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DEFINIÇÃO Morfologia da Língua Brasileira de Sinais, identificando seus processos de formação, como derivação, composição e flexão verbal. PROPÓSITO Compreender o processo morfológico de formação de sinais e o sistema morfológico da Libras amplia o conhecimento linguístico das línguas de sinais. PREPARAÇÃO PRÉVIA Tenha em mãos um dicionário de Linguística para consultar os termos específicos da área. Na internet, você pode acessar o Dicionário de Termos Linguísticos, hospedado no Portal da Língua Portuguesa. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar teorias linguísticas de formação de sinais MÓDULO 2 Reconhecer os processos de formação de sinais da Libras MÓDULO 3 Identificar os tipos de flexões verbais na Libras INTRODUÇÃO A Morfologia é a parte da Gramática que estuda a estrutura interna, a formação e a classificação das palavras isoladas de contextos. Se a Linguística já se aprofundou muito nos estudos morfológicos das línguas orais, os estudos morfológicos ainda são recentes em relação às línguas de sinais. Estudaremos aqui a morfologia de uma língua de sinais específica, a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Partiremos de algumas explicações sobre o processo de formação de sinais e sistema morfológico da Libras. Veremos a estrutura interna dos sinais da Libras e as regras que determinam sua formação. Em seguida, investigaremos dois processos produtivos frequentes na formação do léxico das línguas de sinais: a derivação, que cria um léxico originário de um léxico primitivo, e composição, que acontece na união de dois léxicos. Por fim, abordaremos os processos de flexão verbal na Libras, analisando os tipos de verbos nessa língua: simples, com concordância e espaciais, incluindo verbos classificadores. Identificaremos os fenômenos de flexões verbais levando em consideração as peculiaridades de uma língua visuoespacial. MÓDULO 1 Identificar teorias linguísticas de formação de sinais MORFOLOGIA: DEFINIÇÕES INICIAIS Imagem: Pedro Tamburro A Morfologia, segundo Dubois (1989), pode ser compreendida como o estudo e as descrições das regras que regem a estrutura interna das palavras. Ou seja, ela trata das regras de combinação entre os morfemas e itens lexicais para constituir palavras e a descrição das formas diversas que essas palavras tomam conforme a categoria de número, gênero, tempo, pessoa e assim por diante. Logo, a Morfologia investiga os processos percorridos pelas línguas na constituição de seus léxicos (palavras nas línguas orais e sinais). A palavra, nas línguas orais, pode ser definida como um conjunto de sons articulados que expressam uma ideia e que pode ser constituída por um ou mais morfemas. O morfema, por sua vez, corresponde à menor unidade de funcionamento na composição (estrutura) da palavra, do vocábulo ou do sinal; é a unidade linguística mínima que possui significado Morfema, portanto, é: A MENOR UNIDADE COM SIGNIFICADO TANTO NAS LÍNGUAS ORAIS QUANTO NAS LÍNGUAS DE SINAIS. (RIBEIRO, 2013) Por vezes, um morfema é exatamente um sinal, e um sinal é exatamente um morfema. Isso acontece quando o sinal tem apenas uma unidade de significado. Em algumas línguas, como na família linguística do chinês, quase todas as palavras contêm apenas um morfema; isso significa que há apenas uma unidade de significado em cada palavra. Foto: Shutterstock.com Tanto na Libras quanto em língua portuguesa existem vocábulos com apenas uma unidade de significado (monomorfêmicos) e outros tantos contendo mais de um morfema (polimorfêmicos). Rato/ gostar/ bonito Exemplos de sinais monomorfêmicos Lápis/ sol / lua Exemplo de palavras monomorfêmicas Morfemas podem ser: MORFEMAS LIVRES MORFEMAS PRESOS MORFEMAS LIVRES Por si só encerram o significado de um vocábulo. São exemplos de morfemas livres na língua portuguesa as palavras lápis, sol e lua, já que não podem ser divididos em unidades menores. MORFEMAS PRESOS Unidades mínimas com significado que não ocorrem sozinhos, por exemplo um “a” do feminino ou “s” do plural, que se combinam com outro morfema para criar significados. Por exemplo, na palavra gatinho na língua portuguesa podemos isolar partes significativas como o morfema livre ou radical gat e os morfemas presos inh indicativo de diminutivo e o indicativo de masculino. Os morfemas inh e o são morfemas presos, já que não possuem significado lexical independente. Quando se quer expressar relações gramaticais diferentes, as palavras podem passar por modificações morfológicas, como o processo de flexão. Desse modo, em geral, não verificamos nas línguas a criação de novas palavras por meio de formas inéditas, pois o que ocorre é a formação de palavras por meio de derivação ou composição, ou seja, palavras já existentes dão forma a novas palavras. De acordo com Alves (1990), a regra geral não são os neologismos ou os empréstimos linguísticos. Veja mais a seguir: DERIVAÇÃO COMPOSIÇÃO DERIVAÇÃO A derivação ocorre por meio de afixação, caracterizada pela formação de palavra com acréscimo de afixos (prefixos e sufixos) a uma palavra ou radical que já exista. Dois exemplos de afixação (prefixação e sufixação respectivamente) na língua portuguesa: desfolhar e folhagem. COMPOSIÇÃO Ocorre pela aproximação ou junção de palavras preexistentes e que têm um novo significado. Por exemplo: guarda-roupa, aguardente e girassol. E no caso das línguas de sinais, quais são seus aspectos ou processos morfológicos? Podemos já adiantar que a morfologia da Libras se constitui da estrutura interna dos sinais, assim como as regras que determinam a formação dos sinais (QUADROS; KARNOPP, 2004). MORFOLOGIA DAS LÍNGUAS DE SINAIS As línguas de sinais possuem uma estrutura morfológica que evidencia uma quantidade significativa de processos que formam sinais. Dentre eles, podemos citar a derivação e a composição. Conforme os estudos de Emmorey (2002), podemos afirmar que as línguas de sinais têm um léxico mental de formas sinalizadas e um sistema de criação de sinais novos a partir do qual elementos significativos (morfemas) são combinados. A complexidade das línguas de sinais tanto na habilidade expressiva quanto na compreensiva pode ser comparada a qualquer língua oral. As línguas de sinais apresentam todas as propriedades das línguas humanas. Elas são: Flexíveis e versáteis Pois podem expressar emoções ou teorias abstratas, fazer menção ao presente ou tempos remotos e até mesmo a coisas que não existem (LYONS, 1977). Arbitrárias Uma vez que na maioria dos sinais não há nenhuma relação entre forma e significado. Decomponíveis Em unidades finitas e recombinativas, conforme demonstrado por Stokoe (1960). Criativas/produtivas Como em quaisquer outras línguas, é possível criar inúmeros enunciados. Relacionadas estruturalmente Apresentam relação estrutural entre os elementos da língua, os quais não podem ser combinados de forma aleatória, sem seguir suas regras (QUADROS; KARNOPP, 2004). Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Embora haja pontos em comum com as demais línguas, alguns aspectos são exclusivos das línguas de sinais dada a sua modalidade visuoespacial. Por exemplo, a morfologia das línguas de sinais pode ter: CARÁCTER SEQUENCIAL A morfologia sequencial acontece quando os morfemas são combinados de forma sequenciada, ou seja, um de cada vez. A morfologia sequencial é encontrada de maneira frequente nas línguas orais, uma vez que os fonemas são articulados um após o outro. CARÁTER SIMULTÂNEO A morfologia simultânea acontece quando os morfemas são combinados simultaneamente. Esse fenômeno é típico das línguas de sinais. Um caso frequente de morfologia simultânea nas línguas de sinais acontece nos verbos direcionais como, por exemplo, em AVISAR-ME. SAIBA MAIS A afixação sequencial nas línguas de sinais existe, mas tem se mostrado um fenômeno raro, como defende Aronoff et al. (2005), por meio de análise da ASL (língua de sinais americana) e da ISL (línguade sinais israelense). Mas vale lembrar que esses processos não são universais nas línguas de sinais. Um afixo pode ocorrer em uma língua de sinais, mas não em outra. Dependendo da análise particular, um único verbo nas línguas de sinais pode incluir cinco ou mais morfemas. Foto: Shutterstock.com Por exemplo, o verbo da Libras OLHAR - PARA pode ser flexionado de acordo com o sujeito e o objeto, bem como de acordo com o aspecto temporal, e pode ser acompanhado por um marcador gramatical não manual que funciona como um advérbio. Esse verbo poderia significar, por exemplo, “ele olhou para ela com tranquilidade e prazer por um longo tempo” e, nesse caso, consistiria em cinco morfemas. Este tipo de morfologia é uma reminiscência de línguas com muitas flexões. Essas estruturas morfológicas complexas – concordância verbal, construções de classificadores e aspectos verbais – foram encontradas em todas as línguas de sinais já estudadas. Os classificadores são formas que, substituindo o nome que as precede, pode vir junto ao verbo para classificar o sujeito ou o objeto que está ligado à ação do verbo. Portanto, os classificadores nas línguas de sinais são marcadores de concordância de gênero: PESSOA, ANIMAL, COISA (QUADROS; KARNOPP, 2004). A morfologia da língua de sinais, portanto, parece compreender dois tipos radicalmente diferentes. Um é rico, complexo e simultâneo. O outro é esparso, relativamente simples e sequencial. Apenas as línguas de sinais parecem ter essa dicotomia em sua morfologia. Esse achado é corroborado quando uma língua de sinais anteriormente não descrita é estudada em detalhes. Não há registro de nenhum idioma falado com essa propriedade. Uma possível explicação para esse fenômeno é a modalidade visuoespacial. As línguas de sinais têm a capacidade de representar certos conceitos espaço-temporais de uma maneira mais direta do que as línguas faladas. Essa propriedade permite que as línguas de sinais tenham estruturas morfológicas que não são inteiramente arbitrárias e que podem ser semelhantes em todas as línguas de sinais. A simultaneidade está presente na morfologia das línguas de sinais pela possibilidade de uma língua que se articula no espaço representar simultaneamente conceitos espaciais e iconicamente visuais, por exemplo, um tema, uma fonte e um objetivo (todos informados ao mesmo tempo). (ARONOFF et al., 2005; PIZZIO et al., 2009). As línguas de sinais exibem, portanto, dois tipos morfológicos diferentes em suas gramáticas: Morfologia simultânea Amplamente flexional e parecida entre diferentes línguas de sinais. Morfologia sequencial Basicamente derivacional, acontece com menos frequência, e difere significativamente entre as línguas de sinais. COMBINAÇÃO DE MORFEMAS Na Libras, há um léxico extenso e um sistema de criação de novos sinais em que os morfemas são combinados. As combinações acontecem entre os morfemas lexicais e os morfemas gramaticais ou derivacionais. Nos estudos sobre os processos de formação de palavras (composição, aglutinação, justaposição e derivação), as línguas são sempre apresentadas em relação aos seus morfemas lexicais (raízes/radicais), que se prendem a morfemas gramaticais formantes (desinências e vogais temáticas) ou a derivacionais (afixos e clíticos) (FELIPE, 2006). Os morfemas podem ser: MORFEMAS LEXICAIS Relacionam-se com o mundo externo extralinguístico, sendo um conjunto aberto onde novos significados podem ser acrescentados. Portanto, o morfema lexical funciona como o núcleo que abriga a significação externa da palavra. Exemplos de morfemas lexicais são os substantivos, adjetivos, verbos e advérbios de modo. MORFEMAS GRAMATICAIS Têm o significado na estrutura gramatical interna. Exemplos de morfemas gramaticais são os artigos, os pronomes, os numerais, as preposições, as conjunções os advérbios, e elementos que servem para indicar número, gênero, modo, tempo e aspecto verbal. MORFEMAS DERIVACIONAIS São elementos que se juntam aos radicais e que já apontamos anteriormente. São os afixos, que a depender da posição ocupada podem, nas línguas orais, ser: antes do radical (prefixos) ou depois (sufixos). MORFEMAS DERIVACIONAIS NAS LÍNGUAS DE SINAIS As línguas de sinais, assim como as línguas orais, apresentam afixos. Mas, além do prefixo e do sufixo, há a possibilidade dos infixos, incluídos no sinal-base, segundo Felipe (2006). A execução do infixo se dá ao mesmo tempo da execução do sinal-base. Foto: Shutterstock.com As línguas de sinais apresentam também processos derivacionais, que são processos formadores de novas palavras a partir de palavras já existentes na língua. Citamos aqui o processo de derivação que cria nomes a partir de verbos ou verbos a partir de nomes. A chamada nominalização é o processo por meio do qual nomes (substantivos) derivam de verbos. A partir das pesquisas de Supalla e Newport (1978) para a Língua de Sinais Americana (ASL), Quadros e Karnopp (2004) argumentam e explicitam esse tipo de derivação na Língua Brasileira de Sinais. Partindo de verbos e por meio do movimento do sinal, são criados nomes. Um exemplo é o sinal de SENTAR, que tem a mesma configuração de mãos e o mesmo ponto de articulação de CADEIRA, mas o movimento é reduzido no verbo (SENTAR), ao passo que é repetido no substantivo (CADEIRA). Veja os sinais a seguir: Foto: Rafael Roberto Aguiar SENTAR Foto: Rafael Roberto Aguiar CADEIRA EXEMPLO Outros exemplos de nominalização na Libras são TELEFONE e TELEFONAR, CASA e MORAR. COMPOSIÇÃO Outro processo formador de sinais na Libras é a composição. Segundo Felipe (2006), nessa língua, a composição pode se realizar de três maneiras: Foto: Shutterstock.com EXEMPLO Justaposição de dois itens lexicais Foto: Shutterstock.com EXEMPLO javascript:void(0) javascript:void(0) Justaposição de um classificador com um item lexical Foto: Shutterstock.com EXEMPLO Justaposição da datilologia da palavra em português com o sinal que representa a ação realizada pelo substantivo EXEMPLO A junção do sinal de MEIO-DIA com COMER origina o sinal ALMOÇAR, essa seria uma composição pela justaposição de dois itens lexicais. EXEMPLO A junção do sinal INSETO com o classificador COISA PEQUENA origina o sinal de FORMIGA. Essa formação de sinal seria uma composição pela justaposição de um classificador com um item lexical. javascript:void(0) EXEMPLO O sinal AGULHA é formado pela junção do sinal de COSTURAR com a datilologia A-G- U-L-H-A, essa seria uma formação pela justaposição da datilologia da palavra em português com o sinal que representa a ação realizada pelo substantivo. Há três regras morfológicas utilizadas na criação de sinais formados por composição. Quadros e Karnopp (2004) apontam estas regras: regra do contato, regra da sequência única e regra da antecipação da mão não dominante. A seguir, a descrição das três regras para composição apontadas pelas autoras: REGRA DO CONTATO Foto: Rafael Roberto Aguiar ESCOLA É observada quando dois sinais acontecem de forma sequenciada, formando um sinal composto. Por exemplo: ESCOLA é formado pelos sinais CASA e ESTUDAR e há um contato entre o primeiro e o segundo sinal. REGRA DA SEQUÊNCIA ÚNICA Foto: Rafael Roberto Aguiar PAIS Em sinais compostos é observada quando o movimento interno ou a repetição do movimento é eliminada. Por exemplo: os sinais PAI e MÃE, separadamente, apresentam movimento repetido, mas quando se unem para formar o sinal composto PAIS, esse movimento repetido é eliminado. REGRA DA ANTECIPAÇÃO DA MÃO NÃO DOMINANTE Foto: Rafael Roberto Aguiar ACREDITAR Pode ser observada em compostos onde a mão passiva antecipa o segundo sinal concomitante. Por exemplo: no sinal ACREDITAR, a mão dominante fica no espaço neutro, com uma configuração de mão que faz parte do sinal seguinte. A mão passiva do sinalizador antecipa o segundo sinal que será articulado. Após a produção do primeiro sinal MENTE/SABER,a mão esquerda (passiva) se antecipa, no espaço neutro, posicionando-se para a produção do sinal ESTUDAR (mão direita ativa que toca na mão passiva formalizando o sinal ACREDITAR). INCORPORAÇÃO A incorporação é um processo recorrente na formação de palavras da Língua Brasileira de Sinais. E ela apresenta três possibilidades, Incorporação de numeral, Incorporação de negação e Incorporação de localização. Veja mais a seguir. INCORPORAÇÃO DE NUMERAL Acontece uma mudança na configuração de mão de um sinal, alterando o número de meses, dias, horas, anos e de advérbios de tempo, por exemplo. Foto: Rafael Roberto Aguiar TRÊS MESES Foto: Rafael Roberto Aguiar QUATRO MESES Foto: Rafael Roberto Aguiar UM MÊS Foto: Rafael Roberto Aguiar DOIS MESES Como demonstrado no exemplo, esses sinais são formados por dois morfemas: MÊS (parte que inclui a locação, orientação e expressões não manuais) e o outro morfema é a configuração de mão, que leva o significado de um numeral. A orientação da palma da mão, a locação e as expressões continuam as mesmas, o que muda é a configuração de mão. A configuração de mão não pode ocorrer isoladamente, deve ocorrer com uma estrutura segmental, com uma locação, uma orientação e possivelmente uma expressão facial. Exemplo: UM MÊS, DOIS MESES, TRÊS MESES ou QUATRO MESES. EXEMPLO Já o advérbio de tempo UM ANO é formado pela combinação de dois morfemas livres: um morfema é o numeral 1 e o outro morfema é o advérbio de tempo ANO. Esses morfemas são efetuados paralelamente. O numeral 1 está determinando a quantidade de anos. Essa mesma combinação acontece em DOIS ANOS e TRÊS ANOS. INCORPORAÇÃO DE NEGAÇÃO Foto: Rafael Roberto Aguiar GOSTAR Foto: Rafael Roberto Aguiar NÃO GOSTAR O item lexical negado sofre alteração em um dos parâmetros, geralmente no movimento, resultando em sua contraparte negativa. Essa alteração ocorre com o sufixo de negação se incorporando à raiz de alguns verbos, que possuem uma raiz com um primeiro movimento, finalizando-os com um movimento contrário como, por exemplo, o verbo GOSTAR e a sua contraparte NÃO GOSTAR. Foto: Rafael Roberto Aguiar QUERER Foto: Rafael Roberto Aguiar NÃO QUERER Agora vejamos o processo de adição de sufixo. Em Gramática, sufixo é um afixo que se adiciona ao final de um morfema. O sufixo se incorpora à raiz de alguns verbos que, possuindo uma raiz com um movimento em um primeiro momento, finalizam-se com um movimento oposto, que caracteriza a negação incorporada, como nos verbos QUERER e QUERER NÃO; SABER e SABER NÃO. Foto: Rafael Roberto Aguiar ENTENDER Foto: Rafael Roberto Aguiar NÃO ENTENDER Existe ainda a alteração de parâmetro fonológico, a adição de infixo que se incorpora simultaneamente à raiz verbal através de uma alternância no movimento ou através de expressão corporal (movimento da cabeça) juntamente ao sinal. Outros exemplos desse processo são os verbos TER e TER NÃO; ENTENDER e ENTENDER NÃO. ATENÇÃO Observe que a alteração de um parâmetro fonológico é objeto de estudo da fonologia das línguas de sinais, no entanto, fonologia e morfologia estão interconectadas de várias formas Foto: Rafael Roberto Aguiar NEGAÇÃO Além da incorporação da negação por meio da alteração de um parâmetro, temos ainda outra forma de negação: a negação por meio da expressão facial, incorporada ao sinal e sem alteração dos parâmetros. As pesquisas relacionadas ao processo de modificação de raiz na Libras demonstram que esse processo pode se dar a partir da adição de afixos ou de modificação interna. Segundo Felipe (2006), uma raiz pode ser modificada através de cinco mecanismos de modificação interna: A flexão para pessoa do discurso A flexão para aspecto verbal A flexão para gênero A incorporação do numeral A incorporação do intensificador MUITO Casos modais Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Em alguns verbos, a flexão de pessoa do discurso é acionada através da direcionalidade. A flexão para gênero é feita por meio de configurações de mão específicas, funcionando como classificadores. Por exemplo, o verbo CAIR modifica sua raiz a partir de configurações de mão (classificadores), que precisam concordar com o sujeito (masculino ou feminino) da frase. Essa incorporação do numeral representa os numerais mediante configurações de mão, acrescentando um quantificador à raiz. ATENÇÃO A incorporação do intensificador MUITO ou de casos modais altera a frequência do movimento da raiz. Vejamos o advérbio RAPIDAMENTE (movimento repetido e acelerado) e do intensificador MUITO (movimento lento e alongado para a frente do emissor: TRABALHAR muito / TRABALHAR rapidamente). ara TRABALHAR muito / TRABALHAR rapidamente). INCORPORAÇÃO DE LOCALIZAÇÃO Na formação de alguns sinais da Libras, é necessário incorporar a localização do objeto, do ser ou da pessoa a que fazem referência. Os verbos direcionais, por exemplo, precisam informar a localização para terem seu sentido completo. Foto: Rafael Roberto Aguiar EU LHE DOU Foto: Rafael Roberto Aguiar VOCÊ ME DÁ EU CHAMO VOCÊ ou VOCÊ ME CHAMA são sinalizados diferentemente, pontuando a localização do sujeito, pois a direção do movimento marca o sujeito no ponto inicial e o objeto no final. SAIBA MAIS Há ainda sinais realizados na localização associada ao que fazem referência (sinais locativos). Por exemplo: COLOCAR, IR, CHEGAR. ICONICIDADE Outra característica importante para os processos morfológicos das línguas de sinais é a iconicidade, mais prevalente em línguas visuoespaciais do que em línguas oral-auditivas, apesar de existir em ambas modalidades. A iconicidade nas línguas de sinais trata da relação da forma com o sentido. Sinalizar um objeto, uma qualidade de um objeto, um estado, um processo ou uma ação pode ser representado, icônica ou gestualmente, com a estrutura frasal. Esta característica para o processo de formação de palavras, altamente produtivo, permite uma economia, já que expressões faciais e corporais podem complementar os itens lexicais estabelecendo contextos. Nesse sentido, temos os morfemas metafóricos nas línguas de sinais descritos por Maurício (2009). Os morfemas metafóricos, segundo a autora, remetem ao berço gestual e icônicos dos sinais. Foto: Rafael Roberto Aguiar ZOMBAR Exemplo típico de morfema metafórico é o sinal de provocar, zombar, chatear codificado pela mão em adaga (mão fechada com dedo indicador em riste), movimento curto e forte para frente com expressão facial negativa. Esse morfema faz clara menção ao berço icônico do sinal. SAIBA MAIS Sobre a iconicidade dos sinais, o Paradoxo de Klima e Bellugi traz uma interpretação interessante. Em pesquisas, tanto Klima e Bellugi (1979) quanto Martins (2017) se depararam com a seguinte situação contraditória: quando expostos a sinais não conhecidos, informados sobre seus significados e solicitados a atribuir uma nota de modo a avaliar o grau de iconicidade desses sinais, os observadores tendem a atribuir notas elevadas e a persistir em buscar, nos sinais, aspectos que justifiquem, em maior ou menor grau, a sua forma a partir de seu significado. Quando, porém, não há informação acerca dos significados desses sinais, e solicitados a adivinhar-lhes o significado, os mesmos observadores tendem a atribuir a esses sinais significados díspares e inadequados. Esses estudos revelam que a maioria absoluta dos sinais é, de fato, muito opaca e arbitrária, apesar de ser vista, quase sempre, como bastante icônica. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA MORFOLOGIA DA LIBRAS Vamos recapitular alguns pontos Introdutórios da morfologia da Libras, como a incorporação. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. TANYA FELIPE (2006) DISCUTE QUE, NA LIBRAS, OS PROCESSOS DE COMPOSIÇÃO PODEM SE REALIZAR DE TRÊS FORMAS: A) Pela justaposição de dois itens lexicais; pela justaposição de um classificador com um item lexical; pela justaposição dadatilologia da palavra em português com o sinal que representa a ação realizada pelo substantivo. B) Pela justaposição de dois itens lexicais e pela justaposição de um classificador com um item lexical. C) Pela a flexão para pessoa do discurso; a flexão para aspecto verbal; a flexão para gênero; a incorporação do numeral; a incorporação do intensificador MUITO ou de casos modais. D) A incorporação do intensificador MUITO ou de casos modais e a incorporação numeral. E) A flexão para pessoa do discurso e a flexão para aspecto verbal. 2. RELACIONE CORRETAMENTE DUAS DAS TRÊS REGRAS MORFOLÓGICAS INDICADAS POR RONICE QUADROS E LODENIR KARNOPP EM LÍNGUAS DE SINAIS BRASILEIRA: ESTUDOS LINGUÍSTICOS (2004): A) Regra do contato: observada quando dois sinais acontecem de forma sequenciada, formando um sinal composto; e regra da sequência única: quando um movimento interno ou a repetição de um movimento é eliminada ao se formar sinais compostos. B) Regra da composição: quando se repete um sinal mais rápido para formar um verbo; e regra do contato: característica da formação de sinais compostos com infixos. C) Regra da antecipação da mão não dominante: pode ser observada em compostos em que a mão passiva antecipa o segundo sinal; e regra da composição: observada quando dois sinais acontecem de forma sequenciada, formando um sinal composto. D) Regra da sequência única: quando a repetição de um movimento é eliminada em sinais complexos; e regra do contato: quando o movimento interno é eliminado de sinais complexos. E) Regra dos sinais complexos: característica da formação de sinais compostos; e Regra da Iconicidade: quando sinais representam formas. GABARITO 1. Tanya Felipe (2006) discute que, na Libras, os processos de composição podem se realizar de três formas: A alternativa "A " está correta. Felipe (2006) discute que, na Libras, os processos de composição podem se realizar de três formas: pela justaposição de dois itens lexicais; pela justaposição de um classificador com um item lexical; pela justaposição da datilologia da palavra em português com o sinal que representa a ação realizada pelo substantivo. 2. Relacione corretamente duas das três regras morfológicas indicadas por Ronice Quadros e Lodenir Karnopp em Línguas de sinais brasileira: estudos linguísticos (2004): A alternativa "A " está correta. Há três regras morfológicas utilizadas na criação de sinais formados por composição, segundo Quadros e Karnopp (2004): 1. regra do contato; 2. regra da sequência única; e 3. regra da antecipação da mão não dominante. A regra do contato diz respeito a uma sinalização sequenciada, formando um sinal composto; na regra da sequência única, deixa de ser feito um movimento ou uma repetição de movimento ao se seguir um sinal de outro na formação de sinal composto; por fim, a regra da antecipação da mão dominante é observada quando a mão passiva de um sinal se antecipa ao segundo. MÓDULO 2 Reconhecer os processos de formação de sinais da Libras DERIVAÇÃO Vamos nos aprofundar, a seguir, no fenômeno de derivação na Libras, além de introduzirmos alguns conceitos relacionados à composição, esse último sendo uma forma de produção muito frequente nas línguas de sinais. Sabemos que as menores unidades com significado de uma língua são denominadas morfemas. Mas você sabe com quantos morfemas se faz uma palavra ou sinal? MONOMORFÊMICOS Sinais como SENTAR são constituídos de uma combinação específica de parâmetros fonológicos que formam um morfema. Assim como acontece na língua portuguesa em palavras como azul, casa e andar. Essas palavras e esses sinais são formados por fonemas, que não têm significado próprio. Eles são chamados de itens lexicais monomorfêmicos. POLIMORFÊMICO Em outros sinais, um ou mais parâmetros podem atuar como morfemas separados, como no sinal UM ANO, que é bimorfêmico (ou seja, um sinal que consiste em dois morfemas). Mas há ainda sinais polimorfêmicos, como já visto no módulo 1. Sinais como esses podem ser comparados a palavras nas línguas orais que resultam de uma combinação de dois ou mais morfemas, como o item lexical polimorfêmico in-acredit-ável (JOHNSTON; SCHEMBRI, 2007). Retomamos aqui a classificação dos morfemas. Eles podem ser divididos em dois grupos: MORFEMAS LIVRES MORFEMAS PRESOS MORFEMAS LIVRES São aqueles que podem existir sozinhos, e não requerem morfemas adicionais, portanto podem ser itens lexicais por si só. Exemplo de morfemas livres tanto na Libras quanto em português são CARRO, CASA, SER e TER. MORFEMAS PRESOS São aqueles que não podem existir sozinhos como palavras independentes, eles requerem a presença de algum outro morfema. Na língua portuguesa, o morfema (s), característico do plural, e as marcações de gênero, (a) feminino e (o) masculino, são exemplos de morfemas presos que não podem existir independentemente como palavras e devem se juntar a outros morfemas como gat(o)(s). Configurações de mãos para numerais ordinais: ORDINAIS Têm as mesmas configurações de mão dos números cardinais, mas com movimento, que varia conforme o regionalismo – podendo ser para cima e para baixo (mais comum) ou para os lados. Um exemplo de morfema preso demonstrado por Johnston e Schembri (2007), analisando a Língua de Sinais Australiana, e que pode ser transposto para Libras é o movimento de um lado para o outro nos numerais ordinais. O movimento acontece do SEGUNDO ao NONO. O movimento nesses numerais não pode ser articulado e nem possui significado se for isolado, ele precisa ser acoplado à configuração de mão do número obrigatoriamente, portanto, constitui-se como um morfema preso. ATENÇÃO No entanto, temos uma diferença crucial aqui. Enquanto na língua oral podemos pronunciar o S do plural e o (a) feminino e (o) masculino, nas línguas de sinais é impossível articular um movimento sem alguma configuração de mão. As línguas utilizam recursos gramaticais para produzir e compreender uma infinita variedade de significados. E uma das características das línguas é a criatividade/produtividade. Como já visto, um dos processos de criação de novas unidades, sejam elas palavras ou sinais, é a derivação. Veja uma comparativo a seguir: A derivação é caracterizada pelo surgimento de uma nova palavra que nos remete a uma realidade específica por meio de acréscimos de afixos a uma base. Já a flexão é a formação de novos modos de dizer a mesma palavra, é uma modificação na palavra para concordar com outras. Ambos os fenômenos são encontrados nas línguas de sinais. Alguns autores, como Johnston e Schembri (2007), se referem ao processo de flexão como modificação dos sinais e de derivação como formação de sinais. Segundo Basilio (1989), a derivação pode ser definida como o processo de formação de palavras a partir de uma palavra base com acréscimo de afixos. Essa nova significação pressupõe que exista a significação primária, por exemplo, o conceito de casa para a palavra casarão. Assim, temos nas línguas palavras consideradas primitivas, que não derivam de nenhuma outra palavra, e palavras derivadas, que se originam de outras. Foto: Shutterstock.com COMPOSIÇÃO Os processos linguísticos de formação de novas palavras, como nas línguas orais, estão bem presentes e em constante atividade nas línguas sinalizadas. Se a derivação gera um novo item lexical a partir de um léxico primitivo, na composição acontece a união de dois léxicos para a formação de um novo item. Conforme Rodero-Takahira (2015), na Libras, além da derivação, encontramos com frequência a formação de novos sinais seguindo o princípio da composição, que por sua vez pode acontecer por justaposição ou aglutinação. Para uma melhor compreensão desse fenômeno nas línguas de sinais, é necessário ter em mente os parâmetros da Libras. Isso porque a diferenciação entre justaposição e aglutinação se dá na mudança de um dos cinco parâmetros. Veja a comparação a seguir: Na justaposição, os dois sinais que formam o léxicosão identificáveis e são completamente sinalizados. Na aglutinação, um dos sinais envolvidos sofre modificação em um dos cinco parâmetros de sua composição. Segundo Rodero-Takahira (2015), durante o processo de aglutinação há supressão dos fonemas de um dos elementos do composto, ou perda de tonicidade. A autora coloca como exemplos de aglutinação nas línguas orais: Foto: Shutterstock.com Aguardente (água + ardente) Foto: Shutterstock.com Pontiagudo (ponta + agudo) Nas línguas de sinais, em um processo de aglutinação, algum (ou alguns) dos parâmetros de um ou ambos os sinais é modificado ou não seria realizado. COMPOSIÇÃO POR JUSTAPOSIÇÃO Segundo Figueiredo Silva e Sell (2009), dependendo da ordem de realização dos sinais e compostos, eles poderão ser classificados em: Foto: Rafael Roberto Aguiar Compostos aparentes a ordem de realização dos sinais envolvidos é variável; podemos citar os casos de: MENINO = HOMEM + PEQUENO ou PEQUENO + HOMEM MENINA = MULHER + PEQUENA ou PEQUENA + MULHER Foto: Rafael Roberto Aguiar Compostos verdadeiros A ordem de realização dos sinais envolvidos é fixa, podemos citar os casos de: VIGIA = HOMEM + VIGIAR e COSTUREIRA = MULHER + COSTURAR Nesses exemplos, a desinência nominal serve como forma de diferenciação entre pessoa (profissional) e verbo (atividade realizada). SAIBA MAIS Nos compostos verdadeiros, podemos indicar o sinal de CASA ligado a outro sinal, que especifica o lugar de que se fala. Podemos citar os casos de: IGREJA = CASA + CRUZ e ESCOLA = CASA + ESTUDAR Nesses léxicos é obrigatória a utilização de ambos os sinais envolvidos, visto que cada sinal tem significado quando realizado isoladamente. Outro exemplo de sinais compostos para lugares são: CEMITÉRIO = LUGAR + MORTE e FARMÁCIA = LUGAR + MANIPULAÇÃO / REMÉDIO Há ainda compostos verdadeiros formados pelo sinal CASA e mais dois outros sinais, ou seja, CASA + NOME¹+ NOME², como ocorre em: ORFANATO = CASA + CRIANÇA + ADOTAR PAPELARIA = CASA + PAPEL + VENDER ASILO = CASA + PRÓPRIO + VELHO Ainda sobre justaposição, podemos citar o trabalho de Tanya Felipe, que em sua pesquisa aponta outras três formas de categorização. 1 2 3 JUSTAPOSIÇÃO DE DOIS ITENS LEXICAIS QUE SE UNEM E FORMAM UM NOVO Podemos citar os casos de: ZEBRA = CAVALO + LISTRAS MÃE = MÃO + BEIJAR ALMOÇO = COMER + MEIO DIA JUSTAPOSIÇÃO DE UM LÉXICO E MAIS CLASSIFICADOR Podemos citar os casos de: ALOJAMENTO = DORMIR + CAMAS no plural ALFINETE = PEQUENO + PERFURAR JUSTAPOSIÇÃO DE SINAL E DATILOLOGIA Forma-se um novo léxico por meio da utilização de um sinal da Libras acompanhado pela soletração manual de uma palavra, podemos citar o caso de: AGULHA DE COSTURA = COSTURAR + A-G-U-L-H-A COMPOSIÇÃO POR AGLUTINAÇÃO Foto: Rafael Roberto Aguiar LETRAS-LIBRAS Na aglutinação, o novo léxico, formado por outros dois, apresenta alguma alteração nos parâmetros envolvidos. Um exemplo que podemos apresentar de aglutinação em Libras é o sinal de LETRAS LIBRAS = LETRAS + LIBRAS. Nesse caso, a configuração em L permanece na mão de apoio, já a mão dominante dá lugar à configuração com a mão aberta do sinal LIBRAS. Mas voltemos a tratar da derivação. Ela se configura na criação de um léxico, no caso um sinal, oriundo de um radical. Nas línguas de sinais, esse fenômeno pode incluir a datilologia de termos das línguas orais. Nesse caso, o que vemos acontecer é o princípio da economia, o qual está presente em todas as línguas naturais, visto que adaptar é mais fácil que soletrar sempre manualmente. OBSERVA-SE QUE O ITEM LEXICAL NÃO NATIVO CONTÉM TAMBÉM PALAVRAS EM PORTUGUÊS QUE SÃO SOLETRADAS MANUALMENTE, E ESSAS FORMAS PODEM SER CONSIDERADAS NA PERIFERIA DO LÉXICO DA LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA. (QUADROS; KARNOPP, 2004). Adaptações que agilizam a comunicação (princípio de economia) acabam criando um processo de lexicalização, incorporando ao léxico um item que orginalmente era soletrado, ou seja, era um empréstimo da língua portuguesa. É o caso desse tipo de derivação, de palavras que eram empréstimos linguísticos, soletrados, e que foram incorporadas tornando-se um sinal pertencente ao núcleo lexical. Dentre os sinais que eram soletrados manualmente, mas já se encontram totalmente integrados à Libras, estão NUNCA, AZUL, LUA E SOL. Foto: Rafael Roberto Aguiar AZUL O sinal NUNCA é realizado com maior rapidez que uma datilologia e, em seu processo de evolução, perdeu as configurações C e A. O mesmo processo pode ser evidenciado em AZUL, que manteve a configuração inicial em A e a última em L, mas perdeu as configurações Z e U. Em LUA e SOL, o mesmo processo de perda de configurações de letras acontece. Porém, houve acréscimos em ambos, LUA é realizado com um movimento circular entre L e A. Já o sinal da palavra SOL é iniciado com o punho fechado em S e termina com o dedo indicador apontado para baixo. ATENÇÃO Nas análises morfológicas, observa-se também a mudança de classe gramatical nos léxicos; nas línguas de sinais isso acontece quando o sinal de um verbo passa a ser utilizado para um substantivo ou vice-versa. Esse tipo de derivação é conhecido como derivação imprópria. Podemos citar os casos de: TELEFONE e TELEFONAR; SENTAR e CADEIRA; PERFUMAR e PERFUME; PENTEAR e PENTE, OUVIR e OUVINTE, e ROUBAR e LADRÃO. As línguas de sinais apresentam outros processos muito interessantes devido à sua visualidade. Esses processos estão presentes nos verbos que apresentam a negação e na incorporação numérica em alguns léxicos. EXEMPLO Podemos citar como exemplos de sinais que apresentam a negação: NÃO QUERER; NÃO GOSTAR; NÃO SABER e NÃO ENTENDER. Nesses casos, o movimento de cabeça típico de negação é articulado com alterações nos parâmetros do sinal. Foto: Rafael Roberto Aguiar ONTEM Foto: Rafael Roberto Aguiar ANTEONTEM Como exemplos de sinais com incorporação numeral, podemos citar: ONTEM^ANTEONTEM Onde para “anteontem” há acréscimo do dedo médio para indicar mais um dia. UM DIA^DOIS DIAS^TRÊS DIAS... Nesses casos os numerais são acrescidos, exemplo: um dia usa somente o dedo indicador, dois dias usa o indicador mais o médio e três usa o indicador, o médio e o anelar. UM MÊS^DOIS MESES^TRÊS MESES Assim como no exemplo anterior, acontece um acréscimo numeral pela adição marcada nos dedos indicador, médio e anelar. UMA HORA^DUAS HORAS^TRÊS HORAS Nesses casos, também acrescentam numerais, exemplo: um mês usa somente o indicador, dois meses o indicador mais o médio e três meses usa o indicador, o médio mais o anelar. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal DERIVAÇÃO E COMPOSIÇÃO NA LIBRAS Conheça mais alguns exemplos dos diferentes tipos de derivação e composição na Libras. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. PODEMOS DIFERENÇAR A COMPOSIÇÃO DA DERIVAÇÃO PORQUE: A) Na primeira, apenas um radical é utilizado. B) Na segunda, dois léxicos são utilizados formando um novo. C) Na segunda, apenas um radical é utilizado. D) Na primeira, há flexão do radical. E) Na segunda, dois léxicos estão presentes, mas um perde sua integridade silábica. 2. QUANTO À JUSTAPOSIÇÃO E À AGLUTINAÇÃO, PODEMOS AFIRMAR QUE: A) Na justaposição, somente um dos léxicos permanece com sua integridade silábica. B) Na aglutinação, ambos os léxicos permanecem com sua integridade silábica. C) Na justaposição, existe somente radical e este permanece com sua integridade silábica. D) Na justaposição, ambos os léxicos permanecem com sua integridade silábica. E) Na aglutinação, existe somente radical e este permanece com sua integridade silábica. GABARITO 1. Podemos diferençar a composição da derivação porque: A alternativa "C " está correta. A derivação gera um novo léxico a partir de um léxico primitivo. Portanto, é importante lembrar que, na derivação, um léxico é formado a partir de um radical, enquanto na composição acontece a partir de dois léxicos, logo dois radicais, e pode se desenvolverpor aglutinação ou justaposição. 2. Quanto à justaposição e à aglutinação, podemos afirmar que: A alternativa "D " está correta. Para que haja justaposição, é necessário que todos os léxicos mantenham a sua integridade, exemplo: IGREJA = CASA + CRUZ, ao passo que na aglutinação, em Libras, há alguma alteração de parâmetro. MÓDULO 3 Identificar os tipos de flexões verbais na Libras FLEXÕES VERBAIS EM LÍNGUA PORTUGUESA Estudaremos aspectos envolvidos nos processos de flexões verbais na Libras. Alguns fenômenos podem ser comparados aos das línguas orais, outros são específicos das línguas de sinais. Verbo é uma classe de palavras que exprime ações, estados, acontecimentos ou fenômenos. Pode apresentar marcas morfológicas de pessoa, número, modo, tempo, voz e aspecto. A flexão verbal é uma alteração que o verbo é capaz de fazer para se adequar no discurso. Essa flexão é feita por meio de morfemas colocados no final das palavras, alterando suas formas originais. Assim, a flexão verbal varia a forma dos verbos. Em língua portuguesa, as alterações do verbo são de número, pessoa, tempo, modo e voz. Com uma explicação simples, na flexão de número e pessoa, o verbo pode estar no singular ou plural (exemplos: eu fiz / eles fizeram), e em relação ao modo verbal, trata-se de como o falante expressa a ação que ele anuncia. Ilustraremos alguns exemplos de flexão verbal da morfologia da língua portuguesa, lembrando que, além das similaridades entre as línguas naturais, há uma série de peculiaridades da Libras por conta da diferença de modalidade entre línguas de sinais e línguas orais. Veja mais sobre isso a seguir: MODO VERBAL Foto: Shutterstock.com Quando um falante tem certeza do seu ato e o fato é uma realidade, ele usa o modo indicativo.Por exemplo: Eu cozinhei com muito amor para você. Mas quando o falante duvida do fato ou não tem certeza da ação ou, ainda, que há somente uma possibilidade de o fato acontecer, usa-se o modo subjuntivo. Ex.: Pode ser que eu cozinhe mais tarde para você. Por fim, o falante pode se expressar de uma maneira autoritária, ou fazer um pedido, ou, quem sabe, dar um conselho; para isso, ele usará o modo imperativo. Ex.: Coma o que eu cozinhei! TEMPO VERBAL Foto: Shutterstock.com O tempo verbal indica o momento da ocorrência da ação ou do fato anunciado pelo falante. Tal ocorrência pode estar acontecendo quando o falante anuncia, então, trata-se do momento presente. Ex.: Estou faminta! Se a ocorrência anunciada pelo falante se passou anteriormente ao momento da fala, trata-se do passado ou pretérito. Ex.: Eu comi pouco ontem e por isso estou faminta hoje. Caso a ocorrência anunciada pelo falante tenha relação com o que acontecerá depois da fala, emprega-se o tempo futuro. Por exemplo: Eu comerei bastante quando chegar em casa. VOZ VERBAL Foto: Shutterstock.com A voz verbal expressa ou faz referência ao tipo de relação que existe entre sujeito da oração e verbo da oração. Quando o sujeito é agente da oração, dizemos que a voz é ativa. Ex.: Maria cozinhou um banquete de Natal. Vejamos, também, que no exemplo, “um banquete de Natal” ocupa o lugar de objeto direto, mas, quando passa a ocupar a posição de sujeito da oração, tem-se a voz passiva. Ex.: O banquete de Natal preparado por Maria foi muito elogiado. Há mais uma voz verbal, nomeada de voz reflexiva, e ela acontece quando o sujeito é agente e paciente da oração. Ex.: A cozinheira cortou-se com a faca enquanto preparava o banquete de Natal. CONCORDÂNCIA VERBAL NAS LÍNGUAS DE SINAIS As línguas de sinais têm sistemas de concordância verbal de muita complexidade, encontrados até mesmo em sinais caseiros e em línguas de sinais jovens, como a língua de sinais da Nicarágua. Os sistemas de concordância de todas as línguas de sinais maduras investigadas até agora são muito semelhantes. Embora todas as línguas de sinais tenham um sistema tradicionalmente referido como concordância verbal, alguns pesquisadores afirmam que "concordância" é um termo impróprio, já que nas línguas de sinais esse fenômeno parece bastante diferente da concordância nas línguas orais. Concordância verbal em língua de sinais é o processo de modificar a estrutura do verbo de acordo com certos aspectos formais do sujeito ou do objeto nominal. O sistema de concordância das línguas de sinais faz parte da gramática dessas línguas, mas também apresenta berço icônico típico das línguas de sinais. Aliás, talvez isso explique sua rica morfologia simultânea na qual certos verbos concordam tanto com o sujeito quanto com o objeto. Foto: Shutterstock.com Morfologicamente, a concordância verbal em língua de sinais é bastante complexa, não ocorre da mesma maneira que nas línguas faladas, havendo diferenças tipológicas. Para entender as diferenças tipológicas, é preciso saber como o emissor faz uso do espaço para sinalizar. A articulação dos sinais acontece no espaço; o local especificado nesse espaço é o parâmetro ponto de articulação. A IMPORTÂNCIA DOS CLASSIFICADORES Antes de entrarmos nos tipos de verbos da Libras e em sua flexão, é importante recapitular o conceito de classificador. De acordo com Pimenta (2006), os classificadores descritivos desempenham uma função descritiva, podendo detalhar som, tamanho, textura, paladar, tato, cheiro, formas em geral de objetos inanimados e de seres animados. As classificações podem se manifestar de muitas formas entre as línguas do mundo, são elas: Uma desinência, que classifica os substantivos e adjetivos em feminino e masculino. Uma partícula que se põe entre as palavras. Uma desinência que se dispõe no verbo, estabelecendo concordância. Quando se atribui uma característica a determinado objeto, como arredondada, quadrada, com bolas, com listras, entre outros, usa-se um tipo de classificação, ou seja, uma adjetivação descritiva. ATENÇÃO Para os estudos linguísticos das línguas de sinais, um classificador é uma forma que existe em número restrito e que estabelece concordância. Para as línguas de sinais, a descrição, a reprodução da forma, o movimento e sua relação espacial são necessários, já que tornam os significados mais claros e compreensíveis. Na Libras, a configuração de mãos representa os classificadores que são formas e quando relacionadas ao objeto, pessoa e animal funcionam como marcadores de concordância. Logo, os classificadores quando substituem o nome que os precede podem se juntar ao verbo classificando o sujeito ou o objeto que estão ligados à ação do verbo. Os classificadores de pessoa e animal podem mostrar plural sinalizando simultaneamente com as duas mãos ou quando se faz um movimento repetido em relação ao número. Foto: Rafael Roberto Aguiar MESA COLOCAR (jarra, panela...) Foto: Rafael Roberto Aguiar CARRO (mover um atrás do outro) Para COISA, os classificadores representam, pela concordância, uma das características dessa coisa que está sendo o objeto da ação do verbo. Por exemplo, MESA COLOCAR e CARRO. Os classificadores apresentam certos traços de iconicidade, gestualidade e representatividade. Apesar de alguns sinais em Libras fazerem referência à imagem do seu significado, não necessariamente os sinais icônicos são iguais em todas as línguas. A iconicidade possibilita que um objeto, uma qualidade, uma pessoa, um estado do objeto sejam representados simultaneamente na estrutura frasal. As expressões faciais e corporais complementam os itens lexicais, estabelecendo contextos discursivos por meio de uma economia linguística no processo de formação dos sinais. ATENÇÃO Não se devem confundir classificadores com os adjetivos descritivos que, nas línguas de sinais, representam iconicamente qualidades de objetos. Nas línguas viso-gestuais, quando se quer sinalizar que alguém está “vestindo uma blusa listrada”, a expressão adjetiva vai ser desenhada no peito do anunciador, entretanto, essa descrição não é um classificador, mas sim um adjetivo, que classificaestabelecendo somente uma relação de característica do objeto e não a relação de concordância de gênero: PESSOA, ANIMAL e COISA, que caracteriza os classificadores na Libras e nas demais línguas orais e de sinais. TIPOS DE VERBOS NA LIBRAS Os verbos na Libras podem ser categorizados, segundo a proposta de Quadros e Karnopp (2004), em: Foto: Rafael Roberto Aguiar Verbos simples São aqueles que não se flexionam em pessoa e número e que não incorporam afixos locativos. Alguns deles mostram flexão de aspecto continuativo ou iterativo, como: CONHECER, AMAR, APRENDER, SABER, INVENTAR, GOSTAR. Foto: Rafael Roberto Aguiar Verbos com concordância Flexionam em pessoa, número e aspecto, mas não incorporam afixos locativos. Exemplos: DAR, ENVIAR, RESPONDER, PERGUNTAR, DIZER, PROVOCAR. Foto: Rafael Roberto Aguiar Verbos espaciais São aqueles que possuem afixos locativos, como: COLOCAR, IR, CHEGAR. Os verbos espaciais apresentam como principal característica a exigência da marcação de local na sinalização, a qual incide a ação do sujeito. São ações físicas do sujeito que ocorrem de um ponto a outro. Foto: Rafael Roberto Aguiar Verbos indicadores Segundo Moreira (2007), podem estabelecer a localização de referentes no espaço de sinalização. Esses verbos são basicamente caracterizados pela ação de indicar, por isso dá-se o nome verbos indicadores. É ainda a melhor denominação que caracteriza o comportamento desses verbos. Além de indicar a referência dos argumentos, os verbos indicadores na Libras também têm um mecanismo para diferenciar as categorias dêiticas – que têm por objetivo localizar o fato no tempo e espaço – em próximo e distante. Exemplos: VER, ENTREGAR, AVISAR. Foto: Rafael Roberto Aguiar Verbos classificadores (ou manuais) São também chamados de verbos manuais e são sinais de verbo que dependem do objeto, além de, como o nome indica, usarem classificadores. SAIBA MAIS Essa análise foi proposta por Ronice Quadros e Lodenir Karnopp inspiradas em estudos linguísticos sobre a Língua Americana de Sinais, a ASL. Para os verbos “escovar”, “lavar”, “abrir”, “andar”, “crescer”, entre outros, não existem sinais específicos e únicos, pois, de acordo com o contexto e com o sinal do objeto, eles variam. São exemplos de verbos manuais: Abrir e fechar: olho, janela, tampa; Andar: bicicleta, carro, avião; Cair: árvore, casa, rede, papel; Cortar: unhas, cabelo, árvore; Crescer: cabelo, unha, pessoa; Lavar: cabelo, mãos, chão; Pintar: pele, cabelo, unhas; Segurar: raquete, bola, vidro; Subir e descer: rebanho de ovelhas, avião, pessoa; Tomar: chimarrão, sorvete, café. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Vamos conhecer alguns desses exemplos! Foto: Shutterstock.com Como sinalizar “escovar os cabelos” em Libras? Devemos sinalizar “escovar cabelo” em uma configuração e em um único sinal, sem precisar fazer o sinal de “cabelo”. javascript:void(0) Foto: Shutterstock.com Como sinalizar o verbo “cair”? É necessário saber qual o objeto e se é um objeto ou pessoa que está caindo para que a sinalização seja efetuada corretamente. Se o indivíduo quer sinalizar que a folha caiu, ele precisa sinalizar “folha cair”, usando um classificador que representa a folha. SAIBA MAIS Chen (1998) menciona que os verbos manuais envolvem uma configuração de mão que é uma imitação de uma mão real segurando um objeto. Quadros e Karnopp (2004) afirmam que esses verbos envolvem uma configuração de mão em que se representa estar segurando um objeto na mão. FLEXÃO EM PESSOA, TEMPO E NÚMERO NA LIBRAS Vejamos como as categorias de pessoa, tempo e número são flexionadas na Libras. javascript:void(0) PESSOA E NÚMERO NA LIBRAS Na categoria de pessoa na Libras, temos: EU TU ELE NÓS VÓS ELES EU Para marcar a primeira pessoa do singular (eu), o dedo indicador aponta para o peito do emissor. TU Para marcar a segunda pessoa (tu), o indicador aponta para o interlocutor. ELE Para marcar a terceira pessoa do singular, é estabelecido um ponto no espaço (para “ele). NÓS Uma das formas de mostrar o plural é o movimento circular do dedo indicador para a primeira pessoa. VÓS O movimento semicircular do indicador marca a segunda pessoa do plural. ELES Para marcar a terceira pessoa do plural, pontos no espaço são indicados. Uma das formas de mostrar o plural é o movimento semicircular para a segunda pessoa e o movimento circular para a primeira pessoa. TEMPO NA LIBRAS Na categoria de tempo, usam-se os locativos temporais com relações espaciais entre si. O passado distante é representado por um movimento longo que se amplia além das costas. O passado é indicado pelo movimento feito sobre o ombro, que deve ir ao espaço anterior do ouvido. O presente é demonstrado pelo plano vertical imediatamente em frente ao corpo do sinalizador O futuro próximo é indicado por um movimento curto em direção à frente do sinalizador. O futuro distante é desenhado por um movimento amplo que se afasta do corpo do sinalizador para frente. ASPECTOS NA LIBRAS Na categoria dos aspectos em Libras, as maneiras aspectuais mais conhecidas são pontualidade, continuidade e duração. Os contrastes espaciais e temporais superpostos são os fatores modificadores dos movimentos dos sinais. SENDO UMA LÍNGUA MULTIDIMENSIONAL, OS PARÂMETROS PODEM SER ALTERADOS PARA A OBTENÇÃO DE MODULAÇÕES ASPECTUAIS, INCORPORAÇÕES DE INFORMAÇÕES GRAMATICAIS E LEXICAIS, QUANTIFICAÇÃO, NEGAÇÃO E TEMPO. (FERREIRA, 2010) A Libras tem várias formas de mostrar o aspecto distributivo no verbo, como: EXAUSTIVA A ação é exaustivamente repetida DISTRIBUTIVA ESPECÍFICA A ação é direcionada para referentes específicos DISTRIBUTIVA NÃO ESPECÍFICA A ação é direcionada para referentes não específicos Nas flexões de modo e aspecto temporal, há os movimentos: INCESSANTE A ação é realizada incessantemente ININTERRUPTA A ação se inicia e continua ininterruptamente HABITUAL A ação apresenta recorrência A flexão verbal em Libras se faz através de mecanismos discursivos, contextuais e espaciais, e com a implantação de cinco parâmetros que, com a alteração na frequência do movimento e de pontos de articulação na estrutura morfológica, podem expressar morfemas. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) SAIBA MAIS Felipe (1998) esquematizou o sistema de flexão verbal na Libras realizado segundo alguns dos elementos com seus respectivos parâmetros: Flexão de pessoa do discurso → parâmetro direcionalidade – movimento retilíneo. Flexão de gênero e número → parâmetro configuração de mão – classificadores. Flexão de lugar → parâmetro ponto de articulação – locativos. Flexão de aspecto → frequência do parâmetro movimento. Flexão de caso modal e intensificador → parâmetro expressão facial e corporal e frequência do parâmetro movimento. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal SAIBA MAIS A concordância nas línguas de sinais ocorre quando o posicionamento ou a direção do verbo é estabelecida pela localização espacial dos argumentos, ou seja, o local em que o verbo é sinalizado é modificado para que se afine com a localização dos argumentos que concordam com o verbo. TIPOS DE VERBOS NA LIBRAS Vamos rever os tipos de verbos da Libras VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. OS VERBOS SIMPLES SÃO VERBOS: A) Que não se flexionam em pessoa, número e aspecto. B) Que apresentam as mesmas características dos verbos manuais. C) Que não se flexionam em número e pessoa e em alguns casos apresenta flexão de aspecto. D) Que não têm um sinal na Libras, logo são soletrados manualmente. E) Que se flexionam em número e pessoa. 2. SOBRE O ESTUDO DA FLEXÃO VERBAL, É CORRETO AFIRMAR QUE: A) É o estudo do gênero e número dos substantivos, adjetivos, numerais e pronomes. B) São morfemas posicionados no início dos verbos indicando que elespodem flexionar. C) Essencialmente é o estudo do plural e gêneros dos nomes. D) São morfemas posicionados no final dos verbos, indicando que eles podem flexionar. E) A flexão verbal deixa fixa a forma dos verbos. GABARITO 1. Os verbos simples são verbos: A alternativa "C " está correta. Segundo Quadros e Karnopp (2004), os verbos simples são verbos que não se flexionam em pessoa e número e não anexam afixos locativos. Alguns desses verbos apresentam flexão de aspecto, a qual permite indicar que a ação verbal está totalmente concluída, ou não; que o foco da ação verbal está no início, no desenvolvimento, ou no fim da ação; se a ação verbal é momentânea, duradoura, contínua, interrompida. 2. Sobre o estudo da flexão verbal, é correto afirmar que: A alternativa "D " está correta. A flexão verbal é uma alteração para a forma verbal se adequar no discurso. Trata-se de um morfema (unidade mínima da palavra que expressa significado) colocado no final de uma palavra para indicar a flexão dessa palavra, sendo a flexão verbal a variação da forma dos verbos. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Estudamos aqui a morfologia de uma língua de sinais específica, a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Vimos que os estudos linguísticos das línguas de sinais são recentes, incluindo seus estudos morfológicos. No entanto, questões importantes já foram apontadas por pesquisadores, como a morfologia simultânea, muito frequente nas línguas de sinais, os processos de derivação e composição, bem como as flexões verbais e construção de classificadores. Descrevemos aqui o processo de formação de sinais e o sistema morfológico da Libras. Identificamos a estrutura dos sinais da Libras e as regras que determinam sua formação, como as já citadas derivação e composição. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS ALVES, I. M. Neologismo. São Paulo: Ática, 1990. ARONOFF, M. et al. The Paradox of Sign Language Morphology. In: Language (Baltim), v. 81, pp. 301-344, 2005. BASILIO, M. Prefixos: a controvérsia derivação/composição. In: Cadernos de Linguística e Língua Portuguesa. n. 1, pp. 1-13. Rio de Janeiro: PUC-RIO, 1989. CHEN, D. Investigation of word order acquisition in early ASL. University of Connecticut: Manuscrito não publicado, 1998. DUBOIS, J. et al. Dicionário de Linguística. 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