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D i b e FEBRE Definição: elevação anormal da temperatura corporal que ocorre como parte de uma resposta biológica especifica mediada e controlada pelos sistema nervoso central. Local e método de medição: os locais mais comuns são o reto (padrão de referência e preferida para bebês e crianças menores de 4 anos, contraindicada para os pctes neutropênicos), boca e axila. ➔ Os termômetros infravermelhos mostram a quantidade de calor produzida pelas artérias cerebrais médias, sendo que a sua precisão pode ser afetada pela sudorese ou alterações vasculares. HOMESOSTASE DA TEMPERATURA: a temperatura corporal é controlada pelo centro termorregulador do hipotálamo, ele vai equilibrar a produção de calor, derivada principalmente da atividade metabólica do músculo e fígado, com a dissipação de calor da pele e dos pulmões. Esse centro vai ser capaz de manter uma temperatura bastante estável em ambientes de temperatura normal, contudo, quando as temperaturas ambientais forem maiores de 35°C, a capacidade do corpo de dissipar calor é sobrecarregada e a temperatura central aumenta. TEMPERATURA NORMAL A média normal é de 37,2°C pela manhã e de 37,7°C no geral. Ela varia de acordo com a idade, hora do dia, novel de atividade física e fase do ciclo menstrual. ➔ Bebês e crianças pequenas tem temperaturas mais altas que crianças mais velhas e adultos, devido a maior razão área de superfície para peso corporal e a maior taxa metabólica. Elevação da temperatura considerada anormal pende da idade da criança e do local aferido. No lactente saudável com menos de 3 meses de idade, febre de preocupação vai ser definida por temperatura retal maior ou igual a 38,0°C. Em crianças de 3 a 36 meses, a febre vai ser definido por temperaturas retais que variam de maior ou igual a 38,0-39,0°C, caso ausencia de foco de infecção do exame. Em crianças mais velhas e adultos, a febre é definida por temperaturas orais que variam de maior ou igual a 37,8 a 39,4°C e febre preocupante quando temperaturas orais maior ou igual a 39,5°C. PATOGÊNESE: resulta de uma série altamente coordenada de eventos que começam perifericamente com a síntese e liberação de interleucina 1 e 6, fator de necrose tumoral, interferon alfa e outras citocinas pirogênicas endógenas por células fagocíticas no sangue ou tecidos. Quando elas entram no sangue, elas são levadas até o hipotálamo anterior, onde induzem aumento abrupto na síntese de prostaglandinas, especialmente a E2. ➔ Sua indução no cérebro aumenta o ponto de ajuste hipotalâmico para a temperatura corporal. Após aumento do ponto de ajuste, o centro termorregulador reconhece que a temperatura corporal atual está muito baixa e inicia uma série de eventos para elevar a temperatura para o novo ponto de ajuste. Isso está relacionado com o aumento da temperatura pelo aumento da taxa metabólica e aumento do tônus e da atividade muscular, e diminuição da perda de calor através da diminuição da perfusão da pele. O limite superior da temperatura parece ser 42°C, mas é incomum que a temperatura exceda 41°C sem algum elemento de hipertermia concomitante. Além de febre, as citocinas pirogênicas aumentam a síntese de proteínas de fase aguda pelo fígado, diminuem os níveis séricos de ferro e zinco, provocam leucocitose e aceleram a proteólise do musculo esquelético. IL-1 → induz sono de ondas lentas PGE2 → periférica, pode ser responsável pelas mialgias e artralgias que frequentemente acompanham a febre. ➔ Aumento da FC é resposta fisiológica normal a febre Hipertermia → elevação anormal da temperatura sem alteração no ponto de ajuste termorregulatório no hipotálamo, isso leva a produção de calor que excede a capacidade de sua dissipação. Os pcte não vão responder aos antipiréticos. ➔ Pcte com história de exposição ao calor ou uso de drogas que interferem na termorregulação normal, pele quente e seca e disfunção do sistema nervoso central. ➔ Pode ser rapidamente fatal, sendo que os efeitos fisiológicos adversos iniciam em temperaturas >41°C CRISE FEBRIL Definição: crise epilética que ocorre entre os 6 meses e 6 anos de idade, associada a doença febril, não causada por uma infecção de sistema nervoso central, sendo excluídas as crianças que apresentam crises neonatais ou crises não provocadas ou, que se encaixam nos critérios de outra crise sintomática aguda. Geralmente ela ocorre em associação com infecções viriais das vias aéreas superiores, pulmonares, intestinais e do trato urinário, assim como associada a febre decorrente de vacinação. ➔ Geralmente ela ocorre nas primeiras 24h do episódio febril, no periodo de ascensão rápida da temperatura Fatores de risco: curta duração da febre antes do episódio e baixa temperatura. CF simples → apresentação generalizada com duração inferior a 15min e não recorre em menos de 24h, com exame neurológico pós-ictal normal. CF complexa → duração superior a 15min e/ou apresenta uma ou mais recorrência nas primeiras 24h, podendo iniciar-se como focal e/ou apresenta exame neurológico pós-ictal alterado. EPIDEMIOLOGIA Se estima que cerca de 2 a 5% das crianças menores de 5 anos vão apresentar pelo menos um episódio de CF, sendo que em 90% dos casos ele vai ocorrer entre 6 meses e 3 anos de idade. Fatores de risco: ➔ História de CF em parentes de 1° e 2° grau ➔ Internação hospitalar no periodo neonatal ➔ Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor ➔ Atendimento frequente em hospital-dia, tendo sido observado que, em crianças que apresentam dois desses fatores, o risco da ocorrencia de CF seria de 30% Apenas 30% das crianças até os 6 anos terão uma segunda crise e metade delas terão uma terceira crise febril. Os fatores mais importantes para a recorrência são: ➔ Idade precoce da primeira CF ➔ História familiar de CF ➔ Grau de elevação da temperatura ➔ Duração do periodo febril As crianças com CF tem risco discretamente mais alto para crises focais complexas, da mesma forma para outro tipos de epilepsia, quando comparadas a população em geral. ➔ Segundo estudos clínicos, o cérebro imaturo pode apresentar maior susceptibilidade a convulsões, provavelmente por conta da combinação de excitação aumentada e inibição diminuída, além de diferenças maturacionais nos circuitos subcorticais GENÉTICA História familiar de CF em parentes de 1° grau é comum, além disso, é observada uma porcentagem bem maior de concordância de CF em gêmeos monozigóticos do que dizigóticos. Existem estudos da ligação de CF com vários cromossomos que parecem alterar o funcionamento de canais de sódio neuronais. DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO Diagnóstico é clínico, sendo que o exame do líquor so vai ser solicitado nas seguintes ocasiões: ➔ Menos de 6 meses de vida ➔ Sintomatologia de infecção do SNC ➔ Recuperação lenta ou alteração neurológica pós-ictal ➔ Uso de ATB Outros exames laboratoriais são solicitados para investigar foco infeccioso, não fazendo parte da investigação de rotina de CF simples ou complexa. Eletroencefalograma, mapeamento cerebral, TC e RM não devem ser realizada de maneira rotineira, já que não contribuem para o diagnóstico e tratamento. O tratamento é baseado em: fase aguda, profilaxia da recorrência das crises e orientação familiar. Na maioria dos casos a criança já chega ao PS no periodo pós-ictal, quando ela chega em convulsão o tratamento agudo é igual para qualquer crise epilética, independente da sua etiologia. Na admissão do OS a temperatura é aferida, sendo indicado o controle da febre por meios físicos e antitérmicos. Quando recorrência da CF é recomendado o uso de benzodiazepínicos (Diazepam, clonazepam e nitrazepam) no episódio febril. Na CF complexa e com alta recorrência, podem-se usar benzodiazepínicos durante os episódios febris. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL O principal vai ser a meningite, além de alguns processos que simulam crises convulsivas, como sincopes febris, que se comportam como crises atônicas, delíriosfebris, calafrios e tremores. À família vai ser importante avisar que: ➔ Essa crise tem uma caráter benigno, não tendo sido observado nenhum estudo que houvesse morte por causa da CF, pois para os pais esse quadro está associado a morte. ➔ Controle rigoroso da febre é o ponto mais importante do tratamento, sendo feito o uso de antitérmicos ou banhos típicos ➔ Risco de novo episódio é raro D i b e ➔ Esses quadros são associados a elevações rápidas de temperatura corporal acima de 38°C, sendo que ela pode ser o primeiro sinal de um processo infeccioso, não havendo tempo para o uso de antitérmicos antes que ela ocorra. ➔ É importante que a criança seja protegida durante a CF, mas seus movimento NÃO podem ser restringidos ➔ Nada deve ser introduzido na boca ➔ Não se deve tentar respiração boca a boca ou massagem cardíaca em casa ➔ Caso nova crise, os pais devem manter a calma, posicionar a criança em superfície confortável, em decúbito lateral direito, para evitar acúmulo de saliva ou broncoaspiração no caso de vomito. ➔ Após término da crise, não deve ser administrado qualquer líquido ou medicamento por VO até que a criança esteja bem desperta ➔ Prestar atenção na duração da convulsão. Quando maior que 5min deve ir a emergência mais próxima ou chamar ambulância ➔ Avaliar a temperatura com termômetro e não agasalhar demais a criança. CRISES CONVULSIVAS NA INFÂNCIA -Crise Convulsiva: alteração aguda e transitória da função cortical cerebral caracterizada por descargas neuronais anômalas, excessivas e sincronizadas. Pode ser dividida em 2 grandes categorias: -Crises Focais: quando só 1 hemisfério cerebral é afetado. Pode estar associada ou não à alteração da consciência. Pode sofrer processo de generalização secundária. Classificada de acordo com o tipo de manif predominante (motoras, sensoriais, cognitivas, etc) -Crises generalizadas: clinica e EEG indicam envolvimento síncrono de ambos os hemisférios. Podem ser dividas em de ausência, tônico-clinica, clinica, tônica, atônica e mioclônica. Crises convulsivas febris são categoria separada Crises sintomáticas agudas: secundarias a problema agudo que afeta a excitabilidade cerebral, como meningites, encefalites, distúrbios eletrolíticos, da glicemia ou intoxicação exógena. NÃO SÃO CONSIDERADAS CRISES FEBRIS. -Epilepsia: transtorno do cérebro caracterizado por predisposição contínua de gerar crises convulsivas e pelas consequências neurobiológicas, cognitivas, psicológicas e sociais dessa condição. É definida como a presença de 2 ou + crises não provocadas em intervalo >24 h. Prevalência é de 0,5% na população geral. -Transtorno convulsivo: termo geral habitualmente usado para incluir qualquer um de vários transtornos, incluindo epilepsia, crises febris e possivelmente crises únicas e crises sintomáticas secundárias a etiologias metabólicas, infecciosas ou outras (p.ex., hipocalcemia, meningite) 4-10% das crianças apresentam pelo menos 1 crise (febril ou afebril) nos 1os 16 anos de vida. Crises focais Podem ser caracterizadas por sintomas motores ou sensitivos (versão forçada da cabeça e dos olhos para um dos lados, movs clônicos unilaterais começando na face ou nas extremidades, parestesias ou dor localizada em uma área específica). Durante a infância, essas crises são freq secundárias a uma lesão ou decorrentes de uma epilepsia genética, idiopática. SEM sintomas discognitivos: -Manifs dependem da região cortical afetada, e a consciência esta preservada. -Há marcha motora (jacksoniana) da face p/braço e p/ perna, movs de versão da cabeça e do olho p/ lado contralateral ou paralisia pós-ictal (de Todd), que pode durar min-hrs. COM sintomas discognitivos: -Pcnt perde a consciência, e os sintomas podem surgir antes, durante ou após a perda de consciência. Costumam iniciar com auras, seguido de súbita “parada comportamental”, e freq ocorrem automatismos (piscar os olhos, mastigar, engolir, etc). -Cessada a crise, pcnt volta “confuso”, levando min-hrs para se recompor. No período pós-ictal pôde-se ter amnésia anterógrada (a partir do inicio do evento) ou afasia (se o hemisfério afetado for o dominante). Crises generalizadas -Crise de AUSÊNCIA: episódios súbitos e breves (dura segs) de perda da consciência sem perda do tônus postural. Há olhar fixo, falta de responsividade e pequenos tremores nos olhos. Iniciam na infância (entre 4-8a), e representam 15-20% crianças epiléticas. -Crises TÔNICO-CLÔNICAS: Inicia com fase tônica (dura 10-20s, é contração simultânea dos mm esqueléticos), seguida de fase clônica (períodos de relaxamento musc sobrepostos a contração tônica de base). A consciência é recuperada dentro de min-hrs, e é esperada confusão mental pós-ictal -Crise ATÔNICA: Caracterizadas por súbita e breve (1-2s) perda do tônus postural, geralm acompanhada de perda da consciência. Recuperação é rápida, sem sintomas pós-ictais. Geralm só se vê breve “queda” da cabeça -Crises MIOCLÔNICAS: mioclonia é contração musc involuntária súbita e breve, que envolve apenas 1 parte do corpo ou o corpo inteiro (tipo um “susto”). Geralm coexistem com outras formas de crise convulsiva em portadores de epilepsia AVALIAÇÃO DA 1a CRISE • 1o durante ou logo após uma crise suspeita, deve-se avaliar integridade das VAs, ventilação e função cardíaca, determinar temp, PA e glicemia. • P/ avaliação inicial da 1a crise, deve-se pesquisar causas potencialmente letais de crises convulsivas (meningite, sepse, TCE, uso abusivo de drogas ou ingestão acidental de drogas ou outras toxinas). • A história deve tentar definir fatores que possam ter promovido a convulsão e fornecer uma descrição detalhada da crise convulsiva e do estado pós-ictal da criança. Em seguida, deve-se avaliar se a crise convulsiva teve início focal ou se é generalizada. • Tb deve-se focar o exame p/ pesquisa de uma causa orgânica —> medir PC, Comp e peso da criança, sendo plotados em gráfico de crescimento e comparados com medidas prévias. • Fazer exame de fundo de olho, examinando a presença de papiledema, neurite óptica, hemorragias da retina, uveíte, coriorretinite, coloboma ou alterações maculares, bem como um facoma retiniano. • Se características faciais incomuns ou achados físicos associados (ex:hepatoesplenomegalia), apontam p/ doença metab ou de armazenamento subjacente como causa do transtorno neurológico. • Sinais neurológicos localizatórios (hemiparesia sutil com hiperreflexia, sinal de Babinski ambíguo, desvio p/ baixo de um braço estendido c/ olhos fechados) poderiam sugerir uma lesão estrutural hemisférica contralateral como causa do transtorno convulsivo. • Após investigação aguda inicial (TC e exames metab), se for a 1a convulsão NÃO-FEBRIL da criança, pode-se solicitar EEG p/ ajudar a predizer o risco de recorrência das crises. • Estudos de imagem subsequentes com RM devem ser considerados em qualquer criança c/ comprometimento cognitivo ou motor significativo de etiologia desconhecida, anormalidades sem explicação ao exame neurológico ou psiquiátrico, crise convulsiva de início focal com ou sem generalização secundária, um EEG que não representa uma epilepsia parcial benigna da infância ou epilepsia generalizada primária, ou em crianças <1 ano de idade. • Outros exames labs ou PL podem ser solicitados, dependendo do contexto clínico específico. Convulsões febris (CF) -É toda a convulsão que ocorre em vigência de doença infecciosa febril (exceto infecções do SNC), entre 6m e 60m (5a), com temp >38°C, e que ocorrem na ausência de história de convulsões afebris previas. -Geralmente ocorre associada a infecções virais das VASs, pulmonares, intestinais e do TU, assim como associada à febre decorrente de vacinação. -CF geralm ocorre nas 1as 24h do episódiofebril, no periodo de ascensão rápida da temp. Convulsão febril simples/típica: é generalizada, tônico-clônica e associada a febre, durando no máx 15 min, não recorrendo dentro de 24 h. O período pós-ictal geralm é muito breve e retorna ao comportamento basal normal e à consciência em min depois da crise. É benigna, não provoca danos neurológicos em longo prazo, mesmo que a criança tenha tido D i b e varias crises febris simples. Não provoca aumento no risco de mortalidade e nem do risco de epilepsia no futuro. Convulsão febril complexa/atípica: é mais prolongada (> 15 min), focal e/ou recorre dentro de 24 h. No período pós-ictal, há presença de sinal neurológico (ex: paralisia de Todd – fraqueza focal em uma parte ou todo o corpo dps de convulsão) ou sonolência duradoura; Podem ter aumento de mortalidade de ~2x no longo prazo, em comparação com a população geral, ao longo dos 2 anos subsequentes, provavelmente secundária à patologia coexistente. Pcnts c/ CF não têm aumento da incidência de anormalidades do comportamento, do desempenho acadêmico, da função neurocognitiva ou da atenção. Após os 5 anos, a criança não volta a recorrer em crises e não se transforma em um indivíduo epiléptico no futuro. **Importante diferenciar de crises epilépticas em vigência de febre —> crises convulsivas podem ocorrer com maior freq durante a febre em crianças com epilepsia. A epilepsia é doença crônica, caracterizada pela recorrência (>1 crise em <24h) de crises convulsivas de natureza afebril, na grande parte dos casos. A hipertermia observada durante os processos infecciosos pode reduzir o limiar convulsivo, e estas crianças podem apresentar, então, crises epilépticas em vigência de febre por alguma infecção intercorrente. EPIDEMIOLOGIA É a desordem convulsiva mais comum na infância, incidência de 2-5% lactentes e pré-escolares. Em >90% casos, o 1o episódio ocorre entre 6m e 3a. É bastante comum a presença de HF + de crises febris na infância FR para o 1o episódio: HF de CF em parente de 1o ou 2o grau; internação hospitalar no períodos neonatal; atraso DNPM; atendimento freq em hospital-dia; Risco de recorrência é de ~30% dos que apresentam um 1o episódio, em 50% dps de 2 ou + episódios, e em 50% dos lactentes com <1 ano de idade quando tiveram a 1a convulsão febril. Se não houver FR, a chance de recorrência é de 12%; Na presença de 1FR = 25-50%; 2FR = 50-59%; 3 ou + FR = 73-100%. Mas alguns FRs, quando associados à crise febril, podem aumentar a probabilidade de epilepsia. ETIOLOGIA A crise febril ocorre emperrado do desenvolv cerebral caracterizado por grande excitabilidade neuronal e formação de redes neurais, processo fundamental p/ aprendizado. Entre os mecs que tornam o cérebro infantil mais vulnerável ao desencadeamento de crises convulsivas febris estão: domínio de NTs excitatorios, hipertermia, citocinas e o padrão genético. Convulsões febris costumam ocorrer no contexto de otite média, amigdalite, roséola (ou exantema súbito, é parecida com a rubéola, provocada por HVH- 6, e geralm infecta crianças nos 1os meses de vida até 3a), infecção por herpes vírus humano (HVH), Shigella ou infecções similares, exigindo mais da avaliação. Infecção por HVH-6B (+freq) e por HVH-7 é responsável por 1/3 dos casos. Em muitas famílias, o transtorno pode ser herdado como traço autossômico dominante, e múltiplos genes isolados que causam o transtorno têm sido identificados (FEB 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7) Quase qualquer tipo de epilepsia pode ser precedida por convulsões febris, e algumas síndromes epilépticas tipicamente iniciam-se com crises febris —> epilepsia generalizada com crises febris plus (EGCF +), epilepsia mioclônica grave da infância (ou síndrome de Dravet) e a epilepsia do lobo temporal secundária à esclerose temporal mesial. CLÍNICA e DIAGNÓSTICO O episódio convulsivo acontece em elevações rápidas da temp e geralm aumenta até 39°C ou +. Crise geralm é generalizada, dura de seg a 15min, e período pós-ictal é marcado por sonolência passageira. Após a crise, fazer anamnese detalhada e minucioso exame neurológico e geral —> exame neurológico é inteiramente normal após a crise Tentar sempre identificar a localização da infecção (geralm é amigdalite, otite ou doença exantemática). O diagnostico é predominantemente CLÍNICO Punção Lombar • INDICAÇÕES: SEMPRE FAZER em todos os lactentes <6m que apresentam febre e convulsão – pq em crianças pequenas (princip <12m), a encefalite e meningite não se apresentam de forma clássica, sendo que outros sinais meníngeos podem estar ausentes, e a convulsão ser a única manif de processo infeccioso intracraniano. Crianças entre 6m e 12m com convulsão e febre, na presença de sinais de irritação meningea ou outras anormalidades neurológicas, ou se não identificar a causa/localização da infecção; Se a criança entrar em estado de mal epiléptico (crise contínua ou várias crises reentrantes sem recuperação da consciência entre elas); Se observar qualquer sinal de alerta (ex.: toxemia, crise complexa, nível consciência reduzido após a crise); Presença de 1a crise febril complexa; Presença de letargia persistente – recuperação lenta ou alteração neurológica pós-ictal; Crise febril em crianças >5a, pela possibilidade de meningite/encefalite; Uso de ATB – pq os sintomas de meningite podem ser mascarados; Se não houver infecção do SNC, esses pcnts raramente apresentam na PL pleiocitose no LCR (96% têm < 3 células nucleadas no LCR), e as proteínas e glicose do LCR geralmente estão normais Outros Exames Complementares -Hemograma completo, dosagem de eletrólitos (Na, Ca, Mg, K) e glicemia (importantes se suspeita de crise sintomática). -EEG: se for a 1a convulsão febril simples da criança, e esta é neurologicamente saudável, normalmente não será necessário um EEG como parte da avaliação. Este exame não é capaz de predizer a recorrência futura das convulsões febris ou de epilepsia mesmo que o resultado seja anormal. -Também não há indicação de exames de imagem do SNC (como TC ou RM) na crise febril simples, sendo solicitada apenas em casos selecionados, com crise focal ou déficit neurológico preexistente. Diag Diferencial -O principal é a meningite, além de alguns processos que simulam as crises convulsivas, como sincopes febris, que se comportam como crises atônicas, delírios febris, calafrios e tremores TRATAMENTO O trat é baseado em 3 aspectos: trat da fase aguda, profilaxia da recorrência, e orientação familiar. A maioria das crianças já chega ao PS no período pós-ictal. Mas se chegar em convulsão, o trat agudo é igual a qualquer crise epilética, independentemente de sua etiologia. Se a convulsão durar >5min, pode-se adm Benzodiazepínico (diazepam IV ou retal, dose 0,3-0,5mg/kg,midazolan ou lorazepan) Muito importante orientar os pais: -Informar que a CF tem caráter benigno, que não causa morte, que o risco de um novo episódio convulsivo durante o mesmo quadro febril é raro. -O controle rigoroso da febre é o aspecto mais importante do trat, c/ uso de antitérmicos e/ou banhos típicos. As compressas frias podem ser postergadas p/ casos em que a temp não diminui c/ uso das medidas anteriores. -É importante proteger a criança durante a crise, mas sem restringir seus movs, e nem introduzir nada em sua boca. -Não se deve tentar respiração boca a boca ou massagem cardíaca em casa. -Se a criança tiver nova crise, os pais devem manter a calma, posicionar a criança em uma superfície confortável, em DLD, p/ evitar o acúmulo de saliva na cav oral e prevenir a broncoaspiração no caso de vômitos -Após o término das crises, não se deve adm qualquer medicação ou líquidos VO até que a criança esteja bem desperta. -É necessárioprestar atenção à duração da convulsão —> se >5min, deve-se dirigir à emergência mais próxima ou chamar uma ambulância. -É preciso avaliar a temp c/ termômetro e não agasalhar demais a criança. • Nas CFs SEM FR p/ epilepsia no futuro: -Assegurar que as crises são benignas, não provocam déficit intelectual ou anormalidade neurológica futura, não evoluem p/ epilepsia na grande maioria dos casos e são autolimitadas, cessando ao final da fase pré-escolar; -Uso de antitérmicos (ibuprofeno, paracetamol, dipirona) reduz o mal-estar associado à febre, mas não impede a ocorrência da crise febril -Nas crises COM FR: Considerar realização de EEG (30min acordado em 30min em sono) e/ou exame de neuroimagem; -Não há consenso quanto ao uso de anticonvulsivante contínuo como profilaxia para prevenir recorrência. A Academia Americana de Pediatria D i b e (AAP) não recomenda o uso continuou ou profilático de anticonvulsivante na CF simples. E o trat profilático não altera o risco de epilepsia futura. Epilepsia do Lactente EPILEPSIA MIOCLÔNICA DO LACTENTE • Inicia entre 4-24m em uma criança normal. São crises breves e generalizadas, com abalos mioclônicos que variam de intensidade. • No inicio, são ocasionais e geralm passam a ser perceptíveis p/ pais usando aumentam em freq e apresentam queda de cabeça, associada ou não à movs de rotação dos olhos p/ cima. • Crises mioclônicas envolvem o tronco e os MM, determinando queda abrupta da cabeça e do tronco associada a elevação dos MMSS e flexão dos MMII. • Podem ocorrer em qualquer hora do dia, desaparecem à noite e não existe outro tipo de crise associada -Se diag e trat precoce, não há interferência no DNPM. EEG é importante p/ diag. -São facilmente controladas com doses terapêuticas de ácido valpróico e geralm desaparecem até 5a. -Prognostico é bom, mas alguns pcnts desenvolvem, na idade escolar e/ou adolescência, convulsões tônico-clônicas generalizadas. SÍNDROME DE WEST -Tríade: Crises em ESPASMOS + DETERIORAÇÃO MENTAL + Atraso NPM, associado à traçado EEG de hipsarritmia. -Inicia entre 3-7m (SBP) ou 2-12m (Nelson). Afeta mais meninos, e pode não ter uma causa determinante ou etiologia variável (erros inatos do metab, lesões cerebrais hemorrágicas, insulto hipoxico-isquemico, distúrbio da migração neuronal, esclerose tuberosa). -Espasmos: se manif de forma agrupada (repetitiva), são mais comuns logo ao despertar ou durante a sonolência, duram ~2-3s e podem guardar intervalos variáveis de 5-15s. Geralmente são simétricos. o São divididos em: flexor (envolvem pescoço, tronco e MM, com adução ou abdução dos braços),extensor (consistem na extensão de pescoço, tronco e MM, que podem permanecer em adução ou extensão), e mistos (mais freq, e quando surgem em criança aparentemente normal, podem ser confundidos com a cólica do lactente). Regressão cognitiva e retardo NPM manifestam-se logo no início do quadro, c/ perda do sorriso social, desinteresse pelo ambiente, involução das aquisições motoras adquiridas. Alterações neurológicas motoras são variáveis e dependem da causa etiológica, e só 5% crianças afetadas evoluem sem retardo mental. Diag = anamnese + quadro clinico + EEG com hipsarritmia. Trat é emergencial logo após a determinação do diag. Trat c/ ACTH (hormônio) mostra resposta positiva no controle dos espasmos em 59-100% casos e até 97% na normalização do EEG. E.A (HAS, Cushing e cardiomegalia) podem ocorrer e são reversíveis após retirada do medicamento. Se a patologia de base for a esclerose tuberosa, a medicação de escolha é a vigabatrina. SÍNDROME DE DRAVET Ou Epilepsia Mioclônica Grave da Infância, começa no 1o ano de vida, sendo que as crianças são normais antes das crises. A etiologia está relacionada à mutação neuronal nos canais de cálcio do gene SCN1A. Inicia como estado de mal epiléptico febril focal ou crises febris focais e, mais tardiamente, manifesta mioclonias e outros tipos de crises. Na fase inicial, são predominantemente clônicas; a partir dos 2a, passam a ser generalizadas, com ataques mioclônicos maciços, ocorrendo várias x/dia, sem associação com estado febril, provocando quedas ao solo e evoluindo para crises tônico-clônicas generalizadas. Observa-se lento e progressivo retardo PM e cognitivo, além de comprometimento motor, da linguagem e da marcha, caracterizando uma síndrome cerebelar e piramidal. Diag de certeza é dado pelo aparecimento dos ataques mioclônicos. Pode-se suspeitar quando criança apresenta crises febris recidivantes durante o 1o ano de vida e tem um EEG com ponta-onda desencadeada por fotoestimulação. Epilepsia da infância EPILEPSIA COM PONTAS CENTROTEMPORAIS (EPCT) -Geralm inicia entre 4-10a e é interrompida na adolescência. Há discreto predomínio masc, crises noturnas predominantemente e é considerada idade-dependente. -Evidências de antecedentes de epilepsia na família como causa etiológica mais provável, e história de crise febril durante os 1os anos de vida é positiva em 7-10% casos. -A evolução e a intensidade do quadro epiléptico são variáveis. Podem ocorrer agrupamento de crises durante alguns dias, principalmente na fase inicial da doença, seguido por meses ou até anos com o paciente assintomático. -A criança tipicamente acorda à noite devido crise FOCAL causando parestesia na boca e garganta e cpmtrações tônicas ou clônicas de um lado da face, com sialorreia e incapacidade de falar, mas com a consciência e a compreensão preservadas. -Pcnts geralm tem excelente potencial cognitivo e têm o exame neurológico normal, mas há referências de distúrbio da linguagem persistente relacionado à idade de início da epilepsia. -EEG mostra pontas centrotemporais tipicas com base ampla que aumentam acentuadamente de freq durante a sonolência e o sono. -Pcnts reagem bem aos antiepilépticos, como a carbamazepina. Síndrome de Panayiotopoulos -Manifesta-se com sintomas autonômicos (vômito, eversão da cabeça e dos olhos), acompanhados por convulsões focais motoras (geralm clônicas dimidiadas ou tônico-clônicas generalizadas). -Costuma iniciar entre 2-11a, as crises são breves, mas os episódios de vômitos podem se repetir várias vezes, associados a crises motoras prolongadas, podendo levar a um estado de mal convulsivo. -O exame neurológico é normal e HF p/ epilepsia e crise febril está presente em 40% dos casos. -EEG mostra pontas na região occipital que predominam durante o sono. Durante a vigília, essas pontas não são reativas a abertura e fechamento dos olhos. Síndrome de Lennox-Gastaut -Prevalência no sexo, mas e início entre 3-5a. -É considerada encefalopatia epiléptica grave da infância, pois 60% pcnts têm como causa etiológica uma lesão cerebral, determinando comprometimento no DNPM e cognitivo. -As crises são resistentes ao trat c/antiepilépticos • Manifestam-se 3 tipos: Tônicas: envolvendo sobretudo a musc axial e MM. Ocorrem durante sono e vigília. Geralmente são simétricas, com ou sem perda da consciência, com alteração do ritmo resp e desvio ocular e, às vezes, automatismo gestual. Ausências atípicas: têm começo e fim progressivos, a perda de consciência é incompleta, permitindo de alguma forma a manutenção parcial da atividade que vinha sendo desenvolvida. Mioclonias maciças: anteriormente classificadas como crises atônicas, provocam queda abrupta da cabeça ou do corpo. A indicação de usar capacete pode ser sugerida, objetivando evitar traumatismos graves. O comprometimento cognitivo pode ser leve ou ausente na fase inicial, mas, com a evolução, em razão da recorrência de crises e da dificuldade no controle, passa a ser gradativamente mais acentuado. Trat exige politerapia com antiepilépticos, o que tb contribui para acentuar o quadro de sonolência,dificuldade de aprendizagem e lentidão psicomotora. Síndrome de Landau-Kleffner Não tem associação com doença de base nem HF de epilepsia. Sexo masc entre 3-5a. Caracteriza-se pela afasia adquirida associada a alteração importante do comportamento e a crises epilépticas generalizadas raras que remitem rapidamente após terapêutica medicamentosa. Inicia com afasia (agnosia auditivo-verbal que se estende a ruídos familiares), e a criança gradativamente passa a ser incapaz de atribuir um valor semântico a sinais acústicos, reduz ou perde a espontaneidade da expressão verbal, passa a apresentar estereotipias, perseveração, parafasias, hiperatividade e oscilações do humor As alterações psicocomportamentais associadas à afasia freq levam à suspeita diag de mutismo, surdez e autismo. Encefalopatia epiléptica c/descargas ponta-onda contínua durante sono (EPOCS) Não existe relação direta com HF de epilepsia nem há predominância em relação ao sexo. Crianças entre 3-6a que vinham tendo um desenvolvimento normal passam a ficar mais lentas, com perda nas habilidades cognitivas e, às vezes, com comprometimento da linguagem. Crises epilépticas podem ocorrer, mas são raras e geralmente noturnas. D i b e Manifestam-se como ausências com componente clônico e atônico, motoras unilaterais ou tônico-clônicas generalizadas, e desaparecem entre 10-15a. O status epiléptico durante o sono é determinado pela presença de ponta- onda contínua durante o sono de ondas lentas (POCSL) em 85% do traçado EEG. A deterioração cognitiva começa em virtude desse status epiléptico. As crises convulsivas só surgem mais tarde, interferindo no diag e na intervenção terapêutica precoce. Epilepsia da Adolescência EPILEPSIA AUSÊNCIA JUVENIL -Inicia na puberdade, entre 10-17a. Pcnts não apresentam alterações neurológicas. -Crises se manif logo ao despertar, de forma repetitiva, com perda abrupta da consciência. -São mais leves, mais freq e mais longas que a epilepsia ausência infantil. -Podem ocorrer mioclonias e crises tonico-clonicas generalizadas. -Não apresenta remissão. Podem melhoras com as evolução, mas os pcnts continuam a ter as manifs ao longo da vida adulta, com períodos de maior ou menos exacerbação. EPILEPSIA MIOCLÔNICA JUVENIL -Tb conhecida como síndrome de Janz, é epilepsia generalizada idiopática, de etiologia genética, com vários genes sucetíveis. -Inicia entre pré e pós-puberdade, com pico de incidência entre 12-17a. -Caracteriza-se por crises mioclônicas, irregulares, simples ou repetitivas, arrítmicas, predominantemente nos MMSS, em geral ao despertar ou após privação de sono. -Crises de ausência de curta duração e tônico-clônicas generalizadas podem surgir algum tempo depois das crises mioclônicas. -Freq, as crises mioclônicas são consideradas como tremor ou “nervosismo”, sendo valorizadas somente depois que as tônico-clônicas se manifestam. -As crises têm como fatores precipitantes privação de sono, exposição a fotossensibilidade (luz estroboscópica, jogos de videogame) e uso de álcool. -EEG mostra um padrão típico de espícula-onda bilateral rápido, que em 30% é desencadeado pela fotoestimulação. Refratariedade se retirar medicação.
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