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Eloisa de Moura Lopes Eriton Luiz Mainardes Frederico Rodovalho de Oliveira Gilriane Carla Félix da Silva Inovação © Universidade Positivo 2018 Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 – Campo Comprido Curitiba-PR – CEP 81280-330 *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Imagens de ícones/capa: © Thinkstock / © Shutterstock. Presidente da Divisão de Ensino Reitor Pró-Reitor Coordenação Geral de EAD Coordenação de Metodologia e Tecnologia Autoria Parecer Técnico Supervisão Editorial Projeto Gráfico e Capa Prof. Paulo Arns da Cunha Prof. José Pio Martins Prof. Carlos Longo Prof. Everton Renaud Profa. Roberta Galon Silva Profa. Eloisa de Moura Lopes Prof. Eriton Luiz Mainardes Prof. Frederico Rodovalho de Oliveira Profa. Gilriane Carla Félix da Silva Prof. Alisson Marcelo Laurindo Aline Scaliante Coelho Baggetti Regiane Rosa Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca da Universidade Positivo – Curitiba – PR DTCOM – DIRECT TO COMPANY S/A Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. 3Inovação Caro aluno, A metodologia da Universidade Positivo apresenta materiais e tecnologias apropriadas que permitem o desenvolvimento e a interação entre alunos, docentes e recursos didáticos e tem por objetivo a comunização bidirecional entre os atores educacionais. O seu livro, que faz parte dessa metodologia, está inserido em um percurso de aprendi- zagem que busca direcionar a construção de seu conhecimento por meio da leitura, da con- textualização teórica-prática e das atividades individuais e colaborativas; e fundamentado nos seguintes propósitos: COMPREENDA SEU LIVRO valorizar suas experiências; incentivar a construção e a reconstrução do conhecimento; estimular a pesquisa; oportunizar a reflexão teórica e aplicação consciente dos temas abordados. Metodologia Inovação4 COMPREENDA SEU LIVRO Com base nessa metodologia, o livro apresenta a seguinte estrutura: Percurso Pergunta norteadora Ao final do Contextualizando o cenário, consta uma pergunta que estimulará sua reflexão sobre o cenário apresentado, com foco no desenvolvimento da sua capacidade de análise crítica. Tópicos que serão estudados Descrição dos conteúdos que serão estudados no capítulo. Boxes São caixas em destaque que podem apresentar uma citação, indicações de leitura, de filme, apresentação de um contexto, dicas, curiosidades etc. Recapitulando É o fechamento do capítulo. Visa sinte- tizar o que foi abordado, reto mando os objetivos do capítulo, a pergunta nortea- dora e fornecendo um direcionamento sobre os questionamentos feitos no decorrer do conteúdo. Pausa para refletir São perguntas que o instigam a refletir sobre algum ponto estudado no capítulo. Contextualizando o cenário Contextualização do tema que será estudado no capítulo, como um cenário que o oriente a respeito do assunto, relacionando teoria e prática. Objetivos do capítulo Indicam o que se espera que você aprenda ao final do estudo do capítulo, baseados nas necessida- des de aprendizagem do seu curso. Proposta de atividade Sugestão de atividade para que você desenvolva sua autonomia e siste- matize o que aprendeu no capítulo. Referências bibliográficas São todas as fontes utilizadas no capítulo, incluindo as fontes mencio- nadas nos boxes, adequadas ao Projeto Pedagógico do curso. 5Inovação BOXES Assista Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações complementares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. Biografia Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. Contexto Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstram a situação histórica, social e cultural do assunto. Curiosidade Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. Dica Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. Exemplo Informação que retrata de forma obje tiva determinado assunto abordando a relação teoria-prática. Afirmação Citações e afirmativas pronunciadas por teóricos de relevância na área de estudo. Esclarecimento Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de conhecimento trabalhada. 7Inovação SUMÁRIO Apresentação 13 A Autoria 14 CAPÍTULO 1 Inovação em organizações empresariais 19 1.1. Conceitos 21 1.1.1. Ciência, tecnologia, pesquisa básica, pesquisa aplicada e desenvolvimento experimental 21 1.1.2. Descoberta e invenção 22 1.1.3. O que é (ou não) inovação 23 1.1.4. Inovação como diferencial competitivo para a empresa 24 1.2. Tipos 25 1.2.1. Inovação de produto (bem ou serviço) 26 1.2.2. Inovação de processo 26 1.2.3. Inovação de marketing 27 1.2.4. Inovação organizacional 27 1.3. Abrangência 28 1.3.1. Inovação para o mundo 28 1.3.2. Inovação para o mercado 29 1.3.3. Inovação intraempresarial 29 1.4. Intensidade 29 1.4.1. Inovação incremental 30 1.4.2. Inovação radical 30 1.4.3. Inovação disruptiva 32 Proposta de Atividade 33 Recapitulando 34 Referências 35 CAPÍTULO 2 A inovação como estratégia de competitividade 37 2.1. Inovação como estratégia de competitividade e criação de qualidade 39 2.1.1. Relação entre inovação e competitividade 39 2.1.2. As estratégias de preço final e de qualidade 40 2.1.3. A importância da inovação 41 2.1.4. Desafios e oportunidades para o Brasil 42 2.2. Fatores que dificultam o processo de inovação 43 2.2.1. Fatores relativos ao custo 44 2.2.2. Fatores relativos aos conhecimentos 44 2.2.3. Fatores relativos ao mercado 45 2.2.4. Fatores relativos à resistência interna 46 2.3. Fatores que facilitam a inovação 47 2.3.1. Desenvolvimento industrial 47 2.3.2. Políticas de estímulo e financiamento à inovação 49 2.3.3. Leis de incentivos fiscais 49 2.3.4. Proteção do conhecimento (patentes) 50 2.4. Práticas de estímulo à Inovação 50 2.4.1. Estímulo à criatividade 51 2.4.2. Capacitação de Pessoas 51 2.4.3. Comunicação interna 52 2.4.4. Programas de reconhecimento e recompensa 52 Proposta de Atividade 53 Recapitulando 53 Referências 55 CAPÍTULO 3 Gestão do processo de inovação 59 Contextualizando o cenário 60 3.1. Levantamento de ideias 61 3.1.1. Objetivo do levantamento de ideias 61 3.1.2. Principais cuidados 62 3.1.3. Como operacionalizar o levantamento de ideias 62 3.1.4. Exemplos 63 9Inovação 3.2. Seleção de portfólio de projetos de inovação 63 3.2.1. Objetivo da seleção de projetos 64 3.2.2. Critérios para a seleção do portfólio de projetos 65 3.2.3. Exemplos 66 3.3. Elaboração e Gestão de Projetos 66 3.3.1. Definição e busca de recursos (Elaboração de projetos) 67 3.3.2. Implementação (Gestão de projetos) 68 3.3.3. Exemplos 68 3.4. Aprendizagem 68 3.4.1. Objetivo da aprendizagem 69 3.4.2. Lições aprendidas 69 3.4.3. Exemplos 70 Proposta de Atividade 71 Recapitulando 71 Referências 72 CAPÍTULO 4 Estratégias e acesso à inovação em organizações empresariais 73 Contextualizando o cenário 74 4.1. Estratégias de inovação 75 4.1.1. Ofensiva e Defensiva 75 4.1.2. Imitadora e Dependente 76 4.1.3. Oportunista e Tradicional 78 4.1.4. Exemplos e exercícios em casos reais 79 4.2. Formas de acesso 81 4.2.1. Construção de capacidades tecnológicas 81 4.2.2. Make – desenvolvimento próprio 83 4.2.3. Buy – compra ou importação de tecnologia 84 4.2.4. Partner – parcerias entre empresas 85 4.3. Critérios para escolha das formas de acesso 86 4.3.1.Grau de domínio 86 4.3.2. Nível de exclusividade 87 4.3.3. Risco, preço e tempo 89 Proposta de Atividade 90 Recapitulando 90 Referências 92w Inovação10 CAPÍTULO 5 Indicadores empresariais de inovação e avaliação do processo de inovação 95 Contextualizando o cenário 96 5.1. Esforços 97 5.1.1. Recursos financeiros investidos em atividades inovadoras 98 5.1.2. Recursos humanos em atividades inovadoras 99 5.1.3. Comparações internacionais 100 5.1.4. Indicadores de inovação 101 5.2. Processo 103 5.2.1. Etapas do processo de inovação 105 5.2.2. Controle e mensuração de atividades inovadoras 106 5.2.3. Programas de capacitação, reconhecimento e recompensa 107 5.3. Resultados 108 5.3.1. Faturamento advindo de produtos ou serviços novos 109 5.3.2. Patentes 110 5.3.3. Economia de custos a partir de inovação em processos 111 5.3.4. Indicadores estaduais 112 Proposta de Atividade 113 Recapitulando 113 Referências 114 CAPÍTULO 6 Fontes para a implantação da inovação na empresa 117 Contextualizando o cenário 118 6.1. Apoio financeiro 119 6.1.1. Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) 120 Pausa para refletir 122 6.1.2. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) 122 6.1.3. Outras organizações de apoio financeiro 123 6.1.4. Incentivos fiscais à inovação 124 6.2. Apoio técnico-gerencial 125 6.2.1. Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC) 126 6.2.2. Universidades 126 11Inovação 6.2.3. SEBRAE 127 6.2.4. Outras organizações 128 6.3. Outras formas de apoio 128 6.3.1. Programa InovAtiva 129 6.3.2. Venture Capital 129 6.3.3. Apoio a Startups 131 6.3.4. Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII) 132 6.4. Organizações de apoio financeiro 133 6.4.1. Organizações estaduais de apoio financeiro 133 6.4.2. Organizações estaduais de apoio técnico-gerencial 135 6.4.3. Outras organizações e iniciativas estaduais 136 6.4.4. Leis estaduais e municipais de apoio à inovação 136 Proposta de Atividade 137 Recapitulando 137 Referências 139 CAPÍTULO 7 Inovação e a transição para a sustentabilidade 143 Contextualizando o cenário 144 7.1. Origem e conceitos 145 7.1.1. Origem do conceito de sustentabilidade de Donella Meadows 146 7.1.2. Conceito de desenvolvimento sustentável 147 7.1.3. Conceito de sustentabilidade de Sachs 148 7.1.4. Conceito de desenvolvimento sustentável da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) 148 7.2. A coevolução entre inovação e sustentabilidade 150 7.2.1. Inovação como mecanismo de desenvolvimento 151 7.2.2. Inovação como sistema 152 7.2.3. Inovação como processo evolucionista 152 7.2.4. Quando a inovação e a sustentabilidade coevoluem 153 7.3. Transição sociotécnica para a sustentabilidade 153 7.3.1. Conceito de transição sociotécnica 154 7.3.2. A perspectiva multinível 154 7.3.3. Níveis de análise da coevolução 155 7.3.4. As perspectivas multifases, multiatores e multidimensões 155 7.4. Transição para a sustentabilidade 156 7.4.1. Análise dos nichos de inovações sustentáveis: o papel dos atores 157 7.4.2. A mudança no regime sociotécnico 158 7.4.3. A mudança na paisagem 159 7.4.4. Regime sociotécnico na perspectiva da transição 159 Proposta de Atividade 160 Recapitulando 160 Referências 161 CAPÍTULO 8 Estratégias de ecoinovação e competitividade empresarial 163 Contextualizando o cenário 164 8.1. Conceito e classificação de ecoinovações 165 8.1.1. Sustentabilidade e competitividade 165 8.1.2. Conceito e dimensões da ecoinovação 166 8.1.3. Design da Ecoinovação 168 8.1.4. Bússola da Ecoinovação 169 8.2. Barreiras e condutores da ecoinovação 170 8.2.1. Fatores externos às empresas 171 8.2.2. Fatores internos às empresas 171 8.2.3. Característica das tecnologias utilizadas 172 8.2.4. Fatores do desenvolvimento e adoção de ecoinovação 173 8.3. Estratégias competitivas e formulação de estratégias deliberadas e emergentes 174 8.3.1. Adoção de estratégias de ecoinovação nas empresas 175 8.3.2. Estratégias competitivas 176 8.3.3. Estratégias deliberadas e emergentes 176 8.3.4. Estratégias de ecoinovação, proatividade e reatividade na gestão ambiental 177 8.4. Estratégias de transição para a empresa sustentável 178 8.4.1. Características e estratégias da empresa inativa 179 8.4.2. Características e estratégias da empresa reativa 180 8.4.3. Características e estratégias da empresa ativa 180 8.4.4. Características e estratégias da empresa proativa 181 Recapitulando 181 Referências 183 13Inovação Olá! No século XXI, vivemos em uma economia do conhecimento, que se molda pelos conceitos e aplicações da inovação tanto para a criação e desenvolvimento de produtos, processos e serviços, como para o marketing e a atividade organizacional. A busca por novos modelos de negócios também se apresenta como uma forma de se manter no mercado ou de se apropriar de oportunidades que possam surgir no mercado, como as que ocorreram devido às mudanças da tecnologia analógica para digital ou, até mesmo, novas tendências de consumo e estilos de vida, em geral. Perceber que em um mundo sem fronteiras, onde a inovação pode estar em qualquer parte, e a competição se dá nos níveis mais elevados e fugazes leva os gestores a uma cor- rida pelo conhecimento técnico e científico para abastecer as organizações. O interesse pela inovação tem aumentado no Brasil. As organizações educacionais oferecem cursos e treinamentos nesse tema. Também, foram criadas políticas públicas de incentivo à inovação que aproximam governo, escola e iniciativa privada a partir de um Sis- tema Nacional de Inovação (SNI), além das Leis de inovação que estão em vigor no país. A inovação estratégica e sustentável edifica o desenvolvimento econômico e finan- ceiro das empresas e, consequentemente, do país, colaborando para a geração do emprego e renda. Uma coisa é certa: a inovação não é algo casual, mas sim o resultado de um trabalho sistêmico, isto é, de um processo passível de aprendizado, organização e gerenciamento. Algumas perguntas são essenciais para a compreensão do tema. Entre elas estão: como inovar pela primeira vez? Como inovar sistematicamente? Quais são os tipos de ino- vação? Estas são algumas das capacidades que vamos desenvolver durante nossos estudos nesta disciplina. Então, preparados para começar? APRESENTAÇÃO Inovação14 A Professora Eloisa de Moura Lopes é Doutora em Administração de Empresas pelo PMDA – Programa de Mestrado e Doutorado em Administração da Universidade Nove de Julho. Sanduíche no SOCIUS – Centro de Investigação em Sociologia Económica e das Organizações integrado ao ISEG – Instituto Superior de Economia e Gestão da Universi- dade Técnica de Lisboa, Portugal. Possui mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Taubaté. É especialista em Administração de Empresas pela FAAP. Graduada em Ciências Contábeis pela Faculdade de Ciências Contábeis de Guaratinguetá. Currículo Lattes: <lattes.cnpq.br/8183929326742679> Dedico este trabalho aos alunos inovadores. Peço a Deus que o conhecimento adquirido aqui colabore de forma efetiva para o desenvolvimento econômico, a geração do emprego e renda das organizações e do país. Agradeço a Deus pela oportunidade de escrever este material. Que ele colabore para o aprendizado daqueles que por ventura venham a utilizá-lo A AUTORIA 15Inovação O Professor Eriton Luiz Mainardes é Graduado em Administração com ênfase em Comér- cio Exterior (UEPG), MBA em Gerenciamento de Projetos (UP) e mestrado em Bioenergia (UEPG), desenvolvendo pesquisas sobre a viabilidade socioeconômica da produção de bio- combustíveis. Atua na área de consultoria em gerenciamento de projetos e na área acadê- mica, tendo experiência no ensino presencial e a distância, em cursos relacionados a área de gestão. Currículo Lattes: <lattes.cnpq.br/2302155483284801> Dedico este trabalho a todos que permanecem comigo em minha jornada, de longe ou de perto, agradeço-os profundamente.A AUTORIA Inovação16 O Professor Frederico Rodovalho de Oliveira é Mestre em Agronegócio pela Universi- dade Federal de Goiás. É especialista em Docência na Educação Profissional pelo Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil, SENAI/RJ/CETIQT, e em Gestão de Logística Empresarial, pela Escola Superior Aberta do Brasil, ESAB. É graduado em Administração de Empresas pela Universidade Federal de Goiás e atualmente desenvolve suas atividades como Coordenador de Gestão de Processos em uma Secretaria de Estado em Goiás. . Currículo Lattes: <lattes.cnpq.br/3067099069915437> Dedico essa disciplina aos interessados em conhecer mais sobre inovação em novos negócios. É interessante perceber que atualmente as ferramentas utilizadas para as críticas são as mesmas disponíveis para os elogios, então aos que pretendem ingressar nesse intrigante mundo, a dica é: saibam inovar e diferenciem-se A AUTORIA 17Inovação A Professora Gilriane Carla Félix da Silva é especialista em Gestão de Pessoas pela Universidade Vale do Acaraú (UVA) - concluído em 2011. Graduada em Administração de Empresas pela Universidade Federal do rio Grande do Norte (UFRN) - concluído em 2009. Microempreendedora individual, possui experiência como tutora de Educação a Distância, orientadora de trabalhos acadêmicos, instrutora de cursos profissionalizantes. Currículo Lattes: <lattes.cnpq.br/3236775621540634> Dedico este trabalho primeiramente a Deus, e a todos aqueles que estão sempre ao meu lado - meu esposo, filha e meus pais. Muito obrigada por todo apoio e confiança. Os amo muito! A AUTORIA 19Inovação OBJETIVOS DO CAPÍTULO • Conceituar inovação e seus tipos. • Reconhecer o que é e o que não é inovação. • Caracterizar os principais tipos, abrangências e intensidades de inovação. CAPÍTULO 1 Inovação em organizações empresariais Eloisa de Moura Lopes TÓPICOS DE ESTUDO 1 Conceitos 3 Abrangência • Ciência, tecnologia, pesquisa básica, pesquisa aplicada e desenvolvimento experimental. • Descoberta e invenção. • O que é (ou não) inovação. • Inovação como diferencial competitivo para a empresa. • Inovação para o mundo. • Inovação para o mercado. • Inovação intraempresarial. 2 Tipos 4 Intensidade • Inovação de produto (bem ou serviço). • Inovação de processo. • Inovação de marketing. • Inovação organizacional. • Inovação incremental. • Inovação radical. • Inovação disruptiva. Inovação20 Contextualizando o cenário A inovação se destaca neste século e sua geração tem recebido atenção de gestores, empreendedores e estudiosos. A inovação está se tornando a força motora das empresas nos mercados globais e seu gerenciamento é umas das prioridades para a sustentabilidade dos negócios empresariais. As empresas líderes têm se distinguido devido às crescentes taxas de incorporação e inves- timento em inovação. O conhecimento tecnológico para inovar tomou dimensões globais de forma ampla e muitas vezes complexas. A competência essencial da organização, os seus recursos e as suas capacidades precisam estar alinhados com sua estratégia para a inovação e, assim, a partir de uma identidade tecnológica, as organizações devem se capacitar para acessar e incorporar a inovação e alavancar os seus negócios (LOPES, 2011). À medida que avançarmos nos estudos dos conceitos de inovação, compreenderemos como a inovação é por si só uma fonte motora para a sustentabilidade dos negócios empresariais no mundo contemporâneo. Diante desse cenário, fica uma pergunta: como a capacidade de inovar pode ser ensinada? 21Inovação 1.1. Conceitos O conceito de inovação mais abrangente e utilizado é o apresentado por meio do Manual de Oslo (ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔ- MICO, 2005). Ele foi elaborado com o intuito de ampliar o Manual de Frascati, que apresen- tava apenas as atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Nesse sentido, O Manual de Oslo conceitua inovação como: a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado; a implementação de um processo; um novo método de marketing; um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas. Antes de avançarmos no tema inova- ção vamos compreender alguns conceitos importantes para o nosso aprendizado como ciência, tecnologia, pesquisa básica, pesquisa aplicada e desenvolvimento experimental. 1.1.1. Ciência, tecnologia, pesquisa básica, pesquisa aplicada e desenvolvimento experimental A pesquisa básica e a pesquisa aplicada estarão sempre no cotidiano da vida acadê- mica dos estudantes, pesquisadores e professores, seja por meio de trabalhos nas disciplinas cursadas, iniciação científica, trabalho de conclusão de curso ou por outros tipos de pesqui- sas realizadas em laboratórios ou em campo (CARVALHO; REIS; CAVALCANTI, 2011). Pausa para refletir Afinal, qual é a diferença entre pesquisa básica e aplicada? A pesquisa básica é conhecida como a pesquisa pura. Seu objetivo é proporcionar conhecimento útil para a ciência e tecnologia. Não há preocupação com aplicação prática ou comercialização (lucro). No Brasil, a maior parte destas pesquisas são realizadas com fomento ou financiamento público, já que este é um modelo praticado principalmente pelas universidades, mas pode ser implementado também por empresas. © N ic oE lN in o / / b an co d e im ag en s. Inovação22 Sempre que este tipo de pesquisa é realizado, é importante responder perguntas, tais como: por quê? Para quê? Também, devem ser amplamente divulgadas no mundo acadê- mico e para o público em geral por meio de artigos em congressos e revistas cientificas. Quanto à pesquisa aplicada, seu foco está em gerar conhecimento para aplicação prática. Ela é direcionada para a solução de problemas, e tem seus objetivos devem ser pre- viamente definidos. Esse tipo de pesquisa normalmente é subsidiada por instituições finan- ciadoras e pode ser realizadas a curto, médio e longo prazo. Exemplo A invenção da fotocopiadora ocorreu em 1938 por Chester Carlson, mas, a pri- meira fotografia só foi revelada em 1858. A inovadora Haloid-Xerox conseguiu fazer uma foto copiadora somente após uma década (Super interessante, 2016). A pesquisa aplicada muitas vezes está ligada à pesquisa básica, pois colabora para a aplicação das descobertas realizadas por meio das pesquisas puras. Outra característica relevante da pesquisa prática é que ela pode se beneficiar com o estoque de conhecimento disponível em diversas fontes do mundo, prospectando e estudando quanto à sua viabili- dade econômica e social (CARVALHO; REIS; CAVALCANTI, 2011). A tecnologia, por sua vez, pode ser definida como o conhecimento sobre técnicas e as aplicações desses conhecimentos em produtos, processos e métodos (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). Já a ciência é o conhecimento cuidadoso e profundo de alguma coisa, ou seja, um conjunto de conhecimentos sistematizados adquiridos via observação, identificação, pes- quisa e explicação de determinadas categorias de fenômenos e fatos, formulados de forma metódica e racional (DICIONÁRIO, 2018). Agora que já sabemos o que significa ciência, tecnologia, pesquisa básica e pesquisa aplicada, vamos compreender o que é descoberta e invenção. 1.1.2. Descoberta e invenção A descoberta se relaciona diretamente com a identificação de alguma coisa nova, ou já existente, mas que ainda não tenha sido explicada por meio de pesquisas científicas. Em outras palavras, a descoberta é a observação de fenômenos novos, ações ou eventos que colaborem para explicar algum conhecimento. 23Inovação O conceito de invenção remete a algo que não tem aplicação comercial: é a criação de novos processos, técnicas e ou produtos inéditos. Sua difusão se dá por meio revis- tas científicas, ou seja, artigos, dissertações, teses. Ela também pode ser registrada sob a forma de patente,e pode ser visualizada e simulada por meio de protótipos e plantas piloto (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). Pausa para refletir O que é inovação? 1.1.3. O que é (ou não) inovação Quando o tema é inovação, em primeiro lugar se faz necessário compreender a ori- gem da palavra. Inovação é um termo que vem do latim innovare, que significa fazer algo novo (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). A grande característica da inovação está relacionada com a comercialização, ou seja, a inovação só acontece quando efetivamente a invenção é aceita comercialmente. Desta forma, podemos afirmar que somente empresas podem inovar, pois são elas que comer- cializam os bens (produtos) e serviços que são oferecidos no mercado consumidor (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). Davila, Epstein e Shelton (2006) afirmam que existe muita confusão em relação ao conhecimento geral, que conduz à inovação. Isso porque dificuldades na interpretação das regras da inovação podem atrapalhar o seu desenvolvimento. Esses autores lembram que há 40 anos muitas existiam muitas dúvidas sobre o conceito da qualidade e, com o tempo, isso foi superado. Os autores em questão defendem que o mesmo acontecerá com a inova- ção. Assim, os gestores precisam entender a inovação e, ainda, conhecer falsos conceitos ao termo, tais como: • a inovação não requer uma revolução dentre da empresa, mas, precisa de proces- sos de direção criados com o devido cuidado para que a empresa seja capaz de desempenhar todo o trabalho; • a inovação não acontece do nada, mas é necessário que antes de inovar a empresa resolva problemas básicos de gestão. Inovação24 • inovar não é simplesmente uma questão de criatividade e cultura criativa. Para muitas empresas a dificuldade não é encontrar ideias médias ou boas, o problema é selecionar as mais adequadas e colocá-las em prática; • também não adianta estar nos processos e nas ferramentas de tomada de decisão, nesses casos, são importantes, mas, somente isso não resolve o problema, pois, é necessário acompanhar e medir, inclusive as recompensas podem ajudar a levar adiante a inovação. Vale ressaltar que para a invenção é necessário disponibilizar dinheiro, ou seja, finan- ciamento. Também é importante destacar que a empresa pode ter seu próprio depar- tamento de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) ou buscar parcerias com centros de pesquisas e universidades. No caso da inovação o objetivo é ganhar dinheiro com a sua comercialização. 1.1.4. Inovação como diferencial competitivo para a empresa A inovação enquanto diferenciação na competitividade organizacional está se desen- volvendo em diversos lugares do mundo. Ou seja, o conhecimento pode estar em qualquer parte. Isso revela novas fontes de diferenciação para competição das empresas que conse- guirem prospectar, acessar e mobilizar esses conhecimentos, antes de seus concorrentes. Para acessar a inovação, desenvolver produtos com melhores desempenhos e agregar maior valor aos serviços, com redução de custos e melhor retorno do capital investido, é importante uma combinação de tecnologias e de competências desenvolvidas em ambien- tes geográficos diferentes, inclusive, muitas vezes fora do próprio setor de atividade indus- trial da organização. Dessa forma, faz-se necessário que as empresas conheçam sua identidade tecnoló- gica para compatibilizarem seus recursos e capacidade a esta nova realidade do cenário competitivo global (LOPES, 2011). Segundo Santos, Doz e Williamson (2004), a empresa necessita detectar o novo conhecimento mais rápido do que os seus concorrentes e, para isso, ela deverá: ter capacidade e recursos para acessar a inovação tecnológica. Isto é, ter aptidão para absorver tecnologias e inovações desenvolvidas externamente à empresa. A inovação depende da boa gestão, principalmente quando surgem escolhas a serem feitas acerca de fontes de acesso. Uma análise aprofundada de inovações tecnológicas ao longo do tempo mostra que, embora existam dificuldades técnicas e barreiras estruturais a superar, a maioria das falhas se deve a alguma inconsistência na forma como o projeto é administrado. Portanto, a inovação vai depender de dois elementos importantes: fonte de informação técnica e competência organizacional (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). 25Inovação Para um melhor entendimento do tema vamos avançar nossos estudos sobre os tipos de inovação. 1.2. Tipos Inovação é um tema muito discutido no século XXI, mas não é nada novo. Schumpeter já a classificava no final do século XIX. Curiosidade Quando nos referimos à inovação, precisamos retornar à obra de Schumpe- ter, economista da escola clássica que destacou a importância da inovação para o desenvol- vimento econômico por meio da evolução tecnológica. Ele foi o primeiro a classificar os tipos de inovação entre 1934 a 1950 (SHUMPETER, 1982). Atualmente, temos diversos tipos de inovação classificados. Para Tidd, Bessant e Pavitt (2008), a inovação pode ser dividida em quatro categorias abrangentes, que eles classificaram como 4Ps da inovação: • inovação em produto: é a mudança em produtos e serviços que uma empresa pode oferecer; • inovação em processo: é a mudança na maneira como os produtos e serviços são criados e entregues; • inovação em posição: é a mudança no contexto em que produtos e serviços são colocados no mercado; • inovação em paradigma: é a mudança nos modelos mentais subjacentes, orien- tando o que a empresa faz. A classificação quanto ao tipo de inovação mais aplicada na atualidade é a do Manual de Oslo, ou seja: inovação em produtos, serviços, processos, marketing e organizacional (ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 2005). Analisaremos a seguir cada uma delas. Inovação26 1.2.1. Inovação de produto (bem ou serviço) Inovação em produto é a introdução de um bem e/ou serviço que uma empresa pode oferecer de forma totalmente nova ou significativamente melhorada no que se refere à sua forma ou uso. Estas melhorias estão relacionadas às especificações técnicas, compo- nentes de matéria-prima, software ou outras facilidades proporcionadas (ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 2005). A seguir, a ilustração demonstra a inovação no aparelho de telefone ao longo do tempo. Agora que já sabemos o que é inovação em produto e serviço, vamos abordar a inova- ção em processo. 1.2.2. Inovação de processo Inovação em processo é a mudança na maneira como os produtos e serviços são criados e entregues. Ela se refere a novas tecnologias de operação ou ao aprimora- mento e obtenção de novas tecnologias de produção, assim como a métodos novos ou substancialmente aperfeiçoados para o manuseio e entrega de produtos. Ao lado dá um exemplo de inovação em processo. Os resultados devem alterar significativamente o nível de qualidade do produto ou os custos de produção e entrega (ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVI- MENTO ECONÔMICO, 2005). © B ab ic h A le xa nd er // S hu tt er st oc k © Z ap p2 Ph ot o / / S hu tt er st co k. 27Inovação 1.2.3. Inovação de marketing A inovação em marketing consiste na implementação de novos métodos, envolvendo melhorias significativas no design do produto ou embalagem, preço, distribuição e promo- ção. A inovação em marketing tem como finalidade a orientação no sentido das necessida- des do consumidor, abrindo novos mercados ou reposicionando o produto de uma empresa com o objetivo de aumentar as vendas. A característica distintiva de uma ino- vação em marketing, em comparação com outras alterações nos instrumentos de mar- keting de uma empresa, é a implementa- ção de um novo conceito ou estratégia, que represente uma ruptura com os méto- dos utilizados anteriormente. Um exemplo de inovação em marketing é a utilização de diferentes meios de comunicação, como a inserção de produtos em filmes ou programas de televisão (ORGANIZAÇÃO PARA A COO- PERAÇÃO EDESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 2005). 1.2.4. Inovação organizacional A inovação organizacional pressupõe a introdução de um novo método nas ativida- des operacionais da empresa, por exemplo, como organizar o trabalho. Quando ocorre a implantação da inovação organizacional na empresa, tem-se o objetivo de melhorar o desempenho organizacional, gerando redução dos custos operacionais na administração, ou oferecer melhores condições de trabalho para as equipes. Busca-se, inclusive, melho- res condições e taxas com fornecedores, a fim de reduzir custos na cadeia produtiva organizacional. Uma inovação organizacional pode ser nova na empresa, mas pode já ser adotada por outras organizações. Por exemplo, a implantação de gestão do conhecimento para melhorar a capacidade organizacional. Uma nova forma de produção, implantação de sis- temas de qualidade, laboratórios de ideias entre outros, também são características desse tipo de inovação. © R aw pi xe l.c om / / S hu tt er st oc k. (A da pt ad o) . Inovação28 Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (2005) tra- tando-se de inovação organizacional, é necessário implantar novas estruturas gerenciais para melhorar a relação entre as diferentes áreas de trabalho. Dessa forma, a gestão do conhecimento aprimora o aprendizado organizacional, com a implantação de sistemas de relacionamento com fornecedores e clientes, por exemplo, além de inovar os processos de negócios e marketing. 1.3. Abrangência A inovação tem três abrangências: no mundo, no mercado e na empresa. A ino- vação é mundial quando o produto ou serviço é introduzido no mercado mundial pela primeira vez. Essa abrangência é a mais complexa e pode exigir mais tecnologia no desenvolvimento. A inovação no mercado se dá quando a empresa introduz o produto pela primeira vez no mercado em que atua, apesar dele já existir em outros mercados. Também existe a inovação nas empresas, que se referem às inovação que já existem no mercado, e a empresa começa a oferecê-las em seu portfólio por meio de novos produ- tos, por exemplo. 1.3.1. Inovação para o mundo A inovação é considerada mundial quando uma empresa disponibiliza no mercado algum bem, produto ou serviço inédito, que ainda não havia sido oferecido anteriormente. A inovação com essa abrangência, normalmente, envolve produtos com altas complexida- des e níveis elevados de tecnologia. Esse tipo de inovação necessita de Pesquisa e Desen- volvimento (P&D). A Honda da Amazônia, por exemplo, lançou a primeira moto com motor bicombustí- vel: a CG Titan Mix (CARVALHO; REIS; CAVALCANTI, 2011). As empresas podem optar por criar uma inovação para o mundo, em geral, ou para o mercado específico no qual atuam. 29Inovação 1.3.2. Inovação para o mercado A inovação para o mercado se dá quando a empresa insere no mercado em que atua novos bens e serviços. A empresa pode acessar uma inovação que já está dis- ponível em outros mercados e introduzir no seu próprio mercado. A internet é uma fer- ramenta que colabora com a prospecção em diversas bases tecnológicas para acessar inovação em diversos mercados. Para inovar no mercado, por exemplo, a empresa pode acessar as bases tecnológi- cas disponíveis e prospectar produtos que ela possa oferecer. Ao realizar a prospecção, ela levanta a necessidade de recursos para oferecer o produto desejado em seu mercado e desenvolve mecanismos para desenvolver e oferecer o produto. 1.3.3. Inovação intraempresarial A inovação intraempresarial se refere a produtos ou serviços que já são oferecidos por concorrentes no mercado em que uma empresa atua. Quando essa empresa acrescenta no seu portfólio de bens e serviços esse item, trata-se de uma inovação empresarial. Outras formas de inovação na empresa podem ser, por exemplo, quando há a empresa adquire novas máquinas, que melhoram significativamente sua produção. Isso também se aplica quando a empresa implementa uma inovação em marketing e inovação organizacional (CARVALHO; REIS; CAVALCANTI, 2011). 1.4. Intensidade A inovação, portanto, é classificada em tipos, como: produtos, serviços, proces- sos, marketing e organizacional. Ela também é classificada quanto à sua abrangência: no mundo, no mercado ou na empresa. Existem ainda classificações quanto à intensidade da inovação: incremental, radical e disruptiva. Segundo Leifer et al., (2000), na economia do conhecimento a relação entre o desen- volvimento dos negócios e a inovação é amplamente compreendida pelas empresas, pois, seguramente, a intensidade da inovação em dois níveis, incremental e radical, é um assunto de conhecimento entre os gestores e acadêmicos. © P an uw at cc n / / S hu tt er st oc k. Inovação30 Além da inovação incremental e radical, tem-se a inovação disruptiva, que busca des- vendar novos mercados e consumidores, que ainda não foram explorados e podem repre- sentar nova fonte de receita para obtenção de lucro, ou criar possibilidades para novos consumidores. 1.4.1. Inovação incremental A inovação incremental é aquela que melhora o produto, processo ou organização da produção dentro da empresa sem alterar a estrutura industrial. Contexto Segundo Leifer et al. (2000), a inovação incremental é responsável por manter a empresa competitiva, atualizando sua plataforma de produtos. A inovação incremental traz melhorias como: maior qualidade na fabricação, engenharia simultânea, redução de tempo de fabricação, entre outros. Portanto, a inovação incremental sempre busca o crescimento técnico, o aumento da produtividade, a redução de custo e a melhoria contínua da qualidade. Além disso, busca mudanças para a ampliação das aplicações de um produto ou processo (LEIFER et al., 2000; FREEMAN, 2000; TIDD; BESSANT; PAVITT, 2006). 1.4.2. Inovação radical A inovação radical se caracteriza pela introdução de um novo produto, processo ou forma de organização da produção e pode romper com os padrões tecnológicos anteriores, criando novas indústrias, setores e mercados (LEIFER et al., 2000; FREEMAM, 2000; TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). Segundo Leifer (2000), normalmente as empresas se deparam com um grande pro- blema no que diz respeito à inovação radical, pois os executivos reconhecem a importância da mesma, mas poucos estão familiarizados com o processo que resulta em uma inovação radical: pesquisa e desenvolvimento (P&D) dentro ou fora da empresa. Para esse autor, se o processo de inovação radical não for bem entendido, não se realizará de forma eficaz. Por essa razão, muitas empresas optam por adquirir tecnologia por meio de licenciamento em fontes externas para acessar este tipo de inovação radical. 31Inovação Taxonomia das mudanças tecnológicas Tipo de Mudanças Características Incremental Melhoramento e modificações cotidianas. Radical Saltos descontínuos na tecnologia de produtos e processos. Novo sistema tecnológico Mudanças abrangentes que afetam mais de um setor e dão ori-gem a novas atividades econômicas. Novo paradigma técnico-econômico A inovação como novo paradigma pode afetar toda a economia por meio de mudanças técnicas e organizacionais, pois propor- cionam novas oportunidades nos processos de produtos. Fonte: FREEMAN, 2000. (Adaptado). Segundo Freemam (2000), durante a trajetória da inovação foram surgindo vários ciclos conhecidos como ondas. A primeira onda foi a primeira revolução industrial; a segunda onda foi a segunda revolução industrial; a terceira, a idade da eletricidade; a quarta, a era da produção em massa, marcada pelo fordismo; o quinto ciclo deverá se esgotar à medida que a microeletrônica atingir patamares elevados de difusão e as opor- tunidades de crescimento e investimento começarem a declinar. Tal situação deverá criar maior espaço para os investimentos nas ciências da vida como motor do desenvolvimento da economia. As ondas criaram novos mercados e as empresas vão se adaptandoàs novas tecnolo- gias, umas como líderes, outras como seguidoras, mas todas precisaram adaptar seus pro- cessos de inovação e impactos. A tabela a seguir mostra que, para cada paradigma, são necessárias infraestruturas físicas e sociais para sua difusão. Ondas longas de mudanças tecnológicas ONDAS CARACTERÍSTICA DE INFRAESTRUTURA DOMINANTE C&T E EDUCAÇÃO TRANSPORTE E COMÉRCIO ENERGIA 1. Primeira revo- lução industrial (1780-1830) Aprender fazendo, sociedade científica. Canais, estradas de carroças. Roda d’água (moinhos). 2. Segunda revo- lução industrial (1830-1880) Engenheiros mecâ- nicos e civis. Estrada de ferro e telégrafo. Energia a vapor. Inovação32 ONDAS CARACTERÍSTICA DE INFRAESTRUTURA DOMINANTE C&T E EDUCAÇÃO TRANSPORTE E COMÉRCIO ENERGIA 3. Idade da eletrici- dade (1880-1930) P&D industrial, química e eletrici- dade, laboratórios nacionais. Ferrovias (aço) e telefone. Eletricidade. 4. Idade da produção em massa – fordismo (1930-1980) P&D indus- trial (empresas e governo) em larga escala. Educação em massa. Rodovias e rádio. Petróleo. 5. Idade da microele- trônica (1980 a ?) Rede de dados, redes globais de P&D; treinamento contínuo. Redes convergentes de telecomunicações em multimídia. Petróleo e gás. 6. Tecnologias ambientais, saúde Biotecnologia, gené- tica, nanotecnologia. Telemática e tele trabalho. Energia renovável. Fonte: FREEMAN, 2000. (Adaptado). Com o grande avanço da ciência em biotecnologia, que aponta que o progresso téc- nico deverá mesclar informações da biologia molecular e outras ciências afins, deverão sur- gir novas dimensões subatômicas da nanotecnologia (TIGRE, 2000). 1.4.3. Inovação disruptiva As inovações disruptivas apresentam novos valores para os consumidores e podem criar novos mercados ou reformular mercados já existentes. Existem dois tipos de inova- ções disruptivas: as de baixo mercado e as de novos mercados. As inovações disruptivas de baixo mercado podem acontecer quando os produtos e serviços existentes são excelen- tes, mas os preços são altos em relação ao que os consumidores podem pagar. Por exem- plo: a mini usina Siderúrgica da Nucor, a rede varejista do Wal-Mart, os fundos mútuos de índice da Vanguard e o modelo de negócio dirigido ao consumidor da Dell (CHRISTENSEN; ANTHONY; ROTH, 2007). Para Christensen (2001), a inovação disruptiva conduz as empresas a um alto grau de sucesso, pois o aproveitamento da oportunidade é ímpar quando são desenvolvidas tecnologias de ruptura, que trazem ao mercado uma proposição de valor muito diferente daquela até então disponível. 33Inovação Christensen e Anthony (2007) afirmam que ao se identificar os padrões possíveis para separar as estratégias de inovação de alto potencial, daquelas de baixo potencial, o cami- nho para um maior potencial em um novo e promissor negócio é uma inovação disruptiva que traga soluções convenientes, baratas e simples para atingir os consumidores situados no segmento inferior de um mercado já existente. Ainda, alternativamente, existe a pos- sibilidade de uma inovação que traga o mesmo tipo de solução para os não-consumidores, os quais não dispõem do conhecimento, do poder aquisitivo ou da capacidade de, por si mesmos, utilizar alguma função importante. A teoria da inovação disruptiva está relacionada às situações nas quais novas empre- sas podem criar inovações relativamente simples, convenientes e de baixo custo para pro- ver crescimento. A teoria afirma que as grandes empresas têm muita possibilidade de derrubar as empresas entrantes quando se trata da inovação sustentadora. Mas essas empresas, que já se posicionaram no mercado, muitas vezes, não conseguem competir quando as novas empresas vêm com inovações disruptivas (CHRISTENSEN; ANTHONY; ROTH, 2007). As inovações disruptivas de novo mercado acontecem quando as características dos produtos que existem limitam o número de consumidores em potencial, fazendo com que o consumo aconteça de forma inconveniente e centralizada, por exemplo: a câmera Kodak, o telefone da Bell, o rádio transistor da Sony, a fotocopiadora da Xérox, o PC da Apple e o comércio online da e-Bay. Esses são exemplos de empresas que ofereceram produtos ou serviços que antes eram muito difíceis para serem realizados ou adquiridos, pois exi- giam muito dinheiro ou muito conhecimento por parte dos consumidores (CHRISTENSEN; ANTHONY; ROTH, 2007). Agora que já sabemos o que é inovação, quais são os tipos de inovação, abrangência e intensidade da inovação, veja a proposta de atividade a seguir. Proposta de Atividade Reforce seu aprendizado com o exercício sugerido a seguir. A atividade não é avaliativa, mas é uma boa oportunidade para testar seus conhecimentos e fixar o conteúdo estudado no capítulo. Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Elabore um resumo desse capítulo em uma página destacando as principais ideias abordadas ao longo do capí- tulo. Ao produzir seu resumo, considere as leituras básicas e complementares realizadas. Inovação34 Recapitulando O objetivo desse capítulo é estudar os conceitos, classificações, tipos, abrangência e intensidade da inovação. Analisamos também, a diferença entre invenção e inovação. Nesse sentido podemos afirmar que a inovação está dividida em tipos, como: produtos (serviços), processos, marketing e organizacional. Também, quanto à abrangência, a inova- ção pode ser graduada em: para o mundo, mercado e empresa. A intensidade da inovação pode ser incremental, radical e disruptiva. A inovação incremental e disruptiva já estão bem delineadas e as empresas já as praticam, por exem- plo, na gestão da qualidade. Fizemos uma reflexão sobre a importância da inovação para as empresas e para o desenvolvimento econômico do país e do mundo. Além disso, avançamos na discussão acerca da inovação como elemento fundamental para a competitividade e sustentabilidade dos negócios empresariais. Diante do que aprendemos neste capítulo já podemos responder à pergunta central deste capítulo: será que a capacidade de inovar é algo que pode ser ensinado? Podemos responder que sim, pois a inovação é a comercialização da invenção. Diante de tudo que estudamos neste capítulo, podemos afirmar que inovar pode ser aprendido, desde que a empresa trabalhe muito e sistematicamente para aplicar inovação em sua gestão. 35Inovação Referências CARVALHO, G.H; REIS, R. D.; CAVALCANTI, B. M. Gestão da Inovação. Editora Aymará, Curitiba, 2011. CHRISTENSEN, C. M; ANTHONY, D. S; ROTH, A. E. O futuro da inovação: usando teoria da inovação para prever mudanças no mercado. 1 edição. Rio de Janeiro: editora Elsevier, 2007. 322 p. DAVILA, T., ESPTEIN, M. J. SHELTON, R. La innovación que si funciona: cómo gestionarla, medirla y obtener benefício real de ella. Editora Deusto, 2006. 324 p. FREEMAN, C.; SOETE, L. The economics of industrial innovation. Cambridge: The MIT Press, 2000. HAMEL, G.; SAYAGO, A. Derrubando as muralhas que cercam a criatividade empresarial. Série: Gestão orientada para resultados. Implementando a Inovação. Editora Campus, 29-39, 2007. LEIFER, R.; McDERMONTT, C. M.; O’CONNOR, G. C.; PETERS, L. S.; RICE, M. P.; VERYZER, R. W. Radical innovation: how mature companies can outsmart upstarts. Har- vard Business School Press. Boston, Massachusettes, 2000. LOPES, M. E. Gestão da Inovação Aberta: modelo de acesso à inovação tecnológica. Tese. Universidade Nove de Julho. 2011. ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO: Manual de Oslo, 2005: diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação. 3º edição, 2005. Disponível em: <www.mct.gov.br/upd_blob/0026/26032.pdf>. Acesso em: 25/20/10. SANTOS, J.; DOZ, Y.; WILLIAMSON P. Ys your innovation process global? MIT Sloan Management Review. Cambridge, vol. 45. n.4, p.31-37, 2004. ______. O desafio metanacional: como as empresas podem vencer na economia do Conhecimento. 1edição. 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Rio de Janeiro. 4º edição. 2006. 282, p. http://www.mct.gov.br/upd_blob/0026/26032.pdf 37Inovação OBJETIVOS DO CAPÍTULO • Conhecer as especificidades das empresas relacionadas com a resistência à inovação. • Reconhecer o potencial e a possibilidade da utilização da inovação como estratégia de competitividade na empresa para enfrentar os desafios e aproveitar as oportu- nidades no Brasil. • Identificar fatores que facilitam e dificultam a implantação da inovação. CAPÍTULO 2 A inovação como estratégia de competitividade Frederico Rodovalho de Oliveira TÓPICOS DE ESTUDO 1 Inovação como estratégia de compe- titividade e criação de qualidade 3 Fatores que facilitam a inovação • Relação entre inovação e competitividade. • As estratégias de preço final e de qualidade. • A importância da inovação. • Desafios e oportunidades para o Brasil. • Desenvolvimento industrial. • Políticas de estímulo e financiamento à inovação. • Leis de incentivos fiscais. • Proteção do conhecimento (patentes). 2 Fatores que dificultam o processo de inovação 4 Práticas de estímulo à Inovação • Fatores relativos ao custo. • Fatores relativos aos conhecimentos. • Fatores relativos ao mercado. • Fatores relativos à resistência interna. • Estímulo à criatividade. • Capacitação de Pessoas. • Comunicação interna. • Programas de reconhecimento e recompensa. Inovação38 Contextualizando o cenário O cenário político e econômico do Brasil entre 2014 e 2018 mostra-se, no mínimo, interes- sante. Como se sabe, a partir de 2014 se estabeleceu uma crise econômica severa. O que mais afetou a população nesse período foi o elevado índice de desemprego e a redução no consumo das famílias. Dessa forma, diante de tal cenário econômico, as empresas se viram obrigadas a procurar novas formas de sobrevivência em um momento tão conturbado. Diante de tais dificulda- des, surge um questionamento: não seria agora o momento de as empresas inovarem? São momentos assim que geram o interesse de compreender quais são as razões que impedem o avanço da inovação dentro das empresas. Algo está acontecendo que limita a busca cons- tante por novas alternativas. Como seres curiosos que somos, precisamos entender quais são esses fatores limitadores. Assim, cada vez mais, devemos conhecer os processos de negó- cio e saber identificar quais seriam as melhores oportunidades do momento. O Brasil precisa avançar em inovação. Esse recurso tão valioso acontece através da motivação das pessoas. E como forma de instigar o pensamento devemos refletir sobre o seguinte tema: Quais são os principais fatores que levam as empresas a obterem diferenciais competitivos por meio de ações inovadoras? 39Inovação 2.1. Inovação como estratégia de competitividade e criação de qualidade As empresas estão buscando cada vez mais se diferenciarem umas das outras e uma ferramenta interessante para a obtenção dessa vantagem competitiva é o marketing de diferenciação. Segundo Kotler (1999), o conceito de marketing de diferenciação pode ser definido como um conjunto de estratégias de divulgação que consegue transformar uma marca ou uma empresa reconhecida por suas particularidades diante da concorrência. Como se sabe, nós clientes, estamos cada vez mais exigentes, e o mercado consumidor não aceita falhas dos fornecedores. Mesmo assim, ainda enfrentamos problemas com serviços/ produtos que ficam abaixo de nossas expectativas. Conto et al. (2016) afirmam que as empresas precisam apresentar produtos novos ou melhorados constantemente, pois aquilo que era muito bom ontem, hoje já não atende às exigências do mercado. Amanhã, provavelmente, já estará fora da lista de desejos dos con- sumidores. Para os autores, os mercados são afetados por uma dinâmica que é impactada por fatores como a condição socioeconômica dos consumidores e a própria capacidade de inovação das empresas. 2.1.1. Relação entre inovação e competitividade Para Conto et al. (2016) as empresas que possuem capacidade para inovar mostram- -se mais aptas para o mercado competitivo. A busca por vantagens competitivas, que em sua definição é uma característica que uma empresa possui, e que a diferencia da concor- rência, mostra-se dependente da seu capacidade de promover inovações. Levando em consideração que o ato de inovar é um processo de aprendizado acumulativo, que ultra- passa a Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), o manual de OSLO (1990), define que o requi- sito mínimo para definir uma inovação é que o produto, processo, método de marketing ou organizacional sejam novos ou melhorados para a empresa e que tenham sido implemen- tada no mercado. Os aspectos que envolvem inovação e gestão devem estar intimamente relacionados com as definições estratégicas das empresas. Isso porque, com o objetivo de obter vanta- gens competitivas para a empresa, existe a necessidade de unir decisões do dia a dia com ações que busquem novas formas de inovação. Para Reis (2008), o processo de gestão da inovação exige criatividade e ideias ao longo do tempo, de forma contínua e sistemática, e o processo de inovação requer da empresa conhecimento a respeito do mercado no qual atuará, de forma a minimizar os riscos de uma inovação mal sucedida. Inovação40 Para Tidd e Bressant (2011), o processo de inovação é divido em etapas e se iniciam pela busca por novas ideias. Depois vem a fase de seleção de possíveis ideias e, posterior- mente, há a fase de implementação, que definirá como as ideias serão postas em prática. Finalmente, chega-se à fase de obtenção dos resultados a partir da ideia inicial. Para Tidd e Bressant (2011), cada fase tem seus próprios desafios e exigências, que vão permitir a dife- renciação competitiva da empresa no mercado consumidor. 2.1.2. As estratégias de preço final e de qualidade A análise entre determinação de preço e qualidade é bem explicada por meio da estra- tégia de Preço-Qualidade apresentada na figura abaixo. Nela percebe-se que uma variação comum em diversos segmentos do mercado precisa ser entendida como um fato especial, que merece atenção pela empresa, na fase de determinação de preços. O uso da matriz serve como um ponto de início na definição da estratégia para a determinação de preços. Estratégia de Preço-Qualidade PREÇO Q U A LI D A D E Alta Média Baixa Alta Estratégia Premium Estratégia de Alto Valor Estratégia de Valor Supremo Média Estratégia de Preço Alto Estratégia de Preço Médio Estratégia de Valor Médio Baixa Estratégia de Desconto Estratégia de Falsa Economia Estratégia de Economia Fonte: KOTLER, 1999. Carvalho et al. (2011) esclarecem que as estratégias organizacionais, que são apre- sentadas em verde, devem ser o alvo das empresas, pois são elas que permitirão a con- tinuidade das empresas no mercado. As estratégias em azul têm como característica sua temporalidade, pois são usadas para que as empresas consigam entrar em determina- dos mercados competitivos e conquistem novos clientes. As estratégias em vermelho são as que devem ser evitadas, pois são utilizadas apenas em situações adversas e não geram valor para as empresas. 41Inovação Pausa para refletir O fator preço é relevante para a determinação de qual produto deve ser consumido, mas seráque os consumidores atualmente estão observando somente o fator preço? Será que existem outros fatores que alteram a percepção de qualidade dos produtos adquiridos pelos clientes? 2.1.3. A importância da inovação Inovação não é simplesmente uma ideia. A inovação é composta por fatores que, integrados, produzem resultados para as organizações. A condição para que a inovação exista deve estar inserida em um contexto maior, pois são necessários diversos eventos para que se alcance o sucesso. Fatores que promovem a inovação INOVAÇÃO INSPIRAÇÃO VISÃO ANÁLISE CRIATIVIDADE DESENVOLVIMENTO TRABALHO EM EQUIPE SUCESSO Para Carvalho et al. (2011) a importância da inovação é essencial em um cenário com- petitivo, pois as empresas devem buscar a melhoria no desempenho de suas ações por meio de ações inovadoras, que possibilitem melhorias como o aumento da demanda por produtos e serviços, e que elevem sua posição dentro do mercado competitivo, reduzindo custos, ampliando suas margens de lucro e, consequentemente, aumentando a habilidade de continuar inovando. O processo para alcançar a inovação necessita de disciplina, pois segue um roteiro determinado que pressupõe o uso de práticas de trabalho que vão desde a ideia inicial até o lançamento do produto no mercado. © T ru eff el pi x // Sh ut te rs to ck . Inovação42 2.1.4. Desafios e oportunidades para o Brasil Segundo Cruz (2010), quando se trata de inovação as empresas no Brasil, dão maior ênfase a estratégias que buscam o crescimento das vendas e ampliação do mercado con- sumidor. Para os empresários brasileiros, os gastos com ciência e tecnologia (C&T) não devem ser vistos como custos, mas sim como investimento para um futuro melhor. Apesar de existirem alguns avanços relacionados à inovação, o que se percebe é que o desempenho das empresas inovadoras brasileiras ainda se mostra baixo, com uma taxa de inovação de 36%, segundo dados da Pesquisa de Inovação (PINTEC), indicando que o grande desafio das empresas está relacionado com a produção de inovações patenteáveis, que produzam produtos ou serviços rentáveis (PINTEC, 2014). A figura a seguir apresenta os países e seus respectivos investimentos em recursos humanos e financeiros. Merece destaque o fato de que o Brasil não aparece no levanta- mento, indicando o quanto o país necessita investir nessa área. Investimentos em recursos humanos e financeiros para P&D, 2015 15 10 5 0 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 CHL MEX* ZAF* LVA TUR POL GRC RUS SVK ITA HUN PRT IRL GBR NOR NLD ESTLUX NZL ESP CAN*CZE ISL BEL FRA* SVNAUS* USA DEU CHN JPN SWE DNKFIN CHE AUT ISR* KOR R&D volumes (million 2010 USD) * 275 100.000 200.000 300.000 400.000 462.766 Fonte: OCDE, 2015. (Adaptado). A situação do investimento em P&D aponta para o grande desafio que o Brasil pre- cisa enfrentar. Conforme apresentado na figura acima, o país não está investindo em P&D e, consequentemente, está ficando para trás em relação aos países analisados. Para Cruz (2010) é preciso desenvolver um ambiente que promova o estímulo em pesquisa e inova- ção, pois tal desafio mostra-se complexo, e não deve ser analisado somente em função de valores investidos, mas deve-se observar também os resultados obtidos pelas ações de ino- vação. Afinal, nem sempre a inovação envolve vultuosos investimentos financeiros. Quanto aos investimentos financeiros, merecem destaque as ações do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social) voltadas para o financiamento de inovações. O banco possui uma linha de incentivo à inovação chamada de Plano Inova Empresa, a qual © D TC O M 43Inovação fornece recursos para inovação em vários segmentos, considerados estratégicos para o Governo Federal. O incentivo se dá através de chamadas públicas, que selecionam projetos que contarão com recursos oferecidos pelo banco por meio da Financiadora de Inovação e pesquisa (FINEP) e por outros órgãos públicos que participam de ações similares. Caldeira (2014) afirma que uma alternativa interessante para incentivar ações de ino- vação para as empresas são os chamados ecossistemas de inovação, que são basicamente um conjunto de atores e recursos unidos para implantar ações de inovação. Esses ecossis- temas geralmente são constituídos por empreendedores, investidores, pesquisadores, uni- versidades, entre outros, e agem com objetivo de fortalecer a articulação, conectividade e a cooperação entre os envolvidos, buscando incentivar a inovação. 2.2. Fatores que dificultam o processo de inovação Os fatores que causam dificuldades no processo de inovação são comumente classifi- cados em aspectos internos e externos à organização. Os aspectos externos estão relacio- nados a problemas com “governo, mercado, tecnologia, propriedade intelectual, relações societárias, relações sindicais, fornecedores e interorganizacionais”, (COSTA-SOUZA; BRUNO-FARIA, p. 119, 2013). Os fatores internos, por sua vez, estão relacionados diretamente com (DONHA; GUIMARÃES, 2017): • o tamanho e a idade da empresa; • o desempenho passado; • sua estratégia de diversificação; • exportações; • estratégia de redução de custos; • mecanismos de proteção; • ausência de gestão por resultados; • planejamento estratégico ineficiente; • falta de pessoal qualificado e de espírito de equipe; • ausência de cultura e motivação para a inovação; • senso de acomodação; • falta de aprendizado contínuo; • falta de tempo por alta carga de trabalho; Inovação44 • existência de projetos de longo prazo; • falta de recursos financeiros; • e falta de tolerância à falhas entre outros. Diante da identificação de falhas que podem afetar os processos de inovação, deve- -se procurar compreender de que maneira diversos fatores impactam na obtenção e implementação de novas ideias e deve-se buscar analisar como evitar que tais falhas inter- rompam os processos de inovação. 2.2.1. Fatores relativos ao custo As dificuldades encontradas ao acesso dos recursos financeiros, tão relevantes para a inovação, mostram-se como fator limitante para a execução de tarefas necessárias para a implementação de novas ideias a serem postas em prática. Fatores econômicos mostram- -se barreiras importantes, pois se relacionam diretamente aos riscos inerentes do negócio, e para os investidores, tais riscos são percebidos como elevados. Assista O vídeo “As pessoas sempre vão investir em duas coisas: diminuir custos e inova- ção” (SEBRAE SP/2015) analisa como gerenciar melhor os custos para inovação. Os altos custos iniciais, que são exigidos pelas ações inovações, também limitam o acesso a recursos financeiros, e além disso, fatores como planejamento mal elaborado e falta de interesse organizacional, acabam criando mais restrições ao acesso dos recursos financeiros (BELTRAME et al., 2013). 2.2.2. Fatores relativos aos conhecimentos Na visão de Fernandes (2015), para que ocorra inovação, é fundamental que sejam cumpridas algumas exigências organizacionais, tais como desenvolver uma visão cria- tiva, que servirá para a definição e criação de metas direcionadoras. Outra exigência está relacionada com o ambiente criativo, que permitiria que novas ideias surgissem e fos- sem desenvolvidas. Caso essas exigências não sejam atendidas, ocorrerão falhas nesse ambiente organizacional, criando dificuldades para a obtenção de soluções para os proble- mas que afetam a empresa como um todo. 45Inovação Definido por Gonçalves et al. (2011), o conhecimento é um processo sistemático que se baseia em “identificação, captura, classificação, validação, armazenagem, dis- seminação, compartilhamento e criação de conhecimento útil” (FERNANDES et al., p. 225, 2015), que deve ser promovido continuamente para que não se percam oportunida- des de negócio para as organizações. 2.2.3. Fatores relativos ao mercado As empresas estão competindo em mercados altamente competitivose esse ambiente não é o mais propício para ações radicais. Para que ocorra uma diferencia- ção entre empresas do mesmo segmento de mercado, o aumento do nível de serviço, que pode ser entendido como um fator- -chave dos valores que a empresas oferece aos seus clientes, e cujo objetivo é o de assegurar sua fidelidade, mostra-se uma ferra- menta altamente relevante, pois assim cria-se a possibilidade de um relacionamento dura- douro entre os atores do mercado. © R om an K in g / / S hu tt er st oc k. (A da pt ad o) . © c he re zo ff / / S hu tt er st oc k. Inovação46 Dentro do conceito de fatores, que são relacionados ao mercado, surge a possibili- dade de criação de parcerias entre empresas e stakeholders (clientes, fornecedores, par- ceiros comerciais, entre outros). Essa estratégia apresenta-se como uma possível solução para a redução de barreiras impostas pelo mercado competidor, pois percebe-se que esse relacionamento tem um fator motivacional relevante para a busca da inovação: o desen- volvimento a partir da proximidade entre os atores envolvidos no processo. Dessa forma, é grande a chance de surgirem recursos, sejam eles humanos, financeiros, ou outros quais- quer, que possibilitarão a criação de estruturas de colaboração entre a empresa e os parcei- ros de negócio. 2.2.4. Fatores relativos à resistência interna O processo de mudança tem por finalidade causar transformações na estrutura, na estratégia e nas pessoas que compõem uma organização. Uma das reações mais naturais do ser humano é resistir a mudanças. Fatores como a impossibilidade de conhecer o futuro, dificuldades em compreender as fases de transição do estado atual para o novo e experiên- cias anteriores negativas criam um ambiente propício para o surgimento de barreiras no processo de inovação. Em algumas situações pontuais, o pro- cesso de resistência pode ter um fator posi- tivo, pois é capaz de fomentar discussões a respeito de decisões que necessitam ser tomadas, criando uma oportunidade para o surgimento de melhores escolhas. O fator resistência também possui um aspecto negativo: quando percebe-se que as críticas chegam ao ponto de impedir a continuidade do processo de mudança. Pausa para refletir Será que as pessoas são de fato tão resistentes a mudanças? Ou será que essa dificuldade em aceitar o novo acontece por falta de explicações consistentes? Reflita como seria o melhor modo de informar às pessoas a respeito de mudanças em seu ambiente de trabalho. © R aw pi xe l.c om / / S hu tt er st oc k. 47Inovação 2.3. Fatores que facilitam a inovação Planejar uma estratégia eficiente e oferecer um ambiente adequado são os dois pila- res fundamentais para a busca de inovações. Ações como o planejamento de boas estra- tégias, criação de equipes com pessoas capacitadas e motivadas, cultura organizacional voltada para a inovação, adequação da estrutura funcional a serviço da estratégia e defini- ção de processos são fatores que incentivam o desenvolvimento de ideias inovadoras. O processo de inovação passa por diversas etapas e seu início se dá pela criação de uma vantagem estratégica no mercado, procurando áreas nas quais a inovação terá maior poder de ação. A fase das pesquisas, na qual é possível descobrir um público desconhe- cido e quais serão suas necessidades, representa a segunda etapa do processo de inovação. Após as pesquisas, o passo seguinte é representado pelo insight, que é o resultado de um processo de análise e desenvolvimento da inovação. A fase seguinte do processo é identificada pelo desenvolvimento efetivo da inovação, no qual ocorre a definição do design, a engenharia, a prototipagem e os testes, que resul- tarão em um novo produto ou serviço. Em seguida tem-se o processo de planejamento de negócios, que realiza a preparação do mercado para os clientes escolherem a inovação, e por último tem-se a venda, que representa o retorno financeiro obtido pelo sucesso do pro- duto ou serviço. 2.3.1. Desenvolvimento industrial O desenvolvimento industrial se dá por meio de investimentos que buscam a promo- ção da competitividade com objetivo de incentivar o crescimento sustentado da economia como um todo. Assim, é possível estabelecer um novo nível para o potencial econômico do Brasil. Merece destaque a importância dos programas de financiamento, que são direcio- nados para a ampliação e modernização da capacidade produtiva das empresas. O surgimento do conceito de Indústria 4.0 apresenta a quarta revolução industrial. Tal revolução apresenta novas tecnologias que são inseridas no centro de todas etapas dos processos produtivos. Assista Assista ao vídeo “O que é Indústria 4.0?” (2016). do canal do Sebrae no Youtube. Ele apresenta e discute o conceito da indústria 4.0. Inovação48 Para Costa (2017), a inovação irá compor a estratégia de desenvolvimento e cresci- mento econômico das empresas. Para ele essa nova fase é o resultado da integração de tecnologias digitais, combinadas com ideias inovadoras. Segundo pesquisa realizada pela PWC a tecno- logia digital revolucionará a forma como a produção industrial é feita, eliminando custos e aumentando a possibilidade de novos ganhos. Essa transforma- ção representará imensos desafios para as empresas, que deverão investir no desenvolvimento de compe- tências e na cultura organizacional. A figura a seguir representa a combinação das tecnologias que estarão disponíveis para dar suporte à indústria 4.0. O ponto principal são as novas ferramentas tecnológicas dis- poníveis para o uso. Combinação de diversas tecnologias estabelecidas e emergentes para indústria 4.0 segundo a PWC Da ta & An alyt ics como capacidade essencial Indústria 4.0 1. Dig itiz ação e integração das cad eias de valor verticale ho rizontal 2. D igitização das ofertas de produtos e serviços 3. Mo de los d e ne gõ ci o digit ais e a ce ss o a cl ie nt es Plataforma loT Dispositivos móveis Computação em nuvem Realidade aumentada Caracterização do perfil dos clientes e interação com clientes em vários níveis Big data, analytics e algoritmos avançados Sensores inteligentes Impressão 3D Detecção e autenticação de fraude Interfaces avançadas homem-máquina Tecnologias de detecção de localização Fonte: Indústria 4.0: Digitização como vantagem competitiva no Brasil. (Adaptado). © L ut si na T at ia na / / S hu tt er st oc k. (A da pt ad o) . © D TC O M 49Inovação Da perspectiva da indústria merece destaque o fato de que, apesar da crise financeira que estagnou a economia do país a partir de 2014, o segmento industrial, que sofreu com a redução do consumo das famílias, apresenta indícios de recuperação de sua atividade. A indústria 4.0 mostra-se como um segmento capaz de promover o crescimento da produ- ção, do emprego e da renda (SARTI e HIRATUKA, 2011). 2.3.2. Políticas de estímulo e financiamento à inovação As políticas de apoio e financiamento à inovação podem ser divididas em dois grupos. O primeiro é conceituado como apoio indireto e o segundo como apoio direto. Cassiolato e Lastres (2005) afirmam que o apoio indireto pode ser representado por incentivos fis- cais, que nada mais são do que a redução ou isenção de tributos. O quadro abaixo descreve quais as fontes de financiamento mais buscadas para P&D no Brasil. Fontes de financiamento das atividades de P&D segundo setor de atividade e origem de recursos – Brasil – 2008 (em % do total) Setor de Atividade Recursos Próprios Recursos de Ter- ceiros: privados Recursos de ter- ceiros: públicos Total 76,3 4,3 19,4 Indústria de Transformação 88,0 0,8 11,2 Serviços 47,8 12,6 39,6 Fonte: IBGE, Pintec 2008. Para Cassiolato e Lastres (2005) um padrão de financiamento baseado em crédito cria a obrigação de pensar em políticas de incentivo à inovação, que buscarão apoio nas políticas de desenvolvimento industrialdo país. Dessa forma, o padrão de financiamento dos gastos em pesquisa e desenvolvimento refletem o padrão do investimento, apontando que essa realidade é mais perceptível nos gastos realizados com recursos próprios das empresas do setor privado. 2.3.3. Leis de incentivos fiscais No dia 22 de novembro de 2005 o governo federal publicou no diário oficial a Lei 11.169, lei que ficou conhecida como lei do bem. No seu objeto ficou definido, entre outras coisas que, as empresas poderiam ter “dedução, para fins de cálculo do Imposto sobre a Inovação50 Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), dos gastos realizados no período de apuração com pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica” (CORAZZA, p. 40, 2015). Pausa para refletir A lei nº 11.169 trouxe vários incentivos para a pesquisa e inovação das empresas no Brasil. De acordo com o que a lei propunha ela de fato conseguiu aumentar a competitividade das empresas no mercado? 2.3.4. Proteção do conhecimento (patentes) Na era do conhecimento e do compartilhamento de informações, que se dão através de recursos tecnológicos, o tema proteção do conhecimento surge com extrema relevân- cia, pois o que se percebe é que as empresas precisam manter segredo sobre os mais diver- sos assuntos. Essas informações confidenciais geram capacidades de diferenciação em mercados altamente competitivos. Os conhecimentos produzidos por empresas, como as patentes, softwares>, desenhos industriais e marcas, que representam sua propriedade intelectual, a qual é entendida como o direito sobre um bem intangível móvel. Assista Confira o vídeo “Cenário da proteção do conhecimento no Brasil vem melho- rando, diz Carlos Pacheco” (CNI/2016) que apresenta uma explicação sobre proteção do conhecimento. Desta forma, ela corresponde ao direito de exclusividade sobre criações intelectuais, por um determinado período de tempo estabelecido. 2.4. Práticas de estímulo à Inovação O processo de inovação está relacionado com transformações de caráter tecnoló- gico, os quais incidem diretamente sobre a produção ou produto. Na abordagem de Rocha Neto (1997), os processos de inovação possuem um viés essencialmente econômico, que compreendem a apropriação comercial de conhecimento técnico-científico para o 51Inovação desenvolvimento de bens e serviços utilizados pela sociedade. Segundo o autor, compreen- dem a introdução de novos produtos ou serviços no mercado por meio de conhecimentos, práticas organizacionais, técnicas e processos de produção. As fontes de conhecimentos relativas ao processo de produção de inovações estão localizadas dentro e fora das organizações. Isso significa dizer que tal interatividade se dá por meio da contribuição dos agentes sociais e econômicos que são detentores de diferen- tes tipos de informação e conhecimento. Para que ocorra a divulgação das ações inovado- ras é preciso iniciar na organização um processo de compartilhamento de informações que deverá ultrapassar os limites do departamento de P&D. 2.4.1. Estímulo à criatividade A criatividade segundo Dewes et al. (2012) é considerada como um fenômeno de natureza cognitiva, e o ato de inovar é um efeito proporcionado por processos mentais, cujo objetivo é produzir novas ideias com valor mercadológico. O ato criativo se desenvolve através de um processo que deixa a pessoa sensível a um problema ou situação, forçan- do-a a procurar por soluções através da criação de hipóteses que dizem respeito ao pro- blema. Posteriormente são realizados os testes destas hipóteses e, por fim, a comunicação dos resultados obtidos. Para Dewes et al. (2012), existem dois elos que ligam a criatividade às atividades eco- nômicas. O primeiro se relaciona com a prestação de apoio aos processos produtivos, o qual serve para mudar o que era feito para um modo mais econômico e prático. O outro elo, a criatividade, passa a oferecer maior valor agregado ao cliente, seja por meio da oferta de novos produtos, pela modificação de um produto existente, ou até mesmo atra- vés da alteração na maneira de vender o produto. 2.4.2. Capacitação de Pessoas O mercado consumidor está caracterizado mais pelas constantes mudanças radi- cais do que pelo seu poder de barganha. Fatores como tecnologia, novas formas organi- zacionais e capacidade de gerar e absorver inovações são diferenciais competitivos que devem ser interiorizados pelas empresas (LEMOS, 2009). O processo de desenvolvimento de ideias não segue um pensamento linear, ele se mostra descontínuo e irregular, apresen- tando alguns momentos de inovação e outros de total inércia, mas que podem influenciar de forma relevante diversos setores da economia. As inovações, além de não obedecerem a um padrão regular e contínuo, ainda possuem elevado grau de incerteza. Inovação52 Assim, chega-se a um importante aspecto no processo de compreensão das formas de produção e transmissão de conhecimento, pois percebe-se que existem diversas possibili- dades de acesso e troca de informações que são fornecidas por tecnologias de informação e devem estar disponíveis de forma igualitária para todos os agentes envolvidos nos processos. 2.4.3. Comunicação interna Um dos grandes desafios de setores responsáveis pela comunicação e marketing das empresas é apresentar o valor que a comunicação interna possui para a alta gestão. Assim, além do ato de inovar ser de extrema importância, o planejamento e o direcionamento das ações da empresa mostram-se também muito relevantes, pois ao unir esses três recursos surge uma alternativa eficiente para a busca de um processo de comunicação interna efi- caz (MARCHIORI, 2010). Motivar os funcionários para que fiquem alinhados com a estratégia da empresa deve ser um processo contínuo, e a melhor maneira de gerar comprometimento é por meio das atitudes que a organização adota para proporcionar o diálogo com os funcionários. As melhores ferramentas para o processo de comunicação interna em ordem de relevân- cia são: intranet, rede social corporativa, e-mail, reuniões, mural, manual do colaborador, caixa de sugestões, perfil comportamental, revista da empresa e videoconferência (MAR- CHIORI, p. 151, 2010). 2.4.4. Programas de reconhecimento e recompensa O processo de reconhecimento e recompensa necessariamente deve ser precedido por um processo de avaliação. De acordo com Gillen (2000), as empresas utilizam diversos recur- sos para criar métodos de avaliação. Entre esses métodos, alguns são realizados pelos geren- tes, que elabora o documento e compartilha o resultado da avaliação com a pessoa avaliada. Os métodos de recompensa que algumas empresas adotam em seus critérios de ava- liação utilizam a remuneração separada por níveis de desempenho. É importante destacar que qualquer que seja a forma adotada de avaliação pela empresa, o que realmente merece atenção é a eficácia dada ao sistema de avaliação, pois um sistema falho tira toda credibili- dade da empresa e do avaliador. Para Gillen (2000), as empresas necessitam desenvolver estratégias que incentivem a motivação de seus colaboradores, sendo necessário ir além da recompensa financeira. Isso porque alguns fatores são tão importantes quanto as recompensas tradicionais. Entre 53Inovação esses fatores estão o reconhecimento social, planos de crescimento de carreira e compen- sações inteligentes e personalizadas que promovem um ambiente saudável e melhoram o clima organizacional da empresa. Proposta de Atividade Reforce seu aprendizado com o exercício sugerido a seguir. A atividade não é avaliativa, mas é uma boa oportunidade para testar seus conhecimentos e fixar o conteúdo estudado no capítulo. Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Elabore uma apre- sentação no Power Point destacando as principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir sua apresentação, considere as leiturasbásicas e complementares realizadas. Dicas: Utilize como tópicos principais para sua apresentação os seguintes temas: Inovação e com- petitividade; Fatores que promovem a inovação (positivos e negativos); Práticas que estimu- lam a Inovação. Elabore a apresentação com no máximo 10 slides. Recapitulando O objetivo principal das empresas está diretamente relacionado com a obtenção de lucros e o fator inovação mostra-se um diferencial para gerar vantagens competitivas diante da concorrência. Assim, o que se percebe é que o processo de inovação é composto por diversos fatores. Imaginar que somente boas ideias serão são capazes de serem convertidas em lucros é um pensamento que infelizmente não representa a realidade do mercado. Considerar como fator de diferenciação de mercado o uso de estratégias que afetam somente os pre- ços não é suficiente para fidelizar os clientes pois essa ação que não tem poder para ser mantida por longos períodos de tempo. Os clientes estão atentos a diversos fatores que envolvem um produto, e imaginar que somente um aspecto será o fator chave para a deci- são de compra representa uma visão restrita por parte das empresas. Quando buscam uma inovação, as pessoas geralmente escolhem uma situação que seja cômoda ao invés de uma mudança radical, mas isso não significa que não seja possí- vel implantar ações que transformem o estado atual. O que é relevante destacar com rela- ção a mudanças é a possibilidade de melhoria com relação ao que existia anteriormente. Para serem aceitas, essas vantagens precisam ser muito bem esclarecidas, pois caso não sejam trabalhadas de maneira eficiente, as pessoas criarão barreiras para a aceitação das inovações. Inovação54 Com relação ao aporte governamental para projetos de inovação, merecem destaque as ações propostas pelo governo federal por meio da lei nº 11.169, mais conhecida como lei do bem. Ao longo dos anos, essa legislação se mostrou muito importante para a inova- ção, pois desde sua implantação houve um aumento de mais de oito vezes no número de empresas que aderiram ao programa de incentivo fiscal. Isso indica que tal política pública é relevante para a inovação no Brasil. 55Inovação Referências BELTRAME, T. F. et al. Gestão da Inovação e barreiras para implementação de suas prá- ticas. XXXIII Encontro Nacional de Engenharia da Produção. Salvador: Brasil, 2013. CALDEIRA, J. P. Os desafios para a inovação no Brasil. 2014. Disponível em: <jornalggn. com.br/noticia/os-desafios-para-a-inovacao-no-brasil>. Acesso em: 14/09/2018. CARVALHO, H. G. Gestão da inovação. Hélio Gomes de Carvalho, Dácio Roberto dos Reis, Márcia Beatriz Cavalcante. Curitiba: Aymará, 2011. CASSIOLATO, J. 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CAPÍTULO 3 Gestão do processo de inovação Eloisa de Moura Lopes TÓPICOS DE ESTUDO 1 Levantamento de ideias 3 Elaboração e Gestão de Projetos • Objetivo do levantamento de ideias. • Principais cuidados. • Como operacionalizar o levantamento de ideias. • Exemplos. • Objetivos das fases de definição de recursos e de implementação. • Definição e busca de recursos (Elaboração de projetos). • Implementação (Gestão de Projetos). • Exemplos. 2 Seleção de portfólio de projetos de inovação 4 Aprendizagem • Objetivo da seleção de projetos. • Critérios para seleção do portfólio de projetos. • Exemplos. • Objetivo da aprendizagem. • Lições aprendidas. • Exemplos. Inovação60 Contextualizando o cenário Entender o processo de acesso à inovação tecnológica é um dos grandes desafios dos admi- nistradores no século XXI pois o mercado se torna cada vez mais competitivo devido à grande rapidez com que ocorrem as inovações. A competitividade vem ganhando novos cenários no mundo, principalmente devido ao advento da internet. Isso porque as empresas utilizam esse recurso digital para prospectar ideias e novas tecnologias. Um processo de inovação, para ser implantado, além de recursos, requer disciplina, organi- zação e envolvimento de todos os colaboradores da organização. Para inovar, a empresa pre- cisa estar em constante atualização de suas capacidades, habilidades e recursos. Uma das formas de se atualizar é buscar o conhecimento e incorporá-lo nas competências específicas e no core business da organização. Para tanto, é necessário desenvolver uma cultura para o aprendizado dinâmico e constante. Essa cultura do aprendizado parte de um comportamento organizacional que deve ser bem divulgado entre todos os colaboradores da empresa. Diante desse cenário a pergunta que norteia este capítulo é: quais são as etapas de um processo de inovação? 61Inovação 3.1. Levantamento de ideias O levantamento de ideias faz parte de um pro- cesso inovador. Vale ressaltar que, na prática, não é pos- sível generalizar este tipo de processo de inovação, pois o mesmo depende dos recursos e capacidades de cada orga- nização. Tidd (2001) afirma que quando se trata de gestão da inovação alguns elementos são impactantes para o pro- cesso, por exemplo: estágio da inovação, escopo da inova- ção e tipo de organização. O tipo de organização é condicionante para a definição das etapas de um processo ino- vador. Além disso, o processo deve ser coerente com o conjunto das capacidades específi- cas e essenciais da empresa. Outros fatores importantes devem ser considerados, tais como: logística, recursos humanos, atendimento ao cliente, sistemas de informação entre outros. 3.1.1. Objetivo do levantamento de ideias O objetivo do levantamento de ideias é identificar as oportunidades existentes no mercado e levantar ideias inovadoras juntos aos colaboradores e clientes, os quais são usuários dos produtos e/ou serviços oferecidos pela empresa. Os clientes podem colaborar, a partir das suas experiências, para melhorias nos produtos e serviços. O levantamento de ideias é o primeiro passo para um processo de inovação na empresa. Nessa etapa prospectam-se ideias por meio das diversas bases tecnológicas, tais como: internet, bancos de patentes, workshops, seminários, entre outras fontes de inte- resse da empresa (CARVALHO, REIS E CAVALCANTI, 2011). Segundo Carvalho, Reis e Cavalcanti (2011), o fluxo criativo de uma empresa pode ser representado por um funil. Em um processo mais amplo a empresa faz uma busca por novas ideias nos diversos bancos de conheci- mento que existem, depois gradativamente desconsi- dera as ideias que não interessam, selecionando apenas as ideias que tem potencial de negócio. Por fim desenvolve o projeto, entregando o produto e/ou serviço inovador. A ilustração a seguir mostra uma analogia em forma de funil para simular um processo de levantamento de ideias. © v as ab ii / / S hu tt er st oc k. (A da pt ad o) .. © S at en ik G uz ha ni na / / S hu tt er st oc k Inovação62 Agora que já sabemos qual o objetivo do levantamento de ideias em um processo de acesso a inovação, vamos conhecer os principais cuidados que devemos ter para prospec- tarmos ideias e incorporá-las nas empresas. 3.1.2. Principais cuidados Normalmente, empreendedores com experiência e visão de negócio costumam ter faci- lidade com as novas ideias, pois espera-se que eles tenham boa percepção para novas opor- tunidades no mercado. Por isso, comumente estão familiarizados com ferramentas de apoio para planejamento e desenvolvimento de negócios (CARVALHO, REIS E CAVALCANTI, 2011). No entanto, o mesmo não se aplica quando se trata de empreendedores iniciantes. Afi- nal, esse é um desafio que requer muitos cuidados e experiência. Não basta achar que uma ideia pode se tornar um negócio promissor, é preciso muita disciplina, estudos e planejamentos para se implementar uma ideia. Para uma ideia virar um negócio é necessário realizar pesquisa de mercado, fazer testes em laboratório, produzir protótipos, fazer testes pilotos e elaborar um planejamento para analisar a viabilidade financeira, econômica e social (BROWN, 2010). Entre os principais cuidados que se deve ter para uma ideia virar um negócio, desta- cam-se: a criação de uma hipótese; a partir dessa hipótese, a realização de pesquisas para identificar o mercado alvo. Ou seja, para verificar se existem consumidores potenciais para o negócio desejado e para verificar se existem pessoas que se interessariam em comprar determinados produtos ou serviços (BROWN, 2010). Também, é importante identificar como o mercado vai perceber o diferencial do novo produto ou serviço e quem são os con- correntes e possíveis novos entrantes. Pausa para Refletir Quais os riscos tecnológicos, capacidades e recursos para a ideia ser implementada? A nova ideia tem potencial de crescimento? A ideia está alinhada como os valores internos da organização? 3.1.3. Como operacionalizar o levantamento de ideias Para que uma ideia possa ser implantada com sucesso, além dos principais cuidados citados acima, na hora de operacionalizar o processo inovador o empreendedor não pode ficar preso à ideia original. É preciso ser flexível às mudanças que necessárias para a ideia virar um negócio atrativo e com potencial diante do mercado consumidor. 63Inovação O foco tem que ser nos clientes em potencial e não na ideia em si. A imagem abaixo ilustra os pro- cessos de operacionalização das ideias inovadoras na organização. Nessa etapa, o levantamento envolve bus- car a maior quantidade possível de ideias nas diver- sas bases cognitivas no mundo, que em metáfora seriam a boca do funil. Esse processo é denominado de prospecção de ideias. O levantamento de ideias deve ser realizado de forma sistêmica para verificar as possíveis oportunidades ou mudanças nos cenários competitivos, buscando identificar o próximo passo, ou seja, tendências de mercado para novos produtos e serviços, comporta- mento do consumidor, comportamento do concorrente, novos entrantes, o meio ambiente, entre outros fatores. Já nas próximas etapas, tais como seleção, definição de recursos e implementação, as ideias passam pelo funil e são selecionadas com mais rigor, pois a cada fase uma ou muitas ideias serão analisadas e rejeitadas. 3.1.4. Exemplos Na etapa de levantamento as indústrias podem observar o mercado concorrente e fazer melhorias, por exemplo, no design das embalagens e na qualidade da matéria-prima aplicada para a fabricação dos produ- tos. Afinal, as indústriastêm demonstrado uma cres- cente preocupação em relacionar seus produtos com o uso sustentável do meio ambiente (CARVALHO, REIS E CAVALCANTI, 2011). Agora que já aprendemos acerca da fase levantamento, vamos avançar para a segunda etapa, seleção de portfólio. 3.2. Seleção de portfólio de projetos de inovação Seleção é a segunda etapa do processo de inovação. Após o levantamento de ideias, as mesmas são selecionadas de acordo com as oportunidades de mercado e com a capa- cidade da organização de incorporá-las (LOPES 2011). Para tanto, a empresa precisa © p ea rt / / S hu tt er st oc k. (A da pt ad o) .. © L ek s0 52 / / S hu tt er st oc k Inovação64 selecionar as ideias mais adequadas de acordo com seu perfil tecnológico e, após a defini- ção, estabelecer as estratégias para incorporação da seleção em seu portfólio de projetos inovadores (CARVALHO, REIS E CAVALANTI, 2011). Para o processo de seleção é necessário o envolvimento dos colaboradores. Afinal, a decisão sobre qual ideia inovadora selecionar implica em identificar os recursos necessários e avaliar o custo benefício para a implantação do projeto, difundindo uma visão clara de todo o processo para a equipe de trabalho. 3.2.1. Objetivo da seleção de projetos O objetivo nesta etapa é verificar se a ideia inovadora tem oportunidade de sucesso no mercado, se a empresa tem recursos e capacidades para a incorporação da inovação selecionada e se a empresa precisa buscar o conhecimento desejado por meio de licencia- mento ou outras formas de acesso (CHESBROUGH, 2003). Ao prospectar e acessar ideias, a empresa deve selecionar a mesma de forma que seja possível sua incorporação. Para tanto, deve haver uma plataforma de inovação com os recursos necessários para fazer a incorporação da novidade. Esses recursos são: recursos humanos, recursos físicos e estruturais, recursos financeiros, tecnológicos entre outros. Para a seleção é necessário estabelecer alguns critérios, conforme veremos a seguir. © P an um as Y an ut ha i / / Sh ut te rs to ck . 65Inovação 3.2.2. Critérios para a seleção do portfólio de projetos Nesta etapa do processo é necessário escolher ideias alinhadas com as capacidades e recursos das organizações e que podem ser assimiladas e desenvolvidas por meio de parce- rias e outras formas. Para isso é preciso seguir os critérios estabelecidos. O Serviço de Apoio as Micros e Pequenas Empresas, mais conhecido como Sebrae (2018), tem várias sugestões sobre como gerir a inovação e critérios para a seleção do port- fólio de projetos. Por exemplo: a) verificar se a empresa tem capacidades e recursos para o desenvolvimento do pro- jeto selecionado e, se não tiver competência, quanto tempo levaria para a empresa se adaptar à nova exigência ou se a mesma pode se adequar por meio de licencia- mento da tecnologia, ou seja, da comprar dessa metodologia; b) analisar as alternativas de oportunidade de inovação, além de selecionar outras possibilidades; c) compreender o mercado e a competitividade no ramo quanto a preço, qualidade, rotatividade e normas; d) estabelecer as estratégias junto à equipe de trabalho e difundi-las para todos cola- boradores da empresa a fim de conseguir o apoio de todos; e) realizar um trabalho junto aos principais fornecedores de recursos e envolver pos- síveis clientes, que são os consumidores em potencial dos produtos. © a rt 4a ll / / S hu tt er st oc k. Inovação66 Nesta etapa é necessário o envolvimento de toda equipe de colaboradores do pro- cesso e a divulgação da inovação na empresa como um todo, de forma a possibilitar o envolvimento geral. A seguir veremos alguns exemplos de seleção de inovação. 3.2.3. Exemplos Empresas de qualquer porte, pequenas, médias ou grandes, podem inovar selecio- nando projetos inovadores. Por exemplo: uma empresa de manutenção mecânica pode inovar ao selecionar tecnologias de controle de tempo para evitar desperdício de matérias e tempo. Para isso, é necessário integrar as equipes por meio de treinamento. Também é possível envolver os clientes mais significativos no processo de melhoria dos serviços pres- tados (CARVALHO, REIS E CAVALANTI, 2011). Entre outras seleções, a empresa poderá, por exemplo, buscar novos mercados ou melhores locais para a sua manufatura. Poderá ainda desenvolver formas de distribuição que otimizem o tempo de entrega de seus produtos levando em consideração os custos e benefícios para os clientes e a possibilidade de fidelização de sua clientela. 3.3. Elaboração e Gestão de Projetos Para a elaboração do projeto se faz necessário definir quais são os recursos necessá- rios para a implantação, tais como: recursos humanos, recursos financeiros e plataforma tecnológica necessária para a implementação das ideias levantadas e selecionadas. É pre- ciso verificar se a empresa tem capacidade de incorporação da tecnologia desejada. Caso a empresa verifique que não tem os recursos físicos necessários, poderá adquirir por meio de compra da tecnologia que estiver disponível no mercado. Além disso, é possí- vel desenvolver o conhecimento necessário por meio de treinamento para suas equipes ino- vadoras ou da contratação de pessoal com capacidades específicas que venham a melhorar a capacidade essencial da organização. Também é nessa nesta fase do projeto que a empresa faz o levantamento dos forne- cedores e parceiros para o desenvolvimento do projeto. 67Inovação 3.3.1. Definição e busca de recursos (Elaboração de projetos) Nessa terceira etapa, a empresa precisa definir os recursos que serão aplicados no desenvolvimento do projeto. Para isso, a empresa deverá ter uma equipe de pessoas deten- toras do conhecimento necessário para comprar, licenciar, contratar e até mesmo criar for- necedores fora dos limites da empresa. Neste caso vale ressaltar o conceito de Inovação Aberta. Segundo Chesbrough (2006, p.1) Inovação Aberta é “o uso intencional dos fluxos internos e externos de conhecimento para acelerar a inovação interna e aumentar os mer- cados para uso externo das inovações”. Chesbrough (2003) descreve que as competências internas de uma organização podem não ser suficientes diante da mudança do mercado que as envolve e da forma como as empresas criam ideias e as direcionam ao mercado. Outra ação que deve ser considerada nessa etapa é a parceria com universidades, ins- tituições e centros de pesquisas para dar apoio ao desenvolvimento do projeto selecionado. Formar e treinar equipes que sejam capazes de desenvolverem as etapas do projeto. Além disso, criar laboratórios de ideias e de prototipagem, praticar benchmarking, prati- car pesquisas cooperativas, realizar alianças, joint venture e outras formas que se fizerem necessárias. (CARVALHO, REIS E CAVALANTI, 2011). Dica A empresa pode criar laboratórios de ideias e propor dinâmicas entre os colabo- radores. Para promover o debate é possível exibir um vídeo, ler um texto, estudar um caso de sucesso ou mesmo analisar uma situação na própria empresa com pessoas de áreas dife- rentes (CARVALHO, REIS E CAVALANTI, 2011). Um dos critérios mais importantes para proporcionar um ambiente inovador e propí- cio para a geração e compartilhamento de ideias é ter políticas claras e bem definidas de inovação, transparência nas relações humanas, ética e valores. Assim, o ambiente estimula as pessoas envolvidas a compartilharem suas ideias por meio de boa gestão tanto de pessoas quanto de conhecimento. Inovação68 3.3.2. Implementação (Gestão de projetos) Para a implementação, que é a quarta etapa do processo de inovação, é necessá- rio estabelecer prazos, projetar custos e orçamento e ter uma ferramenta de apoio para a gestão da qualidade. Além disso, é importante analisar a participação de outros departa- mentos, tais como logística, marketing, vendas e outros que sejam necessários nessa fase (CARVALHO, REIS E CAVALANTI, 2011). Os recursosfinanceiros são de extrema importância para a implantação do projeto. A empresa deverá fazer um planejamento orçamentário para definir a importância a ser investida no projeto. Isso implica analisar o retorno do investimento para determinar o retorno potencial do capital investido. Nesse momento, é necessário definir padrões e utili- zar com eficiência os recursos necessários para evitar desperdício e perda de tempo. 3.3.3. Exemplos Nessa etapa as empresas podem inovar por meio de ações do tipo, estabelecer padrões de qualidade e customização de processos de produção, logística e distribuição. Também, é possível utilizar práticas de inovação compartilhada com fornecedores; estabelecer ferramentas avançadas de gestão de projetos; aplicar técnicas, tecnologia e fer- ramentas de engenharia de alta complexidade que projetem e simulem o produto. Dessa forma, vendas podem ser realizadas antes mesmo dos produtos serem produzidos, por exemplo: aeronaves para programas de defesa aeroespacial. Neste caso, a prototipagem e a simulação são recomendadas, pois, assim é possível apresentar produtos aos cliente e investidores. Para a prototipagem se faz necessário, inclusive, um planejamento orçamentário, um estudo de mercado e pesquisa com os possíveis consumidores e clientes em potencial. 3.4. Aprendizagem A aprendizagem passou a ser delineada nas organizações a partir da obra de Simon (1979), que demonstra aspectos cognitivos que influenciam o comportamento humano nas organizações. O processo de aprendizagem tem normas e passa por alguns processos para que a empresa se adapte ao ambiente. Essa adaptação pode se dar no curto prazo, mas também há soluções de problemas a longo prazo. 69Inovação March e Simon (1981) afirmam que o aprendizado organizacional impacta direta- mente nos processos de decisões gerenciais. Ou seja, mudanças nos padrões de atividade, nas rotinas, nos processos e procedimentos, que atrapalham a adaptação da organização, são determinantes para a empresa alcançar novos patamares de desempenho. Sendo assim, vamos conhecer o objetivo da aprendizagem em um processo de inovação. 3.4.1. Objetivo da aprendizagem Em processos de inovação a quinta etapa consiste em conferir as fases do processo, verificar as ações, identificar as ferramentas e registrar as lições que foram captadas, ou seja, aprendidas. Dica A gerência pode incentivar o compartilhamento de ideias e valorizar cada ponto de vista de seus colaboradores. (CARVALHO, REIS E CAVALCANTI, 2011). A aprendizagem é uma disciplina bas- tante importante para o processo de inova- ção, pois é preciso que as empresas criem uma cultura de aprendizado. Apesar de pare- cer um clichê, aprender a aprender é uma rea- lidade já solidificada. Isso significa que empresas, profissio- nais, professores, alunos, etc., todos precisam buscar o conhecimento para estarem preparados para as mudanças que este século pro- põe. Vamos ver agora as lições que foram aprendidas no processo de gestão de inovação. 3.4.2. Lições aprendidas Segundo Carvalho, Reis e Cavalcanti (2011), na fase do processo de inovação denominada de aprendizagem é possível adotar práticas e ferramentas que apoiem o este modelo de gestão do conhecimento. Segundo o Sebrae (2018) as principais lições aprendidas podem ser: © B la ck J ac k / / S hu tt er st oc k. Inovação70 • reflexão: implica em pensar acerca do processo de inovação por completo, anali- sando como foi realizado, o que deu certo, o que deve ser evitado, quais os resul- tados alcançados e qual o próximo passo. A reflexão também significa analisar a inovação como uma prática que deve ser aplicada pelas empresas que desejam um ambiente inovador. Essa etapa leva a cultura do pensamento compartilhado entre as equipes inovadoras com todos os membros da organização; • registro: anotar tudo o que foi aprendido. Envolve registrar o lançamento de todos os novos produtos, o processo para tal e as mudanças que se fizerem necessárias. O registro é uma prática bem aplicada pela gestão da qualidade total; • estímulo: incentivar sempre a inovação é um ciclo. Um ambiente inovador requer transparência, confiabilidade, valorização e ética. A seguir vamos ver algumas ferramentas de prospecção tecnológica para a busca de novas ideias Esclarecimento Clichê! No sentido figurado é uma forma muito utilizada de dizer alguma coisa. MICHAELIS, 2018. Agora que já sabemos as principais lições aprendidas, vamos ver as técnicas para re- cuperação de informações. Pausa para pefletir Como deve ser a atuação dos gestores para que a empresa ofereça um ambiente inovador? 3.4.3. Exemplos Existem muitas fontes de acesso à inovação. Vale ressaltar que as empresas podem fazer alianças estratégicas e criar joint ventures. Essas estratégias são formas muito utiliza- das no mercado automobilístico, aeroespacial, farmacêutico entre outros. Como exemplos para se recuperar informações podemos citar: a internet, registros e normas da qualidade, banco de patentes, congressos, workshop, acesso a redes de infor- mação e relacionamento. A prospecção em bases tecnológicas de conhecimento pode ser 71Inovação realizada por qualquer pessoa, mas cabe ressaltar a importância do conhecimento da lín- gua inglesa para facilitar o acesso e o entendimento das bases que estão em inglês, idioma bastante utilizado para pesquisa, comunicação e negociação. Proposta de Atividade Reforce seu aprendizado com o exercício sugerido a seguir. A atividade não é avaliativa, mas é uma boa oportunidade para testar seus conhecimentos e fixar o conteúdo estudado no capítulo. Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Elabore um resumo crítico deste capítulo buscando novos exemplos. Para produzir este texto destaque as prin- cipais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir seu resumo, considere as leituras básicas e complementares realizadas. Para pesquisar novos exemplos das etapas de inova- ção faça uma busca na internet. Recapitulando Neste capítulo aprendemos as etapas para a implantação de um processo inovador. Esse conceito nos ajuda a responder à pergunta que norteou este capítulo: quais são as etapas de um processo de inovação? Um projeto inovador é composto por cinco etapas: levantamento de ideias, seleção das ideias que interessam para a empresa, implantação do processo e aprendizagem com o processo. Estes conceitos são impactantes para a ampliação do portfólio dos produtos que as empresas oferecem no mercado. Buscar ideias inovadoras é uma das formas que as empre- sas têm para se manterem competitivas no mercado. As ideias podem ser diversas, por exemplo: novos produtos, processos, mercado, design de embalagens, sustentabilidade dos negócios, entre outras. Para a implantação das ideias selecionadas, a empresa, pode fazer parcerias com universidades, centros de pesqui- sas e outros parceiros. Também, é interessante manter alianças de cooperação e troca de ideias com fornecedores, clientes e interessados. Além disso, a empresa pode criar um ambiente próprio para a geração de novas ideias por meio de seus colaborados. Este ambiente requer transparência e uma atitude ética, que valorizem a equipe e todos os envolvidos na empresa. Vale ressaltar que o aprendizado também é responsabilidade de cada pessoa, pois, viver em um mundo altamente competitivo requer que cada um seja responsável por sua gestão do conhecimento. Como vimos nesse estudo as empresas precisam de equipes ino- vadoras e, devido à velocidade das inovações, estas se tornaram um recurso escasso que deve ser gerenciado. Inovação72 Referências BROWN, T. Design Thinking. Editora Campus. 2010. CHESBROUGH, H. W. The era of open innovation. MIT Sloan Management Review. Cam- bridge, v. 44, n. 3, p.35-41, 2003. ______. Open business models: how to thrive in the new innovation landscape. Boston., MA: Harvard Business School Press:2006. ______. As novas regras de P&D. Série: Gestão orientada para resultados: Implementando a Inovação. Editora Campus, 2007. CARVALHO, G.H; REIS, R. D.; CAVALCANTI, B. M. Gestão da Inovação. Editora Aymará, Curitiba, 2011. LOPES, M. E. Gestão da Inovação Aberta: modelo de acesso à inovação tecnológica. Tese. Universidade Nove de Julho. 2011. MARCH, J. G.; SIMON, H. A. Teoria das organizações. Rio de Janeiro: FGV, 1981 Dicionário Michaelis. Disponível em: <michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/ portugues-brasileiro/clich%C3%AA/>. em 21.06.2018. SEBRAE/NA. Como sua empresa pode investir em inovação? Disponível em: <www.sebrae. com.br/sites/PortalSebrae/artigos/investir-em-design-e-um-bom-diferencial-para-a-sua- -empresa,f241a5d3902e2410VgnVCM100000b272010aRCRD?origem=tema&codTema=4>. Acesso em: 14 junho de 2018. ______. 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CAPÍTULO 4 Estratégias e acesso à inovação em organizações empresariais Frederico Rodovalho de Oliveira TÓPICOS DE ESTUDO 1 Estratégias de inovação 3 Critérios para escolha das formas de acesso • Ofensiva e Defensiva. • Imitadora e Dependente. • Oportunista e tradicional. • Exemplos e exercícios em casos reais. • Grau de domínio. • Nível de exclusividade. • Risco, preço e tempo. 2 Formas de acesso • Construção de capacidades tecnológicas. • Make – desenvolvimento próprio. • Buy – compra ou importação de tecnologia. • Partner – parcerias entre empresas. Inovação74 Contextualizando o cenário As organizações precisam buscar sempre novas formas de se reinventar. Por isso, estão constantemente procurando estratégias que as conduzam a uma posição de destaque no mercado consumidor. Elas sabem que, para inovar, não basta querer, é preciso que sejam utilizadas técnicas para atingir estes objetivos. Dentro deste contexto, o envolvimento das pessoas é um fator extremamente relevante para a inovação, pois são elas que conseguem atingir metas e superar os desafios que são impostos pelo mercado. Fatores como alta con- corrência, baixa lucratividade, modelo de negócio não escalável, entre outros, são barreiras que precisam ser vencidas para que se alcance o sucesso no mercado. As empresas têm diversos processos que precisam ser entendidos de forma única e sin- cronizada, pois são eles que determinam o nível de qualidade que esta empresa consegue oferecer para os seus clientes. Assim, o processo de inovação necessita de processos bem organizados e que estejam em sincronia com os objetivos da empresa. Diante desse contexto, surge o seguinte questionamento: como empresas estagnadas podem definir estratégias para inovar? 75Inovação 4.1. Estratégias de inovação Hoje percebemos que as ações inovadoras são produzidas em ambientes cada vez mais globalizados. Essas ações são uma rica fonte de desempenho econômico. O que chama a atenção é o fato de que ações inovadoras têm diferentes formatos, dimensões e caracte- rísticas e, ao final de sua execução têm sempre o mesmo objetivo: produzir mais, aumen- tar a qualidade e conquistar melhores níveis de satisfação entre as pessoas que farão uso do produto ou serviço oferecido pelas empresas inovadoras (ARBIX, p. 169, 2010). Para realizar a análise dos tipos de inovação, o aluno deve, com base na literatura, aprofundar-se no estudo taxonômico de Freeman e Soete (1997), que descrevem que as mudanças tecnológicas podem ser classificadas conforme seus impactos, quais sejam: ofensiva e defensiva; imitadora e dependente; e oportunista e tradicional. Tais conceitos, ainda segundo Freeman e Soete (1997), servem para que as empresas consigam adaptar suas estratégias tecnológicas ao tipo de competição que será enfrentada no mercado. 4.1.1. Ofensiva e Defensiva Sanches et al. (2014) afirmam que estratégias devem ser utilizadas para explicar esco- lhas relativas a ações que busquem inovar. Assim, a partir delas, as empresas passam a desenvolver novos produtos ou experiências que possibilitarão melhores posições no mer- cado competidor ou a ainda a possibilidade de entrada em novos segmentos. Assim, para realizar estratégias de inovação do tipo ofensiva, utilizam-se recursos tecnológicos como meio de ultrapassar os concorrentes. Nesse contexto, a forma mais comum de se diferenciar é por meio do lançamento de novos produtos. Tal estratégia necessita da presença de equipes multidisciplinares e elevados investimentos em ciência e tecnologia, pois proporcionarão a possibilidade de explorar novos recursos, que por sua vez poderão gerar novas oportunidades de negócio para as empresas. A estratégia de inovação do tipo defensiva utiliza como recurso a busca de lucros a partir dos erros das empresas líde- res. Nesse caso, a empresa busca diferen- ciar seus produtos dos demais observando sempre formas de reduzir os custos de pro- dução. A intenção das empresas que fazem uso desta estratégia não é ser líder, mas sim manter-se competitiva. © N at th ap on S et th au do m / / S hu tt er st oc k. Inovação76 Dessa forma, Sanches et al. (2014) afirmam que as empresas que utilizam a estratégia defensiva não abrem mão de alguma pesquisa e desenvolvimento e que, quando utilizam- -se desta estratégia, preferem não investir altos valores em tecnologia, mas sim assumir uma posição conservadora e seguir as empresas que utilizam estratégias de inovação ofensiva. Pausa para refletir Visto que o mercado de tecnologia é muito concorrido e os gastos com P&D são muito elevados, qual seria o melhor modelo de estratégia a ser adotado pela fabricante de celulares Samsung? 4.1.2. Imitadora e Dependente Para realizar a classificação de estratégias por tipo devemos entender que nem sem- pre é possível definir com clareza qual a melhor alternativa. Isso se deve ao fato de que ocorrem grandes variações nas circunstâncias do dia a dia das empresas. Por esse motivo, elas fazem uso de combinações de diferentes alternativas,conforme o tipo de demanda. A correta identificação do tipo de estratégia a ser adotada mostra-se útil para os gestores, pois auxilia na manutenção coerente das ações e dos requisitos a serem adotados. As empresas que buscam a opção por estratégias de inovação do tipo imitadora tam- bém não buscam a liderança do mercado consumidor, elas apenas seguem tendências e se apoiam em trabalhos já desenvolvidos, procurando sempre manter sob controle a distância tecnológica entre elas e as empresas pioneiras. Os produtos que são produzidos por essas empresas são verdadeiras cópias de produtos ou de tecnologias que já existem e não se percebe nas empresas imitadoras a intenção de modificá- -los ou melhorá-los (SANCHES et al., 2014). Como exemplo, podemos citar o mercado da moda, no qual marcas como Louis Vuitton, Chanel, Dior, entre outras, são constantemente copiadas por concorrentes, que aguardam os lançamentos para reproduzir as peças e obter lucros com seus produtos similares ou falsificados. Existem também as empresas que adotam a estratégia de inovação do tipo depen- dente. Neste ramo se destacam as franquias, subsidiárias ou licenciadas, que devem seguir de forma rígida as características técnicas determinadas por outras empresas, limitando-se a realizar suas operações de forma eficiente. © P op Ti ka / / S hu tt er st oc k 77Inovação Nas empresas dependentes não se percebe investimentos em pesquisa e desenvolvi- mento, mas seus processos de trabalho e seus produtos estão em constante alteração, pois são empresas que precisam atender demandas específicas de fornecedoras de tecnologia. O sistema no qual as empresas buscam direcionamentos de uma fornecedora de tecno- logia por meio de um relacionamento comercial é conhecido como franchising. Como pode- mos observar na imagem abaixo, o faturamento por meio do franchising é crescente no Brasil. Desempenho do franchising: faturamento entre 2013 e 2017 8% 2013 2014 2015 2016 2017 118.273 128.876 139.593 151.247 163.319 Fonte: ABF, 2017. Da mesma forma, o número de unidades atuantes por meio do franchising também é crescente: Desempenho do franchising: número de unidades entre 2013 e 2017 2% 2013 2014 2015 2016 2017 114.409 125.641 138.343 142.593 146.134 Fonte: ABF, 2017. © D TC O M © D TC O M Inovação78 Este segmento de mercado se mostra altamente eficiente, pois ano após ano, apre- senta crescimento relevante em faturamento e criação de empregos: Desempenho do franchising: número de empregos entre 2013 e 2017 1% 2013 2014 2015 2016 2017 1.029.681 1.096.859 1.189.785 1.192.495 1.193.568 Fonte: ABF, 2017. Por esses motivos, o franchising é apontado como um segmento de excelência para aque- les empresários que necessitam de apoio inicial para seu empreendimento e não dispõem de capital financeiro para desenvolver as estratégias necessárias para alavancar um novo negócio. 4.1.3. Oportunista e Tradicional Segundo Pitassi (2014), as empresas cuja estratégia de inovação se baseia em carac- terísticas tradicionais atuam em setores nos quais a concorrência está voltada para preços, pois o fator tecnologia não atua de maneira tão intensiva. São empresas que têm um for- mato de trabalho artesanal, com poucos recursos ou projetos de longo prazo, e que ope- ram em ambientes de incertezas. Tais empresas não demandam inovações, pois o mercado não apresenta concorrência agressiva. Além disso, as mudanças tecnológicas geralmente demoram a ocorrer nessas áreas. Como exemplos podemos destacar tradicionais empresas que produzem palitos de fósforo, biotônico ou leite de magnésia. Para Freeman e Soete (1997) as inovações tradicionais também são caracteriza- das pela estratégia de utilizar um produto líder de vendas e buscar a inovação por meio de variações de tal produto. Como exemplo, pode-se destacar o sabonete PHEBO preto, o qual é produzido há décadas, pois possui consumidores fiéis. Mas a empresa que o produz utiliza a estratégia de inovação por meio da criação de tipos similares de sabonete (verde, amarelo, roxo, etc.), com diferentes fragrâncias e/ou outras características. © D TC O M 79Inovação Assista Confira no Youtube o vídeo “Sebraetec Inovação e Tecnologia” SEBRAE (2014) que apresenta uma visão sobre o acesso das empresas a novas tecnologias. Entre as estratégias de inovação definidas na taxonomia de Freeman e Soete (1997), merece destaque também a oportunista. Tal estratégia se destaca por identificar opor- tunidades em mercados que ainda não foram atendidos, com relevante papel para as fer- ramentas de tecnologia. Essa estratégia geralmente está associada à exploração de um segmento de mercado, ou mesmo de oportunidades temporárias, que não exijam grandes investimentos em pesquisa e desenvolvimento. 4.1.4. Exemplos e exercícios em casos reais Um dos exemplos que exploraremos neste tópico é o da Canon e a fotocopiadora. O processo de electrofotografia, que havia sido inventado por Chester Carlson e posterior- mente adquirido pela Xerox, permitiu a esta empresa desenvolver duas tecnologias de fotocópia. A primeira tecnologia recebeu o nome de Coated Paper Copying (CPC) e envolvia a utilização de um papel especial e um processo de reprodução demorado, com qualidade de cópias inferior. A segunda tecnologia foi chamada de Plain Paper Copying (PPC), que uti- lizava um papel convencional, atuava com melhor qualidade de cópia e tinha velocidade de reprodução superior com um custo de operação reduzido. A tecnologia PPC, embora fizesse uso de uma tecnologia mais cara, foi a prefe- rida das clientes. A Xerox protegeu essa tecnologia com mais de 500 patentes, que nunca licenciou. Mas quando estas patentes expiraram, o que ocorreu no início da década de 70, outros concorrentes começaram a surgir, entre eles a IBM e a Canon. Devido ao grande domínio do mercado pela Xerox, as empresas que tentaram entrar nesse segmento acaba- ram abandonando a empreitada na década de 80, com elevadas perdas. A Canon, fundada em 1933, tinha como intuito produzir uma máquina fotográfica de 35 mm para rivalizar com a empresa alemã Leica, que em 1959 tinha começado a desenvol- ver uma tecnologia baseada nos moldes da tecnologia PPC, mas que não violasse as paten- tes da Xerox. Assim, a Canon adquire uma tecnologia PPC da empresa RCA e licencia uma tecnologia de origem australiana. Em 1968, o processo de desenvolvimento, iniciado quase uma década antes, em 1959, conduziu a uma nova tecnologia denominada de New Process (NP). Essa tecnologia originou o primeiro equipamento de fotocópia comercializado pela marca Canon, a NP1100. Durante a década de 70, a linha de produtos com a tecnologia NP foi aumentada, e a Canon acabou licenciando sua tecnologia para outras empresas. Inovação80 Já no final da década de 70, a Canon iniciou pesquisas para um novo segmento de mercado para a copiadora PPC. Após análise realizada no mercado japonês, a Canon iden- tificou que não havia explorado como deveria o segmento das copiadoras pequenas. Além disso, a empresa trabalhou com a possibilidade de que esse mercado constituía uma nova oportunidade de negócio no Japão. Dessa forma, surgiu a ideia de produzir uma fotocopiadora para atender as secre- tárias. Assim, haveria a descentralização da tiragem de cópias. Nesse contexto, a Personal Copier (PC) foi desenvolvida a partir de uma tecnologia de cartuchos substituíveis pelo opera- dor da máquina que permitia tirar 2 mil cópias. O surgimento do novo produto influenciou as grandes empresas a buscarem formas de descentralização da tiragem de cópias e motivou a aquisição de fotocopiadoras por empresas de pequeno porte. Assim como a tecnologia NP, a Canon também patenteou a tecnologia PC, não con- cedendo nenhuma licença, o que lhe rendeu a liderança nas PC até aos anos 90. Em um momento em que as empresas do setor buscavam melhorias para os seus produtos, numa perspectivade continuidade, por meio de melhoramento nas máquinas de cópia centraliza- das, a Canon conseguiu enxergar mais longe que seus concorrentes. Ao utilizar-se de estratégias de inovação do tipo ofensiva e oportunista, determi- nou que suas máquinas de reprodução deveriam ser menores, com custos menores, colo- cando um fim ao amplo domínio da Xerox no mercado. Desta forma, podemos entender que ações de inovação, quando bem elaboradoras, conseguem mudar um mercado concor- rencial e uma empresa líder pode perder seu poder em poucos anos (CANON, 2018). A seguir analisaremos o caso da Body Shop. A empresa fechou 1998 com um fatu- ramento de 605 milhões de libras e mais de 1,6 mil lojas espalhadas por 47 países. Criada por Anita Roddick em 1976, a corporação foi fundada a partir da identificação de um nicho de mercado para produtos de beleza e higiene pessoal com base natural e um mínimo de embalagem. Depois de 20 anos de atuação e do uso do sistema de franchising, a Body Shop deixou de ser uma pequena loja, que comercializava aproximadamente 25 produtos, para se tornar uma rede com mais de 400 itens em seu catálogo. A estratégia de uso de ingredientes naturais continua eficiente e vai mais além: foi criado um programa para estabelecer relações comerciais com comunidades rurais neces- sitadas em todo o mundo. Dessa forma, a Body Shop estimula o desenvolvimento dessas comunidades por meio de uma relação comercial equilibrada e sustentada e, simultanea- mente, usa estratégias que promovem a proteção da natureza. Assim, a empresa reco- nhece que só protegendo a fonte das matérias-primas será possível garantir o crescimento sustentado dessas comunidades. Atualmente, a Body Shop mantém relações comerciais com mais de 30 comunidades em 19 países diferentes. 81Inovação Criada em Brighton, na Inglaterra, a rede atingiu seu potencial em virtude da sua capacidade de identificar um nicho de mercado que não atraiu as grandes multinacionais dos cosméticos. Esta estratégia defensiva, a qual evitava a concorrência, permitiu à Body Shop crescer de maneira contínua e sustentada, até alcançar uma posição de destaque, que mantém no mercado até hoje (BODY SHOP, 2018). Pausa para refletir Como empresas que não estão inseridas em mercados cujo diferencial competitivo é a tecno- logia podem inovar? Como empresas que produzem farinha de aveia, por exemplo, podem se diferenciar no mercado? 4.2. Formas de acesso Para Reis (2008), as empresas precisam buscar a manutenção de sua vantagem com- petitiva e do seu sucesso por meio de um produto. Em algumas situações, determinado produto é o único responsável pelo poder que a empresa possui. Assim, deve-se ter em mente que, quando uma oportunidade surgir, ela deverá ser explorada ao máximo para que a empresa consiga alcançar o sucesso financeiro. Entretanto, a procura por inovações tecnológicas não deve ser restrita somente à manutenção ou ao melhoramento de algum produto de sucesso da empresa. Em algumas situações, o mercado acaba sugerindo a adoção de novas tecnologias, processos ou mode- los de negócios. É importante observar como a concorrência está trabalhando e também mostrar-se sensato para avaliar a situação atual de seu produto e as características tecno- lógicas que envolvem a empresa. 4.2.1. Construção de capacidades tecnológicas Para Tidd et al. (2008) as empresas que pretendem manter-se tecnologicamente atua- lizadas devem ter um programa de acesso a novas informações. Os ambientes mais adequa- dos para a obtenção de novos conhecimentos são geralmente apresentados em publicações científicas, revistas especializadas, papers (artigos internacionais), congressos, entre outros. Merece uma ressalva o fato de que essas novas tecnologias são de propriedade de terceiros e, para que ter acesso a elas, as empresas precisam realizar investimentos para sua obtenção. Inovação82 Para realizar a classificação desses arranjos, uma estratégia é verificar os objetivos de cada um, assim como o nível de envolvimento entre eles. Essas características fornecerão recursos para compreender os diferentes níveis de parcerias estratégicas que são criados. O quadro abaixo indica os tipos de parcerias, os objetivos e o grau de envolvimento entre empresas que realizam parcerias. Classificação em virtude dos objetivos e do grau de envolvimento das empresas Tipos de Parcerias Objetivos Grau de envolvimento Capacidades Vinculadas Exemplos Interação pontual Soluções de proble- mas tecnológicos, acesso à infraestru- tura especializada, mão de obra, outros. Muito baixo Partner Relacionamento entre Universidades e empresas Licenciamento Acesso a novas tecnologias Baixo Buy Uso de personagens de quadrinhos em produtos Marketing, distribuição e vendas Acesso a novos pro- dutos e mercados Baixo Buy e partner Comercialização direta dos produtos Co-desenvol- vimento Soma de recursos e competências Médio Partner Parcerias da Indús- tria automobilística com seus fornece- dores de peças Joint ventures Soma de recursos e competências Alto Make, buy e partner Parcerias entre montadoras de veículos Fusões e aquisições Soma de recursos e competências Muito alto Make, buy e partner Empresa de sucos adquirida por uma empresa de refrigerantes Fonte: Adaptado de SILVA, 2007, p. 5. As empresas geralmente apresentam dificuldades no lançamento de novos produ- tos no mercado, ou mesmo na ampliação de seu market share (mercado). Por esse motivo, Reis (2008) afirma que dois fatores impactam diretamente nas estratégias de inovação da empresa. O primeiro tipo se relaciona com fatores externos, os quais impactam a inteligên- cia competitiva, que é baseada na “coleta, tratamento, análise e disseminação de conheci- mentos, que são utilizados para o apoio de decisões estratégicas” (REIS, p. 81, 2008). 83Inovação Os fatores internos seriam o segundo tipo de fator que afeta as empresas. Este fator é voltado para a gestão do conhecimento, cujos conceitos, técnicas e ferramentas são baseados no trabalho em equipe, que por sua vez são apoiados por redes de relacionamen- tos. Esses relacionamentos têm forte poder para potencializar a produção intelectual dos atores envolvidos nos processos. Segundo Carvalho et al. (2011), existem três alternativas estratégicas que as empre- sas precisam considerar para definir novas formas de inovação. Para o autor, elas podem criar novos modelos e fluxos de receita, comprar outras empresas para adquirir novos modelos de negócio, ou realizar parcerias com empresas que estão acima ou abaixo na cadeia de valor. 4.2.2. Make – desenvolvimento próprio Para Carvalho et al. (2011), uma empresa não pode agir contra seus princípios. Por meio da criação de uma estrutura de inovação cuidadosa, as empresas terão condições de alcançar o sucesso com novos processos ou produtos. Criar a possibilidade de inovar dentro da empresa requer alguns componentes-chave. Primeiro, é necessário criar uma aborda- gem operacional desvinculada de uma abordagem de gerenciamento e cultivar uma equipe de execução dedicada. Como forma de entender o conceito descrito, pode-se afirmar que uma equipe envolvida na produção de inovações não deve ser restringida por fatores gerenciais. Isso porque a gestão poderia comprometer o surgimento de ideias, limitando o desenvolvimento de novos produtos devido a questões de investimento, por exemplo. Em segundo lugar, é importante realizar esforços internos de inovação a partir do modelo de negócios definido. Dessa forma, é possível realizar testes e verificar o valor da inovação para o mercado. Isso acontece com qualquer proposta de inovação, pois sem- pre existe um risco associado à produção de novas ideias: elas podem surgir num primeiro momento, mas não serem utilizadas, podendo gerar perdas de oportunidade se forem des- perdiçadas ou mesmo roubadas pela concorrência. Para Carvalho et al. (2011) aopção Make, permite a completa supervisão do processo de produção. Por outro lado, esta opção pode trazer maiores gastos em função do período de tempo utilizado para concluir todas as etapas dos processos, além de exigir maiores investimentos financeiros, pois as empresas não compartilham esses custos com outras empresas durante o desenvolvimento de um novo produto/processo. Inovação84 4.2.3. Buy – compra ou importação de tecnologia Os processos de inovação de uma empresa não envolvem apenas criar produtos ou serviços. As empresas fazem uso de estratégias de aquisição ou importação de inovações que podem envolver desde a compra de uma empresa toda ou mesmo suas ações oferta- das no mercado (FLEURY, 2007). Embora a aquisição seja um caminho rápido para a participação de mercado, esta estratégia acaba demandando grandes responsabilidades, pois é fundamental considerar os processos de integração dos ativos quando existe a intenção de promover a união com uma nova empresa, seja ela iniciante ou em crescimento. Segundo Carvalho et al. (2011), existem barreiras que surgem pela presença de modelos de negócio já existentes e que afe- tam a nova cultura organizacional das empresas. Assista Assista no Youtube ao vídeo “Entenda as intenções da Microsoft ao adquirir o Linkedin” feito pela Jovem Pan (2016) com o jornalista Carlos Aros. Para Carvalho et al. (2011), se a compra de uma nova empresa fizer parte do plano de negócio da organização, ela deve considerar alocar recursos para configurar as novas estra- tégias, seja por meio de compartilhamento da marca, treinamento da equipe de vendas ou gerenciamento dos processos. Segundo o autor, essa estratégia pode funcionar melhor se a organização já tem um histórico de integração de novos negócios. No Brasil, quando as empresas necessitam de alguma forma de tecnologia e não dis- põem de recursos próprios para sua obtenção, elas podem recorrer ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Este órgão realiza a gestão das inovações desenvolvidas no país, sendo possível garantir a proteção de ativos. Caso o detentor da propriedade intelec- tual queira licenciar seus ativos para outras empresas, o órgão ajudará no fornecimento das licenças de uso. No site do INPI (2018) há contratos disponíveis para cessão de direito, licenciamento de patentes, desenhos industriais e marcas. Também estão disponíveis contratos de assis- tência técnica e fornecimento de tecnologia (know-how). O INPI realiza ainda o registro de franquias empresariais, promovendo acordos que sejam válidos e garantido segurança para os envolvidos. 85Inovação 4.2.4. Partner – parcerias entre empresas Ao avaliar a possibilidade de fazer qualquer parceria empresarial é importante obser- var as principais competências da sua empresa e depois verificar como um novo parceiro poderia complementar o negócio ou mesmo ajudar a criar valores. Um novo negócio pode surgir a partir de parcerias com startups (empresas inovadoras) especializadas ou de novos entrantes no mercado. Outra forma de obter parcerias comerciais é realizá-las com o governo federal por meio de contratos de risco com bancos. Como exemplo, podemos citar o BNDES (Banco Nacio- nal de Desenvolvimento Social), que tem uma linha de financiamento chamada CRIATEC. Essa linha tem como finalidade, “capitalizar e fornecer apoio gerencial às micro e pequenas empresas inovadoras” (BNDES, 2018). Dica Para entender um pouco mais sobre o financiamento de inovação promovido pelo governo federal acesse o site do BNDES (2018). As parcerias buscam beneficiar os envolvidos com relação à escala e ao alcance da nova empresa criada, gerando um conhecimento coletivo capaz de utilizar as abordagens mais eficientes das empresas. Elementos necessários para uma parceria de sucesso PARCERIA COLABORAÇÃO PERFORMANCE PLANEJAMENTO TRABALHO EM EQUIPE SINERGIA SUCESSO GANHA-GANHA Para Reis (2008), um fato que merece destaque é que nas parcerias comerciais é preciso ter sempre em mente que as empresas, ao decidirem unir seu modelo de negócio, esperam que as recompensas venham por meio da criação de valor pela junção de esforços. No entanto, não é somente uma empresa que detém o controle gerencial de toda a estru- tura. A responsabilidade pela gestão passa a ser compartilhada. © T ru eff el pi x // Sh ut te rs to ck . ( A da pt ad o) . Inovação86 4.3. Critérios para escolha das formas de acesso Para que uma empresa consiga identificar oportunidades de inovação, ela precisa definir critérios de ação interna para buscar a diferenciação mercadológica. O planeja- mento para a definição dos critérios de acesso à inovação passa pela elaboração de novos processos, que precisam ser estruturados em atividades que variam em função do tipo de ambiente organizacional, dos objetivos estratégicos e das tecnologias disponíveis. Clara- mente, percebe-se que todas as ações têm como base de referência “a visão estratégica da organização, com o objetivo principal de sustentar ou manter a vantagem competitiva da organização” (REIS, 2008, p. 101). A abordagem usada para a definição de critérios de inovação se baseia em métodos que se adaptam a cada situação específica. Sabe-se que o processo de definição é divido em eta- pas. A primeira determina o grau de domínio das tecnologias, o segundo aspecto se relaciona com o nível de exclusividade exigido e o terceiro se relaciona com fatores como “o risco, preço e tempo necessário para a implantação das ações inovadoras” (REIS, 2008, p. 103). 4.3.1. Grau de domínio O conceito de grau de domínio é entendido como um índice que fornece recursos para mensurar o nível de acesso das unidades de negócio à inovação. Tal índice descreve também a necessidade de evolução tecnológica das unidades de negócio para atender as demandas do mercado consumidor. O grau de domínio é determinado em função da diversidade tecnológica existente entre as áreas de negócio da empresa e mostra-se fun- damental para a padronizar as ações que adicionam valor à organização (RODRIGUES; CARVALHO, 1990). O modelo de grau de domínio também segue alguns princípios observados no modelo de capacidade tecnológica desenvolvido por Lall (1992), pois conforme o modelo descrito abaixo informa, o nível de capacidade tecnológica da empresa segue associado ao grau de complexidade do conteúdo tecnológico desenvolvido. Dessa forma, podemos observar que a cada aumento do grau de complexidade, o grau de domínio que a empresa exerce também aumenta, pois é nítida a presença de fatores que promovem a diferencia- ção competitiva por meio de estratégias inovadoras. 87Inovação Relação entre capacidade tecnológica e complexidade tecnológica G ra u de c om pl ex id ad e Capacidade tecnológica Conteúdo tecnológico Avançado Intermediário Básico Complexo Simples Fonte: Adaptado de LALL, 2002. O grau de domínio é caracterizado pela definição das atividades desempenhadas pelas diversas áreas da organização e é utilizado para analisar a maioria das funções referentes aos produtos, serviços e soluções desenvolvidos na empresa. Dessa forma, entende-se que a determinação de atividades que não estão relacionadas diretamente com a unidade de negó- cio pode afetar a capacidade tecnológica instalada. “Portanto, para determinar o grau de domínio, deve-se levar em consideração a combinação de atividades que são desempenha- das pela empresa e as que não são desempenhas” (CARVALHO et al., 2011, p. 113). Segundo o site da NASA (2018), existem nove tipos de preparação tecnológica. No primeiro nível as pesquisas ainda estão em um estágio inicial: é quando começam as pes- quisas científicas e os resultados obtidos ainda estão em fase de transformação para o desenvolvimento de futuros produtos. Já nos últimos níveis, ou seja, no oitavo e nono, as tecnologias foram desenvolvidas e testadas, e agora estão prontas para seremimplementadas em um novo sistema de tecnolo- gia ou mesmo em tecnologias já existentes. Dessa forma, somente depois que a tecnologia foi comprovada em situações reais ela será definida como uma tecnologia de novo nível. 4.3.2. Nível de exclusividade Para Reis (2008), quando uma empresa identifica uma nova forma de produzir uma inovação ela precisa, necessariamente, buscar novos fornecedores no mercado observando com atenção fatores como o domínio que essas empresas têm sobre determinados recur- sos, os custos advindos de demandas ainda novas e a necessidade de exigir exclusividade para a implementação da ação inovadora. © D TC O M Inovação88 Uma empresa que busca critérios de inovação por meio de exclusividade precisa ter seus produtos avaliados pelos consumidores, pois é de extrema importância que a análise de desempenho apresente de fato algo exclusivo. Panda e Ramanathan (1996) comentam que o nível de exclusividade pode ser interpretado como um conjunto de habilidades classificáveis com relação a níveis de agre- gação de valor. Essas habilidades são des- critas como estratégias que são utilizadas para a criação, design, etc.. Tais táticas estão relacionadas diretamente com as áreas de produção, marketing e vendas. Segundo os autores, pode-se citar tam- bém as habilidades suplementares que, por sua vez, estão relacionadas com as áreas de aquisição e suporte. Como um bom exemplo para ilustrar o conceito de nível de exclusividade, podemos destacar a exploração de petróleo na camada de pré-sal no Brasil. Neste projeto foram enfrentados desafios para melhorar a previsão e o comportamento da produção, a redu- ção do tempo de perfuração dos poços, a implantação de novos sistemas de coleta da pro- dução, redução da emissão de gases tóxicos no meio ambiente, entre outros fatores. E ao desenvolver tecnologias para lidar com essas questões, houve um aumento considerável na produção diária de barris de petróleo no país. Ao decidir utilizar o critério de inovação, voltado para a exclusividade, as empresas precisam definir o tipo de formação intelectual que promoverá para os seus funcionários, pois o sucesso do projeto está diretamente relacionado com o desempenho dos membros da equipe. Assim, uma empresa que se propõe a ter uma equipe de P&D própria deve ter consciência de que realizará elevados investimentos para a obtenção de mercado em larga escala e ainda correrá altos riscos, típicos de inovações exclusivas, para conseguir o retorno financeiro sobre os investimentos realizados. Para Calmanovici (2011), os investimentos que as empresas fazem em inovação podem não trazer os resultados esperados devido a fatores como a má determinação dos preços dos produtos no mercado. Outra dificuldade encontrada pelas empresas inova- dora, está relacionada com os problemas causados por elevados níveis de assimetria de informações. Barros et al. (2006) ensinam que a presença de assimetrias está relacionada com problemas de informação, que não circulam perfeitamente entre os elos da cadeia produtiva, promovendo alterações na forma de poder de mercado entre os elementos mais fortes da cadeia produtiva e afetando a determinação dos preços no mercado consumidor. © T ie rn ey M J / / Sh ut te rs to ck 89Inovação 4.3.3. Risco, preço e tempo Para Reis (2008), são fatores determinantes para causar prejuízos às ações inovado- ras em uma organização: • problemas econômicos; • elevados custos para a implantação da inovação; • falta de fontes apropriadas de financiamento; • elevados prazos para a obtenção do retorno investido; • falta de informações sobre mercados e tecnologias; • elevada resistência a mudanças; Outro fator a ser considerado é a pouca necessidade de inovação em alguns segmentos empresariais. Assim, caso o segmento não apresente a necessidade de inovar, provavelmente a empresa manterá seus status quo, entendendo que não existe relevância em ações inovado- ras. Ou seja, se o gestor perceber que os fatores descritos são considerados pouco relevantes para sua empresa, ele certamente não se sentirá motivado a mudar (SILVA, 2015). Segundo Silva (2015), as inovações relacionadas com preços são estratégias criadas para a comercialização de bens ou serviços das empresas cujo foco é determinado para o mercado consumidor. Desta forma, entende-se que a estratégia de preço não é elaborada em função da variação da demanda, mas sim através do modelo de negócio adotado. Assim, compreendemos que a inovação é um processo de inserção de novos produtos no mercado, que necessariamente precisam ser aceitos pelos consumidores. Dessa forma, a partir do lançamento de novos produtos e da aceitação deles pelos consumidores, tem iní- cio o ciclo de vida da inovação. O critério de acesso ao mercado consumi- dor define um preço estratégico para o produto ou serviço. Tal preço atrairá grande quantidade de compradores em um primeiro momento. Esta estratégia precisa ser pensada de forma dura- doura, pois para que os clientes sejam fidelizados a esses produtos, as empresas precisam iniciar suas vendas com uma oferta irrecusável. Depois de certo tempo, elas precisam pensar em formas de diferenciar seus produtos, pois certamente haverá reações da concorrência. A melhor alternativa será a busca pela diferenciação de seus produtos, e não o embate por preços, pois, neste caso, as margens de lucro serão afetadas e os resultados financeiros serão impactados negativamente. © s in dl er a / / S hu tt er st oc k. Inovação90 As estratégias de inovação de tempo estão relacionadas ao fato de que as empresas, em geral, não têm recursos financeiros, humanos e físicos para desenvolver vários projetos simultaneamente. Assim, é preciso uma definição de quais ações devem ser priorizadas e quais seriam as ideias mais relevantes para o momento atual da empresa. Reis (2008) afirma que os critérios que as organizações devem seguir para a determinação dessa estratégia deve observar que quanto mais oportunidades de redução de custos a inovação tiver, melhor será aceita. Se a inovação for bem aceita pelos clientes, também deverá ser priorizada. Proposta de Atividade Reforce seu aprendizado com o exercício sugerido a seguir. A atividade não é avaliativa, mas é uma boa oportunidade para testar seus conhecimentos e fixar o conteúdo estudado no capítulo. Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Elabore uma síntese destacando as principais ideias abordadas ao longo do texto. Ao produzir sua síntese, consi- dere as leituras básicas e complementares realizadas. Dica: uma boa síntese é um texto curto, mas que aborde as ideias centrais do capítulo a partir da sua perspectiva. Utilize como guia para a síntese os principais conceitos discutidos no capítulo. Recapitulando As ações inovadoras estão sendo produzidas em ambientes cada vez mais globalizados, e as empresas que percebem a inovação como algo longe de sua realidade, devem começar a buscar alternativas urgentes para esse tipo de entendimento. A análise dos tipos de inovação busca na literatura os conceitos desenvolvidos por Freeman e Soete (1997), que descrevem que as mudanças tecnológicas podem ser classificadas conforme seus impactos, os quais são do tipo: ofensiva e defensiva; imitadora e dependente; e oportunista e tradicional. Para Reis (2008), empresas que fazem uso de inovação para o mercado de tecnologia, entendem que podem fazer uso de dois tipos de estratégias, a primeira é a do tipo ofen- siva, que faz uso de elevados recursos tecnológicos como meio de ultrapassar os concor- rentes, conseguindo se diferenciar com o lançamento de novos produtos no mercado. Já a segunda estratégia é do tipo defensiva, e faz uso de recursos que buscam evitar os erros das empresas líderes, diferenciando seus produtos dos demais por meio da redução de cus- tos de produção. Assim, empresas de tecnologiacomo a Samsung, atuam de forma a com- petir no mais alto grau com a sua concorrente direta, fazendo uso de todos os recursos de inovação disponíveis no mercado. 91Inovação Segundo Carvalho et al. (2011), existem três alternativas estratégicas que empresas estagnadas no mercado precisam considerar para buscar a inovação: a primeira é verificar se é possível criar novos modelos e fluxos de receita; a segunda é adquirir outras empresas para obter novos modelos de negócio; e por último realizar parcerias com empresas que estão acima ou abaixo na cadeia de valor. Reis (2008) afirma que, empresas que não necessitam de inovações tecnológicas radi- cais devem procurar se diferenciar dos concorrentes por meio de ações que agreguem valor ao seu produto, pois deve-se buscar incluir nestes produtos recursos que trarão benefícios para quem os consumir. Dessa forma, é possível agregar diferenciais em um produto que não está em um mercado cercado por inovações, e seu consumo é entendido como impor- tante para o cliente. Inovação92 Referências ARBIX, G. et al. Estratégias de inovação para o desenvolvimento. Tempo Social, v. 22, n. 2, p. 167-185, 2010. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/ts/v22n2/v22n2a09>. Acesso em: 27/08/2018. ARIGONY, J. M. V. Complexidade e capacidade tecnológica: uma análise no setor metal mecânico da indústria do Rio Grande do Sul. 2012. Dissertação de mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Programa de Pós-Graduação em Administração. Disponível em: <www.lume.ufrgs.br/handle/10183/61794>. Acesso em: 27/08/2018. 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Gestão da inovação. 3 ed. São Paulo: Artmed, 2008. 95Inovação OBJETIVOS DO CAPÍTULO • Conhecer os indicadores empresariais de inovação. • Reconhecer a importância da avaliação da empresa em termos de inovação. • Identificar a situação da empresa em termos dos indicadores de inovação. CAPÍTULO 5 Indicadores empresariais de inovação e avaliação do processo de inovação Gilriane Carla Félix da Silva TÓPICOS DE ESTUDO 1 Esforços 3 Resultados • Recursos financeiros investidos em atividades inovadoras. • Recursos humanos em atividades inovadoras. • Comparações internacionais. • Indicadores de inovação. • Faturamento advindo de produtos ou serviços novos. • Patentes. • Economia de custos a partir de inovação em processos. • Indicadores estaduais. 2 Processo • Etapas do processo de inovação. • Controle e mensuração de atividades inovadoras. • Programas de capacitação, reconheci- mento e recompensa. Inovação96 Contextualizando o cenário O Manual de Oslo de 2007, um dos documentos elaborados pela Organização para Coopera- ção e Desenvolvimento Econômico, define a inovação como “a implementação de um pro- duto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na orga- nização do local de trabalho ou nas relações externas”. A partir dessa definição, é possível afirmar que para inovar é indispensável unir conheci- mento e tecnologia. Para isso, os gestores devem utilizar os indicadores adequados, bus- cando reconhecer a importância da avaliação em termos de inovação e identificando a situação da empresa quanto à eficiência, eficácia e risco. Os gestores demandam um sistema de mensuração que lhes facilite gerir todo o processo de inovação para contextualizar uma empresa que busca renovar-se. Dessa forma, é possível criar um ambiente mercadológico baseado em produtos inovadores. Diante do exposto, questionamos: como os indicadores de inovação podem auxiliar uma empresa a inovar? 97Inovação 5.1. Esforços A busca constante por desenvolver instrumentos de gestão cada vez mais eficientes e eficazes já faz parte do cotidiano das empresas. Ao definir uma rotina para a mensuração de resultados e de instrumentos de gestão, as empresas criam mecanismos que lhe propi- ciarão a melhoria da qualidade de seus produtos ou serviços oferecidos no mercado e, con-sequentemente, a melhoria da sua saúde financeira (MANSANO; PEREIRA, 2015). Ainda de acordo com Mansano e Pereira (2015), a mensuração de resultados serve para identificar quais são os motivos que afetam os resultados esperados e quais seriam as oportunidades de melhoria que poderiam surgir a partir dessa análise. Ao usarem indicadores de desempenho, os gestores das empresas passam a acom- panhar de maneira mais precisa os resultados das atividades desempenhadas, criando um sentimento de confiança para a tomada de decisões importantes. E além disso, abre-se a possibilidade de enxergar de maneira mais ampla os processos internos e quais seriam os meios necessários para obter resultados melhores. Segundo dados da PINTEC (2014), 40% das empresas que desenvolvem ações de ino- vação no Brasil receberam algum tipo de apoio governamental, para o desenvolvimento de suas atividades. A pesquisa indicou que houve um aumento de 25,6% nos investimentos, passando de R$ 64,86 bilhões, em 2011, para R$ 81,49 bilhões, em 2014. Portanto, o país tem realizado elevados investimentos em inovação, mas ainda fica muito atrás dos países que mais investem em inovação. Os países que mais investem em pesquisa no mundo, quando observados pelo percentual investido em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), segundo o ranking publicado pela ONG (Organização não-governamental) Battelle (CALEIRO, 2016) são: Israel que investe 4,2% de seu PIB; Coreia do Sul, em segundo lugar, investindo 3,6%; Finlândia na terceira posição, com 3,5% de investimentos; o Japão em quarto lugar, com 3,4%; e a Suécia, que ocupa a quinta posição, também com 3,4% de investimento. O Brasil, no ranking ocupa a 36 posição, com 1,3% de seu PIB investido em inovação. A partir dessa informação, podemos presumir que o Brasil ainda tem muito a aperfeiçoar e investir para melhorar sua posição nesse ranking. Em termos de dispêndios com as atividades inovadoras que, segundo o Manual de Oslo, são definidas como ações que geram o desenvolvimento de produtos ou serviços com envolvimento de P&D, indicam que as 132.529 mil empresas brasileiras que são considera- das inovadoras investiram, em 2014, segundo o levantamento da PINTEC ( 2014), R$ 81,5 bilhões em inovação (OLIVEIRA, 2016). Mesmo diante de valores tão expressivos, merece destaque o baixo investimento realizado pela indústria nacional, pois no período de 2014, foi verificado que o segmento investiu apenas 2,12% de sua receita líquida total das vendas em inovação, indicando o menor valor já registrado em pesquisa. Inovação98 5.1.1. Recursos financeiros investidos em atividades inovadoras Segundo informações do relatório do Programa de Investimento em Startups Inovado- ras da FINEP (2018), o fomento à pesquisa para o desenvolvimento de atividades inovadoras tem como objetivo fortalecer o Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia, apoiando empre- sas que estejam aptas a criar novas tecnologias e modelos de negócios para o mercado. O incentivo se dá pela disponibilização de recursos financeiros para startups que tenham poten- cial de crescimento e que consigam contribuir para a geração de emprego e renda para o país. Dessa forma, segundo Fracasso et al. (2004), em ambientes econômicos que estão passando por aceleradas mudanças é necessário incentivar o surgimento de empresas ino- vadoras, que tenham como objetivo o desenvolvimento de novas tecnologias. Pois como argumentam os autores citados acima, estas empresas têm o potencial necessário para transformar para melhor o cenário econômico desfavorável do país, devido ao agrava- mento da crise financeira iniciada a partir de 2014. Quando as empresas precisam ir ao mercado captar recursos financeiros, segundo a FINEP (2018), precisam demons- trar que seu projeto consegue atender a demandas do mercado, evidenciando uma diferenciação quanto ao que já existe hoje disponível para os consumidores. Assim, frente ao caráter estratégico da inovação para o crescimento da produtividade, com- petitividade organizacional e geração de riqueza para o país, o apoio à inovação tem rece- bido diversos estímulos no Brasil. Nesse mercado, merecem destaque os investidores que têm por objetivo ajudar empreendedores a alavancar novos negócios. Entre os diversos investidores em inovação, temos alguns exemplos que estão atuando nesse mercado. O primeiro a ser destacado é o Investidor Anjo (Angel Money), que é visto como uma fonte de financiamento de capital para startups, que estão em fase de desenvolvimento ou crescimento. Estes investidores atuam de forma a dar subsídios para as empresas conseguirem dar seus primeiros passos, ofertando condições mais van- tajosas em relação a outros credores, tanto para o empreendedor quanto para o próprio investidor. Segundo GITAHY (2011), o investidor anjo funciona como uma fonte de fomento para as empresas inovadoras, tendo duas formas de adquirir direitos por meio de seus investi- mentos. Eles podem comprar ações preferenciais ou adquirir dívidas que serão conver- tidas em papéis da empresa. Caso o acordo celebrado entre empresa e investidor seja da © N os or og U A / / S hu tt er st oc k 99Inovação segunda forma, entende-se que houve um empréstimo para a empresa, assim o paga- mento será realizado no prazo estabelecido, podendo utilizar como meio de quitar a dívida a oferta de ações da empresa financiada. Outra forma de financiar empresas são os fundos de investimento em participações, também conhecidos como Private equity (PE), que atuam comprando ações de empresas que apresentem resultados positivos em seu faturamento. A diferença dos PE em relação aos demais fundos que adquirem ações de empresas está na sua forma de participação, pois os PE agem de forma ativa na gestão e na administração das empresas financiadas. Assim, o objetivo principal desta forma de financiamento é promover o crescimento de empresas promissoras a ponto de inseri-las na Bolsa de Valores para a oferta de ações. Normalmente ocorre a venda das suas ações para outros investidores, com elevados lucros (GITAHY, 2011). E ainda devemos mencionar os recursos financeiros investidos em inovações no âmbito cientifico-tecnológico amparados pela Lei nº 11.196/2005, também conhecida como Lei do Bem, que segundo informações do Ministério da Ciência, Tecnologias, Inova- ções e Comunicações (MCTIC), apoia ações de inovação direcionadas para “atividades rela- cionadas a pesquisa básica dirigida, pesquisa aplicada, desenvolvimento experimental, tecnologia industrial básica, serviços de apoio técnico” (MCTIC, p. 15. 2017). 5.1.2. Recursos humanos em atividades inovadoras Para Martins e Assad (2008), o mercado busca por profissionais que tenham domínios em diversas áreas do conhecimento e que tenham ótimas relações de conhecimento com outros segmentos empresariais. Destaca-se na pesquisa dos autores que os profissionais que mais agregam valor às empresas devem ter prévio conhecimento de algum centro formador de elevado nível na sua área de atuação. O que realmente se destacou no estudo foi que o conhecimento sobre “ino- vação” ainda não se é um fator relevante na busca inicial dos profissionais que irão desempenhar suas ações nas empresas. Dessa forma, vemos a importância de capacitar os recursos humanos alocados em atividades de pesquisa e desenvolvimento, análise, ensaios, testes e informações tec- nológicas. E de acordo com o MCTIC (2017), COOPERAÇÃO SUCESSOR INTER-RELACIONAMENTO PERSUADIR INOVADOR MENTOR GESTÃO DE RH DELEGAR ENTREVISTA DE EMPREGO ESPECIALISTA DE ALTA CLASSE FOCO NOS RESULTADOS DESENVOLVIMENTO DE FUNCIONÁRIOS ENVOLVIMENTO DOS FUNCIONÁRIOS JANTAR DE NEGÓCIOS CANDIDATO INTERDEPENDÊNCIA © M ax G ri bo ed ov / / S hu tt er st oc k. (A da pt ad o) .. Inovação100 os recursos humanos analisados em atividades inovadoras, quando mensurados por indica- dores básicos permitemcompreender que a “capacidade de pesquisa de um país, incluindo a quantidade de pesquisadores, de graduados e titulados com graus de mestre e doutor, segundo as áreas de conhecimento e distribuição geográfica”, são melhores utilizados quando esses profissionais têm elevada qualidade na sua formação acadêmica. Entre os indicadores de inovação em recursos humanos, podemos mencionar: • Competências e Capacidades: indicam os recursos e os meios necessários para ino- var, elevando a competitividade das empresas que incentivam a qualificação pro- fissional dos seus colaboradores; • Relacionamentos e Redes de Relacionamento: usam a abordagem de parce- rias, sendo entendidos como uma interação positiva entre o desenvolvimento do conhecimento e o comprometimento entre parceiros de negócios, fortale- cendo uma estrutura de relacionamento já existente ou potencial, que interage mutuamente sobre as necessidades, os recursos, as estratégias e os contextos do empreendimento. Instituições modernas investem na inovação e desenvolvimento tecnológico por meio de investimentos em recursos humanos com o intuito de criar produtos novos, assimilando também novas habilidades. Pausa para refletir: Como as empresas podem desenvolver as capacidades de seus funcionários para que eles consigam promover ações inovadoras? 5.1.3. Comparações internacionais As empresas em nosso país contam com pesquisadores que conseguem aprimorar as capacidades de inovação a partir de tecnologia internacional por meio de licenciamento e alianças, seguida de esforços próprios. Curiosidade Em relação à evolução do ambiente de negócios no Brasil e no mundo, dentre os 173 países presentes no levantamento Empreendedorismo no Brasil (2016), o Brasil ocupa a posição 140 (19% pior do que em anos anteriores). 101Inovação Mation (2016) afirma que quando se compara as práticas gerenciais e o ambiente de negócio do Brasil com os demais países do mundo, é possível analisar o desempenho nacional é compreender quais devem ser as perspectivas de melhoria que podem ser adotadas. Para Mation (2016) os indicadores mais utilizados para compreender a nossa produtividade são os relacionados com a produtividade do trabalho e produtividade total dos fatores (PFT). Ao analisar a evolução da produtividade nos países avançados, consegue-se perce- ber que tal avanço deu ritmo para a evolução da fronteira tecnológica mundial. E quando a análise se volta para os países pobres ou em desenvolvimento, como é o nosso caso, o que se verifica é a necessidade de alcançar o nível de produtividade dos países ricos, seja atra- vés do desenvolvimento de tecnologias locais, ou por meio da adoção de tecnologias e prá- ticas comprovadamente eficientes dos países avançados. Segundo o guia Empreendedorismo no Brasil (2016), em uma lista de 15 países, que analisa os empreendedores mais determinados do mundo, o Brasil ocupa o 5º lugar. Porém, indo contra esse posicionamento no âmbito mundial, com a crise econômica que se ini- ciou em nosso país a partir de 2014, o ambiente de negócios local permanece praticamente estagnado, com poucas melhorias atrativas. 5.1.4. Indicadores de inovação Para Rios e de Souza Pinto (2012), o processo de mensurar a contribuição efetiva da inovação para as empresas, é um problema complicado de ser resolvido, pois, para que seja efetivo, se faz necessário converter esta contribuição em aumento real da competitividade da empresa. Para Stal e Campanário (2010), uma inovação científica e tecnológica consiste em uma transformação de uma ideia inicial em um produto novo ou aperfeiçoado, que pre- cisa ser introduzido com sucesso no mercado. Segundo Rios e de Souza Pinto (2002), os indicadores tradicionais de inovação fornecem medidas resumidas das atividades das empresas e servem para proporcionar a separação entre as ações inovadoras adotadas e as ações produzidas. Para os autores citados anteriormente, existem alguns indicadores tradicionais de inovação, os quais são descritos como: • as patentes registradas; • as publicações científicas; • o número de mão de obra ou funcionários exercendo as funções de cientistas e engenheiros em pesquisas, ou seja, os gastos em P&D. Inovação102 Quando procuramos dados a respeito de indicadores de inovação no Brasil, devemos consultar a Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia de Empresas Inovadoras (ANPEI) , que apresenta, entre seus diversos indicadores, informações a res- peito de gastos para obtenção de inovação por meio de P&D. Dica Acesse o site da ANPEI (2018), faça do download do guia “Pro-Inova – Guia Prá- tico de Apoio à Inovação” e leia nos Instrumentos de apoio à Inovação em Âmbito Nacional as Modalidades de financiamento às empresas na página 5 do relatório. Os indicadores de inovação mais utilizados em estudos econômicos são classificados em estatísticas de P&D, patente e monitoramento direto da inovação. Tidd et al. (1996), afirmam que os indicadores que são baseados em estatísticas de P&D, como os relacionados com gastos em P&D, são os mais antigos, mas que ainda são utilizados para mensurar a inovação. Para Freeman e Soete (1997) mensurar as patentes estão entre as análises mais uti- lizadas, com destaque para os valores absolutos, como número de patentes, e o número de patentes obtidas por cada funcionário da empresa. Para os autores, as patentes consti- tuem-se mais, em uma medida relativa ao esforço inventivo, do que sucesso inovador. Para Tidd et al. (1996) o monitoramento direto da inovação possui como desvantagem fatores como os encontrados nas inovações de processo, que não são contabilizados facil- mente, e também como uma segunda fragilidade, tem-se que a simples contagem de inova- ções produzidas por uma empresa, pode não refletir o grau de sucesso exigido pelo mercado. Freitas (2013) sugere outros critérios de indicadores, onde o autor os classifica como sendo de “entrada” e “saída”, conforme o quadro descrito abaixo. Para Freitas (2013) tais indicadores mostram-se fundamentais para mensurar o desempenho de uma empresa, e conforme seu critério, os indicadores de entrada são classificados pelo que se investe na empresa em termos de recursos humanos e financeiros, já os indicadores de saída, são determinados pelos resultados obtidos pelas inovações. 103Inovação Indicadores de Inovação Entrada Saída Percentual do faturamento investido em inovação; Percentual do faturamento proveniente dos pro- dutos inovadores; Número de pesquisadores em relação ao total de colaboradores; Percentual do faturamento proveniente dos pro- dutos lançados no(s) último(s) anos(s); Número de profissionais capacitados nas competências essenciais da empresa; número de horas de treinamento em rela- ção ao número de horas trabalhadas; Lucratividade dos produtos inovadores em rela- ções aos produtos do mesmo segmento; Tempo de casa médio dos pesquisadores; Potencial de faturamento anual dos projetos de inovação em carteira; Percentual de tempo despendido com inovação; Numero de ideias geradas por ano; Quantidade de mentores de inovação. Percentagem de funcionários que geram ideias; Taxa anual de ideias por funcionário. Fonte: Adaptado de FREITAS, 2013. Na verdade, Freitas (2013) argumenta que tais indicadores servem como embasa- mento para serem adotados pelas empresas, enfatizando que para cada organização deve ser adotada uma forma de definir e monitorar os melhores indicadores para sua realidade, mas que estejam em acordo com as metas estratégicas traçadas em seu planejamento. Pausa para refletir Como os indicadores tradicionais podem ser utilizados para gerar vantagens competitivas para as empresas inovadoras? 5.2. Processo Silva (2002) argumenta que, as empresas que fazem uso de abordagens relativas à administração do conhecimento, identificam de maneira seletiva os processos que trazem elevado retorno. Inovação104 Afirmação “Se queremosdar saltos de qualidade, estar mais próximos às expectativas do mercado, enxugar os custos e tornar o negócio mais ágil, devemos redesenhar e gerenciar os processos do negócio” (ALBUQUERQUE,1998 apud AGOSTINI et al., 2009, p. 2). Em diversos casos, esses processos são modificados pela empresa para que consiga acrescentar valor por meio da administração do conhecimento. Para Silva (2002), o processo de criação do conhecimento passa necessariamente pela adoção de bons processos empresariais, com atenção especial para questões que dizem respeito à aprendizagem, criatividade, formas de obtenção de conhecimento e a influência da tecnologia da informação. Segundo o autor citado, merece destaque a aten- ção dada às principais áreas funcionais das empresas, que estão mudando sua forma de trabalho, adotando características integradoras com as demais áreas, com o objetivo de obter apoio para a gestão do conhecimento em relação aos processos empresariais. Gavin (1998) argumenta que os processos organizacionais, são constituídos por ativi- dades que precisam estar conectadas, e serem passíveis de manipulação. Assim, os proces- sos formam uma unidade que precisa ter como meta o negócio, e o negócio, por sua vez, deve estar focado no mercado ou no cliente, interagindo de maneira efetiva com os forne- cedores. Para algumas empresas, a adoção de processos organizacionais ainda não se mos- trou uma realidade, mas com o aumento constante da concorrência, e o aumento do nível de exigência dos clientes, não se pode mais ignorar tal fato, pois somente com o geren- ciamento do negócio de forma efetiva e com foco nas necessidades dos clientes é que as empresas conseguirão se sobressair em mercados tão competitivos. © D TC O M 105Inovação 5.2.1. Etapas do processo de inovação Antes de iniciarmos uma análise mais aprofundada em relação às atividades de um processo, é essencial identificarmos os elementos que os integram, como fornecedores, clientes entre outros. Assim esse tópico abordará as etapas que compõem um processo de inovação, as quais podem ser definidas como as ações de busca, seleção e a implementa- ção. A junção delas servirá para gerar conhecimento, como mostrado na figura abaixo. Modelo do processo de inovação Buscar Selecionar Implementar Learn Adquirir/Executar/Lançar/Sustentar Time Fonte: Adaptado de TIDD et al., 2015. Segundo Tidd et al. (2015) a ação de Buscar representa a primeira fase do processo de geração da inovação. Nessa fase são detectados os sinais no ambiente referentes às mudanças potenciais. Essa busca pode apontar novas mudanças de requisitos por parte dos mercados ou oportunidades tecnológicas, que poderiam ser o resultado de uma pres- são legislativa ou da ação de empresas concorrentes no mercado consumidor. Portanto, a compreensão clara de quais fatores moldam o ambiente de seleção, e o desenvolvimento de estratégias é um dos principais desafios na gestão da inovação. Ainda de acordo com Tidd (2015), a segunda fase do processo de inovação descreve as ações de Eleger ou Selecionar. Cujo objetivo é decidir quais entradas serão realizadas em um conceito de inovação. De acordo com o desenvolvimento da instituição, elas podem ser aprimoradas com o tempo. Dois fluxos diferentes alimentam essa fase: a atual base tec- nológica da empresa e as possíveis oportunidades de mercado e tecnologia, ou seja, nessa fase é importante o reconhecimento da empresa a respeito de seus produtos e serviços, e a forma como eles são produzidos e entregues. E por fim, Tidd (2015) descreve a fase de Executar ou Implementar. Nessa fase, as entradas selecionadas anteriormente serão implementadas de forma que seja gerado um novo serviço ou produto. Da mesma forma, também poderá ser gerada a alteração de um modelo ou processo de negócios. © D TC O M Inovação106 Dessa forma, podemos compreender que os serviços e produtos que passarão pelo processo de inovação mostram-se essenciais, mas não devemos desconsiderar o aprendi- zado que foi gerado por meio de pessoas e sistemas. Para Tidd (2015), é fundamental asso- ciar a proposta de inovação com melhorias de desempenho, para que seja possível verificar se o investimento demandado faz sentido para a organização. 5.2.2. Controle e mensuração de atividades inovadoras Para o efetivo controle das ações inovadoras, o uso de indicadores deve ser utilizado para prover informações que auxiliem na tomada de decisão. Os indicadores tradicionais que versam sobre investimento em P&D, ou mesmo quantidade de patentes registradas, servem para uma série de propósitos distintos, e fornecem subsídios para a adoção de medidas complexas (ARUNDEL et al., 1998). Ainda segundo Arundel et al. (1998), o desenvolvimento de indicadores baseados nas teorias da inovação precisam fornecer uma visão sistêmica do processo a ser mensurado, pois assim é possível medir de forma ampla as ações inovadoras, e o controle dos indicado- res de atividades empresariais é fator imprescindível para que informações não se percam no decorrer do tempo. A ação de medir as atividades é o principal motor do aperfeiçoa- mento contínuo e, graças a ela, o responsável por analisar e gerir processos identificará as fragilidades e a necessidade de adoção de recursos de aperfeiçoamento contínuo. A fase de implementação dos indicadores não se mostra tarefa fácil, pois exigirá dedi- cação e empenho dos envolvidos nos processos. Isso porque, para algumas empresas a ado- ção de ações de monitoramento surge como um novo costume na instituição. Nesta fase, o gestor poderá mostrar à empresa as ações necessárias para alcançar as melhorias na execu- ção dos processos, utilizando como referência os indicadores de desempenho de inovação. Observamos com isso que, para gerir um projeto ou um processo, é preciso controlar e mensurar o que será utilizado para a inovação, pois tais ações auxiliarão o gestor a con- trolar o que será utilizado e gasto para que o projeto seja realmente posto em prática e lan- çado no mercado. Assim, é possível avaliar os resultados de ações inovadoras por meio de recursos que permitam: • sistematizar um conglomerado de indicadores apropriados, usando estratégias como o balanced scorecard (BSC) formula uma lógica de causa-efeito para realização da estra- tégia, os controles de inovação devem envolver indicadores relacionados à formação de um ambiente propício à inovação e seus resultados, descrevendo as perspectivas: financeira, do cliente, de processos internos, de aprendizado e crescimento; 107Inovação • inspecionar os projetos do início até o fim, evitando a falta de controle nos proje- tos. Em instituições que têm uma quantidade notável de projetos, que envolvem diferentes áreas e pessoas, o desafio é o fortalecimento dos dados para prover o acompanhamento das ações por parte dos gestores da inovação. Dessa forma, ao determinar o tempo de conceber resultados traz importantes res- postas no âmbito de tempo, que variam entre os setores da empresa. Podemos citar, como exemplo, um produto novo no mercado de software, que seguramente será mais perecível, do que em negócios siderúrgicos. Cabe assim indicarmos no âmbito do tempo a geração de resultado tomando por base a fase de existência dessa inovação. 5.2.3. Programas de capacitação, reconhecimento e recompensa A competitividade de uma instituição depende de fatores econômicos e da sua eficiên- cia organizacional. Nesse aspecto, as pessoas que fazem parte da sua rotina de trabalho e suas habilidades são essenciais para a obtenção de ganhos de produtividade. Por isso, é importante que as organizações, de modo geral, desenvolvam uma estrutura de gestão de pessoas, que seja capaz de reter talentos e garantir bons resultados em termos de produtividade. Dica É preciso ofertar uma concentração maior para os fatores positivos (estimulado- res) e tentar minimizar os fatores negativos (bloqueadores) daadministração da inovação, para não ocorram ações desnecessárias frente à implantação da gestão em grande escala nas instituições. Programas de capacitação, reconhecimento e recompensa são fundamentais para a construção de equipes eficientes e, por isso, a recompensa e o reconhecimento são termos recorrentes ao tratarmos de inovação, pois é preciso sempre procurar motivar os colabo- radores para que exerçam sua função com excelência. Para exemplificar um processo de inovação envolvendo ações de treinamento, contratação de novos profissionais e pesquisa de mercado, tomaremos por base uma empresa fictícia que será explicada através de um organograma demonstrativo. Inovação108 Processo de inovação de uma empresa Aquisição de maquinário Treinamento de pessoal Contratação de novos profissionais Necessidade de mercado Pesquisa de tecnologia Processo de fabricação Teste aplicados aos clientes Comercialização Pesquisa aplicada Teste Pesquisa de mercado Fonte: AGOSTINI et al., 2009. Por meio da figura acima: Podemos identificar as etapas do processo de inovação ocorrido na referida empresa, onde observamos a existência de um processo principal iniciado pela identificação de uma necessi- dade de mercado, seguido por uma pesquisa em tecnologia, na qual ocorreram aquisições de recursos humanos e materiais, para garantir os meios eficientes para o processo de fabricação. Testes foram aplicados diretamente para os clientes, permitindo um feedback do produto e um constante aperfeiçoamento feito com pesquisas aplicadas, testes e pesquisas de mercado. A última etapa deste processo inovativo foi a comercialização e a potencial aceitação do produto no mercado (AGOSTINI et al., 2009, p. 9). A partir desse exemplo podemos afirmar que, a gestão de inovação não admite imprevistos nas transações comerciais, pois a metodologia escolhida precisa ser bem arqui- tetada, bem administrada, proveitosa e produtiva para toda a organização. Nela, os recur- sos financeiros, humanos e tecnológicos devem ser acordados de forma equilibrada para que seja gerada uma fonte de recursos duradouro para a empresa. 5.3. Resultados Cotta (1998) descreve que analisar resultados é uma forma de pesquisa social com características próprias, sistematizadas, planejadas e dirigidas, e tem como objetivo princi- pal identificar, obter e proporcionar, de maneira confiável, dados e informações relevantes para que seja produzida uma forma de juízo sobre algum tema a ser explorado. © D TC O M https://mindminers.com/marketing/como-calcular-o-roi-de-uma-campanha-de-marketing-digital 109Inovação A análise de resultados também consegue gerar valor para diferentes elementos de uma atividade realizada, pois os resultados procuram provar a efetividade e o grau que as conquistas alcançaram, de forma que seja utilizada como base para a tomada de deci- são mais racional possível, produzindo conhecimento a respeito dos fatos associados tanto para ações que obtiveram êxito quanto para o fracasso. 5.3.1. Faturamento advindo de produtos ou serviços novos Este indicador avalia o impacto econômico da inovação por meio da participação de novos produtos nas vendas totais da organização. Partindo dessa ideia, muitos projetos determinados por empresas, que são mais visíveis em indústrias, adotam como indicador o percentual de faturamento a partir da análise dos resultados comerciais dos produtos lan- çados (OCDE, 2007). Para Baker e Sinkula (2005), o faturamento obtido pela venda de produtos novos é um indicador extremamente relevante para a introdução de inovações, pois existem diver- sos fatores que impactam nos resultados esperados pelas empresas e afetam seu desem- penho diante da concorrência. Para Júnior et al. (2012), existem diversos fatores que causam impactos no fatura- mento. Entre eles estão: a estrutura física da empresa; caso a empresa seja exportadora, a origem do capital de investimento; o valor do salário médio dos empregados; o tempo total de vida da empresa; a origem do faturamento da empresa (bens ou serviços); os investi- mentos realizados em recursos humanos para P&D; se a empresa possui um departamento próprio de P&D; se faz uso de apoio governamental para atividades inovadoras; o nível de importância das fontes informativas para tarefas inovativas; se existe redução ou amplia- ção da carteira de bens e serviços (JUNIOR et al. 2012). Diante da complexidade da inovação tecnológica, avaliá-la com apenas uma única tipologia de indicador é uma atividade difícil. Todavia, no âmbito empresarial, a porcentagem de faturamento proveniente da venda de produtos novos é notadamente um indicador muito eficaz, pois permite verificar os impactos das inovações de produto frente à composição geral do faturamento, mostrando informações imprescindíveis como o nível de empreendedorismo empresarial e a performance de inovações no âmbito mercadológico. Inovação110 5.3.2. Patentes As patentes representam um título de propriedade industrial sobre uma invenção ou modelo que apresenta determinada uti- lidade. Significa um prêmio que é entregue pelo Estado, para recompensar o trabalho de um inventor. Dessa forma, ao registrar uma patente, define-se que o inventor pas- sará a ter garantias nas negociações que existirem entre ele e outras partes interes- sadas para adquirir determinada tecnologia a ser aplicada em algum setor industrial (AMA- DEI; TORKOMIAN, 2009). No documento de registro da patente, cabe ao inventor, por obrigação, detalhar todo conteúdo técnico de seu invento, sendo possível para qualquer outra pessoa o reproduzir em laboratório. Para Lopes (1999), a patente ou propriedade intelectual serve para prote- ger a inteligência, o invento, a pesquisa e ao adotá-la, haverá a possibilidade de produzir interação com outros segmentos, nacionais ou internacionais. No Brasil, o pedido de outorga de patente deve ser reali- zado por meio do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), que é uma autarquia federal interligada ao Ministé- rio da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). O INPI quando recebe uma solicitação de patente inicia o processo por meio de um registro, que verificará o merecimento da demanda, baseando-se no que consta na Lei da Propriedade Industrial, nº. 9.279, de 14 de maio de 1996. De acordo com dados do INPI, para desfechos envolvendo patente, a criação precisa encaixar-se em uma das modalidades: • Patente de invenção (PI): refere-se a uma solução técnica nova para um problema típico e apresenta os seguintes requisitos: atividade renovada, novidade e aplicação industrial. Tem durabilidade de 20 anos contados a partir do depósito da patente; • Modelo de utilidade (MU): mostra uma forma ou arranjo novo, implicando ato inventivo, que ocasione em melhoria em seu uso ou em sua fabricação. Deve apre- sentar os seguintes requisitos: novidade, melhoria viável, ato criativo, e aplicação industrial. Tem durabilidade de 15 anos contados a partir do depósito da patente. © T as ha tu va ng o / / S hu tt er st oc k © N ob el us / / S hu tt er st oc k. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9279.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9279.htm 111Inovação Assim, as empresas, ao registrarem uma patente, passam a estar resguardadas de suas criações, para que mercadologicamente não deixem brechas, para que outras empresas ou pessoas obtenham lucros a partir de sua criação. Por isso, se você desenvolveu algo inovador, faça o registro de sua patente, para que sua invenção esteja protegida da ação de plagiadores. 5.3.3. Economia de custos a partir de inovação em processos Para Stal e Campanário (2010) algumas empresas de alguns segmentos não entendem inovação como um fator de diferenciação. Pois os autores entendem que, a modernização de processos promoverá o afastamento pessoal com os clientes, criando dessa forma um pro- cesso de distanciamentoentre empresa e clientes. Como contra-argumento, os autores afir- mam que, com a adoção de inovações, as empresas acabam reduzindo custos operacionais, melhorando sua saúde financeira e diminuindo o peso de atividades rotineiras, ganhando em capital de giro e ficando aptas a aproveitarem oportunidades no mercado consumidor. Para que se consiga avançar em ações inovadoras, as empresas podem fazer uso de estratégias, como o uso de sistemas integrados, que são capazes de unir e analisar dados de performance, promovendo economia em processos e ampliando a visão a respeito da saúde financeira da empresa. Ou mesmo, automação de processos ao longo da cadeia operacional, que agem diretamente nos processos administrativos, e atuam desde a gestão de pessoas até o cliente final. Ou investir em Internet das coisas, que faz uso de dispositivos inteligentes que se conectam com sistemas integrados e geram ganhos de produtividade (JUNIOR et al., 2012). Dessa forma, de acordo com o Manual de Oslo (2007), os gastos com inovação podem ser abordados de duas maneiras, a primeira descreve os gastos totais realizados pelas empresas com atividades de inovação, que devem perdurar por determinado ano, sendo conceituada como uma abordagem pelo sujeito. Já na segunda forma, que descreve os gastos totais com inovações, entende-se que são implementadas em determinado ano, ou certo período de tempo, sendo independente de que ano os gastos ocorrerem, e são conceituadas como abordagem pelo objeto. Observando a abordagem pelo sujeito, percebe-se que os gastos são realizados em ati- vidades de inovação já implantadas, potenciais ou mesmo abortadas. Visto que essa aborda- gem se mostra como uma extensão direta da forma de medição tradicional em P&D, com a inclusão de gastos que não estão diretamente relacionados ao projeto de inovação. Na abordagem pelo objeto, o total informado compreende os gastos totais com as inovações, ou com as inovações principais que forem implementadas, excluindo gas- tos com projetos de inovação que possam ter sido abortados, ou mesmo que estejam em andamento, ou aqueles sem relação com alguma aplicação específica, em algum produto Inovação112 ou processo. Esta abordagem é particularmente interessante para as pesquisas de inova- ção que se iniciam a partir de um conjunto de inovações estruturadas ou mesmo que já tenham sido implantadas, mas poderiam ser utilizadas em outras pesquisas inovadoras da empresa (MANUAL DE OSLO, 2007). Ou seja, inovar é ganhar duas vezes, onde esse ganho se dá por meio de operações organizadas que se adequem aos movimentos do mercado, tendo colaboradores menos atarefados, com capacidade para atender ao cliente com mais atenção e agilidade, propor- cionando assim uma melhor experiência do processo ou do serviço. 5.3.4. Indicadores estaduais Os indicadores estaduais de inovação buscam garantir efetividade em relação à inser- ção dos estados em um novo paradigma tecnológico e econômico, alicerçado em novas tecnologias de informação e no conhecimento embutido nas relações produtivas. Dessa forma, o objetivo é buscar mais resultados positivos no âmbito empresarial. Segundo o MCTIC, esses indicadores têm o intuito de proporcionar à comunidade científica, aos governantes e à população brasileira informações precisas e atualizadas sobre a ciência e a tecnologia no país, por meio de suas produções e divulgações. Essas informações são de interesse regional para que possa refletir com maior propriedade sobre suas potencialidades tecnológica e científica. Essas informações auxiliam as organizações a inteirar-se sobre as constantes mudanças que o mercado promove graças a esses estudos. O Brasil, como a maioria dos países latino-americanos, tem indicadores que possi- bilitam um conhecimento mais abrangente a respeito da posição relacionada aos esta- dos e municípios no plano financeiro (PIB), bem como no plano geral do desenvolvimento humano (IDH - Índice de Desenvolvimento Humano). Porém, no âmbito cientifico e tecno- lógico, o país ainda não tem um instrumento de informação apto a definir e mensurar os métodos de tecnologia, ciência e inovação estaduais. O MCTIC (2017), por meio da Rede de Indicadores Estaduais de Ciência e Tecnologia (RieC&T), tem por objetivo facilitar o acesso a dados estatísticos e de financiamento que facilitem o planejamento de políticas públicas, seja em âmbito federal ou estadual. A Rie- C&T permitirá conhecer os esforços realizados pelos estados, melhorando a abrangência das informações produzidas regionalmente. 113Inovação Proposta de Atividade Reforce seu aprendizado com o exercício sugerido a seguir. A atividade não é avaliativa, mas é uma boa oportunidade para testar seus conhecimentos e fixar o conteúdo estudado no capítulo. Chegou a hora de recapitular tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Assim, como forma de compreender melhor o conteúdo explanado, faça uma síntese do conteúdo abordando a importância dos indicadores de inovação para as empresas. Ao produzir seu texto, considere as leituras básicas e complementares realizadas. Recapitulando A inovação é um fator de competitividade que assume um papel cada vez mais rele- vante para a manutenção da saúde financeira e da vida útil das empresas. Mas tão rele- vante quanto promover a inovação, é analisar os resultados obtidos pelas ações inovadoras. Assim, os indicadores são uma ferramenta que permite analisar os resultados das empresas, que fornecem informações para a busca por melhorias no desempenho das organizações. Um indicador necessariamente precisa ser mensurável, seja quantitativamente, ou qualitativamente. E além disso, os indicadores também precisam ser acompanhados ao longo do tempo, pois é fundamental verificar se ações corretivas foram tomadas nos momentos certos e, principalmente, se elas conseguiram efetivamente sanar os problemas identificados. As empresas podem promover ações de incentivo à inovação internamente, incentivando seus funcionários a dar ideias para resolver os problemas internos, seja em produtos ou processos. O incentivo e a motivação são ferramentas que precisam ser sem- pre exploradas nas empresas, pois a alta direção pode não perceber problemas cotidia- nos tão facilmente. O ato de inovar sempre parte de alguma situação que não está sendo satisfeita, dessa forma, é somente por meio das pessoas que algo que precisa ser feito ou melhorado pode ser produzido. Quando necessitam de indicadores, as empresas geralmente fazem uso de indicado- res tradicionais, sejam eles de esforço tecnológico, ou de resultados. Para os indicadores de esforço tecnológico devem ser consideradas as atividades de pesquisa e desenvolvi- mento experimental, que envolvem serviços tecnológicos e aquisição de tecnologia. E nos indicadores de resultado estão as patentes obtidas, as receitas provenientes das vendas, da economia dos custos, dos projetos finalizados, entre outros (FERREIRA; SILVA, 1999). Inovação114 Referências AGOSTINI, M. R.; MOTTA, M. E.; TELES, E. E, et al. Estudo das etapas do processo de ino- vação na empresa sul corte ltda. Rio Grande do Sul. Revista Gestão, Inovação e Tecno- logias. v. 1, n. 1, 2011. Disponível em: http://www.revistageintec.net/index.php/revista/ article/view/5/5. Acesso em: 12/07/2018. AMADEI, J. R.; TORKOMIAN, A. L. V. As patentes nas universidades: análise dos depósitos das universidades públicas paulistas. Ciência da Informação, v. 38, n. 2, p. 9-18, 2009. Dis- ponível em: <www.scielo.br/pdf/ci/v38n2/01>. Acesso em: 16/09/2018. 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Disponível em: 04/09/2018. 117Inovação OBJETIVOS DO CAPÍTULO • Conhecer as formas de obtenção de recursos materiais e humanos para a implan- tação da gestão da inovação na empresa. • Identificar as fontes disponíveis de recursos materiais e humanos para a implanta- ção da gestão da inovação na empresa. • Propor soluções adequadas para o incentivo à inovação na empresa. CAPÍTULO 6 Fontes para a implantação da inovação na empresa Frederico Rodovalho de Oliveira TÓPICOS DE ESTUDO 1 Apoio financeiro 3 Outras formas de apoio • Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). • Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). • Outras organizações de apoio financeiro. • Incentivos fiscais à inovação. • Programa InovAtiva. • Venture Capital. • Apoio a Startups. • Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII). 2 Apoio técnico-gerencial 4 Organizações de apoio financeiro • Ministério da Ciência, Tecnologia, Ino- vação e Comunicações (MCTIC). • Universidades. • SEBRAE. • Outras organizações. • Organizações estaduais de apoio financeiro. • Organizações estaduais de apoio técnico-gerencial. • Outras organizações e iniciativas estaduais. • Leis estaduais e municipais de apoio à inovação. Inovação118 Contextualizando o cenário Desde 2000, o Brasil procura novas formas de realizar reformas na estrutura do Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia. O objetivo é promover um ambiente propício para a cola- boração mútua entre entidades públicas e privadas para facilitar os processos de inovação das empresas nacionais. O processo de transformação das ações teve início a partir de 2003, quando foram adotadas as diretrizes de política industrial, direcionadaspara setores e pro- dutos considerados prioritários (MORAIS, 2007). O novo marco institucional de políticas para o apoio e incentivo à inovação no setor pro- dutivo é constituído por dezesseis fundos setoriais de ciência e tecnologia, os quais foram constituídos entre os anos 2000 e 2001. Já as Diretrizes de Política Industrial, Tecnologia e Comércio Exterior (PITCE), foram definidas em 2003. A Lei da Inovação, nº 10.973 e a lei de incentivos fiscais à inovação e à exportação, nº 11.196, foram publicadas respectivamente em 2004 e 2005. As legislações descritas acima forneceram o embasamento jurídico para a ampliação da presença do Estado no apoio à inovação e estão sendo implementadas por meio de outras linhas de ação, como programas de financiamento com juros reduzidos e concessão de recursos para custeio de atividades de pesquisa, entre outras medidas. Diante dessas infor- mações surge o seguinte questionamento: as empresas que buscam a inovação tecnoló- gica têm acesso aos recursos financeiros necessários para implantar ações de inovação? 119Inovação 6.1. Apoio financeiro Segundo Bessant e Tidd (2015), atualmente as empresas estão enfrentando inúmeras restrições no acesso ao crédito do sistema financeiro, pois, segundo levantamento das pró- prias instituições financeiras, fatores como falta de ativos fixos para serem utilizados como garantia, pouca transparência nos registros contábeis, documentação fiscal incompleta, pequena capacidade gerencial dos empresários, entre outros fatores causam um descom- passo entre os potenciais credores e os solicitantes de crédito. Dessa forma, os investido- res, que visam o retorno de seus investimentos, acabam exigindo uma série de garantias dos tomadores de empréstimos para concederem crédito. Ao analisar o formato de financiamento para as empresas, o que se percebe é que elas enfrentam restrições como juros elevados, prazos de financiamento curtos, burocracia na liberação de crédito, legislação complexa, entre outros. Esses entraves causam a demora na solicitação e no recebimento da aprovação dos empréstimos. Tais problemas apresentam-se mais impactantes para empresas que precisam financiar atividades inovadoras em função das especificidades do ciclo de criação dos produtos/serviços (CARVALHO et.al, 2011). De acordo com as fases de crescimento das empresas e da sua necessidade de finan- ciamento ao longo do tempo, é necessário que recursos sejam fornecidos para o sucesso do projeto inovador (MORAIS, 2007). © F or yo ui 3 // Sh ut te rs to ck . Inovação120 Fases de crescimento de empresas inovadoras e fontes de financiamento re ce ita s Semente e Start-up Crescimento inicial Expansão Consolidação Rec. próprios, F & F Investidores Angels Fundo de capital semente Start-up Venture capital Fusões e aquisições Alianças estratégicas Mercado de ações Oferta secundária Abertura de capital (IPO) tempo Fonte: Adaptado de Cardullo apud OCDE, 2004a. O processo utilizado para o lançamento de novos produtos ou serviços é cercado por elevados grau de incerteza e riscos, pois não é possível realizar testes no mercado consumi- dor durante as fases de pesquisa e desenvolvido dos novos produtos. Isso causa influências negativas na previsão de fluxos financeiros, que é a ferramenta utilizada para a avaliação de crédito pelos agentes financeiros fomentadores das pesquisas. Além disso, durante a fase de desenvolvimento das inovações, é necessário usar recursos financeiros em várias etapas do processo até que, por fim, se consiga chegar à fase de comercialização e criação de receita. Isso é uma grande dificuldade devido à restrição das empresas inovadoras aos mercados financeiros tradicionais (MORAIS, 2007). 6.1.1. Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) Segundo Morais (2007) a implementação de políticas de incentivo à inovação pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, realizada entre 1999 e 2002, representou uma estraté- gia de evolução muito importante para o apoio à Ciência e Tecnologia (C&T) no Brasil. Tal apoio recebeu grandes incentivos a partir dos anos 1970, por meio de ações operacionaliza- das pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), cuja cria- ção se deu a partir de 1969 e contou com apoio executivo da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), criada em 1967. © D TC O M 121Inovação De acordo com Morais (2007), a Finep oferece apoio às Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs) através de dois tipos distintos de financiamento. O primeiro, do tipo não reembolsável, cuja fonte de recurso é destinada ao apoio de projetos de Ciência, Tecnolo- gia e Inovação, cujos solicitantes são as ICTs nacionais. A forma de seleção dos projetos pela Finep utiliza critérios de seleção já definidos pelos comitês gestores dos Fundos de finan- ciamento. O que se destaca nesse tipo de financiamento, é que a Finep opera por meio do Proinfra, que apoia projetos de manutenção, atualização e modernização da infraestrutura de pesquisa de ICTs. No segundo tipo de financiamento descrito por Morais (2007), o financiamento aos programas de incentivo à inovação para empresas se dão por meio de financiamentos do tipo reembolsáveis, que têm como objetivo o apoio a investimentos considerados estraté- gicos para a inovação de empresas brasileiras. Neste tipo de financiamento, a Finep atua diretamente com grandes empresas, cujo faturamento é superior a R$ 300 milhões por ano. Para os projetos menores, a agência promove a qualificação de bancos de fomento, como os Bancos Regionais de Desenvolvimento, e os bancos de fomento estaduais. Os planos para a realização dos incentivos são detalhados por meio de metas e obje- tivos a serem atingidos no período do financiamento. Assim, tais planos devem seguir os direcionamentos determinados pelo Plano Brasil Maior (PBM) do governo federal, que tem como diretrizes o aumento da competitividade e o incremento de pesquisas e desenvolvi- mento no país. O plano também busca a inovação regional ou inserida em arranjos pro- dutivos locais, cuja contribuição se dá pelo adensamento tecnológico e pela dinamização de cadeias produtivas por meio de parcerias com universidades ou instituições de pesquisa brasileiros (FINEP, 2018). Segundo o relato integrado da Finep (p. 6, 2017), “o objetivo estratégico da agên- cia é fortalecer a atuação da empresa com parceiros e clientes de diversas regiões do país, aumentando ações de pesquisa e o desenvolvimento de inovações”. Infelizmente, a partir do ano de 2014, com a crise econômica que acometeu o país, a agência teve uma queda significativa da demanda de financiamento pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Cien- tífico e Tecnológico (FNDCT), que é a fonte de recursos mais importante da Finep para financiamentos não reembolsáveis. E com relação ao tipo de financiamento reembolsável, cujas linhas de ação visam o alto grau de inovação e importância para o setor econômico, a instituição busca motivar a competitividade das empresas, com ações voltadas para o desenvolvimento ou melhora- mento de produtos, processos ou serviços. As inovações para o aumento do desempenho, que habilitam as empresas a adotarem estratégias para inovação, são incentivadas pelo governo para promover o desenvolvimento tecnológico, cujo interesse está no atendimento de prioridades nacionais estratégicas. Inovação122 Distribuição dos financiamentos reembolsáveis por valores em 2017 Total: 2.124,39 R$ 593 milhões R$ 1.395 milhõesR$ 69 milhões R$ 67 milhões Fonte: AGEF (2017). A figura acima descreve os valores destinados ao financiamento de inovações por região. Pausa para refletir Qual é a melhor forma de financiamento que uma empresa pode buscar, o financiamento reembolsável ou não-reembolsável? Por quê? 6.1.2. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) O BNDES (2009) entende que a inovação é um elemento fundamental parapromover a competição das empresas brasileiras e, segundo o banco, ações inovadoras contribuem para o aumento da eficiência de diversas áreas das empresas, gerando novos ou melhores produtos, que acabam criando empregos qualificados, que geram riquezas para o país. Dessa forma, o maior desafio do banco é criar estímulos para a construção de ambientes inovadores. © D TC O M 123Inovação O banco também investe em inovação por meio da participação acionária, adquirindo ações de empresas, ou através de fundos de investimento, caso no qual sua participação se dá como investidor direto. Outro desafio que o banco tem é estimular parcerias entre uni- versidades e empresas. Para que tais ações tivessem êxito, o banco criou o Funtec (Fundo Tecnológico), que é responsável por financiar empresas utilizando recursos não-reembolsá- veis, cujo objetivo é fomentar o apoio aos projetos de pesquisa por meio de parcerias com instituições tecnológicas (BNDES, 2009). O BNDES (2009) procura ainda fomentar outros tipos de projetos, tais como o desen- volvimento de energias renováveis, por meio do financiamento de painéis fotovoltaicos orgânicos (OPV). No setor de saúde, financia equipamentos para terapia fotodinâmica, que são utilizados no tratamento de câncer de pele. No setor químico, apoia o desenvolvendo de embalagens para frutas e hortaliças. No setor de transportes, apoia o desenvolvimento de aeronaves. O banco também dá apoio para criação de centros de P&D e de parques tecnológicos. 6.1.3. Outras organizações de apoio financeiro Além dos financiamentos regulares oferecidos pelo governo federal, pode-se des- tacar também o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que oferta bolsas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI - destinadas à iniciação científica) e as de Desenvolvimento Tecnológico e Industrial (DTI - destinadas ao desenvolvimento industrial). Além dessas bolsas, o CNPq oferta também apoio técnico aos pesquisadores e desenvolve ações para receber pesquisadores visitantes. Já o Programa de Formação de Recursos Humanos em Áreas Estratégicas (RHAE), tem o objetivo de agregar pessoas com qualificação educacio- nal (mestres e doutores) em atividades de P&D e oferece bolsas para fomento tecnológico para empresas privadas, com preferência para as micro, pequeno e de médio porte. O obje- tivo principal desse tipo de financiamento é desenvolver pesquisas dentro das empresas. O CNPq não recebe parte do possível resultado econômico decorrente desses projetos. Há ainda outras formas de acesso aos recursos financeiros, que apresentam diferen- tes níveis de atuação, sendo algumas mais atuantes do que outras. Destacam-se as Fun- dações de Apoio à Pesquisa (FAPs) dos estados e do Distrito Federal. Essas instituições são relevantes fontes de apoio para as empresas inovadoras, pois oferecem financiamen- tos diretos para o desenvolvimento de novos produtos ou serviços. Elas seguem a mesma forma de trabalho da Finep, inclusive ofertando recursos do orçamento dos estados com recursos que a própria Finep disponibiliza. Inovação124 Existem ainda os fundos privados de capital de risco, que representam um pequeno grupo de investidores que financiam empresas de base tecnológica em seu estágio ini- cial. Destacam-se como financiadores a Votorantim Ventures, cujo interesse está voltado para informática, telecomunicações, bioinformática e biotecnologia; a CRP Companhia de Participações, cujo interesse é voltado para tecnologia da informação, biotecnologia, quí- mica, mecânica de precisão e novos materiais; e a Stratus Investimentos, com interesse em pequenas e médias empresas emergentes (REIS, 2008). 6.1.4. Incentivos fiscais à inovação As políticas governamentais que fomentam iniciativas privadas para inovação tecno- lógica atuam por meio de empréstimos subsidiados, repasses de recursos a fundo perdido e concessão de incentivos fiscais. Os incentivos fiscais para inovação tecnológica estão regulamentados pelo capítulo III da Lei nº 11.196 de 21 de novembro de 2005, conhecida como a Lei do Bem. Em sua essência, ela procura ampliar e simplificar o uso de incenti- vos fiscais pelas empresas diante de contrapartidas que buscam o avanço tecnológico das empresas (SILVA, 2012). Também merece destaque a Lei nº 10.973 de 2 de dezembro de 2004, que é conhe- cida como a Lei de Inovação. A lei apresenta um novo paradigma para a expansão do conhecimento, que é produzido pelas universidades e pelos centros de pesquisa, os quais são geradores de ações inovadoras para o setor produtivo nacional. A lei produziu uma série de direcionamentos que servem para guiar o desenvolvimento tecnológico, possibili- tando a existência de condições legais para a criação de parcerias entre universidades, ins- tituições privadas de C&T sem fins lucrativos e empresas. Segundo Silva (2012), com a lei, houve a flexibilização da criação de parcerias entre Instituições de Ciência e Tecnologia (ICT) públicas nacionais por meio da participação em processos de inovação com a autorização de transferência de tecnologias e o licenciamento de invenções para produtos e serviços, estabelecendo condições de trabalho flexíveis para os pesquisadores, que tiveram permissão para afastar-se do trabalho para colaborar com novas pesquisa em outras ICT. Outra lei que vale ressaltar é a Lei de Informática (de acordo com a Lei nº 8.248, de 23 de outubro de 1991, 10.176 de 11 de janeiro de 2001, 11.077 de 30 de dezembro de 2004 e 13.023 de 8 de agosto de 2014), que concedem incentivos fiscais para as empresas rela- cionadas com áreas de hardware e automação que tenham interesse no investimento em P&D. Os incentivos fiscais se dão pela redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industria- lizados) em alguns produtos e o governo federal faz uso desse recurso para promover o incentivo à inovação para a indústria nacional. 125Inovação Incentivos promovem o crescimento das empresas Ainda sobre políticas de incentivo, vale conhecer as ações que serão desenvolvidas para o setor automobilístico por meio do programa Rota 2030, que estabelecerá uma visão de longo prazo para definir regras que darão segurança aos investimentos e produzirão incentivos para a competitividade da indústria nacional. A política discutirá temas relaciona- dos a mobilidade e logística por meio da integração de cadeias produtivas, visando a conver- gência entre inovações tecnológicas e as mudanças no comportamento dos usuários. 6.2. Apoio técnico-gerencial As dificuldades gerenciais das empresas são temas comuns para os envolvidos nos processos de financiamento à inovação. Nesse tema, o destaque são as ações de captação de recursos e direcionamento para investimentos, criação de empresas, formação e trei- namento da mão de obra, e etc. Entretanto, quando se analisa os resultados destas ações, percebe-se que metade das empresas não encontra sucesso durante os primeiros cinco anos de sua existência, e o pior, até 90% encerraram suas atividades antes de completar 10 anos (RATTNER, 1984 apud BENEDETTI; TORKOMIAN, 2011). Não é fácil compreender quais são os objetivos reais da política de fomento e apoio às empresas. Para Rattner (1984, apud BENEDETTI; TORKOMIAN, 2011), um objetivo rele- vante das políticas de incentivo seria o de promover o crescimento das empresas para que se tornem grandes empresas, ou consolidá-las como unidades de pequeno-médio porte © L er em y // Sh ut te rs to ck . Inovação126 com recursos suficientes para a sua subsistência. De qualquer forma, qual seja o objetivo dos programas de apoio às empresas, o que está em destaque é a necessidade de reali- zar uma análise da forma de incentivo efetiva em face da tendência de reprimir as ações de apoio às empresas, deixando que elas definam seus critérios e procedimentos, estando em acordo ou não comos melhores métodos de apoio à gestão. 6.2.1. Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC) O principal objetivo do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC) é promover o avanço das Ciências, Tecnologias e Inovação (CT&I), através da execu- ção e consolidação de políticas públicas de incentivo à pesquisa e inovação. Segundo o minis- tério, entre os diversos avanços conquistados nos últimos anos, destaca-se o aumento da qualificação de pessoas nas mais diversas áreas do conhecimento, o aumento da infraestru- tura em PD&I, a criação e o aperfeiçoamento dos instrumentos de promoção da pesquisa, o aumento do número de publicações científicas, a interiorização de pesquisadores qualifica- dos e a expansão e diversificação dos financiamentos para empresas inovadoras. Segundo o MCTIC (2018), o apoio fornecido às empresas de inovação a partir do lan- çamento do Plano Inova Empresa promoveu o aperfeiçoamento dos subsídios disponíveis para ações inovadoras, integrando os instrumentos de apoio até então disponíveis. O plano utiliza como estratégia o fomento de projetos por meio de parcerias com instituições de pesquisa e da participação acionária em empresas de base tecnológica. Tal iniciativa pro- cura dar apoio a projetos de inovação em setores como aero defesa, agronegócio, energia, petróleo, saúde, sustentabilidade, telecomunicação, entre outros. 6.2.2. Universidades Segundo Audy (2017), a era da economia baseada no conhecimento promoveu o sur- gimento de um novo ambiente de produção de riquezas, os quais estavam diretamente relacionados com as universidades. Esses novos locais, que envolvem pessoas com conheci- mento e talento, têm como característica comum o fato de integrarem empresas de tecno- logia, universidades, centros de pesquisa, redes de negócios, entre outros. As instituições de ensino incorporam diversos mecanismos de produção de novos empreendimentos de base tecnológica, iniciando pelas incubadoras, passando pela gera- ção de empreendimentos inovadores de alto desempenho através de aceleradoras, ou de 127Inovação coworking (trabalhos compartilhados) e living labs (laboratórios vivos). Esses ambientes foram inicialmente desenvolvidos em Stanford (Stanford University), e evoluíram para o mundo a partir do Vale do Silício, na Califórnia. Segundo levantamento realizado pela Reuters (2017), das cem universidades mais inovadoras do mundo, 51 estão situadas nos Estados Unidos, 26 estão distribuídas pela Europa, 20 na Ásia, e 3 no Oriente Médio. As três primeiras posições são ocupadas por uni- versidades americanas, sendo Stanford a primeira, MIT (Massachusetts Institute of Tech- nology) em segundo e Harvard em terceiro lugar. 6.2.3. SEBRAE O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), enquanto ins- tituição de apoio, tem um papel muito importante no processo de orientação para a busca da inovação nas empresas, pois a instituição oferece recursos que auxiliam na sobrevivên- cia e no desenvolvimento das empresas. Para as micros e pequenas empresas existe a linha de fomento conhecida como SEBRAETEC, com quatro modalidades. A primeira atua no seg- mento de Orientação, que financia análises Laboratoriais, Capacitação Tecnológica, Clinica Tecnológica, Diagnóstico Tecnológico e Oficina Tecnológica, até o valor de R$ 10.000,00. A modalidade de Adequação, que fomenta até o valor de R$ 30.000,00, atua no Aper- feiçoamento Tecnológico, Certificação e Estudo de viabilidade econômica. A modalidade Diferenciação, que auxilia até R$ 125.000,00 é voltada para Desenvolvimento de Novo Modelo de Negócio, Desenvolvimento de Novo Processo/Equipamento, Desenvolvimento de Novo Produto/Serviço. E por último, a modalidade de Aglomeração Produtiva financia até R$ 400.000,00 por projeto e atua em Projetos de Apoio à Inovação no Encadeamento Produtivo, Projetos de Apoio à Inovação no Setor Produtivo e Projetos de Apoio à Inovação no Território Produtivo. Segundo levantamento realizado pelo fórum permanente das micro e pequenas empresas, que é apoiado pelo SEBRAE, as empresas devem procurar suporte nas Institui- ções de Apoio à Ciência e Tecnologia para reorientarem seus programas e obterem mais apoio à tecnologia. Às empresas que procuram apoio no SEBRAE é recomendado iniciarem projetos que promovam o fortalecimento de parcerias para terem acesso às inovações, seja por meio de recursos como consultorias, capacitações, etc. O SEBRAE também promove auxílio por meio de seminários cujo objetivo principal é estimular a extensão tecnológica e o desenvol- vimento de programas de formação educacional para os gestores, a fim de ampliar a capa- cidade empreendedora das empresas. Inovação128 6.2.4. Outras organizações O Sistema “S” (composto por SESI, SENAI, SENAR, SESC, SENAC, SEST, SENAT, SEBRAE) é um importante gerador de conhecimento destinado ao desenvolvimento indus- trial. Ele é parte integrante do Sistema Confederação Nacional da Indústria (CNI) e das federações das indústrias dos Estados. O Sistema “S” tem promovido suporte para diver- sas áreas industriais por meio de pesquisas nos segmentos de assessoria técnica, pesquisa aplicada, informação tecnológica, serviço laboratorial e design. O grupo realiza anualmente o lançamento de um edital para o financiamento de solu- ções inovadoras para a indústria brasileira. No edital, o que se procura é o desenvolvimento de novos produtos, processos ou serviços, que tenham características inovadoras, que bus- quem o aumento da produtividade e competitividade da indústria nacional. Outra instituição que incentiva e promove o apoio técnico para empresas é o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), uma entidade cuja responsabilidade é o estímulo a serviços por meio do do desenvolvimento da gestão e capacitação das empresas. Suas áreas de atuação estão relacio- nadas com capacitações, educação empresarial e promoção de estágio para estudantes. 6.3. Outras formas de apoio As empresas que buscam a inovação têm algumas características comuns. Elas basi- camente iniciam suas atividades com pouco capital financeiro, têm elevadas taxas de nata- lidade e mortalidade, o poder decisório é centralizado na figura do inovador, e elas podem ter relação de subordinação com alguma empresa de grande porte. Dica Acesse o site www.crunchbase.com e conheça as pessoas que estão incentivando a inovação no mundo. O fator taxa de natalidade e mortalidade indica que essas empresas têm esse compor- tamento devido à baixa incidência de barreiras à entrada delas no mercado, pois elas geral- mente são constituídas a partir de modelos de empregadoras e familiares. O primeiro tipo se refere àquelas que têm pelo menos um empregado; e o segundo tipo são aquelas nas quais trabalham apenas os proprietários, os sócios ou os membros da família (IBGE, 2003, p. 18). 129Inovação O economista William Baumol assinala que “praticamente todo o crescimento eco- nômico que ocorreu desde o século XVIII pode ser atribuído à inovação”. Tidd e Bressant (2015) descrevem que a inovação é importante não apenas no empreendimento individua- lizado, mas, cada vez mais, como a fonte principal do crescimento econômico em propor- ções nacionais. 6.3.1. Programa InovAtiva O InovAtiva Brasil é um programa de governo gratuito, que tem por objetivo promo- ver a aceleração de negócios inovadores em todos os setores produtivos e em qualquer parte do Brasil. O programa é promovido pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) em parceria com o SEBRAE. O programa oferece cursos de capacitação por meio de plataformas de ensino online nas disciplinas de empreendedorismo inovador; promoção de mentorias individuais com investidores e executivos experientes; e criação de conexão com potenciais investidores, clientes e parceiros. Segundo o site Inovativa Brasil, ente os anos de 2013 e 2017, mais de 640 startups, em todas as regiõesdo país receberam suporte de aceleração do programa. 6.3.2. Venture Capital A Venture Capital é um tipo de fundo de investimento privado cujo objetivo é o dire- cionamento de capital de crescimento para empresas de médio porte, que contam com uma carteira de clientes estabelecida e com receitas, mas que se encontram em uma situa- ção na qual é necessário dar um salto de crescimento (RIBEIRO, 2005). Para Ribeiro (2005) existem diversos estágios de venture capital disponíveis para as empresas, sendo divididos pelo valor a ser investido nas empresas inovadoras. O pri- meiro tipo são os Investidores Anjo, os quais procuram por empresas em estágio inicial, e normalmente investem entre R$ 50 mil até R$ 500 mil em empresas inovadoras. Após a consolidação dessas empresas, estes investi- dores vendem sua participação acionária para investidores maiores. Outro tipo de investi- mento é o chamado Seed Capital, que representa um investidor acima do Investidor-Anjo, © W ri gh t S tu di o / / S hu tt er st oc k. Inovação130 que geralmente investe entre R$ 500 mil a R$ 2 milhões. Os Seed Capital são compostos por fundos de investimento que agregam vários investidores, de forma que consigam captar mais recursos para diluir os riscos. Os fundos de venture capital trabalham basicamente em um ambiente de incertezas, pois financiam empresas com alto risco, baixa liquidez e que possuem ideias ainda pouco com- provadas, pois essas empresas não têm ativos suficientes ou mesmo um histórico para serem financiadas através de fontes tradicionais, como os bancos. Pode-se afirmar que as instituições financeiras tradicionais fornecem recursos observando o histórico das empresas, e fundos de venture capital adquirem participações em empresas projetando o futuro (GOMPERS, 2004). No Brasil o volume de investimento de venture capital aumentou quase 10 vezes, o que revela um amadurecimento do conceito, com valores cada vez maiores de capital investido. Neste sentido, destaca-se o comportamento dos investimentos no Brasil, pois os valores apresentados mostram-se semelhante aos informados nos EUA pela tradicional empresa Pitchbook. Atividade de venture capital no Brasil em R$ milhões 2500 1500 500 0 2000 1000 Ano 2010 Ano 2011 Ano 2012 Ano 2013 Ano 2014 Ano 2015 Ano 2016 Ano 2017 2188 1401 1558 786 256353 183 35 Fonte: Crunchbase, 2018 (adaptado). O mercado de investimentos cresce ano a ano e o Brasil tem evoluído bastante no número de empresas que são atendidas com recursos financeiros. O gráfico acima indicou os valores investidos a partir de 2010, e o que se percebe é que os valores estão cada vez maiores e as empresas atendidas por esses investimentos estão cada vez mais preparadas para receber venture capital. © D TC O M 131Inovação 6.3.3. Apoio a Startups O apoio a startups, tendo início a partir da ideia de negócio e chegando até a imple- mentação no mercado consumidor, exige suporte especializado de diversos envolvidos que atuam em diferentes fatores críticos. Segundo levantamento do SEBRAE, as estatísticas mostram que, em média, somente duas de cada dez startups conseguem sobreviver até os dois primeiros anos de existência. Hoje é consenso que não basta somente ter uma ótima ideia, pois ela pode não ser o fator que produz o sucesso necessário para o negócio. Pausa para refletir Identifique entre as diversas formas de apoio a startups: quais as diferenças existentes entre crowdfunding, private equity e financiamento bancário? Os empresários que iniciam suas atividades nessas empresas, necessitam de apoio especializado, para tentar garantir sucesso nos momentos críticos, até a fase de consolida- ção da empresa no mercado (SEBRAE, 2018, p. 5). Os recursos financeiros necessários para a viabilização de projetos de startups podem ser obtidos por diferentes origens. Os recursos podem vir a partir de capital próprio ou de outras formas de investimento, os quais fornecem recursos financeiros e orientação, tor- nando-se sócios das empresas inovadoras. Podem vir também de fundos de investimento constituídos por grupos de apoio a projetos em fase inicial, entre outros. Investimento em inovação no Brasil, por tipo de investidor (em R$ milhões) Brasileiros Estrangeiro 2,500 1,500 500 0 1,000 2,000 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 131 2,057 Fonte: Adaptado de Crunchbase, 2018. © D TC O M Inovação132 Merece destaque também o fato de que os investimentos nas startups estão aumen- tando consideravelmente nos últimos anos e a fonte dos recursos pode ser nacional ou inter- nacional. A figura acima apresenta os valores destinados à inovação nos últimos anos no país. 6.3.4. Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII) A Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII) atua através de acordos de cooperação entre instituições de pesquisa científica e tecnológica, sejam elas públicas ou privadas. O foco principal da EMBRAPII está direcionado para as demandas de empresas industriais, com objetivo de compartilhar o risco existente nas fases que antece- dem as ações de inovação (MCTIC, 2018). Assista Assista no Youtube ao vídeo “EMBRAPII – Como funciona” (EMBRAPII, 2016), que apresenta a empresa e descreve como ela está auxiliando na inovação do país. Segundo o MCTIC (2018), quando os investimentos em inovações de risco são com- partilhados entre empresas investidoras ocorre um aumento da busca por inovações, seja por meio da ampliação de suas capacidades produtivas, ou por meio da adoção de novas práticas de trabalho. Dessa forma, o objetivo geral é o aumento da competitividade das empresas nos mercados internos e externos. A Embrapii tem como fator de interesse a capacidade de atrair várias empresas devido ao elevado nível de conhecimento que possui, em produzir soluções tecnológi- cas, que são usadas para gerar inovação industrial no País. A empresa tem como missão “Contribuir para o desenvolvimento da inovação na indústria brasileira através do fortale- cimento de sua colaboração com institutos de pesquisas e universidades”. E na sua visão a empresa busca “Ser reconhecida como instituição inovadora na promoção de P&D para indústria no Brasil com agilidade, eficiência e qualidade” (EMBRAPII, 2018). A empresa tem duas formas de unidades credenciadas que são responsáveis por pro- duzirem inovações, a primeira forma faz referência aos Polos Embrapii IF, que são consti- tuídos a partir dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia do Ministério da Educação, com atuação direcionada para as demandas do setor produtivo nacional. A outra maneira de obter o credenciamento se dá por meio das Unidades Embrapii, as quais são 133Inovação criadas a partir de competências tecnológicas de instituições de pesquisa científica, sejam elas instituições públicas ou privadas, sem fins lucrativos, necessitando serem referência no desenvolvimento de projetos de inovação. 6.4. Organizações de apoio financeiro Segundo o manual de Oslo (OCDE, 2004), os sistemas regionais de apoio financeiro para a ino- vação podem desenvolver-se de forma paralela aos sistemas nacionais de inovação. A presença de ins- tituições locais de pesquisa, atuando com gran- des empresas em um ambiente empresarial forte, pode trazer influências no desempenho de diversas regiões do país. O manual descreve que esse traba- lho conjunto tem potencial para produzir contratos entre fornecedores, consumidores, empresas con- correntes e instituições de pesquisa. Segundo Cassiolato e Lastres (2005), o fator infraestrutura exerce papel importante em relação ao processo de inovação localizada, pois afeta a interação gerada entre ato- res posicionados em um mesmo espaço geográfico, criando um ambiente facilitador para produção e distribuição de inovações. Para os autores, os contextos de produção de inova- ções, que têm diferentes estruturasgeopolíticas, produzirão recursos inovativos qualitati- vamente divergentes, pois serão afetados por diferentes políticas de apoio à formação dos ambientes produtivos. 6.4.1. Organizações estaduais de apoio financeiro As fundações estaduais de amparo a pesquisa têm recursos financeiros distintos para cada estado e dependem dos governos locais para reforçar os valores distribuídos nos edi- tais de inovação. Desse modo, percebe-se que essas variações nos orçamentos criam gran- des diferenciações na quantidade e na qualidade dos programas de pesquisa em cada Estado. Entre as instituições de financiamento estaduais as que mais se destacam são as fundações dos estados de São Paulo (FAPESP- Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), Minas Gerais (FAPEMIG - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais) e Rio de Janeiro (FAPERJ - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro), pois estes estados disponibilizam maior aporte financeiro para suas fundações (BORGES, 2011). © V as in L ee / / S hu tt er st oc k. Inovação134 Segundo Borges (2011), somente a FAPESP foi responsável por financiar 52,81% das pesquisas de inovação no país, a FAPEMIG em segundo lugar, financiou 16,7% das pesqui- sas e a FAPERJ, 16,5%. Dessa forma, entre as fundações estaduais, a que mais se destaca é a FAPESP, que oferece dentro dos Programas de Pesquisa para Inovação Tecnológica fomento para bolsas e auxílios em duas linhas. A primeira, a Pesquisa Inovativa na Pequena e Microempresa (PIPE), oferece, na fase inicial do projeto, R$ 200 mil de subsídio para a produção de um protótipo, e depois mais R$ 1 milhão para a efetiva produção do produto, caso o protótipo seja bem-sucedido. A Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE), pode ser realizada a qualquer momento, com projetos inovadores e de maior risco e é direcionada para grandes empresas. Assista Assista no Youtube ao vídeo “Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP” (2017), o qual apresenta uma visão da maior fomentadora estadual de pes- quisas do Brasil. No Distrito Federal existe a Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP- -DF), que tem o Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas (PAPPE), que estimula a inovação nas empresas do Distrito Federal através de parcerias entre pesquisadores e indústrias. O Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas (Pappe-Inova DF) é fruto de uma parceria entre FAP-DF e a FINEP e o objetivo do PAPPE é financiar projetos que mostrem soluções tecnológicas de impacto social ou comercial, que sejam inseridos no mercado e tenham sido desenvolvidos por pesquisadores associados ou em parceria com empresas do Distrito Federal. Em Minas Gerais existe a Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Supe- rior (SECTES), na qual, por meio do Programa de Incentivo à Inovação (PII), que é uma par- ceria entre a SECTES e o SEBRAE, são fornecidos recursos para as instituições de ensino e pesquisa e governos municipais. O PII é uma iniciativa que busca qualificar tecnologias inovadoras desenvolvidas nos laboratórios das universidades, com ênfase principal na apli- cação prática da inovação para a sociedade e para o mercado. Seu objetivo é transformar conhecimento em desenvolvimento. O programa desenvolve protótipos comerciais dos produtos para serem apresentados a investidores e os projetos são selecionados por meio de chamadas públicas, estudos de viabilidade técnica, econômica e comercial. 135Inovação O Rio de Janeiro conta com a Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), a instituição fornece auxílio a Projetos de Inova- ções Tecnológicas (ADT 1), e este auxílio serve para apoiar projetos de inovação tecnoló- gica em produtos e em processos. Para terem apoio, os projetos necessitam ser conduzidos por empresas sediadas no Rio de Janeiro, que tenham experiência na elaboração e realiza- ção de novos projetos de base tecnológica. Os recursos podem ser destinados para a aqui- sição de material permanente, material de consumo, serviço de terceiros e em outros itens, desde que respeitem as normas fixadas no Roteiro de Prestação de Contas da FAPERJ. 6.4.2. Organizações estaduais de apoio técnico-gerencial Para Martins et al. (2014), as instituições estaduais de apoio técnico-gerencial promovem ações que estimulem a cultura da inovação regional por meio da sensibilização para a rele- vância de projetos inovadores, que serão úteis tanto para as empresas privadas como para as públicas. Essas instituições estimulam, promovem e apoiam ações de capacitação e formação de pessoas nos campos do conhecimento e inovação empresarial, e usam como recursos didá- ticos oficinas e aulas que, através de métodos, técnicas e abordagens colaborativas buscam a solução de problemas complexos, modelagem de negócios e plataformas de inovação. As organizações de apoio técnico realizam ações de prospecção para a inovação uti- lizando o acompanhamento de novidades tecnológicas, ferramentas, métodos e técnicas de gerenciamento, para que possam ser implantadas nas empresas melhorando a quali- dade dos serviços prestados aos clientes. O estímulo das ações de aprimoramento também © Ji rs ak // S hu tt er st oc k. Inovação136 busca, por meio da análise de processos de gestão, a redução de custos operacionais e o aumento da eficiência das empresas. De um modo geral, as organizações de apoio fomen- tam a inovação nos ambientes empresariais e procuram estruturar ações de governança para inovação por meio da criação de formatos organizacionais e definições de métricas. 6.4.3. Outras organizações e iniciativas estaduais Na visão de Quandt (2014) uma outra forma de obter inovação se dá por meio da pers- pectiva de redes, pois esse recurso permitiu identificar novos direcionamentos para as pes- quisas que pretendem compreender as diferenças de conduta estratégica e desempenho entre empresas. Nas abordagens modernas, é possível verificar a importância da formação de redes estratégicas, que promovem a vinculação da empresa de maneira horizontal e ver- tical junto a outras organizações, tais como fornecedores, clientes, parceiros, concorrentes e outras entidades. O conceito de estrutura organizacional em rede amplia a forma das empre- sas se relacionarem com empresas de natureza distintas da sua, permitindo o surgimento de novos desafios gerenciais relacionados à criação, implementação e manutenção da inovação. Para Vincki et al. (2017), geralmente as redes não nascem sob algum contrato, pois estes recursos dificultam a troca de vantagens competitivas entre empresas. As ações ocorrem para promoverem a convergência de interesses, o engajamento mútuo, a durabi- lidade das relações e cooperação entre envolvidos. Para o autor, o nascimento e sobrevi- vência das redes se dá por meio da discussão e do equacionamento de aspectos como a promoção da cultura de confiança entre as empresas, da cultura de competência dos par- ceiros e da cultura da tecnologia da informação usada para o desenvolvimento das redes. Assim, para Vincki et al. (2017), as redes buscam prioritariamente promover a educa- ção, o desenvolvimento econômico, social, científico e tecnológico e o empreendedorismo inovador. E sua principal função é unir entidades públicas e privadas cujos interesses sejam comuns entre si, buscando a promoção e a integração de empresas incubadoras, parques tecnológicos, distritos de inovação, núcleos de inovação tecnológica entre outros. 6.4.4. Leis estaduais e municipais de apoio à inovação Mesmo analisando as abordagens a respeito da estrutura das legislações em âmbito federal e estadual, ainda se mostra necessário verificar a atuação dos municípios a res- peito da promoção de CT&I para identificar se existem diretrizes dispostas por estes muni- cípios. Em uma primeira análise, Junckes e Teixeira (2017) afirmam que a preocupaçãodos gestores municipais não é similar à encontrada nos estados, nem no governo federal. Tal 137Inovação constatação se deve ao fato de que, nos municípios não há uma quantidade representativa de estudos a respeito de inovação. Assim, diante da situação atual, nossos olhos devem se voltar para as legislações estaduais. Muitas das leis estaduais vieram para aprimorar a lei federal de inovação. Um exem- plo a ser destacado é que, no início, a lei federal considerava ICT como instituição pública, e depois de sofrer pressões a partir de leis estaduais, foram inseridas as instituições privadas sem fins lucrativos no contexto da ICT. Os Estados por sua vez, buscam também, além de aprimorar a lei federal, inserir ações em áreas que promovem incentivos fiscais e tributários. Segundo Santos (2011), essas leis de fato cumprem seu papel, que é promover incen- tivos para a obtenção da inovação, pois em virtude da lei federal de inovação, surgiram benefícios importantes como o incentivo direto à inovação. Merece destaque a FINEP, fun- dação que possui relevante papel na disponibilização de recursos não reembolsáveis. E também destacam-se os benefícios indiretos, que se deram a partir de incentivos fiscais regulamentados pela Lei do Bem. Assim, as leis estaduais seguiram os mesmos princípios das leis federais, e criaram importantes instrumentos de incentivos financeiros e fiscais para as empresas que apoiarem a inovação em nível regional. Proposta de Atividade Reforce seu aprendizado com o exercício sugerido a seguir. A atividade não é avaliativa, mas é uma boa oportunidade para testar seus conhecimentos e fixar o conteúdo estudado no capítulo. Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Para isso, elabore um mapa conceitual destacando as principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir seu mapa, considere as leituras básicas e complementares realizadas. Dica: comece com um termo ou expressão principal, em seguida, conecte esse termo ou expres- são a palavras de ligação, para dar sentido ao texto. Elabore o mapa com até 25 conceitos. Recapitulando Ao observar a pergunta norteadora no início do capítulo, podemos entender que de fato existem fontes financiadoras de inovação no Brasil, mas infelizmente ocorrem proble- mas que dificultam o acesso a estes recursos. As empresas inovadoras, que necessitam de recursos, precisam ter como atribuição pri- mordial o desenvolvimento de ações relacionadas às boas práticas de gestão, as quais exis- tem para reduzir a insegurança dos investidores. Em todo investimento financeiro existem Inovação138 riscos que são inerentes ao negócio. Se não houver o mínimo de transparência por parte de quem solicita tal suporte financeiro, as empresas financiadoras adotarão práticas cada vez mais restritivas de acesso ao crédito, pois estas empresas precisam evitar a todo custo as perdas de capital. Entre as empresas financiadoras de inovação, merecem destaque as empresas esta- tais, que mesmo diante de restrições legais, procuram maneiras de flexibilizar o acesso a recursos, sejam eles financeiros ou não. Destaca-se também a urgência de parcerias entre fomentadores de ações inovadoras, pois o Brasil tem instituições de pesquisa com elevado grau de competência, mas que, infelizmente, estão isoladas em suas regiões. Entre as formas financiamento merece destaque o crowdfunding, que basicamente representa um financiamento coletivo que acontece por meio de várias fontes de recursos, geralmente apoiado por pessoas físicas via internet. Já os private equity são investidores que buscam empresas em um estágio mais avançado. Nesse caso, as operações se dão por meio de investidores de maior porte, empresas ou holdings com operações comerciais con- solidadas. E por último o financiamento bancário tradicional se dá geralmente quando a ideia já saiu do papel, pois os bancos emprestam dinheiro para empresas em atividade e esperam o retorno de seu investimento. As formas de empréstimo reembolsável para empresas inovadoras desse dão por meio de financiadoras governamentais como o BNDES e a Finep, e além destes emprésti- mos, a Finep ainda conta com a alternativa de ceder recursos a fundo perdido para negó- cios inovadores, pois seu objetivo é promover o empreendedorismo. 139Inovação Referências AUDY, J. (2017). A inovação, o desenvolvimento e o papel da Universidade. Scielo, Revista de Estudos Avançados. Volume. 31. Número. 90. p. (75-87). Brasil. Disponível em: <www. scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103=40142017000200075-&lng=en&nrm- iso>. Acesso em: 24/08/2018. BENEDETTI, M. H.; TORKOMIAN, A. L. Uma análise da influência da coopera- ção Universidade-Empresa sobre a inovação tecnológica. 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CAPÍTULO 7 Inovação e a transição para a sustentabilidade Gilriane Carla Félix da Silva Eriton Luiz Mainardes TÓPICOS DE ESTUDO 1 Origem e conceitos 3 Transição sociotécnica para a sustentabilidade • Origem do conceito de sustentabilidade de Donella Meadows • Conceito de desenvolvimento sustentável • Conceito de sustentabilidade de Sachs • Conceito de desenvolvimento sustentável da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) • Conceito de transição sociotécnica • A perspectiva multinível • Níveis de análise da coevolução • As perspectivas multifases, multiatores e multidimensões 2 A coevolução entre inovação e sustentabilidade 4 Transição para a sustentabilidade • Inovação como mecanismo de desenvolvimento • Inovação como sistema • Inovação como processo evolucionista • Quando a inovação e a sustentabilidade coevoluem • Análise dos nichos de inovações sustentáveis: o papel dos atores • A mudança no regime sociotécnico • A mudança na paisagem • Regime sociotécnico na perspectiva da transição Inovação144 Contextualizando o cenário Habitantes sustentáveis se fortificam à proporção que crescem as iniciativas que direcio- nam para a formação de conhecimentos, intelectualidade e comportamentos renovados. A transformação para uma população fundamentada em preceitos de sustentabilidade é influenciada por conflitos sociais, ambientais, econômicos. As principais causas que afetam os sistemas ecológicos podem ser responsabilizadas aos sistemas de produção, sistemas de informação e comunicação, às organizações sociais e aos costumes que predominam na sociedade contemporânea. A partir disso, no contexto de um planeta com recursos finitos, mesmo com ganhos em efi- ciência energética e no uso de matérias-primas, a sociedade e as organizações estão sendo cada vez mais requisitadas a reestruturar os fundamentos da economia. A nova economia deve ser formulada para o limite do uso de recursos e a partir de uma perspectiva de desen- volvimento sustentável baseada em processos de renovação e em respostas que criam uma lógica ecossistêmica regeneradora, com práticas que destacam a resolução de problemas ambientais e sociais (JACOBI et al, 2017). Assim, a inovação e a transição para a sustentabilidade se tornaram um assunto abordado no âmbito empresarial como forma de conscientizar as comunidades a trabalhar com responsa- bilidade social e ambiental. Com isso, podemos questionar: qual a importância da inovação e da transição para a sustentabilidade no âmbito empresarial? © N ic oE lN in o, S hu tt er st oc k. 145Inovação 7.1. Origem e conceitos Etimologicamente a palavra inovação deriva do latim innovare, que significa tra- zer, incorporar a novidade, inserir o novo. O significado original, de renovação, pode estar ligado à implantação de soluções e resultados direcionados para a sustentabilidade. Nesse caso, seria uma inovação sustentável. Esse contexto implicaria em um cenário de mudança, com pessoas mais preocupadas com os impactos de seus atos. Para Schumpeter, um dos principais teóricos sobre o tema, a inovação é um conjunto de novas funções evolutivas que alteram os métodos de produção, criando novas organiza- ções de trabalho e/ou mercadorias. Tendo esse conceito como premissa, a capacidade de fomento da produção de inovações é primordial para a sobrevivência das organizações no ambiente capitalista. Já o termo sustentabilidade, de acordo com a conceituação de Tomazzini (2010), é tra- tada como o principal eixo do desenvolvimento econômico sustentável e envolve a produção de bens e serviços utilizando os recursos (como a matéria-prima), sem o seu esgotamento, garantindo seu aproveitamento para as gerações futuras, levando sempre em consideração os aspectos econômico, ambiental e social, considerados pilares da sustentabilidade. Em virtude dos problemas ambientais que estão em evidência, como a mudança cli- mática e o esgotamento de recursos, a transição do sistema sociotécnico para a susten- tabilidade é um processo que demonstra a necessidade de transformar não apenas os métodos de produção, mas também o mercado, os consumidores, a cultura local e a legis- lação (GEELS. 2004; 2010). Curiosidade Desenvolvimento Sustentável é “aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de gerações futuras atenderem suas próprias necessida- des” (COMISSÃO MUNDIAL PARA O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1988, p. 46). Assim sendo, a preocupação com o uso consciente dos recursos naturais esuas impli- cações para o nosso estilo de vida estão em constante evidência. As consequências do uso irracional dos recursos naturais são reais e não mais enredo de filmes e noticiários. Por isso, são necessários novos comportamentos, que apoiem a inovação na busca pela sustentabilidade. Inovação146 Pausa para refletir Qual a importância da transição sociotécnica para a sustentabilidade? 7.1.1. Origem do conceito de sustentabilidade de Donella Mea- dows A sustentabilidade é um tema amplamente discutido de forma organizada a partir de 1983, com a criação da Comissão Mundial do Meio Ambiente. Ele foi citado em congresso pela primeira em 1979 e a origem do conceito de sustentabilidade tem duas correntes: • na biologia (por meio da ecologia): está ligado à regeneração dos ecossistemas face às ações naturais ou resultantes da ação do homem; • na economia: está associado ao crescimento econômico e ao reconhecimento de que os padrões de produção vigente não podem continuar. A discussão sobre essa temática originou-se na Conferência de Estocolmo, na Suécia, na qual foi debatido o panorama do desenvolvimento como causa dos impactos ecossistê- micos e se passou a discutir o conceito de crescimento sustentável. Em 1971, publicou-se o estudo dos especialistas Dennis e Donella Meadows, intitu- lado de “Limites do Crescimento”, no qual era o explorado o fato de que a continuidade de um crescimento mundial excelente do ponto de vista econômico agitaria os parâmetros naturais da vida. Biografia Donella Meadows é especialista ambiental, professora e escritora coautora do best-seller “Os limites do crescimento”, transladado para mais de 28 idiomas. Licenciada em química, doutora em Biofísica, integrante do Instituto de Tecnologia de Massachusetts como investigadora. Caso fossem conservados os níveis de exploração dos recursos naturais, poluição, fabricação, poluição e produção de alimentos, os limites do crescimento seriam atingidos em menos de cem anos (MEADOWS, 1973). Assim, o tema “crescimento econômico zero” foi abordado como forma de analisar o padrão vigente de avanço fabril e urbano. Logo, diante desse cenário social, ambiental e econômico mencionados, verificou-se a necessidade de implantação de um paradigma novo para a expansão global. Nesse sentido, https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Os_limites_do_crescimento&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Biof%C3%ADsica 147Inovação como proposta de escolha ao recente paradigma de crescimento sustentável, foi incorpo- rada pela Comissão Brundtland, em 1987, o conceito de Desenvolvimento Sustentável ou Sustentabilidade, definição relacionada com a continuidade dos aspectos sociais, econômi- cos, ambientais e culturais da sociedade humana. Vários outros eventos e acordos internacionais estão sendo organizados com o intuito de promover a natureza de urgência na implementação do modelo de sustentabilidade em escala mundial, tão necessário para a sobrevivência das próxi- mas gerações. Ao nos referir à inovação e susten- tabilidade, surge a terminologia inovação sustentável (HIRATUKA, 1997), que diz respeito à origem de novos produtos, espaços de mercado, serviços ou processos conduzidos de acordo com a sustentabilidade e responsabili- dade socioambiental, gerando resultados positivos no âmbito social, econômico e ambiental. 7.1.2. Conceito de desenvolvimento sustentável O vocábulo sustentabilidade foi utilizado no cenário de desenvolvimento pela pri- meira vez em 1974 em uma série de eventos sobre as questões florestais. Desde então há um alargamento cada vez maior do conceito de desenvolvimento sustentável. De acordo com Gro Brundtland, uma das principais características desse movimento é que a produção satisfaça as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras para suprir suas próprias necessidades. Podemos citar, como exemplo, a empresa Natura, maior multinacional de cos- méticos brasileira e precursora em produção sustentável, que prioriza a utilização de insu- mos recicláveis e reciclados em suas embala- gens, pesquisando o impacto do ciclo de vida do produto no ambiente. Podemos apontar um exemplo de como a empresa converte desafios sociais e ambientais em novas opor- tunidades de negócios com o lançamento dos refis das fragrâncias da linha Ekos Frescores, em 2014, produzidos com 100% de PET reciclado pós-consumo, gerando 72% menos gases © p et rm al in ak / / S hu tt er st oc k. © S A N O O K N U K / / S hu tt er st oc k Inovação148 causadores do efeito estufa. Com esse lançamento, a Natura se tornou a primeira grande marca de cosméticos nacional a utilizar esse tipo de material na perfumaria. O desenvolvi- mento sustentável, quando posto em prática de forma correta, assegura o crescimento eco- nômico sem esgotar os recursos para o futuro. 7.1.3. Conceito de sustentabilidade de Sachs Segundo Sachs (1995 apud Pereira et al., 2010, p. 2), o conceito de sustentabilidade é formado por cinco componentes: • social: abrange a gritante desigualdade; • econômica: voltada para a discrepância na concentração de bens e riquezas em poucos; • ecológica: ligada à preservação da biodiversidade e à qualidade ambiental; • espacial: se refere à distribuição adequada dos assentamentos humanos e, conse- quentemente, à distribuição territorial; • cultural: voltada para a necessidade de evitar conflitos culturais. Logo, o desenvolvimento sustentável atraiu um grande número de seguidores de diferentes áreas e nacionalidades, aproximando-se da sustentabilidade ecológica, social e econômica, voltada ao crescimento sustentável. 7.1.4. Conceito de desenvolvimento sustentável da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) O avanço da população rumo ao desen- volvimento sustentável exige a normalização de indicadores aptos a mensurar de forma objetiva os resultados de práticas e políti- cas adotadas em variados países em relação à qualidade de vida, utilização dos recursos naturais e seus efeitos para o meio ambiente. Para a OCDE, para que ocorra o desenvolvimento sustentável, é necessá- rio que os países desenvolvam ações com as seguintes temáticas:© E ti A m m os / / S hu tt er st oc k. (A da pt ad o) . 149Inovação • a projeção de poluentes e diminuição de substâncias que afetam o clima; • o reaproveitamento dos resíduos; • a qualidade dos recursos naturais e a distinção biológica dos ecossistemas; • os gastos e a aplicação dos públicos para o controle da poluição; • a padronização de produção e consumo; • a produção de energia; • o desenvolvimento demográfico; • o transporte; • a agricultura. Este conceito tem por objetivo orientar os países em relação aos interesses ambien- tais dentro das deliberações setoriais e econômicas. O objetivo é que a cooperação inter- nacional se dê de forma igualitária, na proporção em que os governos colocam em prática suas políticas e cumprem seus engajamentos nacionais e internacionais. A conscientização das empresas no que tange à responsabilidade em suas dimensões corporativa, social, econômica e ambiental, mostra-se um requisito para o alcance da sus- tentabilidade. A conceituação de desenvolvimento sustentável passa a se tornar uma fer- ramenta importante para um posicionamento estratégico das instituições com atenção às tendências ambientais e sociais que estão moldando os mercados continuamente, assim como comunidades mais sustentáveis. Logo, o conceito de desenvolvimento sustentável envolve a preocupação com a redu- ção do desperdício, a utilização de tecnologias limpas, a gestão sustentável dos recursos ambientais e a adaptação e compreensão da legislação ambiental e social, com a redução da desigualdade econômica e aumento nos níveis de ensino, gerando melhor qualidade de vida. Teoricamente, seria possível superar essas questões por meio deatitudes inovadoras, com o objetivo de estabelecer uma prática de aperfeiçoamento contínuo e preservação do meio ambiente. Portanto, as organizações sustentáveis, são aquelas que adotam critérios economica- mente éticos e viáveis em suas práticas e premissas gerenciais, mantendo-se competitivas mercadologicamente, e atendendo a critérios de responsabilidade social, transparência e de governança corporativa. Essas organizações são reconhecidas pelo compromisso verdadeiro de suas ações ambientais e sociais, baseadas em princípios sólidos apreendidos e públicos. Essa postura também tende a fortalecer a corporação no mercado. Inovação150 De acordo com Barbieri (2007, p. 98-99) as empresas sustentáveis: são as que simultaneamente procuram ser eficientes em termos econômicos, respei- tando a capacidade de suporte do meio ambiente e sendo instrumento de justiça so- cial, promovendo a inclusão social, a proteção às minorias e grupos vulneráveis, o equilíbrio entre os gêneros. Nesse quesito, temos exemplos de empresas sustentáveis como a Natura, empresa brasileira que prega a sustentabilidade em seus programas, produtos, apoios e patrocínios. Outro exemplo seria a Nokia, marca reconhecida por seu programa de coleta de seu lixo eletrônico por meio da logística reversa. A Louis Vuitton, marca do mercado de luxo que não adotou a produção terceirizada é outro exemplo. A marca utiliza mão de obra francesa e apoia ações ambientais em outros países. 7.2. A coevolução entre inovação e sustentabilidade A evolução interdependente da inovação com a sustentabilidade, da gestão da ino- vação tecnológica e seus processos com a área da sustentabilidade econômica e social resulta no termo ecoinovação. Segundo a Comissão Europeia (2013) o termo ecoinovação diz respeito às formas de inovação, tecnológica ou não, que beneficiam o ambiente e criam oportunidades de negócio, reduzindo ou evitando o impacto ambiental ou até mesmo oti- mizando a utilização dos recursos. Portanto, a ecoinovação está relacionada com os padrões de consumo e produção e com o modo de utilização dos recursos naturais. A ecoinovação também se relaciona com os conceitos de ecoeficiência e ecoindústria, pois estimula empresas transformadoras a passa- rem de soluções de fim de linha para abordagens em circuito fechado. Dessa forma, é pos- sível minimizar os fluxos de energia e de materiais por meio da mudança dos métodos de produção e dos produtos, proporcionando assim vantagens a muitos setores e empresas. Relativamente novo, o conceito de ecoinovação foi criado pela União Europeia para o programa Horizon 2020. A ecoinovação foi definida como renovações com destaque para o crescimento sustentável, resultando na diminuição de riscos ambientais, como poluição e outros impactos negativos da utilização dos recursos. O progresso de inovações ambien- tais envolve novas aprendizagens, a criação de novos conhecimentos, a busca de regras, valores e capacidades, assim como a extinção criativa de práticas ultrapassadas e o desen- volvimento de processos e práticas. 151Inovação 7.2.1. Inovação como mecanismo de desenvolvimento As empresas são instituições que tem como objetivo principal gerar bens e riqueza, visando a perpetuação de seus negócios pela contínua oferta de valor ao mercado a que se dedicam, investindo em novas tecnologias para incentivar o seu crescimento. A inova- ção ligada ao desenvolvimento impulsiona o progresso econômico do país, incentivando a criação de novos mercados e o empreendedorismo. Dica O livro “Gestão da Inovação” de Carvalho et al. (2011), mostra a inovação, tipo- logias e passos básicos para implantar essa gestão, assim como as decisões inerentes ao desafio de transformar ideias em inovações de sucesso, gerando benefícios para a empresa e a sociedade. Logo, inovar e empreender passam a ser instrumentos úteis para construir um cami- nho de políticas válidas por um duradouro período. Para tanto, precisamos estar prepara- dos para desfrutar da oportunidade de crescimento. A inovação é movida pela habilidade de estabelecer relações, detectar oportunidades e tirar proveito das mesmas. Ela não consiste apenas na abertura de novos mercados – pode também significar novas formas de servir a mercados já estabelecidos e maduros. A tecnologia sempre desempenha um papel fundamental na disponibilização de opções radicalmente novas. No ou- tro extremo da balança tecnológica, há espaço para a inovação incremental, a melhoria de um produto antigo, um serviço ou processo usual (TIDD et al., 2008, p. 23-24). Logo, para incorporar as organizações brasileiras no mercado global e, assim, sobre- viver no mercado local, é essencial avançar quanto à capacidade de inovação com mão de obra qualificada, infraestrutura apropriada, atualização tecnológica e redes de parcerias. Dessa forma, percebe-se a necessidade de transformar hábitos tradicionais conservado- res e pouco inovadores, como a contratação de mão de obra barata e desatualizada, pouco investimento em tecnologias mais modernas e infraestrutura. Dessa forma, é possível criar um ambiente criativo, tornando o meio favorável à transformação organizacional e cultural. Pausa para refletir: Quais as mudanças paradigmáticas que levam à sustentabilidade organizacional? Inovação152 7.2.2. Inovação como sistema O Sistema de Inovação (SI) pode ser entendido, de acordo com Cassionato e Las- tres (2005), como uma rede de cooperação formado por grupo de organizações distintas, que contribuem para o crescimento da eficácia e eficiência de renovação e aprendizagem de uma região, setor, país ou localidade. Constituem-se de itens e interações no ramo da difusão, produção e conhecimento. Logo, a ideia primordial da definição de SI é que o comportamento transformador não depende apenas do desempenho de organizações e instituições de ensino e pesquisa, mas também de como elas se relacionam com varia- dos atores e também entre si. Outro ponto importante é como as organizações e políticas influenciam o desenvolvimento desses sistemas. A inovação ganha importância em razão de sua estreita relação com a competitividade. Normalmente, quanto mais inovadora uma empresa for, maior será sua competitividade e me- lhor sua posição no mercado em que atua. Essa alta capacidade para inovar transforma ideias em produtos, serviços e processos inovadores de forma rápida e eficiente. Como consequên- cia, a inovação permite à empresa lucrar mais (CARVALHO et al., 2011, p.11). O SI é compreendido conforme duas abordagens. A primeira abordagem define Sis- temas Setoriais de Inovação. Nesse sistema as inovações são relacionadas a um setor ou tecnologia específica. As segunda abordagem define os sistemas produzidos de acordo a proximidade geográfica seja ela continental, nacional, regional, local, ou até mesmo em nível global. Esses são os Sistemas em nível local e regional. Cada país tem um processo específico e importante de estímulo a inovações. Cada sis- tema delimita-se geograficamente, como também o próprio Estado e o poder a ele ligado. Os métodos de inovação desenvolvidos no âmbito empresarial são, de modo geral, cria- dos e apoiados por suas relações com outras organizações, ou melhor, a inovação é vista como um sistema e é participativa, cooperativa em relação a um setor especifico e à proximidade. 7.2.3. Inovação como processo evolucionista Para compreender o significado de inovação e colocá-lo em prática é necessário tempo, cuidado e capital para investir. O emprego das inovações, sejam organizacionais ou tecnológicas, são meios de reduzir os custos, elevar os rendimentos, benefícios e o poder de competitividade. Conforme Reis (2008), as inovações em processos são as adoções de métodos de produção novos ou significativamente melhorados. A corrente do evolucionismo frente à sucessão tecnológica diz que os meios de liga- ção utilizados entre descobertas e atividadeeconômica são numerosos e que o processo 153Inovação de renovação é percebido como participativo e orientado de diversas formas, não existindo apenas uma etapa de invenção, onde a ampliação do conhecimento é reutilizado pelo pro- cesso econômico. Pelo contrário, existem momentos diferenciados no processo de inova- ção em que a percepção científica é aproveitada pelo sistema econômico. 7.2.4. Quando a inovação e a sustentabilidade coevoluem A urgência dos desafios ambientais exige respostas que colocam todos os setores da sociedade em alerta, tornando ainda mais urgente o debate sobre o papel da renovação nas instituições e de como o nosso país se insere neste contexto global. Mais do que isso: o momento é propicio para questionar que tipo de inovações ambicionamos e precisamos no Brasil. Contemporaneamente, os preceitos renovados integram-se aos processos de ino- vação e estes precisam ajustar-se ao conhecimento metodológico de apoio universal. De acordo com Schaltegger (2011), o desenvolvimento sustentável exige inovação em susten- tabilidade e empreendedores que possam atingir metas ambientais ou sociais com pro- dutos ou processos superiores, que tenham sucesso no mercado de clientes tradicionais analisando, repensando e recriando métodos, processos e insumos. Conforme Orsato (2009), a Sustainable Value Innovation (SVI - Inovação Sustentada em Valor) exige que as empresas reduzam os custos e aumentem o valor do consumidor enquanto geram benefícios públicos na forma de impactos ambientais e valor reduzidos para a sociedade. Na maioria dos casos, as estratégias de SVI são possíveis apenas redefi- nindo como os produtos/serviços são produzidos e consumidos. Isso faz com que essa fer- ramenta seja vista como uma estratégia de sistemas, pois requer mudanças não apenas na natureza e na tecnologia dos produtos, mas também na lógica de organização dos sistemas de produção e consumo. A sustentabilidade deixou de ser um elemento de pouca importância, tornando-se um fator de distinção em meio à competitividade do mercado, pois estimular o ambiente inovador nas empresas é uma tarefa urgente. 7.3. Transição sociotécnica para a sustentabilidade A busca pela sustentabilidade é influenciada por um padrão inovador baseado na estru- turação de dinâmicas voltadas para uma transição. Com isso, novos comportamentos são necessários como meio de contribuição da inovação para a realização da sustentabilidade. Inovação154 A inovação pode levar para a sociedade e as organizações contribuições positivas nesse contexto. A partir disso, surge uma discussão sobre a abordagem teórica da transi- ção para a sustentabilidade e a inovação, que inicialmente foi vista como tecnológica, evo- luiu e começou a considerar os aspectos moldáveis em sua introdução, tornando-se base para estimular processos de mudanças. A evolução da transição causou uma mudança de direcionamento que, segundo Geels (2002), considera as transições tecnológicas (TT) de uma perspectiva mais ampla e estru- tural, denominada transição sociotécnica. Essa perspectiva considera um conjunto de ele- mentos mais técnicos, levando em conta os contextos organizacionais e tecnológicos de uma organização. Esse formato de transição incluí mudanças na estrutura institucional e nas práticas dos usuários e vão além da dimensão tecnológica, facilitando o entendimento da busca da susten- tabilidade que visualiza um processo contínuo, dentro de uma lógica de mudanças sistêmicas. 7.3.1. Conceito de transição sociotécnica A abordagem sociotécnica fundamenta-se também por abarcar as ações e relações dos executores (ou agentes) desenhados pelas empresas, práticas do dia-a-dia, regras, hábitos comuns, práticas estabelecidas, leis e normativas. Essa abordagem é vista pela ligação existente entre as capacidades técnica, humana e o conhecimento da trajetória tecnológica. Ela está relacionada à definição de renovação evolucionária por entender que as novas tecnologias seguem uma trajetória singular influenciada por mecanismos e atores. A transição é conceituada como transformações em redes perfeitas, onde as velhas e novas tecnologias se desenvolvem e convivem por algum tempo. Nessa transição, estão envolvidas trajetórias interligadas em várias dimensões dos sistemas sociotécnicos, como a tecnologia, o conhecimento científico, os mercados, a infraestrutura, a cultura e o signi- ficado simbólico, as redes industriais e a política setorial (GEELS, 2004). Estas dimensões relacionam-se em sistemas heterogêneos em uma adaptação mútua entre a tecnologia e a sociedade, que alinha e estrutura o comportamento dos atores. 7.3.2. A perspectiva multinível A expansão dos estudos da renovação em um questionamento social e técnico, se apresenta em um alicerce estruturalista no sistema de inovações, destacando o aspecto multinível desta interpelação e indicando três níveis fundamentais, colocados por Geels (2004) como: nichos, regimes (meso) e panorama ou ambiente (macro). De acordo com 155Inovação essa classificação, o sistema de inovação é fundado por processos de multiatores. Dessa forma, temos uma concepção multinível com todos os níveis fundamentais utilizados para a renovação centrada em padrões e processos tecnológicos. A perspectiva multinível é a estrutura conceitual para o estudo da transição sociotecnológica. No nível de nicho surgem as inovações radicais; o nível regimes (meso), é o espaço onde são encontrados os regimes sociotécnicos, já no nível panorama (macro), encontram-se os cenários e as mudanças estruturais da sociedade como um todo. 7.3.3. Níveis de análise da coevolução O cenário denominado coevolução ou coevolucionário é uma abordagem imprescindí- vel para a compreensão da evolução dos sistemas de inovação. Em linhas gerais, podemos dizer que tal perspectiva propõe que a evolução está sujeita a diversos fatores causais inter- nos e externos institucionalmente e, assim, pode ser mais bem entendida se analisada a par- tir do contexto empresarial em conexão com o legado histórico tanto da instituição quanto da população organizacional. Nesse sentido, destaca-se a interdependência de três níveis de análise: do ambiente; da população empresarial; e da organização propriamente dita. Logo, a coevolução provoca a análise da evolução organizacional, populacional e do meio como interdependente, cuja configuração em um determinado contexto é resultante de opções estratégicas feitas no plano organizacional e de pressões seletivas provindas do ambiente empresarial, caracterizado por criar e propagar regras e recursos, resultando em legitimidade e suporte contextual. 7.3.4. As perspectivas multifases, multiatores e multidimensões Essas fases envolvem a dinâmica a nível de regime, as dinâmicas de interação entre o nível do regime e o ambiente e o processo de transição, que é o deslocamento de um sis- tema sociotécnico para outro. Trata-se, portanto, de uma trajetória nova e não do redire- cionamento da trajetória já existente. A perspectiva multinível retrata a análise de diferentes níveis e elementos primor- diais para diferenciar a trajetória e da transição das inovações em progresso. Alguns auto- res classificam estes níveis como: micro; meso; e macro, como já conceituados no decorrer da explanação desse conteúdo. Esses níveis assumem uma perspectiva que liberta a muta- ção tecnológica enquanto processo social pela interação dos atores nos diversos níveis. Com o intuito de facilitar a compreensão desse tópico, mostraremos no quadro abaixo os diferentes níveis na análise da coevolução. Inovação156 Diferentes níveis na análise da coevolução. Ambiente (paisagem) Nível dos regimes Nichos (novidades) Fonte: adaptado de GEELS, 2002/2004. A partir da figura acima, a concepção multinível pode ser vista como uma combi- nação de conceitos de dois tipos de explicação: circunstâncias externas e direcionadores internos que podembeneficiar o fomento de renovações ou dificultá-las. Dessa forma, esta pode ser caracterizada como um ofício de dentro para fora ao relatar, esquematizar e ave- riguar o processo no decorrer do tempo. Assim, entender e analisar as transformações complexas da inovação sustentável em uma abordagem multinível, multiatores e multifases da transição sociotécnica, nos auxilia a compreender o caminho a ser seguido para alcançar a sustentabilidade de forma positiva e próspera. 7.4. Transição para a sustentabilidade Em um contexto de transformações, o questionamento teórico de transição para o desenvolvimento sustentável eleva-se como uma perspectiva para entender as complexas ações e transformações necessárias no âmbito social. A elevação dos preços dos combustíveis, dos gêneros alimentícios e os desastres naturais contribuíram para prejudicar negócios financeiros, o poder de compra das famí- lias e até mesmo o equilíbrio político. Um exemplo disso é que a falta da matéria-prima pri- mária (não durável) e os prejuízos causados pelas mudanças climáticas cooperaram para a desestabilização econômica mundial. © D TC O M 157Inovação Assim, como forma de transpassar esta fase crítica, os países precisam obrigatoria- mente responsabilizar-se por políticas de construção de infraestruturas ajustadas ao século XXI. Estas precisam incluir: rede elétrica eficaz mantida por energias renováveis; uso e reci- clagem eficaz de água potável; sistemas de transportes interurbanos e urbanos; autoes- tradas verdadeiramente seguras; redes de proteção de espaços naturais que preservem a biodiversidade e o habitat de espécies em extinção. 7.4.1. Análise dos nichos de inovações sustentáveis: o papel dos atores Nichos são recintos protegidos nos quais rígidas alternativas podem ser expandi- das longe da influência competitiva. Eles podem ser definidos também como um domínio específico no qual os atores assumem riscos ao renovar. Nichos sustentáveis dizem res- peito à junção de experimentações com execuções sociotécnicas, sociais e ecologicamente benevolentes. Os nichos de inovação (também conhecidos como nichos tecnológicos) têm sido deli- beradamente criados pelos atores e apoiados por regras que delimitam ações que precisam ser seguidas. Quando escolhemos um nicho, o trabalho passa a ser menor, pois os temas de abordagem são menores. Por exemplos: emagrecimento é um nicho no mercado de saúde; futebol é um nicho no mercado de esportes. Logo, o êxito dos nichos depende do envolvimento em fase de crescimento de importantes atores, de forma a impulsionar uma grande legitimação no âmbito social. © in ge ho ge nb ijl / / S hu tt er st oc k. Inovação158 7.4.2. A mudança no regime sociotécnico O regime sociotécnico é a ligação entre diversos outros regimentos, como o tecnológico, de mercado e consumo, científico, sociocultural e político (GEELS, 2004). Dessa forma, a partir da imensa difusão e concordância das renovações radicais originadas nos nichos, ocorre a for- mação de um novo regime sociotécnico pela transformação de trajetória tecnológica. Em decorrência dessa trajetória no nível macro, janelas de oportunidades são aber- tas para que os atores dos nichos se movam em busca de outras inovações, enquanto tam- bém influenciam na transformação comportamental, cultural, de valores e normas no nível dos regimentos. É interessante observar a correlação existente entre a análise multinível, a transição sociotécnica e inovação para auxiliar uma melhor compreensão. Relações de análise multinível da transição sociotécnica para ecoinovação. Relacionamentos interorganizacionais Convergência de expectativas Conhecimento Processo de aprendizagem Normas Regime tecnológico Regime científico Regime de mercado Regime político Ambiente político Ambiente legal Ambiente cultural Ambiente econômico Ambiente demográfico Eco-inovação Regime sociocultural Transição M ic ro M es o M ac ro Fonte: MENDONÇA, 2014, p. 75. Partindo dessa figura, compreendemos que a atuação no nível macro se destaca influen- ciando os níveis mais abaixo (meso e micro) a partir das modificações estruturais que ocor- rem em termos de cultura, política, aspectos econômicos e instituições, que são persuadidas pelas alterações nos regimentos sociotécnicos, evidenciando a visão da coevolução entre os níveis. Assim, o processo de transição sociotécnica para a ecoinovação, é influenciado por fatores multiníveis que se correlacionam, acarretando uma transformação no nível do regime e passando por inovações sustentáveis, que levam a uma mudança de sistema. © D TC O M 159Inovação Pausa para refletir Quais soluções sustentáveis podemos sugerir para as empresas? 7.4.3. A mudança na paisagem O atributo ambiental está ligado à qualidade de vida, ou melhor, o meio ambiente e a vida são indivisíveis, ocorrendo uma relação intensa e contínua entre ambos. Desse modo, tanto a particularidade ambiental quanto a de vida são levadas a questionamentos de sustentabilidade. Porém, as intervenções realizadas em curto espaço de tempo pelo homem contri- buem para a degradação da particularidade do território urbano e rural, pois o desma- tamento está ligado à estrutura da propriedade, do tipo de criação e do poder aquisitivo de seu dono. Mesmo em grandes propriedades de alto valor, com produção para a venda, podemos ver a deterioração do solo, da água e do ar, inclusive na região urbana. Se o dono da terra manuseia o solo de forma inadequada, este será desgastado e perderá sua capaci- dade para produção ao fim de alguns ciclos. Ocorrendo isso, o solo improdutivo poderá ser abandonado, acarretando a erosão pelas águas das chuvas e o assoreamento dos rios. Se o uso de agrotóxicos for feito incor- retamente, também poderão contaminar a terra, poluindo rios e lençóis freáticos. Qual- quer ato errôneo ou impensado pode transformar a natureza drasticamente. 7.4.4. Regime sociotécnico na perspectiva da transição Entre as vantagens das inovações sustentáveis está a possibilidade de fazer com que as orga- nizações utilizem menos energia, usem insumos de maneira mais eficiente, poupem água e matéria- prima. Dessa forma, o impacto ambiental é amenizado e, consequentemente, o aumento da produtividade e a otimização do uso dos recursos contribui para tornar as instituições mais competi- tivas. Logo, a transição para uma sociedade baseada na sustentabilidade não é apenas uma alterna- tiva, mas sim um processo inevitável, como mostram muitos relatórios e pesquisas científicas. Considerando que a mudança para a comunidade sustentável é deliberada por um conjunto de ações coordenadas, é fundamental o acesso à educação. É preciso utilizar a educação ambiental de modo sistemático e frequente como instrumento de democratiza- ção do método de transformação sustentável. A transformação do posicionamento inativo para uma interferência modificadora da realidade social e ambiental é o melhor efeito da educação ambiental. Inovação160 Proposta de Atividade Reforce seu aprendizado com o exercício sugerido a seguir. A atividade não é avaliativa, mas é uma boa oportunidade para testar seus conhecimentos e fixar o conteúdo estudado no capítulo. Chegou a hora de recapitular tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Assim, como forma de compreender melhor o conteúdo explanado, monte um mapa conceitual sobre o tema do capítulo. Ao produzir seu mapa, considere as leituras básicas e complementares realizadas. Dica: comece com um termo ou expressão principal, em seguida, conecte esse termo ou expres- são a palavras de ligação para dar sentido ao texto. Elabore o mapa com até 25 conceitos. Recapitulando Apoiada no tripé social, econômico e ambiental, a Sustentabilidade está associada à reconstrução dos ecossistemas modificados pela intervenção humana ou de forma natu- ral, ao progresso econômico e à constatação de que os padrões produtivos atuais nãotêm possibilidade de serem duradouros. Isso demonstra a importância da inovação e da transi- ção para a sustentabilidade também no âmbito empresarial. Realizar a transferência para um padrão social baseado na sustentabilidade é uma neces- sidade urgente. Para isso, como solução sustentável, é essencial investir em educação ambien- tal, utilizando-a como mecanismo de empoderamento a todos os cidadãos e organizações. Assim, a inovação e a transição para a sustentabilidade expõem uma visão analítica do padrão de desenvolvimento capitalista frente à transição tecnológica que privilegia o lucro econômico sem importar-se com a qualidade de vida e que não valoriza o uso efi- ciente dos recursos naturais ou a redução dos resíduos e descartes na natureza. As mudanças paradigmáticas que levam à sustentabilidade organizacional e ao pro- cesso de inovação sustentável se baseiam em uma cadeia de valor que gera menor impacto ao meio ambiente, menor custo e que contribua de forma positiva para a sociedade. 161Inovação Referências BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial: conceito, modelos e instrumentos. 2.ed. São Paulo. Editora Saraiva, 2007. 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CAPÍTULO 8 Estratégias de ecoinovação e competitividade empresarial Frederico Rodovalho de Oliveira TÓPICOS DE ESTUDO 1 Conceito e classificação de ecoinovações 3 Estratégias competitivas e formulação de estratégias deliberadas e emergentes • Sustentabilidade e competitividade • Conceito e dimensões da ecoinovação • Design da Ecoinovação • Bússola da Ecoinovação • Adoção de estratégias de ecoinovação nas empresas • Estratégias competitivas • Estratégias deliberadas e emergentes • Estratégias de ecoinovação, proatividade e reatividade na gestão 2 Barreiras e condutores da ecoinovação 4 Estratégias de transição para a empresa sustentável • Fatores externos às empresas • Fatores internos às empresas • Característica das tecnologias utilizadas • Fatores do desenvolvimento e adoção de ecoinovação • Características e estratégias da empresa inativa • Características e estratégias da empresa reativa • Características e estratégias da empresa ativa • Características e estratégias da empresa proativa Inovação164 Contextualizando o cenário A forma como realizamos nossas transações comerciais demonstram que os métodos utili- zados para a produção e venda não levam em consideração as consequências causadas ao meio ambiente. Como consumidores, não atentamos para os severos impactos causados pela forma desordenada de extração de matérias-primas. Não prestamos atenção à maneira que os produtos são produzidos e entregues ao cliente final. Não levamos em consideração os prejuízos causados pelo descarte incorreto daquilo que não nos tem mais serventia. No entanto, de forma lenta, mas gradual, as pessoas e as empresas começaram a olhar com mais respeito para as questões ambientais. Fatores como o aumento da degradação do meio ambiente, falta de matérias-primas, problemas causados por desastres naturais, e por outro lado, problemas empresariais, como pressão regulatória, duração do ciclo de vida dos produ- tos e mercados em transição, estão moldando a forma como as instituições compreendem como deve ser o modelo de negócio. Assim, diante desse contexto, a pergunta que surge é: as empresas estão preparadas para desenvolver suas atividades produtivas de forma ambientalmente sustentável? 165Inovação 8.1. Conceito e classificação de ecoinovações A ecoinovação, ou inovação sustentável, como é definida pela OCDE (2005), foi moti- vada pela preocupação com a diminuição dos impactos ambientais causados pelo modo de produção atual. A própria OCDE (2009a), entendendo que existem algumas lacunas no conceito, ampliou a definição de ecoinovação inserindo-a em três dimensões, as quais seriam especificadas por seus objetivos (foco principal); seus mecanismos (métodos desen- volvidos para a introdução de mudanças que estariam relacionadas aos objetivos); e seus impactos (que seriam os efeitos causados no ambiente). Na dimensão que se relaciona com os objetivos ou metas o alvo são os produtos, que podem ser mercadorias ou serviços, e envolve as formas de produção, os métodos de mar- keting, a promoçãoe a precificação dos produtos. Também são abordadas as ações orga- nizacionais (relacionadas com a estrutura da gestão e distribuição de responsabilidades) e as ações institucionais (compostas por organismos sociais, arranjos institucionais, normas sociais e valores culturais). Assim, percebe-se que as ecoinovações em produtos e proces- sos têm relação direta com as mudanças tecnológicas, enquanto as demais se relacionam com as mudanças não tecnológicas. 8.1.1. Sustentabilidade e competitividade O tema sustentabilidade, quando integrado à competitividade, sugere uma perspec- tiva de construção de vantagem competitiva a longo prazo nas negociações comerciais. Segundo Teodósio et al. (2006), os recursos naturais são os principais fatores que determi- nam a competitividade das nações e, por isso, seu uso traria a especialização necessária para a produção de certos produtos ou serviços. Assim, a discussão que poderia ser gerada pelo uso de recursos naturais e a com- petitividade empresarial ficaria prejudicada pela existência de um modelo de produção baseado na industrialização poluidora e degradadora do meio ambiente. Para com- preender melhor o conceito, devemos entender que os recursos naturais eram concebidos como principal recurso para a competitividade entre as nações e os teó- ricos dedicados a estratégias empresariais tratavam esses recursos como substituíveis, renováveis ou mesmo inesgotáveis. © 3 R U S / / S hu tt er st oc k. Inovação166 Teodósio et al. (2006), comentam que no século XX, a partir do momento que come- çaram a surgir as primeiras grandes empresas nos Estados Unidos, também começaram as discussões a respeito da competitividade empresarial. Esse tema foi discutido com bas- tante ênfase pelo economista e cientista político Joseph Alois Schumpeter (1883 – 1950), que criou o conceito de destruição criativa e analisou seus impactos nas ações desenvolvi- das pelos empreendedores. Para Scherer (1986), esses empreendedores seriam capazes de acabar com velhos mercados e começar novas perspectivas de competitividade por meio de empresas inovadoras. Biografia Joseph Alois Schumpeter nasceu em Triesch, na atual República Tcheca, em 8 de fevereiro de 1883. Seu trabalho é reconhecido pelo desenvolvimento da teoria sobre os ciclos de expansão e retração do sistema Capitalista. Segundo Teodósio et al. (2006), os empreendimentos, por mais que pareçam estru- turados e consolidados, em dado momento, acabam falindo, e o que se verifica nesse momento é que essas empresas não foram capazes de inovar e tornaram-se ultrapassadas. 8.1.2. Conceito e dimensões da ecoinovação Na visão de Schumpeter (1961) a ação de inovar é capaz de promover rupturas no sis- tema econômico, desequilibrando os padrões de competição entre empresas. Para Bíscoli et al. (2016), existem vários entendimentos sobre o que pode ser considerado como susten- tável e suas práticas. Dessa forma, uma empresa inovadora sustentável não é a que conse- gue criar novidades de qualquer maneira, mas sim aquela que atende as bases sistemáticas e conseguem produzir resultados positivos para as diversas dimensões da sustentabilidade, não só para ela, mas também para a sociedade e para o meio ambiente. Assista Assista “Ecoinovação – Apresentação” (SEBRAE, 2018). O vídeo analisa como mudar os rumos de uma empresa com a Ecoinovação. 167Inovação Ou seja, não adianta apenas a empresa criar continuamente, ela precisa considerar os fatores relacionados à sustentabilidade para que possa de fato conseguir atingir um sta- tus de empresa ecoinovadora. Para Carrillo-Hermosilla et al. (2009) a inovação sustentável ou ecoinovação é composta por quatro dimensões, igualmente importantes: Eco Design; Usuários; Produto e Serviço; e Governança. A figura abaixo apresenta um esquema que descreve as dimensões e explica seus conceitos. Esquema dos conceitos e dimensões da ecoinovação Dimensões da ecoinovação Produto e serviço Mudanças na forma de entrega e percepção da relação com o cliente. Mudança na cadeia de valor e relação que tornam possíveis a entrega do produto ou serviço Governança Novas soluções organizacionais e institucionais para resolver os conflitos sobre os recursos ambientais. Eco design Componentes adicionais para aumentar a qualidade ambiental e redução de impactos nos sistemas de Produção. Usuários Desenvolvimento e Aceitação da inovação com práticas de preservação ambiental. Fonte: BÍSCOLI et al., 2016. Conforme sintetizado na imagem, a dimensão do Eco Design é composta pela adição de componentes que aumentam a qualidade ambiental, seja pelo melhoramento de sub- sistemas, que servem para reduzir impactos negativos no ambiente, seja pela mudança do sistema, no qual há o redesenho para que sejam compatíveis com ecossistemas, ou seja, existe um interesse na mudança tecnológica, que busca desenvolver ações responsáveis e harmônicas com o meio ambiente. A dimensão dos usuários envolve os conceitos relacionados ao desenvolvimento e à aceitação, o primeiro é algo promovido ou motivado pelos usuários, já o segundo é mar- cado pela mudança de comportamento dos usuários em relação ao meio ambiente. A dimensão do produto e serviço apresenta uma nova lógica de negócio, abordando a mudança na forma de entrega e na percepção do relacionamento com os clientes. Também discute a mudança nos processos envolvidos na cadeia de valor e as possíveis relações que tornam possível a entrega do produto ou serviço. © D TC O M © : V ac la v Vo lr ab / / S hu tt er st oc k. Inovação168 A dimensão da governança se relaciona com as novas soluções organizacionais e ins- titucionais utilizadas para solucionar conflitos sobre recursos ambientais, que promovam o estímulo e a disseminação de ações ecoinovadora. Pausa para Refletir As quatro dimensões conseguem abranger todos os aspectos relevantes para a ecoinovação? Poderia existir mais alguma abordagem a ser desenvolvida? Por quê? 8.1.3. Design da Ecoinovação O design da ecoinovação segundo Bíscoli et al. (2016), aborda o processo de desen- volvimento do produto e, além de determinar custos e lucros, também gera oportunidades para atingir objetivos ambientais. O design não envolve somente a prevenção de fatores poluentes, produção limpa ou mesmo a ecoeficiência, que servem para reduzir impactos negativos ao meio ambiente. A ecoinovação vai além porque consegue maximizar os pos- síveis impactos socioambientais positivos por meio da integração dos fatores ambientais. Dessa forma, o design da ecoinovação, quando associado à natureza incremental ou radical de inovações, descreve três fases que não se excluem, mas se complementam. O pri- meiro estágio é responsável pela inclusão de componentes, cujo foco está no desenvolvi- mento de componentes adicionais ao meio ambiente, que são utilizados para a prevenção de danos ambientais, com poucas alterações no processo produtivo. As tecnologias que são utilizadas nessa fase são conhecidas como end-of-pipe (fim da chaminé), que são incluídas ao final do processo produtivo para que filtrem os poluentes. Portanto, elas não propõem gran- des saltos tecnológicos para eliminar a emissão de poluentes (BÍSCOLI et al., 2016). O segundo estágio busca a mudança no subsistema para incluir soluções ecoeficien- tes e a busca pela otimização dos subsistemas com o objetivo de ampliar a qualidade do desempenho ambiental por meio da redução dos impactos negativos, da eliminação de desperdício e da redução da poluição quando da criação de novos produtos ou serviços. O terceiro e último estágio descreve o redesenho do sistema na busca por soluções efetivas, que eliminem impactos negativos e aumentem os impactos positivos sobre o meio ambiente. Tais soluções são conhecidas como ecoefetividade e se baseiam nos con- ceitos utilizados para a ecologia industrial, que promove a integração de sistemas natu- rais comsistemas técnicos a partir de duas perspectivas: uma sendo de um sistema aberto e outra de sistema fechado. O sistema aberto é compreendido a partir da produção de 169Inovação resíduos de um sistema, que se torna o insumo de outro sistema produtivo, de forma que seja alcançada a biocompatibilidade entre sistemas de produção. E a segunda abordagem trata da perspectiva de um sistema fechado, no qual os resíduos produzidos são aproveita- dos pelo mesmo sistema produtivo. Com isso, quando chega ao final de sua vida útil, o pro- duto é reaproveitado no processo de produção. 8.1.4. Bússola da Ecoinovação O conceito de bússola da ecoinovação foi desenvolvido e utilizado por Claude Fussler e Peter James, no livro Driving Eco-Innovation: A breakthrough discipline for innovation and sustaintability. Nele, eles argumentam que a sustentabilidade é um desafio que as empre- sas precisam enfrentar para desenvolverem produtos ecoeficientes e ambientalmente sus- tentáveis. Para Fussler e James (1996), as empresas somente conseguirão atingir o sucesso quando forem capazes de atingir um momento de quebra de paradigmas. Tal momento será percebido como algo tão radical que será capaz de modificar o modo de produção de maneira eficiente, reduzindo impactos ambientais e entregando mais valor para o cliente. Fussler e James (1996) também argumentam que o crescimento das empresas no futuro deverá levar em consideração o uso apropriado de produtos e processos ecoeficien- tes. Para os autores, fatores como o uso adequado de materiais, energia, saúde, riscos ambientais, reutilização de materiais, conservação dos recursos e extensão dos serviços representam indicadores que mostram as dimensões necessárias para a produção de forma adequada ao uso de recursos e serão capazes de promover o tão esperado ponto de rup- tura, o qual emergirá como o fator determinante para o uso consciente de recursos. Júnior e Fornazier (2012) afirmam que atualmente existe uma nova onda de mudan- ças no comportamento das empresas com relação à questão ambiental, que acaba impactando todas as áreas, desde a produ- ção, passando pela administração, logística, terceirizados e chegando até os fornecedo- res. Segundo os autores, a internalização da questão ambiental nos processos deci- sórios leva à busca constante por inovação, e até certo momento, consegue promover a convivência pacífica entre atividades econômicas e preservação ambiental. © V ac la v Vo lr ab / / S hu tt er st oc k. Inovação170 O objetivo a partir dessa questão complexa, passa a ser como encontrar o ponto de equilíbrio entre fatores como a produção, distribuição e consumo, utilizando os recursos renováveis até o limite aceitável de sua capacidade de regeneração, assim como utilizando os recursos não-renováveis em conformidade com a capacidade de absorção do meio ambiente. Para Júnior e Fornazier (2012) é importante encontrar novas formas de promover a concorrência capitalista e os processos de inovação utilizando como ponto central a discus- são a respeito da efetiva questão ambiental. Para Reydon et al. (2007) a revisão dos pro- cessos produtivos das empresas, na busca pela redução dos impactos ambientais, pode promover novas oportunidades de negócio, seja pela redução de custos ou por ganhos de competitividade. O que os autores discutem é que os processos de inovação realizados no passado ser- vem como embasamento teórico para o surgimento de inovações no presente e no futuro, tendo como paradigma a constante preocupação com a redução dos impactos negativos ao meio ambiente. 8.2. Barreiras e condutores da ecoinovação A possibilidade de uso de novas tecnologias é um fator primordial para o crescimento das empresas e é uma forma de disseminar inovações para outros países, regiões, merca- dos ou empresas. Segundo Pinsky e Kruglianskas (2017), os aspectos relacionados à ecoi- novação e aos impactos econômicos promovidos pelas ações ecoeficientes, ainda são considerados deficientes devido às dificuldades de divulgação e à pequena porcentagem de adoção de tecnologias para setores críticos, que poderiam contribuir de maneira rele- vante para o desenvolvimento de soluções sustentáveis. Para Carrillo-Hernosilla et al. (2009), ecoinovação mantém relação direta com a cria- ção de modelos analíticos aplicados à inovação e à busca por soluções ambientais. O termo ecoinovação se relaciona com destaque também ao desenvolvimento de produtos e pro- cessos inovadores, os quais buscam reduzir os impactos ambientais das empresas. Dessa forma, as principais barreiras externas à ecoinovação estão relacionadas com a ausên- cia de infraestrutura, número inexpressivo de pessoas capacitadas e falhas ou ausência de legislações adequadas. Quanto às barreiras internas destacam-se os problemas nos arran- jos organizacionais, procedimentos rígidos, estrutura de comunicação formal, conservado- rismo, ausência de visão, resistência à mudança, entre outros. 171Inovação 8.2.1. Fatores externos às empresas São fatores externos que impactam no desenvolvimento e na adoção de ecoinova- ções: as políticas públicas, o contexto econômico, a ausência de informações, os forne- cedores, os consumidores, a concorrência, as entidades ambientais, a sociedade civil, os centros de pesquisa e as instituições financeiras. Todos estes representam importantes atores no processo de desenvolvimento de ações empresariais que buscam o diferencial competitivo por meio de ecoinovações. As políticas públicas representam um fator muito importante para a ecoinovação, pois podem atuar como grande incentivadora ou como uma barreira complexa de ser trans- posta. Para Pinsk e Kruglianskas (2017), as inovações são desenvolvidas com o intuito de antecipar futuras políticas ou como causa de políticas já existentes. Da mesma forma, o contexto econômico exerce influência direta na adoção de ecoinovações, pois o lado eco- nômico afeta diretamente os retornos dos investimentos, seja no médio ou no longo prazo. A falta de informações a respeito de ecoinovações, do seu verdadeiro custo e dos benefícios que podem ser obtidos, é uma limitação importante, pois as pequenas e médias empresas apresentam dificuldades no acesso às boas práticas de inovação. Esse problema se dá em virtude da limitação dos recursos tecnológicos, humanos e financeiros que dessas empresas. O acesso aos recursos de financiamento apresenta-se como uma variável fundamen- tal para o investimento em práticas de ecoinovação, sendo importante tanto para a aquisi- ção quanto para o desenvolvimento interno. Assim, na falta de políticas de financiamento, empréstimos e capital de risco, as empresas encontrarão barreiras para o seu desenvolvi- mento de mercado. Pausa para Refletir Quais fatores externos são mais impactantes para as empresas conseguirem se tornar ecoinovadoras? 8.2.2. Fatores internos às empresas Os fatores internos que afetam o desenvolvimento e a implantação de ecoinova- ções são caracterizados por condições internas das próprias organizações, que se mos- tram como impeditivos para as ecoinovações. Deste modo, características e condições das Inovação172 empresas, como a situação financeira, estão relacionadas com investimentos que não pro- duzem resultados em curtos espaços de tempo. A posição dentro da cadeia de valor influencia também na adoção de ecoinovações, pois empresas que ocupam uma posição final no processo produtivo estão mais propensas a sofrerem pressões externas dos consumidores quanto a responsabilidade ambiental. Já as empresas que estão localizadas em posições intermediárias sofrem pressões de outras empresas, principalmente daquelas que fazem uso de estratégias ambientais proativas e buscam reduzir os impactos causados ao meio ambiente pelos seus produtos. Outro fator interno que apresenta importantes considerações são aqueles que afe- tam as empresas vinculadas a grupos multinacionais.Essas empresas precisam seguir as instruções definidas por uma matriz, que pode ser tanto favorável à adoção de uma política ambiental proativa quanto neutra, e em casos atípicos, até realizarem ecodumping, ou seja, as multinacionais enviam tecnologias poluidoras para suas subsidiárias em países que apre- sentem menores padrões ambientais. Pausa para Refletir Para você, os fatores internos mostram-se tão impactantes para as empresas quanto os fato- res externos? Por quê? 8.2.3. Característica das tecnologias utilizadas Segundo Carillo-Hermosilla et al. (2009) a ecoinovaçãotem uma perspectiva ecoevo- lucionária, sendo que tal perspectiva geralmente é dependente da forma de governança institucional. Quando são observadas as formas utilizadas para a aprendizagem, entre as diferentes formas e dimensões, os autores citados acima descrevem que fatores como design, envolvimento de usuários, desenvolvimento de produtos, de serviços e interação entre instituições tornam-se requisitos essenciais para o desenvolvimento de ecoinovações. Estudos indicam que existem duas correntes de pensamento que abordam o processo de desenvolvimento de tecnologias. A primeira é formada por autores que entendem que a melhor alternativa seria a separação entre universidade e empresas devido aos conflitos de interesse que existem entre elas. A segunda corrente entende que existe uma convergência entre os objetivos e o relacionamento entre universidades e empresas. 173Inovação Diante das divergências de correntes de pensamento, Bíscoli et al. (2016) defini- ram por meio de pesquisas que existem dois modelos de inovação que as empresas e as universidades podem adotar: um modelo é entendido como um sistema fechado, que basicamente propõe um controle vertical das ações de inovação, e um modelo aberto, que é conceituado como open innovation (inovação aberta), que surgiu em função de fatores que serviram para desestimular o modelo fechado. No modelo de inovação aberta pro- posto por Chesbrough (2012a), a forma uti- lizada para expansão dos relacionamentos entre empresas se dá por meio de parcerias comerciais que visam o desenvolvimento de projetos de inovação e obtenção de conheci- mentos. Para Chesbrough (2012a), as empresas criam estruturas com o objetivo de criar fontes de inovação por meio do relacionamento institucional entre universidades e insti- tutos de pesquisa. Nesse modelo, consegue-se criar uma diversidade muito grande de fon- tes de informações que servem para integrar fornecedores, clientes, parceiros estratégicos, universidades, entre outros. Para Silva e Dacorso (2013), quando ocorre a união entre empresas e universidades por meio de um Sistema Nacional de Inovação (SNI) verifica-se que ocorre o aumento do número de restrições para o desenvolvimento de inovações devido aos interesses diver- gentes entre os envolvidos no processo de obtenção de conhecimento. Para os autores, quando se consegue ultrapassar tais dificuldades, os resultados obtidos mostram-se vanta- josos para todos os envolvidos, pois gera dividendos para as instituições. 8.2.4. Fatores do desenvolvimento e adoção de ecoinovação Compreender quais aspectos influenciam o desenvolvimento e a adoção de inova- ções ambientais pelas empresas é relevante para integrar as melhorias ambientais ao cres- cimento da produção por meio de ações de sustentabilidade. Fussler e James (1996) são reconhecidos por iniciar as discussões a respeito da ecoinovação. Segundo a definição des- tes autores, a criação de novos produtos e processos deve estar intimamente relacionada com a redução de impactos ambientais. © p at hd oc / / S hu tt er st oc k. Inovação174 Rabêlo et al. (2016) comentam que o conceito de ecoinovação se relaciona a proces- sos novos ou modificados, técnicas, práticas, sistemas ou produtos que são desenvolvidos para evitar ou reduzir danos ambientais. A análise do conceito descrito acima ainda acres- centa que, nas mudanças no portfólio de produtos ou processos de produção, que buscam as metas de sustentabilidade, como gestão de resíduos, ecoeficiência, redução de emis- sões, reciclagem ou qualquer outra ação desenvolvida pelas empresas, o foco é a busca pela redução de sua pegada ambiental. Os fatores que promovem o desenvolvimento de ecoinovações são baseados nos efei- tos produzidos independentemente da intenção inicial e incluem melhorias incrementais e radicais. Para Fussler e James (1996), quando uma ecoinovação consegue alcançar setores como produção, aplicação ou exploração de algum bem, serviços, processos produtivos, estrutura organizacional ou algum método de gestão de negócios que sejam novos para a empresa e que consigam reduzir os riscos ambientais, a poluição ou os impactos negativos de seu uso, então essa inovação conseguiu atingir elevado valor empresarial. 8.3. Estratégias competitivas e formulação de estratégias deliberadas e emergentes O termo estratégia competitiva, segundo Porter (1985), faz referência ao modo como as empresas decidem competir no mercado, diante das estratégias dos seus concorrentes, de modo a obter vantagens competitivas sustentáveis. A estratégia competitiva representa a busca das empresas por uma posição favorável em um mercado concorrencial. Tal estra- tégia pretende estabelecer lucros sustentáveis diante das forças que atuam no mercado. Para Menezes et al. (2017) estratégias ecoinovadoras competitivas devem se guiar a partir da percepção do direcionamento dos mercados. Tal conceito é amparado por ações de gestão ambiental, de prevenção da poluição e do desenvolvimento sustentável, que jun- tas devem ser divulgadas e incorporadas às estratégias de planejamento das organizações. Segundo Menezes et al. (2017) as estratégias competitivas, que precisam ser desen- volvidas pelas empresas, devem ser vistas como uma forma de geração de inovações e oportunidades, sejam elas a partir de um viés tecnológico, econômico ou competitivo. Para os autores, a formulação de estratégias emergentes devem ser estimuladas a partir de uma regulação ambiental, ou seja, tal regulamentação precisa orientar a forma como as empre- sas devem agir, mesmo em ambientes competitivos, por meio da melhoria da produtivi- dade e incentivo da competitividade. 175Inovação 8.3.1. Adoção de estratégias de ecoinovação nas empresas O mercado está exigindo cada vez mais mudanças e adaptações das empresas, os concorrentes estão mais eficientes e as empresas estão sofrendo concorrência de compe- tidores regionais e internacionais. Além desses fatores, a velocidade com que as mudanças estão acontecendo também influenciam no sucesso ou no fracasso das empresas. Diante de tal constatação, as estratégias emergentes contribuem de forma fundamental na adap- tação das empresas às mudanças. Quando Porter (1985) apresenta o conceito auxiliar de estratégias competitivas des- creve o papel das atividades que precisam ser realizadas, de forma diferente da concorrên- cia, para obter sucesso. Segundo o autor, existem três posicionamentos que definem uma posição estratégica para a empresa. O primeiro está relacionado com o posicionamento da empresa baseado na produção de uma variedade ou subconjunto de produtos ou serviços. O segundo posicionamento atende as necessidades de um grupo de clientes. O terceiro posicionamento se baseia no acesso, como exemplo, a localização geográfica da empresa. Para Porter (1985), definir somente uma posição não é o suficiente para garantir uma vantagem sustentável, pois ações que produzem valor atraem a atenção e a concorrên- cia tende a copiá-las. Ao diferenciar eficácia operacional de estratégia, consegue-se obter vantagem competitivas e a explicação é relativamente simples. É fácil copiar uma atividade individual, mas copiar todas as atividades e como elas se relacionam entre si é mais complexo. Pausa para Refletir Ao adotar estratégias de ecoinovação as empresasenfrentarão problemas de lucratividade? Por quê? © Im ag eF lo w / / S hu tt er st oc k. Inovação176 8.3.2. Estratégias competitivas A ecoinovação incentiva vários fatores internos e externos nas organizações, que devem incluir a regulamentação ambiental. Vale destacar que os regulamentos precisam guiar a empresa para o caminho da inovação nas áreas ambientais e as empresas precisam entender que esta pressão ajudará na melhoria da produtividade e, consequentemente, no aumento na competitividade. Os problemas relacionados ao meio ambiente devem ser entendidos pelas empre- sas como uma forma de aumentar o estímulo na produção de inovações e oportunidades nas áreas tecnológica, econômica e competitiva. Ou seja, o conhecimento e as atitudes em relação aos avanços tecnológicos e as preocupações com o meio ambiente precisam ser desenvolvidos através da regulamentação ambiental, mas com foco em estratégias com- petitivas (PORTER; LINDE, 1999). Assista O vídeo “Para entender a vantagem competitiva – Diego Barreto” (CASA DO SABER, 2017), que traz uma análise importante sobre o conceito de vantagem competitiva. Porter e Linde (1999) mencionam que em resposta às exigências da regulamentação ambiental as ações de inovação podem ter duas formas: uma procura o aumento do conhe- cimento das empresas a respeito da poluição; a outra aborda os impactos ambientais, pro- curando melhorar seu produto e os processos relacionados. Essa última é a maneira que os autores consideram como a estratégia competitiva obtida pela inovação e mostra-se fun- damental para que a regulamentação ambiental aumente a competitividade empresarial. 8.3.3. Estratégias deliberadas e emergentes O conceito de estratégia está relacionado com a ideia de antecipação de cenários e determinação de planos de ação. A ideia de estratégia deliberada está relacionada com a empresa antecipar acontecimentos ambientais e desenvolver planos de ação prévios que respondam a esses eventos, maximizando seus resultados. Dentro da lógica acadêmica, que procura criar um modelo sistematizado de obtenção de vantagem competitiva, tem-se como melhor exemplo o planejamento estratégico, que é visto como uma forma de entender o funcionamento do ambiente competitivo, seja por meio dos consumidores ou do monitoramento da concorrência. 177Inovação Estratégiapretendida Estratégias deliberadas Estratégias não realizadas Estratégias emergentes Estratégia realizada Fonte: MINTZBERG, 1994. (Adaptado). O termo estratégia emergente permite o contraponto com o conceito anterior, suge- rindo, principalmente, maior flexibilidade e autonomia nas ações. Assim, uma estratégia emergente é aquela que emerge da empresa como uma resposta a uma oportunidade que se apresenta no ambiente (MINTZBERG, 1994). O conceito surge a partir da dificuldade de antecipar com exatidão o comportamento dos agentes inseridos neste ambiente e a possí- vel resposta que essa mudança exige. 8.3.4. Estratégias de ecoinovação, proatividade e reatividade na gestão ambiental As empresas adotam estratégias diferentes para questões relacionadas ao meio ambiente que podem ser classificadas como reativas e proativas. Souza (2002) define estratégias reativas como os resultados obtidos através de ações para o cumprimento de leis e regulamentos, em outras palavras, são ações impostas pelas legislações ambientais. Tais estratégias exigem o cumprimento integral da legislação por meio do controle de poluentes, de investimentos em tecnologias corretivas, utilizadas para corrigir problemas encontrados ao final de um processo produtivo (end-of-pipe), por isso, essas estratégias não exigem das empresas desenvolvimento de competências ou habilidades para a produ- ção de tecnologias ou processos ambientais inovadores. © D TC O M Inovação178 Por outro lado, as estratégias proativas são aquelas ações voluntárias que buscam a redu- ção dos impactos ambientais produzidos pelas operações das organizações. Essas inovações podem ser consideradas estratégias ambientais para a prevenção da poluição, ou até mesmo de caráter voluntarista, que exige a aquisição e instalação de novas tecnologias e envolvem aprendizagem e o desenvolvimento de novas capacidades organizacionais competitivas. A partir de tal posicionamento estratégico, as empresas enxergam que essas ques- tões ambientais produzem ganho concorrencial, mas Sharma (2000) ressalta que, mesmo com evidências, as estratégias ambientais proativas precisam ser acompanhadas por melhores desempenhos financeiros. Portanto, são necessárias novas pesquisas que abor- dem a realização de ações ambientalmente corretas e consigam trazer resultados financei- ros para as empresas. 8.4. Estratégias de transição para a empresa sustentável De acordo com Tulder et al. (2014), um importante ponto de atenção nos processos de transição das empresas para se tornarem sustentáveis refere-se ao modo como as regras internas da empresa são percebidas e seguidas. Para os autores, a atenção dada às expec- tativas e às variações de percepções, ou seja, à diferença entre o que a empresa deseja e ao que ela efetiva produz com relação à ecoinovação, indica que a adoção de estratégias coe- rentes permite a obtenção de formas simples de transição para a sustentabilidade. Segundo Tulder et al. (2014), as empresas que estão enfrentando o desafio de se tor- narem sustentáveis estão inseridas em mercados que são baseados em aspectos sociais, e não somente econômicos. Segundo os autores, os valores investidos em recursos de ecoino- vação devem ser distribuídos ao longo da cadeia produtiva para garantir a estabilidade e a qualidade dos produtos, criando dessa forma um resultado econômico e social sustentável. O conceito de sustentabilidade é definido como o aumento das expectativas em fun- ção do desempenho social e ambiental. A proposta de criar um modelo de sustentabilidade global é entendida como a habilidade de atender as necessidades do presente sem com- prometer a habilidade das futuras gerações para satisfazerem suas necessidades. O quadro abaixo apresenta as características mais relevantes do tripé da sustentabilidade no con- texto das empresas. 179Inovação Tripé e contexto organizacional da sustentabilidade Tripé Contexto organizacional Dimensão Ambiental Proteção e preservação do ambiente, cuidados com os recursos renováveis, gestão de resíduos e gestão dos ris- cos e impactos. Meio ambiente Respeitar as limitações naturais, racionalizar recursos não renová- veis, otimizar o uso de recursos e manter a biodiversidade. Dimensão Econômica Resultados econômicos, direitos dos acionistas, com- petitividade e relação entre clientes e fornecedores. Economia Desenvolvimento econômico, segurança alimentar, moderniza- ção contínua e maximização da utilização dos recursos. Dimensão Social Direitos humanos/ trabalha- dores, envolvimento com a comunidade, transparência e postura ética. Sociedade Inclusão social, saúde e segu- rança, aspectos políticos, aspec- tos culturais e qualidade de vida. Fonte: SEVERO et al. 2006. O conceito de desenvolvimento sustentável apresenta-se como um processo para alcançar o desenvolvimento humano de maneira inclusiva, interligado com fatores ambien- tais, sendo acessado de forma igualitária, prudente e segura. Desse modo, uma empresa sustentável é aquela que consegue contribuir para o desenvolvimento, gerando, simulta- neamente, benefícios econômicos, sociais e ambientais, que são definidos como os três pilares do desenvolvimento sustentável. 8.4.1. Características e estratégias da empresa inativa As empresas que têm uma postura inativa são caracterizadas por entenderem que nada deve mudar. Essas empresas acreditam que qualquer intervenção trará riscos de danos e piora da situação. Elas adotam uma filosofia de gerenciamento conservadora, com obje- tivo de encontrar estabilidade e sobrevivência nomercado competidor. Elas não enxergam relevância em planejamento e nem inovações, principalmente inovações ambientais. As empresas inativas optam por estruturas hierarquizadas, com difícil acesso, para evitar a tomada de decisões. São produtoras de documentos, estatutos, promovem a cria- ção de comitês, conselhos, comissões, enfim, exercem suas atividades de modo que impe- çam a execução das ações. Utilizam como critério de definição de metas a análise de fatos Inovação180 e a maior preocupação dessas empresas não é deixar de fazer algo que efetivamente pre- cisa ser feito, mas sim fazer alguma coisa que não deveria ser feita. Essas empresas pra- ticam constantemente o gerenciamento de crises, ou seja, apenas reagem em situações críticas (MARQUES et al., 2016). 8.4.2. Características e estratégias da empresa reativa As empresas que com característica reativa geralmente estão insatisfeitas com seu estado atual, assim, resistem num primeiro momento, mas depois acabam reagindo à maior parte das mudanças. São empresas que dão preferência ao modo de trabalho antigo e familiar e evitam o novo e desconhecido. Desse modo, resolvem seus problemas vol- tando, ou tentando voltar a um estado anterior, no qual o problema ainda não existia. Essa característica de voltar ao passado descreve sua filosofia de gerenciamento como retrógrada e sua postura é direcionada para correções. Suas ações não encontram os aspec- tos desejados, pois procuram apenas corrigir o que não estaria de acordo com o deter- minado. Sua forma de gerir é baseada em intuição, experiência e senso comum, por esse motivo valorizam os funcionários mais velhos e experientes, encarregando-os das funções de responsabilidade. O único planejamento admitido é o controle financeiro, entendendo que ao administrar tal recurso administrarão toda organização (MARQUES et al., 2016). 8.4.3. Características e estratégias da empresa ativa As empresas com características e estratégias ativas acreditam que a todo momento ocorrem mudanças significativas, que representam tanto ameaças sérias, quanto ótimas oportunidades. De maneira geral, elas estão satisfeitas com a forma com que as ações ocorrem, mas mostram-se insatisfeitas com como as coisas efetivamente são. São empre- sas que adotam uma postura de previsão, para estarem preparadas para eventos futuros. Tal postura apresenta um caráter de otimização. Essas empresas buscam sempre as melhores soluções, seja por meio de desenvolvi- mento ou crescimento elas estão observando além da simples sobrevivência. Com o obje- tivo de evitar erros e não perder oportunidades, buscam entender e antecipar cenários, utilizando ferramentas e projeções. As empresas ativas realizam planejamentos que não envolvem o controle do futuro, pois sabem que devem apenas controlar os efeitos que o futuro causa nas organizações. A filosofia utilizada para o gerenciamento da postura ativa é liberal, e procura se adaptar ao sistema e não mudá-lo (MARQUES et al., 2016). 181Inovação 8.4.4. Características e estratégias da empresa proativa As empresas com uma postura proativa são marcadas pela constante insatisfação com o estado das coisas e com como elas são conduzidas. Por isso, essas empresas buscam fazer, e não esperar em relação ao futuro. Suas crenças envolvem a capacidade de influenciar, e quem sabe, até controlar o futuro, eliminando problemas e criando novas oportunidades. As empresas proativas sempre procuram realizar o melhor do que parece ser o ótimo no presente, e tem como pretensão realizar ações mais relevantes do que a simples sobre- vivência e crescimento. Elas desejam ampliar sua capacidade de gerenciar o próprio des- tino. Seus objetivos, e seus sistemas não são fixos, eles são criados de forma a serem repensados e modificados para ampliar sua capacidade de aprender e se moldar às situa- ções. As previsões do futuro e a experiência vivida não representam grande utilidade, e são constantemente substituídos pela criação do futuro e experimentação. Recapitulando O tema sustentabilidade, quando integrado à competitividade, sugere uma perspec- tiva de construção de vantagem competitiva em longo prazo, nas negociações comerciais. A ecoinovação, ou inovação sustentável como é definida pela OCDE (2005), foi motivada pela preocupação com fatores externos às empresas, como a diminuição dos impactos ambientais causados pelo modo de produção atual. Para compreender melhor o conceito, é preciso considerar que os recursos naturais eram concebidos como fonte para a compe- titividade entre as nações, e os pensadores da época tratavam esses recursos como sendo substituíveis, renováveis ou mesmo inesgotáveis. Quando as empresas adotam estratégias ecoinovadoras passam a enfrentar barrei- ras relacionadas com a ausência de infraestrutura, número inexpressivo de pessoas capa- citadas, falhas ou ausência de legislações adequadas e falta de profissionais qualificados. Quanto às barreiras internas destacam-se os problemas nos arranjos organizacionais, pro- cedimentos rígidos, estrutura de comunicação formal, conservadorismo, ausência de visão, resistência à mudança, entre outros. A estratégia de uma empresa precisa ser definida com olhos para o futuro, ou seja, deve-se ter perspectivas futuras que digam onde a empresa deseja ir, como desejaria che- gar e o que será preciso fazer para chegar. Uma empresa pode enfrentar dificuldades em relação a fatores internos para a busca de ecoinovações, pois precisa ter muito claro em sua estratégia que o fator custo gera impactos importantes na sua lucratividade, pois eles Inovação182 são gerenciados por meio de ações às vezes dispendiosas, e os concorrentes, quando não fazem uso desse mesmo expediente, usam essa diferenciação para se tornarem mais efi- cientes que as empresas ecoeficientes, e acabam obtendo maiores lucros. As empresas mostram-se ainda pouco convencidas a se tornarem ecoeficientes, mas observando o conceito de desenvolvimento sustentável, percebe-se que este processo serve para alcançar o desenvolvimento empresarial e humano de maneira inclusiva, igualitária, prudente e segura. Assim, uma empresa é sustentável quando consegue contribuir para o desenvolvimento, gerando simultaneamente benefícios econômicos, sociais e ambientais 183Inovação Referências BÍSCOLI, F. R. V.; SILVEIRA, A. D.; CARVALHO, A. de P.; PRATES, R.; CUNHA, S. K. Dimen- sões da Ecoinovação em Empresas Instaladas nos Parques Tecnológicos do Estado do Paraná. Revista Competitividade e Sustentabilidade, v. 3, n. 1, p. 72-99, 2016. Disponível em: <e-revista.unioeste.br/index.php/comsus/article/view/13704>. Acesso em: 30/08/2018. CARRILLO-HERMOSILLA, J.; GONZÁLEZ, P. del R.; KÖNNÖLÄ, T. Eco-innovation: when sustainability and competitiveness shake hands. [S.l.]: Palgrave Macmillan, 2009. Disponí- vel em: <www.palgrave.com/la/book/9780230202061>. Acesso em: 30/08/2018. CASA DO SABER. Para entender a vantagem competitiva – Diego Barreto. Youtube, 04 mai. 2017. Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=7FwKogLzJAc&feature=youtu.be>. Acesso em: 12/09/2018. CHESBROUGH, H. (2012a). Inovação aberta: como criar e lucrar com a tecnologia. (L. C. C. Q. Faria, Trad.). Porto Alegre: Bookman, 2003. FUSSLER, C.; JAMES, P. 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Inovação de produto (bem ou serviço) 1.2.2. Inovação de processo 1.2.3. Inovação de marketing 1.2.4. Inovação organizacional 1.3. Abrangência 1.3.1. Inovação para o mundo 1.3.2. Inovação para o mercado 1.3.3. Inovação intraempresarial 1.4. Intensidade 1.4.1. Inovação incremental 1.4.2. Inovação radical 1.4.3. Inovação disruptiva Proposta de Atividade Recapitulando Referências Capítulo 2 A inovação como estratégia de competitividade 2.1. Inovação como estratégia de competitividade e criação de qualidade 2.1.1. Relação entre inovação e competitividade 2.1.2. As estratégias de preço final e de qualidade 2.1.3. A importância da inovação 2.1.4. Desafios e oportunidades para o Brasil 2.2. Fatores que dificultam o processo de inovação 2.2.1. Fatores relativos ao custo 2.2.2. Fatores relativos aos conhecimentos 2.2.3. Fatores relativos ao mercado 2.2.4. Fatores relativos à resistência interna 2.3. Fatores que facilitam a inovação 2.3.1. Desenvolvimento industrial 2.3.2. Políticas de estímulo e financiamento à inovação 2.3.3. Leis de incentivos fiscais 2.3.4. Proteção do conhecimento (patentes) 2.4. Práticas de estímulo à Inovação 2.4.1. Estímulo à criatividade 2.4.2. Capacitação de Pessoas 2.4.3. Comunicação interna 2.4.4. Programas de reconhecimento e recompensa Proposta de Atividade Recapitulando Referências Capítulo 3 Gestão do processo de inovação Contextualizando o cenário 3.1. Levantamento de ideias 3.1.1. Objetivo do levantamento de ideias 3.1.2. Principais cuidados 3.1.3. Como operacionalizar o levantamento de ideias 3.1.4. Exemplos 3.2. Seleção de portfólio de projetos de inovação 3.2.1. Objetivo da seleção de projetos 3.2.2. Critérios para a seleção do portfólio de projetos 3.2.3. Exemplos 3.3. Elaboração e Gestão de Projetos 3.3.1. Definição e busca de recursos (Elaboração de projetos) 3.3.2. Implementação (Gestão de projetos) 3.3.3. Exemplos 3.4. Aprendizagem 3.4.1. Objetivo da aprendizagem 3.4.2. Lições aprendidas 3.4.3. Exemplos Proposta de Atividade Recapitulando Referências Capítulo 4 Estratégias e acesso à inovação em organizações empresariais Contextualizando o cenário 4.1. Estratégias de inovação 4.1.1. Ofensiva e Defensiva 4.1.2. Imitadora e Dependente 4.1.3. Oportunista e Tradicional 4.1.4. Exemplos e exercícios em casos reais 4.2. Formas de acesso 4.2.1. Construção de capacidades tecnológicas 4.2.2. Make – desenvolvimento próprio 4.2.3. Buy – compra ou importação de tecnologia 4.2.4. Partner – parcerias entre empresas 4.3. Critérios para escolha das formas de acesso 4.3.1. Grau de domínio 4.3.2. Nível de exclusividade 4.3.3. Risco, preço e tempo Proposta de Atividade Recapitulando Referências Capítulo 5 Indicadores empresariais de inovação e avaliação do processo de inovação Contextualizando o cenário 5.1. Esforços 5.1.1. Recursos financeiros investidos em atividades inovadoras 5.1.2. Recursos humanos em atividades inovadoras 5.1.3. Comparações internacionais 5.1.4. Indicadores de inovação 5.2. Processo 5.2.1. Etapas do processo de inovação 5.2.2. Controle e mensuração de atividades inovadoras 5.2.3. Programas de capacitação, reconhecimento e recompensa 5.3. Resultados 5.3.1. Faturamento advindo de produtos ou serviços novos 5.3.2. Patentes 5.3.3. Economia de custos a partir de inovação em processos 5.3.4. Indicadores estaduais Proposta de Atividade Recapitulando Referências Capítulo 6 Fontes para a implantação da inovação na empresa Contextualizando o cenário 6.1. Apoio financeiro 6.1.1. Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) Pausa para refletir 6.1.2. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) 6.1.3.Outras organizações de apoio financeiro 6.1.4. Incentivos fiscais à inovação 6.2. Apoio técnico-gerencial 6.2.1. Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC) 6.2.2. Universidades 6.2.3. SEBRAE 6.2.4. Outras organizações 6.3. Outras formas de apoio 6.3.1. Programa InovAtiva 6.3.2. Venture Capital 6.3.3. Apoio a Startups 6.3.4. Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII) 6.4. Organizações de apoio financeiro 6.4.1. Organizações estaduais de apoio financeiro 6.4.2. Organizações estaduais de apoio técnico-gerencial 6.4.3. Outras organizações e iniciativas estaduais 6.4.4. Leis estaduais e municipais de apoio à inovação Proposta de Atividade Recapitulando Referências Capítulo 7 Inovação e a transição para a sustentabilidade Contextualizando o cenário 7.1. Origem e conceitos 7.1.1. Origem do conceito de sustentabilidade de Donella Meadows 7.1.2. Conceito de desenvolvimento sustentável 7.1.3. Conceito de sustentabilidade de Sachs 7.1.4. Conceito de desenvolvimento sustentável da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) 7.2. A coevolução entre inovação e sustentabilidade 7.2.1. Inovação como mecanismo de desenvolvimento 7.2.2. Inovação como sistema 7.2.3. Inovação como processo evolucionista 7.2.4. Quando a inovação e a sustentabilidade coevoluem 7.3. Transição sociotécnica para a sustentabilidade 7.3.1. Conceito de transição sociotécnica 7.3.2. A perspectiva multinível 7.3.3. Níveis de análise da coevolução 7.3.4. As perspectivas multifases, multiatores e multidimensões 7.4. Transição para a sustentabilidade 7.4.1. Análise dos nichos de inovações sustentáveis: o papel dos atores 7.4.2. A mudança no regime sociotécnico 7.4.3. A mudança na paisagem 7.4.4. Regime sociotécnico na perspectiva da transição Proposta de Atividade Recapitulando Referências Capítulo 8 Estratégias de ecoinovação e competitividade empresarial Contextualizando o cenário 8.1. Conceito e classificação de ecoinovações 8.1.1. Sustentabilidade e competitividade 8.1.2. Conceito e dimensões da ecoinovação 8.1.3. Design da Ecoinovação 8.1.4. Bússola da Ecoinovação 8.2. Barreiras e condutores da ecoinovação 8.2.1. Fatores externos às empresas 8.2.2. Fatores internos às empresas 8.2.3. Característica das tecnologias utilizadas 8.2.4. Fatores do desenvolvimento e adoção de ecoinovação 8.3. Estratégias competitivas e formulação de estratégias deliberadas e emergentes 8.3.1. Adoção de estratégias de ecoinovação nas empresas 8.3.2. Estratégias competitivas 8.3.3. Estratégias deliberadas e emergentes 8.3.4. Estratégias de ecoinovação, proatividade e reatividade na gestão ambiental 8.4. Estratégias de transição para a empresa sustentável 8.4.1. Características e estratégias da empresa inativa 8.4.2. Características e estratégias da empresa reativa 8.4.3. Características e estratégias da empresa ativa 8.4.4. Características e estratégias da empresa proativa Recapitulando Referências _44sinio _5cs0x7ushbtq _1y810tw _4i7ojhp _we8p1lps2pf8 _1ci93xb _GoBack _3whwml4 _qsh70q _147n2zr _GoBack _Hlk516725974 _4d34og8 _Hlk516731370 _qsh70q _3as4poj _Hlk518920821 _Hlk517303049 _GoBack _GoBack _GoBack __DdeLink__5223_1094118291