôo desimpedido do espaço aéreo nacional pelo inimigo. A 
estratégia da Força Aérea será a de cercar o Brasil com sucessivas e 
complementares camadas de visualização, condicionantes da pron-
tidão para responder. Implicação prática dessa tarefa é que a Força 
Aérea precisará contar com plataformas e sistemas próprios para 
monitorar, e não apenas para combater e transportar, particular-
mente na região amazônica.
O Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA), uma 
dessas camadas, disporá de um complexo de monitoramento, in-
cluindo veículos lançadores, satélites geoestacionários e de monito-
ramento, aviões de inteligência e respectivos aparatos de visualiza-
ção e de comunicações, que estejam sob integral domínio nacional. 
O Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA) 
será fortalecido como núcleo da defesa aeroespacial, incumbido de 
liderar e de integrar todos os meios de monitoramento aeroespa-
cial do País. A indústria nacional de material de defesa será orienta-
da a dar a mais alta prioridade ao desenvolvimento das tecnologias 
necessárias, inclusive aquelas que viabilizem independência do sis-
tema de sinal GPS ou de qualquer outro sistema de sinal estrangei-
ro. O potencial para contribuir com tal independência tecnológica 
pesará na escolha das parcerias com outros países em matéria de 
tecnologias de defesa. 
b. O poder para assegurar superioridade aérea local.
Em qualquer hipótese de emprego a Força Aérea terá a respon-
sabilidade de assegurar superioridade aérea local. Do cumprimento 
dessa responsabilidade, dependerá em grande parte a viabilidade 
das operações navais e das operações das forças terrestres no inte-
rior do País. O requisito do potencial de garantir superioridade aé-
rea local será o primeiro passo para afirmar a superioridade aérea 
sobre o território e as águas jurisdicionais brasileiras. 
Impõe, como conseqüência, evitar qualquer hiato de desprote-
ção aérea no período de 2015 a 2025, durante o qual terão de ser 
substituídos a atual frota de aviões de combate, os sistemas de ar-
mas e armamentos inteligentes embarcados, inclusive os sistemas 
inerciais que permitam dirigir o fogo ao alvo com exatidão e “além 
do alcance visual”.
c. A capacidade para levar o combate a pontos específicos do 
território nacional, em conjunto com o Exército e a Marinha, cons-
tituindo uma única força combatente, sob a disciplina
do teatro de 
operações.
A primeira implicação é a necessidade de dispor de aviões de 
transporte em número suficiente para transportar em poucas horas 
uma brigada da reserva estratégica, do centro do País para qualquer 
ponto do território nacional. As unidades de transporte aéreo fica-
rão baseadas no centro do País, próximo às reservas estratégicas da 
Força Terrestre.
A segunda implicação é a necessidade de contar com sistemas 
de armas de grande precisão, capazes de permitir a adequada dis-
criminação de alvos em situações nas quais forças nacionais pode-
rão estar entremeadas ao inimigo. 
A terceira implicação é a necessidade de dispor de suficientes e 
adequados meios de transporte para apoiar a aplicação da estraté-
gia da presença do Exército na região Amazônica e no Centro-Oeste, 
sobretudo as atividades operacionais e logísticas realizadas pelas 
unidades da Força Terrestre situadas na fronteira.
d. A índole pacífica do Brasil não elimina a necessidade de as-
segurar à Força Aérea o domínio de um potencial estratégico que se 
organize em torno de uma capacidade, não em torno de um inimi-
go. Sem que a Força Aérea tenha o pleno domínio desse potencial 
aeroestratégico, não estará ela em condições de defender o Brasil, 
nem mesmo dentro dos mais estritos limites de uma guerra defen-
siva. Para tanto, precisa contar com todos os meios relevantes: pla-
taformas, sistemas de armas, subsídios cartográficos e recursos de 
inteligência. 
2.Na região amazônica, o atendimento a esses objetivos exigi-
rá que a Força Aérea disponha de unidades com recursos técnicos 
para assegurar a operacionalidade das pistas de pouso e das insta-
lações de proteção ao vôo nas situações de vigilância e de combate. 
3.O complexo tecnológico e científico sediado em São José dos 
Campos continuará a ser o sustentáculo da Força Aérea e de seu fu-
turo. De sua importância central resultam os seguintes imperativos 
estratégicos:
a. Priorizar a formação, dentro e fora do Brasil, dos quadros 
técnico-científicos, militares e civis, que permitam alcançar a inde-
pendência tecnológica;
b. Desenvolver projetos tecnológicos que se distingam por sua 
fecundidade tecnológica (aplicação análoga a outras áreas) e por 
seu significado transformador (alteração revolucionária das condi-
ções de combate), não apenas por sua aplicação imediata;
c. Estreitar os vínculos entre os Institutos de Pesquisa do Cen-
tro Tecnológico da Aeronáutica (CTA) e as empresas privadas, res-
guardando sempre os interesses do Estado quanto à proteção de 
patentes e à propriedade industrial;
d. Promover o desenvolvimento, em São José de Campos ou 
em outros lugares, de adequadas condições de ensaio;
DEFESA NACIONAL
12
e. Enfrentar o problema da vulnerabilidade estratégica criada 
pela concentração de iniciativas no complexo tecnológico e empresa-
rial de São José dos Campos. Preparar a progressiva desconcentração 
geográfica de algumas das partes mais sensíveis do complexo. 
4.Dentre todas as preocupações a enfrentar no desenvolvimen-
to da Força Aérea, a que inspira cuidados mais vivos e prementes 
é a maneira de substituir os atuais aviões de combate no intervalo 
entre 2015 e 2025, uma vez esgotada a possibilidade de prolongar-
-lhes a vida por modernização de seus sistemas de armas, de sua 
aviônica e de partes de sua estrutura e fuselagem. 
O Brasil confronta, nesse particular, dilema corriqueiro em 
toda a parte: manter a prioridade das capacitações futuras sobre 
os gastos atuais, sem tolerar desproteção aérea. Precisa investir nas 
capacidades que lhe assegurem potencial de fabricação indepen-
dente de seus meios aéreos de defesa. Não pode, porém, aceitar 
ficar desfalcado de um escudo aéreo enquanto reúne as condições 
para ganhar tal independência. A solução a dar a esse problema é 
tão importante, e exerce efeitos tão variados sobre a situação es-
tratégica do País na América do Sul e no mundo, que transcende 
uma mera discussão de equipamento e merece ser entendida como 
parte integrante da Estratégia Nacional de Defesa.
O princípio genérico da solução é a rejeição das soluções ex-
tremas - simplesmente comprar no mercado internacional um caça 
“de quinta geração” ou sacrificar a compra para investir na moder-
nização dos aviões existentes, nos projetos de aviões não-tripula-
dos, no desenvolvimento, junto com outro país, do protótipo de um 
caça tripulado do futuro e na formação maciça de quadros científi-
cos e técnicos. Convém solução híbrida, que providencie o avião de 
combate dentro do intervalo temporal necessário mas que o faça 
de maneira a criar condições para a fabricação nacional de caças 
tripulados avançados. 
Tal solução híbrida poderá obedecer a um de dois figurinos. Em-
bora esses dois figurinos possam coexistir em tese, na prática um terá 
de prevalecer sobre o outro. Ambos ultrapassam de muito os limites 
convencionais de compra com transferência de tecnologia ou “off-set” 
e envolvem iniciativa substancial de concepção e de fabricação no Bra-
sil. Atingem o mesmo resultado por caminhos diferentes. 
De acordo com o primeiro figurino, estabelecer-se-ia parce-
ria com outro país ou países para projetar e fabricar no Brasil, dentro 
do intervalo temporal relevante, um sucedâneo a um caça de quinta 
geração à venda no mercado internacional. Projeta-se e constrói-se 
o sucedâneo de maneira a superar limitações técnicas e operacionais 
significativas da versão atual daquele avião (por exemplo, seu raio de 
ação, suas limitações em matéria de empuxo vetorado, sua falta de bai-
xa assinatura radar). A solução em foco daria resposta simultânea aos 
problemas das limitações técnicas e da independência tecnológica.
De acordo com o segundo figurino, seria comprado um caça 
de quinta geração, em negociação que contemplasse a transferên-
cia integral de tecnologia, inclusive as tecnologias de projeto e de 
fabricação do avião e os “códigos-fonte”. A compra seria feita na es-
cala mínima necessária para facultar a transferência integral dessas 
tecnologias. Uma empresa brasileira começa a produzir, sob orien-
tação do Estado brasileiro, um sucedâneo àquele avião comprado, 
autorizado por negociação antecedente com o país e a empresa 
vendedores. A solução em foco dar-se-ia por seqüenciamento e não 
por simultaneidade. 
A escolha entre os dois figurinos é questão de circunstância e 
de negociação. Consideração que poderá ser decisiva é a necessi-
dade de preferir a opção que minimize a dependência tecnológica 
ou política em relação a qualquer fornecedor que, por deter com-
ponentes do avião a comprar ou a modernizar, possa pretender, por 
conta dessa participação, inibir ou influir sobre iniciativas de defesa 
desencadeadas pelo Brasil. 
5.Três diretrizes estratégicas marcarão a evolução da Força Aé-
rea. Cada uma dessas diretrizes representa muito mais do que uma 
tarefa, uma oportunidade de transformação.
A primeira diretriz é o desenvolvimento do repertório de tec-
nologias e de capacitações que permitam à Força Aérea operar em 
rede, não só entre seus próprios componentes, mas, também, com 
o Exército e a Marinha.
A segunda diretriz é o avanço nos programas de veículos aé-
reos não tripulados, primeiro de vigilância e depois de combate. 
Os veículos não tripulados poderão vir a ser meios centrais, não 
meramente acessórios, do combate aéreo, além de facultar pata-
mar mais exigente de precisão no monitoramento/controle do ter-
ritório nacional. A Força Aérea absorverá as implicações desse meio 
de vigilância e de combate para sua orientação tática e estratégica. 
Formulará doutrina sobre a interação entre os veículos tripulados e 
não tripulados que aproveite o novo meio para radicalizar o poder 
de surpreender, sem expor as vidas dos pilotos. 
A terceira diretriz é a integração das atividades espaciais nas 
operações da Força Aérea. O monitoramento espacial será par-
te integral e condição indispensável do cumprimento das tarefas 
estratégicas que orientarão a Força Aérea: vigilância múltipla e 
cumulativa,
superioridade aérea local e fogo focado no contexto de 
operações conjuntas. O desenvolvimento da tecnologia de veículos 
lançadores servirá como instrumento amplo, não só para apoiar os 
programas espaciais, mas também para desenvolver tecnologia na-
cional de projeto e de fabricação de mísseis. 
Os setores estratégicos: o espacial, o cibernético e o nuclear 
1.Três setores estratégicos - o espacial, o cibernético e o nu-
clear –são essenciais para a defesa nacional.
2.Nos três setores, as parcerias com outros países e as compras 
de produtos e serviços no exterior devem ser compatibilizadas com 
o objetivo de assegurar espectro abrangente de capacitações e de 
tecnologias sob domínio nacional.
3.No setor espacial, as prioridades são as seguintes:
a. Projetar e fabricar veículos lançadores de satélites e desen-
volver tecnologias de guiamento remoto, sobretudo sistemas iner-
ciais e tecnologias de propulsão líquida.
b. Projetar e fabricar satélites, sobretudo os geoestacionários, 
para telecomunicações e os destinados ao sensoriamento remoto 
de alta resolução, multiespectral e desenvolver tecnologias de con-
trole de atitude dos satélites.
c. Desenvolver tecnologias de comunicações, comando e con-
trole a partir de satélites, com as forças terrestres, aéreas e maríti-
mas, inclusive submarinas, para que elas se capacitem a operar em 
rede e a se orientar por informações deles recebidas;
d. Desenvolver tecnologia de determinação de coordenadas 
geográficas a partir de satélites. 
4.As capacitações cibernéticas se destinarão ao mais amplo es-
pectro de usos industriais, educativos e militares. Incluirão, como 
parte prioritária, as tecnologias de comunicação entre todos os con-
tingentes das Forças Armadas de modo a assegurar sua capacidade 
para atuar em rede. Contemplarão o poder de comunicação entre 
os contingentes das Forças Armadas e os veículos espaciais. No se-
tor cibernético, será constituída organização encarregada de desen-
volver a capacitação cibernética nos campos industrial e militar. 
5.O setor nuclear tem valor estratégico. Transcende, por sua 
natureza, a divisão entre desenvolvimento e defesa. 
Por imperativo constitucional e por tratado internacional, pri-
vou-se o Brasil da faculdade de empregar a energia nuclear para 
qualquer fim que não seja pacífico. Fê-lo sob várias premissas, das 
quais a mais importante foi o progressivo desarmamento nuclear 
das potências nucleares. 
DEFESA NACIONAL
13
Nenhum país é mais atuante do que o Brasil na causa do de-
sarmamento nuclear. Entretanto o Brasil, ao proibir a si mesmo o 
acesso ao armamento nuclear, não se deve despojar da tecnologia 
nuclear. Deve, pelo contrário, desenvolvê-la, inclusive por meio das 
seguintes iniciativas: 
a. Completar, no que diz respeito ao programa de submarino de 
propulsão nuclear, a nacionalização completa e o desenvolvimento 
em escala industrial do ciclo do combustível (inclusive a gaseifica-
ção e o enriquecimento) e da tecnologia da construção de reatores, 
para uso exclusivo do Brasil.
b. Acelerar o mapeamento, a prospecção e o aproveitamento 
das jazidas de urânio. 
c. Desenvolver o potencial de projetar e construir termelétricas 
nucleares, com tecnologias e capacitações que acabem sob domí-
nio nacional, ainda que desenvolvidas por meio de parcerias com 
Estados e empresas estrangeiras. Empregar a energia nuclear crite-
riosamente, e sujeitá-la aos mais rigorosos controles de segurança e 
de proteção do meio-ambiente, como forma de estabilizar a matriz 
energética nacional, ajustando as variações no suprimento de ener-
gias renováveis, sobretudo a energia de origem hidrelétrica; e
d. Aumentar a capacidade de usar a energia nuclear em amplo 
espectro de atividades. 
O Brasil zelará por manter abertas as vias de acesso ao desen-
volvimento de suas tecnologias de energia nuclear. Não aderirá a 
acréscimos ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares 
destinados a ampliar as restrições do Tratado sem que as potências 
nucleares tenham avançado na premissa central do Tratado: seu 
próprio desarmamento nuclear. 
6.A primeira prioridade do Estado na política dos três setores 
estratégicos será a formação de recursos humanos nas ciências rele-
vantes. Para tanto, ajudará a financiar os programas de pesquisa e de 
formação nas universidades brasileiras e nos centros nacionais de pes-
quisa e aumentará a oferta de bolsas de doutoramento e de pós-dou-
toramento nas instituições internacionais pertinentes. Essa política de 
apoio não se limitará à ciência aplicada, de emprego tecnológico ime-
diato. Beneficiará, também, a ciência fundamental e especulativa. 
A reorganização da indústria nacional de material de defesa: 
desenvolvimento tecnológico independente 
1.A defesa do Brasil requer a reorganização da indústria nacio-
nal de material de defesa, de acordo com as seguintes diretrizes: 
a. Dar prioridade ao desenvolvimento de capacitações tecnoló-
gicas independentes.
Essa meta condicionará as parcerias com países e empresas 
estrangeiras ao desenvolvimento progressivo de pesquisa e de pro-
dução no País. 
b. Subordinar as considerações comerciais aos imperativos es-
tratégicos.
Isso importa em organizar o regime legal, regulatório e tributá-
rio da indústria nacional de material de defesa para que reflita tal 
subordinação. 
c. Evitar que a indústria nacional de material de defesa polari-
ze-se entre pesquisa avançada e produção rotineira.
 Deve-se cuidar para que a pesquisa de vanguarda sirva à pro-
dução de vanguarda. 
d. Usar o desenvolvimento de tecnologias de defesa como foco 
para o desenvolvimento de capacitações operacionais. 
Isso implica buscar a modernização permanente das platafor-
mas, seja pela reavaliação à luz da experiência operacional, seja 
pela incorporação de melhorias provindas do desenvolvimento tec-
nológico. 
2.Estabelecer-se-á, para a indústria nacional de material de de-
fesa, regime legal, regulatório e tributário especial. 
Tal regime resguardará as empresas privadas de material de 
defesa das pressões do imediatismo mercantil ao eximi-las do re-
gime geral de licitações; as protegerá contra o risco dos contingen-
ciamentos orçamentários e assegurará a continuidade nas compras 
públicas. Em contrapartida, o Estado ganhará poderes especiais so-
bre as empresas privadas, para além das fronteiras da autoridade 
regulatória geral. Esses poderes serão exercidos quer por meio de 
instrumentos de direito privado, como a “golden share”, quer por 
meio de instrumentos de direito público, como os licenciamentos 
regulatórios. 
3.O componente estatal da indústria de material de defesa terá 
por vocação produzir o que o setor privado não possa projetar e 
fabricar, a curto e médio prazo, de maneira rentável. Atuará, por-
tanto, no teto, e não no piso tecnológico. Manterá estreito vínculo 
com os centros avançados de pesquisa das próprias Forças Armadas 
e das instituições acadêmicas brasileiras. 
4.O Estado ajudará a conquistar clientela estrangeira para a in-
dústria nacional de material de defesa. Entretanto, a continuidade 
da produção deve ser organizada para não depender da conquista 
ou da continuidade de tal clientela. Portanto, o Estado reconhecerá 
que em muitas linhas de produção, aquela indústria terá de operar 
em sistema de “custo mais margem” e, por conseguinte, sob inten-
so escrutínio regulatório. 
5.O futuro das capacitações tecnológicas nacionais de defesa 
depende mais da formação de recursos humanos do que do de-
senvolvimento de aparato industrial. Daí a primazia da política de 
formação de cientistas, em ciência aplicada e básica, já abordada no 
tratamento dos setores espacial, cibernético e nuclear. 
6.No esforço de reorganizar a indústria nacional de material de 
defesa, buscar-se-á parcerias com outros países, com o objetivo de 
desenvolver a capacitação tecnológica nacional, de modo a reduzir 
progressivamente a compra de serviços e de produtos acabados no 
exterior. A esses interlocutores estrangeiros, o Brasil deixará
sem-
pre claro que pretende ser parceiro, não cliente ou comprador. O 
País está mais interessado em parcerias que fortaleçam suas capa-
citações independentes do que na compra de produtos e serviços 
acabados. Tais parcerias devem contemplar, em princípio, que parte 
substancial da pesquisa e da fabricação seja desenvolvida no Brasil 
e ganharão relevo maior quando forem expressão de associações 
estratégicas abrangentes. 
7.Estabelecer-se-á, no Ministério da Defesa, uma Secretaria de 
Produtos de Defesa. O Secretário será nomeado pelo Presidente da 
República, por indicação do Ministro da Defesa. 
Caberá ao Secretário executar as diretrizes fixadas pelo Mi-
nistro da Defesa e, com base nelas, formular e dirigir a política de 
compras de produtos de defesa, inclusive armamentos, munições, 
meios de transporte e de comunicações, fardamentos e materiais 
de uso individual e coletivo, empregados nas atividades operacio-
nais.O Ministro da Defesa delegará aos órgãos das três Forças pode-
res para executarem a política formulada pela Secretaria quanto a 
encomendas e compras de produtos específicos de sua área, sujeita 
tal execução à avaliação permanente pelo Ministério.
O objetivo será implementar, no mais breve período, uma polí-
tica centralizada de compras produtos de defesa capaz de:
(a) otimizar o dispêndio de recursos;
(b) assegurar que as compras obedeçam às diretrizes da Estra-
tégia Nacional de Defesa e de sua elaboração, ao longo do tempo; e
(c) garantir, nas decisões de compra, a primazia do compromis-
so com o desenvolvimento das capacitações tecnológicas nacionais 
em produtos de defesa. 
DEFESA NACIONAL
14
8.A Secretaria responsável pela área de Ciência e Tecnologia 
no Ministério da Defesa deverá ter, entre as suas atribuições, a de 
coordenar a pesquisa avançada em tecnologias de defesa que se 
realize nos Institutos de pesquisa da Marinha, do Exército e da Ae-
ronáutica, bem como em outras organizações subordinadas às For-
ças Armadas. 
O objetivo será implementar uma política tecnológica integra-
da, que evite duplicação; compartilhe quadros, idéias e recursos; 
e prime por construir elos entre pesquisa e produção, sem perder 
contato com avanços em ciências básicas. Para assegurar a consecu-
ção desses objetivos, a Secretaria fará com que muitos projetos de 
pesquisa sejam realizados conjuntamente pelas instituições de tec-
nologia avançada das três Forças Armadas. Alguns desses projetos 
conjuntos poderão ser organizados com personalidade própria, seja 
como empresas de propósitos específicos, seja sob outras formas 
jurídicas. 
Os projetos serão escolhidos e avaliados não só pelo seu poten-
cial produtivo próximo, mas também por sua fecundidade tecnoló-
gica: sua utilidade como fonte de inspiração e de capacitação para 
iniciativas análogas. 
9.Resguardados os interesses de segurança do Estado quanto 
ao acesso a informações, serão estimuladas iniciativas conjuntas 
entre organizações de pesquisa das Forças Armadas, instituições 
acadêmicas nacionais e empresas privadas brasileiras. O objetivo 
será fomentar o desenvolvimento de um complexo militar-univer-
sitário-empresarial capaz de atuar na fronteira de tecnologias que 
terão quase sempre utilidade dual, militar e civil. 
O serviço militar obrigatório: nivelamento republicano e mobi-
lização nacional 
1.A base da defesa nacional é a identificação da Nação com as 
Forças Armadas e das Forças Armadas com a Nação. Tal identifica-
ção exige que a Nação compreenda serem inseparáveis as causas 
do desenvolvimento e da defesa.
O Serviço Militar Obrigatório será, por isso, mantido e reforça-
do. É a mais importante garantia da defesa nacional. Pode ser tam-
bém o mais eficaz nivelador republicano, permitindo que a Nação 
se encontre acima de suas classes sociais. 
2.As Forças Armadas limitarão e reverterão a tendência de di-
minuir a proporção de recrutas e de aumentar a proporção de sol-
dados profissionais. No Exército, respeitada a necessidade de espe-
cialistas, a maioria do efetivo de soldados deverá sempre continuar 
a ser de recrutas do Serviço Militar Obrigatório. Na Marinha e na 
Força Aérea, a necessidade de contar com especialistas, formados 
ao longo de vários anos, deverá ter como contrapeso a importância 
estratégica de manter abertos os canais do recrutamento.
O conflito entre as vantagens do profissionalismo e os valores 
do recrutamento há de ser atenuado por meio da educação - técni-
ca e geral, porém de orientação analítica e capacitadora - que será 
ministrada aos recrutas ao longo do período de serviço. 
3.As Forças Armadas se colocarão no rumo de tornar o Serviço 
Militar realmente obrigatório. Não se contentarão em deixar que a 
desproporção entre o número muito maior de obrigados ao serviço 
e o número muito menor de vagas e de necessidades das Forças 
seja resolvido pelo critério da auto-seleção de recrutas desejosos 
de servir. O uso preponderante de tal critério, ainda que sob o efei-
to de melhores atrativos financeiros, limita o potencial do serviço 
militar, em prejuízo de seus objetivos de defesa nacional e de nive-
lamento republicano. 
Os recrutas serão selecionados por dois critérios principais. O 
primeiro será a combinação do vigor físico com a capacidade ana-
lítica, medida de maneira independente do nível de informação ou 
de formação cultural de que goze o recruta. O segundo será o da 
representação de todas as classes sociais e regiões do país. 
4.Complementarmente ao Serviço Militar Obrigatório instituir-
-se-á Serviço Civil, de amplas proporções. Nele poderão ser pro-
gressivamente aproveitados os jovens brasileiros que não forem 
incorporados no Serviço Militar. Nesse serviço civil - concebido 
como generalização das aspirações do Projeto Rondon - receberão 
os incorporados, de acordo com suas qualificações e preferências, for-
mação para poder participar de um trabalho social. Esse trabalho se 
destinará a atender às carências do povo brasileiro e a reafirmar a uni-
dade da Nação. Receberão, também, os participantes do Serviço Civil, 
treinamento militar básico que lhes permita compor força de reserva, 
mobilizável em circunstâncias de necessidade. Serão catalogados, de 
acordo com suas habilitações, para eventual mobilização. 
À medida que os recursos o permitirem, os jovens do Serviço 
Civil serão estimulados a servir em região do País diferente daque-
las de onde são originários. 
Até que se criem as condições para instituir plenamente o Serviço 
Civil, as Forças Armadas tratarão, por meio de trabalho conjunto com 
os prefeitos municipais, de restabelecer a tradição dos Tiros de Guerra. 
Em princípio, todas as prefeituras do País deverão estar aptas para par-
ticipar dessa renovação dos Tiros de Guerra, derrubadas as restrições 
legais que ainda restringem o rol dos municípios qualificados. 
5.Os Serviços Militar e Civil evoluirão em conjunto com as pro-
vidências para assegurar a mobilização nacional em caso de ne-
cessidade, de acordo com a Lei de Mobilização Nacional. O Brasil 
entenderá, em todo o momento, que sua defesa depende do po-
tencial de mobilizar recursos humanos e materiais em grande es-
cala, muito além do efetivo das suas Forças Armadas em tempo de 
paz. Jamais tratará a evolução tecnológica como alternativa à mo-
bilização nacional; aquela será entendida como instrumento desta. 
Ao assegurar a flexibilidade de suas Forças Armadas, assegurará 
também a elasticidade delas. 
6.É importante para a defesa nacional que o oficialato seja 
representativo de todos os setores da sociedade brasileira. É bom 
que os filhos de trabalhadores ingressem nas academias militares. 
Entretanto, a ampla representação de todas as classes sociais nas 
academias militares é imperativo de segurança nacional. Duas con-
dições são indispensáveis para que se alcance esse objetivo. A pri-
meira é que a carreira militar seja remunerada com vencimentos 
competitivos com outras valorizadas carreiras do Estado. A segunda 
condição é que a Nação abrace a causa da defesa e nela
identifique 
requisito para o engrandecimento do povo brasileiro. 
7.Um interesse estratégico do Estado é a formação de especia-
listas civis em assuntos de defesa. No intuito de formá-los, o Gover-
no Federal deve apoiar, nas universidades, um amplo espectro de 
programas e de cursos que versem sobre a defesa. 
A Escola Superior de Guerra deve servir como um dos principais 
instrumentos de tal formação. Deve, também, organizar o debate 
permanente, entre as lideranças civis e militares, a respeito dos 
problemas da defesa. Para melhor cumprir essas funções, deverá 
a Escola ser transferida para Brasília, sem prejuízo de sua presença 
no Rio de Janeiro, e passar a contar com o engajamento direto do 
Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas e dos Estados-Maiores 
das três Forças. 
 Conclusão 
A Estratégia Nacional de Defesa inspira-se em duas realidades 
que lhe garantem a viabilidade e lhe indicam o rumo. 
A primeira realidade é a capacidade de improvisação e adap-
tação, o pendor para criar soluções quando faltam instrumentos, 
a disposição de enfrentar as agruras da natureza e da sociedade, 
enfim, a capacidade quase irrestrita de adaptação que permeia a 
cultura brasileira. É esse o fato que permite efetivar o conceito de 
flexibilidade. 
DEFESA NACIONAL
15
A segunda realidade é o sentido do compromisso nacional no 
Brasil. A Nação brasileira foi e é um projeto do povo brasileiro; foi 
ele que sempre abraçou a idéia de nacionalidade e lutou para con-
verter a essa idéia os quadros dirigentes e letrados. Este fato é a ga-
rantia profunda da identificação da Nação com as Forças Armadas 
e destas com a Nação. 
Do encontro dessas duas realidades, resultaram as diretrizes da 
Estratégia Nacional de Defesa.
II – MEDIDAS DE IMPLEMENTAÇÃO 
Contexto 
A segunda parte da Estratégia Nacional de Defesa complemen-
ta a formulação sistemática contida na primeira. 
São três seus propósitos. O primeiro é contextualizá-la, enu-
merando circunstâncias que ajudam a precisar-lhe os objetivos e 
a explicar-lhe os métodos. O segundo é aplicar a Estratégia a um 
espectro, amplo e representativo, de problemas atuais enfrentados 
pelas Forças Armadas e, com isso, tornar mais claras sua doutrina 
e suas exigências. O terceiro é enumerar medidas de transição que 
indiquem o caminho que levará o Brasil, de onde está para onde 
deve ir, na organização de sua defesa. 
Podem ser considerados como principais aspectos positivos do 
atual quadro da defesa nacional:
-Forças Armadas identificadas com a sociedade brasileira, com 
altos índices de confiabilidade;
-adaptabilidade do brasileiro às situações novas e inusitadas, 
criando situação propícia a uma cultura militar pautada pelo con-
ceito da flexibilidade; e
-excelência do ensino nas Forças Armadas, no que diz respei-
to à metodologia e à atualização em relação às modernas táticas 
e estratégias de emprego de meios militares, incluindo o uso de 
concepções próprias, adequadas aos ambientes operacionais de 
provável emprego.
Por outro lado, configuram-se como principais vulnerabilidades 
da atual estrutura de defesa do País:
-pouco envolvimento da sociedade brasileira com os assuntos 
de defesa e escassez de especialistas civis nesses temas;
-insuficiência e descontinuidade na alocação de recursos orça-
mentários para a defesa;
-obsolescência da maioria dos equipamentos das Forças Arma-
das; elevado grau de dependência em relação a produtos de defesa 
estrangeiros; e ausência de direção unificada para aquisições de 
produtos de defesa;
-inadequada distribuição espacial das Forças Armadas no ter-
ritório nacional, para o atendimento otimizado às necessidades es-
tratégicas;
-falta de articulação com o Governo federal e com a sociedade 
do principal Instituto brasileiro de altos estudos estratégicos - a Es-
cola Superior de Guerra - no desenvolvimento e consolidação dos 
conhecimentos necessários ao planejamento de defesa e no asses-
soramento à formulação de políticas e estratégias decorrentes;
-insuficiência ou pouca atratividade e divulgação dos cursos 
para a capacitação de civis em assuntos de defesa; e inexistência de 
carreira civil na área de defesa, mesmo sendo uma função de Estado;
-limitados recursos aplicados em pesquisa científica e tecnoló-
gica para o desenvolvimento de material de emprego militar e pro-
dutos de defesa, associados ao incipiente nível de integração entre 
os órgãos militares de pesquisa, e entre estes e os institutos civis 
de pesquisa;
-inexistência de planejamento nacional para desenvolvimento 
de produtos de elevado conteúdo tecnológico, com participação 
coordenada dos centros de pesquisa das universidades, das Forças 
Armadas e da indústria;
-falta de inclusão, nos planos governamentais, de programas 
de aquisição de produtos de defesa em longo prazo, calcados em 
programas plurianuais e em planos de equipamento das Forças Ar-
madas, com priorização da indústria nacional de material de defesa. 
Essa omissão ocasiona aquisições de produtos de defesa no exte-
rior, às vezes, calcadas em oportunidades, com desníveis tecnológi-
cos em relação ao “estado da arte” e com a geração de indesejável 
dependência externa;
-inexistência de regras claras de prioridade à indústria nacional, 
no caso de produtos de defesa fabricados no País;
-dualidade de tratamento tributário entre o produto de defe-
sa fabricado no País e o adquirido no exterior, com excessiva carga 
tributária incidente sobre o material nacional, favorecendo a opção 
pela importação;
-deficiências nos programas de financiamento para as empre-
sas nacionais fornecedoras de produtos de defesa, prejudicando-as 
nos mercados interno e externo;
-falta de garantias para apoiar possíveis contratos de forneci-
mento oriundos da indústria nacional de defesa;
-bloqueios tecnológicos impostos por países desenvolvidos, re-
tardando os projetos estratégicos de concepção brasileira;
-cláusula de compensação comercial, industrial e tecnológica 
(off-set) inexistente em alguns contratos de importação de produ-
tos de defesa, ou mesmo a não-participação efetiva da indústria na-
cional em programas de compensação; e
-sistemas nacionais de logística e de mobilização deficientes. 
A identificação e a análise dos principais aspectos positivos e 
das vulnerabilidades permitem vislumbrar as seguintes oportunida-
des a serem exploradas:
- maior engajamento da sociedade brasileira nos assuntos de 
defesa, assim como maior integração entre os diferentes setores 
dos três poderes do Estado brasileiro e desses setores com os insti-
tutos nacionais de estudos estratégicos, públicos ou privados;
- regularidade e continuidade na alocação dos recursos orça-
mentários de defesa, para incrementar os investimentos e garantir 
o custeio das Forças Armadas;
- aparelhamento das Forças Armadas e capacitação profissional 
de seus integrantes, para que disponham de meios militares aptos 
ao pronto emprego, integrado, com elevada mobilidade tática e es-
tratégica;
- otimização dos esforços em Ciência, Tecnologia e Inovação 
para a Defesa, por intermédio, dentre outras, das seguintes medi-
das: 
(a) maior integração entre as instituições científicas e tecnoló-
gicas, tanto militares como civis, e a indústria nacional de defesa; 
(b) definição de pesquisas de uso dual; e 
(c) fomento à pesquisa e ao desenvolvimento de produtos de 
interesse da defesa;
- maior integração entre as indústrias estatal e privada de ma-
terial de defesa, com a definição de um modelo de participação na 
produção nacional de meios de defesa;
- estabelecimento de regime jurídico especial para a indústria 
nacional de material de defesa, que possibilite a continuidade e o 
caráter preferencial nas compras públicas;
- integração e definição centralizada na aquisição de produtos 
de defesa de uso comum, compatíveis com as prioridades estabe-
lecidas;
- condicionamento da compra de produtos de defesa no ex-
terior à transferência substancial de tecnologia, inclusive por meio 
de parcerias para pesquisa e fabricação
no Brasil de partes desses 
produtos ou de sucedâneos a eles;
DEFESA NACIONAL
16
- articulação das Forças Armadas, compatível com as necessi-
dades estratégicas e de adestramento dos Comandos Operacionais, 
tanto singulares quanto conjuntos, capaz de levar em consideração 
as exigências de cada ambiente operacional, em especial o amazô-
nico e o do Atlântico Sul;
- fomento da atividade aeroespacial, de forma a proporcionar 
ao País o conhecimento tecnológico necessário ao desenvolvimen-
to de projeto e fabricação de satélites e de veículos lançadores de 
satélites e desenvolvimento de um sistema integrado de monito-
ramento do espaço aéreo, do território e das águas jurisdicionais 
brasileiras;
- desenvolvimento das infra-estruturas marítima, terrestre e 
aeroespacial necessárias para viabilizar as estratégias de defesa;
- promoção de ações de presença do Estado na região amazôni-
ca, em especial pelo fortalecimento do viés de defesa do Programa 
Calha Norte;
- estreitamento da cooperação entre os países da América do 
Sul e, por extensão, com os do entorno estratégico brasileiro;
- valorização da profissão militar, a fim de estimular o recruta-
mento de seus quadros em todas as classes sociais;
- aperfeiçoamento do Serviço Militar Obrigatório, na busca de 
maior identificação das Forças Armadas com a sociedade brasileira, 
e estudos para viabilizar a criação de um Serviço Civil, a ser regulado 
por normas específicas;
- expansão da capacidade de combate das Forças Armadas, por 
meio da mobilização de pessoal, material e serviços, para comple-
mentar a logística militar, no caso de o País se ver envolvido em 
conflito; e
- otimização do controle sobre atores não-governamentais, es-
pecialmente na região amazônica, visando à preservação do patri-
mônio nacional, mediante ampla coordenação das Forças Armadas 
com os órgãos governamentais brasileiros responsáveis pela auto-
rização de atuação no País desses atores, sobretudo daqueles com 
vinculação estrangeira. 
Hipóteses de Emprego (HE) 
Entende-se por “Hipótese de Emprego” a antevisão de pos-
sível emprego das Forças Armadas em determinada situação ou 
área de interesse estratégico para a defesa nacional. É formulada 
considerando-se o alto grau de indeterminação e imprevisibilidade 
de ameaças ao País. Com base nas hipóteses de emprego, serão 
elaborados e mantidos atualizados os planos estratégicos e opera-
cionais pertinentes, visando a possibilitar o contínuo aprestamento 
da Nação como um todo, e em particular das Forças Armadas, para 
emprego na defesa do País. 
Emprego Conjunto das Forças Armadas em atendimento às HE 
A evolução da estrutura das Forças Armadas, do estado de paz 
para o de conflito armado ou guerra, dar-se-á de acordo com as pe-
culiaridades da situação apresentada e de uma maneira seqüencial, 
que pode ser assim esquematizada: 
(a) Na paz 
As organizações militares serão articuladas para conciliar o 
atendimento às Hipóteses de Emprego com a necessidade de otimi-
zar os seus custos de manutenção e para proporcionar a realização 
do adestramento em ambientes operacionais específicos. 
Serão desenvolvidas atividades permanentes de inteligência, 
para acompanhamento da situação e dos atores que possam vir 
a representar potenciais ameaças ao Estado e para proporcionar 
o alerta antecipado ante a possibilidade de concretização de tais 
ameaças. As atividades de inteligência devem obedecer a salva-
guardas e controles que resguardem os direitos e garantias cons-
titucionais. 
(b) Na crise 
O Comandante Supremo das Forças Armadas, consultado o 
Conselho de Defesa Nacional, poderá ativar uma estrutura de ge-
renciamento de crise, com a participação de representantes do Mi-
nistério da Defesa e dos Comandos da Marinha, do Exército e da 
Aeronáutica, bem como de representantes de outros Ministérios, 
se necessários. 
O emprego das Forças Armadas será singular ou conjunto e 
ocorrerá em consonância com as diretrizes expedidas. 
As atividades de inteligência serão intensificadas. 
Medidas políticas inerentes ao gerenciamento de crise conti-
nuarão a ser adotadas, em paralelo com as ações militares. 
Ante a possibilidade de a crise evoluir para conflito armado, 
poderão ser desencadeadas, entre outras, as seguintes medidas:
- a ativação dos Comandos Operacionais previstos na Estrutura 
Militar de Defesa;
- a adjudicação de forças pertencentes à estrutura organizacio-
nal das três Forças aos Comandos Operacionais ativados;
- a atualização e implementação, pelo Comando Operacional 
ativado, dos planos de campanha elaborados no estado de paz;
- o recompletamento das estruturas;
- a ativação de Zona de Defesa, áreas onde são mobilizáveis tro-
pas da ativa e reservistas, inclusive os egressos dos Tiros de Guerra, 
para defesa do interior do país em caso de conflito armado; e
- a decretação da Mobilização Nacional, se necessária. 
(c) Durante o conflito armado/guerra
O desencadeamento da campanha militar prevista no Plano de 
Campanha elaborado.
(d) Ao término do conflito armado/guerra 
A progressiva desmobilização dos recursos não mais necessá-
rios. 
 Fundamentos 
Os ambientes apontados na Estratégia Nacional de Defesa não 
permitem vislumbrar ameaças militares concretas e definidas, re-
presentadas por forças antagônicas de países potencialmente ini-
migos ou de outros agentes não-estatais. Devido à incerteza das 
ameaças ao Estado, o preparo das Forças Armadas deve ser orienta-
do para atuar no cumprimento de variadas missões, em diferentes 
áreas e cenários, para respaldar a ação política do Estado. 
As Hipóteses de Emprego são provenientes da associação das 
principais tendências de evolução das conjunturas nacional e inter-
nacional com as orientações político-estratégicas do País.
Na elaboração das Hipóteses de Emprego, a Estratégia Militar 
de Defesa deverá contemplar o emprego das Forças Armadas consi-
derando, dentre outros, os seguintes aspectos:
- o monitoramento e controle do espaço aéreo, das fronteiras 
terrestres, do território e das águas jurisdicionais brasileiras em cir-
cunstâncias de paz;
- a ameaça de penetração nas fronteiras terrestres ou aborda-
gem nas águas jurisdicionais brasileiras;
- a ameaça de forças militares muito superiores na região ama-
zônica;
- as providências internas ligadas à defesa nacional decorrentes 
de guerra em outra região do mundo, ultrapassando os limites de 
uma guerra regional controlada, com emprego efetivo ou potencial 
de armamento nuclear;
- a participação do Brasil em operações de paz e humanitárias, 
regidas por organismos internacionais;
- a participação em operações internas de Garantia da Lei e da 
Ordem, nos termos da Constituição Federal, e os atendimentos às 
requisições da Justiça Eleitoral;
- ameaça de conflito armado no Atlântico Sul. 
DEFESA NACIONAL
17
Estruturação das Forças Armadas 
Para o atendimento eficaz das Hipóteses de Emprego, as Forças 
Armadas deverão estar organizadas e articuladas de maneira a fa-
cilitar a realização de operações conjuntas e singulares, adequadas 
às características peculiares das operações de cada uma das áreas 
estratégicas. 
O instrumento principal, por meio do qual as Forças desenvol-
verão sua flexibilidade tática e estratégica, será o trabalho coorde-
nado entre as Forças, a fim de tirar proveito da dialética da con-
centração e desconcentração. Portanto, as Forças, como regra, 
definirão suas orientações operacionais em conjunto, privilegiando 
essa visão conjunta como forma de aprofundar suas capacidades 
e rejeitarão qualquer tentativa de definir orientação operacional 
isolada. 
O agente institucional para esse trabalho unificado será a cola-
boração entre os Estados-Maiores das Forças com o Estado-Maior 
Conjunto das Forças Armadas, no estabelecimento e definição das 
linhas de frente de atuação conjunta. Nesse sentido, o sistema edu-
cacional de cada Força ministrará cursos e realizará projetos de pes-
quisa e de formulação em conjunto com os sistemas das demais 
Forças e com
a Escola Superior de Guerra. 
Da mesma forma, as Forças Armadas deverão ser equipadas, 
articuladas e adestradas, desde os tempos de paz, segundo as di-
retrizes do Ministério da Defesa, realizando exercícios singulares e 
conjuntos. 
Assim, com base na Estratégia Nacional de Defesa e na Estra-
tégia Militar dela decorrente, as Forças Armadas submeterão ao 
Ministério da Defesa seus Planos de Equipamento e de Articulação, 
os quais deverão contemplar uma proposta de distribuição espacial 
das instalações militares e de quantificação dos meios necessários 
ao atendimento eficaz das Hipóteses de Emprego, de maneira a 
possibilitar:
- poder de combate que propicie credibilidade à estratégia da 
dissuasão;
- que o Sistema de Defesa Nacional disponha de meios que per-
mitam o aprimoramento da vigilância; o controle do espaço aéreo, 
das fronteiras terrestres, do território e das águas jurisdicionais bra-
sileiras; e da infra-estrutura estratégica nacional;
- o aumento da presença militar nas áreas estratégicas do 
Atlântico Sul e da região amazônica;
- o aumento da participação de órgãos governamentais, mili-
tares e civis, no plano de vivificação e desenvolvimento da faixa de 
fronteira amazônica, empregando a estratégia da presença;
- a adoção de uma articulação que atenda aos aspectos ligados 
à concentração dos meios, à eficiência operacional, à rapidez no 
emprego e à otimização do custeio em tempo de paz; e
- a existência de forças estratégicas de elevada mobilidade e 
flexibilidade, dotadas de material tecnologicamente avançado e em 
condições de emprego imediato, articuladas de maneira à melhor 
atender às Hipóteses de Emprego. 
Os Planos das Forças singulares, consolidados no Ministério da 
Defesa, deverão referenciar-se a metas de curto prazo (até 2014), 
de médio prazo (entre 2015 e 2022) e de longo prazo (entre 2027 
e 2030). 
Em relação ao equipamento, o planejamento deverá priorizar, 
com compensação comercial, industrial e tecnológica:
- no âmbito das três Forças, sob a condução do Ministério da 
Defesa, a aquisição de helicópteros de transporte e de reconheci-
mento e ataque;
- na Marinha, o projeto e fabricação de submarinos conven-
cionais que permitam a evolução para o projeto e fabricação, no 
País, de submarinos de propulsão nuclear, de meios de superfície e 
aéreos priorizados nesta Estratégia;
- no Exército, os meios necessários ao completamento dos sis-
temas operacionais das brigadas; o aumento da mobilidade tática e 
estratégica da Força Terrestre, sobretudo das Forças de Ação Rápida 
Estratégicas e das forças estacionadas na região amazônica; os de-
nominados “Núcleos de Modernidade”; a nova família de blindados 
sobre rodas; os sistemas de mísseis e radares antiaéreos (defesa 
antiaérea); a produção de munições e o armamento e o equipa-
mento individual do combatente, entre outros, aproximando-os das 
tecnologias necessárias ao combatente do futuro; e
- na Força Aérea, a aquisição de aeronaves de caça que subs-
tituam, paulatinamente, as hoje existentes, buscando a possível 
padronização; a aquisição e o desenvolvimento de armamentos e 
sensores, objetivando a auto-suficiência na integração destes às ae-
ronaves; e a aquisição de aeronaves de transporte de tropa. 
Em relação à distribuição espacial das Forças no território na-
cional, o planejamento consolidado no Ministério da Defesa, deverá 
priorizar:
- na Marinha, a necessidade de constituição de uma Esquadra 
no norte/nordeste do País;
- no Exército, a distribuição que atenda às seguintes condicio-
nantes:
(a) um flexível dispositivo de expectativa, em face da indefini-
ção de ameaças, que facilite o emprego progressivo das tropas e a 
presença seletiva em uma escalada de crise;
(b) a manutenção de tropas no centro do País, em particular 
as reservas estratégicas, na situação de prontidão operacional com 
mobilidade, que lhes permitam deslocar-se rapidamente para qual-
quer parte do território nacional ou para o exterior;
(c) a manutenção de tropas no centro-sul do País para garantir 
a defesa da principal concentração demográfica, industrial e econô-
mica, bem como da infra-estrutura, particularmente a geradora de 
energia; e
(d) a concentração das reservas regionais em suas respectivas 
áreas; e
- na Força Aérea, a adequação da localização de suas unidades 
de transporte de tropa de forma a propiciar o rápido atendimento 
de apoio de transporte a forças estratégicas de emprego. Isso pres-
supõe que se baseiem próximo às reservas estratégicas do Exército 
no centro do País. Além disso, suas unidades de defesa aérea e de 
controle do espaço aéreo serão distribuídas de forma a possibilitar 
um efetivo atendimento às necessidades correntes com velocidade 
e presteza.
A partir da consolidação dos Planos de Equipamento e de Ar-
ticulação elaborados pelas Forças, o Ministério da Defesa proporá 
ao Presidente da República o Projeto de Lei de Equipamento e de 
Articulação da Defesa Nacional, envolvendo a sociedade brasileira 
na busca das soluções necessárias. 
As características especiais do ambiente amazônico, com refle-
xos na doutrina de emprego das Forças Armadas, deverão deman-
dar tratamento especial, devendo ser incrementadas as ações de 
fortalecimento da estratégia da presença naquele ambiente ope-
racional. 
Em face da indefinição das ameaças, as Forças Armadas deve-
rão se dedicar à obtenção de capacidades orientadoras das medi-
das a serem planejadas e adotadas. 
No tempo de paz ou enquanto os recursos forem insuficientes, 
algumas capacidades serão mantidas temporariamente por meio 
de núcleos de expansão, constituídos por estruturas flexíveis e ca-
pazes de evoluir rapidamente, de modo a obter adequado poder de 
combate nas operações.
As seguintes capacidades são desejadas para as Forças Arma-
das:
DEFESA NACIONAL
18
- permanente prontidão operacional para atender às Hipóteses 
de Emprego, integrando forças conjuntas ou não;
- manutenção de unidades aptas a compor Forças de Pronto 
Emprego, em condições de atuar em diferentes ambientes opera-
cionais;
- projeção de poder nas áreas de interesse estratégico;
- estruturas de Comando e Controle, e de Inteligência conso-
lidadas;
- permanência na ação, sustentada por um adequado apoio 
logístico, buscando ao máximo a integração da logística das três 
Forças;
- aumento do poder de combate, em curto prazo, pela incorpo-
ração de recursos mobilizáveis, previstos em lei; e
- interoperabilidade nas operações conjuntas. 
Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) 
A Política de Ciência, Tecnologia e Inovação para a Defesa Na-
cional tem como propósito estimular o desenvolvimento científico 
e tecnológico e a inovação de interesse para a defesa nacional. 
Isso ocorrerá por meio de um planejamento nacional para de-
senvolvimento de produtos de alto conteúdo tecnológico, com en-
volvimento coordenado das instituições científicas e tecnológicas 
(ICT) civis e militares, da indústria e da universidade, com a defini-
ção de áreas prioritárias e suas respectivas tecnologias de interesse 
e a criação de instrumentos de fomento à pesquisa de materiais, 
equipamentos e sistemas de emprego de defesa ou dual, de forma 
a viabilizar uma vanguarda tecnológica e operacional pautada na 
mobilidade estratégica, na flexibilidade e na capacidade de dissua-
dir ou de surpreender.
Para atender ao propósito dessa política, deverá ser considera-
da, ainda, a “Concepção Estratégica para CT&I de Interesse da De-
fesa”, documento elaborado em 2003, em conjunto pelo Ministério 
da Defesa e pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, e revisado em 
2008. 
O Ministério da Defesa, em coordenação com o Ministério da 
Ciência e Tecnologia, atualizará a Política de Ciência, Tecnologia e 
Inovação para a Defesa Nacional e os instrumentos normativos de-
correntes. Para atender aos objetivos dessa Política, deverá ocorrer 
a adequação das estruturas organizacionais existentes e que atuam 
na área de Ciência e Tecnologia da Defesa. Os citados documentos 
contemplarão:
-
medidas para a maximização e a otimização dos esforços de 
pesquisa nas instituições científicas e tecnológicas civis e militares, 
para o desenvolvimento de tecnologias de ponta para o sistema de 
defesa, com a definição de esforços integrados de pesquisadores 
das três Forças, especialmente para áreas prioritárias e suas respec-
tivas tecnologias de interesse;
- um plano nacional de pesquisa e desenvolvimento de produ-
tos de defesa, tendo como escopo prioritário a busca do domínio 
de tecnologias consideradas estratégicas e medidas para o financia-
mento de pesquisas;
- a integração dos esforços dos centros de pesquisa militares, 
com a definição das prioridades de pesquisa de material de empre-
go comum para cada centro, e a participação de pesquisadores das 
três Forças em projetos prioritários; e
- o estabelecimento de parcerias estratégicas com países que 
possam contribuir para o desenvolvimento de tecnologias de ponta 
de interesse para a defesa. 
Projetos de interesse comum a mais de uma Força deverão ter 
seus esforços de pesquisa integrados, definindo-se, no plano espe-
cificado, para cada um deles, um pólo integrador. 
No que respeita à utilização do espaço exterior como meio de 
suporte às atividades de defesa, os satélites geoestacionários para 
comunicações, controle de tráfego aéreo e meteorologia desempe-
nharão papel fundamental na viabilização de diversas funções em 
sistemas de comando e controle. As capacidades de alerta, vigilân-
cia, monitoramento e reconhecimento poderão, também, ser aper-
feiçoadas por meio do uso de sensores ópticos e de radar, a bordo 
de satélites ou de veículos aéreos não-tripulados (VANT). 
Serão consideradas, nesse contexto, as plataformas e missões 
espaciais em desenvolvimento, para fins civis, tais como satélites 
de monitoramento ambiental e científicos, ou satélites geoestacio-
nários de comunicações e meteorologia, no âmbito do Programa 
Nacional de Atividades Espaciais - PNAE. 
Em qualquer situação, a concepção, o projeto e a operação dos 
sistemas espaciais devem observar a legislação internacional, os 
tratados, bilaterais e multilaterais, ratificados pelo País, bem como 
os regimes internacionais dos quais o Brasil é signatário. 
As medidas descritas têm respaldo na parceria entre o Minis-
tério da Defesa e o Ministério da Ciência e Tecnologia, que remonta 
à “Concepção para CT&I de Interesse da Defesa” – documento ela-
borado conjuntamente em 2003 e revisado em 2008. Foi fortale-
cida com o lançamento do Plano de Ação de Ciência, Tecnologia e 
Inovação (PACTI/MCT - Portaria Interministerial MCT/MD nº 750, 
de 20.11.2007), cuja finalidade é viabilizar soluções científico-tec-
nológicas e inovações para o atendimento das necessidades do País 
atinentes à defesa e ao desenvolvimento nacional. 
 Indústria de Material de Defesa 
A relação entre Ciência, Tecnologia e Inovação na área de defe-
sa fortalece-se com a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), 
lançada em maio de 2008. Sob a coordenação geral do Ministério 
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a PDP contem-
pla 32 áreas. O programa estruturante do Complexo Industrial de 
Defesa está sob a gestão do Ministério da Defesa e sob a coordena-
ção do Ministério da Ciência e Tecnologia. 
Tal programa tem por objetivo “recuperar e incentivar o cresci-
mento da base industrial instalada, ampliando o fornecimento para 
as Forças Armadas brasileiras e exportações”. Estabelece quatro de-
safios para a consecução do objetivo:
- aumentar os investimentos em Pesquisa, Desenvolvimento e 
Inovação;
- promover isonomia tributária em relação a produtos/mate-
riais importados;
- expandir a participação nos mercados interno e externo; e
- fortalecer a cadeia de fornecedores no Brasil. 
A PDP sugere, ainda, um conjunto de ações destinadas à supe-
ração dos desafios identificados:
- ampliação das compras nacionais;
- expansão e adequação do financiamento;
- promoção das vendas e capacitação de empresas brasileiras; 
e
- fortalecimento da base de P, D&I. 
Com base em tais objetivos, desafios e ações, a PDP visa ao 
fortalecimento da associação entre desenvolvimento da Ciência e 
da Tecnologia e desenvolvimento da produção. Busca aproveitar o 
potencial de tecnologias empregadas no País e transformá-las em 
bens finais, estimulando a indústria nacional. 
Os projetos a serem apoiados serão selecionados e avaliados 
de acordo com as ações estratégicas a seguir descritas e com ca-
racterísticas que considerem o potencial da demanda pública, a 
possibilidade de uso comum pelas Forças, o uso dual – militar e ci-
vil – das tecnologias, subprodutos tecnológicos de emprego civil, 
o índice de nacionalização, o potencial exportador, a presença de 
matéria-prima crítica dependente de importação e o potencial de 
embargo internacional. 
DEFESA NACIONAL
19
O Ministério da Defesa, em coordenação com o Ministério de 
Ciência e Tecnologia e com o Ministério do Desenvolvimento, In-
dústria e Comércio Exterior, realizará a análise das características 
referidas, selecionando de forma articulada projetos e produtos 
que unam as necessidades das atividades de defesa com as poten-
cialidades tecnológicas e produtivas existentes no Brasil. 
Para atendimento aos novos desafios da indústria de material 
de defesa do País, impõe-se a atualização da Política Nacional da 
Indústria de Material de Defesa. 
 Inteligência de Defesa 
A exatidão é o princípio fundamental da Inteligência Militar. Por 
meio da Inteligência, busca-se que todos os planejamentos – políti-
cos, estratégicos, operacionais e táticos – e sua execução desenvol-
vam-se com base em fatos que se transformam em conhecimentos 
confiáveis e oportunos. As informações precisas são condição es-
sencial para o emprego adequado dos meios militares. 
A Inteligência deve ser desenvolvida desde o tempo de paz, 
pois é ela que possibilita superar as incertezas. É da sua vertente 
prospectiva que procedem os melhores resultados, permitindo o 
delineamento dos cursos de ação possíveis e os seus desdobramen-
tos. A identificação das ameaças é o primeiro resultado da atividade 
da Inteligência Militar. 
 Ações Estratégicas 
Enunciam-se a seguir as ações estratégicas que irão orientar a 
implementação da Estratégia Nacional de Defesa: 
Ciência e Tecnologia 
Fomentar a pesquisa de materiais, equipamentos e sistemas 
militares e civis que compatibilize as prioridades científico-tecnoló-
gicas com as necessidades de defesa. 
1.O Ministério da Defesa proporá, em coordenação com os Mi-
nistérios das Relações Exteriores, da Fazenda, do Desenvolvimento, 
Indústria e Comércio Exterior, do Planejamento, Orçamento e Ges-
tão, da Ciência e Tecnologia e com a Secretaria de Assuntos Estraté-
gicos da Presidência da República, o estabelecimento de parcerias 
estratégicas com países que possam contribuir para o desenvolvi-
mento de tecnologias de ponta de interesse para a defesa. 
2.O Ministério da Defesa, em coordenação com os Ministérios 
da Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, do 
Planejamento, Orçamento e Gestão, e da Ciência e Tecnologia e 
com as Forças Armadas, deverá estabelecer ato legal que garanta a 
alocação, de forma continuada, de recursos financeiros específicos 
que viabilizem o desenvolvimento integrado e a conclusão de pro-
jetos relacionados à defesa nacional, cada um deles com um pólo 
integrador definido, com ênfase para o desenvolvimento e a fabri-
cação, dentre outros, de:
- aeronaves de caça e de transporte;
- submarinos convencionais e de propulsão nuclear;
- meios navais de superfície;
- armamentos inteligentes, como mísseis, bombas e torpedos, 
dentre outros;
- veículos aéreos não-tripulados;
- sistemas de comando e controle e de segurança das informa-
ções;
- radares;
- equipamentos e plataformas de guerra eletrônica;
- equipamento individual e sistemas de comunicação do com-
batente do futuro;
- veículos blindados;
- helicópteros de transporte de tropa, para o aumento da mobi-
lidade tática,
e helicópteros de reconhecimento e ataque;
- munições; e
- sensores óticos e eletro-óticos. 
3.O Ministério da Ciência e Tecnologia, por intermédio da 
Agência Espacial Brasileira, promoverá a atualização do Programa 
Espacial Brasileiro, de forma a priorizar o desenvolvimento de sis-
temas espaciais necessários à ampliação da capacidade de comu-
nicações, meteorologia e monitoramento ambiental, com destaque 
para o desenvolvimento de:
- um satélite geoestacionário nacional para meteorologia e co-
municações seguras, entre outras aplicações; e
- satélites de sensoriamento remoto para monitoramento am-
biental, com sensores ópticos e radar de abertura sintética. 
4.O Ministério da Defesa e o Ministério da Ciência e Tecnologia, 
por intermédio do Instituto de Aeronáutica e Espaço do Comando 
da Aeronáutica e da Agência Espacial Brasileira, promoverão me-
didas com vistas a garantir a autonomia de produção, lançamento, 
operação e reposição de sistemas espaciais, por meio:
- do desenvolvimento de veículos lançadores de satélites e sis-
temas de solo para garantir acesso ao espaço em órbitas baixa e 
geoestacionária;
- de atividades de fomento e apoio ao desenvolvimento de ca-
pacidade industrial no setor espacial, com a participação do Minis-
tério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, de modo a 
garantir o fornecimento e a reposição tempestiva de componentes, 
subsistemas e sistemas espaciais; e
- de atividades de capacitação de pessoal nas áreas de concep-
ção, projeto, desenvolvimento e operação de sistemas espaciais. 
Recursos Humanos 
Promover a valorização da profissão militar de forma compa-
tível com seu papel na sociedade brasileira, assim como fomentar 
o recrutamento, a seleção, o desenvolvimento e a permanência de 
quadros civis, para contribuir com o esforço de defesa. 
1.O recrutamento dos quadros profissionais das Forças Arma-
das deverá ser representativo de todas as classes sociais. A carreira 
militar será valorizada pela criação de atrativos compatíveis com as 
características peculiares da profissão. Nesse sentido, o Ministério 
da Defesa, assessorado pelos Comandos das três Forças, proporá as 
medidas necessárias à valorização pretendida. 
2.O recrutamento do pessoal temporário das Forças Armadas 
deve representar a sociedade brasileira, assim como possibilitar a 
oferta de mão-de-obra adequada aos novos meios tecnológicos da 
defesa nacional. Nesse sentido, o Ministério da Defesa, assessorado 
pelos Comandos das três Forças, proporá as mudanças necessárias 
no Serviço Militar Obrigatório. 
3.O Ministério da Defesa e a Secretaria de Assuntos Estraté-
gicos da Presidência da República proporão a criação e a regula-
mentação de um Serviço Civil, em todo o território nacional, a ser 
prestado por cidadãos que não forem designados para a realização 
do Serviço Militar Obrigatório.
4.O Ministério da Defesa realizará estudos sobre a criação de 
quadro de especialistas civis em Defesa, em complementação às 
carreiras existentes na administração civil e militar, de forma a cons-
tituir-se numa força de trabalho capaz de atuar na gestão de políti-
cas públicas de defesa, em programas e projetos da área de defesa, 
bem como na interação com órgãos governamentais e a sociedade, 
integrando os pontos de vista político e técnico.
Ensino 
Promover maior integração e participação dos setores civis go-
vernamentais na discussão dos temas ligados à defesa, assim como 
a participação efetiva da sociedade brasileira, por intermédio do 
meio acadêmico e de institutos e entidades ligados aos assuntos 
estratégicos de defesa. 
DEFESA NACIONAL
20
1.O Ministério da Defesa deverá apresentar planejamento para 
a transferência da Escola Superior de Guerra para Brasília, de modo 
a intensificar o intercâmbio fluido entre os membros do Governo 
Federal e aquela Instituição, assim como para otimizar a formação 
de recursos humanos ligados aos assuntos de defesa.
2. O Ministério da Defesa e o Ministério do Planejamento, 
Orçamento e Gestão proporão projeto de lei, alterando a Lei de 
Criação da Escola Superior de Guerra. O projeto de lei visará criar 
cargos de direção e assessoria superior destinados à constituição 
de um corpo permanente que, podendo ser renovado, permita o 
exercício das atividades acadêmicas, pela atração de pessoas com 
notória especialização ou reconhecido saber em áreas específicas. 
Isso possibilitará incrementar a capacidade institucional da Escola 
de desenvolver atividades acadêmicas e administrativas, bem como 
intensificar o intercâmbio entre os membros do Governo Federal, a 
sociedade organizada e aquela instituição.
3.O Ministério da Defesa e a Secretaria de Assuntos Estratégi-
cos da Presidência da República estimularão a realização de Encon-
tros, Simpósios e Seminários destinados à discussão de assuntos es-
tratégicos, aí incluída a temática da Defesa Nacional. A participação 
da sociedade nesses eventos deve ser objeto de atenção especial. 
4.O Ministério da Defesa intensificará a divulgação das ativi-
dades de defesa, de modo a aumentar sua visibilidade junto à so-
ciedade, e implementará ações e programas voltados à promoção 
e disseminação de pesquisas e à formação de recursos humanos 
qualificados na área, a exemplo do Programa de Apoio ao Ensino e à 
Pesquisa Científica e Tecnológica em Defesa Nacional (Pró-Defesa). 
5. O Ministério da Defesa elaborará uma Política de Ensino com 
as seguintes finalidades:
- acelerar o processo de interação do ensino militar, em parti-
cular no nível de Altos Estudos, atendendo às orientações contidas 
na primeira parte da presente Estratégia e
- capacitar civis e militares para a própria Administração Cen-
tral do Ministério e para outros setores do Governo, de interesse 
da Defesa. 
6.As instituições de ensino das três Forças ampliarão nos seus 
currículos de formação militar disciplinas relativas a noções de Di-
reito Constitucional e de Direitos Humanos, indispensáveis para 
consolidar a identificação das Forças Armadas com o povo brasi-
leiro. 
Mobilização 
Realizar, integrar e coordenar as ações de planejamento, pre-
paro, execução e controle das atividades de Mobilização e Desmo-
bilização Nacionais previstas no Sistema Nacional de Mobilização 
(SINAMOB). 
1.O Ministério da Defesa, enquanto não for aprovada altera-
ção na legislação do Sistema Nacional de Mobilização, orientará e 
coordenará os demais ministérios, secretarias e órgãos envolvidos 
no SINAMOB no estabelecimento de programas, normas e proce-
dimentos relativos à complementação da Logística Nacional e na 
adequação das políticas governamentais à política de Mobilização 
Nacional. 
2.O Ministério da Defesa, em coordenação com a Secretaria de 
Assuntos Estratégicos da Presidência da República, proporá modifi-
cações na Lei nº 11.631, de 27 de dezembro de 2007, no que con-
cerne à definição do órgão central do SINAMOB. 
Logística 
Acelerar o processo de integração entre as três Forças, espe-
cialmente nos campos da tecnologia industrial básica, da logística 
e mobilização, do comando e controle e das operações conjuntas. 
1.O Ministério da Defesa proporá a modificação de sua estrutu-
ra regimental, de forma a criar órgão a si subordinado encarregado 
de formular e dirigir a política de compras de produtos de defesa.
2.O Ministério da Defesa proporá a criação de estrutura, a si 
subordinada, encarregada da coordenação dos processos de cer-
tificação, de metrologia, de normatização e de fomento industrial. 
Indústria de Material de Defesa 
Compatibilizar os esforços governamentais de aceleração do 
crescimento com as necessidades da Defesa Nacional. 
1.O Ministério da Defesa, ouvidos os Ministérios da Fazenda, 
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, do Planejamen-
to, Orçamento e Gestão e da Ciência e Tecnologia e a Secretaria de 
Assuntos Estratégicos da Presidência da República, deverá propor 
modificações na legislação referente ao regime jurídico e econômi-
co especial para compras de produtos de defesa
junto às empresas 
nacionais, com propostas de modificação da Lei nº 8.666, de junho 
de 1993. 
2.O Ministério da Defesa, em articulação com os Ministérios da 
Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, dos 
Transportes, do Planejamento, Orçamento e Gestão e da Ciência e 
Tecnologia e com a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidên-
cia da República, deverá propor modificações na legislação referen-
te à tributação incidente sobre a indústria nacional de material de 
defesa, por meio da criação de regime jurídico especial que viabilize 
incentivos e desoneração tributária à iniciativa privada na fabrica-
ção de produto de defesa prioritário para as Forças Armadas e para 
a exportação. 
3.O Ministério da Defesa, em articulação com os Ministérios da 
Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, dos 
Transportes, do Planejamento, Orçamento e Gestão e da Ciência e 
Tecnologia, e a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência 
da República, deverá propor modificações na legislação referente 
à linha de crédito especial, por intermédio do Banco Nacional de 
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para os produtos de 
defesa, similar às já concedidas para outras atividades. 
4.O Ministério da Defesa, em articulação com os Ministérios da 
Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, dos 
Transportes, do Planejamento, Orçamento e Gestão e da Ciência 
e Tecnologia e com a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Pre-
sidência da República, deverá propor modificações na legislação 
referente à viabilização, por parte do Ministério da Fazenda, de pro-
cedimentos de garantias para contratos de exportação de produto 
de defesa de grande vulto, em consonância com o Decreto Lei nº 
1.418, de 03 de setembro de 1975, e com a Lei de Responsabilidade 
Fiscal. 
Comando e Controle 
Consolidar o sistema de comando e controle para a Defesa 
Nacional. 
O Ministério da Defesa aperfeiçoará o Sistema de Comando e 
Controle de Defesa, para contemplar o uso de satélite de telecomu-
nicações próprio. 
O sistema integrado de Comando e Controle de Defesa deverá 
ser capaz de disponibilizar, em função de seus sensores de monito-
ramento e controle do espaço terrestre, marítimo e aéreo brasilei-
ro, dados de interesse do Sistema Nacional de Segurança Pública, 
em função de suas atribuições constitucionais específicas. De forma 
recíproca, o Sistema Nacional de Segurança Pública deverá disponi-
bilizar ao sistema de defesa nacional dados de interesse do controle 
das fronteiras, exercido também pelas Forças Armadas, em especial 
no que diz respeito às atividades ligadas aos crimes transnacionais 
fronteiriços. 
DEFESA NACIONAL
21
Adestramento 
Atualizar o planejamento operacional e adestrar EM Conjun-
tos
O Ministério da Defesa definirá núcleos de Estados-Maiores 
Conjuntos, coordenados pelo Estado-Maior Conjunto das Forças 
Armadas, a serem ativados, desde o tempo de paz, dentro da es-
trutura organizacional das Forças Armadas, para que possibilitem a 
continuidade e a atualização do planejamento e do adestramento 
operacionais que atendam o ao estabelecido nos planos estratégi-
cos. 
Inteligência de Defesa 
Aperfeiçoar o Sistema de Inteligência de Defesa
O Sistema deverá receber recursos necessários à formulação 
de diagnóstico conjuntural dos cenários vigentes em prospectiva 
político-estratégica, nos campos nacional e internacional. 
O recursos humanos serão capacitados em análise e técnicas 
nos campos científico, tecnológico, cibernético, espacial e nuclear, 
com ênfase para o monitoramento/controle, à mobilidade estraté-
gica e à capacidade logística. 
Criar-se-á, no Ministério da Defesa, uma estrutura compatível com 
as necessidades de integração dos órgãos de inteligência militar. 
Doutrina 
Promover o aperfeiçoamento da Doutrina de Operações Con-
juntas
O Ministério da Defesa promoverá estudos relativos ao aper-
feiçoamento da Doutrina de Operações Conjuntas, considerando, 
principalmente, o ambiente operacional e o aprimoramento dos 
meios de defesa, a experiência e os ensinamentos adquiridos com 
a realização de operações conjuntas e as orientações da Estraté-
gia Nacional de Defesa, no que concerne às atribuições do Estado-
-Maior Conjunto das Forças Armadas e dos Estados-Maiores das 
três Forças. 
 Operações de Paz 
 Promover o incremento do adestramento e da participação 
das Forças Armadas em operações de paz, integrando Força de Paz 
da ONU ou de organismos multilaterais da região. 
1.O Brasil deverá ampliar a participação em operações de paz, 
sob a égide da ONU ou de organismos multilaterais da região, de 
acordo com os interesses nacionais expressos em compromissos 
internacionais. 
2.O Ministério da Defesa promoverá ações com vistas ao incre-
mento das atividades de um Centro de Instrução de Operações de 
Paz, de maneira a estimular o adestramento de civis e militares ou 
de contingentes de Segurança Pública, assim como de convidados 
de outras nações amigas. Para tal, prover-lhe-á o apoio necessário a 
torná-lo referência regional no adestramento conjunto para opera-
ções de paz e de desminagem humanitária. 
Infra-Estrutura 
Compatibilizar os atuais esforços governamentais de acelera-
ção do crescimento com as necessidades da Defesa Nacional. 
1.O Ministério da Defesa, em coordenação com a Secretaria 
de Assuntos Estratégicos da Presidência da República proporá aos 
ministérios competentes as iniciativas necessárias ao desenvolvi-
mento da infra-estrutura de energia, transporte e comunicações de 
interesse da defesa, de acordo com os planejamentos estratégicos 
de emprego das Forças. 
2.O Ministério da Defesa priorizará, na elaboração do Plano de 
Desenvolvimento de Aeródromos de Interesse Militar (PDAIM), os 
aeródromos de desdobramento previstos nos planejamentos relati-
vos à defesa da região amazônica. 
3.O Ministério da Defesa apresentará ao Ministério dos Trans-
portes, em data coordenada com este, programação de investi-
mentos de médio e longo prazo, bem como a ordenação de suas 
prioridades ligadas às necessidades de vias de transporte para o 
atendimento aos planejamentos estratégicos decorrentes das Hi-
póteses de Emprego. O Ministério dos Transportes, por sua vez, 
promoverá a inclusão das citadas prioridades no Plano Nacional de 
Logística e Transportes (PNLT). 
4.O Ministério dos Transportes, em coordenação com o Minis-
tério da Defesa, fará instalar, no Centro de Operações do Coman-
dante Supremo (COCS), terminal da Base de Dados Georreferenciados 
em Transporte que possibilite a utilização das informações ligadas à 
infra-estrutura de transportes, disponibilizadas por aquele sistema, no 
planejamento e na gestão estratégica de crises e conflitos. 
5.O Ministério da Defesa e o Ministério da Integração Nacional 
desenvolverão estudos conjuntos com vistas à compatibilização dos 
Programas Calha Norte e de Promoção do Desenvolvimento da Faixa 
de Fronteira (PDFF) e ao levantamento da viabilidade de estruturação 
de Arranjos Produtivos Locais (APL), com ações de infra-estrutura eco-
nômica e social, para atendimento a eventuais necessidades de vivifi-
cação e desenvolvimento da fronteira, identificadas nos planejamen-
tos estratégicos decorrentes das Hipóteses de Emprego. 
6.O Ministério das Comunicações, no contexto do Programa 
Governo Eletrônico Serviço de Atendimento ao Cidadão (GESAC), 
deverá prever a instalação de telecentros comunitários com cone-
xão em banda larga nas sedes das instalações militares de fronteira 
existentes e a serem implantadas em decorrência do previsto no 
Decreto nº 4.412, de 7 de outubro de 2002, alterado pelo Decreto 
nº 6.513, de 22 de julho de 2008. 
7.O Ministério da Defesa, com o apoio das Forças Armadas no 
que for julgado pertinente, e o Ministério das Comunicações pro-
moverão estudos com vistas à coordenação de ações de incentivo 
à habilitação de rádios comunitárias nos municípios das áreas de 
fronteira, de forma a atenuar, com isto, os efeitos de emissões in-

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