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MASCARO, Alysson Leandro. Filosofia do direito. Barueri: Atlas, 2022. p. 145-183. 
 
A FILOSOFIA DO DIREITO MODERNA – II 
 
Esse período abrange do Absolutismo ao Iluminismo. Vários filósofos com 
pensamentos distintos surgiram na Idade Moderna. Aqui serão analisados os pensamentos 
de Hobbes, Locke e Rosseau. Os três filósofos citados são todos defensores do contrato 
social, mas com olhares distintos. 
 
Thomas Hobbes (1588-1679) 
Hobbes defende de forma vigorosa o Absolutismo. Mas, cabe destacar que inovou 
ao dissociar o Estado de questões teológicas, ou seja, o Estado se faz pela vontade 
humana, não há aqui uma associação divina. 
Hobbes defende que o homem não é um ser naturalmente sociável, diante disso, 
confronta o pensamento de Aristóteles. O homem no pensamento hobbesiano é um 
indivíduo que está voltado apenas para os seus próprios interesses, por isso, o contrato 
social é firmado por causado do medo que se tem dos outros homens. Não é algo feito 
através da boa vontade, mas para se proteger do estado de natureza em que todos estão 
contra todos: “A discórdia da condição natural se dá em razão da competição, da 
desconfiança e da glória. A paz, resultante do contrato social, não se origina, portanto, de 
um pendor para a vida social, mas sim por conta do medo” (MASCARO, 2022, p. 148). 
O contrato social dá plenos poderes ao Estado, as vontades subjetivas cabem ao 
monarca, ou seja, de forma racional o homem faz renúncias e por ele o rei tomará as 
melhores decisões, pois o seu poder é absoluto. O rei exerce seu poder por causa da 
vontade humana e não por causa das leis divinas. 
Frisa-se que há uma exceção perante os ditames contratuais: 
 
O direito de autodefesa constitui a possibilidade de desobediência civil no 
pensamento hobbesiano. O indivíduo, mesmo que proibido pelo Estado de se 
valer dos meios necessários à preservação de sua vida, não seguiria tais 
determinações. Ao alienar o seu poder individual ao soberano, no contrato 
social, o indivíduo jamais renuncia ao direito de autodefesa. (MASCARO, 
2022, p. 153). 
 
Compreende que para Hobbes o homem mesmo respeitando as ordens do 
soberano, pode sim preservar a sua vida. Nesse caso o direito natural contesta o direito 
positivo. 
 
John Locke (1632-1704) 
Locke confronta o pensamento absolutista de Hobbes, pois acredita em ideias 
atrelados a burguesia. Para Locke o poder advém do homem e não do poder divino, 
acredita no empirismo, a experiência sensível fomenta o conhecimento dos homens. 
O poder político é advindo do contrato social, mas Locke também pensa como 
Hobbes no que se refere a sociabilidade homem, para ambos os seres humanos não são 
naturalmente aptos a viver em sociedade. No entanto, para Hobbes o homem vive em 
estado de guerra, já para Locke o homem vive em estado pacífico, visto que de forma 
racional compreende a lei natural. A guerra é uma possibilidade, mas não uma constante 
entre os homens. 
A finalidade do contrato social seria para Locke: a garantia da propriedade 
privada. O Estado visa garantir os direitos naturais do homem, mas não há uma submissão 
para com o Estado como acreditava Hobbes, em Locke há uma liberdade natural em que 
deve ser conservada a propriedade privada. 
Locke também acreditava que o Estado não poderia concentrar os poderes como 
no Absolutismo defendido por Hobbes: Locke considera que um governo com poderes 
distribuídos tem a possibilidade de melhor garantir os direitos naturais dos indivíduos, 
conformando, portanto, uma teoria política liberal-burguesa. (MASCARO, 2022, p. 159). 
 
Jacques Rousseau (1712-1778) 
Para Rousseau o homem não é apenas um ser racional, além da razão existe 
também sentimento: “O ser humano, em sua verdade profunda, no contato profundo com a 
natureza, mais do que pensar, sente” (MASCARO, 2022, p. 166). O homem natural é um ser 
livre, mas além da liberdade outro fator importante é a sua perfectibilidade, ou seja, o homem 
pode ir em busca de se aperfeiçoar, melhorar a si mesmo. O homem não é naturalmente mau 
conforme pensa Hobbes, mas as paixões podem transformá-lo em um ser degradante. 
Quando surge a propriedade privada inicia-se os conflitos que traz a destruição da 
condição de felicidade natural, diante disso, os homens passam a ter sofrimentos sociais causado 
por outros semelhantes: 
 
Com um estado de guerra instaurado a partir da propriedade privada e da 
competição entre os homens em sociedade, os próprios ricos pensam então em 
ludibriar os pobres, dando-lhes a promessa de que instituições seriam 
construídas para dar garantias a todos. O Estado e o direito daí então se 
levantam, como enganação coletiva possibilitada por um contrato social feito 
em face da guerra que arruinava os homens. (MASCARO, 2022, p. 171). 
 
Por causa do estado de guerra instaurado por causa da propriedade privada, faz 
necessário que haja um contrato. Sendo assim, o contrato social, que inclusive é um título 
de livro escrito por Rousseau, demonstra a possibilidade de ocorrer justiça na vida social. 
Destaca-se que a manutenção da liberdade de cada indivíduo mesmo estando em uma 
associação: “O homem é o legislador de si mesmo, por meio do corpo orgânico resultante 
da associação. Ele está submetido à lei que é fruto de sua própria vontade. Liberdade e 
obediência encontram uma fórmula de conjugação no pensamento de Rousseau” 
(MASCARO, 2022, p. 174). Significa dizer que prevalece a vontade geral e não os 
interesses pessoais, vale a vontade da maioria voltada para o bem comum, pautada por 
membros do Estado, através de leis e o soberano é o povo: 
 
Por essa razão, o legislador, aquele que institui as leis ao povo, é uma figura 
de grande importância para Rousseau. O povo é o soberano; aquele que por 
sua indicação lhe dá leis deve ser capaz não só de estatuir o que vai conforme 
à natureza do interesse de cada indivíduo, mas deve, sim, ser capaz de mudar 
a natureza dos homens, tornando-os sociáveis (MASCARO, 2022, p. 181). 
 
Ao se tornar sociável o homem pode transformar o seu individualismo em 
solidariedade. O povo seria os indivíduos formalmente iguais e que firmaram o contrato 
em que há a obrigação está relacionado ao direito civil.

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