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1 INSTITUTO FEDERAL DO NORTE DE MINAS GERAIS – CAMPUS SALINAS LICENCIATURA EM QUÍMICA AMANDA NEVES DE SOUZA FABIANE C. MAGALHÃES XAVIER KATHERINI PILAR FREITAS SANTOS PRÁTICA 6- ADSORÇÃO: EXCESSO DE SUPERFÍCIE SALINAS MINAS GERAIS - BRASIL 2017 2 AMANDA NEVES DE SOUZA FABIANE C. MAGALHÃES XAVIER KATHERINI PILAR FREITAS SANTOS PRÁTICA 6- ADSORÇÃO: EXCESSO DE SUPERFÍCIE Trabalho apresentado ao IFNMG – Campus Salinas, como parte da avaliação da disciplina de Laboratório de Físico Química II pela Prof.ª Aline Nogueira. SALINAS MINAS GERAIS - BRASIL 2017 3 SUMÁRIO RESUMO ..................................................................................................................... i 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 5 2. OBJETIVO .............................................................................................................. 6 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 6 4. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 11 5. ANEXOS ............................................................................................................... 12 5.1 Figura 1: Tipos de isotermas de adsorção. .......................................................... 12 6. REFERÊNCIAS .................................................................................................... 13 4 RESUMO A adsorção é um processo de separação, que normalmente acontece pela presença de um sólido chamado de adsorvente. Esse adsorvente possui poros em sua superfície capazes de reter impurezas, líquidos e soluções contaminadas. Um exemplo de adsorvente usado em escala industrial é o carvão ativado. Sua estrutura é composta por átomos de carbono, oxigênio e hidrogênio, sendo que a substância em contato com a superfície do adsorvente pode ser adsorvida pelo processo químico ou físico. Dentro dessa perspectiva, nesta prática determinou-se a adsorção do ácido acético em diferentes concentrações, por uma massa específica de 5 gramas de carvão ativado. E para avaliar a capacidade máxima de adsorvato na superfície utilizou-se o modelo de isoterma Freundlich. Além de determinar as constantes k e n, obtendo respectivos valores de -2, 20 mg.g-1 e -2,7. PALAVRAS- CHAVE: adsorção; adorvato; modelo de Freundlich. i 5 1. INTRODUÇÃO Quando compostos que possuem a mesma polaridade são misturados, começam a existir interações intermoleculares no solvente fazendo com que ocorra variação na sua tensão superficial. Isso é explicado pela maior concentração de soluto na interface da solução do que em seu interior, gerando a atividade do soluto e consequentemente a variação na tensão superficial. Dessa forma, o que ocorre é a adsorção na interface (SHAW, 1975). Quando tem-se mais de uma fase, podendo ser líquido/gás e sólido/gás, em suas interfases, à concentração de gases ou outras substâncias em solução, em suas superfícies; esse fenômeno é chamado de adsorção. A adsorção é um método de separação em que moléculas de um fluído aderem na superfície de um sólido. Nesse processo, as moléculas do soluto acumulam na superfície do adsorvente, diminuindo-se a concentração do soluto na fase líquida e aumentando sua concentração no sólido (adsorvente), até que se alcance um equilíbrio (CASTELLAN, 1996). Um exemplo de adsorvente, bastante utilizado é o carvão ativado. Este material carbonáceo é de origem vegetal, isto é, produzido pela carbonização de madeira. Além disso, pode ser gerado também, por meio de matérias orgânicas tratadas quimicamente, como bagaço de cana-de-açúcar, casca de arroz, entre outros (MANGUEIRA, 2014). O carvão ativado é um composto de carbono tratado para aumentar suas propriedades de adsorção. Nesse composto, está presente milhares de poros capazes de reter seletivamente impurezas, gases e soluções. Por isso funciona como uma adsorvente. A superfície de um carvão não é unicamente responsável pelo maior êxito da adsorção, mas a quantidade e tamanho dos poros. Pois são eles que permitem acesso das moléculas para o interior da sua superfície (MANGUEIRA, 2014). A propriedade adsorvente desse material pode ser química ou física. Quimicamente a adsorção do carvão ativado ocorre por ligações químicas, principalmente covalentes, pois como existem milhares de poros as ligações são fáceis de ocorrer. Fisicamente a adsorção acontece por meio das interações de Van der Waals, como a força dipolo induzido e a dipolo permanente. Para medir a adsorção de um composto, experimentalmente, é necessário ter a massa específica de carvão ativado. Esse carvão é colocado em contato com soluções de compostos em diferentes concentrações, e água, ambos em diferentes volumes. Quando ambos entrarem em equilíbrio, com agitação constante concomitante com a cronometragem do tempo, o carvão é filtrado, e o líquido obtido é utilizado para analisar o grau de adsorção daquele composto. 6 A conexão entre as quantidades de adsorvato (substância adsorvida) e a concentração da solução em equilíbrio com sua respectiva temperatura, é chamada de isoterma de adsorção. Como a adsorção, no geral, é um processo exotérmico o aumento da temperatura diminui a quantidade de adsorvato na superfície. As isotermas de adsorção que apresentam forma assintótica podem ser descritas pela equação matemática de Freundlich (SILVA, 2010), 𝑥 𝑚 = 𝐾𝐶 1 𝑛 O 𝑥 𝑚 é a razão entre a massa de substância adsorvida pela massa de adsorvente; c é a concentração em equilíbrio e K e n representam constantes do adsorvente e soluto, a uma dada temperatura (SILVA, 2010). Nessa prática estudaram-se a adsorção do ácido acético em soluções aquosas pelo carvão ativado. Os dados coletados foram tratados por meio de cálculos matemáticos, gráfico da isoterma de Freundlich e tabelas. 2. OBJETIVO - Estudar a adsorção do ácido acético, existente em soluções aquosas, pelo carvão em função da concentração do ácido na solução e determinar as constantes de adsorção da isoterma de Freundlich. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES A partir dos dados coletados, trataram-se com os cálculos exemplificados abaixo: - Volume de ácido acético = 50,00 cm3 e Volume de água = 0,00 cm3 - Número de mols: 0,4 𝑚𝑜𝑙 − 1 𝐿 𝑛 − 0,05 𝐿 𝑛 = 0,02 𝑚𝑜𝑙 - Massa inicial da primeira amostra (frasco 1): 60 𝑔 − 1 𝑚𝑜𝑙 𝑚1 − 0,02 𝑚𝑜𝑙 𝑚1 = 1,2 𝑔 7 - A partir da massa calculam-se as concentrações iniciais e finais para todas as soluções de ácido acético. 𝐶𝑖 = 𝑚 𝑉 𝐶𝑖 = 1,2 𝑔 0,05 𝐿 𝐶𝑖 = 24 𝑔/𝐿 O volume final usado no cálculo abaixo, foi obtido através de uma soma com o volume inicial e o encontrado após a titulação com hidróxido de sódio. Utilizaram-se duas concentrações diferentes para o hidróxido de sódio, sendo 0,05 mol/L e 0,025 mol/L nos respectivos frascos de 1 à 4 e 5 à 6. 𝐶𝑓 = 𝑚 𝑉 𝐶𝑓 = 1,2 𝑔 0,0669 𝐿 𝐶𝑖 = 17,93 𝑔/𝐿 - Calcula-se a massa de ácido acético adsorvida: 17,93 𝑔 − 1 𝐿 𝑚𝑓 − 0,05 𝐿 𝑚𝑓 = 0,3035 𝑔 𝑚𝑖 + 𝑚𝑓 = 𝑚𝑎𝑑 𝑚𝑎𝑑𝑠𝑜𝑟𝑣𝑖𝑑𝑜 = 0,3035 𝑔 - Logo após encontra-se a razão entre a quantidade da massa do adsorvido e a massa do adsorvente: 𝑥 𝑚 0,3035 𝑔 5,004 𝑔 0,0606 - Calculam-se os logarítmos neperianos: ln 𝑥 𝑚 = −2,8034 ln 𝐶𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 2,8864 8 Todosos dados adquiridos das 6 amostras, através dos cálculos, foram inseridos na Tabela 1. Tabela 1: Dados experimentais, concentração de ácido acético e adsorvido sobre carbono Frasco Concentrações de ácido acético/ g L-1 x/m Ln (x/m) Ln Cfinal Cinicial Cfinal 1 24,00 17,93 0,0606 -2,8034 2,8864 2 16,80 09,19 0,0759 -2,5783 2,2181 3 12,00 07,49 0,0450 -3,1010 2,0135 4 07,20 05,50 0,0169 -4,0804 1,7047 5 04,80 03,63 0,0116 -4,4567 1,2892 6 03,84 02,95 0,0088 -4,7330 1,0818 Ao relacionar a coluna de concentração inicial com a de concentração final, é notório que, após o processo de agitação por 10 minutos, houve uma diminuição da concentração. Este fato, está relacionado a adsorção do ácido acético (adsorvato) pelo adsorvente (carvão ativado). Notou-se, que nos resultados adquiridos a quantidade de concentrações iniciais das soluções influenciam nas velocidades e quantidades de substâncias adsorvidas. Quando há inicialmente um adsorvato com baixa concentração, as moléculas ocupam rapidamente os sítios disponíveis no adsorvente. Já na presença de um adsorvato concentrado, as moléculas tem dificuldades para ocupar e/ou depositar na superfície. Caso aconteça alguma adsorção, será necessário um rearranjo do substrato para que os poros e superfícies, possam receber mais moléculas, o que ocasiona uma competição pelos sítios ativos (SILVA, 2010). Em determinado tempo de contato entre adsorvato e adsorvente, os sítios disponíveis começaram a cessar o processo de adsorção, bem como a difusão das moléculas da solução. Isso significa que o adsorvente atingiu sua capacidade máxima de adsorção, isto é, entraram em equilíbrio (SILVA, 2010). Essa capacidade máxima adsorvida é visualizada pelas isotermas. Um modelo que melhor se adequa aos resultados e condições desenvolvidas nesta prática é a isoterma de Freundlich. As isotermas de adsorção podem ser expressas pela relação da quantidade da substância adsorvida por quantidade de adsorvente (Qe) em função da concentração do adsorvato (Ce) sob temperatura constante. A figura 1 (em anexo), representa algumas formas tradicionais das isotermas. Através desses conceitos e dos dados coletados, elaborou-se o gráfico exposto abaixo, em que está representado o Qe em função da Ce. 9 Gráfico 1: Curva de adsorção Ao comparar o gráfico 1, nota-se que a curva experimental, assemelha- se à curva designada como “muito favorável” da figura 1. Este fato, pode estar relacionado com a capacidade adsortiva do carvão utilizado, bem como a afinidade do ácido acético com a superfície e sítios específicos do mesmo. Assim, considera-se que a adsorção do ácido acético ao carvão é um processo espontâneo e eficaz, capaz de eliminar até o odor da água existente na solução. A peculiaridade citada acima, deve- se também a sua característica apolar, isto é, hidrofóbico do carvão. Embora, o ácido acético seja polar, sua estrutura tem a presença de um grupo alquila e um grupo carboxila de forma que o grupo alquila está apontado perpendicularmente à superfície do adsorvente apolar e o grupo carboxila em direção à solução. No entanto, o gráfico 2, não confirma este comportamento, o que sugere a necessidade de outros estudos acerca da prática e os processos desenvolvidos nela. 0,0606 0,0759 0,045 0,0169 0,0116 0,0088 0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,1 17,93 9,19 7,49 5,5 3,63 2,95 x /m Concentraçãofinal (g/L) 10 Gráfico 2: Isoterma de Freundlich O gráfico 2, foi construído de acordo com o modelo de Freundlich, e apresentou um valor para a constante K de -2, 20 mg.g-1 que corresponde ao coeficiente linear da reta. Enquanto, a constante adimensional, n, obteve um valor de -2,7 que condiz com o coeficiente angular da reta. O valor de K indica a capacidade de adsorção do carvão, já o n refere- se a intensidade de adsorção do adsorvente/ adsorvato. Os valores de n entre a faixa de 1 à 10 constituem-se favoráveis em relação a essa intensidade. Dessa forma, o valor de n encontrado por meio do experimento, indicou que não houve tanta intensidade na adsorção do ácido acético, já que n < 1. É possível perceber também a eficiência parcial do carvão pela análise nas massas de adsorção, uma vez que seus valores foram muito pequenos. Além disso, o indicador da eficiência de adsorção do carvão ativado (K), exibiu um estima negativa. Isso comprova, que em contato com o ácido acético, nesta prática, o carvão ativado não adsorveu significativamente o adsorvato. Esses resultados, podem ser justificados, pela presença de erros significativos. Tais como: o uso da água de torneira; falhas na pesagem do carvão; agitação por tempo insuficiente; os sítios do carvão podem ter sido ocupados por substâncias presente na água, por serem mais compatíveis com a superfície; e valores analisados não foram calculados pelo desvio padrão (SANTOS; SEVERO-JÚNIOR, 2016). -2,5783 -2,8034 -3,101 -4,0804 -4,4567 -4,733 y = -0,3462x + 3,0775 R² = 0,971 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 2,2181 2,8864 2,0135 1,7047 1,2892 1,0818 L n ( x /m ) Ln Cfinal 11 4. CONCLUSÕES O carvão ativado utilizado apresentou uma eficiência parcial na adsorção, uma vez que alguns resultados foram compatíveis com a literatura, no que refere a diminuição da concentração da solução após a adição do adsorvente. Constando que houve uma adsorção, diminuição da difusão, competições de sítios específicos, ao qual resultou em um equilíbrio. Porém, os resultados obtidos pelas isotermas de Freundlich não demonstraram essa eficiência do método. As constantes K e n, apresentaram valores -2, 20 mg.g-1 e -2,7, que significam uma falta de intensidade da adsorção na superfície do carvão. Dessa forma, o carvão ativado pode ser considerado como um adsorvente capaz em adsorver ácidos carboxílicos em solução aquosa, mas os procedimentos usados nesta prática e os erros obtidos devem ser levados em consideração. Isto é, sugerem uma melhora na coleta de dados e de novos estudos sobre processos mais eficientes. 12 5. ANEXO 5.1 Figura 1: Tipos de isotermas de adsorção. Fonte: (SILVA, 2015). 13 6. REFERÊNCIAS CASTELLAN, G. W. Fundamentos de Físico-Química. Rio de Janeiro: LTC, 2011. MANGUEIRA, E. S. V. Produção de carvão ativado a partir de endocarpo de coco da baía (Cocos nucifera) aplicado ao processo de adsorção do herbicida metribuzin, 2014. 103 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Urbana e Ambiental) – Centro de Tecnologia da Universidade Federal da Paraíba, 2014. SANTOS, R.L; SEVERO JÚNIOR, J. B. Caracterização de erros experimentais em processos de adsorção. Revista Interdisciplinar de Pesquisa e Inovação. Sergipe, v.2, n.2, 2016. SILVA, A. S. Avaliação da capacidade de remoção de saxitoxinas por diferentes tipos de carvão ativado em pó produzidos no Brasil. 2005. 115 f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos) - Faculdade de Tecnologia, Universidade de Brasília, Brasília, 2005. SILVA, A. H. Estudos de adsorção de ácidos orgânicos visando sua recuperação de meios fermentados. 134 f. Dissertação de Mestrado - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Química, Campinas, SP: [s.n.], 2010. SHAWN, D.J. Introdução à química dos colóides e de superfícies. São Paulo, Edgard Blücher, Ed da Universidade de São Paulo, 1975.
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