Buscar

Projeto de segurança física em uma instalação nuclear Brasileira

Prévia do material em texto

MINISTÉRIO DA DEFESA 
EXÉRCITO BRASILEIRO 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA 
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA NUCLEAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PEDRO MACIEL RODRIGUES DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROJETO DE SEGURANÇA FÍSICA EM UMA INSTALAÇÃO NUCLEAR 
BRASILEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2019 
 
 
 
 
PEDRO MACIEL RODRIGUES DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROJETO DE SEGURANÇA FÍSICA EM UMA INSTALAÇÃO NUCLEAR 
BRASILEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de 
Pós-Graduação em Engenharia Nuclear do Instituto 
Militar de Engenharia, como requisito parcial para a 
obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia 
Nuclear. 
 
Orientadores: Ten. Cel. João Claudio Batista Fiel – D. Sc. 
 Maj. Gladson Silva Fontes – D.Sc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2019 
 
 
 
 
©2019 
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA 
Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha 
Rio de Janeiro – RJ CEP: 22290-270 
 
 
Este exemplar é de propriedade do Instituto Militar de Engenharia, que poderá incluí-
lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar qualquer 
forma de arquivamento. 
 
É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre bibliotecas 
deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que esteja ou venha 
a ser fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações, desde que sem 
finalidade comercial e que seja feita a referência bibliográfica completa. 
 
Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do(s) autor(es) e 
do(s) orientador(es). 
 
 
 
 
 
Santos, Pedro Maciel Rodrigues dos 
 Projeto de segurança física em uma instalação nuclear 
brasileira/ Pedro Maciel Rodrigues dos Santos. Rio de Janeiro, 
2019. 
 
196 f.: 
 
Orientadores: João Claudio Batista Fiel; Gladson Silva Fontes. 
 
Dissertação (Mestrado) – Instituto Militar de Engenharia, 
Engenharia Nuclear, 2019. 
 
 
1. Segurança Nuclear. 2. Proteção Física. 3. Segurança da 
Informação. 4. Reatores Nucleares. 5. SMR. I. Fiel, João 
Claudio Batista, orient. II. Fontes, Gladson Silva, orient. III. 
Título. 
 
 
 
 
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA 
 
PEDRO MACIEL RODRIGUES DOS SANTOS 
 
PROJETO DE SEGURANÇA FÍSICA EM UMA INSTALAÇÃO 
NUCLEAR BRASILEIRA 
 
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em 
Engenharia Nuclear do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para 
obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia Nuclear. 
 
Orientadores: Ten. Cel. João Claudio Batista Fiel – D. Sc. 
 Maj. Gladson Silva Fontes – D. Sc. 
 
Apresentada em 06 de maio de 2019 à seguinte Banca Examinadora: 
 
 
 
Ten. Cel. Profo. João Claudio Batista Fiel – D. Sc. do IME – Presidente 
 
 
 
Maj. Profo. Gladson Silva Fontes – D. Sc. do IME – Orientador 
 
 
 
Cel. R/1 Profo. Ronaldo Glicério Cabral – Ph. D. do IME 
 
 
 
Profo. Sergio Gavazza – Ph. D. do IME 
 
 
 
Maj. Profo. Marcos Paulo Cavaliere de Medeiros – D. Sc. do IME 
 
 
 
Cristiane de Queiroz Oliveira – D. Sc. da CNEN 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À minha família, aos bravos cientistas e entusiastas 
que lutaram e desenvolveram este tema, apesar das 
dificuldades. 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A Deus, que me guiou até aqui sem deixar retroceder ou vacilar. 
Aos meus pais Conceição e Wagner, que trabalharam incansavelmente para me 
dar suporte a fim de que eu pudesse chegar até aqui. Também à minha família pelo 
apoio e por acreditarem em mim. Ao João, Lucia, Arthur e Vivica, que foram 
fundamentais como alicerce familiar na minha jornada. 
Ao Exército Brasileiro, ao Instituto Militar de Engenharia e à Seção de Engenharia 
Nuclear pela oportunidade, pelo conhecimento e pela confiança ofertadas. 
Ao Professor Ten. Cel. Fiel por ter acreditado no meu potencial de realizar este 
trabalho e por sua ajuda nos momentos mais críticos, pelas inúmeras sugestões que, 
sem sombra de dúvida, contribuíram para meu crescimento profissional. 
Ao Professor Maj. Fontes, pelas sugestões que ajudaram a calcar este trabalho. 
Ao Sr. Renato Alves Tavares, da Comissão Nacional de Energia Nuclear, por 
compartilhar comigo sua experiência, fornecendo valiosos ensinamentos e 
contribuições a este trabalho que permitiram o engrandecimento do mesmo. 
Ao corpo docente da SE/7, em especial, aos meus professores Dr. Rex Nazaré 
Alves, Cel. R/1 Cláudio Luiz de Oliveira, Dr. Domingos D’Oliveira Cardoso , Cel. R/1 
Rudnei Karam Morales, Cel. R/1 Sérgio Gavazza e Dr. Sérgio de Oliveira Vellozo por 
todas as lições que ensinaram dentro e fora da sala de aula. Ao Ten. R/1 De Andrade, 
Viviane Sant’Anna e toda a equipe da SE/7, pelos inúmeros auxílios durante a jornada 
deste Mestrado. 
Aos amigos Lucas Santana, Pedro Hatherly, Marianna Maciel, Karenina 
Amarante, João Ricardo Peixoto, André Alves e Kevin Tate, cuja amizade e paciência 
durante esta jornada me permitiram chegar até aqui e realizar este sonho. Aos amigos 
do Mestrado, em especial ao Eduardo, Paulo, Isis e Viviane, que me deram o prazer 
de sua convivência nos momentos bons e nos percalços vividos na duração do curso. 
E aos amigos da Escola de Química e do Curso InVest, que me incentivaram a iniciar 
este Mestrado e à direção da Escola de Química, em especial o Prof. Dr. Eduardo 
Mach Queiroz, estendo meus agradecimentos. 
À todos, minha sincera gratidão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Pois nada vive na Terra que seja tão vil que não 
tenha algum bem em especial para lhe doar; 
e nada é tão bom que não possa ser mal-empregado 
e, contrário à sua própria origem, chegar às raias do 
abuso.” 
 
Willliam Shakespeare 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
O presente estudo descreve a análise de um projeto de Segurança Física Nuclear 
onde constam as três áreas: proteção física, segurança da informação e contabilidade 
e controle de material nuclear. A referida análise foi feita através de uma abordagem 
por desempenho, utilizando-se parâmetros probabilísticos de ameaça, dos 
equipamentos, dos sistemas e das forças de resposta empregadas para prevenir, 
dissuadir e deter atos mal-intencionados contra a integridade de instalações e de 
materiais nucleares nelas contidos. A fim de manter a confidencialidade dos planos e 
sistemas existentes atualmente em instalações reais, foi modelada uma instalação 
fictícia, contemplando um reator avançado modular de pequeno porte do tipo PWR 
integral (iPWR). Hoje, no mundo, utiliza-se uma abordagem de Proteção Física que 
não se integra à Segurança Cibernética e nem à Contabilidade e Controle de Material 
Nuclear. A utilização da abordagem por desempenho viabilizou identificar 
vulnerabilidades do modelo em si, ante as interferências de cada uma das áreas da 
Segurança Física Nuclear. Por meio deste estudo, pode-se visualizar que a influência 
das demais áreas que compõem a Segurança Física precisa ser considerada para 
que um projeto deste escopo seja eficiente. 
 
Palavras-chave: Segurança Nuclear, Proteção Física, Segurança da Informação, 
Reatores Nucleares, SMR. 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
This study describes the analysis of a nuclear security project, which includes its three 
areas: physical protection, information security and nuclear material accounting and 
control. This analysis was done through a performance-based approach, that uses 
probabilistic parameters for threat, equipment, systems and also the response forces 
used to prevent, dissuade and deter malicious acts against the integrity of nuclear 
facilities and its materials contained therein. Once the plans and systems that currently 
exist in real facilities must remain confidential, a hypothetical facility was developed, 
contemplating a small modular reactor, an iPWR. Nowadays, the world uses an 
approach that covers only Physical Protection, which is notintegrated with cyber-
security and nuclear material accounting and control. The use of the performance-
based approach made it possible to identify vulnerabilities of the model itself, due to 
the interferences of each of the areas of Nuclear Security. From the results obtained 
by this study, it was possible to observe that the influence of the other areas of nuclear 
security needs to be considered, in order for a project to be efficient. 
 
Keywords: Nuclear Security, Physical Protection, Information Security, Nuclear 
Reactors, SMR. 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Figura 2.1 - Tipos de adversários internos. ............................................................... 33 
Figura 2.2 - Componentes da Segurança Física Nuclear. ......................................... 35 
Figura 2.3 - Linha do Tempo de um Sistema de Proteção Física.............................. 48 
Figura 2.4 - Relação entre Salvaguardas e Segurança Física. ................................. 62 
Figura 3.1 - Visão geral do Processo DEPO ............................................................. 66 
Figura 3.2 - Etapas do Processo DEPO .................................................................... 67 
Figura 3.3 - Áreas de segurança em uma instalação nuclear. .................................. 70 
Figura 3.4 - Envolvimento do titular em relação às capacidades do adversário. ....... 74 
Figura 3.5 - Exemplo de caminho do adversário. ...................................................... 81 
Figura 3.6: Linha do Tempo de um Sistema de Proteção Física. .............................. 82 
Figura 3.7 - Sistema de Proteção Física não atua a tempo e o adversário completa 
sua missão. ............................................................................................................... 83 
Figura 3.8 - Limites característicos de Área de Balanço Material. ............................. 93 
Figura 3.9 - Inventários e fluxos conservativos em uma ABM. .................................. 94 
Figura 4.1 - SMR configurado como um iPWR. ......................................................... 98 
Figura 4.2 - Modelo hipotético de instalação, o complexo RAMPeM ...................... 100 
Figura 4.3 - Vista superior dos prédios do complexo RAMPeM .............................. 101 
Figura 4.4 - Vista superior do prédio do reator do complexo RAMPeM .................. 102 
Figura 4.5 - Vista lateral das Salas de Guarda e Entrada da Sala de Controle ....... 103 
Figura 4.6 - Áreas vitais do complexo RAMPeM ..................................................... 106 
Figura 4.7 - Áreas de Segurança do Complexo RAMPeM ...................................... 107 
Figura 4.8 - Sensores de Infravermelho na Área Protegida do Complexo RAMPeM
 ................................................................................................................................ 111 
Figura 4.9 - Vigilância humana na Área Vigiada da instalação ............................... 113 
Figura 4.10 - Sistema de CFTV para a Área Protegida da Instalação ..................... 114 
Figura 4.11 - Iluminação da Área Protegida da Instalação ...................................... 114 
Figura 4.12 - Sistema de CFTV para o Prédio de Serviços do RAMPeM ............... 115 
Figura 4.13 - Sistema de CFTV para o Prédio da Turbina do RAMPeM ................. 115 
Figura 4.14 - Sistema de CFTV para o Prédio do Reator do RAMPeM .................. 116 
Figura 4.15 - Controle de acesso ao complexo RAMPeM ....................................... 117 
Figura 4.16 - Cerca de Áreas de Segurança. .......................................................... 119 
 
 
 
 
Figura 4.17 - Cerca dupla separando as Áreas Vigiada e Protegida ....................... 119 
Figura 4.18 - DSA para ataque de sabotagem na Sala de Controle ....................... 124 
Figura 4.19 - Probabilidades de Interrupção para todos os caminhos .................... 126 
Figura 4.20 - Nova localização da Estação Secundária de Alarmes ....................... 127 
Figura 4.21 - Probabilidades de Interrupção após a primeira melhoria ................... 129 
Figura 4.22 - Diagrama de Sequência do Adversário após as quatro melhorias..... 131 
Figura 4.23 - Probabilidades de Interrupção após quatro melhorias ....................... 132 
Figura 5.1 - Impacto do apagamento do sistema de CFTV no DSA ........................ 138 
Figura 5.2 - Probabilidades de Interrupção após o primeiro ataque ........................ 139 
Figura 5.3 - Diagrama de Sequência do Adversário para o segundo ataque .......... 141 
Figura 5.4 - Probabilidades de Interrupção após o segundo ataque ....................... 142 
Figura 5.5 - Diagrama de Sequência do Adversário depois do terceiro ataque ...... 143 
Figura 5.6 - Probabilidades de Interrupção após o terceiro ataque ......................... 144 
Figura 5.7 - Diagrama de Sequência do Adversário após instalação de sensor 
complementar .......................................................................................................... 146 
Figura 5.8 - Probabilidades de Interrupção após instalação de sensor complementar
 ................................................................................................................................ 147 
Figura 5.9 - Diagrama de Sequência do Adversário após o quarto ataque ............. 149 
Figura 5.10 - Probabilidades de Interrupção após o quarto ataque ......................... 150 
Figura 5.11 - Diagrama de Sequência do Adversário após o quinto ataque ........... 152 
Figura 5.12 - Probabilidades de Interrupção após o quinto ataque ......................... 153 
Figura 6.1 - Áreas de Balanço Material do Complexo RAMPeM ............................. 155 
Figura 6.2 - Organização Interna do Laboratório de Análise de Material Físsil ....... 156 
Figura 6.3 - Porta giratória bancária. Fonte: www.jr.jor.br ....................................... 157 
Figura 6.4 - Sistema de CFTV do Laboratório de Análise de Material Físsil ........... 158 
Figura 6.5 - Armário de Estocagem de Material Físsil ............................................. 159 
Figura 6.6 - Sistema de Alarme de Remoção de Material Físsil.............................. 159 
Figura 6.7 - Diagrama de Sequência de Adversário Interno.................................... 161 
Figura 6.8 - Diagrama de Sequência de Adversário após o sexto ataque .............. 162 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 3.1 - Níveis da característica de Intensidade. ................................................ 87 
Tabela 3.2 - Níveis da característica de Discrição. ................................................... 88 
Tabela 3.3 - Níveis da característica de Tempo. ....................................................... 88 
Tabela 3.4 - Níveis da característica de Organização. .............................................. 89 
Tabela 3.5 - Níveis da característica de Conhecimento Cibernético. ........................ 89 
Tabela 3.6 - Níveis da característica de Conhecimento em Segurança Física. ........ 90 
Tabela 3.7 - Níveis da característica de Acesso. ...................................................... 90 
Tabela 3.8 - Matriz Genérica de Ameaças Cibernéticas. .......................................... 91 
Tabela 3.9 - Sistemas Cibernéticos típicos de Instalações Nucleares e seus Níveis de 
Segurança Associados. ............................................................................................. 92 
Tabela 4.1 - Identificação de áreas vitais do RAMPeM ........................................... 105 
Tabela 4.2 - Ameaça Base de projeto fictícia para a instalação RAMPeM ............. 110 
Tabela 4.3 - Descrição das Forças de Segurança .................................................. 121 
Tabela 4.4 - Parâmetros de desempenho da força de resposta ............................. 122 
Tabela 4.5 - Pontos Críticos de Detecção para os dezoito caminhos ..................... 125 
Tabela4.6 - Parâmetros de desempenho da força de resposta após a primeira 
melhoria .................................................................................................................. 128 
Tabela 4.7 - PCD após a primeira melhoria ............................................................ 128 
Tabela 4.8 - Melhorias propostas para o SisPF ...................................................... 130 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS 
 
ABREVIATURAS 
 
AP - Área Protegida 
AVt - Área Vital 
AVg - Área Vigiada 
CCMN - Contabilidade e Controle de Material Nuclear 
no - Número 
RAMPeM - Reator Avançado Modular de Pequeno porte de Morobi 
SisCCMN - Sistema de Contabilidade e Controle de Material Nuclear 
 
SÍMBOLOS 
 
[ax, bx, cx] - caminho de um adversário, percorrendo os elementos ax, bx e cx 
s - segundo 
cm - centímetros 
h - hora 
mm - milímetros 
min - minuto 
m - metro 
kg - quilograma 
C - Consequência radiológica de um ataque 
PA - Probabilidade de ataque 
PS - Probabilidade condicional de ataque bem-sucedido, dada a 
tentativa 
PD - Probabilidade de detecção 
PI - Probabilidade de interrupção 
PN - Probabilidade de neutralização 
PE - Probabilidade de eficácia global 
R - Risco 
TD - Tempo de retardo 
TG - Tempo de resposta da força de segurança 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
ABP Ameaça-Base de Projeto 
ACR Alta consequência radiológica 
ADS Ativos Digitais Sensíveis 
AIEA Agência Internacional de Energia Atômica 
BM Balanço Material 
CFTV Circuito Fechado de Televisão 
CID Confidencialidade, Integridade e Disponibilidade 
CNEN Comissão Nacional de Energia Nuclear 
DEPO Design and Evaluation Process Outline 
DSA Diagrama de Sequência de Adversário 
ECA Estação Central de Alarmes 
EIOM Evento Iniciador de Origem Mal-intencionada 
ESA Estação Secundária de Alarmes 
GV Gerador de Vapor 
I&C Instrumentação e Controle 
IAEA International Atomic Energy Agency 
IAVt Identificação de Área Vital 
IND Artefato nuclear improvisado 
iPWR PWR do tipo integral 
ITDB Incident and Trafficking Database 
MBA Material Balance Area 
MNC Material Não Contabilizado 
NMAC Nuclear Material Accounting and Control 
 
 
 
 
NRC Comissão Regulatória Nuclear dos Estados Unidos da América 
NSS Nuclear Security Series 
P&D Pesquisa e Desenvolvimento 
PCD Ponto Crítico de Detecção 
PWR Reator a Água Pressurizada 
RDD Artefato de dispersão radiológica 
RED Artefato de exposição à radiação 
SisPF Sistema de Proteção Física 
SMR Reator modular avançado de pequeno porte 
SNL Sandia National Laboratories 
TI Tecnologia da Informação 
TIF Tomada de Inventário Físico 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 20 
1.1 Panorama Atual ................................................................................................. 20 
1.2 Objetivos ........................................................................................................... 22 
1.3 Metodologia ....................................................................................................... 23 
1.4 Justificativa ........................................................................................................ 23 
1.5 Organização do Trabalho ................................................................................. 23 
 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 25 
2.1 Estrutura da Segurança Física Nuclear ........................................................... 26 
2.1.1 Cooperação Institucional .................................................................................. 26 
2.1.2 Área Regulatória .............................................................................................. 27 
2.1.3 Área Não-Regulatória ....................................................................................... 28 
2.2 Área Não-Regulatória ........................................................................................ 29 
2.2.1 Eventos de Segurança Física Nuclear ............................................................. 29 
2.2.1.1 Ameaças ...... ................................................................................................ 30 
2.2.1.1.1 Adversários Internos................................................................................... 32 
2.2.1.2 Táticas ......... ................................................................................................. 33 
2.2.1.3 Alvos ............ ................................................................................................. 34 
2.2.2 Atribuições da Segurança Física Nuclear ......................................................... 34 
2.2.2.1 Prevenção ..... ............................................................................................... 36 
2.2.2.2 Detecção ...... ................................................................................................ 36 
2.2.2.3 Resposta ...... ................................................................................................ 36 
2.3 Área Regulatória da Segurança Nuclear ......................................................... 37 
2.3.1 Regime de Segurança Física Nuclear .............................................................. 37 
2.3.2 Segurança Física de Transportes .................................................................... 40 
2.3.2.1 Princípios Básicos e Fundamentos ............................................................... 40 
2.3.3 Proteção Física ................................................................................................ 41 
2.3.3.1 Projeto de um Sistema de Proteção Física ................................................... 42 
2.3.3.2 Características Necessárias a um Sistema de Proteção Física .................... 43 
2.3.3.3 Risco em Segurança Nuclear ........................................................................ 43 
2.3.3.4 Funções de um Sistema de Proteção Física ................................................. 46 
 
 
 
 
2.3.3.4.1 Detecção ......... .......................................................................................... 46 
2.3.3.4.2 Retardo ............ .......................................................................................... 47 
2.3.3.4.3 Resposta ......... .......................................................................................... 47 
2.3.3.5 Linha do Tempo de um Sistema de Proteção Física ..................................... 48 
2.3.4 Segurança da Informação e Segurança Cibernética ........................................ 49 
2.3.4.1 Segurança Computacional e Segurança da Informação ............................... 51 
2.3.4.2 Plano de Segurança Computacional ............................................................. 52 
2.3.4.3 Ataques Cibernéticos .................................................................................... 54 
2.3.4.4 Ameaças Cibernéticas ................................................................................... 56 
2.3.4.5 Alvos Cibernéticos Potenciais ....................................................................... 57 
2.3.5 Controle e Contabilidade de Material Nuclear .................................................. 59 
2.3.5.1 Objetivos Primários da Contabilidade e Controle de Material Nuclear .......... 60 
2.3.5.2 Funções da Contabilidade e Controle de Material Nuclear em Salvaguardas e 
na Segurança Física ................................................................................................. 61 
2.3.5.3 Elementos da Contabilidade e Controle de Material Nuclear ........................ 62 
 
3 METODOLOGIA DO TRABALHO .........................................................................65 
3.1 Introdução .......................................................................................................... 65 
3.2 Projeto de Sistema de Proteção Física para uma Instalação Nuclear .......... 65 
3.2.1 Processo DEPO ............................................................................................... 66 
3.2.2 Definição de Requisitos .................................................................................... 68 
3.2.2.1 Caracterização da Instalação ........................................................................ 68 
3.2.2.2 Identificação de Alvos.................................................................................... 69 
3.2.2.2.1 Identificação de Áreas Vitais ...................................................................... 71 
3.2.2.2.1.1 Eventos Iniciadores ................................................................................. 72 
3.2.2.3 Definição de Ameaças ................................................................................... 73 
3.2.2.3.1 Ameaça Base de Projeto (ABP) ................................................................. 73 
3.2.2.3.1.1 ABP Aérea ......... ..................................................................................... 74 
3.2.3 Projeto do Sistema de Proteção Física ............................................................ 75 
3.2.3.1 Detecção ...... ................................................................................................ 75 
3.2.3.1.1 Sistemas de Controle de Acesso ............................................................... 75 
3.2.3.1.2 Sistemas de Alarme e Certificação de Intrusão .......................................... 76 
3.2.3.1.3 Exibição, Avaliação e Comunicação de Alarmes ....................................... 76 
 
 
 
 
3.2.3.2 Retardo ........ ................................................................................................. 78 
3.2.3.2.1 Elementos e Barreiras Físicas .................................................................... 78 
3.2.3.3 Resposta ...... ................................................................................................ 78 
3.2.3.3.1 Elementos da Força de Resposta .............................................................. 78 
3.2.3.3.2 Planejamento de Contingências ................................................................. 79 
3.2.4 Avaliação do Sistema de Proteção Física ........................................................ 80 
3.2.4.1 Diagrama de Sequência do Adversário ......................................................... 80 
3.2.4.2 Análise de Caminhos ..................................................................................... 81 
3.2.4.2.1 Ponto Crítico de Detecção (PCD) ............................................................... 83 
3.2.4.3 Análise de Neutralização ............................................................................... 85 
3.2.4.4 Análise de Cenários ...................................................................................... 85 
3.3 Projeto de Sistema de Segurança Computacional e Segurança da 
Informação para uma Instalação Nuclear ............................................................. 86 
3.3.1 Estratégia de Proteção do Sistema Cibernético ............................................... 91 
3.4 Projeto de Sistema de Contabilidade e Controle de Material Nuclear para 
uma Instalação Nuclear .......................................................................................... 93 
 
4 PROJETO DE SISTEMA DE PROTEÇÃO FÍSICA PARA UMA INSTALAÇÃO 
NUCLEAR ................................................................................................................ 95 
4.1 Introdução .......................................................................................................... 95 
4.2 Caracterização da Instalação ........................................................................... 95 
4.2.1 Reator Avançado de Pequeno Porte de Morobi (RAMPeM) ............................ 96 
4.2.1.1 Objetivo e Localização da Instalação ............................................................ 96 
4.2.1.2 Condições Ambientais ................................................................................... 96 
4.2.1.2.1 Topografia ...... ........................................................................................... 96 
4.2.1.2.2 Vegetação e Vida Selvagem ...................................................................... 96 
4.2.1.2.3 Barulho de Fundo ....................................................................................... 96 
4.2.1.2.4 Clima e Tempo ........................................................................................... 97 
4.2.2 Descrição Geral do Reator e da Segurança Tecnológica................................. 97 
4.2.2.1 Reatores Modulares de Pequeno Porte ........................................................ 97 
4.2.2.2 Reator Avançado Modular de Pequeno Porte de Morobi .............................. 98 
4.2.2.3 Complexo RAMPeM ...................................................................................... 99 
4.3 Identificação de Alvos..................................................................................... 104 
 
 
 
 
4.3.1 Identificação de Áreas Vitais .......................................................................... 104 
4.3.1.1 Cenário de Ataque Direto ............................................................................ 104 
4.3.1.2 Cenários de Ataque Indireto ........................................................................ 104 
4.3.2 Áreas de Segurança ....................................................................................... 107 
4.4 Definição de Ameaças .................................................................................... 108 
4.4.1 Ameaça-Base de Projeto Hipotética ............................................................... 109 
4.5 Sistemas de Detecção de Intrusão ................................................................ 110 
4.5.1 Sensores Internos, Externos e de Posição ..................................................... 110 
4.5.2 Avaliação de Alarmes ..................................................................................... 112 
4.5.3 Comunicação e Visualização de Alarmes ...................................................... 116 
4.5.4 Controle de Acesso ........................................................................................ 116 
4.6 Elementos de Retardo..................................................................................... 118 
4.7 Elementos de Resposta .................................................................................. 120 
4.8 Avaliação do Sistema de Proteção Física ..................................................... 122 
4.8.1 Diagrama de Sequência do Adversário .......................................................... 122 
4.8.2 Análise de Múltiplos Caminhos e de Neutralização ........................................ 125 
 
5 PROJETO DE SISTEMA DE SEGURANÇA CIBERNÉTICA EM UMA 
INSTALAÇÃO NUCLEAR ...................................................................................... 133 
5.1 Introdução ........................................................................................................ 133 
5.2 Caracterização dos Sistemas Cibernéticos .................................................. 134 
5.3 Definição de Ameaças .................................................................................... 135 
5.4 Identificação de Alvos..................................................................................... 136 
5.5 Análise de Cenários ........................................................................................ 136 
5.5.1 Primeiro Ataque Cibernético ........................................................................... 137 
5.5.2 Segundo AtaqueCibernético .......................................................................... 139 
5.5.3 Terceiro Ataque Cibernético ........................................................................... 142 
5.5.4 Implantação de Sensores Complementares ................................................... 145 
5.5.5 Quarto Ataque Cibernético ............................................................................. 148 
5.5.6 Quinto Ataque Cibernético ............................................................................. 150 
 
6 PROJETO DE SISTEMA DE CONTABILIDADE E CONTROLE DE MATERIAL 
EM UMA INSTALAÇÃO NUCLEAR ....................................................................... 154 
 
 
 
 
6.1 Introdução ........................................................................................................ 154 
6.2 Caracterização da Instalação ......................................................................... 155 
6.3 Análise de Caminho ........................................................................................ 160 
6.4 Análise de Cenário .......................................................................................... 161 
6.4.1 Sexto Ataque Cibernético ............................................................................... 161 
 
7 ANÁLISES, CONCLUSÕES E SUGESTÕES ..................................................... 164 
7.1 Análises e Conclusões ................................................................................... 164 
7.2 Sugestões ........................................................................................................ 165 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 167 
 
APÊNDICES ........................................................................................................... 170 
 
ANEXOS .. .............................................................................................................. 180 
ANEXO A - CATEGORIZAÇÃO DE MATERIAL NUCLEAR ................................. 180 
ANEXO B - DADOS DE PROBABILIDADES DE DETECÇÃO .............................. 182 
ANEXO C - DADOS DE RETARDO DE COMPONENTES .................................... 185 
ANEXO D - DADOS DE NEUTRALIZAÇÃO .......................................................... 196 
 
 
 
20 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
1.1 Panorama Atual 
 
Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a Segurança 
Nuclear tem suas bases afixadas em três áreas principais: a área específica para 
materiais radioativos e nucleares de atividades e instalações (Área Regulatória), a 
área específica para materiais radioativos e nucleares fora de controle regulatório 
(Área Não-Regulatória) e as áreas comuns de segurança nuclear (Cooperação 
Institucional). Apesar de sua complexidade, atualizações constantes são necessárias 
para adaptação ao cenário global, local e atual. Isso envolve pessoas, padrões e 
procedimentos, além de exigir estudo e elaboração de planos e/ou projetos de 
adaptação na comunidade local – e nas localidades no entorno desta –, a fim de 
melhor posicionar as capacidades de segurança nas ações de resposta. 
O marco definitivo para a mudança dos paradigmas de segurança foram os 
eventos de 11 de setembro de 2001, em Nova Iorque. Esta data alavancou uma rápida 
e dramática reavaliação dos riscos de terrorismo em todas as suas formas – inclusive 
o terrorismo político –, onde materiais nucleares e radiológicos, bem como a 
segurança de instalações e sistemas cibernéticos estão inclusos. Para o ramo nuclear 
tornou-se óbvio que o reforço na segurança nuclear é vital e, logo, não deve esperar 
até que haja um evento que seja considerado um “divisor de águas”, para que sejam 
realizadas melhorias, ressaltando-se o alto custo de colocar vidas em risco 
(ELBARADEI, 2005). 
Tal como em outros países, a segurança nuclear foi implementada no Brasil em 
consonância com as diretrizes e padrões da AIEA, de acordo com a realidade social 
do nosso país e de acordo com os critérios estabelecidos pelas regras da Comissão 
Nacional de Energia Nuclear (CNEN), órgão regulador brasileiro. 
Apesar de não ter histórico de ataques terroristas e não ser um alvo potencial do 
terrorismo extremista, o Brasil vem se preparando e avançando no conhecimento dos 
procedimentos de prevenção e resposta nos últimos anos. 
Nosso país, com dimensões continentais, exige grandes esforços em relação à 
sua segurança. Seu crescente destaque internacional, especialmente por ter sediado 
21 
 
 
 
grandes eventos – como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 –
, tornou ainda mais evidente a importância do trabalho cooperativo com órgãos 
nacionais e internacionais, confrontando e adaptando-se à realidade da sociedade em 
que vivemos. Este trabalho apresenta um estudo sobre a implementação do 
conhecimento da segurança nuclear na realidade brasileira, desenvolvendo e 
compartilhando a promoção da educação em segurança nuclear, alinhada às 
diretrizes e orientações da AIEA. 
O risco de que materiais nucleares ou radioativos possam ser usados em atos 
criminosos - ou intencionais não-autorizados - continua a ser considerado uma 
ameaça para a segurança internacional. A crescente capacidade intelectual de 
agentes criminosos no tocante à ataques cibernéticos reafirma a necessidade de um 
investimento contínuo e imediato em segurança. Para tanto, reconhece-se que a 
responsabilidade pela segurança nuclear depende inteiramente de cada Estado, 
adicionado à consulta a AIEA e, principalmente, o trabalho integrado dos participantes 
situados no entorno destes Estados. Logo, são necessários sistemas efetivos e 
adequados para tal. Tais mecanismos são fundamentais para viabilizar o uso pacífico 
da energia nuclear e fortalecer os esforços globais para combater o terrorismo nuclear. 
(IAEA, 2013) 
Entre o ano de 1993 e 2016, a ITDB – base de dados de tráfico ilícito da AIEA – 
registrou em torno de 3068 incidentes confirmados envolvendo material nuclear e 
radioativo, relatados pelas nações participantes. Destes incidentes confirmados, 270 
incidentes pertencem ao chamado Grupo I, onde há informações suficientes para 
determinar se estes estão relacionados a tráfico ou uso mal-intencionado. Deste total, 
temos ainda 904 incidentes nos quais não há o suficiente para determinar a intenção 
(Grupo II) e 1894 que não estão relacionados a tráfico ou uso mal-intencionado (Grupo 
III). Observando-se somente o ano de 2016, 34 Estados relataram ao ITDB um total 
de 189 incidentes, relativos aos três grupos. Tais dados são suficientes para concluir 
que este tráfico continua a ocorrer (IAEA, 2016). 
Apesar da maior parte dos incidentes de tráfico serem de material nuclear e a 
maior parte dos materiais radioativos envolvidos exigirem preocupação limitada, o 
número destes eventos é alarmante. Desta forma, as medidas de controle e 
segurança nuclear e radiológica precisam ser constantemente melhoradas. Os 
22 
 
 
 
posteriores ataques terroristas, principalmente na Espanha e França, fazem com que 
estas preocupações continuem na linha de frente. (ELBARADEI, 2005) 
No ano de 1997, após o surgimento das primeiras denúncias de tráfico ilícito de 
material nuclear e radioativo, a IAEA criou o Programa de Segurança de Material (em 
inglês, “Security of Material Programme”). (IAEA, 2013) 
Após os atentados de 11 de setembro, a Agência também criou o primeiro plano 
abrangente de ação contra o terrorismo nuclear, aprovado em março de 2002 (IAEA, 
2013). 
O laboratório estadunidense de Sandia – em inglês, Sandia National Laboratories 
(SNL) – executa atualmente para Sistemas de Proteção Física uma metodologia 
baseada na abordagem por desempenho, denominada DEPO – acrônimo em língua 
inglesa para Design and Evaluation Process Outline. Entretanto, o método utilizado 
pelo referido instituto não considerasegurança cibernética e nem contabilidade e 
controle de material nuclear. 
A necessidade de possuir abordagens eficazes e confiáveis para a segurança 
nuclear são essenciais não apenas para detecção e resposta ao tráfico ilícito. Estas 
abordagens são necessárias também no tocante à proteção de usinas nucleares, 
reatores de pesquisa, aceleradores de partículas e matrizes de materiais nucleares e 
radioativos. 
Com a globalização, houve uma drástica alteração no cenário de segurança, onde 
esta trouxe interdependência para a comunidade internacional, com movimentação 
constante de pessoas, conhecimento e bens de consumo. Diante deste cenário de 
comunicação e mercados globais, junto à escalada do terrorismo internacional, fica 
evidente que é preciso ajustar os entendimentos e abordagens de segurança 
nacionais e internacionais. (ELBARADEI, 2005) 
 
1.2 Objetivos 
 
O propósito deste trabalho é desenvolver um Projeto de Segurança Física Nuclear 
estudando a interferência intrínseca das áreas que a compõem em uma instalação 
nuclear hipotética brasileira, envolvendo eventos que abranjam as suas áreas e suas 
potencialidades – tais como sabotagem, roubo, dentre outros – alertando a sociedade 
23 
 
 
 
aos riscos e orientando-a às ações de prevenção e detecção para os diversos tipos 
de ameaças, seguindo as orientações disponibilizadas da AIEA. 
 
1.3 Metodologia 
 
Este trabalho visa aplicar a abordagem por desempenho estudando a influência 
das áreas englobadas pela Segurança Física Nuclear, a fim de construir estratégias e 
sistemas adequados à realidade brasileira, tendo em vista também as normas 
nacionais ditadas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), baseadas no 
que é estabelecido pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Para tal, 
foi criado um modelo de instalação nuclear hipotético com o intuito de preservar a 
confidencialidade dos planos de proteção física de instalações reais. 
 
1.4 Justificativa 
 
O Brasil por suas dimensões exige grandes desafios no tocante à sua segurança. 
Soma-se a isto o destaque internacional, especialmente por ter sediado grandes 
eventos, além de receber delegações de países que são alvos frequentes de ataques 
terroristas. 
Apesar de o Brasil não possuir histórico de eventos de segurança nuclear, o país 
tem assistido nos últimos anos a uma crescente escalada da crise na segurança 
pública, com destaque para o aumento do poderio do crime organizado. Outro ponto 
relevante é o fato de que todas as atividades relacionadas à área nuclear são de 
competência exclusiva da União (TAVARES, 2005). Desta forma, o estudo aqui 
desenvolvido pode prover medidas eficazes e flexíveis em termos de sistemas de 
segurança física, a fim de que estas melhorias propostas possam ser justificadas junto 
ao contribuinte brasileiro. 
 
1.5 Organização do Trabalho 
 
Neste trabalho, tanto a metodologia quanto os fundamentos apresentados 
apresentam como base os documentos produzidos pela Comissão Nacional de 
24 
 
 
 
Energia Nuclear (CNEN), a Agência Internacional de Energia Atômica e as 
orientações produzidas pela mesma. 
A estrutura do trabalho está descrita como se segue: 
1. Introdução do trabalho, estabelecendo um panorama atual, a motivação, os 
objetivos, justificativa, além do Estado da Arte, finalizando com a Organização do 
Trabalho; 
2. Fundamentação teórica do trabalho, com a descrição da definição e estrutura 
do tema Segurança Nuclear, assim como dos princípios e modalidades de ações 
dentro das três grandes áreas da Segurança Nuclear, as quais se dividem em 
regulatória, não-regulatória e cooperação entre instituições. Também realizou-se uma 
análise de tipos de eventos e potenciais ameaças, bem como os elementos requeridos 
por um Plano de Segurança Nuclear; 
3. Descrição da metodologia do trabalho, mostrando como foi feita a utilização do 
processo DEPO ao longo do trabalho, através da concepção de uma instalação 
hipotética, objeto de estudo deste trabalho; 
4. Exibe o Projeto de Proteção Física da Instalação Nuclear hipotética criada, 
detalhando as três macroetapas exigidas pelo processo DEPO: a definição de 
requisitos, o projeto conceitual do sistema de proteção física e a avaliação do sistema; 
5. Projeto de Segurança Cibernética e de Segurança da Informação, exibindo as 
vulnerabilidades do sistema de proteção física projetado para a instalação hipotética, 
diante de adversários com capacidades cibernéticas e propondo melhorias que 
possam tornar a proteção mais robusta; 
6. Projeto de Contabilidade e Controle de Material Nuclear, apresentando uma 
análise de cenários com um adversário interno com intenção de promover pequenos 
roubos sucessivos à instalação nuclear hipotética aqui modelada; 
7. Por fim, a exposição das conclusões obtidas no decorrer do trabalho, apontando 
desafios para a realização das etapas em instalações reais, bem como a proposição 
de trabalhos futuros relativos ao tema de Segurança Física Nuclear. 
 
 
25 
 
 
 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
 
A segurança nuclear compreende duas áreas, cuja diferenciação – em língua 
inglesa – é dada pelos termos “safety” e “security” (IAEA, 2016). Até o presente 
momento, ambas as áreas não possuem diferenciação quanto à nomenclatura em 
Língua Portuguesa sendo tratadas como “segurança nuclear” (CNEN, 2015). 
Convém ressaltar também que, de acordo com a Agência Internacional de Energia 
Atômica (AIEA), não há uma distinção exata entre os termos “safety” e “security”, onde 
a interação exata entre estas áreas depende do contexto (IAEA, 2016). 
O termo security vem do Latim “securus”, que quer dizer “isento de perigo” (FARIA, 
1962). De forma geral, a área de security está voltada para ações mal-intencionadas 
ou negligentes de seres humanos, onde estas podem causar danos ou ameaçar a 
outros seres humanos (IAEA, 2016). A security, portanto, é responsável pela 
prevenção, detecção e resposta aos ataques criminosos ou atos intencionais não-
autorizados que envolvam ou estejam direcionados a materiais nucleares e 
radiológicos, bem como instalações e atividades associadas. 
Por outro lado, o termo safety vem do Latim “salvus” e quer dizer “intacto” (FARIA, 
1962). A área de safety compreende a proteção das pessoas e do meio ambiente dos 
riscos das radiações ionizantes, bem como a segurança das instalações e atividades 
que originam tais riscos. Desta forma, a referida área compreende tanto os riscos da 
radiação em situações normais, como aqueles que são consequência de incidentes 
(IAEA, 2006). 
O escopo de safety é intrínseco às atividades nucleares e são utilizadas análises 
de segurança (ou risco) com viés probabilístico, com dados transparentes. Desta 
forma, esta refere-se às características que limitam a plausibilidade da ocorrência de 
danos, incidentes ou acidentes nucleares e radioativos, que podem levar a lesões 
corporais e/ou ambientais - incluindo as características que atenuam as 
consequências desses eventos potenciais. Em security englobam-se as ações mal-
intencionadas e com certo grau de confidencialidade, e utiliza-se o julgamento com 
base em ameaças. Tal área engloba os aspectos que impedem 
a posse não autorizada de instalações e materiais, nucleares e radioativos, bem como 
26 
 
 
 
qualquer atividade nuclear que não seja permitida, impedindo o seu controle ou que 
seu controle seja adquirido incorretamente (IAEA, 2016). 
As áreas de safety e security têm em comum o objetivo de proteger as pessoas, 
a sociedade, as propriedades (públicas e/ou privadas) e o meio ambiente. As medidas 
promovidas por ambas as áreas devem ser desenhadas e implementadas de forma 
integrada, no sentido de promover uma sinergia entre ambas as áreas (IAEA, 2013). 
A sinergia destas áreas pode ser observada quando da infraestrutura reguladora, 
as disposições de engenharia na concepção e construção de instalações nucleares, 
no controlede acesso a instalações nucleares e outras instalações, na categorização 
de fontes radioativas, dentre outros inúmeros exemplos (IAEA, 2016). 
Num primeiro momento, para fins de nomenclatura, seria possível traduzir “safety” 
como “segurança tecnológica” e “security” como “segurança física” e esta será a 
tradução adotada neste trabalho. 
 
2.1 Estrutura da Segurança Física Nuclear 
 
Conforme mencionado anteriormente, a segurança nuclear divide-se em três 
áreas: regulatória, não-regulatória e cooperação entre instituições. 
 
2.1.1 Cooperação Institucional 
 
No tocante à área de cooperação institucional, a AIEA divide-a em cinco grandes 
grupos, chamados de áreas comuns da segurança nuclear. A saber: 
 Avaliação de ameaças: as agências responsáveis devem avaliar informações 
de ameaças recebidas a fim de se tomar decisões em favor da segurança 
 Desenvolvimento e capacitação de recursos humanos: as agências 
responsáveis devem promover treinamentos especializados a fim de capacitar suas 
equipes para agir em caso de emergências 
 Assistência e cooperação internacional: os países devem estar unidos contra o 
terrorismo, de forma que a cooperação seja estabelecida sempre que necessário 
 Quadro legislativo e regulatório: leis bem definidas relacionadas a ataques 
terroristas e posse de materiais de cunho nuclear devem reger os países, de forma 
que as punições previstas sejam dignas das intenções e consequências do ato 
27 
 
 
 
 Segurança da Informação: qualquer informação relacionada a algum tipo de 
ação envolvendo material nuclear ou radioativo deve ser tratada por aqueles que 
entendem do assunto 
 
2.1.2 Área Regulatória 
 
Em relação à área regulatória, a AIEA divide-a em quatro grandes grupos, 
específicos para materiais nucleares e radiológicos e suas atividades associadas. São 
eles: 
 Controle regulatório: refere-se à qualquer forma de controle institucional sobre 
materiais nucleares e/ou radioativos, às instalações associadas ou atividades 
associadas por qualquer autoridade competente. Este controle deve estar em 
conformidade com o exigido pelas disposições legislativas e regulatórias relacionadas 
à segurança tecnológica, segurança física ou salvaguardas (IAEA, 2010). 
 Segurança de transporte: qualquer material de cunho nuclear ou radioativo 
deve possuir monitoramento especializado em sua transferência. 
 Segurança na operação de sistemas: deve ser assegurada confiabilidade de 
funcionamento a qualquer equipamento utilizado na operação de sistemas que 
envolvam materiais radioativos, incluindo a precisão dos seus resultados. 
 Proteção Física: 
o Instalações: deve ser proporcionado segurança a qualquer instalação 
que envolva material nuclear ou radioativo contra ameaças eventuais que possam 
colocar em risco ou inviabilizar o seu funcionamento. 
o Pessoal: é necessária a proteção por meio de equipamento 
especializado, além de se ter conhecimento das medidas a serem tomadas para 
prevenir ou minimizar efeitos de um eventual ataque 
o Planejamento para ações de cunho nuclear: um prévio planejamento da 
linha de ação caso um ataque nuclear ocorra se faz necessário, pois, caso 
contrário, dúvidas a respeito das tarefas de cada agência surgirão no momento. 
 
 
 
28 
 
 
 
2.1.3 Área Não-Regulatória 
 
Antes de nos debruçarmos sobre a estrutura, cabe aqui uma elucidação sobre 
alguns termos. 
O termo “fora do controle regulatório” é usado para descrever uma situação na 
qual os materiais nucleares e/ou radioativos estão presentes seja sem autorização 
apropriada, seja em quantidade suficiente, de tal forma que deveriam estar sobre 
controle regulatório, mas tal controle está ausente – ou por falha do controle 
regulatório ou porque este jamais existiu (IAEA, 2010). 
Neste mesmo escopo, existe ainda o termo “material fora do controle regulatório” 
que refere-se à ausência do controle direto sobre um material pelo titular que é – ou 
deveria ser – responsável pelo controle regulatório para tal material (IAEA, 2010). Aqui 
entende-se por “titular” (do inglês, “authorized person”, “licensee” ou “operator”) (IAEA, 
2012), o responsável legal pela instituição ou instalação para a qual a CNEN outorgue 
uma licença, autorização ou qualquer outro ato administrativo de natureza semelhante 
(CNEN, 2015). 
O material pode, portanto, ser designado como “fora do controle regulatório”, 
mesmo quando alguns aspectos do controle regulatório estão em vigor (IAEA, 2010). 
Em relação à área não-regulatória, a AIEA divide-a em quatro grandes grupos, 
específicos para materiais nucleares e radiológicos e suas atividades associadas. São 
eles: 
 Arquitetura de detecção: é necessário um planejamento para detecção de um 
material suspeito ou localização de material desaparecido 
 Arquitetura de resposta: é necessário um planejamento conjunto das agências 
para responder a um eventual ataque. 
 Gerenciamento da cena do crime: caso um ataque tenha ocorrido, o local deve 
ser gerenciado por agências especializadas. 
 Eventos de Grande Público: é necessária segurança reforçada em grandes 
eventos públicos, uma vez que a densidade de pessoas é alta 
 
 
 
29 
 
 
 
2.2 Área Não-Regulatória 
 
2.2.1 Eventos de Segurança Física Nuclear 
 
A Agência Internacional de Energia Atômica define que “eventos de segurança 
física nuclear” são todos os eventos que tenham implicações potenciais ou reais para 
a segurança física nuclear (IAEA, 2013). 
Tais eventos podem incluir quaisquer usos mal-intencionados de materiais 
nucleares e/ou radioativos, bem como suas instalações e equipamentos associados. 
Podemos listar alguns exemplos: 
 tomada ilegal – via roubo, furto, etc.; 
 tráfico; 
 venda ou transferência não-autorizada; 
 sabotagem de equipamentos, instalações ou de transporte; 
 ataque cibernético. 
Eventos de segurança física nuclear podem resultar no que a AIEA chama de 
“atos mal-intencionados”. As publicações da Agência Internacional de Energia 
Atômica (IAEA, 2011) descrevem estes como os atos ou tentativas deliberadas que 
visam: 
 remover material nuclear ou radioativo de controle autorizado – roubo, por 
exemplo; 
 ou um ato dirigido contra material nuclear ou radioativo – sabotagem, por 
exemplo. 
Estes atos visam colocar em risco os trabalhadores, o público e o meio ambiente 
por exposição à radiação ou liberação ou dispersão de material radioativo, ou mesmo 
para causar transtornos econômicos e sociais (IAEA, 2010). Como exemplos de atos 
mal-intencionados, podemos listar: 
 o roubo de um caminhão que transporta uma fonte de cobalto-60 para 
teleterapia, saindo de um hospital para uma instalação de gerenciamento de lixo 
radioativo; 
 um adversário que acesse um irradiador de bolsas de sangue numa unidade 
médica e utiliza explosivos convencionais para dispersar material radioativo; 
30 
 
 
 
 um hacker acessa plantas e manuais de equipamentos de uma usina nuclear, 
com o intuito de sabotar ou facilitar um ataque. 
Um dos riscos-chave no tocante à segurança física nuclear é a possibilidade que 
adversários utilizem materiais nucleares ou radioativos para a elaboração de artefatos 
que exponham pessoas à radiação, que dispersem material radioativo para o meio-
ambiente ou até mesmo criar uma explosão nuclear. Tais artefatos podem gerar 
consequências socioeconômicas, de saúde e ambientais relevantes. Eles são 
classificados como (IAEA, 2010): 
 artefatos de exposição à radiação (em inglês, RED, acrônimo para radiation 
exposure device): expõem o público intencionalmente à radiação; 
 artefatos de dispersão radiológica (em inglês, RDD, acrônimo para radiological 
dispersion device): espalham material radioativo utilizando explosivos convencionais 
ou outros meios – conhecidos como “bombas sujas’; 
 artefatos nucleares improvisados (em inglês, IND, acrônimo para improvised 
nuclear device): resultam na formação de umareação ou explosão nuclear. 
Eventos de segurança física podem ser descritos como cenários que se 
caracterizam por ameaças, táticas e alvos. 
 
2.2.1.1 Ameaças 
 
Uma ameaça à segurança física nuclear consiste em uma pessoa – ou grupo de 
pessoas – que possuam motivação, intenção e capacidade para cometer atos mal-
intencionados (IAEA, 2010). Comumente, chamamos as ameaças também de 
“adversários”. 
Caracterizar um adversário permite avaliar o comportamento dele no futuro. Para 
tanto, se faz necessário reunir um conjunto de informações sobre os adversários: 
motivação, intenção e capacidades (IAEA, 2016). Garcia (2008) acrescenta ainda que 
é necessário listar os objetivos – tendo como base os alvos potenciais – e as táticas 
dos adversários. Mais à frente discutiremos sobre as táticas e alvos. 
O termo “motivação” é usado para descrever o que leva um adversário a realizar 
ou tentar executar um ato mal-intencionado (IAEA, 2008). Como exemplo de tipos de 
motivação (IAEA, 2016), temos: 
 
31 
 
 
 
 financeira; 
 pessoal; 
 psicológica; 
 política; 
 ideológica; 
 coercitiva. 
Podemos dividir as intenções em (IAEA, 2016): 
 causar dano ao público ou indivíduo específico; 
 causar dano ao meio ambiente; 
 causar prejuízos à economia; 
 publicidade; 
 ganhos pessoais (em geral, financeiros); 
 perturbar a ordem política e/ou social. 
No tocante às capacidades do adversário, temos (IAEA, 2016): 
 recursos humanos; 
o habilidades técnicas – tais como conhecimentos de engenharia, uso de 
explosivos, experiências paramilitares, dentre outros; 
o habilidades cibernéticas – utilizando, por exemplo, computadores e 
sistemas automatizados para facilitar os ataques físicos; 
o conhecimento – alvos potenciais, planos e procedimentos da instalação, 
materiais nucleares e radiológicos com potencial para uso, dentre outros. 
 organizacionais; 
o tamanho do grupo – força de ataque, capacidade de coordenação e tipos 
de suporte; 
o táticas – para se evadir ou se evidenciar; 
o organização estrutural – cadeia de comando e/ou se age em células 
únicas ou múltiplas. 
 financeira; 
o fonte, quantidade e disponibilidade. 
 equipamentos; 
o armas – tipos, números, disponibilidade e improvisação; 
o ferramentas – mecânicas, térmicas, manuais, eletrônicas, dentre outras. 
 
32 
 
 
 
 acesso ao alvo. 
o transporte – público, privado, terrestre, marítimo, aéreo, quantidade, 
disponibilidade, dentre outros; 
o existência ou não de adversários internos; 
o estrutura de apoio – simpatizantes locais, organização de apoio e 
logística. 
Adversários são classificados (GARCIA, 2008) em três grandes grupos: 
 externos (do inglês, “outsiders”); 
 internos (do inglês, “insiders”); 
 externos em conluio com internos. 
Adversários externos podem incluir terroristas, criminosos comuns, extremistas ou 
hackers. Já os adversários internos são definidos como qualquer pessoa que tenha 
conhecimento das operações ou dos sistemas de segurança física e que tenha acesso 
livre à instalação ou às áreas de interesse. 
 
2.2.1.1.1 Adversários Internos 
 
De acordo com o Nuclear Security Series no 8 (IAEA, 2008), um adversário interno 
pode estar em qualquer posição em uma instalação: desde o funcionário de nível mais 
alto até o mais baixo. 
Por conseguinte, adversários internos representam uma grave ameaça a uma 
instalação, na medida em que estes podem explorar vantagens tais como: ter acesso 
autorizado, ter autoridade e/ou ter conhecimento suficiente para que seja possível 
para trair a confiança e contornar as medidas de segurança. 
Adversários internos possuem três características que o distinguem dos outros: 
 conhecimento do sistema, que pode ser usado para estar em vantagem; 
 acesso autorizado à instalação, aos materiais ou aos sistemas de proteção 
física, sem levantar qualquer suspeita de outros; 
 e oportunidade de escolher a melhor hora para cometer um ato malicioso. 
Um complicador na análise desse tipo de adversários, é o fato de que esta análise 
é específica da instalação em voga, devido à ampla gama de tipos de instalações a 
serem protegidas – por exemplo, reatores de pesquisa, usinas nucleares e outras 
instalações do ciclo de combustível nuclear. Garcia (2008) aponta uma série de 
33 
 
 
 
estudos que indicam que adversários internos são os responsáveis pela maior parte 
das brechas encontradas nos sistemas físicos e computacionais de segurança 
nuclear. 
Adversários internos podem ter motivações diferentes e podem ser classificados 
em passivos ou ativos, violentos ou não-violentos, conforme o diagrama exibido na 
figura 2.1 (IAEA, 2008). 
 
 
Figura 2.1 - Tipos de adversários internos. 
Adaptado de IAEA (2008). 
 
Os passivos são não-violentos e sua participação limita-se ao fornecimento de 
informações que possam auxiliar outros adversários a realizar ou tentar realizar um 
ato mal-intencionado (IAEA, 2008). 
Já os ativos estão dispostos não somente a fornecer informações, mas também 
realizar ações. Neste caso, estes podem ser violentos ou não-violentos (IAEA, 2008). 
Os adversários internos ativos não-violentos não estão dispostos a ser 
identificados ou arriscam a chance de envolver forças de resposta. Em geral, limitam 
suas atividades a adulteração da contabilidade e controle dos materiais, e também 
dos sistemas de segurança física e tecnológica. Já os adversários internos ativos 
violentos podem usar a força, independentemente disso aumentar suas chances de 
sucesso; eles podem agir racional ou irracionalmente (IAEA, 2008). Este último tipo 
de adversário é o mais difícil de se proteger, de acordo com Garcia (2008). 
 
2.2.1.2 Táticas 
 
Táticas são o conjunto de métodos utilizados pelo adversário para executar um 
evento, incluindo-se a descrição do alvo pretendido. Entre as táticas listadas pela 
Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA, 2016), podemos listar: 
 
34 
 
 
 
 identificar o alvo pretendido; 
 métodos para fabricação de artefatos, tais como RED, RDD e IND; 
 métodos para sabotagem; 
 utilização de adversários internos e de técnicas cibernéticas; 
 métodos para aquisição de material; 
 modalidades de transporte; 
 métodos para evadir e/ou burlar a segurança. 
 
2.2.1.3 Alvos 
 
A AIEA entende como alvos os materiais nucleares e radiológicos, instalações e 
atividades associadas, ou outros locais e objetos que tenham potencial para ser 
explorados pelo adversário – como por exemplo, eventos de grande público, locais 
estratégicos e informações confidenciais (IAEA, 2013). 
Garcia (2008) divide os alvos em dois tipos: 
 alvos primários: podem ser ativos físicos, dados eletrônicos, pessoas ou 
quaisquer coisas que possam causar impacto na operação; 
 alvos secundários: podem ser componentes da proteção física que possam ser 
atacados a fim de diminuir a efetividade do sistema, facilitando um ataque. 
 
2.2.2 Atribuições da Segurança Física Nuclear 
 
Descrições e análises abrangentes de potenciais eventos de segurança nuclear 
permitem projetar corretamente um conjunto de medidas de segurança (IAEA, 2016). 
A AIEA entende que “medidas de segurança física nuclear” são aquelas que visam 
prevenir que uma ameaça de segurança física nuclear se torne, concretamente, um 
ato criminoso ou intencional não-autorizado que envolva ou esteja dirigido a materiais 
nucleares ou radiológicos ou instalações e atividades associadas a estes. Ademais, 
tais medidas têm em seu escopo detectar e responder aos eventos de segurança 
física nuclear (IAEA, 2013). 
O conjunto integrado de medidas de segurança nuclear forma o que a AIEA chama 
de “sistema de segurança física nuclear”. Por fim, uma série de sistemas de segurança 
35 
 
 
 
nuclear sinergicamente interligados, formam o Regime de Segurança Nuclear (IAEA, 
2012). Este regime será discutido posteriormente, na seção 2.3.1. 
Os recursos da Segurança FísicaNuclear têm como objetivo combater atos mal-
intencionados. Tanto os sistemas, quanto as medidas de segurança física nuclear 
podem ser divididos em três componentes principais: prevenção, detecção e resposta, 
sendo estas as atribuições supracitadas. 
O diagrama na figura 2.2 ilustra a relação entre estes três componentes. 
 
 
Figura 2.2 - Componentes da Segurança Física Nuclear. 
Adaptado de IAEA (2016). 
 
 
 
36 
 
 
 
2.2.2.1 Prevenção 
 
As medidas de prevenção visam impedir o adversário de realizar uma tentativa ou 
cometer um ato mal-intencionado. Estas são implementadas para prover dissuasão e 
desestimular atos mal-intencionados. Elas podem incluir medidas de proteção física, 
segurança da informação, checagem de antecedentes de pessoal, marcos legais de 
governança para materiais nucleares e radiológicos – incluindo penalidades criminais 
– além de capacidades de detecção e resposta que sejam visíveis – publicamente ou 
não (IAEA, 2016). 
 
2.2.2.2 Detecção 
 
As medidas de detecção objetivam descobrir uma tentativa ou ato mal-
intencionado. No tocante a materiais sob controle regulatório, tais medidas têm como 
função descobrir tentativas não-autorizadas de acessar instalações nucleares ou 
radiológicas. Numa instalação, isto pode se fazer por meio da proteção física – através 
de sensores de invasão, sistema de vídeo-vigilância, contabilidade de material, dentre 
outros. Se o material deixa o controle regulatório por qualquer motivo – incluindo roubo 
ou perda –, as medidas de detecção são necessárias para localizar o material. Para 
materiais fora do controle regulatório, as medidas podem incluir, por exemplo, 
instrumentação de detecção e alertas médicos em casos de suspeita de doenças ou 
lesões causadas por radiação (IAEA, 2016). 
 
2.2.2.3 Resposta 
 
As medidas de resposta são aquelas projetadas para responder a casos de atos 
mal-intencionados. 
Aqui cabe uma observação: medidas de resposta não são o mesmo que medidas 
de retardo. Medidas de retardo – tais como barreiras físicas – são aquelas que 
impedem uma tentativa do adversário em obter acesso não-autorizado, remover ou 
sabotar instalações nucleares ou radiológicas (IAEA, 2016). 
37 
 
 
 
Logo, se um adversário obtém sucesso quando pratica um ato mal-intencionado, 
as medidas de resposta são usadas para executar as atividades listadas em planos 
de emergência. 
É fundamental reconhecer que as medidas de resposta para segurança física e 
segurança tecnológica diferem na medida em que possuem objetivos distintos (IAEA, 
2016). 
 
2.3 Área Regulatória da Segurança Nuclear 
 
2.3.1 Regime de Segurança Física Nuclear 
 
Dentro do território de uma nação, a responsabilidade pela Segurança Física 
Nuclear cabe inteiramente e somente ao Estado, que para isso, deve ter seu próprio 
Regime de Segurança Física Nuclear (em inglês, “nuclear security regime”), adequada 
à realidade do país. É importante reconhecer que uma segurança nuclear efetiva em 
um Estado depende também da eficácia do Regime de Segurança Nuclear em outros 
Estados (IAEA, 2013). 
Em linhas gerais, um Regime de Segurança Nuclear deve abranger (IAEA, 2013): 
 os dispositivos legais e regulatórios, bem como os sistemas administrativos e 
medidas governamentais para a segurança dos materiais nuclear e radiológico, e das 
instalações e atividades associadas; 
 as instituições e organizações do Estado responsáveis pela garantia da 
implementação dos dispositivos e sistemas mencionados; 
 os sistemas de segurança nuclear e as medidas de segurança nuclear para 
prevenção, detecção e resposta a eventos de segurança física nuclear. 
A AIEA, através da publicação Nuclear Security Series no 20 (NSS 20), estabelece 
12 (doze) elementos essenciais para o referido Regime, que devem ser 
implementados na medida em que sejam, na prática, razoáveis e possíveis sob a ótica 
da realidade de cada Estado. A implantação destes elementos, portanto, deve estar 
em acordo com a realidade de cada Estado. 
Os doze tópicos listados pela IAEA são os seguintes: 
 
 
38 
 
 
 
 Elemento essencial no 1: responsabilidade do Estado 
 Elemento essencial no 2: identificação e definição das responsabilidades na 
segurança nuclear 
 Elemento essencial no 3: dispositivos legislativos e regulatórias 
 Elemento essencial no 4: transporte internacional de materiais nucleares e 
radioativos 
 Elemento essencial no 5: infrações e penalidades, incluindo a criminalização 
 Elemento essencial no 6: cooperação internacional e assistência 
 Elemento essencial no 7: identificação e avaliação de ameaças à segurança 
nuclear 
 Elemento essencial no 8: identificação e avaliação de alvos e consequências 
em potencial 
 Elemento essencial noo 9: uso de abordagens baseadas em riscos 
 Elemento essencial no 10: detecção de eventos de segurança nuclear 
 Elemento essencial no 11: planejamento, preparação e resposta a um evento 
de segurança nuclear 
 Elemento essencial no 12: sustentar um regime de segurança nuclear 
No tocante à responsabilidade do Estado, cabe aqui o que já foi dito previamente, 
onde este é o único responsável pela implementação de um Regime adequado à 
própria nação. 
Os elementos essenciais nos 2 e 3 estão intrinsecamente interligados, na medida 
em que as responsabilidades das autoridades competentes do Estado – no tocante à 
segurança nuclear – incluem órgãos reguladores, controle de fronteiras e o 
cumprimento da lei. Para tal, as responsabilidades de todos os indivíduos envolvidos 
têm de estar claramente identificadas e definidas. Ainda de acordo com o elemento no 
3, o Estado deve ter legislação e regulamentação apropriados, no intuito de garantir 
que os órgãos reguladores tenham independência - administrativa e financeira - na 
tomada de decisões quanto à segurança nuclear. 
O elemento no 4 estabelece que compete também ao Estado a garantia de que 
materiais nucleares e radioativos sejam adequadamente protegidos inclusive quando 
do seu transporte internacional, até o momento em que esta responsabilidade seja 
devidamente transferida para outro Estado. 
39 
 
 
 
O quinto elemento determina que o Regime de Segurança Nuclear deve definir 
claramente que quaisquer atos criminosos ou intencionais não-autorizados contra a 
segurança nuclear devem ser considerados ofensas ou violações à lei. 
O elemento essencial no 6 prevê que haja cooperação e assistência entre os 
Estados, diretamente ou através da IAEA ou de outras organizações internacionais. 
Tal cooperação deve ocorrer, também, na forma de troca de experiências e 
informações, onde as informações sensíveis ou sejam protegidas de forma adequada 
e apropriada. 
O disposto no no 7 garante que a identificação e avaliação de ameaças à 
segurança nuclear compete ao Estado, sejam elas internas ou externas ao território, 
dentro ou fora de sua jurisdição. Da mesma forma, o elemento essencial no 8 
estabelece que os alvos em potencial dentro do Estado devem ser identificados e 
avaliados para determinar se eles exigem proteção ou não contra ameaças à 
segurança nuclear. 
Consequentemente, o Regime de Segurança Nuclear deve utilizar-se de 
abordagens de risco, incluindo a alocação de recursos em sistemas e medidas de 
segurança nuclear, baseando-se nos conceitos de “abordagem gradual” e “defesa em 
profundidade”, conforme estabelecido no elemento no 9. 
De forma objetiva, o conceito de “defesa em profundidade” pode ser entendido 
como uma série de camadas de sistemas e medidas de segurança nuclear. Tais 
camadas sucessivas tem por finalidade a proteção de alvos sob ameaça. O conceito 
de “abordagem gradual” consiste na aplicação de medidas de segurança nuclear que 
sejam proporcionais às consequências potenciais de atos que tenham impactos 
negativos na segurança nuclear. 
Tais sistemas e medidas de segurança nuclear devem estar em vigor em todos 
os níveis organizacionais adequados.Com isso, é possível detectar e avaliar os 
eventos de segurança nuclear e, consequentemente, notificar as autoridades 
competentes a fim de que se possam ser iniciadas ações de resposta adequadas 
(elemento essencial no 10). O Regime também precisa assegurar (elemento essencial 
no 11) que as autoridades competentes e o titular estejam preparados para responder 
apropriadamente aos eventos em nível local, nacional e internacional. Por fim, o 
elemento essencial no 12 determina que cada uma das autoridades competentes e o 
40 
 
 
 
titular, bem como outras organizações com responsabilidades sobre segurança 
nuclear, contribuam com a sustentabilidade do Regime através das medidas cabíveis. 
 
2.3.2 Segurança Física de Transportes 
 
O transporte de materiais nucleares e radiológicos pode envolver risco, já que o 
material está na fase mais vulnerável de seu ciclo de vida. 
Essa vulnerabilidade se dá por dois motivos principais. Primeiramente, porque o 
material está sendo transportado no domínio público, em vez de permanecer em uma 
instalação segura. Segundo, porque se um veículo transportando material nuclear ou 
radioativo for roubado, este poderá ser usado para atos maliciosos (IAEA, 2016). 
Desta forma, uma operação de transportes pode ser considerada uma instalação 
móvel, onde a área que circunda o modal de transporte se altera à medida em que 
este se move ao longo da rota. 
O sistema de segurança de transporte deve resultar em medidas destinadas a 
proteger materiais nucleares e radioativos em trânsito e armazenamento temporário, 
seguindo alguns princípios básicos. 
 
2.3.2.1 Princípios Básicos e Fundamentos 
 
A responsabilidade pela segurança do material radioativo, incluindo materiais 
nucleares e fontes radioativas, cabe inteiramente ao Estado, conforme determina o 
elemento essencial no 1 do Regime de Segurança Física Nuclear. Neste escopo inclui-
se, portanto, o transporte desses materiais. 
A Nuclear Security Series no 9 (IAEA, 2008), estabelece um sistema de 
categorização para medidas de segurança, que considera as propriedades e 
quantidades de material radioativo sendo transportado. Ela recomenda ainda práticas 
de gerenciamento prudentes para todas as remessas de material radioativo. 
De acordo com a AIEA devem existir dois níveis de segurança do transporte 
nuclear: 
 nível básico de segurança: para todos os materiais radioativos avaliados com 
quantidades limites superiores às das práticas de gerenciamento prudentes; 
41 
 
 
 
 nível aprimorado de segurança: material radioativo com um nível de 
radioatividade considerado de alta consequência. 
Decidir sobre os níveis de segurança, limites de categoria e medidas de segurança 
para materiais nucleares e radioativos é um complexo e demanda um processo 
detalhado. O processo pode ser simplificado em quatro etapas principais (IAEA, 
2008): 
 Estabelecer a base: primeiro, para material radioativo (que não seja material 
nuclear), a autoridade competente precisa especificar se os limites de segurança 
devem ser estabelecidos com base na quantidade por embalagem ou quantidade por 
transporte. Isso ajudará a determinar a categoria apropriada. 
 Considerações Particulares: para material nuclear, a autoridade competente 
deve especificar se a sabotagem das remessas poderia resultar em consequências 
radiológicas inaceitáveis e, em caso afirmativo, que medidas de segurança adicionais 
são necessárias – a atratividade das remessas de material radioativo justifica medidas 
de segurança adicionais. 
 Diagramas decisórios: depois disso, autoridades competentes devem recorrer 
a diagramas decisórios (diagramas de fluxo complexos) para determinar a categoria 
apropriada de material nuclear e o nível de segurança de material radioativo. Isso 
garante que todos os fatores necessários sejam levados em consideração, reduzindo 
significativamente o risco de erro humano. 
 Definindo a abordagem: por fim, a medida de segurança adequada deve ser 
definida de acordo com a categoria da remessa. 
 
2.3.3 Proteção Física 
 
A proteção física de instalações nucleares e radiológicas tem como objetivos 
gerais (IAEA, 2011) proteger contra roubo e sabotagem, localizar e recuperar material 
perdido ou roubado e também mitigar as consequências radiológicas de uma 
sabotagem. 
A indústria nuclear estadunidense dispendeu o equivalente a 1 bilhão de dólares 
na expansão dos sistemas de segurança de suas usinas nucleares (MURRAY e 
HOLBERT, 2015). Os investimentos incluíram melhorias no treinamento e armamento 
de suas forças de segurança, barreiras físicas adicionais, melhor vigilância e detecção 
42 
 
 
 
de invasores, fortes controles de acesso, implementação da proteção dos sistemas 
computacionais da planta, além da melhoria na checagem de antecedentes dos 
funcionários da planta. 
Existem duas formas de prevenir um ato mal-intencionado, de acordo com Garcia 
(2008): 
 dissuadindo o adversário; 
 ou neutralizando o adversário. 
Dissuasão implica em implementar medidas de tal forma que o adversário seja 
levado a supor que elas são muito difíceis de derrotar. Temos como exemplos 
clássicos, a presença de guardas noturnos em estacionamentos, uso de sinalização 
e barreiras físicas tais como barras em uma janela. 
Desta forma, através da dissuasão, a instalação deixa de ser um alvo atraente e 
o adversário abandona ou jamais tenta um ataque. Em geral, medidas de dissuasão 
são implantadas sem nenhuma preocupação em acrescentar mais camadas de 
proteção em caso de um evento de segurança nuclear. Desta forma, a dissuasão pode 
até ser efetiva ao desencorajar eventuais ataques, mas é inútil se o adversário estiver 
decidido a promover um ataque. 
Por outro lado, um Sistema de Proteção Física (SisPF) robusto tem alto valor 
dissuasório, na medida em que o sistema oferece também proteção à instalação em 
caso de ataque (GARCIA, 2008). No entanto, é praticamente impossível medir o nível 
de dissuasão e, com isso, torna-se difícil dar qualquer garantia que ela exista (SNL, 
2018). 
A outra forma de prevenir um ato mal-intencionado é pela neutralização do 
adversário. Esta refere-se às ações tomadas pela força de resposta para impedir que 
um adversário cumpra seu objetivo após iniciar um ato mal-intencionado contra uma 
instalação. A neutralização, por sua vez, possui uma série de formas de ser avaliada, 
através de suas funções primárias. 
 
2.3.3.1 Projeto de um Sistema de Proteção Física 
 
Um SisPF realiza seus objetivos por dissuasão ou por uma combinação de 
funções primárias, que resultam numa provável neutralização do adversário. As 
43 
 
 
 
funções primárias de um sistema de proteção física são: detecção, retardo e resposta. 
Nas subseções a seguir discutiremos alguns aspectos importantes delas. 
 
2.3.3.2 Características Necessárias a um Sistema de Proteção Física 
 
O objetivo de um SisPF é prevenir a sabotagem e/ou roubo de materiais nucleares 
ou radiológicos presentes numa instalação. Um SisPF realiza seus objetivos por 
dissuasão ou por uma combinação de detecção, retardo e resposta. Para tal, os 
procedimentos do sistema de proteção física devem ser compatíveis com os 
procedimentos da instalação (SNL, 2018). 
Garcia (2008) afirma que um SisPF bem projetado possui três características. A 
primeira delas é a defesa em profundidade. Esta é um conceito de projeto em que um 
adversário deve ser obrigado a evitar ou derrotar vários dispositivos de proteção, em 
sequência. Desta forma, os efeitos produzidos no adversário por um sistema que 
tenha defesa em profundidade serão: o aumento da incerteza sobre o sistema para o 
adversário, a exigência de ferramentas adicionais e preparações mais extensas antes 
de atacar o sistema e a criação de etapas adicionais onde o adversário pode falhar ou 
abortar a missão. 
A segunda é a proteção equilibrada. Ela implica que, não importa quando, onde 
ou como um adversário

Continue navegando