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Desafio - Comunidade, Cultura e Identidade Surda

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Desafio
Comunidade, cultura e identidade surda são três elementos que geram inúmeros questionamentos para aqueles que não frequentam a comunidade surda, que não entendem sobre a cultura dela nem sobre a identidade que os falantes da língua de sinais assumem.
Você é irmão de um surdo que participa da comunidade e da cultura surda e é fluente em língua de sinais, e, certo dia, uma pessoa de fora da comunidade e da cultura surda, isto é, que não saiba nada sobre língua de sinais, lhe questiona o seguinte: por que o seu irmão não foi oralizado e por que ele não usa aparelho auditivo ou implante coclear? Esses recursos não são importantes para ele sobreviver em sociedade?
Responda a esses questionamentos em, no mínimo, 15 linhas, explicando, ao mesmo tempo, sobre o valor e a importância da Comunidade, da Cultura e da Identidade Surda para os sujeitos surdos.
Resposta:
O surdo não necessita ser oralizado para se integrar à sociedade nem para conseguir sobreviver, pois existem alternativas a essa opção de transformar o sujeito surdo em um sujeito ouvinte. 
A oralização é uma opção que pode ser trabalhada no sujeito com o auxílio de um profissional fonoaudiólogo. Entretanto, não é um fator que impeça meu irmão de viver em sociedade. Ele tem como se fazer entender por meio da língua de sinais e, quando isso não é possível, ele usa o português escrito. Isso significa que ele não necessita oralizar para se comunicar e se fazer entender.
Aprender a oralizar, para uma pessoa surda, analisando o contexto histórico, é sinônimo de privação linguística e frustração, pois a língua de sinais é deixada de lado na maioria dos tratamentos. Alguns surdos chegam a adotar um discurso mais extremista sobre a oralidade, dizendo que surdo que é surdo de verdade não pode ser oralizado. Eu não concordo com essa visão extremista, pois acredito que a oralidade pode ser mais uma alternativa de comunicação para o sujeito surdo, desde que a língua de sinais não seja excluída no processo de ensino da oralidade. Tudo que circula os extremos é ruim, mas é esse posicionamento que nos dá um bom exemplo de identidade surda militante, a qual busca o reconhecimento da comunidade, da cultura e da identidade surda pelos sujeitos surdos.
Quanto ao uso do aparelho auditivo ou no caso do não uso dele, é uma questão de escolha. Nesse ponto, é importante lembrar que muitos dos elementos que compõem a cultura surda podem ou não ser aderidos à identidade do sujeito surdo. Seria parecido dizer que o Brasil é o país do futebol, e eu dizer que não sou fã desse esporte. Todos vão me questionar "mas como você não gosta de futebol?". Pois é, no caso do aparelho auditivo é igual, embora ele faça parte da cultura surda e seja uma constante em muitos casos, funcionando como um auxílio no processo de comunicação, ainda assim ele pode ser ignorado pelo sujeito surdo que se sente melhor sem ele.
Meu irmão, ao se identificar com a cultura e com a comunidade surda, fez com que assumisse sua identidade como sujeito surdo e, a escolha de não usar o aparelho auditivo é algo natural. Também poderia ter sido o contrário, ele teria escolhido usar o aparelho auditivo, fazer tratamento com um fonoaudiólogo, ser oralizado ou ter feito o implante coclear. Isto é, é tudo uma questão de escolha (você nasce surdo ou fica surdo, mas a decisão de se integrar à comunidade e à cultura surda, se assumindo como sujeito surdo é totalmente subjetiva, ou seja, só depende da pessoa querer ou não). A questão do implante coclear vai na mesma linha de raciocínio. Não havia motivo para fazer a cirurgia se sua identidade não é de uma pessoa ouvinte, e sim de uma pessoa surda a qual percebe o mundo visualmente, que está sempre em contato com a comunidade surda e se aceita assim como é, sendo muito feliz usando língua de sinais e não usando aparelho auditivo.

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