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Tópicos Avançados em Economia Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Andreia Marques Duarte Revisão Textual: Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento Economia e Inovação • Economia e Inovação; • A Inovação Tecnológica; • A Gestão da Inovação; • Inovação e Empreendedorismo. · Apresentar o conceito de Economia e Inovação; · Demonstrar as transformações históricas que ocorreram no pensa- mento econômico e na economia que culminaram em Inovações Tecnológicas tal como conhecemos; · Abordar exemplos recentes de inovações, as novas técnicas e métodos de organização nas empresas voltadas para a Gestão da Inovação; · Analisar o papel da Inovação e do Empreendedorismo no desenvol- vimento de novos modelos de negócios, bem como as características de um empreendedor de sucesso. OBJETIVO DE APRENDIZADO Economia e Inovação Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Economia e Inovação Economia e Inovação O progresso tecnológico é tema recorrente na teoria econômica desde as obras clássicas de Adam Smith, David Ricardo e Karl Marx. Em seu livro, A Riqueza das Nações (1776), Smith destacou o exemplo da produção de alfinetes para mostrar como a mudança na organização do processo de fabricação, a divisão social do trabalho e a especialização dos trabalhadores em tarefas simples e repetitivas aumentavam a produtividade do trabalho. Ricardo em Princípios de Economia Política e Tributação (1817) admitiu que a melhoria tecnológica gerava redução dos custos de produção, queda nos preços dos produtos e aumento da renda real da economia aumentando consequentemente a demanda. Já Marx, em O Capital (1867-94), explorou na mesma linha a importância do progresso tecnológico para a expansão do capitalismo ao analisar a evolução do artesanato, da manufatura e da revolução industrial. O tema passou, contudo, para segundo plano a partir da revolução marginalista (1871) na teoria econômica. A escola neoclássica privilegiou, a princípio, a for- mulação de modelos econômicos com foco em variáveis representadas matemati- camente como o preço, a quantidade e a disponibilidade de fatores de produção (capital e trabalho), abstraindo as instituições sociais dos modelos e reduzindo o progresso tecnológico apenas ao coeficiente técnico de uma função de produção. Na visão neoclássica, o progresso tecnológico representa apenas uma variável es- tática à disposição das ‘firmas’ no mercado. Portanto, para eles o progresso tecno- lógico é apenas uma atividade de alocação ótima de recursos. Firmas: são os agentes racionais otimizadores dotados de postura previsível com o objetivo de maximizar seu lucro, mais conhecidos hoje como ‘empresas’.Ex pl or Somente com Joseph Schumpeter1 o progresso tecnológico voltou a ser estu- dado como elemento fundamental de desenvolvimento nas economias capitalistas. ‘Inovação’ foi a palavra atribuída por Schumpeter para descrever uma série de no- vidades recém-introduzidas no sistema econômico para criar e desenvolver novos produtos, produzir de forma mais eficiente e ainda acessar novos mercados. Para Schumpeter, a própria dinâmica capitalista promove um permanente estado de inovação, descontinuidade, mudança, substituição de produtos e criação de novos hábitos de consumo. Em Teoria do Desenvolvimento Econômico (1911), Schumpeter apresentou a distinção entre a inovação e a invenção. Para ele, a invenção é a criação de um novo produto que pode ou não ser comercializado, ou seja, a invenção só se torna 1 Joseph Schumpeter (1883 - 1950) foi um economista e cientista político austríaco, considerado um dos mais importantes economistas da primeira metade do século XX e um dos primeiros a considerar as inovações tecnológicas como motor do desenvolvimento capitalista. Foi responsável por ter “projetado um raio de sol no mundo hermético e estático da teoria neoclássica” possibilitando o estudo de fenômenos que, embora existentes no mundo real, como o desenvolvimento, os ciclos de crescimento e as crises econômicas, eram praticamente ignorados pela escola de pensamento neoclássica. 8 9 uma inovação quando transformada em uma mercadoria que possa ser explorada economicamente. Já a inovação pode ser entendida como a alteração no produto final a partir do emprego de novas ideias que acompanha o ‘processo inventivo’ na economia, mais bem descrita como sinônimo de progresso técnico ou tecnológico. Essa concepção remete à ideia de “destruição criativa” que Schumpeter cunhou em sua obra Capitalismo, Socialismo e Democracia (1942), onde as inovações gerariam descontinuidades nos produtos ou nas formas de produzir e levaria à destruição da velha tecnologia. A destruição criativa é, portanto, responsável pelo crescimento econômico de um país e a inovação acompanhada pelo progresso tecnológico é crucial para o entendimento do processo competitivo enraizado no sistema capitalista. Importante! Destruição criativa ou destruição criadora está na essência da dinâmica do capitalismo quando novas tecnologias surgem acompanhadas do aumento da produtividade em que há uma dinâmica incessante na qual o antigo é substituído pelo novo. Você Sabia? A inovação nasce assim da diferenciação e desencadeia um distanciamento da concorrência para aqueles que a adotam. Parece bastante óbvio que, na atual com- petição dos mercados, quem não for capaz de se reinventar, de mudar mais rápido que o contexto e de encontrar novos recursos antes dos existentes acabarem, ficará obsoleto. Um inovador é aquele que vive e respira “fora da caixa”. Não se trata apenas de boas ideias, mas de uma combinação de boas ideias. Identificar, avaliar e refinar uma ideia, transformando-a em um conceito de negócio, gerenciando a criatividade e transformando as ideias em inovação. Hoje a inovação é um desafio de alta complexidade para as empresas que se veem forçadas a se adaptar cada vez mais rápido para atender as exigências dos consumidores por novidades e para obter um diferencial competitivo frente ao mercado. Sob o guarda-chuva da inovação estariam todas as ‘coisas novas’ nas áreas da ciência, da tecnologia e da arte. Bons exemplos de produtos em constante inovação são: o telefone celular,a câmera digital, o computador pessoal, os instru- mentos musicais, os carros. Já para serviços, é inovador o atendimento bancário através dos caixas eletrônicos, o serviço de vendas online e o sistema de logística reversa para coleta de embalagens. Importante! O Bradesco inovou colocando a mesa do gerente na frente das agências. O Habib’s inovou ao vender pratos da culinária árabe a preços menores, atraindo clientes de baixo poder aquisitivo. A Apple criou o I-Pod, que proporcionou aos usuários de música uma experiência inovadora. A Dell revolucionou o negócio de computação com a venda direta aos clientes. A Starbucks, com sua forma inovadora de fazer café. O site Amazon, com as vendas online. Esses são alguns dos exemplos de inovações de sucesso! Você Sabia? 9 UNIDADE Economia e Inovação Na era da globalização em que as fronteiras são reduzidas, as inovações impactam tanto os processos nas empresas, os produtos e serviços comercializados, quanto às pessoas e as nações. Em todo o globo, empresas nascem, prosperam e morrem todos os dias. “Assim, a empresa só tem um caminho a seguir: ser diferente para ser competitiva” (CARREIRO, 2013). Vivencia-se, então, um ambiente externo de ‘hipercompetitividade’ com o lançamento a todo instante de produtos inovadores, criação de parcerias e tudo mais que represente ganhos de eficiência, redução de custos e atendimento das necessidades dos consumidores e clientes. Quais são as inovações introduzidas pelas novas tecnologias na industria fonográfica? O disco de vinil, fita cassete, DVD, MP3, Spotify etc. O criativo que toda empresa quer precisa de tempo para pensar. Saiba mais em: https://goo.gl/NvWVhE.Ex pl or Importante! • A palavra Inovação é derivada do termo latino Innovatio, que significa criar algo novo, e se refere a uma ideia, método ou objeto que é criado e que pouco se parece com os padrões anteriores. • A palavra inovação é mais usada no contexto da exploração econômica de ideias e invenções, sendo que inovação é a invenção que consegue chegar ao mercado. • Inovar é a capacidade de revolucionar um produto ou processo, por mais simples que seja a ideia, e é diferente de renovar que é melhorar algo já existente. • Pode significar também mudar para melhor, dar um aspecto novo, adaptar a novas condições, aprimorar algo que está superado ou que é considerado obsoleto. • Inovação é um processo que inclui atividades técnicas de concepção, desenvolvimento e gestão que resulta na comercialização de novos produtos e novos processos. • Inovação pode ser também definida como fazer mais com menos recursos, ou seja, permitir a eficiência dos processos, produção, administração e prestação de serviços. • A inovação requer uma ruptura que permita reconfigurar o conhecimento. Pressupõe uma ruptura ou transformação na forma de produzir e compreender as coisas. • Inovação é um processo criativo, transformador, que promove ruptura paradigmática, impactando positivamente a qualidade de vida e o desenvolvimento humano. • A inovação potencializa a competitividade e pode ser considerada um fator funda- mental para o crescimento econômico. Em Síntese 10 11 A Inovação Tecnológica As inovações são caracterizadas por alterações significativas nas características dos produtos e pode tanto ser aplicado em produtos totalmente novos como no aperfeiçoamento de produtos e serviços já existentes. O processo de inovação inclui, contudo, um conjunto de procedimentos e tecnologias que compõem um sistema produtivo e econômico altamente eficaz, intensivo em conhecimento, empreendedorismo e criatividade. Conhecimento Criatividade Empreendedorismo Figura 1 Fonte: FREITAS FILHO, 2013 Existem duas razões básicas para se inovar as razões tecnológicas e as razões econômicas. As razões tecnológicas envolvem o desenvolvimento de novos pro- dutos, a melhoria dos processos existentes, a adaptação das tecnologias existen- tes as necessidades da empresa e a melhoria do desempenho dos procedimentos existentes. As razões econômicas envolvem a substituição dos produtos obsoletos, a abertura de novos mercados, a redução dos custos de produção, a melhoria das condições de trabalho e o aumento da produtividade. A inovação foi assim estendi- da para toda a cadeia produtiva como uma necessidade de agilizar processos e criar soluções para os clientes. (CARRETEIRO, 2013) 11 UNIDADE Economia e Inovação A Inovação Tecnológica é considerada o conjunto organizado dos conhecimentos científicos e empíricos empregados na produção e na comercialização dos bens e dos serviços. Uma inovação tecnológica pode aumentar as vendas, melhorar a qualidade dos produtos ou processos, reduzir estoques, possibilitar entregas mais rápidas e au- mentar a produtividade da mão de obra. Uma inovação tecnológica, se amplamente utilizada, pode elevar o padrão de vida da sociedade, seja pela maior produção com o uso de menos recursos, seja pela produção de mercadorias de melhor qualidade. A demanda da sociedade exerce influência determinante sobre a atividade inovadora, uma vez que os avanços científicos permitem inovações no sistema econômico e as próprias necessidades sociais direcionam os esforços inventivos. A própria dinâmica do desenvolvimento econômico baseada no processo de acumulação de capital provocou as mudanças necessárias na estrutura produtiva da economia para a introdução da inovação tecnológica. A inovação tecnológica assumiu, assim, papel primordial na determinação da alocação dos fatores de produção, na capacidade de centralização e concentração do capital, atuando na difusão do crescimento econômico, gerando eficiência e diferenciação dos produtos de acordo com o progresso tecnológico dos agentes envolvidos. Durante mais de 6 mil anos, a tecnologia agrária foi o grande paradigma tecnológico da humanidade. A substituição da mão de obra humana pela máquina a partir da Revolução Industrial produziu uma ruptura no processo de geração de riqueza, resultando no aumento da produtividade e no aumento da taxa de crescimento das economias. Esse deslocamento do crescimento da riqueza acelerou-se, na medida em que novas tecnologias foram sendo adotadas notadamente após a Segunda Guerra Mundial, até a atual onda tecnológica de revolução digital considerada como a Quarta Revolução Industrial que assistimos hoje. Veja o vídeo no link: https://youtu.be/0SYlggPuOM8 Ex pl or Figura 2 Fonte: institutomillenium.org.br A importância desse tema é resultado da globalização, do aumento da comple- xidade das relações de negócios e do aumento no ritmo das mudanças. As inova- ções tecnológicas, contudo, só ganham relevância do ponto de vista econômico, 12 13 quando são difundidas, ou seja, quando são amplamente empregadas em determi- nada economia. A difusão envolve não apenas a imitação, mas o aprendizado, o aperfeiçoamento e a realização de inovações complementares à inovação original. Está relacionada aos atributos da própria inovação. A inovação tecnológica oferece vantagem relativa para competir ou substituir as tecnologias existentes por meio de dois importantes componentes: o desempenho e o preço. “Ambos tendem a mudar ao longo do ciclo de vida da tecnologia, com o desempenho aumentando e o preço diminuindo”. (MATOS, 2013) A inovação tecnológica é provavelmente o mais importante fator para o au- mento da competitividade global de uma empresa. A capacidade de inovação tecnológica é colocada como uma questão de sobrevivência para as organiza- ções. Dessa maneira, é possível dizer que a inovação tecnológica deve criar al- gum tipo de vantagem competitiva ao aumentar o valor dos produtos e serviços para os clientes ou reduzir seus custos de produção. O binômio inovação tec- nológica e competitividade ganhou importância estratégica nas empresas para ampliar a participação no mercado nacional ou internacional, redefinindo-se os fatores determinantes da competitividade e fazendo sucumbir asempresas incapazes de se adaptar ao novo contexto. A questão da inovação está sempre presente nas análises econômicas com foco no padrão de política industrial, tendo em vista conduzir as empresas a uma cons- tante reestruturação competitiva interna e internacionalmente. Inovações que são compatíveis com os valores e as normas do segmento de mercado a que se dirigem têm melhor chance de sucesso. Também têm chance melhor de sucesso as ino- vações ligadas a outras já bem aceitas pelo mercado. “A introdução da inovação tecnológica pelas empresas está sujeita aos objetivos próprios de desenvolvimento, aos recursos de que dispõem, à natureza do mercado em que operam, ao conheci- mento das opções tecnológicas disponíveis e à situação político-econômica do país em que são sediadas”. (MATOS, 2013) [...] O avanço tecnológico é a principal força motriz dos países desenvolvidos e industriali- zados no aumento da produtividade e nos ganhos fi nanceiros de suas organizações. Países como Coréia do Sul, Taiwan, Cingapura, China e Índia transformaram-se em economias in- fl uentes e modernas, com um conjunto impressionante de complexos industriais, fabricando produtos de ponta e competindo com países tradicionalmente avançados e desenvolvidos. E como isso foi conseguido? A resposta está na educação, no domínio de novas tecnologias e no aprendizado tecnológico, em paralelo ao desenvolvimento de um espírito empreendedor e competente na administração de riscos e incertezas [...]. (CARRETEIRO, 2013) Ex pl or Importante! As novas tecnologias, introduzidas crescentemente nas últimas décadas nas sociedades desenvolvidas e que recentemente vêm se ampliando para os paí ses em desenvolvi- mento, referem-se principalmente à microeletrônica, à informática, à biotecnologia e à tecnologia de materiais. (MATOS, 2013) Você Sabia? 13 UNIDADE Economia e Inovação A Gestão da Inovação As inovações não são fruto de geração espontânea, nem criada no vácuo: são antes de tudo resultado de intenções deliberadas e geradas num am- biente propício, num terreno fértil onde as ideias prosperam. (SCHERER, CARLOMAGNO, 2016) A inovação tecnológica seja de produtos, processos, experiências de consumo, serviços, negócios ou organizacionais demanda a administração de múltiplos fa- tores que vão desde a valorização das pessoas ao empenho de vultosos recursos em pesquisa e desenvolvimento nas empresas, o que chamamos de Gestão da Inovação. A gestão da inovação valoriza as pessoas, os conhecimentos, as ideias e a contribuição oferecida pela criatividade e iniciativa do ser humano para obtenção dos resultados desejados. É representada pela mudança no ambiente de negócios, por meio de estruturas organizacionais orgânicas e flexíveis, com poucos níveis hie- rárquicos e aptas a se adequar às mudanças com agilidade. Depende da construção de novos valores e atitudes, demanda constância, resiliência e persistência. [...] Uma empresa inovadora encoraja seus membros a operar com auto- nomia, recompensa as pessoas por suas ideias, valoriza os talentos indivi- duais, demonstra resiliência face aos obstáculos, prospera em ambientes turbulentos e em situações ambíguas e reforça um ambiente de valoriza- ção das pessoas. (SCHERER, CARLOMAGNO, 2016) Em se tratando de Gestão da Inovação, o primeiro passo consiste na Idealização do projeto, ou seja, na captação de ideias que surgem tanto dentro quanto fora da empresa. As ideias são a principal matéria prima para a inovação, logo, são bastan- te estimuladas quando associadas a criatividade, o conhecimento e o empreendedo- rismo. O segundo passo é a Conceituação gerada de uma ideia que precisa ser de- senvolvida para poder se transformar em uma inovação. Normalmente, a inovação resulta em algo muito diferente da ideia original, por isso, o conceito de inovação deve ser muito bem definido de modo que fique claro o que pode ou não ser con- siderado uma inovação. O terceiro passo é chamado de Experimentação, ou seja, depois de feito o refinamento do conceito, é a fase destinada a prover o ‘feedback’ sobre a aplicação dessas novas ideias antes mesmo que seja implementada. E por último, a Implementação em que as ideias de potencial inovador que foram geradas, refinadas e experimentadas são colocadas em prática em larga escala. 14 15 Figura 3 Fonte: FREITAS FILHO (2013) O objetivo final de uma empresa inovadora é ter um retorno acima da média, ou seja, apresentar bons resultados. Quando se implementa um programa de inova- ção em uma empresa, o resultado normalmente não aparece no curto prazo, além de que é importante avaliar também se o resultado da empresa é fruto dessa inova- ção ou não, ou seja, avaliar qual a contribuição dos produtos e serviços inovadores para o faturamento total da empresa. É necessário também a realização anterior de um projeto piloto da ideia inovadora em menor escala, objetivando a redução dos custos e a sanar as incertezas que existem. É uma espécie de tentativa e erro importante para aprovação das novas ideias e técnicas. O planejamento estratégico é o início da implementação de um sistema de Ges- tão da Inovação e consiste basicamente em quatro etapas. O diagnóstico, quan- do se avalia a capacidade de inovar da empresa tanto em relação aos recursos humanos, infraestrutura, inteligência competitiva, desenvolvimento de produtos e desempenho da inovação. A determinação dos investimentos em tecnologia que devem ser feitos e quais as estratégias de implantação de novas tecnologias podem melhorar os níveis de custo e qualidade. A definição dos indicadores de monitoramento e controle com os quais se avaliam se a integração dos sistemas de tecnologias da empresa está sendo utilizados de forma eficaz. E a definição de metas quantitativas e qualitativas a fim de avaliar o retorno do investimento em inovação e se a estratégia adotada atende aos objetivos da organização e pode ser desenvolvida e implementada pela alta direção. 15 UNIDADE Economia e Inovação A alta direção precisa ter em mente que uma empresa inovadora deve possuir uma estrutura organizacional mais plana, com poucos níveis hierárquicos, que fa- voreça a comunicação e as trocas e possibilite a continuidade das mudanças, a fle- xibilidade e descentralização das decisões. Para tanto, é necessário criar condições para as coisas acontecerem, configurar e adaptar às inovações ao novo ambiente e definir uma estratégia de trabalho. Cabe também à alta direção a definição do or- çamento da inovação para posterior alocação. O grande desafio está em configurar um ambiente organizacional que possibilite a repetição da inovação a partir de um processo contínuo, estruturado e gerenciável. Segundo Scherer e Carlomagno (2016), muitas empresas possuem planejamento estratégico, mas não possuem exatamente uma estratégia. A estratégia é muito mais do que um simples plano, é um processo continuado de decisões, um fio condutor das ações com uma definição clara da direção que quer seguir. É necessário sempre alinhar a estratégia do negócio com a estratégia da inovação em si para otimizar os resultados. A definição de como a empresa pretende usar a inovação como ins- trumento estratégico e estabelecer um direcionamento coerente é o início de tudo. Outra característica das empresas de alto potencial inovador é a adoção de objetivos e metas para reduzir o impacto da alta incerteza. O estabelecimento de metas e ex- pectativas de resultado vão oferecer parâmetros adequados às atividades inovadoras. Ainda, segundo Scherer e Carlomagno (2016), uma cultura de inovação bem- -sucedida demanda lideranças comprometidas com a inovação. Quando se fala em liderança, em geral, se está referindo à alta administração. Ela é a responsável pelo planejamento estratégico da empresa e por estipular a distribuição dos recursos e estabelecer as regras de competição e crescimento da empresa. A alta administração deve estar comprometida com a inovação e transformar a inovação em prioridadena prática. “O desafio da inovação é fazer com que todos os líderes sejam facilitadores do fluxo de ideias e do conhecimento, transformadores da realidade da empresa”. Ferramentas importantes para a definição do planejamento estratégico: • Business Case: Uma forma profissional de justificar um investimento e aprovar um projeto que agrega valor para a empresa. O business case é uma ferramenta bastante adequada para a gestão, captação de recursos e sustentação de oportunidades conhe- cidas. O business case, contudo, não tem sido eficiente em condições de alta incerteza. • Learning Plan: Para organizar a busca de informações. Escolher os métodos de coleta. Priorizar os temas mais prementes e estratégicos. Testar as premissas. Executar pilotos. Desenvolver protótipos. Buscar validação com consumidores e usuários. Aprender com baixo custo, o mais rápido possível e antes de comprometer recursos significativos. É importante elaborar, executar e aprender com um learning plan antes de comprome- ter grandes somas de recursos. • Captura de Insights: Para gerar novas ideias, conceber novos modelos de negócio, aprender sobre o potencial de inovação mais rápido e com custo mais baixo. Bastante utilizada para auxiliar na tomada de decisão estratégica e na resolução de problemas. Ex pl or 16 17 Ferramentas de Geração de Ideias • Brainstorming: é uma ferramenta na qual, com tema e tempo determinados, um grupo selecionado é estimulado a propor, sem filtro, novas ideias. Pode também ser utilizada sempre que um grupo precise considerar alternativas variadas e incomuns. • Scamper: é uma técnica que utiliza uma lista de ações a ser aplicada sobre uma ideia base para gerar novas ideias. • Crowdsourcing: funciona a partir da solicitação de ideias ou conteúdos para um grupo variado de pessoas, normalmente on-line, de fora da empresa. • Design thinking: é um conjunto de métodos e processos para abordar pro- blemas, a partir da vivência do contexto e entendimento do aspecto humano envolvido, seguido da geração e prototipação de ideias para resolvê-lo. Ferramentas de Desenvolvimento de Ideias • Cocriação: é uma forma de inovação que acontece quando fornecedores, cola- boradores e clientes colaboram com a empresa recebendo em troca os benefí- cios de sua contribuição, sejam eles através do acesso a produtos customizados ou da promoção de suas ideias. • Lean startup: é um conjunto de processos usados para desenvolver produ- tos e mercados que defende a criação de protótipos rápidos, projetados para validar suposições de mercado, e usar feedback dos clientes para melhoria das ideias. • Business model canvas: é uma ferramenta que traduz a forma da organiza- ção criar e capturar valor e permite desenvolver e esboçar diferentes modelos de negócio novos ou existentes para as ideias geradas. • Discovery driven planning: é uma técnica de planejamento para lidar com a incerteza de forma eficiente que organiza um roteiro de incertezas a serem testadas e procede alocação gradativa dos recursos financeiros de acordo com os milestones de aprendizado. • Inovação aberta: é um conceito no qual as organizações podem e devem usar ideias internas e externas às suas, assim como caminhos internos e externos para o mercado. Inovação e Empreendedorismo Inovações vê m de mentes. Por mais colaborativo e coletivo que seja um processo de inovaç ã o, ele passa pelo plano individual, envolve uma mente, esta máquina de razão e emoção que todos nós temos para processar informações. Inovar requer intelecto e atitude, inteligência e motivação. Ideias inovadoras são nada mais que o 17 UNIDADE Economia e Inovação resultado do funcionamento perfeito de nossas mentes. São exemplos do melhor que podemos fazer. Inovação e Empreendedorismo, porém, não são apenas resulta- dos de uma ideia ou mente brilhante. A ideia inicial pode até exigir um grande salto criativo, porém, boa parte do restante do processo envolve exercícios de identifi- cação e solução de problemas, cada um deles exigindo também potencial criativo. A criatividade é a criação e a comunicação de novas conexões importantes que nos permitem pensar em muitas possibilidades, experimentar de forma variada e utilizar diferentes pontos de vista. Nos permite pensar em possibilidades novas e incomuns e nos leva a gerar e selecionar alternativas. A criatividade, na maior parte das empresas, é essencialmente centrada na escolha individual entre a rotina e a novidade. Está baseada na crença de que uma pessoa é capaz de produzir resultados criativos produtivos e na confiança de se adotar perspectivas não-conformistas, que possibilitem assumir riscos e agir de maneira independente da aprovação social. É igualmente importante o conceito de liberdade cedido ao empreendedor que pode ser definida como a independência de comportamento exercida por pessoas em uma organização. Em um ambiente dotado de muita liber- dade, permite-se que as pessoas tenham autonomia para definir boa parte daquilo que realizam. Elas são capazes de exercer escolhas em suas ativida- des diárias. Têm a iniciativa para adquirir e compartilhar informação, fazer planos e tomar decisões sobre suas tarefas. Se não há liberdade suficiente, as pessoas demonstram pouca iniciativa para sugerir novas e melhores for- mas de fazer as coisas. (BESSANT &TIDD, 2009) A habilidade de gerar novas ideias, o desenvolvimento de comportamentos, competências de descoberta e execução são as principais características que dis- tinguem o empreendedor inovador. As competências de descoberta cumprem, por exemplo, um papel importante nas fases iniciais do processo de inovação, o que chamamos de “front end”. Outra importante característica para um empreendedor inovador é aprender a lidar com pessoas de diferentes gerações, áreas de formação e atuação que possam trazer novas ideias e perspectivas, construir experimentos, conectar as diferentes perspectivas, problemas e ideias, gerando uma solução que ainda não havia sido pensada ou proposta. As competências observadas em um empreendedor inovador são: – Capaci- dade de Análise: para organizar e coletar dados concretos e tomar as decisões corretas. – Capacidade de Planejamento: ligada com a capacidade de estabelecer planos e metas para se chegar ao objetivo esperado. – Orientação aos detalhes: para garantir que os pequenos detalhes aconteçam conforme planejado. E o mais importante a – Autodisciplina: para superar os obstáculos, manter o cronograma definido e garantir os resultados dos projetos. A prática constante dessas habilida- des aumenta a capacidade do empreendedor em gerar novas ideias e executá-las. O papel do empreendedor baseia-se em uma “combinação rara de habilidade, experiência, aptidão, discernimento e circunstancias”. O empreendedor tem a ca- pacidade rara de sintetizar conhecimento científico e discernimento de mercado, o que aumenta com o capital social do empreendedor – ou seja, as conexões, 18 19 parcerias e outras interações em rede” (BRESSANT & TIDD, 2009). Fatores pes- soais, como a personalidade, a capacidade de liderar e motivar esforços bem como a experiência tornaram-se, assim, mais importantes que as características de pro- duto e de mercado e até mesmo que as considerações financeiras. O desenvolvimento da lâ mpada elé trica, dos blocos de notas amarelas do tipo Post-it, da 3M, ou de qualquer inovaç ã o bem-sucedida é , na rea- lidade, uma histó ria sobre a combinaç ã o de esforç os criativos de muitos indiví duos. (BESSANT, TIDD, 2009) Para Schumpeter, o empresário ou empreendedor inovador é o responsável pela idealização e identificação de novos produtos voltados para o mercado e é responsável pela combinação eficiente dos fatores de produção tipificando as combinações inovadoras nos seguintes casos: I. Introdução de um novo bem; II. Introdução de um novo método de produção, baseado numa descoberta cientifi camente inovadora; III. Abertura de um novo mercado; IV. Conquista de umanova fonte de matérias-primas; V. Estabelecimento de um novo modo de organização de qualquer indústria (criação ou fragmentação de uma posição de monopólio, por exemplo). Independente do porte da empresa, o empreendedor e agente de inovação possuem um “animal spirit”, ou espirito selvagem, capaz de criar novos produtos e tornar acessíveis para a sociedade de forma a melhorar as condições materiais de vida. O “animal spirit” pressupõe ação e persistência, exige a tomada de difíceis decisões pessoais e investimento financeiro para o empreendimento. Credibilidade é uma outra importante característica que define um empreendedor, haja visto, o relacionamento estreito com patrocinadores e financiadores. Muitas empresas inovadoras, normalmente, centralizam as atividades de ino- vação na área de P&D - Pesquisa e Desenvolvimento, designando um responsá- vel pela condução das atividades. Boa parte das inovações decorrem, assim, das descobertas, avanços científicos e investimentos vultosos nessa área, que precede o lançamento de novos produtos e serviços. Ou seja, a definição da estratégia de inovação das empresas ocorre a partir da identificação da oportunidade e da com- petição fundamentada em vantagens desenvolvidas nesses centros de pesquisa. Dessa forma, os investimentos em P&D passaram a fazer parte da agenda dos em- presários e a ter papel estratégico no compartilhamento dos avanços tecnológicos. 1. Quais sã o as principais semelhanças, diferenças e relações entre empreendedoris- mo e inovaç ã o? 2. Quais sã o as infl uê ncias relevantes das caracterí sticas de um indiví duo e de seu cená rio ou contexto sobre o empreendedorismo? 3. Quais fatores contribuem para o desenvolvimento de um ambiente criativo e ino- vador e quais fatores o impedem? 19 UNIDADE Economia e Inovação Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Economia da Inovação Tecnológica PELAEZ, Vitor & Szmrecsányi, Tamas. Economia da Inovação Tecnológica. Editora Hucitec. São Paulo. 2006. Gestão da inovação: conceitos, métricas e experiências de empresas no Brasil FIGUEIREDO, Paulo N. Gestão da inovação: conceitos, métricas e experiências de empresas no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015. Gestão da Inovação Tecnológica REIS, Dalcio Roberto. Gestão da Inovação Tecnológica. 2. Ed. Barueri. Editora Manole. 2008. Gestão da tecnologia e inovação: uma abordagem prática MATOS, João L. R. Gestão da tecnologia e inovação: uma abordagem prática. 2. Ed. São Paulo. Editora Saraiva. 2013. 20 21 Referências BESSANT, John & TIDD, Joe. Inovaç ã o e empreendedorismo [recurso eletrô ni- co]– Porto Alegre: Bookman, 2009. CARRETEIRO, Ronald. Inovação Tecnológica – como garantir a modernidade do negócio. Editora LTC. 2013. FREITAS FILHO, Fernando Luiz. Gestão da Inovaç ã o: Teoria e prá tica para implantação. Sã o Paulo. Atlas, 2013. RICARDO, David. (1817). Princípios de Economia Política e Tributação. São Paulo: Abril, 1985 (Coleção Os Economistas). SCHERER Felipe Ost. & CARLOMAGNO, Maximiliano Selistre. Gestão da ino- vação na prática: como aplicar conceitos e ferramentas para alavancar a inova- ção. 2. ed. – São Paulo: Atlas, 2016. SCHUMPETER, J. (1912). A teoria do desenvolvimento econômico. São Paulo: Abril, 1985 (Coleção Os Economistas). SCHUMPETER, J. (1942). Capitalismo, Socialismo e Democracia. São Paulo: Abril, 1985 (Coleção Os Economistas). SMITH, A (1776). A riqueza das nações: investigação sobre sua natureza e suas causas. São Paulo: Abril Cultural, 1983. (Coleção Os Economistas). 21
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