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Revista de Jovens e Adultos da Convenção Batista Fluminense Revista evangélica trimestral da Convenção Batista Fluminense. O intuito desta revista é servir de material de edu- cação cristã acerca do que é ensinado na Palavra de Deus, pela leitura e interpretação dos escritores des- tas lições. Esta revista não é um manual para a vida cristã, mas um material de auxílio educacional. Antes de tudo leia a Bíblia, que é a Palavra de Deus. Publicada pela Convenção Batista Fluminense, pro- duzida pelo Departamento de Educação Cristã, jun- tamente com o Departamento de Comunicação. (21) 9 9600-6132 | contato@batistafluminense.org.br Rodovia BR-101, KM 267 - Praça Cruzeiro, Rio Bonito/RJ (CEP 28.800-000) Sumário 9 Primeiras Palavras 18 Palavra do Redator 21 Apresentação A Biografia de Jesus25 Lição 1 Palavras Marcantes35 Lição 2 As Leis do Reino44 Lição 3 Histórias Inesquecíveis53 Lição 4 Vede Que Vos Tenho Predito62 Lição 5 Sinais e Maravilhas71 Lição 6 Autoridade Sobre as Forças do Mal80 Lição 7 A Cura de Toda Dor88 Lição 8 A Natureza Lhe Obedece98 Lição 9 O Legado de Cristo106 Lição 10 Novas de Grande Alegria114 Lição 11 A Maior Prova de Amor121 Lição 12 A Grande Vitória133 Lição 13 145 Ficha Técnica 4 20 23 Epístola aos Romanos Pr. Danilo Azevedo Aguiar 1° Trimestre 2023 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas Pr. Alonso Colares 2° Trimestre 2023 1 e 2 Epístola aos Coríntios Pr. Valtair Miranda 3° Trimestre 2023 Josué, Juízes e Ruth Pr. Fabio Martins 4° Trimestre 2023 O que estamos preparando para as próximas edições https://open.spotify.com/show/2NUITJISzYYlzBtWajkruV?si=YDz-1MiyQX6zcDwAJN4IZQ&dl_branch=1 https://www.youtube.com/tvbatista https://play.google.com/store/apps/details?id=com.shoutcast.stm.app0002ca1c9104bfe574734c494dbe8a2e Pr. Amilton Ribeiro Vargas Diretor Executivo da CBF Membro da PIB Universitária do Brasil A prosperidade que Deus deseja para você Quando pensamos em prosperidade geralmente a pensamos apenas no aspecto material (econô- mico-financeiro) e não poucas vezes esquecemos das coisas imateriais (emocionais e espirituais), as quais, embora o dinheiro não possa comprar, são as mais essencialmente humanas, pois trazem sen- timento de realização e bem-estar mais duradouro e permanente. Meu desejo é que estas palavras sejam estímulo para grandes vitórias para sua vida e de todos que você ama. Eu sei que Deus guarda experiências muito boas para seu futuro. Não fosse assim, Paulo 9 Primeiras Palavras não teria dito em I Coríntios 2,9: “mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.” Costumo dizer que muitos não prosperam por não saberem diferenciar desejos de necessidades. Se os bens materiais e o dinheiro não forem bem administrados, embora não seja esta área a essen- cial, isso pode tirar o sono e trazer turbulências até em nossa vida espiritual, mas essa questão pode ser resolvida também pelo Senhor, que pode operar milagres nas coisas de que necessitamos e não te- mos condições para resolver com nossos próprios recursos, especialmente se não forem resultantes de nossas escolhas. A grande maioria das pessoas tem feito escolhas equivocadas, por exemplo: gasta seus recursos com desejos, não se importando com nada mais no momento, a não ser com a satisfação, sequer chegando a pensar nas consequências. Por essa razão, 78% dos brasileiros estão endividados (julho 2022), sendo que 28,7% destes estão com o nome negativado no SPC/SERASA. Será que a maioria foi por gastar com necessidade? Isso tem solução! 10 Precisamos aprender a fazer diferença entre de- sejo e necessidade. Quando ficamos preocupados em satisfazer os desejos sem que Deus nos conceda isso, deixamos de lado o compromisso do Senhor, nosso Deus Maravilhoso que se compromete a su- prir nossas necessidades. Veja essa linda promes- sa: “O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus.” (Filipenses 4:19) Quando as coisas estão fora de controle é impor- tante perguntar: Nossas escolhas têm sido orien- tadas pelo Senhor, ou somos do tipo que pedimos e não recebemos? Como diz a palavra de Deus, em Tiago 4:3, “pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres.” Há muitos anos fiz um curso sobre liberdade fi- nanceira e a primeira coisa que nos foi ensinado é que existe uma sequência que precisa ser segui- da rigorosamente: Primeiro precisamos aprender a ganhar dinheiro; segundo precisamos aprender a poupar e terceiro precisamos aprender a gastar. É nessa hora que precisamos fazer pelo menos três perguntas: Eu preciso comprar isso? Eu pre- ciso agora? Eu tenho dinheiro para pagar sem fa- 11 zer dívida e sem prejudicar meus projetos de longo prazo? Estes geralmente são os mais importantes. (se você perguntar ao Dr. Google ou Youtube, talvez eles lhe ofereçam mais perguntas e vídeos muito interessantes). Entretanto, o conselho da palavra ainda é o me- lhor, pois só Deus pode desembaraçar nosso ca- minho quando as coisas parecem não ter solução, conforme a palavra nos ensina: “Deus é a minha fortaleza e a minha força, e ele perfeitamente desembaraça o meu caminho” (II Samuel 22:33). Com Deus você não apenas aprende, mas adquire sabedoria para não cair em armadilhas do inimigo, bem como recebe o poder para superar a si mes- mo e vencer tentações e compulsividades. Quando você tem compromisso com Deus, Ele tem compromisso com o suprimento de suas neces- sidades, O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus. (Filipenses 4:19). No entanto, não podemos esquecer o passado de eventuais equí- vocos, pois muitas vezes as pessoas levam anos fazendo tudo errado e querem que Deus resolva aquilo que é consequência... “Tudo que o homem 12 plantar, isso também colherá” (Gálatas 6:7). Em qualquer circunstância Deus demonstra seu amor para conosco e nos dá promessa de solução, mas é preciso ter prazer em Deus e nas coisas es- pirituais, como diz o salmista: “Deleita-te também no Senhor, e te concederá os desejos do teu cora- ção. Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele o fará.” (Salmos 37:4-5.) Então, “Entrega o teu caminho ao Senhor” Creia em Jesus de todo o coração e Ele o abençoará cada vez mais! Como é bom ter prazer no Senhor! 13 https://batistafluminense.org.br/plano-cooperativo https://colegiobatistafluminense.com.br/ https://www.missoesestaduais.com.br/ Pr. Samuel Pinheiro Diretor do Departamento de Educação Cristã da CBF e Coordenador Acadêmico da FABERJ Palavra do Redator “Louvarei o nome de Deus com cânticos e proclamarei sua gran- deza com ações de gra- ças” (Salmos 69:30). Grande é a nossa grati- dão por esta edição, a última de 2022. É com ale- gria e júbilo que apresentamos a revista Palavra de Vida para o 4º trimestre deste ano. Primeiramente, somos gratos a toda equipe e pessoas que, des- de sua constituição, tem colaborado para que este feito seja possível. Especialmente, agradeço ao Pr. Alonso por ter trabalhado com tanto afinco e des- treza, sendo uma inspiração, apoio e suporte nesta primeira edição em que trabalho. Também agradecemos imensamente aos pasto- res da Primeira Igreja Batista em Alcântara. Foi um privilégio ler em primeira mão palavras tão revigo- rantes e elucidativas a respeito de nosso Senhor e Salvador. Que nosso Deus e Pai derrame das mais lindas e ricas bênçãos sobre a vida de cada um. O tema de nossa revista neste trimestre é Jesus Cristo: vida e obra. A cada lição, teremos contato 18 com textos bíblicos que comprovam a identidade de nosso Mestre e Senhor: Verbo que se fez car- ne, Segunda Pessoa da Trindade, Homem e Divino, Servo Sofredor, Salvador Ressurreto. Ao lermos as lições, a cada semana, nossas orações enquanto equipe de produção de nossa revista, é que cada irmãoe cada irmã seja visitado e visitada pela po- derosa presença de nosso Senhor, tendo seus co- rações elevados à devoção, temor e adoração ao único que é digno de nosso Louvor. Os amados irmãos poderão constatar algumas mudanças e diferenças entre esta e edições ante- riores. Isso se deve a medidas de usabilidade de nossa revista, pensando em como cada leitor pode- rá usufruir do melhor que temos a oferecer. Cremos que fazemos sempre o nosso melhor, pois sempre o fazemos como para Deus. Sendo assim, nosso coração tem a expectativa de que seja um trimes- tre abençoador. Finalmente, com alegria demonstramos nossa gratidão à equipe de revisores da FABERJ, assim como o trabalho de nossas educadoras cristãs na elaboração dos recursos didáticos. Ainda, agra- decemos o empenho e trabalho que o Pr. Rodrigo Zambrotti e toda a sua equipe têm realizado na dia- gramação e produção final de nossa revista. Que o Senhor nosso Deus esteja com cada um de nós! 19 João 8:32 Pôncio Pilatos ao inquirir o Senhor Jesus lhe per- guntou: “O que é a verdade”? Não sabia o governa- dor romano que a personificação da Verdade estava em pé diante dele naquele momento. Vivemos atual- mente na chamada era da informação, e aquilo que deveria ser motivo de satisfação e avanço tem se tor- nado causa de imensa preocupação. O acesso irres- trito e ilimitado a toda e qualquer informação acer- ca dos mais variados assuntos de todas as partes do mundo tem sido causa de grande confusão nes- se primeiro quarto do século XXI. Somos solapados constantemente por todo tipo de inverdades, ou seja, “verdades de conveniência” que tão somente visam atender aos interesses daqueles que as propagam. Faz-se necessário portanto, mais do que nunca, reafir- marmos nossas convicções e mantermos fincadas as estacas de nossa fé no solo firme e seguro da Palavra de Deus. As Escrituras Sagradas tem como ápice a revelação da pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é a verdade essencial no qual baseamos toda nossa fé e esperança a despeito das circunstâncias “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” 21 Apresentação que nos afetam neste presente tempo. Sendo assim, caminharemos ao longo deste trimestre através de lições que irão convidar o leitor a explorar a biografia do Mestre. Serão abordadas as mais diversas face- tas de seu ministério terreno, desde o anúncio de seu nascimento até a notícia mais fantástica da história humana: a ressurreição de Cristo. Contudo, as lições estão ordenadas por temas e não cronologicamente, proporcionando aos estudantes uma abordagem te- ológica diferenciada sobre a pessoa de Jesus Cristo. Esperamos suscitar nos corações um desejo profundo de conhecer ainda mais a verdade a respeito do Deus que se fez homem a fim de resgatar a humanidade do “reino das trevas para a sua maravilhosa luz”, Aquele que encantou a todos com suas palavras e milagres e também contrariou a muitos com suas verdades cor- tantes e confrontadoras. O Filho do Homem fez muita diferença nos mundos físico e espiritual; neste, sal- vando almas e, naquele, operando milagres. O Cristo que entregou a sua vida na cruz do calvário, decretou a grande e definitiva vitória sobre a morte e o inferno. Que as verdades eternas a respeito do nosso gran- de Mestre inundem o seu coração e alimente a sua alma. Desejamos a todos um ótimo trimestre de estudos! 22 Com muita satisfação e honra as lições des- te último trimestre foram escritas pela equi- pe pastoral da Primeira Igreja Batista em Alcântara: Pr. Elierme Mantaia - Casado com Georgina Oliveira Mantaia, pai de Elierme Mantaia Jr e Juliana de Oliveira Mantaia - Lições 02 e 03. Pr. Leandro da Costa Carvalho - Casado com a Dra Renata Santos de Moura Carvalho - Lições 07 e 09. Pr. Lucas do Amaral Silva - Noivo da irmã Thamara Ayres - Lições 04 e 11. Pr. André Luiz Cotrim de Alencar - Casado com Valéria Lima Pinheiro Cotrim, pai de Isaque Pinheiro Cotrim de Alencar- Lições 05 e 06. Pr. Vanderlei Batista Marins - Casado com Rita de Cassia Silva Miranda Marins, pai de Eber Jonathas Miranda Marins e Mikhael Wander Miranda Marins (in memoriam). Avô de Júlia Suett Marins e de Heitor Gabriel Martins Marins. Escreveu as demais lições. 23 Quem escreveu http://ebad.batistafluminense.org.br A Biografia de Jesus Por Pr. Vanderlei Batista Marins DOM SÁB SEX QUI QUA TER SEG Leitura Diária Mateus 8.18-22 Atos 7.54-60 Lucas 18.35-43 Romanos 15.1-13 Mateus 3.13-17 1 João 4.9-15 João 17.1-26 Texto Base: Lição 1 João 20.30,31 Voltar para o sumário Jesus é a pessoa central da Bíblia, clímax da Revelação do Pai (Hb 1.1,2), graça vestida de hu- manidade (Jo 1.14) e Verbo encarnado (Jo 1.1-3). A Sua história de amor sacrificial, de entrega plena e de doação pela missão reflete o propósito eterno de redenção da humanidade. Os fatos que ornamen- tam essa história, a sua biografia, encontram-se nos sinóticos, como são chamados os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, por cultivarem simila- ridades e sequências de fatos, deixando evidente a humanidade de Jesus, apresentando-o como ho- mem e, pelo evangelho de João, que enaltece a sua divindade e o apresenta como Deus. Jesus realizou muitos milagres, maravilhas ex- traordinárias que encantaram, mas, também, pro- vocaram inquietações diversas. Aqueles que eram por eles beneficiados, festejavam e se deliciavam. Mas, na sua grande maioria, líderes, autoridades religiosas e integrantes da aristocracia judaica cri- ticavam e lançavam dúvidas sobre a sua origem, veracidade e integridade. Olhando para o texto bíblico em destaque, perce- bemos que os milagres eram construtivos e pedagó- gicos, traziam à tona o poder e a grandeza de Jesus 26 Cristo, o Messias divino. Seus feitos ficam além da possibilidade de catalogar, excedem a capacidade de registro pleno, absoluto e integral, conforme Jo 21.25. Entrar em contato com a sua biografia, observan- do os destaques que a compõe, mostra a sua es- sência, promessa e missão. 1. Jesus é o Filho do Homem Essa era uma expressão muito comum nas pági- nas das Sagradas Escrituras, especificamente no Novo Testamento. Como Jesus gostava de chamar a si mesmo de Filho do Homem, sendo a primeira vez em Mt 8.20, para confrontar um escriba que afir- mava segui-lo por qualquer lugar, independente de situações ou circunstâncias e, consequentemente, para colocar à prova os que desejavam caminhar com Ele seguindo-o na trajetória da vida. A esse respeito, a voz profética nos encanta quan- do constatamos o que disse Dn 7.13,14. O que rela- tou o profeta era algo incomum a um simples mortal, a qualquer pessoa que fosse detentora de alguma coroa dos reinos de então. Tal afirmação proféti- ca encontra agasalho na expressão de Mt 26.64. 27 Ao afirmar essas palavras diante do sinédrio, Jesus angariou a fúria do sumo sacerdote, que rasgou as suas vestes e o acusou de blasfêmia. Tal atitude conquistou outras vozes, que proclamaram ser Ele réu de morte (Mt 26.65,66). Os olhos do profeta Daniel, guiados por Deus, atravessaram os séculos e vislumbraram o triun- fo do Filho do Homem, para quem todas as coisas convergem. Outro fato significativo foi a experiência de Estevão, cheio do Espírito Santo, perante o sinédrio, relata verdades duras e contundentes (At 7.51-53), repro- vando as atitudes dos integrantes do Tribunal e dos seus pais, dizendo ser eles “teimosos e incircunci- sos de coração e de ouvidos”. Foi exatamente dian- te daquelas autoridades, que ele afirmou “eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, em pé à direita de Deus” (Atos 7.56). Que cena triste pela forma cruel e desumana de uma liderança, que deveria ter discernimento, sen- so de justiça e julgar sem parcialidade, lendo com nitidez os acontecimentos do tempo e dependendo de Deus para se posicionar com correção, humani- dade e amor. Mas, também uma cena gloriosa. Pois 28 ver os céus abertos e o Filho do Homem, em pé à direita de Deus,foi amparo nas agressões que lhe sucederam, segurança para enfrentar a realidade do martírio e certeza do triunfo sobre a morte. A identificação de Jesus como o Filho do Homem nos remete à sua humilhação e sofrimento, reali- dades marcadas pelo seu nascimento, pelo exercí- cio do seu ministério e por ter sido traído, negado, preso e morto. Mas, também, por sua exaltação, instrumentalizada na ressurreição e promessa de sua volta, evidenciando a sua notável e gloriosa di- vindade. 2. Jesus é o Filho de Davi Esse título é atribuído a Jesus e nos remete à sua identificação terrena. É uma alusão a descendên- cia de Davi (Lc 1.32,33). Essa ligação é terrena, segundo a carne (Rm 1.3), vista na árvore genea- lógica, uma exposição cronológica sobre os ascen- dentes. A genealogia de Jesus (Mt 1.1-17), nos ensina várias lições: há um propósito eterno que se mani- festa no tempo; o ser humano é indispensável aos ideais divinos; as gerações se comunicam através 29 da família; os problemas e lutas fazem parte da vida, mas não determinam sobre ela; apesar da fragilidade humana, o poder de Deus, Sua miseri- córdia e graça sempre estarão presentes; pessoas podem mudar, serem restauradas e ocupar lugar de honra na história. Também aponta para o fato de o Messias ser o Filho de Davi, pertencer a sua linhagem, egresso da Tribo de Judá, pela pessoa de José, seu pai adotivo, e de Maria, sua mãe, ins- trumento para a encarnação do Verbo (Mt 1.21). A promessa de uma dinastia que jamais teria fim parecia ter fracassado, levando-se em conta ape- nas a composição da monarquia hebraica, com os filhos biológicos de Davi. Mas, através de Jesus, a promessa “Estabelecerei para sempre o seu reino” (2 Sm.7.13) se concretizou (Mc 1.11; Hb 1.5); es- tava mais viva do que nunca, eficaz e pujante para atravessar os séculos. Deus não falha no que ga- rante aos seus, Ele é justo e cumpridor dos seus compromissos. Jesus, é, portanto, verdadeiramente o Messias, integrante da família real do homem se- gundo o coração de Deus e Seu ungido, para anun- ciar um novo tempo, o ano aceitável do Senhor, as novas de redenção e as virtudes daquele que pode transportar das trevas para a Sua maravilhosa luz. 30 Jesus foi identificado em diversos momentos como Filho de Davi. Algo surpreendente por surgir de lábios sofredores, como no caso do filho de Timeu, cego mendigo excluído do convívio social, que à mar- gem do caminho clamava por auxílio, tendo por Ele a sua vida e visão restauradas (Mc 10.46-52). Há também situações de pessoas agredidas pelo ma- ligno. O caso da mulher cananeia com a sua filha endemoninhada (Mt 15.21-28) e, em adição, des- taca-se a postura da multidão, surpresa pela cura de um endemoninhado cego e mudo (Mt 12.22,23). O significado desse título não se restringe à huma- nidade de Jesus, vai além da sua linhagem huma- na. A prova maior encontramos no fato de Davi ter chamado o Messias de Senhor (Sl 110.1; Mt 22.43- 45), indicando sua divindade. Com isso, concluímos que Jesus é, ao mesmo tempo, seu filho e Senhor; fato não destoante na história da Revelação Bíblica, pois Jesus é ao mesmo tempo Deus e homem. O próprio Jesus faz a seu respeito e, consequente- mente corroborando com o assunto, uma notável e linda declaração: “Eu sou a Raiz e a Geração de Davi, a brilhante Estrela da Manhã” (Ap 22.16). 31 3. Jesus é o Filho de Deus A obra redentora de Jesus é a expressão máxima do amor divino, realidade possível pelo sacrifício do calvário. Quando nos referimos à pessoa do Filho, trazemos à memória não propriamente a eternida- de de Deus, mas a sua manifestação no tempo (Jo 3.16,17). O Filho esvaziou-se (Fl 2.5-11), renunciou à glória para viver a vida humana, falar aos humanos e mos- trar-lhes o caminho de volta ao Pai (2Co 5.18,19). Conquanto Jesus tivesse natureza humana, não ti- nha pecado, era perfeito em tudo (Cl. 2.9). A de- signação “Filho de Deus” ornamenta a biografia de Jesus, identifica a sua Deidade, o Filho é Divino, da mesma essência e substância que o Pai (Jo 10.30). Ao lermos o Novo Testamento percebemos o Pai fa- zendo uma significativa declaração sobre o Filho, exaltando-o soberanamente, aclamando à vista de todos, por ocasião do seu batismo no Rio Jordão (Mt 3.16,17). Paulo, após a sua conversão (At 9.1-18), come- çou a proclamar nas sinagogas que Jesus é o fi- lho de Deus (At 9.20), deixando os seus ouvintes perplexos, atônitos, e os Judeus revoltados, bus- 32 cando oportunidade para silenciarem a sua voz (At 9.21-24). Em Gálatas 1.15,16, o Apóstolo falando aos gentios do seu encontro com Cristo proclama que Deus, o Pai, achou por bem revelar a ele o Seu Filho, acrescentando que o fizera como a um aborti- vo (1Co. 15.8). Esse tema, Filho de Deus, foi muito utilizado em sua pregação como porta-voz do céu entre os homens, vox clamantis de Jesus na divul- gação da redenção (2Co 1.19). Para ele, Jesus era o Pré-existente Filho de Deus enviado ao mundo. Observando os evangelhos, percebemos que Marcos apresenta Jesus como Filho de Deus (Mc 1.1). Mateus e Lucas o reconhecem como tal; João enaltece o relacionamento Pai-Filho, dizendo que em virtude da natureza eterna, o Filho possui todas as prerrogativas divinas para revelar o Pai (Jo 1.18). Para pensar e agir A biografia de Jesus mostra a sua humanidade, a sua divindade e evidencia a sua missão. A presença de não-judeus na genealogia de Jesus, pessoas que cometeram falhas e até graves erros, mas que tiveram experiência com Deus e mudaram, mostra que o Senhor não faz acepção de pessoas 33 (At 10.34,35), que não são pelos méritos humanos, e sim por graça divina que as coisas acontecem. A vida de Jesus é expressiva, vai muito além da questão de longevidade. Ela evidencia essência, qualidade, modalidade nova, vida plena que ema- na da graça, mediante a fé (Ef. 2.8,9), e que reflete a missão de Cristo como “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). Jesus é vida que opera vida, algo evidente nos muitos milagres por Ele realizados, que davam tes- temunho da sua deidade. Em Jo 14.6, a Palavra re- flete o seu testemunho. Jesus é vida que gera vida e conduz à vida. 34 Palavras Marcantes DOM SÁB SEX QUI QUA TER SEG Leitura Diária João 7.37-46 João 3.1-15 Mateus 8.23-27 Lucas 4.36,37 Mateus 8.1-13 João 8.1-11 João 10.1-16 Por Pr. Elierme Mantaia Texto Base: Lição 2 Jo 7:46 e Mc 1:22 Voltar para o sumário Todos nós podemos lembrar daquele professor ou professora especial que disse ou fez algo que im- pactou nossas vidas, olhar para trás com gratidão e ver a diferença que fez em nossas vidas. Lembro- me, com carinho, de Dona Nara, minha professora no colégio Dôrval Ferreira da Cunha. Ela, por mui- tas vezes, deu aulas extras para podermos fazer o exame admissional nos colégios Henrique Lage ou Liceu Nilo Pessanha, no qual fui aprovado, pela gra- ça de Deus e ajuda dela. Grandes mestres vieram e se foram ao longo dos tempos, homens e mulhe- res que demonstraram profundo conhecimento em sua área de atuação. O mundo teve seus grandes professores, homens de intelecto gigante e exten- sa pesquisa, homens cujas palavras estimularam o pensamento e abriram a visão de vastos campos do conhecimento. Jesus é o mestre por excelência. Ele tocou a alma das pessoas. Estimulou com gen- tileza os que não tinham esperança. Marcou com suas palavras a vida das pessoas. 1. Porque tinham poder (Mc 1:22) Todas as vezes que Jesus falava ninguém fica- va indiferente. Mesmo aqueles que não acredita- vam que Ele era o Messias ficavam atônitos com 36 suas palavras. Os soldados perplexos exclamaram “Jamais alguém falou como este homem” (Jo 7:46). Os fariseus ficaram irados, pois até mesmo os guar- das foram impactados pelas marcantes palavras de Jesus. Mas, o que é necessário para compreen- dermos o efeito de suas palavras sobre as pesso- as? Como entender o fascínio provocado em todos quantos o ouviam? Até mesmo um mestre da lei procurouJesus para tentar entender. Nicodemos deixa isso claro quando afirma: “Rabi, bem sabe- mos que és mestre vindo de Deus, porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele” (Jo. 3:2). Todo homem judeu compa- recia à sinagoga no sábado para ouvir sobre a lei. Jesus foi à sinagoga, no sábado, não como um ju- deu comum, Ele foi ensinar a sua doutrina, que não eram meras repetições de escritos da lei como fa- ziam os fariseus. Jesus tinha grande zelo e ardor pelas coisas de seu Pai, razão pela qual ensinava com autoridade. Seus ensinos vinham diretamente de Deus, o Pai (Jo 12.49). Se pudéssemos ouvir Jesus hoje da mesma for- ma que seus discípulos, é certo de que ficaríamos tão embevecidos quanto os que ouviram suas pa- lavras naquele tempo. Não era tão somente o que 37 Ele falava, mas como falava. Jesus falava com au- toridade. Ele não apenas demonstrava ter pleno conhecimento sobre tudo quanto era questionado, como também tinha poder para fazer muito além das possibilidades de qualquer pessoa. A Escritura atesta de várias maneiras o ofício profético de Cristo, e Ele exerceu o seu ministério profético com total autoridade nos seus ensinos (Mt 7:28,29; Mt 28:18). Ele é prenunciado como profeta em Dt 18.15, cuja passagem é aplicada a Cristo em At 3.22, 23. Ele fala de Si como profeta em Lc 13.33. Além disso, Jesus afirma que traz uma mensagem do Pai (Jo 8.26-28; 12.49, 50; 14.10, 24; 15.15; 17.8, 20). Ele prediz coisas futuras nos seus ensinos com toda autoridade (Mt 24.3-35; Lc 19.41-44), e fala com singular autoridade (Mt 7.29). Suas poderosas obras serviam para autenti- car a Sua mensagem. Em vista disso tudo, o povo o via como o Profeta (Mt 21.11, 46; Lc 7.16; 24.19; Jo 3.2; 4.19; 6.14; 7.40; 9.17). 2. Porque tinham autoridade As palavras de Jesus marcam porque tem autori- dade. 38 a) Autoridade sobre a natureza (Mt 8:27) Os discípulos entraram em um barco e Jesus foi com eles. Em dado momento, formou-se uma forte tempestade. Seus discípulos estavam muito assus- tados e com medo. Eles eram pescadores, estavam acostumados a enfrentar tempestades, mas esta não era uma simples garoa. De fato, as ondas inun- davam o barco e eles achavam que iriam morrer. Entretanto, apesar do tempo ruim, Jesus dormia. Como pode alguém dormir debaixo de uma tempes- tade? Poderia ser uma pergunta legítima de alguns de seus discípulos. Entretanto, o grito de deses- pero foi: “Senhor, salva-nos”! Jesus, pergunta aos discípulos: “Por que vocês estão com tanto medo, homens de pequena fé?” Então, Ele se levantou e falou com a natureza. Ele repreendeu o vento e o mar (Mt. 8.26), sendo prontamente obedecido. E em profunda perplexidade perguntaram “Quem é esse que até os ventos e mar lhe obedecem?”. Ficou muito evidente que o poder de Jesus estava muito além da compreensão daqueles discípulos. Somente Deus poderia, com tanta facilidade, do- minar a natureza. 39 b) Autoridade sobre os demônios Enquanto caminhava pelas ruas e aldeias e até mesmo em uma sinagoga de Israel, Ele se deparou com pessoas que eram escravizadas por demônios. Jesus libertou essas pessoas com grande autori- dade. “E veio espanto sobre todos, e falavam uns e outros, dizendo: Que palavra é esta, que até aos espíritos imundos manda com autoridade e poder, e eles saem”? (Lc 4:36). c) Autoridade para ensinar Frequentemente citamos outros professores, es- critores ou especialistas em nosso campo de es- tudo, mas Jesus não tinha que fazer isso. Ele falou com Sua própria autoridade porque “toda autorida- de no céu e terra lhe fora dada” (Mt 28:18). d) Autoridade para curar Jesus curava e isso era notório em todos os luga- res por onde passava. Muitas vezes curou pessoas quando as encontrava pelo caminho e/ou quando elas o procuravam onde Ele estava. Vale destacar que a sua bendita ação em benefício das pessoas aconteciam estando elas perto ou longe. Vejamos: 40 ● Perto (Lc 13:12) Há vários relatos de pessoas doentes de diversas enfermidades que tiveram um encontro com Jesus e foram curadas apenas com suas palavras: “E, vendo-a Jesus, chamou-a a si, e disse-lhe: Mulher, estás livre da tua enfermidade” (Lc.13:12). ● Longe (Mt 8:5) Um centurião romano se dirigiu a Jesus dizen- do que seu servo estava em casa muito doente. Prontamente, Jesus diz que irá à sua casa para curar aquele servo. O centurião diz não ser digno de receber Jesus em sua casa. Ele diz a Jesus que bastava uma palavra e seu servo seria curado. Ele argumenta que sabe o que é dar uma ordem e ser obedecido. Que ele ordenava a um de seus solda- dos que fosse e ele iria e a outro que viesse e ele vi- ria. Que ele também estava sujeito a ordens. Então Jesus disse àquele centurião. “Vá! Assim como você creu, assim acontecerá”. E aquele servo foi curado. 3. Por que traziam esperança Uma pobre mulher fora pega em adultério e leva- da até Jesus apenas para por Jesus à prova. Pela 41 lei, ela estava condenada. Vale lembrar que a lei determinava que os adúlteros, homem e mulher, deveriam ser apedrejados até a morte (Lv. 20:10). Porém, somente a mulher fora denunciada pelo adul- tério. O homem com quem ela havia adulterado po- deria até estar no meio daquela gente acusadora. No entanto, Jesus não discute as questões legais. Ele apenas disse aos acusadores “Aquele que den- tre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela” (Jo. 8:7). Como todos saíram um após outro, não sobrou mais ninguém para acusá- -la. Então, Jesus disse “Mulher, onde estão aque- les teus acusadores? Ninguém te condenou?” E ela disse “Ninguém, Senhor”. E disse-lhe Jesus “Nem eu também te condeno; vai-te e não peques mais.” (Jo 8.10-11). Uma palavra de misericórdia e espe- rança para aquela mulher. Para pensar e agir Jesus sempre teve as palavras certas para todos os momentos. Sempre surpreendeu seus ouvintes com ensinamentos profundos, porém de forma sim- ples. Ele tinha autoridade sobre a natureza, sobre as doenças, sobre os demônios. E Ele tinha poder. Nunca ninguém havia visto alguém como ele. 42 Como tem sido a minha maneira de falar? As mi- nhas palavras são consonantes com as palavras de Jesus? Quando falo do evangelho, falo com autoridade ou falo verdade com cara de mentira? Nossas palavras precisam ser marcantes, dife- renciadas e significativas, assim como foram as de Jesus Cristo, nosso amado Mestre, Salvador e Senhor. 43 As Leis do Reino DOM SÁB SEX QUI QUA TER SEG Leitura Diária Mateus 5.1-12 Mateus 5.13-19 Mateus 5.20-30 Mateus 6.1-13 Mateus 7.1-14 Mateus 7.15-23 Mateus 9.10-13 Por Pr. Elierme Mantaia Texto Base: Lição 3 Mateus 5:12 Voltar para o sumário O que as expressões “sal da terra”, “luz do mun- do”, “Deus e Mamom”, “bem-aventurados os man- sos”, “dar a outra face” e “pérolas aos porcos” têm em comum? Elas aparecem em vários textos e cita- ções com muita frequência e todas elas se originam no Sermão do Monte, o maior sermão já proferido em todos os tempos. Esse sermão consiste nos en- sinamentos de Jesus aos seus discípulos, que são narrados no Evangelho de Mateus. 1. A Estrutura do Sermão do Monte De acordo com o Dr. Dale C. Allison Jr., professor de Novo Testamento no Seminário de Princeton, USA, o sermão do monte tem a seguinte estrutura. A introdução Mt.4:25 e a conclusão Mt 7:28;8:1. Estes textos têm uma simetria e se correspondem e têm as seguintes palavras ou frases em comum: Mt 4:25 “numerosas multidões o seguiam”; Mt 5:1 “monte”; Mt 5:1 “subiu”; Mt 5:1,2 “ensinar”; Mt 7:28-8:1 “grandes multidões o seguiam”; Mt 8:1 “as multidões”; Mt 7:28 “monte”; Mt 8:1 “descen- do”; Mt 8:1”ensino”; Mt 7:28 “as multidões”. Além disso, “abrir a boca” Mt 5:2 tem como contrapartida “quando Jesus terminou estas palavras” Mt 7:28. O resultado de um começo e um fim que se espe- 45 lham e a criação de uma inclusão espremida en- tre Mt 4:23-5:2 e Mt 7:28-8:1 como um livro entre dois suportes, Mt 5:3-7:27 é marcadocomo uma unidade. Isso, por sua vez, implica que o esboço mais simples do sermão é: Introdução Mt 4:23-5:2; Discurso Mt 5:3-7:27; Conclusão Mt 7:28-8:1. Dr. John Stott, eminente teólogo e escritor, diz que a essência do Sermão da Montanha foi o apelo de Cristo a seus seguidores para serem diferentes de todos os demais. “Não sejam iguais a eles”, disse Jesus (Mt 6.8). O Reino que Cristo proclamou deve ser uma contracultura, exibindo todo um conjunto de valores e padrões distintos do mundo. Dr. Martyn Lloyd Jones, em sua magna obra “O Sermão do Monte”, afirma-nos que esse discurso do Senhor Jesus permite-nos refletir com serieda- de acerca das elevadas demandas da vida cristã e, ao mesmo tempo, continua cativando o coração dos crentes, levando-os a considerar a beleza e a profundidade das palavras do Senhor Jesus regis- tradas em Mateus 5, 6 e 7. O Sermão do Monte, conforme diz Lloyd Jones, não é um código de ética ou moral; é, antes, uma descrição do que o cristão deve ser. 46 2. As bem-aventuranças No transcurso de seu ministério, Jesus frequente- mente se dirigia às multidões; assim também acon- tece em Mt 5:1. O discurso todo é antecedido por: “E ele abriu sua boca e passou a ensiná-los, dizen- do” (Mt 5:2; Lc 6:20). Encerra-se com as mesmas palavras: “Ora, quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilha- das de sua doutrina” (Mt 7:28; Lc 7:1). Em ambos os evangelhos, o cenário histórico é o mesmo; o “Sermão do Monte” é precedido por uma grande multidão que se reúne para ouvir o Mestre. A se- quência das ideias é a mesma: as bem-aventuran- ças, a supremacia da lei do amor e a parábola dos dois construtores. Jesus fala inicialmente das Bem- aventuranças; em seguida, fala dos cidadãos do Reino e de sua relação com o mundo, como sal da terra e luz do mundo (Mt 5:12-16). Em sequência, Jesus apresenta a justiça do Reino e o alto padrão exigido pelo Rei (Mt 5:17 - Mt 7:12). A introdução do sermão é a famosa passa- gem tradicionalmente conhecida como as “Bem- aventuranças” Mt 5:1-17, a palavra que introduz cada frase na septuaginta (a versão em latim) é 47 “beatus”, que significa “muito feliz”, no grego é makarios, que significa “supremamente abençoa- do”. “Bem-aventurados os pobres de espírito... Bem- aventurados os que choram... Bem-aventurados os mansos... Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça... Bem-aventurados os misericordio- sos... Bem-aventurados os puros de coração... Bem- aventurados os pacificadores... Bem-aventurados os que são perseguidos”. Estas são as leis do Reino. Parece uma lista de características que o cristão tem e pelas quais é abençoado e feliz; mas, na ver- dade, oferece uma série de desafios colocados por Jesus àqueles que desejam segui-lo, deixando cla- ro onde deve estar sua prioridade na vida. Se ser cristão não significa necessariamente ser pobre, oprimido ou vitimizado como Jesus foi; envolve ten- tar ser gentil, compreensivo e reconciliador, como Jesus se propôs a ser; então os cristãos são todos ‘bem-aventurados’, isto é, afortunados, pois estão imitando seu Mestre de todas essas maneiras. Eles pertencem a Deus, e Ele está do lado deles: ‘deles é o Reino dos céus’. A primeira bem-aventurança nos dá uma pista im- portante sobre o que todas elas estão apontando. Pode ser observado que o equivalente no Sermão 48 da Planície, de Lucas, que começa de forma mais simples, “Bem-aventurados vocês que são pobres” Lc. 6:20, exemplificando a preocupação de Lucas em mostrar Jesus particularmente preocupado com os economicamente pobres e vulneráveis na sociedade. Em contraste, Mateus escreve: ‘Bem- aventurados os pobres de espírito’, dando ao en- sinamento de Jesus uma dimensão mais espiritu- al que está em consonância com o ensinamento do Antigo Testamento sobre ‘os pobres de Deus’, os anawim (pobres), que eram reconhecidos como aqueles que colocaram toda a sua confiança em Deus e em seu cuidado por eles. Logo no início do Sermão do Monte, Jesus convida todos os que que- rem segui-lo a serem ‘pobres de espírito’ — isto é, nunca serem totalmente dependentes de si mes- mos ou de seus recursos e bens materiais, mas confiando sempre no amor de Deus por eles, acon- teça o que acontecer. Depois de listar as bênçãos pelas quais seus se- guidores se identificam com ele, Jesus afirma que seus discípulos são ‘o sal da terra’, tornando a água saudável por meio de seu discipulado “Então saiu ele ao manancial das águas, e deitou sal nele; e disse: Assim diz o Senhor: Sararei a estas águas; e 49 não haverá mais nelas morte nem esterilidade” (2 Reis 2:21); e como a ‘luz do mundo’ Mt 5:13-16, ilu- minando outros em seu testemunho cristão. Jesus faz uma afirmação muito importante e de grande significado, dizendo que qualquer bem que eles fa- çam na condição de discípulos, estarão fazendo pelo poder de seu Pai: ‘deixe sua luz brilhar diante dos outros, para que eles vejam vossas boas obras e deem glória ao vosso Pai que está nos céus’ (Mt 5:16). No fim da parte introdutória do sermão, Jesus tranquiliza seus discípulos que vieram do judaísmo dizendo que a Lei do Reino não deixará de lado a lei mosaica. Pelo contrário, Jesus diz que veio “não para abolir, mas para cumprir” a lei e os profetas (Mt 5:17). 3. O Sermão do Monte e a vida do cristão O “Sermão do Monte” foi pronunciado na prima- vera do ano 28 d.C., após Jesus ter passado uma noite em oração (Lc 6:12). A oração foi seguida pela escolha dos doze discípulos (Mc 3:13-19; Lc 6:13- 16). Esta, por sua vez, foi sucedida pela cura de muitos enfermos (Lc 6:17-19). Vindo em sequên- cia o “Sermão do Monte” (Lc 6:20-49). 50 Ao finalizar o referido Sermão, Jesus nos advertiu a fazermos nossas escolhas de forma apropriada, com base nas orientações de Deus em Sua Palavra e não simplesmente seguir a multidão, tomando o caminho mais fácil para viver. Em Mt 7:13,14 Jesus fala da porta estreita, que não é a escolha mais confortável e nem a escolha da maioria. Ele nos adverte sobre os falsos profetas que afirmam ser cristãos, mas cujas vidas não refletem os valores de Deus e a verdadeira conversão. Profetas e mi- nistros devem ser avaliados por seus frutos — suas ações e os resultados das mesmas. No versículo 16, é dito “Por Seus Frutos”. Então Jesus deu uma advertência muito séria: “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus” Mt 7: 21. Nem todo que se auto intitula cristão é realmente cristão. Devemos obedecer às leis do Reino dadas por Jesus no sermão do monte, caso contrário Jesus dirá: “Eu nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquida- de!” Mt 7:23. Para pensar e agir As impactantes palavras de Jesus no Sermão do 51 Monte devem ser cuidadosamente observadas por todos aqueles que dizem ser seus discípulos. Se a práxis diária não for a de dar a outra face, ser luz ou ser sal fora do saleiro, ou seja, se não for o fiel cumprimento das Leis do Reino, não seremos súdi- tos deste Reino. No meu dia a dia tenho obedecido às “Leis do Reino”? Tenho feito tudo o que Ele tem nos orienta- do a fazer? Guardar, observar e obedecer ao Rei do Reino e Suas diretrizes precisam ser o nosso ideal. 52 Histórias Inesquecíveis DOM SÁB SEX QUI QUA TER SEG Leitura Diária Mateus 13.3-9 Mateus 13.18-23 Mateus 13.24-30 Mateus 13.36-43 Mateus 13:34,35 Lucas 21:29-31 Efésios 2.3-5 Por Pr. Lucas do Amaral Silva Texto Base: Lição 4 Mateus 13.3a, 10, 11 Voltar para o sumário Quando estamos na escola, observamos tanto nas atividades que o professor passa, quanto nos livros os exemplos do conteúdo ali proposto, seja um cálculo de matemática ou um exercício de língua portuguesa, que serve como orientação para uma melhor compreensão daquilo que está sendo pas- sado. Outra experiência que temos desde criança são as fábulas e apólogos que nos trazem muitas histórias que têmcomo objetivo nos ensinar uma lição ou nos ajudar a compreender algo da vida. Ilustrar é uma das melhores formas de transmitir um ensinamento. Na cultura oriental são muito usadas as parábolas, ilustrações e histórias. Jesus fez uso delas como ferramenta de propagação da palavra da vida. O vocábulo “parábola” (termo originado da pala- vra grega “Parabolê”), por derivação significa “pôr as coisas lado a lado” e se assemelha à palavra “alegoria”, que por derivação significa “dizer as coi- sas de maneira diferente”. O Dr. Augustus Strong, notável teólogo batista, comenta: “No que tange às parábolas de Jesus registradas nos evangelhos, tanto a supervalorização como a supersimplifica- ção devem ser evitadas na interpretação das pa- rábolas. As parábolas de Jesus visam iluminar o 54 ouvinte, apresentando-lhe ilustrações que possam concluir por si mesmo e, neste caso, com a ajuda do Espírito Santo, a absorção das verdades espi- rituais do texto. As verdades assim aprendidas fi- xam-se na mente e no coração mais facilmente.” Nesta lição aprenderemos um pouco sobre as ilustrações que Jesus contou para revelar as verda- des profundas do Reino de Deus. Estudaremos as estruturas das mais conhecidas parábolas e sua aplicação para nossos dias. 1. O Semeador A primeira parábola que encontramos no Novo Testamento dita e explicada por Jesus é a parábo- la do semeador (Mt 13.1-23), em que ele saiu a semear e parte das sementes caíram pelo cami- nho e as aves as comeram, outra parte caiu em solo rochoso, onde rapidamente as sementes ger- minaram, mas como não tinha muita terra para fir- mar suas raízes ao sair o sol as queimou e secou. Outras caíram em meio a espinhos e os espinhos as sufocaram. Por fim, outra caiu em boa terra, ger- minou e deu muitos frutos. Esta parábola não precisa de muito esforço para 55 compreender, já que o próprio Cristo deu sua expli- cação (Mt 13.18-23). As primeiras sementes que caíram pelo caminho representam o coração da- queles que ouviram as boas novas e não as com- preenderam, nem acolheram, então vem o maligno (as aves) e leva aquilo que foi semeado (13.19). As sementes que caíram em solo rochoso são os que recebem com alegria a mensagem, mas por conta da perseguição e angústias deste mundo logo a abandona (13.20-21). Os ensinos aqui descritos nos permitem aplicar aos que se mostram inconsis- tentes, nominais, sem raízes profundas, instáveis, vulneráveis e que jamais pagariam o preço pelo evangelho, nem muito menos estariam dispostos a dar a sua vida por ele. As que caíram em meio aos espinhos são os que ouvem a palavra, mas a preocupação com este mun- do e a sedução das riquezas os sufocam, tirando seu foco do alvo, tornando-os infrutíferos (13.22). São aqueles cujo os corações ainda estão fascina- dos e ligados à realidade e demandas deste mun- do. Por fim, as que caíram em boa terra são os que ouvem a palavra e a compreende e assim dão bons 56 frutos (13.23). Estes são os salvos e redimidos ver- dadeiramente por Cristo. 2. O Joio e o Trigo Imediatamente após a parábola do semeador, Jesus lhes contou uma outra parábola (13.24-30), que falava sobre um homem que semeou boa se- mente em seu campo, mas ao anoitecer veio seu inimigo e semeou joio no meio de seus trigos. Ao produzir o fruto, apareceu também os joios, e seus servos propuseram que fossem arrancados, mas o senhor não deixou que fizessem isto, pois ao ten- tar arrancá-los poderiam também arrancar os tri- gos. Então disse-lhes que esperassem a colheita, pois no dia da colheita diria aos seus ceifeiros para ajuntar os joios e os queimar e que os trigos fossem recolhidos e postos em seu celeiro. Esta parábola é interpretada mais adiante por Jesus (13.36-43). Ele começa explicando o que sig- nifica cada elemento. O que semeia a boa semen- te é o Filho do Homem (13.37), o próprio Cristo; o campo é o mundo; a boa semente são os filhos do Reino, os servos de Jesus, os salvos; o joio são os filhos do maligno (13.38), os ímpios; o inimigo que 57 os semeou é o diabo; a ceifa é a consumação dos séculos e os ceifeiros são os anjos (13.39). Então Ele explica o contexto da história (13.40-42), dizen- do que assim como o joio é colhido para ser lança- do no fogo, assim será no fim dos tempos com to- dos os que praticam a iniquidade, sendo lançados na fornalha acesa, ardente (13.50). Já os justos resplandecerão no Reino (celeiro) de seu Pai, o lar celestial para todo o sempre. Nesta parábola podemos compreender o motivo de vermos tantas pessoas que aparentam ser rege- neradas, mas que na verdade são joios em nosso meio. Não é fácil para nós distinguirmos aqueles que são pecadores em processo de santificação daqueles que são ímpios disfarçados demonstran- do sua verdadeira natureza. Por isso, precisamos tolerar com paciência os injustos pois no grande dia o Senhor da seara dará a recompensa de cada um. 3. O Reino dos céus A expressão “Reino dos céus” ocorre 33 vezes em Mateus. O “Reino de Deus” ocorre 4 vezes em Mateus (Mt 12:28; 19:24; 21:31; 21:43), 14 ve- 58 zes em Marcos, 32 vezes em Lucas e 2 vezes em João (Jo. 3:3,5), 6 vezes em Atos, 8 vezes nas car- tas de Paulo e 1 vez em Apocalipse (Apoc. 12:10). O “Reino dos céus” e o “Reino de Deus” são varia- ções linguísticas da mesma ideia. A língua judaica frequentemente colocava um termo apropriado no lugar do nome da deidade (Lc 15:21; Mt 21:25; Mc 14:61). Na parábola do joio, assim como em mui- tas outras, vemos a expressão “O Reino dos Céus é como”. Essa frase se repete inúmeras vezes, po- dendo estar explícita ou implícita, mas a verdade é que todas as parábolas de Jesus falam sobre o Reino dos Céus. Cristo sabia que se falasse direta- mente, a mente humana dificilmente entenderia ou teria uma noção de como realmente é o lar celeste (Jo 16.12). Então Jesus usa as parábolas para dar uma ideia de como é o Reino de Deus. O Reino dos Céus ou Reino de Deus é o tema central da pregação de Jesus, segundo os evan- gelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas). A pro- clamação do reino por Jesus seguia a pregação de João Batista, só que nos ensinos de Cristo a men- sagem do Reino tem uma amplitude eterna. Jesus anunciava o Reino (Mc 1:14,15) não simplesmente como uma realidade que está para realizar-se em 59 um futuro escatológico, mas também como uma re- alidade que já se fizera presente em Sua própria pessoa, vida e ministério (Mt 9:35; Mt 12:28; Lc 17:20,21). Quão maravilhoso é para nós sabermos que Deus se importou em nos explicar sobre o seu reino, so- bre as coisas que outrora nos eram ocultas, mas que pelo seu Santo Espírito nós as compreende- mos. É maravilhoso saber que Deus quis comparti- lhar conosco parte de seu conhecimento eterno (Pv 2.6, Ef 1.17, 2 Pe 1.3-7). Maravilhosa é a Graça de Deus que pelo seu precioso amor não apenas nos dá o conhecimento do Reino, mas nos chama a fa- zer parte dele, mesmo não sendo merecedores (Ef 2.3-5). Para pensar e agir 1. Olhando para a parábola do Semeador, você entende que tem sido que tipo de semente, aquela que recebe da Palavra da Verdade e logo a abando- na por conta das coisas desse mundo ou a que foi semeada em terra boa e produz bons frutos? Que frutos você tem produzido? 2. Como se sente ao saber que Deus comparti- 60 lha com você as coisas do seu reino? Deus te chamou não para viver para sempre nes- te mundo, mas para ter uma vida eterna ao lado dEle, então não perca o alvo, agarre-se em Cristo, pois Ele é“.. o caminho, e a verdade, e a vida…” (Jo 14.6). 61 Vede Que Vos Tenho Predito Marcos 13:23 DOM SÁB SEX QUI QUA TER SEG Leitura Diária Mateus 24:1-14 Mateus 24:15-28 Mateus 24:29-41 Mateus 24:42-51 Mateus 25:1-13 Mateus 25:14-30 Marcos 13:1-23 Por Pr. André Luiz Cotrim de Alencar Texto Base: Lição 5 Mateus 24 e 25 Voltar para o sumário O famoso “Sermão Profético”, também chama- do “Profecia do Monte das Oliveiras” está registra- do nos três evangelhos sinóticos, respectivamentenos textos de Mateus 24 e 25, Marcos 13:1-27 e Lucas 21:5-36. Nesse importante conjunto de en- sinamentos, Jesus dá aos seus discípulos instru- ções acerca dos eventos do porvir, a fim de que estivessem preparados quando estes aconteces- sem. Ele não dá detalhes a respeito dos aconteci- mentos, mas orientações sobre o comportamento diante das circunstâncias. Muito mais do que falar sobre o “quando”, o Senhor focaliza suas palavras no “como”. Os ensinos do Mestre foram preciosos no enfrentamento daqueles dias difíceis vivencia- dos pelos cristãos do primeiro século e certamente continuam valiosos para os cristãos da atualidade. Interessante pensar que esta conversa entre Jesus e seus discípulos teve origem na admiração demonstrada por eles ao observarem as belíssi- mas edificações do Templo de Jerusalém. Os após- tolos nitidamente esperavam que o Senhor com- partilhasse com eles do mesmo entusiasmo diante dos luxuosos adornos do templo. Frustrando suas expectativas, Jesus profetiza a respeito da com- pleta destruição daquelas paredes imponentes. 63 Surpreende como a visão daqueles homens estava meramente limitada ao natural, enquanto o Mestre enxergava muito além do que seus olhos eram ca- pazes de ver. Precisamos estar atentos a fim de não sermos distraídos pelas belezas do mundo natural e ficarmos “míopes” para as verdades eternas. 1. Queda de Jerusalém e Segunda Vinda de Cristo (Mt 24:1-41) Os elementos que compõem as palavras proféti- cas proferidas por Cristo neste sermão estão relacio- nados às perguntas feitas pelos discípulos quando chegaram ao Monte das Oliveiras, após deixarem o ambiente do templo. Estas indagações, por con- seguinte, foram provocadas pelo prenúncio da des- truição daquele lugar sagrado (Mt 24: 2, 3). Nesta seção do texto, o evangelista reuniu os di- zeres de Jesus que predizem a queda de Jerusalém e a vinda final do Filho do Homem em juízo. Parece que os discípulos quando colocaram essas duas interrogações em justaposição, atrelaram os dois eventos muito de perto em suas mentes. Para eles, a iminente queda da cidade santa e a vinda de Jesus, que marcaria o fim da presente era, acon- 64 teceriam concomitantemente. Contudo, Jesus de- monstra preocupação em orientar seus discípulos no sentido de que esses dois “julgamentos” não ocorreriam necessariamente em ordem cronológi- ca imediata. O Mestre passa, então, a exortá-los a não se deixarem levar pelas enganosas afirma- ções dos falsos Messias que surgiriam de tempos em tempos, bem como não considerarem que os eventos que poderiam parecer de natureza desas- trosa (a exemplo: guerras entre nações, terremotos e fomes severas), fossem sinais incontestáveis de que o fim estava próximo. Esses acontecimentos, na verdade, constituem apenas o “princípio das do- res” (Mt 24: 4-8). Jesus também previu a persegui- ção da igreja promovida pelo mundo, o consequen- te “abandono da fé”, surgimento de falsos profetas e decadência espiritual com traições e ódio den- tro do próprio corpo cristão. A culminância desses eventos está na profecia a respeito da pregação do evangelho do reino pelo mundo inteiro, “então virá o fim” (Mt 24: 9-14). Nos versos 15-28, Jesus passa a tratar dos eventos relacionados à destruição de Jerusalém. O Senhor faz menção da expressão “abominável da desolação” ou “abominação assoladora”, ter- 65 mo utilizado pelo profeta Daniel em 11:31 e 12:11, cujas predições tiveram seu cumprimento por meio do monarca selêucida Antíoco Epifânio, que no ano 170 a.C. profanou o templo ao erigir um altar a Zeus e ordenar sacrifícios sobre ele. Entendemos, por- tanto, que essa profecia possui duplo cumprimen- to. O evangelista Lucas interpretou que a consuma- ção dessa fala profética dar-se-ia quando do cerco e posterior invasão da cidade de Jerusalém fosse perpetrada pelos exércitos romanos (Lc 21: 20). O surgimento deste sinal seria uma indicação para os habitantes da Judéia de que chegara o tempo de sua desolação. Conforme as instruções de Jesus, deveriam fugir imediatamente para os montes, e tão depressa que não haveria tempo de salvar seus pertences. Os discípulos deveriam orar para que as condições dessa fuga fossem favoráveis, ou seja, para que não tivesse de ser realizada no inverno, nem no sábado. 2. Cumprimento das Profecias Os chamados “sinais dos tempos” anunciados por Jesus servem para confirmar a verdade de suas palavras e não para o estabelecimento de um ca- 66 lendário escatológico. Certamente, o cumprimento desses eventos fortaleceu a fé dos primeiros cren- tes, bem como das gerações posteriores que pude- ram observar no curso da história a realização des- sas profecias. Vamos destacar aqui alguns desses sinais. ● No ano 70 d.C., cerca de 37 anos após o sermão profético ter sido pronunciado no Monte das Oliveiras, sob a liderança do comandante romano Tito, a cidade de Jerusalém é invadida e destruída pela segunda vez em sua história. Quando chegou a crise, os judeus cristãos fugi- ram para Pella, na Peréia, uma das cidades de Decápolis. Para chegar lá, tiveram que fazer uma viagem de 160 quilômetros através dos montes da Judéia e de Moabe. “Então os que estiverem na Judéia fujam para os montes” (Mt 24: 16). Os soldados romanos também colocaram fogo no Templo e, posteriormente, por ordem de César, nivelaram as suas paredes, na demolição sis- temática da cidade. “Em verdade vos digo que aqui não ficará pedra sobre pedra que não seja derrubada” (Mt 24:2). ● “Porque virão muitos em meu nome, dizen- do: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos” (Mt 67 24:5). O historiador Flávio Josefo afirma que quando Félix era o procurador da Judéia, torna- ram-se tão numerosos os “impostores de nature- za religiosa” que alguns deles eram mortos qua- se todos os dias. Três desses falsos cristos são mencionados no livro de Atos: Teudas (5:36), Judas da Galiléia (5:37) e o egípcio (21:28). ● “E ouvireis falar de guerras e rumores de guerras (...)” Quando lemos esta passagem, na- turalmente pensamos nos inúmeros conflitos bélicos de nossa história recente. Contudo, é importante observar que os judeus do primeiro século vivenciaram o cumprimento dessas pa- lavras ainda em sua época. ● “(...) e haverá fomes e terremotos em vários lugares”. A grande fome predita por Ágabo (At 11:28) também foi registrada por alguns historia- dores, como Suetônio, Tácito e Eusébio. Ocorreu nos dias do imperador Cláudio César (41-54 d.C.) e foi tão severa em Jerusalém que muitos morreram de inanição, por falta absoluta de ali- mentos. Ocorreram também vários terremotos nesse período. Em Creta, 46 d.C.; Apamea, na Frígia; Campanha; Laodicéia e Jerusalém, 67 d.C. 68 3. A importância de sermos vigilantes Jesus deixa claro neste sermão que não há meios de predizer os eventos precisos que precederão a vinda final do Filho do Homem, pois esses eventos serão tão inesperados como a vinda do dilúvio nos dias de Noé, ou o arrombamento de uma casa feito por um ladrão. O Mestre orienta seus discípulos a estarem preparados para o inesperado. Conforme podemos observar na parábola do servo fiel e do infiel, os que foram colocados por seu Senhor em posições de responsabilidade especial, os líderes e mestres da igreja cristã, devem estar tão constan- te e fielmente ocupados com o seu trabalho que, quando ele voltar, ache-os prestando serviço a seu Senhor. O dever de vigiar mostra-se tão essencial que o Senhor Jesus insere em seu discurso três parábo- las que tratam do senso de expectativa que precisa existir em todo aquele que aguarda pelo advento da segunda vinda. Para garantir a atitude de vigilância, cada geração deve considerar a possibilidade de estar vivendo nos últimos tempos, e que todos es- ses acontecimentos podem ser completados den- 69 tro de um breve período. Para pensar e agir 1. Os discípulos ficaram admirados diante da be- leza do Templo. Assim como eles, nós também nos maravilhamos mais com os encantos desta terraem detrimento das maravilhas dos céus? 2. Jesus alertou seus discípulos quanto ao cuida- do que deveriam tomar a fim de não serem engana- dos pelos falsos profetas, bem como não se deixa- rem alarmar pelos acontecimentos deste mundo. 3. Jesus enfatizou a importância de nos manter- mos alertas acerca da sua vinda. Precisamos culti- var o senso de expectativa de que o nosso Senhor voltará em breve. 70 Sinais e Maravilhas DOM SÁB SEX QUI QUA TER SEG Leitura Diária Lucas 7:11-17 Lucas 7:18-23 Lucas 7:24-28 Lucas 5:17-26 Lucas 8:22-25 Mateus 14:22-33 João 20:24-31 Por Pr. André Luiz Cotrim de Alencar Texto Base: Lição 6 Lucas 7:22,23 Voltar para o sumário João Batista, homem acostumado à liberdade do deserto, agora estava encerrado em uma prisão, na masmorra de Maquerós, nas proximidades do mar Morto. Permaneceria ali por quase um ano até ser martirizado. Diante de tantos sinais extraordi- nários operados por Jesus, talvez João tivesse a expectativa de ser libertado dessa masmorra por uma intervenção sobrenatural. Porém, em virtude de as circunstâncias não mudarem, ele envia dois de seus discípulos a Jesus, para saber se ele era mesmo o Messias, ou se haveria de esperar outro (Lc 7: 19). Causa-nos estranheza quando nos depa- ramos com este episódio registrado nos evangelhos de Mateus e Lucas, tendo em vista que fora o pró- prio João Batista, o grande precursor do Messias, a reconhecer e apontar para Ele como aquele que haveria de vir (Jo 1: 29-34). Como o grande profeta agora questiona suas próprias convicções? João falou sobre um Messias que traria o juízo de Deus. Um Messias que colocaria o machado na raiz da árvore. Um Messias que recolheria a palha e a jogaria na fornalha acesa. João, talvez, esperou que Jesus viesse exercer seu juízo, sua vingança, brandindo a espada com uma corte celestial para libertá-lo. Mas o que João escuta é sobre os atos 72 de misericórdia de Jesus. O Messias não se move para libertá-lo. Enquanto Jesus está cuidando dos enfermos, João está mais próximo do martírio. A resposta que Jesus apresentou diante do questio- namento do Batista, evidenciava os sublimes pro- pósitos contidos nos sinais e maravilhas realizados pelo Cristo. Nesta lição falaremos destes propósi- tos e observaremos que os milagres tinham um ob- jetivo muito maior. 1. Os milagres de Jesus evidenciavam a chegada do Reino de Deus O anúncio da iminente chegada do Reino de Deus estava no centro da mensagem de João Batista, a ele coubera a nobre tarefa de apregoar essa impe- riosa mensagem: “Arrependei-vos, pois o reino do céu está próximo”. (Mt 3:2). A vinda de Jesus marcava uma linha divisória. Ele veio inaugurar o reino. E os valores do reino são completamente diferentes de tudo o que os ho- mens conheciam. E o menor daquele reino é maior do que o maior entre os homens. Conforme a ava- liação feita por Jesus acerca de seu primo e arauto 73 que lemos em Lc 7: 28 “entre os nascidos de mu- lher, não há outro maior que João”. Contudo, João pertencia à era da promessa. O menor do reino é maior não por causa de quaisquer qualidades que venha a possuir, mas sim porque pertence ao tem- po do cumprimento. Jesus não está subestimando a importância de João; está colocando os cidadãos do reino na perspectiva apropriada. Os milagres de Jesus evidenciavam a chegada do Reino, pois a mensagem transmitida por meio deles mostrava que o reino dos céus abre as portas para que os rejeitados sejam aceitos. Ninguém era mais discriminado na sociedade do que os cegos, os co- xos, os leprosos e os surdos. Eles não tinham valor, eram marginalizados pela sociedade. Eram como excesso de bagagem à beira da estrada. Mas, a estes que a sociedade chamava de escória, Jesus valorizou, restaurou, curou e devolveu a dignidade. Jesus manda dizer a João que o reino que ele está implantando não tem os mesmos valores dos rei- nos deste mundo. No reino de nosso Senhor Jesus Cristo a sepultura não tem força e a morte não tem mais a última palavra. O problema do homem não é o tipo de morte que enfrenta agora, mas o tipo de ressurreição que terá no futuro (Jo 5.29; Jo 11.25). 74 Se Jesus é o nosso Senhor, então a morte não tem mais poder sobre nós. Seu aguilhão foi arrancado. A morte foi vencida (1Co 15: 54-57). 2. Os milagres de Jesus apresentavam a mensagem do evangelho O ministério de Jesus não se limitava a cura do corpo, mas, sobretudo, a cura da alma. Não há nada mais inclusivo do que o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. Nosso Mestre por excelência ensinava a todos quantos desejassem ouvir suas palavras. Curava e libertava de espíritos maus tantos quantos se aproximassem dele a fim de serem agraciados pela virtude que dEle fluía. O alcance indiscrimina- do do ministério de Jesus é expresso por Ele mes- mo ao afirmar: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt 11: 28). Contudo, a mensagem do evangelho não é apenas inclusiva, mas, também e principalmente, transformadora. Todos aqueles que vinham a Jesus conforme estavam, não poderiam permanecer na mesma condição em que se encontravam. Jesus não curava apenas por curar, sem obje- 75 tivo. Sempre fazia a ponte com a Sua mensagem. Quando Jesus alimentou a multidão em Jo 6:35, Ele se declarou como pão da vida; depois de livrar a mulher adúltera do apedrejamento (Jo 8: 12) e antes de abrir os olhos do cego (Jo 9:5), se revelou como a luz do mundo. Na cidade de Betânia, quan- do conversava com Maria, irmã de Lázaro, Jesus já sabendo o grande milagre que iria realizar, afirmou ser a ressurreição e a vida (Jo 11: 25). Os propósitos dos milagres de Jesus eram para apontar a existência de Deus, glorificar ao Pai, de- monstrar a grandeza do Seu poder, a revelação de Jesus como Messias, o Filho de Deus. 3. Os milagres de Jesus revelavam a Sua divindade Além de testificar acerca da chegada do Reino e apresentar o teor da mensagem evangelística, os mi- lagres revelavam a divindade de Cristo. Observamos no evangelho de João que os milagres registrados atestam que Jesus é o Filho de Deus. “Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o 76 Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo 20: 31). A designação Filho de Deus, ao contrário do que os arianos modernos afirmam, evidenciam a divindade de Cristo “Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julga- do, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus” (Jo.3.18). O uso da expressão unigênito Filho de Deus é uma das formas pelas quais João apresenta Cristo como divino. Jesus apresentou sua divindade em diversas ocasiões, podemos citar alguns desses eventos. No caso da tempestade acalmada (Mt 8.23-27; Mc 4.35-41; Lc 8.22-25), vemos que a pergunta dos discípulos era exatamente sobre Sua pessoa: “Quem é este que até os ventos e o mar lhe obe- decem?” (Mt 8.27; Mc 4.41; Lc 8.25). Embora ne- nhuma conclusão dos seus discípulos seja dada, a pergunta pode ser entendida como retórica, pois ficou evidente que entre os homens, ninguém teria tal poder. Entretanto, quando Cristo anda sobre as águas, segundo o relato de Mateus, fica evidente que os Seus discípulos o reconheceram como Deus: “Verdadeiramente és Filho de Deus!” (Mt 14:33). Jesus demonstrou possuir soberania divina, ou 77 seja, autoridade exclusiva de Deus, no fato de que Ele podia perdoar pecados (Lc 5:17-26). Quando se trata de pecado no sentido mais geral, porém, meros homens não têm autoridade para perdoar. Pecados são ofensas contra Deus, e só Deus pode perdoá-los. O Antigo Testamento deixou claro esse fato: “Contigo, porém, está o perdão, para que te temam” (Sl 130:4). Deus disse: “Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e não me lembro dos teus pecados” (Is 43:25). Daniel disse: “Ao Senhor,nosso Deus, per- tence a misericórdia e o perdão, pois nos temos re- belado contra ele” (Dn 9:9). Por fim, na relação de Cristo com o sobrenatural vemos os espíritos malignos reconhecendo a natu- reza divina de Jesus. Os demônios na cidade dos gerasenos clamaram em alta voz: “Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo?” (Lc 8: 28). Certamente que as forças das trevas já conheciam a real natureza de Jesus Cristo, ao contrário dos homens que ainda estavam descobrindo. Para pensar e agir 1. A prisão fez com que o grande João Batista 78 questionasse suas próprias convicções. Como te- mos enfrentado as circunstâncias desfavoráveis da nossa vida? As dificuldades têm enfraquecido ou fortalecido nossa fé? 2. Jesus Cristo veio inaugurar o Reino de Deus! Os valores deste reino são muito diferentes daqueles defendidos pela sociedade. Assim como o Senhor apresentou esses valores ao longo do seu ministé- rio, somos desafiados a fazer o mesmo em nosso dia a dia. 3. Os milagres realizados por Cristo apontavam para a revelação de sua natureza divina, bem como para a realidade do reino dos céus e a natureza de sua mensagem transformadora. Não podemos ter dúvidas acerca destas coisas, pois delas fomos chamados para darmos testemunho. 79 Autoridade Sobre as Forças do Mal DOM SÁB SEX QUI QUA TER SEG Leitura Diária Lucas 8:26-39 Atos 10:36-38 Marcos 1:21-28 Lucas 13:10-17 Marcos 5:1-20 Marcos 7:24-30 Marcos 9:14-27 Por Pr. Leandro da Costa Carvalho Texto Base: Lição 7 Marcos 8:16,17 Voltar para o sumário Os maravilhosos prodígios de Jesus mostraram como Sua autoridade, Sua presença e Seu modo de lidar com as pessoas significavam salvação e li- bertação para elas. Assim, também significou para nós quando nos encontramos com o Mestre. Temos plena consciência de que o encontro com Cristo era o princípio de uma nova vida e receber a salvação, que é dádiva de Deus e presente imerecido. Por isso, devemos ser gratos a Ele e reconhecer o Seu senhorio e a Sua autoridade. Jesus é quem tem toda a autoridade no céu e na terra (Mt 28.18). Tudo está no domínio e controle de Suas mãos e debaixo do Seu poder, inclusive nossas vidas, o universo e as forças do mal (1 Co 15.27; Ef 1.20-23). Como faz bem a certeza que Jesus Cristo, o Messias de Deus, é quem sustenta todas as coisas pela palavra do seu poder (Hb 1.3). Nesta lição, estudaremos os milagres que Cristo re- alizou em pessoas possessas de espíritos malignos. Vamos também aplicar esses ensinamentos para compreendermos como identificar e, assim como Jesus, sermos agentes de cura espiritual contra as ações malignas que tanto agridem nesse tempo. 81 1. Como agentes de Cristo devemos valorizar aqueles a quem nosso Senhor valorizou O texto de Lc 8:26-39 nos relata como Jesus re- alizou mais um de seus milagres. Antes de chegar com seus discípulos ao destino pretendido, enfren- taram uma forte tempestade. Neste momento, de- pois que os ventos foram acalmados, eles foram levados ao seu porto desejado, e navegaram para a terra dos gadarenos, e ali chegaram à praia, con- forme lecionam objetivamente os versículos 26 e 27 do mesmo texto, como segue: “Então, rumaram para a terra dos gadarenos, fronteira da Galiléia. Logo ao desembarcar, veio da cidade ao seu encon- tro um homem possesso de demônios que, havia muito, não se vestia, nem habitava em casa algu- ma, porém vivia nos sepulcros”. E, logo o Senhor se encontrou com o alvo de sua missão naquele lugar. Jesus deu tanto valor àquela vida, que considerou que valeria a pena atravessar a tempestade para libertá-la. Às vezes, devemos renunciar à satisfação e até mesmo aos benefícios e confortos pessoais para ganharmos uma oportunidade de sermos úteis às 82 pessoas e investirmos para a salvação de suas al- mas. Jesus Cristo é o regente do tempo e da eternidade, Senhor sobre toda a criação, Aquele que em tudo tem a supremacia, que abriu mão da Sua glória, es- vaziou-se para descer a este mundo e se entregar naquela cruz para resgatar a humanidade perdida e decaída. Que maravilha e exemplo de amor! Ele se importou com toda a humanidade, sendo para nós, os que creem, exemplo de conduta e de como também devemos nos importar com aqueles que estão presos pelo pecado e cegos de entendimen- to (2Co 4.3,4). Quando lemos sobre a pessoa de Jesus, vemos que Ele se importou com o outro. Isso demonstra que como servos de Cristo devemos nos importar também com o próximo. Deus sempre olhou para o necessitado com carinho e é com este mesmo olhar que devemos ver quem está ao nosso redor. Desprezar e escarnecer o necessitado é insultar diretamente a Deus (Pv. 17.5), a Palavra nos ensi- na que devemos ser justos e não negar a justiça a quem precisa (Dt 27.19). Como servos do Senhor, devemos agir como Ele agiu, valorizando os que se 83 encontram desvalorizados. Pois, na cruz de Cristo, todos nós fomos levantados. Por isso, devemos pres- tigiar àqueles a quem Deus, na pessoa de Jesus, valorizou. 2. Como agentes de Cristo devemos fazer o bem como o nosso Senhor “Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o qual andou por toda parte, fazendo o bem, e curando a todos os oprimi- dos do diabo, porque Deus era com ele” (At 10:38). A igreja em seu início, fato que podemos conferir no livro dos Atos dos Apóstolos, dava testemunho de que Jesus andou pela terra dos judeus fazendo o bem. Esse “fazer o bem” é depois explicado com a cura de doentes e a expulsão de demônios. Isso combina com o que os evangelhos narram sobre a maneira íntima de como o Mestre se importou com os necessitados, com a Sua compaixão para com os doentes e para com todos os que, no modo de pensar da época, estavam “oprimidos”. Jesus se empenhava ativamente por todos os necessita- dos. Diante dos frutos maus e dolorosos das tre- vas, Ele colocava somente atos bons. As Escrituras 84 Sagradas nos ensinam a olhar para Jesus para al- cançarmos o ideal e os propósitos de Deus. Vamos avançar olhando para Cristo, o Mestre bendito, imi- tando-o e seguindo os seus passos. Aprendemos que Jesus, o Filho amado, enviado de Deus, veio a este mundo para oportunizá-lo e fazer-lhe o bem. Agora, Ele nos envia para fazermos à semelhança dos Seus feitos. A liberdade que Cristo nos dá nos faz olhar com compaixão para os que estão aprisionados pelo pe- cado e por toda força maligna. Assim como fomos alcançados e chamados por Cristo, devemos ser instrumentos nas mãos do nosso Mestre para que o bem chegue a tantos outros que carecem. 3. Como agentes de Cristo não devemos ser insensíveis No tópico anterior, vimos que Jesus andou fazen- do todo o bem e que Ele nos envia para fazermos o mesmo. E isso implica em não sermos insensíveis ao sofrimento do próximo. Em Lc 13:10-17, temos o relato de Cristo livrando uma mulher daquilo que a aprisionava. Encantam-nos os resultados do Seu agir, que não se limitam ao tempo. A passagem em destaque indica a sua autoridade, poder e genero- 85 sidade, pois a mulher não podia realizar nenhuma ação sobre ela mesma, não tinha como endireitar- -se. Mas, o Senhor agiu em seu favor. De igual modo, a humanidade sem Cristo também não pode endi- reitar-se. Somente Ele tem toda autoridade e todo poder para restaurar vidas, salvar almas e mudar a história do ser humano. Jesus quis e realizou um milagre na vida dessa mulher, libertando-a do mal que a acometia. Assim como Cristo agiu naquela vida, Ele também quer agir, neste tempo, na vida de muitos outros através da Sua igreja. A ação de Jesus tira a insensibilidade. A dureza de coração nos faz perder muita coisa. Quando não se tem Jesus na vida, perde-se a sensibilidade no ser. E como é ruim alguém que não tem mais sen- sibilidade. As coisas boas, mínimas e necessárias, que nos são dadas por misericórdia divina, perdem valor e sentido, e deixamos de ser gratos a quem em tudo nos sustenta. Jesus ensina a nos impor- tarmos com o sofrimentodo outro. Não devemos ser indiferentes. Porque o toque de Cristo transfor- ma, e Ele nos transformou para sermos agentes de transformação. O toque de Jesus liberta, e Ele nos libertou para sermos mensageiros da liberda- de. Somente Cristo pode e tem o poder para liber- tar de toda e qualquer prisão. Sejamos verdadeiros 86 representantes de Cristo. “Torna para tua casa, e conta quão grandes coi- sas te fez Deus. E ele foi apregoando por toda a cidade quão grandes coisas Jesus lhe tinha feito” (Lc 8:39). O homem que Jesus havia libertado não anuncia uma mensagem teórica, mas o que Jesus realizara em sua própria vida, fala da sua própria experiência. Ele era um retrato vivo do poder do evangelho, um verdadeiro testemunho da graça li- bertadora e salvadora. Assim deve ser a nossa vida, refletindo as vir- tudes de Cristo Jesus. Como Ele pregou, devemos pregar. O nosso Mestre se importou com os perdi- dos, também devemos nos importar com eles. Ele nos curou, devemos ser, então, instrumentos viabi- lizadores da graça, que plenamente redime, liberta e restaura. Para pensar e agir De que Cristo lhe libertou? Seja grato a Ele. Cristo nos libertou para anunciarmos a liberdade. Salvou-nos para levarmos a mensagem de salva- ção. Estejamos disponíveis nas mãos do Senhor, como agentes de restauração espiritual. 87 A Cura de Toda Dor DOM SÁB SEX QUI QUA TER SEG Leitura Diária Mateus 8.5-13 Marcos 2.1-12 Marcos 4.35-41 Lucas 8.49-56 Lucas 17.11-19 João 2.1-12 João 6.1-15 Por Pr. Vanderlei Batista Marins Texto Base: Lição 8 João 3:1-2 Voltar para o sumário Os milagres são manifestações da parte do Senhor que evidenciam o Seu poder, autoridade, divindade e missão. Também, serviram para con- substanciar, dar credibilidade à obra que estava re- alizando (1Co 1.22). Destaco, aqui, dois conceitos sobre milagre: do dicionário Aurélio, afirmando que é “Fato sobrenatural oposto às leis da natureza.” e, do Michaelis, quando leciona que é “Fato ou acon- tecimento fora do comum, inexplicável pelas leis da natureza”. A palavra ‘milagre’ é muito significativa e, facil- mente, ligada à Pessoa de nosso Salvador e Senhor Jesus Cristo, o Messias divino, vista na encarnação do verbo (Jo 1.14). Enquanto o inimigo articulava os seus ardis e os homens voltavam para si mesmos, empreendendo ações egoístas, Jesus operava ma- ravilhas divinas, sinais extraordinários e miraculo- sos, mostrando grande diferença em relação aos seus adversários. Os feitos de Jesus evidenciavam o projeto da eternidade e mostravam o Seu grande e sacrificial amor para o resgate da humanidade. Muitos foram os milagres por Cristo operados, conforme registrado nos evangelhos, revelando efi- cácia, plena suficiência, superioridade e domínio 89 de Jesus sobre todas as coisas, como por exem- plo: a morte e o inferno, o diabo e seus agentes, as enfermidades e, por remate, a própria nature- za. Conquanto, a expressão “muitos milagres” es- teja aqui mencionada, devo ressaltar que o Senhor Jesus realizou muito mais do que isso; foi além do que fora registrado nos evangelhos, à luz de João 21.25. 1. O propósito dos milagres de Jesus Jesus desafiou a força da natureza, demonstrou que tem domínio diante das enfermidades, sobre as potestades das trevas, sobre a morte e o peca- do e, também, sobre o inferno, tudo isso para tes- tificar o poder que como, Deus, possuía. O Texto Sagrado afirma: “E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na ter- ra.” (Mt 28.18). Jesus, enquanto Deus demons- trou Seu poder, para que ‘cressem nele e fossem salvos’. O apóstolo João registrou diversos sinais que seu Mestre realizou, para com isso provar que Jesus é Deus, de acordo com o que está escrito em João 20.31: “Mas estes foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus 90 e, crendo, tenham vida em seu nome”. Além de mostrar Seu poder, para que cressem que, Ele tinha sido enviado por Deus, Jesus veio para fazer a vontade do Pai: “Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a von- tade daquele que me enviou”. (Jo 6.38). Em mo- mento algum, Jesus queria chamar a atenção para si ou somente atrair uma multidão com seus feitos milagrosos com o fim de obter fama e dinheiro; Ele curava, saciava a fome das pessoas e ressuscitou os mortos, porque “jamais deixou de socorrer os necessitados e aflitos, pois, compadecia-se deles. O sofrimento e a dor das pessoas que o cercavam chamava-lhe a atenção e, por isso, ele sentia mi- sericórdia e agia para socorrê-los. “E, Jesus, sain- do, viu uma grande multidão, e possuído de íntima compaixão para com ela, curou os seus enfermos” (Mt 14.14). 2. A existência de um Deus livre e pessoal decide a questão da possibilidade dos milagres Se Deus é o Criador do mundo, ninguém pode negar-lhe o direito e o poder de intervir nele. Aquele 91 que crê em Deus como soberano, de vontade livre e pessoal, não pode negar-lhe a possibilidade dos milagres. Uma vez admitindo-se que Deus é um ser pessoal, onipotente e livre para agir, crer que Ele possa intervir no mundo, é uma conclusão já envol- vida na crença em ser livre; pessoal e onipotente. Afirmar, como o fazem os filósofos e teólogos racio- nalistas, de que Deus tem de se limitar a manifes- tar-se de acordo com as leis da natureza, contradiz essa liberdade – é o oposto do que seria realmen- te de esperar. É ilógico, anti-teológico e anti-bíblico admitir o milagre da criação e negar a possibilidade dos milagres subsequentes. O que Deus fez, uma vez, pode ser capaz de fazer sempre, se Ele assim o quiser, no âmbito da sua Soberania. 3. A vontade soberana de Deus Se os milagres são possíveis a um Deus imutável, inalterável em Seu poder, então eles são prováveis de ocorrer ainda em nossos dias, se estiverem de acordo com a vontade soberana de deus. A espe- rança presumida e pré-assumida de que Deus vai agir e intervir, reveste-se, de fato, de um caráter ir- resistível. “Deus amou o mundo de tal maneira que 92 deu o Seu Filho Unigênito” – eis o maior de todos os milagres. Uma vez admitido o milagre do amor, como atributo comunicável do Deus pessoal, o mi- lagre da redenção do pecador se nos imporá como consequência lógica desse iniludível fato. Admitindo-se a realidade de um Deus soberano, eterno e pessoal por um lado, e de um mundo morto em seus delitos e pecados, a possibilidade do mi- lagre da redenção daqueles que creem em Cristo, torna-se um profundo a priori teológico e uma ver- dade absoluta. O filósofo holandês do século XVII (1632-1677), Benedictus Spinoza, negou a possibilidade de mi- lagres, porque não cria na existência de um Deus pessoal. O filósofo inglês, David Hume, negou a pro- babilidade dos milagres, porque negou a liberdade de Deus e o aprisionou no mundo que Ele tinha criado, com suas leis invioláveis e inalteráveis. Um milagre para os filósofos racionalistas seria um ato de violação de Deus de Seu espaço hermético e de suas próprias leis naturais. Se o miraculoso não faz parte nem mesmo dos desígnios e propósitos eternos de Deus e de Seus atos na história, então não se deve orar junto ao lei- 93 to de um enfermo e moribundo; não se deve clamar a Deus por auxílio em face da morte ameaçadora, visto que nem que seja de Sua vontade soberana, Ele interviria no curso da vida de Seu povo. Há sem dúvida, uma uniformidade na natureza; há leis que governam a operação das causas secun- dárias no mundo físico. Todavia, isto não significa que Deus não possa deixar de lado as leis da natu- reza, e não possa produzir um efeito extraordinário, que não resulte de causas naturais. Quando Deus opera milagres, produz efeitos extraordinários de maneira extraordinária. Houve teólogos reformados mais antigos (séculos XVI-XVIII), os quais não hesi- tavam em falar dos milagres como completamente improváveis de acontecer, visto que isto seria uma ruptura ou violação divina das leis da natureza.
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