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MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA NUCLEAR THIAGO DE MEDEIROS SILVEIRA SILVA ESTUDO DOSIMÉTRICO EM CÉSIO-137 DO LABORATÓRIO DE CALIBRAÇÃO DE MONITORES DE RADIAÇÃO (LABCAL) DO IDQBRN: CARACTERIZAÇÃO E OTIMIZAÇÃO RIO DE JANEIRO 2021 THIAGO DE MEDEIROS SILVEIRA SILVA ESTUDO DOSIMÉTRICO EM CÉSIO-137 DO LABORATÓRIO DE CALIBRAÇÃO DE MONITORES DE RADIAÇÃO (LABCAL) DO IDQBRN: CARACTERIZAÇÃO E OTIMIZAÇÃO Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Nuclear do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia Nuclear. Orientador(es): Domingos D’Oliveira Cardoso, D.Sc. Aneuri Souza de Amorim, D.Sc. Wallace Vallory Nunes, D.Sc. Rudnei Karam Morales, M.Sc. Rio de Janeiro 2021 ©2021 INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha Rio de Janeiro – RJ CEP: 22290-270 Este exemplar é de propriedade do Instituto Militar de Engenharia, que poderá incluí-lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar qualquer forma de arquivamento. É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre bibliotecas deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que esteja ou venha a ser fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações, desde que sem finalidade comercial e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do(s) autor(es) e do(s) orienta- dor(es). Silva, Thiago de Medeiros Silveira. Estudo dosimétrico em Césio-137 do Laboratório de Calibração de Monitores de Radiação (LabCal) do IDQBRN: caracterização e otimização / Thiago de Medeiros Silveira Silva. – Rio de Janeiro, 2021. 126 f. Orientador(es): Domingos D’Oliveira Cardoso, Aneuri Souza de Amorim, Wallace Vallory Nunes e Rudnei Karam Morales. Dissertação (mestrado) – Instituto Militar de Engenharia, Engenharia Nuclear, 2021. 1. calibração. 2. dosimetria. 3. conformidade. 4. estabilidade. 5. tamanho de campo uniforme. 6. fator de correção. 7. umidade relativa do ar. 8. DQBRN. i. Cardoso, Domingos D’Oliveira (orient.) ii. Amorim, Aneuri Souza de (orient.) iii. Nunes, Wallace Vallory (orient.) iv. Morales, Rudnei Karam (orient.) v. Título Este trabalho é dedicado à minha família e ao meu amor que estiveram ao meu lado nessa caminhada, fornecendo sempre incondicional apoio e constante incentivo. A vitória é nossa. CELEBREMOS! AGRADECIMENTOS Primeiramente, glorifico a Deus - O Senhor dos Exércitos - por me conceder coragem, força e sabedoria para batalhar e vencer mais esse desafio tão importante e por realizar todos os meus sonhos. À minha família e aos meus amigos pela confiança no meu progresso, pelo apoio emocional e pela torcida que sempre me entusiasma. Ao Exército Brasileiro e ao Instituto Militar de Engenharia (IME) por tamanhas oportunidade e honra depositadas em mim para cursar este Mestrado e hoje pertencer a tão seleto quadro de engenheiros nucleares da Força Terrestre. Ao Instituto de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (IDQBRN) por sempre me encorajar na busca pelo desenvolvimento pessoal e acadêmico. Ao Laboratório Nacional de Metrologia das Radiações Ionizantes (LNMRI) e à Policlínica Militar do Rio de Janeiro (PMRJ) por toda assistência para o êxito deste estudo. Aos meus orientadores por aceitarem me conduzir nesta pesquisa, compartilhando seus valiosos conhecimentos, acompanhando de perto o decorrer do trabalho e me ensinando a pensar como cientista, professor e Mestre. A todos os docentes e demais integrantes da Seção de Engenharia Nuclear do IME (SE/7) pelos ensinamentos transmitidos e pela contribuição no meu processo de aprendizado. Aos membros da banca examinadora pela disponibilidade e pelos pertinentes apontamentos de sugestões e críticas que engrandeceram esse estudo. Aos colegas mestrandos e contemporâneos de curso da SE/7 pelas trocas de ideias e pela cooperação mútua durante estes anos. Aos meus companheiros de trabalho da Seção de Defesa Radiológica e Nuclear (SDRN) pelo convívio tão agradável durante estes anos e pela colaboração em conciliar meus estudos com minhas atividades laborais. Às demais pessoas que contribuíram direta ou indiretamente na elaboração desta dissertação ou participaram da minha vida nessa fase de grande aprendizado, na qual desenvolvi tanto como indivíduo quanto profissional. Ao prezado leitor pelo interesse na pesquisa científica pautada na dissertação. A todos, meu muito obrigado! “Um cientista em seu laboratório não é um mero técnico: ele também é uma criança enfrentando fenômenos naturais que o impressionam como se fossem contos de fadas.” “Nada na vida deve ser temido, somente compreendido. Agora é hora de compreender mais para temer menos.” Marie Curie RESUMO A provisão para o Exército Brasileiro de monitores de radiação que forneçam medições confiáveis e seguras, possibilitando tomadas de decisões baseadas nos parâmetros de radio- proteção, leva à necessidade do estudo dosimétrico para padronização do campo de radiação do Laboratório de Calibração de Monitores de Radiação (LabCal) do Instituto de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (IDQBRN) para fins metrológicos. Com esta motivação, a caracterização e a otimização da dosimetria em Césio-137 recebem particular importância neste processo a nível de radioproteção. Com objetivo de conferir a conformi- dade do sistema irradiador foram obtidas experimentalmente as taxas de equivalente de dose ambiente para diversas configurações a fim de comparar seu comportamento com os conceitos teóricos. Analisou-se o modelo matemático que melhor se ajustou aos valores experimentais e constatou-se que a função potencial oferece melhor ajuste, obedecendo à Lei do Inverso do Quadrado da Distância. Confirmou-se também que os erros relativos se encontram abaixo dos limites normativos. Para verificar a estabilidade na dosimetria, analisou-se a reprodutibilidade do sistema comparando cenários de distância e atenuador iguais, porém com datas de ensaios diferentes. Para este fim, utilizou-se a correção devida ao decaimento radioativo da fonte até uma data referência para a comparação. Assim, comprovou-se a estabilidade do sistema irradiador à luz das normas pertinentes para exposições sem atenuadores e com atenuadores selecionados para as distâncias testadas. Para fins de dimensionamento do tamanho de campo uniforme, examinou-se as dimensões nos eixos horizontais e verticais para as quais a taxa de equivalente de dose ambiente variasse até o limite normativo em relação ao valor da taxa de equivalente de dose ambiente do feixe central. Com essas informações, possibilitou-se descobrir posição e tamanhos reais da fonte de Césio-137 do LabCal, comparando-os com os dados do projeto e investigando a necessidade de fator de correção para geometria da fonte. Visando a otimização da dosime- tria, foi proposto adicionalmente um fator de correção para a variação de umidade relativa do ar com base na literatura. Para validação, realizaram-se comparações internas entre o método tradicional (onde o fator de correção para umidade é admitido como igual a 1,0) e o método alternativo (que considera este fator de correção variável com a grandeza umidade relativa do ar) para cada conjunto de medição do LabCal. Ademais, realizou-se também a comparação externa com a câmara de transferência cedida pelo Laboratório Nacional de Metrologia das Radiações Ionizantes (LNMRI), a fim de verificar qual metodologia fornece um valor mais próximo ao seu valor convencional para exames interlaboratoriais. Demonstrou-se em todas as checagens realizadas interna ou externamente que o método alternativo oferece menores erros percentuais relativos aos valores convencionais quando comparados ao método tradicional. Assim sendo, sugere-se que este fator de correção para variação de umidade relativado ar seja adicionado à dosimetria em Césio-137 do LabCal a fim de obter-se medições mais seguras e, consequentemente, parâmetros de calibração mais confiáveis. Palavras-chave: calibração. dosimetria. conformidade. estabilidade. tamanho de campo uniforme. fator de correção. umidade relativa do ar. DQBRN. ABSTRACT The provision for the Brazilian Army of radiation monitors that provides reliable and safe measurements, enabling decision-making based on radioprotection parameters, leads to the need for a dosimetric study to standardize the radiation field of the Radiation Monitors Calibration Laboratory (LabCal) of the Institute of Chemical, Biological, Radiological and Nuclear Defense (IDQBRN) for metrological purposes. With this motivation, the characterization and optimization of dosimetry in Cesium-137 receive particular importance in this process at the level of radioprotection. In order to check the conformity of the radiator system, the ambient dose equivalent rates for different configurations were experimentally obtained in order to compare its behavior with theoretical concepts. The mathematical model that best fit the experimental values was analyzed and it was found that the potential function offers the best fit, obeying the Inverse Square of Distance Law. It was also confirmed that the relative errors are below the normative limits. To verify the stability in dosimetry, the reproducibility of the system was analyzed by comparing scenarios of equal distance and attenuator, but with different test dates. For this purpose, the correction due to the radioactive decay of the source until a referenced date was used for comparison. Thus, the stability of the light radiator system was confirmed according to the relevant standards for exposures without attenuators and with selected attenuators for the distances tested. For the purpose of sizing the uniform field size, dimensions in the horizontal and vertical axes were examined for which the ambient dose equivalent rate varied up to the normative limit in relation to the central beam. With this information, it was possible to discover the position and actual sizes of the Cesium-137 font from LabCal, comparing them with the project data and investigating the need for a correction factor for the font geometry. Aiming at the optimization of dosimetry, a correction factor for the variation of relative air humidity was additionally proposed based on the literature. For validation, internal comparisons were made between the traditional method (where the correction factor for humidity is assumed to be equal to 1.0) and the alternative method (which considers this correction factor variable with the relative humidity of the air) for each set of LabCal measurement. Furthermore, an external comparison with the transfer chamber provided by the National Laboratory of Ionizing Radiation Metrology (LNMRI) was also carried out, in order to verify which methodology provides a value closer to its conventional value for interlaboratory tests. It was demonstrated that, in all checks carried out internally or externally, the alternative method offers lower percentage errors relative to conventional values when compared to the traditional method. Therefore, it is suggested that this correction factor for variation in relative air humidity be added to LabCal’s Cesium-137 dosimetry in order to obtain safer measurements and, consequently, more reliable calibration parameters. Keywords: calibration. dosimetry. conformity. stability. uniform field size. correction factor. air relative humidity. CBRN Defense. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Logotipo do Labcal (a). Foto aérea do pavilhão de comando do IDQBRN (b). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 Figura 2 – Dosimetria (a) e calibração (b) desempenhados no Labcal. . . . . . . . 25 Figura 3 – Distribuição dos monitores de radiação nas organizações militares do EB. 28 Figura 4 – Diferentes utilizações da radiação eletromagnéticas de acordo com cada energia e frequência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 Figura 5 – Poder de penetração das radiações ionizantes frente a vários materiais . 31 Figura 6 – Hierarquia dos padrões de medição no sistema metrológico. . . . . . . . 32 Figura 7 – Laboratórios nacionais autorizados para prestação de serviço de calibra- ção de instrumentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 Figura 8 – Monitores de radiação RadEye PDR-ER e RadEye PRD. . . . . . . . . 34 Figura 9 – Diagrama de câmara de ionização cavitária. . . . . . . . . . . . . . . . 35 Figura 10 – Regiões de operações para detectores gasosos. . . . . . . . . . . . . . . 36 Figura 11 – Esquema de decaimento radioativo do Césio-137. . . . . . . . . . . . . 37 Figura 12 – Espectro de energia apontando fotopico característico do Cs-137. . . . 38 Figura 13 – Redução da quantidade inicial do Césio-137 devido ao decaimento radioativo no decorrer do tempo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 Figura 14 – Representação de geometria de radiação utilizada para definição do H *(d) em um ponto arbitrário P a uma profundidade d na esfera ICRU exposta a um campo de radiação expandido e alinhado. . . . . . . . . . 42 Figura 15 – Representação gráfica do inverso fator de correção para umidade relativa do ar (1/K h) em relação à variação da umidade relativa do ar (h) obtida através de dados empíricos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 Figura 16 – Representação gráfica do fator de correção para umidade relativa do ar (K h) em relação à variação da umidade relativa do ar (h) obtida através de dados empíricos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 Figura 17 – Variação da intensidade de uma grandeza com o inverso do quadrado da distância. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 Figura 18 – Vista aérea das instalações da SDRN no IDQBRN/CTEx. . . . . . . . 52 Figura 19 – Planta baixa das instalações do LabCal. . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 Figura 20 – Sala de irradiação (a). Irradiador de Césio-137 e Cobalto-60 (b). . . . . 53 Figura 21 – Fonte de Cs-137 com classificação ISO C66646. . . . . . . . . . . . . . 53 Figura 22 – Sala de controle do LabCal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 Figura 23 – Conjunto de medição composto por câmara de ionização esférica de 1 L (a) e seu eletrômetro dedicado (b). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 Figura 24 – Câmara de ionização cilíndrica de 30 cm3 e sua capa de build-up. . . . 55 Figura 25 – Placas de chumbo com 15 mm e 32 mm de espessura utilizadas como atenuadores A15 e A32, respectivamente, (a) colocadas em frente ao diafragma do irradiador (b). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 Figura 26 – Sistema digitalizador de radiologia computadorizada (CR) Regius 110 HQ. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 Figura 27 – Câmara de ionização de 1 L posicionada no cruzamento dos lasers na posição padrão (2000 mm da fonte radioativa). . . . . . . . . . . . . . . 58 Figura 28 – Esquema do sistema de dosimetria/calibração do LabCal com distâncias de interesse, atenuadores e demais componentes indicados. . . . . . . . 59 Figura 29 – Cruzamento dos lasers sobre a câmara de ionização para marcação da origem e dos eixos a serem percorridos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 Figura 30 – Orientação dos eixos horizontal e vertical visto da referência (irradiador) (a) e do observador (câmaras) (b). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 Figura 31 – Projeto do irradiador destacando corte longitudinal do cone de irradiação com ângulo de abertura do feixe de 10o. . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 Figura 32 – Dimensões teóricas do campo uniforme no plano xy e z=1000 mm. . . 63 Figura 33 – Chassi radiográfico posicionado a 1000 mm para obter imagens no semieixo vertical (a) e no semi-horizontal (b) positivos. . . . . . . . . . 63 Figura 34 – Dados empíricosreferentes à variação do fator de correção para umidade relativa do ar (Ch) em relação à umidade relativa do ar (h) e a respectiva função linear que melhor se ajusta aos valores reais. . . . . . . . . . . . 65 Figura 35 – Curva das taxas de equivalente de dose ambiente experimentais para exposições de Césio-137 sem atenuador pela variação da distância e a respectiva função potência em 06/04/21. . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 Figura 36 – Curva das taxas de equivalente de dose ambiente experimentais para exposições de Césio-137 com atenuador A15 pela variação da distância e a respectiva função potência em 06/04/21. . . . . . . . . . . . . . . . 72 Figura 37 – Curva das taxas de equivalente de dose ambiente experimentais para exposições de Césio-137 com atenuador A32 pela variação da distância e a respectiva função potência em 06/04/21. . . . . . . . . . . . . . . . 72 Figura 38 – Câmara de 30 cm3 mapeando a área da seção transversal xy distante de 1000 mm da fonte para determinar o campo radioativo. . . . . . . . 82 Figura 39 – Dimensões reais do campo uniforme no plano xy e z = 1000 mm. . . . 88 Figura 40 – Avaliação visual das extremidades verticais em aproximadamente +165 mm (a) e -185 mm (b). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 Figura 41 – Avaliação visual das extremidades horizontais em aproximadamente +200 mm (a) e -171 mm (b). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 Figura 42 – Projeto do irradiador subposto ao cone de irradiação que originaria as dimensões horizontais reais do campo uniforme. . . . . . . . . . . . . . 90 Figura 43 – Detalhe do tamanho (cx) e do distanciamento (dx) da fonte radioativa sobre o eixo horizontal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 Figura 44 – Tamanho (cx) e distanciamento (dx) reais da fonte radioativa sobre o eixo horizontal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 Figura 45 – Projeto do irradiador subposto ao cone de irradiação que originaria as dimensões verticais reais do campo uniforme. . . . . . . . . . . . . . . 92 Figura 46 – Detalhe do tamanho (cy) e do distanciamento (dy) da fonte radioativa sobre o eixo vertical. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92 Figura 47 – Tamanho (cy) e distanciamento (dy) reais da fonte radioativa sobre o eixo vertical. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 Figura 48 – Tamanho experimental do diâmetro da fonte radioativa. . . . . . . . . 93 Figura 49 – Distância d entre a origem (O) e o centro do campo uniforme real (C) (a) e representação do ângulo de incidência da radiação θi sobre a seção tranversal (b). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 Figura 50 – Campo uniforme conservativo circular (inscrito no campo uniforme real) no plano xy e z = 1000 mm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95 Figura 51 – Curvas dosimétricas obtidas com o método tradicional (a) e com o método alternativo (b), ambas para 28/10/21. . . . . . . . . . . . . . . 107 Figura 52 – Calibração do monitor RadEye PRD-ER em 28/10/21. . . . . . . . . . 108 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Dados empíricos do fator de correção para umidade (Ch) em relação à umidade relativa do ar (h). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 Tabela 2 – Dados experimentais para 500 mm e A0 e cálculo das grandezas. . . . 68 Tabela 3 – Taxas de equivalente de dose ambiente para exposições sem atenuador (A0). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 Tabela 4 – Taxas de equivalente de dose ambiente para exposições com atenuador A15. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 Tabela 5 – Taxas de equivalente de dose ambiente para exposições com atenuador A32. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 Tabela 6 – Intervalos de calibração da grandeza taxa de equivalente de dose ambi- ente para cada possibilidade de atenuador e as distâncias corresponden- tes aos extremos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 Tabela 7 – Intervalos de calibração da grandeza taxa de equivalente de dose ambi- ente priorizando o feixe direto (ou menos atenuado). . . . . . . . . . . 71 Tabela 8 – Intervalos de calibração da grandeza taxa de equivalente de dose ambi- ente priorizando o feixe direto (ou menos atenuado) e suas respectivas distâncias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 Tabela 9 – Cálculo dos erros relativos aos valores convencionais para a grandeza taxa de equivalente de dose ambiente medidas para A0, A15 e A32 testadas a 1000 mm e 3000 mm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 Tabela 10 – Parâmetros (atenuador e distância) para calibração em 06/04/21. . . . 76 Tabela 11 – Taxas de equivalente de dose ambiente para exposições com A0 a 1000 mm em diferentes datas e os respectivos erros percentuais relativos ao valor anterior. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 Tabela 12 – Taxas de equivalente de dose ambiente para exposições com A0 a 2000 mm em diferentes datas e os respectivos erros percentuais relativos ao valor anterior. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 Tabela 13 – Taxas de equivalente de dose ambiente para exposições com A0 a 3000 mm em diferentes datas e os respectivos erros percentuais relativos ao valor anterior. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 Tabela 14 – Taxas de equivalente de dose ambiente para exposições com A15 a 1000 mm em diferentes datas e os respectivos erros percentuais relativos ao valor anterior. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 Tabela 15 – Taxas de equivalente de dose ambiente para exposições com A15 a 2000 mm em diferentes datas e os respectivoserros percentuais relativos ao valor anterior. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 Tabela 16 – Taxas de equivalente de dose ambiente para exposições com A15 a 3000 mm em diferentes datas e os respectivos erros percentuais relativos ao valor anterior. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 Tabela 17 – Taxas de equivalente de dose ambiente para exposições com A32 a 1000 mm em diferentes datas e os respectivos erros percentuais relativos ao valor anterior. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 Tabela 18 – Taxas de equivalente de dose ambiente para exposições com A32 a 2000 mm em diferentes datas e os respectivos erros percentuais relativos ao valor anterior. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 Tabela 19 – Taxas de equivalente de dose ambiente para exposições com A32 a 3000 mm em diferentes datas e os respectivos erros percentuais relativos ao valor anterior. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81 Tabela 20 – Taxas de kerma no ar em diferentes posicionamentos ao longo do semieixo vertical positivo de 0 a 250 mm. . . . . . . . . . . . . . . . . 82 Tabela 21 – Taxas de kerma no ar em diferentes posicionamentos ao longo do semieixo vertical positivo de 150 mm a 200 mm. . . . . . . . . . . . . . 83 Tabela 22 – Taxas de kerma no ar em diferentes posicionamentos ao longo do semieixo vertical positivo de 160 mm a 169 mm. . . . . . . . . . . . . . 83 Tabela 23 – Taxas de kerma no ar em diferentes posicionamentos ao longo do semieixo vertical negativo de 0 a -250 mm. . . . . . . . . . . . . . . . . 84 Tabela 24 – Taxas de kerma no ar em diferentes posicionamentos ao longo do semieixo vertical negativo de -150 mm a -200 mm. . . . . . . . . . . . 84 Tabela 25 – Taxas de kerma no ar em diferentes posicionamentos ao longo do semieixo vertical negativo de -180 mm a -189 mm. . . . . . . . . . . . 84 Tabela 26 – Taxas de kerma no ar em diferentes posicionamentos ao longo do semieixo horizontal positivo de 0 a 250 mm. . . . . . . . . . . . . . . . 85 Tabela 27 – Taxas de kerma no ar em diferentes posicionamentosao longo do semieixo horizontal positivo de 200 mm a 250 mm. . . . . . . . . . . . 85 Tabela 28 – Taxas de kerma no ar em diferentes posicionamentos ao longo do semieixo horizontal positivo de 200 mm a 209 mm. . . . . . . . . . . . 86 Tabela 29 – Taxas de kerma no ar em diferentes posicionamentos ao longo do semieixo horizontal negativo de 0 a -250 mm. . . . . . . . . . . . . . . 86 Tabela 30 – Taxas de kerma no ar em diferentes posicionamentos ao longo do semieixo horizontal negativo de -150 mm a -200 mm. . . . . . . . . . . 86 Tabela 31 – Taxas de kerma no ar em diferentes posicionamentos ao longo do semieixo horizontal negativo de -170 mm a -179 mm. . . . . . . . . . . 87 Tabela 32 – Extremidades do campo uniforme sobre os eixos vertical e horizontal. . 87 Tabela 33 – Cálculo do erro percentual do diâmetro da fonte obtido experimental- mente em relação ao dado do projeto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 Tabela 34 – Dados experimentais com uso do sistema 2 a 1000 mm sem atenuador e cálculo da taxa de kerma no ar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96 Tabela 35 – Dados experimentais com uso do sistema 1 a 1000 mm sem atenuador e cálculo do fator de calibração do sistema 1 (N K1). . . . . . . . . . . . 97 Tabela 36 – Dados experimentais com uso do sistema 1 a 1000 mm sem atenuador e cálculo da taxa de kerma no ar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98 Tabela 37 – Dados experimentais com uso do sistema 2 a 1000 mm sem atenuador e cálculo do fator de calibração do sistema 2 (N K2). . . . . . . . . . . . 99 Tabela 38 – Dados experimentais com uso do sistema 2 a 1000 mm sem atenuador e cálculo da taxa de kerma no ar corrigida. . . . . . . . . . . . . . . . . 100 Tabela 39 – Dados experimentais com uso da câmara de transferência a 1000 mm sem atenuador e cálculo do seu fator de calibração (N K,LNMRI) em relação ao sistema 2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101 Tabela 40 – Dados experimentais com uso do sistema 1 a 1000 mm sem atenuador e cálculo da taxa de kerma no ar corrigida. . . . . . . . . . . . . . . . . 102 Tabela 41 – Dados experimentais com uso da câmara de transferência a 1000 mm sem atenuador e cálculo do seu fator de calibração (N K,LNMRI) em relação ao sistema 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102 Tabela 42 – Dados experimentais com uso do sistema 2 a 1000 mm sem atenuador e cálculo da taxa de kerma no ar corrigida. . . . . . . . . . . . . . . . . 103 Tabela 43 – Dados experimentais com uso do sistema 1 a 1000 mm sem atenuador e cálculo da taxa de kerma no ar corrigida. . . . . . . . . . . . . . . . . 103 Tabela 44 – Dados experimentais com uso da câmara de transferência a 1000 mm sem atenuador e cálculo do seu fator de calibração (N K,LNMRI) em relação ao sistema 2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 Tabela 45 – Dados experimentais com uso da câmara de transferência a 1000 mm sem atenuador e cálculo do seu fator de calibração (N K,LNMRI) em relação ao sistema 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105 Tabela 46 – Parâmetros (atenuador e distância) para calibração em 28/10/21 calcu- lados pelos métodos tradicional e alternativo. . . . . . . . . . . . . . . 108 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ALARA As Low As Reasonably Achievable BIPM Bureau International des Poids et Mesures Btl Batalhão CASEC Comitê de Avaliação de Serviços de Ensaio e Calibração CDTN Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear Cia Companhia CNEN Comissão Nacional de Energia Nuclear CTEx Centro Tecnológico do Exército DNA Deoxyribonucleic Acid DQBRN Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear EB Exército Brasileiro GUM Guide to the expression of uncertainty in measurement IAEA International Atomic Energy Agency ICRP International Commission on Radiological Protection ICRU International Commission on Radiation Units and Measurements IDQBRN Instituto de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear IME Instituto Militar de Engenharia INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial IOE Indivíduo Ocupacionalmente Exposto IPEN Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares IRD Instituto de Radioproteção e Dosimetria ISO International Organization for Standardization Kerma Kinect Energy Released per unit MAss LabCal Laboratório de Calibração de Monitores de Radiação LCI Laboratório de Calibração de Instrumento de Medição LET Linear Energy Transfer LIQD Lei do Inverso do Quadrado da Distância LNMRI Laboratório Nacional de Metrologia das Radiações Ionizantes MD Ministério da Defesa METROBRAS Metrologia das Radiações Ionizantes NBR Norma Brasileira NCE Necessidade de Conhecimento Específico NE Norma Experimental NN Norma Nuclear OEE Objetivo Estratégico do Exército PECTI Plano Estratégico de Ciência, Tecnologia e Inovação PMRJ Policlínica Militar do Rio de Janeiro PRODE Produtos de Defesa PTB Physikalisch-Technische Bundesanstalt RBC Rede Brasileira de Calibração SCTEx Sistema de Ciência e Tecnologia do Exército SDRN Seção de Defesa Radiológica e Nuclear SE/7 Seção de Engenharia Nuclear SI Sistema Internacional de Unidades SisDQBRNEx Sistema de DQBRN do Exército UERJ Universidade do Estado do Rio de Janeiro UFPE Universidade Federal de Pernambuco VC Valor Convencional LISTA DE SÍMBOLOS A Atividade A0 sem uso de atenuador de chumbo A15 atenuador com 15 mm de chumbo A32 atenuador com 32 mm de chumbo Ba-137 radionuclídeo Bário-137 BG background Bq becquerel C coulomb Ci curie ci coeficiente de sensibilidade C h ou K h fator de correção para variação de umidade relativa do ar cm centímetro cm3 centímetro cúbico Cs-137 radionuclídeo Césio-137 C T,p fator de correção para variação de temperatura e pressão do ar D dose absorvida D.Sc. Doctor of Science E dose efetiva f a fator de atualização g grama GBq gigabecquerel Gy gray h hora H T dose equivalente Hp(d) equivalente de dose individual produzido na esfera ICRU na profundi- dade de d mm H*(d) equivalente de dose ambiente produzido na esfera ICRU na profundidade de d mm h*K(10) coeficiente de conversão de K a para Hp(10) J joule k fator de abrangência K kerma K a kerma no ar keV kiloelétron-volt kg kilograma kPa kilopascal L litro m metro mm milímetro método A método alternativo método T método tradicional MeV megaelétron-volt mGy miligray M.Sc. Master of Sciences mSv milisievert nC nanocoulomb N K fator de calibração de kerma no ar Pa pascal Ph.D. Philosophy Doctor Prof. Professor Prof.ª Professora Q(L) fator de qualidade da radiação R2 coeficiente de determinação s segundo sic assim [reprodução exata do texto original] Sv sievert T 1/2 meia-vida tan tangente U incerteza expandida u estimativa da fonte de incerteza u(%) incerteza padrão uc incerteza padrão combinada wR fator de peso da radiação wT fator de peso do tecido X exposição β partícula beta γ radiação gama µSv microsievert ν grau de liberdade νeff grau de liberdade efetivo % por cento o grau oC grau Celsius ⊘ diâmetro SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 1.1 DEFINIÇÃO DOS PROBLEMAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 1.2 OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 1.3 JUSTIFICATIVAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 1.4 RELEVÂNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 2.1 RADIOATIVIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 2.2 METROLOGIA DAS RADIAÇÕES IONIZANTES . . . . . . . . . . . . . . 32 2.3 LABORATÓRIOS DE CALIBRAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 2.4 DETECTOR CÂMARA DE IONIZAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 3 FUNDAMENTAÇÃOTEÓRICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 3.1 DECAIMENTO RADIATIVO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 3.2 GRANDEZAS E UNIDADES PARA RADIAÇÃO IONIZANTE . . . . . . . . 39 3.2.1 GRANDEZAS DE RADIOATIVIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 3.2.2 GRANDEZAS DOSIMÉTRICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 3.2.3 GRANDEZAS DE RADIOPROTEÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 3.2.3.1 GRANDEZAS LIMITANTES PARA RADIAÇÃO EXTERNA . . . . . . . . . . 41 3.2.3.2 GRANDEZAS OPERACIONAIS DE RADIOPROTEÇÃO . . . . . . . . . . . . 42 3.3 CORREÇÃO PARA VARIAÇÃO DE TEMPERATURA E PRESSÃO DO AR PARA CÂMARAS DE IONIZAÇÃO NÃO SELADAS . . . . . . . . . . . . 44 3.4 CORREÇÃO PARA VARIAÇÃO DE UMIDADE RELATIVA DO AR PARA CÂMARAS DE IONIZAÇÃO NÃO SELADAS . . . . . . . . . . . . . . . . 45 3.5 CORREÇÃO TEMPORAL DA TAXA DE KERMA NO AR . . . . . . . . . 46 3.6 FATOR DE ATUALIZAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 3.7 LEI DO INVERSO DO QUADRADO DA DISTÂNCIA . . . . . . . . . . . . 47 3.8 RADIAÇÃO DE FUNDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 3.9 NORMAS E CONCEITOS PERTINENTES . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 3.9.1 CONFORMIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 3.9.2 ESTABILIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 3.9.3 TAMANHO DE CAMPO UNIFORME . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 3.10 ESTIMATIVA DE INCERTEZA DE MEDIÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . 50 4 MATERIAIS E MÉTODOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 4.1 MATERIAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 4.1.1 INSTALAÇÕES FÍSICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 4.1.2 CONJUNTOS DE MEDIÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 4.1.3 ATENUADORES DE CHUMBO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 4.1.4 MONITORAMENTO DAS CONDIÇÕES DE ENSAIO . . . . . . . . . . . . . 57 4.1.5 RADIOGRAFIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 4.2 MÉTODOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 4.2.1 CONFERÊNCIA DA CONFORMIDADE DA INSTALAÇÃO . . . . . . . . . . . 58 4.2.2 VERIFICAÇÃO DA ESTABILIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 4.2.3 DEMARCAÇÃO DO TAMANHO DE CAMPO UNIFORME . . . . . . . . . . . 61 4.2.3.1 DETERMINAÇÃO DA GEOMETRIA E DA POSICIONAMENTO DA FONTE RADIOATIVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 4.2.3.2 CÁLCULO DO ÂNGULO DE INCIDÊNCIA DA RADIAÇÃO . . . . . . . . . . 64 4.2.4 FATOR DE CORREÇÃO PARA VARIAÇÃO DE UMIDADE RELATIVA DO AR . 64 4.2.4.1 COMPARAÇÕES INTERNAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 4.2.4.2 COMPARAÇÕES EXTERNAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 5.1 CONFERÊNCIA DA CONFORMIDADE DA INSTALAÇÃO . . . . . . . . . 68 5.1.1 MEDIÇÃO EXPERIMENTAL DAS GRANDEZAS . . . . . . . . . . . . . . . . 68 5.1.2 PLOTAGEM DE GRÁFICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 5.1.3 CHECAGEM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 5.1.4 DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 5.2 VERIFICAÇÃO DA ESTABILIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 5.2.1 HISTÓRICO DE MEDIÇÕES DAS GRANDEZAS . . . . . . . . . . . . . . . . 77 5.2.2 DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81 5.3 DEMARCAÇÃO DO TAMANHO DE CAMPO UNIFORME . . . . . . . . . 82 5.3.1 MEDIÇÃO EXPERIMENTAL DAS GRANDEZAS . . . . . . . . . . . . . . . . 82 5.3.2 DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 5.3.3 CHECAGEM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 5.3.4 GEOMETRIA E POSICIONAMENTO REAIS DA FONTE RADIOATIVA . . . . 89 5.3.5 ÂNGULO DE INCIDÊNCIA DA RADIAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 5.4 FATOR DE CORREÇÃO PARA VARIAÇÃO DE UMIDADE RELATIVA DO AR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96 5.4.1 COMPARAÇÕES INTERNAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96 5.4.2 COMPARAÇÕES EXTERNAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 5.4.3 DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106 6 CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109 6.1 PERSPECTIVAS FUTURAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111 REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113 APÊNDICE A – CÁLCULO DA INCERTEZA ASSOCIADA À GRAN- DEZA TAXA DE EQUIVALENTE DE DOSE AM- BIENTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118 APÊNDICE B – CÁLCULO DA GEOMETRIA E DO POSICIONA- MENTO REAIS DA FONTE DE CÉSIO-137 . . . 119 APÊNDICE C – CÁLCULO DA INCERTEZA ASSOCIADA À GRAN- DEZA TAXA DE KERMA NO AR: MÉTODO TRADICIONAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122 APÊNDICE D – CÁLCULO DA INCERTEZA ASSOCIADA À GRAN- DEZA TAXA DE KERMA NO AR: MÉTODO ALTERNATIVO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123 APÊNDICE E – CÁLCULO DA INCERTEZA ASSOCIADA À GRAN- DEZA FATOR DE CALIBRAÇÃO: MÉTODO TRA- DICIONAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124 APÊNDICE F – CÁLCULO DA INCERTEZA ASSOCIADA À GRAN- DEZA FATOR DE CALIBRAÇÃO: MÉTODO AL- TERNATIVO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125 ANEXO A – COEFICIENTE DE CONVERSÃO DE KERMA NO AR PARA EQUIVALENTE DE DOSE AMBIENTE . . 126 23 1 INTRODUÇÃO A garantia do uso seguro das radiações ionizantes para benefício da humanidade conduz à necessidade da proteção contra à radiação - a radioproteção1(2). O controle dessa exposição, ou seja, a forma de garantir a dose recebida é de grande preocupação dos profissionais, das autoridades e da sociedade em geral (3). Daí a indispensabilidade de medir doses de radiação ionizante de modo confiável e seguro, que é a essência dos serviços de dosimetria (4). Os instrumentos de medição são aparelhos destinados a realizar operações para determinar o valor de uma grandeza física. As radiações ionizantes são medidas pela interação da radiação com um detector (5). Um detector de radiação é definido como sendo um dispositivo sensível capaz de proporcionar um sinal analisável quando for atingido pela radiação, possibilitando a sua quantificação em determinado ponto ou região. A junção entre um detector e um medidor, é chamada de monitor de radiação (6). É importante observar que a quantidade de liberação de radioatividade deve estar abaixo dos limites permitidos2 pela Comissão Nacional de Energia Nuclear, a CNEN, responsável pelas atividades de pesquisa, orientação, planejamento, regulação e fiscalização, atuando em diversos setores que mantêm interação com a área nuclear (8). O manuseio rotineiro desses equipamentos de campo em condições ambientais adversas, somado às características inerentes ao sistema elétrico/eletrônico dos mesmos, podem acarretar variações na resposta dos equipamentos (9). Esta rotina de calibração visa garantir a manutenção de suas propriedades de medição de forma exata e precisa. Por esta razão os monitores de radiação ionizantes devem ser calibrados antes de seu primeiro uso e, posteriormente, devem ser recalibrados periodicamente de 12 a até 14 meses, conforme recomendado pela IAEA (International Atomic Energy Agency) (10). Contudo, a determinação desta periodicidade fica a cargo das normas e recomendações nacionais. Conforme definido pelo Glossário do Setor Nuclear e Radiológico Brasileiro, a calibração é um conjunto de operações destinadas a fazer com que as indicações de um instrumento correspondam a valores pré-estabelecidos das grandezas a medir (1). Em linhas gerais, a calibração consiste na comparação, sob condições especificadas, a relação entre os valores indicados no processo de medição e os valores correspondentes das grandezas estabelecidos por padrões (11), rastreados através de uma rede de metrologia paraque seja 1 Conjunto de medidas legais, técnicas e administrativas que visam reduzir a exposição de seres vivos à radiação ionizante, a níveis tão baixos quanto razoavelmente exequíveis (1) 2 20 mSv/ano em média aritmética de cinco anos consecutivos, desde que não exceda 50 mSv em um único ano para indivíduo ocupacionalmente exposto (IOE) e 1 mSv/ano para o público (7). Capítulo 1. Introdução 24 medido o valor de referência dessa grandeza física (12). Essa rastreabilidade ao sistema internacional3 é realizada por meio de calibrações frequentes e manutenções dos padrões de referência e por programas de comparações interlaboratoriais (2). A calibração dos monitores de radiação assegura a confiabilidade dos processos e uniformiza as medidas em torno de um valor denominado valor convencional (VC)4 na determinação das doses (11), possibilitando tomadas de decisão acertadas em relação aos princípios de radioproteção: justificação, otimização e limitação de dose individual (8). Para que a calibração seja devidamente realizada, há a necessidade fundamental de uma etapa anterior a esse processo. A dosimetria é definida no Glossário do Setor Nuclear e Radiológico Brasileiro como a medição direta ou indireta de grandezas radiológicas (1). É por meio de uma correta padronização do campo de referência na grandeza de interesse que obtêm-se parâmetros mais adequados para a calibração dos monitores e identificadores de radiação de diversos tipos e modelos. O Laboratório de Calibração de Monitores de Radiação (LabCal) do Instituto de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (IDQBRN) (Figura 1) foi criado em 2016 com foco no atendimento das demandas da Força Terrestre, como resultado do Projeto de Transformação do Sistema de Ciência e Tecnologia do Exército (SCTEx). Desde então opera nos campos de assessoria científica e apoio técnico em medições de monitores e identificadores radiológicos utilizados pelas tropas especializadas do Exército Brasileiro (EB). 3 O Brasil por ser país signatário da Convenção do Metro, representado pela CNEN no que se refere às radiações ionizantes, e por ser membro da IAEA segue as regulamentações metrológicas dessas duas organizações. 4 Para radioproteção, o valor médio das leituras medidas pelos monitores de radiação gama deve se situar dentro de ± 10 % sobre o valor verdadeiro convencional [sic] (13). Caso não, o monitor é considerado reprovado e devolvido ao cliente sem certificado de calibração para futuro ajuste (operação corretiva que pode incluir uma manutenção). (a) (b) Figura 1 – Logotipo do Labcal (a). Foto aérea do pavilhão de comando do IDQBRN (b). Capítulo 1. Introdução 25 Visando atender as necessidades do Sistema de Defesa Química, Biológica, Ra- diológica e Nuclear no âmbito do Exército (SisDQBRNEx) em ensaio e calibração de equipamentos, produção e desenvolvimento de material especializado; almeja-se fornecer monitores e identificadores radiológicos com medições confiáveis, seguras e repetíveis para pronto emprego em ações de prevenção e de segurança contra ameaças terroristas; armazenamento ilegal; uso, transferência e tráfico de substâncias e materiais radioativos e nucleares (14). 1.1 DEFINIÇÃO DOS PROBLEMAS A partir do contexto apresentado anteriormente, a provisão de equipamentos que forneçam medições seguras e confiáveis, possibilitando tomadas de decisões acertadas com base nos parâmetros de radioproteção, leva à necessidade de averiguação da resposta do sistema de calibração5 empregado. Assim sendo, torna-se necessário caracterizar o campo de radiação do LabCal por meio de uma avaliação dosimétrica a fim de obter-se medições mais seguras e, consequen- temente, parâmetros de calibração mais confiáveis (Figura 2). (a) (b) Figura 2 – Dosimetria (a) e calibração (b) desempenhados no Labcal. 5 É importante não confundir calibração com ajuste. Calibrar um equipamento não significa que este será ajustado e passará a “medir correto”. Contudo, pode-se afirmar que os seus erros e a sua incerteza serão conhecidos, pois a calibração é realizada por meio de um processo que compara os valores medidos pelo equipamento com valores de um padrão. É conveniente também diferenciar calibração de verificação, visto que nesta última o máximo que se consegue fazer é determinar o erro de medição do instrumento. Resumindo, a calibração é uma ação metrológica mais especifica que a verificação. Capítulo 1. Introdução 26 Com efeito, as seguintes perguntas-problemas foram estabelecidas para conduzir e nortear o desenvolvimento do presente projeto: • Quais são as características dosimétricas em Césio-137 do Laboratório de Calibração de Monitores de Radiação do IDQBRN? • Qual a influência do tamanho reais da fonte e da posição reais da fonte radioativa e das condições ambientais (principalmente umidade relativa do ar) na dosimetria e, consequentemente, que fatores de correção podem ser aplicados para otimizar a dosimetria e a calibração no LabCal? 1.2 OBJETIVOS Este trabalho tem como objetivo determinar, por meio de avaliações teóricas e práticas, a caraterização do sistema do LabCal na determinação dosimétrica de radiação gama, oriundas da irradiação por fontes de Césio-137 existentes no irradiador do IDQBRN, para fins metrológicos (15). Além de cumprir os requisitos normativos referentes à proteção radiológica, pretende- se também propor uma otimização desta dosimetria. Esta dissertação abordará as in- fluências das dimensões reais da fonte radioativa e da variação da umidade relativa do ar durante os ensaios em relação à condição de referência, objetivando medições mais exatas e, consequentemente, parâmetros de calibração mais confiáveis através do uso de fator de correção (16). Os objetivos específicos antes declarados visam garantir a confiabilidade das leituras dos monitores de radiação ionizantes utilizados pelas tropas especializadas da Força Terrestre, tanto em incidentes ou acidentes quanto em demandas específicas nos setores de segurança, saúde e pesquisa científica (17). 1.3 JUSTIFICATIVAS A pesquisa desenvolvida tem origem em uma necessidade de conhecimento específico (NCE) constatada pelo Exército Brasileiro junto a seu IDQBRN em 2019, possuindo a seguinte titulação: Pesquisa e desenvolvimento de metodologias de ensaio na área de metrologia das radiações ionizantes, a serem aplicadas aos monitores de radiação utilizados por tropas especializadas em DQBRN - NCE 17M2020 Port. 021-DCT de 14 fev 19 (18). Esta NCE é diretamente aplicada no Laboratório de Calibração de Monitores de Radiação (LabCal) do IDQBRN visando realizar a pesquisa, o desenvolvimento, o teste e a avaliação de Produtos de Defesa (PRODE) de acordo com os planos do EB. Capítulo 1. Introdução 27 O LabCal/IDQBRN é atualmente a única instituição integrante do Ministério da Defesa (MD) que se encontra em processo de certificação perante à CNEN para ser autorizado a atuar nacionalmente na calibração dos monitores e identificadores de radiação adotados pelas Forças Armadas. Atualmente, o laboratório já oferece assessoramento científico e apoio técnico em DQBRN com foco na capacidade de antecipação e no atendimento das demandas da Força Terrestre, como resultado do Projeto de Transformação do SCTEx. O estudo submetido é de interesse do Exército visto que agregará conhecimentos em radiações ionizantes, conceitos de proteção radiológica em ambientes onde há a presença de fontes radioativas, bem como o controle das mesmas com os parâmetros físicos e Normas Nacionais apropriadas (13). Ressalta-se que o atendimento a esta NCE soma esforços aos trabalhos em anda- mento a fim de prosseguir nas ações para obtenção do autorização do LabCal junto ao Comitê de Avaliação de Serviços de Ensaio e Calibração (CASEC), unidade organizacional competente do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD) da CNEN, que tem a res- ponsabilidade e autoridade sobre todos os aspectos referentes ao Processo de Certificação de Laboratório de Calibração de Instrumento de Medição (LCI) (13). Esta Tarefa9.2.1.1.17 está inclusa no Plano Estratégico de Ciência, Tecnologia e Inovação (PECTI) que integra o Plano Diretor do Exército (19). Esta ação é abrangida pelo Objetivo Estratégico do Exér- cito (OEE) 9, referente a APERFEIÇOAR O SISTEMA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO . Além desta especificidade retromencionada, o tema é harmonioso à Estratégia 3.2, relativa ao aperfeiçoamento da estrutura de apoio às operações de cooperação e coordenação com agências, no caso o Exército (representado pelo IME e IDQBRN) e a CNEN (representada pelo IRD). Dentre suas Ações Estratégicas destaca-se a ampliação da capacidade operacional do EB para atuar na proteção da sociedade (3.2.1) e para atuar na prevenção e no combate às ações terroristas e DQBRN (3.2.2) do OEE 3 alusivo a CONTRIBUIR COM O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A PAZ SOCIAL (19). 1.4 RELEVÂNCIA A pesquisa desenvolvida nesta dissertação visa atender à crescente demanda da necessidade da Força Terrestre por calibrações de instrumentos de medição de radiação ionizante em função da sua atuação nos eventos de grande visibilidade realizados em nosso País, além das atividades rotineiras de controle de fontes radioativas em ambientes hospitalares. Assume também grande importância na área de pesquisa acadêmica e no desenvolvimento de novas tecnologias. Atualmente, o Exército conta com mais de 300 monitores de radiação ionizante Capítulo 1. Introdução 28 distribuídos em diversas organizações militares, como ilustrado na Figura 3, a saber: no Rio de Janeiro - RJ, o IDQBRN, o IME e o 1º Btl DQBRN; e em Goiânia - GO, a Cia DQBRN. Ademais, equipamentos dessa natureza adotados pelo MD e pelos demais órgãos de segurança pública também poderão ser calibrados neste Laboratório a longo prazo. Figura 3 – Distribuição dos monitores de radiação nas organizações militares do EB. Segundo as recomendações vigentes da CNEN para requisitos de segurança e proteção radiológica para serviços de radioproteção, radioterapia e radiografia industrial os monitores devem ser calibrados a cada dois anos, no intervalo de energia em que são utilizados, por um laboratório autorizado (20) (21). 1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO Este trabalho foi organizado da seguinte forma: este primeiro capítulo introdutório, seguido de um capítulo de revisão bibliográfica, onde são levantados e discutidos assuntos referentes à radioatividade, à metrologia das radiações ionizantes, bem como a importância dos laboratórios de calibração. Além disto, ainda no segundo capítulo, são discutidos conceitos relacionados ao detector câmara de ionização, amplamente utilizado na área de dosimetria e calibração, empregado nesta dissertação. Já no terceiro capítulo, é apresentada a fundamentação teórica, onde se expõem os conceitos básicos necessários para compreensão dos assuntos discutidos nesta dissertação. O quarto capítulo mostra todos os materiais empregados e os métodos desenvolvidos neste trabalho para a caracterização e otimização da dosimetria em Césio-137 do LabCal. O quinto capítulo apresenta e discute os resultados obtidos experimentalmente. Por fim, o sexto e último capítulo mostra as conclusões em relação à pesquisa realizada, bem como sugestões de melhorias e de trabalhos futuros referentes ao estudo de dosimetria e calibração. 29 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 RADIOATIVIDADE A radioatividade é o fenômeno físico, natural ou artificial, definido como energia em movimento. Ou seja, a emissão e a propagação de energia por meio de radiações - partículas ou ondas eletromagnéticas - entre um ponto e outro do espaço, seja através do vácuo ou de um meio material qualquer (2). As radiações são originadas por processos de ajustes nucleares ou atômicos (rearranjos nas camadas eletrônicas), por interação de outras radiações ou partículas com o núcleo/átomo ou por aceleração elétrica. A radioatividade trata-se então da desexcitação de radioisótopos e da transmutação de um elemento químico em outro, buscando estabilidade e gerando energia através da emissão de radiação (22). A radioatividade não é percebida naturalmente pelos nossos órgãos dos sentidos; diferentemente da luz e do calor, por exemplo. Talvez seja o motivo pelo qual a humanidade não reconhecia sua existência e nem seu poder de utilização/dano até os últimos anos do século XIX, embora a radioatividade fizessem parte do meio ambiente desde a formação do planeta (23). A radiação pode ser oriunda de fontes naturais, ou seja, aquelas que ocorrem na natureza de forma espontânea (não sendo produzidas por meio de tecnologia) como a radiação emitida por uma estrela, como o nosso Sol, ou de certos elementos químicos que, natural ou artificialmente, são capazes de emitir energia. Já as radiações artificiais são emitidas por equipamentos construídos pelo ser humano, como os aparelhos utilizados em processos industriais e médicos (24). O popular exame de radiografia se enquadra nesta última classificação (2). Em geral, a radiação pode ser classificada em duas categorias principais, conforme o elemento condutor de energia a ela relacionado (22). São elas: • Radiação corpuscular: propagada por meio de partículas subatômicas, como elétrons (partícula beta menos), prótons e nêutrons, e caracterizada por sua carga, massa e velocidade. Pode ser também composta por uma junção destas partículas (radiação alfa); e • Radiação eletromagnética: propagada na forma de uma onda eletromagnética1, caracterizada por seu comprimento de onda (ou sua frequência) e sua energia que diferenciam as diferentes faixas do espectro eletromagnético (Figura 4). 1 Por não possuírem carga elétrica nem massa, o estudo das radiações eletromagnética é expressivamente diferente das partículas alfa e beta menos. São consideravelmente mais energéticas, sendo a radiação gama ainda mais penetrante que os raios X. Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 30 As radiações sob a forma de partículas - com massa e carga elétrica - mais comuns são: elétrons, prótons, partículas betas e partículas alfas. Das radiações particuladas eletricamente neutras, a mais comum é o nêutron (25). As radiações eletromagnéticas mais conhecidas são: ondas de rádio, micro-ondas, infravermelho, luz visível, ultravioleta, raios X e radiação gama, sendo estas duas últimas classificadas como radiação ionizante (Figura 4). Figura 4 – Diferentes utilizações da radiação eletromagnéticas de acordo com cada energia e frequência (26). Ao interagirem com a matéria, a radiação ionizante - que possui energia suficiente para ionizar átomos ou moléculas - pode produzir variados efeitos dependendo da sua natureza e do poder de penetração da radiação e das características do material absorvedor, como é possível atentar na Figura 5 (4). Para fins de detalhamento, essa dissertação será focalizada na radiação gama (indi- cada pela letra grega minúscula correspondente γ). Trata-se de uma onda eletromagnética de alta frequência e de baixo comprimento de onda, que se propaga à velocidade da luz, com elevada energia e grande poder de penetração; é produzida por núcleos instáveis de elementos radioativos, em processos subatômicos de restruturação interna para atingir estabilidade com o decaimento radioativo (22). Quando um núcleo decai por emissão de radiação alfa ou beta, geralmente o núcleo- filho encontra-se excitado, ou seja, fora da configuração de equilíbrio (estável). Então, a fim de atingir o estado fundamental (ou um outro estado menos excitado), emitem a energia complementar sob a forma de ondas eletromagnéticas, denominadas raios gama (24). Também podem ser geradas pela aniquilação do pósitron em iteração com um elétron. Ressalta-se que, dentre os variados tipos de ondas eletromagnéticas apenas os raios gama Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 31 Figura 5 – Poder de penetração das radiações ionizantes frente a vários materiais (26). são oriundos de processos nucleares, visto que os raios X são formados por eventos na eletrosfera do átomo (22). Ao atravessar uma substância, a radiação gama penetra na matéria mais profunda-mente do que as partículas e se choca com seus átomos (elétrons ou núcleos), podendo causar danos ao núcleo das células e assim diferentes efeitos na matéria viva (4). Resumindo, os raios gama são extremamente penetrantes e podem atravessar até chapas de aço de até 15 cm de espessura, mas são barradas por grossas placas de chumbo ou paredes de concreto. Quando exposto a esse tipo de radiação, o corpo humano é afetado podendo sofrer até alterações nas características físico-químicas das células. Os efeitos biológicos das radiações podem ser de curto, médio e longo prazo, podendo se estender até o DNA de descendentes. Com a percepção de risco e para otimizar o uso seguro das radiações, as normas de radioproteção estabeleceram o conceito ALARA (As Low As Reasonably Achievable), que na prática é baseado nesses quatro parâmetros: redução do tempo de exposição, redução da dose de radiação, aumento do distanciamento e uso de blindagem. A radiação gama é amplamente utilizada em processos de irradiação para diferentes aplicações (23), dentre elas: • Área industrial: descontaminação por meio da eliminação de microrganismos patogê- nicos, elevação da vida útil em produtos farmacêuticos e alimentícios, irradiação de alimentos e esterilização de equipamentos médicos, hospitalares e odontológicos; • Área médica: diagnóstico investigativo, produção de radiofármacos e tratamento do câncer por meio de equipamentos e técnicas variadas para irradiar áreas previamente demarcadas do organismo humano, conhecido como radioterapia (27); e Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 32 • Área de pesquisa: preservação de memória e patrimônio culturais, busca de soluções inovadoras e seguras principalmente para o setores de energia, segurança e defesa, etc. 2.2 METROLOGIA DAS RADIAÇÕES IONIZANTES A palavra metrologia vem do grego: métron + logos, métron (µϵτρoη) que significa: medir, avaliar e logos (λoγoσ) que expressa: palavra, razão, estudo. Portanto, a metrologia é ciência que estuda as medições e suas aplicações. Ela se ocupa de todas as variáveis teóricas e práticas que interferem direta ou indiretamente em medições, buscando estabelecer padrões e níveis de confiança nas medições (28). A metrologia das radiações ionizantes é a base que mantém a confiabilidade no emprego seguro da radiação por meio de corretas medidas de dose, seja em indivíduos ocupacionalmente expostos ou no público (29). O objetivo desta medição confiável é estabelecer ou assegurar procedimentos de radioproteção que garantam que os indivíduos envolvidos não sejam expostos à radiação acima de um limite normativo, evitando, assim efeitos determinísticos adversos à saúde humana (23). Para assegurar medições seguras é necessário o uso de equipamentos detectores de radiação confiáveis. Ou seja, esses monitores devem estar devidamente calibrados a fim de atender aos padrões de desempenho estabelecidos por normas. A nível mundial, os laboratórios de metrologia das radiações ionizantes buscam garantir uma coerência metrológica através de comparações. Assim, garante-se que um equipamento calibrado em diferentes laboratórios, sob as mesmas condições e características de irradiação, apresente a mesma resposta (30). Essa ligação entre os laboratórios culmina em uma rede de calibração em vários níveis hierárquicos, que mantém sua integridade através da disseminação e da rastreabilidade (Figura 6) (31). Figura 6 – Hierarquia dos padrões de medição no sistema metrológico (28). Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 33 No Brasil, Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) delega ao IRD, unidade CNEN dedicada à pesquisa, desenvolvimento e ensino, a responsabilidade nacional no campo da metrologia das radiações ionizantes. Por essa delegação, o IRD opera o Laboratório Nacional de Metrologia das Radia- ções Ionizantes (LNMRI), que tem como atribuições padronizar, manter e disseminar as grandezas do Sistema Internacional de Unidades (SI) referentes às medições com radiações ionizantes. A designação foi assinada pela primeira vez em 1989 e a cada cinco anos é renovada. Antes disso, em 1976, o LNMRI passou a integrar a rede dos Laboratórios de Dosimetria Padrão Secundário da IAEA para a garantia da qualidade das medições efetuadas em radioterapia no mundo todo (32). O LNMRI desenvolve suas atividades por meio de suas três seções finalísticas: Laboratório de Metrologia de Nêutrons, Laboratório de Metrologia de Radionuclídeos e Laboratório de Metrologia de Raios X e Gama. Este último ainda só possui padrões secun- dários, contudo dois padrões primários estão sendo desenvolvidos - um para radioterapia e outro para radioproteção. Como o INMETRO representa o Brasil junto ao Bureau International des Poids et Mesures (BIPM), os padrões dosimétricos para radioproteção do LNMRI são rastreados ao Physikalisch-Technische Bundesanstalt (PTB), Laboratório Padrão Primário situado em Braunschweig/Alemanha, o qual calibra os instrumentos padrões secundários do LNMRI. 2.3 LABORATÓRIOS DE CALIBRAÇÃO Em 2021, existem no Brasil sete laboratórios autorizados pelo CASEC para presta- ção do serviço de calibração de instrumentos medidores de radiação ionizante (Figura 7). Esses laboratórios são rastreados ao LNMRI através de contínuas calibrações contra os padrões nacionais, participações em programas de comparação interlaboratorial e de manutenções de padrões. Os laboratórios de calibração e ensaios são responsáveis por disseminar os padrões nacionais e uniformizar as medidas para os usuários finais. Esses laboratórios são de importância ímpar para a calibração de monitores e identificadores empregados a fim de garantir a segurança radiológica e nuclear, seja em treinamentos, testes e empregos em situações de segurança frente a emergências ou em atividades ordinárias como avaliações dosimétricas em instalações nucleares, radiológicas e hospitalares. A legislação brasileira prevê que a calibração de equipamentos medidores e identificadores de radiação seja realizada uma vez a cada dois anos (8). Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 34 Figura 7 – Laboratórios nacionais autorizados para prestação de serviço de calibração de instrumentos. O Laboratório de Calibração de Monitores de Radiação do IDQBRN vêm ao longo dos últimos anos buscando atender todas as norma requisitadas pelo CASEC a fim de integrar esta seleta lista de laboratórios certificados. O escopo inicial apontado inclui os monitores RadEye PDR-ER e RadEye PRD, mostrados na Figura 8, padronizados inicialmente para o Exército Brasileiro e posteriormente a nível do Ministério da Defesa. Almeja-se que outros monitores e identificadores de radiação sejam adicionados ao escopo do LabCal futuramente. Figura 8 – Monitores de radiação RadEye PDR-ER e RadEye PRD. O trabalho desenvolvido nessa dissertação soma esforços para que, em breve, haja um laboratório apto a atuar legalmente na calibração de monitores e identificadores de radiação dedicado às Forças Armadas (19). Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 35 2.4 DETECTOR CÂMARA DE IONIZAÇÃO As câmaras de ionização são um dos detectores gasosos mais confiáveis em termos de detecção e quantificação de dose. Estas destacam-se como um dos principais dosímetros usados para medidas de precisão, sendo considerado instrumento de referência para levantamento radiométrico e ensaios de dosimetria. São constituídas por um volume preenchido por um gás isolante elétrico e sensível à radiação e por dois eletrodos coletores (5). A radiação incidente na câmara ioniza os átomos no volume sensível de gás gerando pares de íons. Um elétron e um íon positivo são obtidos a cada átomo ou molécula ionizada. Estas partículas carregadas são atraídas pelo campo elétrico, produzindo uma carga elétrica depositada (Figura 9). Assim, mede-se a corrente elétrica resultante (relacionada à intensidade da radiação incidente) por meio de um dispositivo de medida elétrica, o eletrômetro, que quantifica a carga elétrica integrada durante determinado período pré-estabelecido da irradiaçãoda câmara de ionização (6). Figura 9 – Diagrama de câmara de ionização cavitária (4). As câmaras de ionização operam na região de saturação de íons (Região II) onde, após um determinado valor do campo elétrico, todos os pares de íons formados são coletados (Figura 10). Assim, a intensidade da corrente é proporcional ao número de íons coletados, que por sua vez está relacionado à quantidade de radiação que entra na câmara (2). Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 36 Figura 10 – Regiões de operações para detectores gasosos (6). Para que seja rastreado aos sistemas absolutos, o conjunto de medição (formado por câmara de ionização e eletrômetro) (33) deve ser calibrado por laboratório certificado pelo CASEC obtendo um fator de calibração em termos de kerma no ar medido em gray por coulomb (Gy/C), específico para cada qualidade de radiação (34). Este fator de calibração converte o valor indicado no instrumento para kerma no ar num ponto de referência As câmaras de ionização de ar livre (free-air chamber) e as câmara de ionização cavitária (cavity chamber) são os principais tipos desse detector (6). Ressalta-se que neste trabalho todas as câmaras de ionização utilizadas são do tipo cavidade. Está informação será de suma importância no desenvolvimento desta dissertação. 37 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1 DECAIMENTO RADIATIVO Para calibração e dosimetria por radiação gama, a condição de referência de energia do fóton é relacionada ao isótopo do elemento césio, de número de massa 137 e número atômico 55 (13755 Cs) (35). Para estabilizar este radionuclídeo (9), que possui um núcleo excitado com excesso de nêutrons, ocorre o processo de desintegração do tipo beta menos (0−1β) (36). Ou seja, por ser radioativo, o Césio-137 elimina radiação para atingir estabilidade, através do fenômeno conhecido como decaimento radioativo. Devido ao excesso de nêutrons no núcleo, um desses é convertido em um próton e uma partícula beta menos. Esta radiação possui as mesmas características dos elétrons atômicos, porém tem origem no núcleo. Ao eliminar a partícula beta menos, o radionuclídeo- pai se transmuta no radionuclídeo-filho de número de massa 137 e número atômico 56, característico do isótopo do elemento bário (13756 Ba) (Figura 11). Figura 11 – Esquema de decaimento radioativo do Césio-137 (22). Como ilustrado na Figura 11, este radionuclídeo tem decaimento fracionado. Em somente 6 % dos decaimentos o Bário-137 encontra-se em estado fundamental (Equação 3.1) (5). 137 55 Cs → 0−1β + 13756 Ba (3.1) Já com probabilidade relativa de 94 %, este radionuclídeo-filho é instável, pois encontra-se em seu estado excitado (Equação 3.2). A fim de transformar-se em um isótopo estável, há a emissão de radiação gama (00γ) como representado na Equação 3.3 (5). Devidos as suas características ondulatórias, a liberação de radiação gama não transmuta o elemento químico. Capítulo 3. Fundamentação Teórica 38 137 55 Cs → 0−1β + 13756 Ba* (instável) (3.2) 137 56 Ba * (instável) → 00γ + 13756 Ba (estável) (3.3) Esta radiação γ oriunda do Césio-137 detém como propriedade bem definida sua energia de 661,7 keV (9)(35). Tal característica pode prontamente identificar este radionuclídeo no espectro de uma amostra pela presença do fotopico com determinada energia, conforme exemplificado na Figura 12. Figura 12 – Espectro de energia de uma amostra apontando fotopico característico do Césio-137 (5). Para o Césio-137, a cada 11018,3 dias (aproximadamente 30,0 anos) metade de quantidade inicial sofre decaimento radiativo (37) como assistido na Figura 13. Essa grandeza é chamada meia-vida e será definida na subseção 3.2.1. Figura 13 – Redução da quantidade inicial do Césio-137 devido ao decaimento radioativo no decorrer do tempo (2). Capítulo 3. Fundamentação Teórica 39 3.2 GRANDEZAS E UNIDADES PARA RADIAÇÃO IONIZANTE 3.2.1 GRANDEZAS DE RADIOATIVIDADE Grandezas de radioatividade são grandezas associadas às transformações que ocorrem em materiais radioativos (38). • Atividade (Activity): A É o quociente dN por dt, de uma quantidade de núcleos radioativos num estado de energia particular, onde dN é o valor esperado do número de transições nucleares espontâneas deste estado de energia no intervalo de tempo dt (Equação 3.4): A = dN dt (3.4) A unidade no SI1 para atividade é recíproca do segundo (s-1), especialmente denomi- nada becquerel (Bq) que representa uma desintegração por segundo. • Meia-vida (Half-life): T1/2 É o intervalo de tempo necessário para que o número inicial de núcleos radioativos de uma amostra, num determinado estado energético, se reduza à metade como resultado de um processo de decaimento radioativo. Como a atividade está diretamente relacionada à quantidade de átomos radioativos, a cada intervalo de tempo igual á meia-vida a atividade é reduzida à metade (25). A unidade no SI para meia-vida é segundo (s), contudo pode também ser expressa em unidades fora do SI: minuto (min), hora (h), dia (d) e ano (a), sendo: 1 min = 60 s, 1 h = 60 min, 1 d = 24 h, 1 a = 365,25 d. 3.2.2 GRANDEZAS DOSIMÉTRICAS Grandezas dosimétricas são produtos das grandezas radiométricas, que estão as- sociadas com o campo de radiação, e dos coeficientes de interação que caracterizam os processos de interação da radiação com a matéria (38). • Exposição (Exposure): X É o quociente dQ por dm, onde dQ é o valor absoluto da carga total de íons de um dado sinal produzidos em uma massa dm de ar, quando todos os elétrons (negativos 1 A unidade anterior, não do SI, o curie (Ci), equivale a 3,7×1010 Bq. O Curie foi originalmente definido como equivalente ao número de desintegrações pelas quais um grama de Rádio-226 sofrerá em um segundo. Capítulo 3. Fundamentação Teórica 40 e positivos) são liberados pelos fótons completamente freados no ar (Equação 3.5): X = dQdm (3.5) A unidade no SI para exposição é coulomb por kilograma (C/kg). • Dose absorvida (Absorbed dose): D É o quociente de dε por dm, onde dε é a energia média depositada pela radiação ionizante na matéria de massa dm num ponto de interesse (Equação 3.6). D = dε dm (3.6) A unidade no SI para dose absorvida é joule por kilograma (J/Kg), especialmente denominada de gray (Gy). • Kerma (Kerma): K O kerma (acrônimo para Kinect Energy Released per unit MAss) é o quociente dEtr por dm, onde dEtr é a soma de todas as energias cinéticas iniciais de todas as partículas carregadas liberadas por partículas neutras ou fótons, incidentes em um material de massa dm (Equação 3.7). O kerma também é medido no SI em gray (Gy). K = dEtr dm (3.7) • Kerma no ar (Air kerma): Ka É a grandeza fundamental no domínio de radioproteção na qual os padrões de radiação de fótons devem ser calibrados sem qualquer fantoma ou simulador presente, ou seja, livre no ar. O kerma no ar também é medido no SI em gray (Gy). A taxa de kerma no ar é a variação temporal desta grandeza (Equação 3.8) e é medida em gray por hora (Gy/h). K̇a = dKa dt (3.8) A medição da grandeza kerma no ar (taxa) pode ser realizada por determinação direta com uma câmara-padrão de ionização apropriada, calibrada em termos de kerma no ar (taxa) (33). A partir da grandeza kerma no ar podem-se determinar indiretamente todas as grandezas operacionais de uso corrente na proteção radiológica fazendo uso do coeficiente de conversão apropriado da grandeza relacionada (35). Capítulo 3. Fundamentação Teórica 41 3.2.3 GRANDEZAS DE RADIOPROTEÇÃO 3.2.3.1 GRANDEZAS LIMITANTES PARA RADIAÇÃO EXTERNA Grandezas limitantes de radioproteção são aquelas recomendadas pela ICRU (In- ternational Comission on Radiation Units and Measurements) pela ICRP (International Commission on Radiological Protection) utilizadas em normas para indicar o risco humano da exposição à radiação ionizante (38). • Fator de peso da radiação (Radiation weighting factor): wR É o fator de ponderação de cada radiação R que permite converter a dose absorvida DT,R no tecido T, em dose equivalente no tecido T, devido à radiação do tipo R (Equação 3.9). Esta grandezaé adimensional (8). HT,R = wR · DT,R (3.9) Para radiação gama com fótons de todas as energias, o fator de peso da radiação é igual à 1 (39). • Dose equivalente (Equivalent dose): H T É o valor médio da dose absorvida DT,R em um órgão ou tecido T, obtido sobre todo este, devido à radiação R (Equação 3.10) (8). HT = ∑ R (wR · DT,R) (3.10) A unidade no SI para dose equivalente é joule por kilograma (J/Kg), especialmente denominada de sievert (Sv) (7). • Dose efetiva (Effective dose): E É a soma ponderada das doses equivalentes em todos os tecidos e órgãos do corpo humano (Equação 3.11): E = ∑ T (wT · HT) (3.11) sendo wT o fator de peso do tecido T e H T a dose equivalente a ele atribuída (7). Este wT representa a contribuição relativa de determinado órgão ou tecido T para o detrimento da saúde total resultante da irradiação uniforme do corpo humano (dose efetiva para o corpo inteiro), tal que (Equação 3.12): ∑ T wT = 1 (3.12) A dose efetiva também é medida no SI em sievert (Sv) (39). Capítulo 3. Fundamentação Teórica 42 3.2.3.2 GRANDEZAS OPERACIONAIS DE RADIOPROTEÇÃO Grandezas operacionais de radioproteção são aquelas definidas para uso nas práticas de monitoração de área e monitoração individual para medidas de exposição à radiação externa. Foram definidas pela ICRU para estimar as grandezas limitantes de modo con- servativo. Portanto, a existência destas grandezas operacionais deve-se ao fato de que as grandezas limitantes não são mensuráveis ou de fácil estimativa.A unidade no SI para as grandezas operacionais de radioproteção também é o sievert (Sv) (38). Estas grandezas para monitoração externa utilizam o fator de qualidade de radiação [Q(L)]2 como fator de peso, em lugar dos fatores de peso de radiação (wR) (40). Os fatores de qualidade de radiação são dados em função do LET (Linear Energy Transfer). Para feixes aos quais estamos potencialmente expostos (raios X, gama e elétrons) o fator de qualidade da radiação Q(L) é igual à 1 (38) (7). • Equivalente de dose ambiente (Ambient dose equivalent): H *(d) É o valor do equivalente de dose em um ponto P de um campo de radiação que seria produzido pelo correspondente campo expandido e alinhado na esfera ICRU3 a uma profundidade d, no raio que se opõe ao campo alinhado como esboçado na Figura 14. Figura 14 – Representação de geometria utilizada para determinação do H *(d) em um ponto arbitrário P a uma profundidade d na esfera ICRU exposta a um campo de radiação expandido e alinhado (2). 2 O Q(L) foi substituído pelo wR na definição de dose equivalente, mas ainda é empregado no cálculo das grandezas operacionais definidas para monitoramentos (10) 3 Trata-se de uma esféra de 30 cm de diâmetro, tecido-equivalente e densidade de 1 g/cm3 como um simulador do tronco humano, baseado no fato de que quase todos os órgãos sensíveis à radiação, poderiam ser nela englobados. A sua composição química, em massa, é de 76,2 % de oxigênio, 11,1 % de carbono, 10,1 % de hidrogênio e 2,6 % de nitrogênio. Todos os valores utilizados como referência para as grandezas operacionais devem ter a esfera da ICRU como corpo de prova de medição. Isto significa que um valor obtido por medição nessa esfera deve ser considerado como sido medido no corpo humano (41). Capítulo 3. Fundamentação Teórica 43 A grandeza H*(d) pode ser obtida pelo produto da dose absorvida em um ponto pelo fator de qualidade da radiação (Equação 3.13), correspondente ao que seria produzido em uma esfera de tecido equivalente de 30 cm de diâmetro, na profundidade d (40). H∗(d) = Q(L) · D (na profundidade d) (3.13) Adota-se esta grandeza para monitoração de área para avaliação das condições de trabalho e verificar se há presença radioativa. Os resultados das medidas efetuadas com os monitores da área devem ser comparados com os limites primários ou derivados, a fim de se tomar ações para garantir a proteção necessária. (42). Para avaliação de órgãos superficiais e controle de dose equivalente expostos à radiação externa fracamente penetrante são utilizadas profundidades de 0,07 mm para a pele e 3 mm para o cristalino, simbolizadas por H *(0,07) e H *(3), respectivamente. Os valores obtidos podem ser usados para estimar a dose equivalente na pele e nas extremidades, nesta ordem (40). Para radiação externa fortemente penetrante (como a γ), é admitida a profundidade de 10 mm, H *(10), e o valor obtido pode ser usado como estimativa conservativa da dose efetiva (E) (40). A taxa de equivalente de dose ambiente é a variação temporal desta grandeza (Equação 3.14) e é medida em sievert por hora (Sv/h) (43). Ḣ*(10) = dH *(10) dt (3.14) De acordo com a ISO 4037-3 (35), o H *(10) é medido de forma indireta e calculado a partir do kerma no ar, K a, multiplicado pelo coeficiente de conversão recomendado de kerma no ar para equivalente de dose ambiente, h*K(10) (Equação 3.15). H*(10) = h*K(10) × Ka (3.15) Analogamente suas respectivas taxas relacionam-se com o mesmo comportamento, conforme exposto Equação 3.16. Ḣ*(10) = h*K(10) × K̇a (3.16) Para um feixe monoenergético de Césio-137 (661,7 keV) (9), o coeficiente de conversão h*K(10) é igual a 1,21 Sv/Gy (ver Anexo A) (35). • Equivalente de dose individual (Personal dose equivalent): Hp(d) Para avaliar a exposição ocupacional a grandeza adotada para monitoração individual definida é o equivalente de dose individual, H p(d), em tecido mole (geralmente Capítulo 3. Fundamentação Teórica 44 interpretado como a esfera ICRU) em uma profundidade apropriada d, abaixo de um ponto especificado sobre o corpo humano (43). Procura-se estimar a dose recebida pelo trabalhador durante as suas atividades envolvendo radiação ionizante. As doses equivalentes são determinadas pela utilização de um ou vários dosímetros que devem ser usados na posição que forneça uma medida representativa da exposição nas partes do corpo expostos à radiação (44) (45). A grandeza Hp(d) é pode ser obtida pelo produto da dose absorvida em um ponto, na profundidade d do corpo humano, pelo fator de qualidade da radiação nesse ponto (Equação 3.17) (40): Hp(d) = Q(L) · D (na profundidade d) (3.17) Para avaliação de órgãos superficiais e controle de dose equivalente expostos à radiação fracamente penetrante são utilizadas profundidades de 0,07 mm para a pele e 3 mm para o cristalino. Para a avaliação dos órgãos profundos ou radiações fortemente penetrantes (controle da dose efetiva), é escolhida a profundidade de 10 mm (46). Tais grandezas são simbolizadas por H p(0,07), H p(3) e H p(10), respectivamente. Os monitores de radiação devem ser calibrados em termos dessas grandezas operaci- onais, visto que estas são facilmente mensuráveis diferentemente das grandezas limitantes e dosimétricas (10). Na radioproteção, os valores dessas grandezas operacionais são tomados como uma avaliação suficientemente precisa da dose efetiva (limitante de dose no corpo inteiro), em particular se seus valores estiverem abaixo dos limites de proteção (8). Os vínculos numéricos entre essas grandezas operacionais e a dose efetiva são representados por coeficientes de conversão conservativos, definidos para uma pessoa de referência (35). Observa-se que quanto mais confiável for a medição dosimétrica das grandezas de radioproteção, melhor é a realização da estimativa de dose efetiva (43) (40). Deste modo, a busca por maior exatidão na dosimetria justifica-se pela consequente melhoria no processo de calibração dos monitores de radiação (42) (10). 3.3 CORREÇÃO PARA VARIAÇÃO DE TEMPERATURA E PRES- SÃO DO AR PARA CÂMARAS DE IONIZAÇÃO NÃO SELA- DAS Registra-se que, segundo a ABNT NBR ISO 4037-2, é necessário introduzir um fator de correção para temperatura ambiente e pressão atmosférica CT,p (adimensional) (33) entre as condições de ensaio e as condições de referência (33), conforme descrito na Equação 3.18: CT,p = p0 × (T + 293, 15) p × T0 (3.18) Capítulo 3. Fundamentação Teórica 45 onde p é a pressão atmosférica (em kPa) durante o ensaio (podendo variar de 86 kPa a 1106 kPa), T é a
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