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TRANSTORNO BIPOLAR E TRANSTORNOS RELACIONADOS Cento e cinquenta anos antes de Jesus Cristo, Areteu da Capadócia escrevia: “[...] alguns pacientes, depois de estarem melancólicos, têm arroubos de mania [...], assim, a mania é como uma variação do estado melancólico”. Portanto, na Antiguidade, há indícios de que já se reconhecia a possibilidade de se alternarem estados melancólicos com maníacos (embora melancolia e mania naquele contexto não eram exatamente o mesmo que são hoje). Entretanto, foi apenas no século XIX que os alienistas passaram a reconhecer com mais clareza o que chamaram de loucura circular ou loucura maníaco-depressiva, o nosso atual transtorno bipolar (TB) (Goodwin; Jamison, 2010). SINTOMAS DA SÍNDROME MANÍACA A base da síndrome maníaca são sintomas de euforia, alegria exacerbada, elação (que é a expansão do EU), grandiosidade ou irritabilidade marcante desproporcionais aos fatos da vida e distintos do estado comum de alegria ou entusiasmo que o indivíduo sadio apresenta, quase sempre é possível observar também quadros maníacos a aceleração das funções psíquicas(taquipsiquismo), e pode haver agitação psicomotora, exaltação, loquacidade e pressão para falar, tal quadro pode ter duração de pelo menos uma semana, ou mais de três meses. DIAGNÓSTICO DA SÍNDROME MANÍACA O Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5) exige, para o diagnóstico de episódio maníaco, que estejam presentes, na maior parte do dia, por pelo menos uma semana (geralmente duram bem mais que isso), além de humor elevado (euforia, elação), pelo menos mais três dos sintomas de mania (quatro, se o humor for apenas irritável) descritos a seguir: Aumento da autoestima- O paciente se sente superior, melhor que os outros, mais potente. Diminuição da necessidade de sono- trata-se, de fato, de diminuição do tempo de sono, sem queixas do paciente (que dorme pouco, de 3 a 4 horas por noite, sem que isso o afete). Loquacidade- Produção verbal rápida, fluente e persistente, ou Logorreia- Produção verbal muito rápida, fluente, com perda das concatenações lógicas, substituídas por associações contingenciais ou por assonância, ou Pressão para falar. Pressão para falar- Tendência irresistível de falar sem parar, de não conseguir interromper a fala. Alterações formais do pensamento - Expressam-se como fuga de ideias, desorganização do pensamento, superinclusão conceitual, tangencialidade, descarrilhamento, incoerência, ilogicidade, perda dos objetivos e repetição excessiva. Pacientes maníacos apresentam também pensamentos com combinações extravagantes, com irreverência e jocosidade. Distraibilidade - Atenção voluntária diminuída, e espontânea, aumentada. Aumento de atividade dirigida a objetivos (no trabalho, na escola, na sexualidade) ou agitação psicomotora. Envolvimento excessivo em atividades potencialmente perigosas ou danosas, como comprar objetos ou dar seus pertences indiscriminadamente e realizar investimentos financeiros insensatos ou indiscrições sexuais; há comportamentos sexuais aumentados, desinibidos, e o paciente se torna particularmente vulnerável a exposições sexuais de risco (sexo desprotegido). Outros sintomas, não citados pelo DSM-5 como critérios diagnósticos, também podem ser encontrados nos episódios de mania, como: Labilidade afetiva. Oscilação rápida e fácil entre momentos alegres, eufóricos e momentos de tristeza e choros abruptos. De modo geral, são afetos superficiais. Agitação psicomotora. Pode ser muito intensa e configurar até quadro de “furor maníaco”. Arrogância. Em alguns pacientes maníacos, é um sintoma destacável. Heteroagressividade. Geralmente desorganizada e sem objetivos precisos. Desinibição social e sexual. Leva o indivíduo a praticar comportamentos inadequados em seu meio sociocultural, os quais não realizaria fora da fase maníaca. SUBTIPOS DA SÍNDROME MANÍACA Mania franca ou grave: Trata-se da forma mais intensa de mania, com aceleração grave de todas as funções psíquicas (taquipsiquismo acentuado), heteroagressividade, alterações formais do pensamento (como fuga de ideias ou desorganização do pensamento), ideias e delírios de grandeza. Mania irritada ou disfórica: Trata-se de uma forma de mania na qual predomina a irritabilidade, o mau humor, a hostilidade em relação às pessoas; podem ocorrer heteroagressividade e destruição de objetos. Mania com sintomas psicóticos: Trata-se de episódio maníaco grave com sintomas psicóticos, como delírio de grandeza ou poder (humor-congruente) e delírios de perseguição (humorincongruentes). Também, às vezes, alucinações auditivas, olfativas ou visuais podem ocorrer isoladamente ou acompanhar os delírios. A mania psicótica é, de modo geral, um quadro muito grave, com comportamentos bastante alterados, podendo haver agitação psicomotora e comportamentos disfuncionais perigosos para o paciente e seu meio social. Mania mista: ocorre sintomas maníacos e depressivos. Hipomania (ou episódio hipomaníaco): A hipomania é uma forma atenuada de episódio maníaco que muitas vezes passa despercebida, sem receber atenção médica ou psicológica. O indivíduo está mais disposto que o normal, fala muito, conta piadas, faz muitos planos, não se ressente com as dificuldades e os limites da vida. Pode ter diminuição do sono, mas não se sente cansado após muitas atividades e deseja sempre fazer mais. Para o DSM-5, a hipomania é muito semelhante à mania, com a ressalva Ciclotimia ou transtorno ciclotímico (CID-11 e DSM-5): ela ocorre em ciclos, passando por sintomas depressivos por um tempo, em outro sofre de elação e discreta elevação do humor. TRANSTORNO BIPOLAR no tempo, e, com frequência, há períodos de remissão, em que o humor do paciente encontra-se normal, eutímico, e as alterações psicopatológicas mais intensas regridem (ver revisão em Maso et al., 2016). O TB, em seus vários tipos, é marcado por seu caráter fásico, episódico (Post; Silberstein, 1994). Os episódios de mania e depressão ocorrem de modo relativamente delimitado no tempo, e, com frequência, há períodos de remissão, em que o humor do paciente encontra-se normal, eutímico, e as alterações psicopatológicas mais intensas regridem (ver revisão em Maso et al., 2016). TRANSTORNO BIPOLAR TIPO I E TIPO II No TB tipo I, pode haver episódios depressivos intercalados com fases de normalidade e pelo menos uma (mas geralmente várias) fase maníaca bem caracterizada. No TB tipo II, ocorrem episódios depressivos intercalados com períodos de normalidade e seguidos de fases hipomaníacas (aqui o paciente não deve apresentar fases evidentemente maníacas, mas apenas hipomaníacas. TRANSTORNO BIPOLAR, TIPO CICLAGEM RÁPIDA Transtorno bipolar de ciclagem rápida é uma forma de transtorno bipolar em que a pessoa vai de uma fase maníaca a uma deprimida sem um período estabelecido entre elas. O TB do tipo ciclagem rápida tem surgimento mais precoce, curso mais longo, mais uso de álcool e substâncias ilícitas e aumento do risco de suicídio. Não se sabe a causa das ciclagens rápidas, mas o uso de antidepressivos e o hipotireoidismo favorecem sua ocorrência. Caracteriza-se por ser mais um fenômeno transitório do que um padrão estável, que acomete um grupo de pacientes. Para o diagnóstico do tipo ciclagem rápida, é necessário que o paciente tenha apresentado, nos últimos 12 meses, pelo menos quatro episódios bem caracterizados e distintos de transtorno do humor, mania (ou hipomania) ou depressão. Os episódios podem ocorrer em qualquer combinação ou ordem. TRANSTORNO BIPOLAR EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES o TB na infância e na adolescência esbarra em peculiaridades relacionadas à fase de desenvolvimento em que a criança ou o adolescente se encontra: de um lado as crianças, muitas vezes, não conseguem descrever o que sentem. Já na adolescência, uma idade crítica por natureza, o transtorno se confunde com os dramas da fase e pode ser agravado por fatores como a convivência social com indivíduos desajustados. Clique para adicionar textoTRATAMENTO O tratamento pode ser feito por meio de terapia e do uso de medicamentos, no qual costuma ser necessário por toda a vida e geralmente envolve uma combinação de medicamentos e psicoterapia. Podendo este individuo realizar seu tratamento em grupos de apoios , terapia cognitivo comportamental , psicoeducação ,psicoterapia e o uso mediante prescrição médica de medicamentos anticonvulsivos e antipsicóticos. RELATOS "Descobri isso faz pouco tempo. Tive a vida inteira essa situação de oscilar entre euforia e depressão. Eu sinto que aconteceram situações de estresse emocional em minha vida e não tinha orientação nenhuma Quando o médico diagnosticou a bipolaridade, eu fiquei tranquila. Falei: ‘Finalmente alguém me disse o que eu sou’. As peças encaixam” RITA LEE “Olhando para trás, faz sentido. Havia momentos que eu era tão maníaca que eu estava escrevendo sete músicas em uma noite e ficaria acordada até às 5:30 da manhã”, desabafou a artista. DEMI LOVATO “Na época estava gravando uma novela do amigo Miguel Falabella e fui à psicóloga para me desintoxicar, pois me automedicava para tratar a depressão. Foi aí que o psiquiatra, recomendado pela psicóloga, diagnosticou o quadro bipolar – que me fez resgatar todo um passado de irritabilidade e pouca paciência para lidar com situações adversas." MAURÍCIO MATTAR REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Dalgalarrondo, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais – 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. Ana Clara de Lima Gabriel 201903133921 Ana Paula Rodrigues da Silva 201505090131 Irene Rolim de B. Vasconcelos 201709006641 José Odorico da Silva Neto 201804104264 Karen Ellen 201804051551 Lílian Dionelli 201908375787 Maria Betânia da Silva 201703125665 Maria Vanessa da Silva Barros 201903369304 Michelly Felix 201908669098 Rebeca Milena Gomes da Silva 201802469826 GRUPO 3