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Famílias conteporânea biparentais

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Capítulo IV 
Famílias contemporâneas biparentais 
Enfrentando os desafios profissionais e familiares 
 
As famílias biparentais no século XXI enfrentam uma miríade de desafios. Ao 
mesmo tempo em que negociam questões e transições desenvolvimentais na criação dos 
filhos em um mundo mais perigoso, elas precisam se voltar para as fontes comuns de 
conflitos interconjugais, entre pais e filhos, entre irmãos e conflitos multigeracionais que 
surgem na vida familiar. A elevação constante nas taxas de famílias com dois provedores 
reflete em grande parte a crescente representação das mulheres na força de trabalho e a 
necessidade de duas rendas para a maioria das famílias manterem um padrão de vida 
moderado e proporcionar boa educação aos filhos. As porcentagens de famílias são 
semelhantes entre os grupos raciais/étnicos, com taxas mais baixas entre as famílias 
latino-americanas, nas quais os papéis tradicionais dos homens que trabalham e as 
mulheres que cuidam da casa continuam a prevalecer para mais casais do que em outros 
grupos. Muitos benefícios se acumulam numa família com dois provedores. Em primeiro 
lugar estão os benefícios econômicos e a maior segurança do fluxo de renda. A expansão 
dos papéis também pode aumentar o número de experiências acumuladas 
independentemente e de novas perspectivas nas vidas dos parceiros e trazer novos temas 
para as suas conversas, os filhos também são mais felizes quando ambos os pais 
trabalham. A sua principal preocupação é que quando os pais estão em casa, eles estejam 
menos estressados e cansados e mais disponíveis emocionalmente para eles. 
Embora esses pontos sejam bem empregados, ainda usamos o termo “equilíbrio” 
porque ele é endêmico do vernáculo cultural e surge constantemente no trabalho clínico 
com os casais e famílias. Contudo, vemos o equilíbrio não como um estado de equilíbrio 
estático perfeito em última análise inatingível, mas caracterizado por uma tensão 
dinâmica, flexível e produtiva entre os múltiplos envolvimentos das nossas vidas – 
trabalho, casal, família e comunidade, entre outros. Desse modo, a tensão seja maior para 
as famílias de baixa renda e com menos recursos. De forma crescente, atingir um 
equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal e administrar o conflito entre o trabalho e os 
papéis familiares se tornou verdadeiramente um problema para os casais. Em grande 
medida, o aumento do envolvimento do pai que trabalha nos cuidados com os filhos se 
deve às mudanças de horários provocadas pelo trabalho de ambos. E em contraste com o 
estereótipo de que o autoconceito dos homens está totalmente centrado no sucesso da sua 
carreira, cada vez mais os homens julgam a si mesmos e a sua felicidade muito mais pela 
forma como eles funcionam nos domínios pessoais, embora as mulheres continuem a 
assumir mais das cargas concretas e emocionais no equilíbrio entre trabalho e vida 
familiar, especialmente as tarefas domésticas, existe uma mudança em direção ao desejo 
compartilhado entre os casais heterossexuais de atingir a equidade de gênero nos papéis 
no trabalho e na família (Gerson, 2010). Destacamos que o desafio é particularmente para 
os homens heterossexuais porque evidências sugerem que os gays, assim como as 
lésbicas, distribuem a responsabilidade pelos cuidados dos filhos e tarefas domésticas 
mais equitativamente do que em geral ocorre em casais heterossexuais (Bergman, Rubio, 
Green & Padrón, 2010; Solomon, Rothblum & Balsam, 2005). O trabalho em excesso 
gera comprometimento do tempo, produzindo estresse individual e O trabalho em excesso 
gera comprometimento do tempo, produzindo estresse individual e familiar. mas a razão 
principal para o maior número de horas de trabalho por família é o crescimento do 
trabalho entre as mulheres (Jacobs & Gerson, 2004). E quando ainda se espera que as 
mães que trabalham deem conta do trabalho doméstico, do cuidado dos filhos e dos 
adultos idosos, e façam a coordenação dos horários e atividades da família, comumente 
ocorre conflito entre os parceiros quanto a esses pressupostos tácitos e a carga 
desproporcional de uma “dupla jornada” (Hochschild, 1997). É essencial que os casais 
reequilibrem essa distorção. Longas horas criam estresse para algumas famílias, mas para 
outras o estresse resulta da impossibilidade de aumentar as horas de trabalho ou manter o 
emprego necessário para o bem estar da família (Jacobs & Gerson, 2004). E, certamente, 
a perda do trabalho pode ter uma gama de efeitos negativos nos casais e famílias (Howe, 
Levy & Caplan, 2004). 
Obviamente, os dois extremos do espectro das horas de trabalho podem criar 
dificuldades para os trabalhadores e suas famílias. Embora a maioria dos empregados 
deseje menos horas de trabalho (Galinsky et al., 2005), a insegurança no trabalho cria 
maior relutância em utilizar as políticas existentes para equilíbrio entre trabalho e família 
que podem proporcionar mais tempo para a família. Longas horas passadas no trabalho e 
falta de acesso a um horário flexível, licença ou férias não são os únicos fatores de risco 
temporais na equação que vincula trabalho e estresse familiar. Mais de um a cada quatro 
casais com dois provedores tem um dos parceiros trabalhando por turno, como o turno da 
noite. As dissincronias temporais nos horários de trabalho dos pais não precisam ser tão 
extremas como um trabalho em turno para criar alguns dos desafios associados. Por outro 
lado, dependendo do seu cronograma exato, os parceiros com horários de trabalho 
diferentes podem depender um do outro para cobrir diferentes aspectos das rotinas diárias 
dos filhos, coordenando esforços como uma “equipe”. Enquanto alguns pais batalham 
com turnos de trabalho dissincrônicos, outros problemas surgem quando um deles ou 
ambos estão presos a um longo e interminável turno devido à conectividade praticamente 
ilimitada ao local de trabalho, possibilitada pela proliferação das tecnologias de 
comunicação e informação. Certamente, executivos e profissionais há muito tempo levam 
trabalho para casa; porém, a disponibilidade contemporânea de múltiplos meios de 
ligação ao trabalho por meio de eletrônicos portáteis aumentou dramaticamente essa 
tendência para os pais que trabalham e se difundiu entre todas as classes e ocupações. 
Como função da tecnologia, um número crescente de pessoas trabalham com regularidade 
remotamente a partir da sua casa. Esse aumento na conectividade para trabalhar pode 
agregar benefícios e também problemas. Pelo lado positivo, pode economizar no tempo 
de deslocamento (e é melhor para o ambiente). 
Um número crescente de famílias tem o trabalho invadindo atividades que de outra 
forma seriam “zonas livres de trabalho”, tais como os jantares em família, tempo com os 
filhos no parque e férias, bem como um tempo para intimidade e para que cada um dos 
pais reponha as energias e o ânimo. Com o aumento das horas, pouco tempo de licença 
ou férias, demandas mais frequentes de horas extras dos empregados, mais contato com 
o local de trabalho por horas, a necessidade de assumir as responsabilidades de colegas 
que foram “cortados” e uma cultura no ambiente de trabalho que espera um trabalho 
multitarefas constante, não é de causar surpresa que um terço dos trabalhadores relate que 
têm cronicamente excesso de trabalho e os empregados que se sentem sobrecarregados 
com excesso de trabalho acham que cometem mais erros, expressam mais irritação com 
os empregadores. Contudo, a relação entre as características temporais da vida laboral e 
o estresse, e entre o estresse no trabalho e as dificuldades familiares, não é simples ou 
direta. Inúmeras variáveis são mediadoras da relação entre os estressores no trabalho e a 
vida em família. Acrescentando maior complexidade, o estilo de personalidade 
demonstrou ser uma variável de mediação: por exemplo, enquanto alguns trabalhadores 
têm melhor desempenho com mais autonomia no emprego, outrostêm desempenho pior. 
Existem períodos na vida em que é esperado um aumento no conflito entre 
trabalho e família, tais como ter filhos pequenos numa família com dois provedores ou os 
cuidados de um cônjuge ou genitor incapacitado. Se os casais conseguem aumentar seu 
limiar para os horários intensos durante esses períodos de vida, eles podem se sair melhor 
do que aqueles que continuam a reclamar da falta de uma vida mais relaxada e simples. 
Algumas variáveis, como a qualidade conjugal, são tanto um resultado do estresse no 
trabalho quanto um mediador entre o estresse no trabalho e outros resultados, como o 
conflito entre pais e filhos. 
Embora a maioria dos estudos enfatize o impacto que o estresse no trabalho 
produz nos relacionamentos, e encontre maior repercussão do trabalho na família do que 
da família no trabalho. Por exemplo, o trabalho estressante do marido pode diminuir a 
sua disponibilidade ou energia para interagir com sua parceira e filhos, aumentando a 
sobrecarga e o ressentimento da esposa. Foram encontradas ligações entre o estresse no 
trabalho e a probabilidade de conflito entre pais e filhos e as más consequências 
comportamentais e emocionais nos filhos (ver revisão de Perry-Jenkins et al., 2000); entre 
a falta de tempo para a família e o aumento nos comportamentos de risco entre os 
adolescentes (Crouter, Head, McHale & Tucker, 2004). Discriminação e a falta de apoio 
no ambiente de trabalho com base na orientação sexual dos parceiros ou outras posições 
sociais acrescentam ainda outra camada de estresse para os casais com dois provedores 
(Mor Barak, Findler & Wind, 2003). Tanto a alta quanto a baixa satisfação conjugal 
podem aumentar a ligação entre estresse no local de trabalho e na vida em família. 
A baixa satisfação conjugal pode aumentar a probabilidade de que o estresse no 
trabalho interfira na parentalidade, possivelmente pela redução na comunicação entre os 
parceiros ou o crescente estresse até o ponto em que os pais se afastam dos seus parceiros 
e filhos (Bumpus et al., 1999; Ransford et al., 2008). O gênero desempenha um papel não 
só na determinação dos níveis de renda e horas de trabalho, mas em cada aspecto da 
relação entre o trabalho e a família (ver Knudson-Martin, Cap. 14 deste livro). As teorias 
funcionalistas, psicodinâmicas e sociobiológicas da metade do século XX presumiam o 
papel adequado dos homens como provedores e o papel de apoio das mulheres como 
donas de casa e o genitor principal. Existem pesquisas abundantes indicando que a 
qualidade dos cuidados dos filhos prestada por uma variedade de familiares e cuidadores 
pagos não tem efeitos prejudiciais no desenvolvimento saudável da criança (Brooks-
Gunn, Wen-Jui & Waldfogel, 2002). Apesar dos dados que mostram que os homens 
participam cada vez mais da assistência aos filhos e do trabalho doméstico (Sayer, 2005), 
uma tendência contemporânea de criação dos filhos enfatizando maior envolvimento no 
apoio do desenvolvimento emocional e cognitivo da criança – associadas a maiores 
demandas pelos cuidados aos familiares adultos mais velhos transformaram as mulheres 
trabalhadoras na geração “sanduíche”, sobrecarregada com pesadas demandas de 
cuidados no início/metade e final da idade adulta (Lockwood, 2003). 
Embora ainda existam poucos estudos das diferenças raciais e étnicas na 
distribuição masculina e feminina do trabalho doméstico e cuidados dos filhos, um estudo 
recente encontrou que os homens afro-americanos que trabalham realizam mais 
atividades domésticas do que os homens brancos que trabalham. Os parceiros latino-
americanos tendem a avaliar a distribuição das atividades domésticas de maneira menos 
justa do que os casais brancos. Essa diferença pode ser atribuída à tendência das mulheres 
latino-americanas a considerarem o casamento e a família como uma fonte de segurança 
e proteção contra o racismo e classismo na sociedade mais ampla; às tradicionais 
definições culturais latino-americanas da condição feminina que incluem expectativas de 
sofrimento, sacrifício e deferência aos homens (Falicov, 1998); as definições tradicionais 
de masculinidade ainda limitam o envolvimento de muitos homens nas atividades 
domésticas, criação dos filhos e outras tarefas percebidas como “femininas” (Bittman, 
England, Sayer, Folbre & Matheson, 2003). Em alguns casos, a relutância de uma esposa 
em perder o controle sobre a casa e a criação dos filhos pode inibir a maior contribuição 
paterna (Gaunt, 2008). 
Os terapeutas de casal podem auxiliar os homens na tentativa de compartilhar 
essas responsabilidades para reconhecerem a importância da adoção e refinamento, em 
vez da substituição, de rotinas domésticas forjadas com dificuldade pelas mulheres. Na 
terapia de casal, os homens frequentemente argumentam que, devido às suas longas horas 
de trabalho, não deve ser esperado que eles inda façam as atividades domésticas. Da 
mesma forma, estudos identificaram o trabalho doméstico dos homens como 
significativamente relacionado à satisfação conjugal futura e à menor probabilidade de 
divórcio (Sigle-Rushton, 2010). Aspectos do apego influenciados biologicamente, os 
scripts culturais ainda poderosos acerca dos papéis de gênero, a renda mais alta dos 
maridos e os preconceitos no ambiente de trabalho influenciam essas decisões (Galinsky, 
2005; Gottfried, 2005). A teoria da construção do gênero sugere que muitas mulheres 
continuam a ser as cuidadoras primárias, apesar da sua presença crescente na força de 
trabalho. Obviamente, as crenças de homens e mulheres sobre seus papéis adequados 
derivam do conjunto mais amplo de valores e costumes culturais e religiosos patriarcais, 
especialmente quando reforçados pelos cônjuges, família estendida e a mídia. 
Ao optarem por uma estratégia frequentemente adotada de evitar conflitos entre 
trabalho e família – retardando a gravidez até chegarem aos 30 ou mesmo 40 anos 
(Lockwood, 2003) – as mulheres potencialmente incorrem em problemas de saúde e os 
casais comumente experimentam desgaste emocional se encontram dificuldades de 
fertilidade (Peterson, Newton, Rosen & Schulman, 2006). Em resumo, em muitos níveis, 
apesar das evidências de mudanças importantes em direção à igualdade dos gêneros no 
trabalho e papéis na família, esse ainda é um trabalho em andamento, e as crenças dos 
dois parceiros sobre gênero estão incluídas em como eles abordam e se sentem quanto a 
encarar os desafios de misturar trabalho e vida familiar. É importante examinar os 
caminhos recursivos que vinculam estresse no trabalho ao bem-estar individual e familiar 
a partir de uma perspectiva de enfrentamento positivo e resiliência familiar (Walsh, 
2006). Precisamos identificar as variáveis que possibilitam que os casais circulem bem 
entre o trabalho e a vida familiar e contribuam para o bem-estar de todos os membros da 
família. Assim sendo, a estrutura teórica para dois provedores avançou de forma crescente 
de uma perspectiva de “conflito” (i.e., incompatibilidade de papéis no trabalho e na 
família) ou “escassez” (i.e., recursos dados a um papel conduzem à redução no outro) 
para uma perspectiva que melhor capture dados emergentes que mostram a saúde física e 
mental e os benefícios relacionais que se acumulam quando homens e mulheres habitam 
múltiplos papéis. 
As estratégias similares encontradas em casais que diferem na classe social 
demonstram a importância fundamental da igualdade, respeito mútuo e justiça entre os 
parceiros, e a necessidade de manter fronteiras temporais firmes entre o tempo para o 
trabalho e o tempo para a família. De maneira mais específica, as filosofias e práticas 
incluíam as seguintes: 
•Priorizar o tempo com a família e o bem-estar familiar 
•Enfatizar a igualdade e parceria global, incluindo tomada de decisão conjunta, igual 
influência sobre as finanças e responsabilidade compartilhada pelas atividades 
domésticas 
•Valorização igualdos parceiros pelo trabalho e objetivos de vida um do outro 
•Compartilhar os cuidados dos filhos e “trabalhar as emoções” da vida familiar 
•Maximizar brincadeiras e diversão em casa 
•Concentrar-se no trabalho enquanto no ambiente de trabalho 
•Orgulhar-se da família e do equilíbrio dos múltiplos papéis e acreditar nos benefícios 
familiares do trabalho de ambos os parceiros (em vez de absorver a narrativa cultural 
dominante dos danos) 
•Viver simplesmente, o que inclui atividades limitantes que impedem o engajamento ativo 
da família 
•Adotar expectativas altas; porém, realistas, sobre a administração doméstica; empregar 
estratégias de planejamento que poupam tempo 
•Ser proativo na tomada de decisão e se manter consciente do valor do tempo. 
Utilizando-se da sua pesquisa de pais e filhos, Galinsky (1999) esboçou uma série 
de abordagens para que se faça a transição, às vezes, estressante de casa para o trabalho 
e do trabalho para casa. Suas sugestões incluem as seguintes: 
•Organizar-se na noite anterior 
•Definir um horário de despertar que reduza a pressa 
•Criar rituais para se despedir dos filhos e para retomar o contato após o trabalho 
•Ter a expectativa de que tal conexão inclua que os filhos expressem seus problemas 
diários •Encontrar creches e educação confiáveis; criar planos de apoio para assistência 
aos filhos 
•Criar rituais de transição para iniciar e terminar o trabalho 
•Manter um tempo focado e ininterrupto com os filhos apenas para “ficarem juntos” 
•Reservar algum tempo para descompressão depois de dias de trabalho particularmente 
estressantes 
 
Hoje, as crianças, assim como seus pais, estão com as agendas sobrecarregadas 
com atividades escolares e externas, e os pais precisam fazer malabarismos complexos 
com os horários para conseguirem levar seus filhos de um lugar para outro e assistir 
eventos esportivos, musicais e outras situações em que os filhos estão envolvidos. 
Em termos de atitudes, ele identifica cinco mitos que interferem no enfrentamento 
realista das restrições de tempo e criação de um tempo para o casal e a família: (1) o mito 
da “espontaneidade”, que sustenta que o sexo entre o casal e outras formas de intimidade, 
assim como a diversão em família, devem ocorrer espontaneamente para que sejam 
autênticos e não devem ser programados; (2) o mito da “perfeição infinita”, que sustenta 
que a crise de tempo para a família é totalmente solucionável por meio de uma melhor 
administração do tempo e que não é preciso assumir compromissos quanto às inúmeras 
atividades em que as famílias tentam se engajar; (3) o mito do “controle total”, que é a 
crença de que as famílias possuem completa autonomia sobre o seu tempo e devem ser 
culpadas de não conseguirem atingir um equilíbrio ótimo entre a vida profissional e 
familiar; (4) o mito do “tempo de qualidade”, que sustenta que contanto que os membros 
da família estejam totalmente focados uns nos outros durante os pequenos “instantes” de 
tempo de lazer que eles têm, não há necessidade de períodos mais longos de “tempo em 
quantidade”; (5) o mito de que as tarefas domésticas devem ser separadas da diversão da 
família e da intimidade do casal. Esses mitos sobre como obter um tempo adequado para 
o casal e a família se traduzem em duas crenças irrealistas acerca do equilíbrio entre a 
vida profissional e a vida familiar, fortemente apoiados pela cultura corporativa, livros de 
autoajuda e outras mídias populares. 
Se as famílias conseguirem desconstruir e evitar a influência desses mitos sobre o 
tempo para o casal e a família e esses padrões inatingíveis. As práticas úteis para o 
equilíbrio entre a vida profissional e familiar incluem as seguintes: 
1. Criar “ritmos” regulares de tempo prazeroso do casal e a família juntos, em vez 
de esperar eventualmente “encontrar tempo”. 
2. Aceitar a necessidade de priorizar certas atividades e deixar outras para outro 
momento. 
3. Reconhecer a influência que tem no tempo da família o trabalho, escola, 
membros mais velhos da família, assistência à saúde e outros contextos e relações, e 
acusarem menos a si mesmos e uns aos outros quando a “agenda” não funcionar muito 
bem. 
4. Criar períodos regulares para um tempo de qualidade que não seja 
necessariamente pré construído, possibilitando oportunidades para espontaneidade e 
descobertas por acaso, monotonia que leve à criatividade e para simplesmente 
conviverem. 
5. Utilizar os ritmos naturais das tarefas domésticas como oportunidades para 
conexão e diversão. 
Para reduzir a transferência de afeto negativo do trabalho para as interações 
familiares, Fraenkel recomenda uma prática denominada câmara de descompressão 
(Fraenkel, 1998a, 2011). Cada parceiro faz uma lista de atividades a serem feitas depois 
do trabalho (sozinho ou conjuntas) que acharem melhor para relaxar e para fazer a 
transição para o resto da noite (p. ex., tomar um banho, ler o jornal, assistir televisão, 
fazer exercícios, ioga e meditação, brincar com os filhos, conversar sobre os 
acontecimentos do dia). Para aumentar o sentimento de conexão entre os parceiros que 
passam longas horas separados, Franekel (1998b, 2011) recomenda uma prática 
denominada “60 segundos de prazer”. Os parceiros se engajam em atividades prazerosas 
que podem realizar juntos, cada uma durando até 60 segundos, como um abraço ou beijo, 
enviar mensagens carinhosas e planejar o que fazer quando tiverem mais tempo. 
Mais importante do que alguma técnica ou prática específica, é essencial que os 
parceiros adultos mantenham um diálogo aberto e contínuo acerca dos desafios que eles 
enfrentam. Isso inclui o reconhecimento das influências sobre a sua experiência com as 
finanças pessoais, um acúmulo de eventos estressantes e crenças culturais sobre trabalho, 
papéis de gênero e uma boa vida, alguns dos quais eles podem trazer das suas famílias de 
origem. 
Por fim, os domínios da vida profissional e familiar não devem ser colocados em 
competição entre si, mas em vez disso devem interagir em um equilíbrio dinâmico que 
contribua para o bem-estar de todos os membros da família. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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