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Distúrbios do sistema nervoso – parte 1 APRESENTAÇÃO Nesta Unidade de Aprendizagem, estudaremos as doenças dos neurônios motores, a epilepsia, a doença de Parkinson e a miastenia gravis. Tais distúrbios são relacionados ao sistema nervoso central. Na maioria das vezes, as patologias neurológicas são causadas por alterações metabólicas, degenerativas, estruturais, neoplásicas, traumáticas ou inflamatórias. As consequências podem ser hiper ou hipoatividade dos neurônios e/ou das células gliais. As manifestações clínicas vão depender das redes e conexões nervosas afetadas. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar a etiologia, as manifestações clínicas e o tratamento da epilepsia.• Reconhecer a etiologia, as manifestações clínicas e o tratamento da miastenia gravis e das atrofias musculares espinais. • Reconhecer as causas da doença de Parkinson, sua relação com a demência e o tratamento aplicado atualmente no Brasil. • DESAFIO A doença de Parkinson é uma condição mundial que acomete homens e mulheres, todas as raças e todas as classes sócio-econômicas.Os sintomas geralmente se iniciam após os 50 anos e ocorrem devido à degeneração de neurônios que liberam o neurotransmissor dopamina. Uma das funções da dopamina é a realização dos movimentos voluntários automáticos. Imagine que você, como profissional da área da saúde, tenha sido questionado sobre alguns aspectos da doença de Parkinson que você, anteriormente, não tinha conhecimento. Através de pequisa, responda aos seguintes questionamentos: 1) Todas as pessoas que apresentarem a doença irão desenvolver demência? 2) Parkinson tem cura? 3) A doença é constituída por quatro sintomas capitais: tremor, rigidez, bradicinesia e instabilidade postural. Qual desses quatro sintomas inicia mais tardiamente no decorrer da doença? 4) O Parkinson se desenvolve por causa da degeneração dos neurônios dopaminérgicos nos núcleos da base. O tratamento envolve a administração de levodopa, que é um precursor da dopamina. Por que administrar levodopa, se poderia ser administrado dopamina sintética (medicamento) para suprir a falta de dopamina nos núcleos da base? 5) O tratamento medicamentoso para a doença de Parkinson é gratuito no Brasil? INFOGRÁFICO O infográfico apresenta a patogenia de doenças de neurônios motores, da miastenia gravis, da doença de Parkinson e da epilepsia. CONTEÚDO DO LIVRO O sistema nervoso é a máquina responsável pelo funcionamento de todo o nosso organismo. Ele é responsável por permitir que você leia, fale com seus amigos, expresse emoções, coma sua comida preferida, ouça música, dirija um carro, e muitas outras coisas, desde as mais básicas até as mais complexas. As células responsáveis por carrear as informações motoras, sensorias e outras, aos músculos, órgãos e tecidos, são os neurônios. Qualquer comprometimento da função normal do neurônio, pode impedir que você faça coisas simples do seu cotidiano, como segurar o celular com a mão. No capítulo Distúrbios do sistema nervoso - parte 1, da obra Genética e Patologia você irá entender um pouco mais sobre a Epilepsia, a Miastenia gravis, a Atrofia muscular espinhal e a doença de Parkinson, que são condições que afetam os neurônios de tal forma a prejudicar consideravelmente a qualidade de vida dessas pessoas. Bons estudos. GENÉTICA E PATOLOGIA Francine Luciano Rahmeier Distúrbios do sistema nervoso — parte 1 Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar a etiologia, as manifestações clínicas e o tratamento da epilepsia. Reconhecer a etiologia, as manifestações clínicas e o tratamento da miastenia gravis e das atrofias musculares espinais. Reconhecer as causas da doença de Parkinson, sua relação com a demência e o tratamento aplicado atualmente no Brasil. Introdução O nosso sistema nervoso é composto por milhares de células, entre células da glia e neurônios, que desempenham funções específicas. Através de neurotransmissores e sinapses nervosas, essas células comunicam-se umas com as outras, enviando comandos para toda e qualquer função que executamos com o nosso corpo. Os neurônios destacam-se como as maiores células do corpo humano e as mais importantes para o bom desempenho de funções motoras, autôno- mas, voluntárias, entre outras. Neste capítulo, você entenderá melhor como surgem, desen- volvem-se e progridem três importantes condições que afetam os neurônios do nosso sistema nervoso: epilepsia, miastenia gravis e doença de Parkinson. 1 Epilepsia A epilepsia é uma desordem neurológica crônica bastante frequente na população mundial. Seus primeiros relatos são encontrados em textos ba- bilônicos do ano de 2000 a.C. Contudo, o termo epilepsia começou a ser usado na Grécia Antiga e signifi ca “ser tomado, possuído”, em referência às manifestações que podem ocorrer durante um episódio epilético, que acreditava-se tratar de uma possessão espiritual devido à falta de conheci- mento científi co. Somente mais tarde, no século XX, com as descobertas em neurofi siologia, foi estabelecido que a epilepsia estava relacionada a um distúrbio do funcionamento cerebral, passando a ser considerada uma doença que merecia atenção e tratamento. Entretanto, ainda nos dias atuais, é uma doença que segue estigmatizada (FERNANDES, 2013). A epilepsia é composta por um grupo de distúrbios temporários e reversíveis caracterizados pela presença de crises epiléticas recorren- tes. Essas crises desenvolvem-se a partir de atividades anormais da sinalização elétrica neural no córtex cerebral, que ocorrem de forma paroxística e hipersincrônica, desencadeadas por causas que não sejam febre, dano (trauma) ao sistema nervoso central (SNC) ou desequilíbrio tóxico-metabólico grave (que não tenha sido influenciado por doenças preexistentes) (GALLUCCI NETO; MARCHETTI, 2005; GREENBERG; AMINOFF; SIMON, 2014). As anormalidades da atividade elétrica ocorrem por fenômenos de hiperexcitabilidade neuronal (mediadas, principalmente, por glutamato e acetilcolina), que provocam a abertura dos canais iônicos (sódio, potássio, cálcio), provocando o aumento da atividade elétrica em alguns grupos de neurônios situados no córtex cerebral e aumentando a repetição desse sinal elétrico. Além disso, ocorre um fenômeno de hipersincronia, que faz com que esses sinais exacerbados sejam conduzidos ao mesmo tempo. Após esse evento inicial, acontece o recrutamento nos neurônios adjacentes, que fazem a propagação desse fenômeno e diminuem a atividade sináp- tica inibitória nos receptores GABA (CHAVES et al., 2008; HAUSER; JOSEPHSON, 2015). Essas crises, que duram de segundos a alguns minutos, variam entre diversos níveis de intensidade e gravidade, que dependem do local do cérebro que está sendo afetado e acontecem de forma espontânea e recor- Distúrbios do sistema nervoso — parte 12 rente. É uma doença que pode interferir na qualidade vida desses pacientes, podendo trazer danos estruturais ao cérebro, prejuízo às funções motoras e cognitivas e dificuldade de inserção e convívio social. Primeiramente, classificamos as crises epiléticas segundo a última atualização da Interna- tional League Against Epilepsy (ILAE), em 2017, que se baseia no local de início da crise no cérebro. A partir disso, elas são subclassificadas quanto ao tipo de epilepsia conforme o conjunto de sinais e sintomas (FISHER et al., 2017; SCHEFFER et al., 2017). Crises epiléticas de início focal: têm início em um dos lobos cerebrais de um dos hemisférios (unifocal) ou em todo o hemisfério de apenas um lado (multifocal). Nesse tipo de crise, pode haver ou não a perda da consciência (crise focal disperceptiva ou perceptiva), além de apresentar sinais e sintomas motores (que envolvem musculatura esquelética) e não motores (que envolvem o sistema nervoso autônomo, simpático e parassimpático).Crises epiléticas de início generalizado: têm início nos dois hemisférios cerebrais, acometendo diversas áreas. Assim como nas focais, também podem apresentar perda ou não da consciência, além de apresentar sinais e sintomas motores (crises tônico-clônicas e outras motoras) e não motores (crise de ausência). Crises focais e generalizadas: trata-se de um novo tipo criado para abran- ger pacientes que desenvolvem os dois tipos de crises durante a vida. Essas situações ocorrem, especialmente, em portadores da Síndrome de Dravet e Síndrome de Lennox-Gastaut. Crises de início desconhecido: englobam casos em que o paciente possui crises epiléticas com manifestações motoras (tônico-clônicas e outras motoras) e não motoras (parada comportamental), mas não é possível estabelecer um tipo, pois os dados dos exames de imagem e de eletroencefalograma são inexistentes, inconclusivos ou não possuem achados de alteração de atividade cerebral. No Quadro 1, estão reunidos os tipos de crises epiléticas e seus respectivos sinais e sintomas. 3Distúrbios do sistema nervoso — parte 1 Tipos de crise Tipos de epilepsia Sinais e sintomas Início focal Crise focal perceptiva Caracterizada por movimentos descontrolados de alguma parte do corpo e distorção das percepções sensoriais (visão, audição) e emocionais (medo, angústia, desconforto estomacal) por alguns minutos. Crise focal disperceptiva Engloba os sinais e sintomas da crise parcial simples, seguidos de perda da consciência. Após a recuperação, a pessoa pode apresentar deficits de memória e confusão mental. Início generalizado Crise de ausência A pessoa parece estar “desligada”. Está consciente, mas não reage e não responde, perde o contato com a realidade. Ocorre por alguns instantes e, em seguida, volta a fazer o que estava fazendo normalmente. Crise atônica Ocorre a perda da consciência seguida de queda, sem a presença de rigidez corporal. Crise mioclônica Perda de consciência seguida de queda, com a presença de contrações musculares bruscas e involuntárias por todo o corpo. Crise tônica Perda de consciência seguida de queda, com a presença de rigidez corporal. Crise tônico-clônica Perda de consciência e rigidez corporal. Em seguida, braços e pernas tremem e se contraem. Se a crise durar mais de 30 minutos, pode haver comprometimento das funções cerebrais como sequela. Quadro 1. Classificação das crises epiléticas relacionadas com seus sinais e sintomas manifestantes Fonte: Adaptado de Fisher et al. (2017) e Scheffer et al. (2017). Distúrbios do sistema nervoso — parte 14 Você já deve ter ouvido falar de alguém que tem epilepsia e teve uma convulsão. Será que isso está correto? Do ponto de vista das manifestações clínicas, está correto. Uma convulsão, assim como uma crise epilética, também é causada por atividades elétricas neuronais anormais, paroxísticas e hipersincrônicas, que manifestam sinais e sintomas motores (rigidez, espasmos e contrações dos membros superiores e inferiores) e não motores (perda da consciência, alterações visuais e auditivas), além do relaxamento de esfíncteres devido à interferência no sistema nervoso autônomo. Anomalias da atividade elétrica neuronal causadas por traumas, febre, infecções, desequilíbrios metabólicos e substâncias tóxicas geram uma crise convulsiva. Entretanto, a própria epilepsia e outras doenças geram crises epiléticas. Dessa forma, quando temos um diagnóstico de epilepsia, denominamos a crise como epilética em vez de convulsiva (GREENBERG; AMINOFF; SIMON, 2014). Para o estabelecimento de um diagnóstico preciso, além da identificação do tipo de crise e do tipo de epilepsia, deve-se considerar o que chamamos de síndrome epilética. Essa síndrome refere-se ao conjunto de fatores que podem ser associados à manifestação da crise epilética e às alterações de exames de imagem e de ondas cerebrais. Entre esses fatores associados, destacam-se a idade de início das crises, as comorbidades associadas (distúrbios psiquiátricos e deficit intelectual), o turno de manifestação da crise (diurno ou noturno), entre outros (SHEFFER et al., 2017). Durante as crises com manifestações motoras, o portador pode se ferir grave- mente, devido às quedas e aos movimentos bruscos, e desenvolver lesões traumáticas internas e externas. Portanto, a associação do diagnóstico da crise, do tipo de epilepsia e da síndrome epilética é importante para estabelecer a etiologia, o prognóstico e o tratamento desses pacientes, para que o quadro epilético possa ser estabilizado, evitando novas crises (MIZIARA; MIZIARA; MUÑOZ, 2011; SHEFFER et al., 2017). Para estabelecer esse diagnóstico, exames de neuroimagem, como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética, podem ser úteis na avaliação da presença de anomalias estruturais. Já os exames neurofisiológicos, como o eletroencefalograma (EEG) — que faz o mapeamento das ondas cerebrais e dos potenciais elétricos das sinapses nervosas —, são muito úteis e indispensáveis para avaliar as regiões que estão sendo afetadas em uma crise (Figura 1) (SHEFFER et al., 2017). 5Distúrbios do sistema nervoso — parte 1 Figura 1. Imagens representativas de exames de EEG mostrando o mapeamento das ondas cerebrais e seus potenciais elétricos, realizados a partir da colocação de eletrodos na região do escalpo. São medidas as atividades corticais frontais, centrais, temporais, parietais e occipitais a partir da captação de ondas cerebrais lentas (delta e teta) e de ondas rápidas (alfa, beta e gama). Nessas ondas, são avaliadas a frequência (forma como a onda se repete), a amplitude (altura e depressão de cada pico), a morfologia (formato da onda) e a simetria (padrão de potencial elétrico) de cada tipo de onda. (a) EEG sem alterações, mostrando conjuntos de ondas em cada região cortical que seguem um padrão de frequência, amplitude e morfologia normais. (b) EEG de um paciente com epilepsia, com crise focal na infância, durante uma crise. Compare com o EEG normal e observe como os picos e depressões não seguem um padrão normal; note também a alteração da frequência e da amplitude das ondas cerebrais. Fonte: (a) Appolinário (2001, documento on-line); (b) UNICAMP (2016, documento on-line). Distúrbios do sistema nervoso — parte 16 Fatores etiológicos e tratamento A determinação da etiologia das crises epiléticas permite ao médico e ao paciente esclarecer o motivo pelo qual uma crise se inicia. Isso é um achado de extrema importância, pois o paciente pode receber um trata- mento direcionado e adequado ao seu caso. No Quadro 2, são apresentados alguns fatores etiológicos associados à predisposição de desenvolver uma crise epilética. Fatores etiológicos Descrição Exemplos Estruturais Presença de anomalias na estrutura cerebral que podem ser vistas nos exames de neuroimagem e estar relacionadas às disfunções das sinapses neuronais. Essas anomalias podem ser adquiridas após um trauma, acidente vascular encefálico, doença infecciosa ou inflamatória ou por malformações no desenvolvimento do córtex cerebral, seja por alterações genéticas ou por problemas no desenvolvimento fetal. Síndrome de Rasmussen Polimicrogíria secundária à infecção intrauterina por citomegalovírus Mutações nos genes TSC1 e TSC2 que levam ao complexo esclerose tuberosa Genéticos Relação direta com uma mutação genética. A investigação de mutações é muito útil para estabelecer um diagnóstico em crises infantis e juvenis. Podem ter origem em herança genética, erro durante o desenvolvimento que causa uma nova mutação ou adquirida por influência de fatores ambientais. Mutação nos genes KCNQ2 ou KCNQ3: síndrome de epilepsia neonatal benigna familiar Encefalopatias epiléticas Variante patogênica de SCN1A: Síndrome de Dravet Quadro 2. Listagem e descrição dos fatores etiológicos relacionados com a manifestação de crises epiléticas (Continua) 7Distúrbios do sistema nervoso — parte 1 Se essascrises epiléticas ocorreram com certa frequência nos últimos cinco anos, a epilepsia é considerada ativa, logo, quando não há manifestações nos últimos cinco anos, considera-se a epilepsia em remissão ou inativa (MI- ZIARA; MIZIARA; MUÑOZ, 2011). As crises podem ser estabilizadas ou entrar em remissão quando é aplicado o tratamento adequado para cada tipo de epilepsia, que deve ser feito à base de substâncias antiepiléticas que sejam Fonte: Adaptado de Scheffer et al. (2017). Fatores etiológicos Descrição Exemplos Infecciosos É considerada a etiologia mais comum, relacionada com infecções por vírus, bactérias ou parasitas, que atinge níveis mais altos do sistema nervoso. Infecções por: HIV Neurocisticercose Tuberculose Toxoplasmose cerebral Encefalite causada por vírus Zika vírus Metabólicos A crise epilética é desencadeada por desordem metabólica com alterações bioquímicas, que podem ter influência de alguma mutação genética ou influência ambiental. Deficiência de folato cerebral Porfirias Aminoacidopatias Imunológicos Esse tipo de epilepsia está relacionado ao sistema imunológico, que pode desencadear alguma inflamação no SNC. Encefalite autoimune contra receptores NDMA Desconhecidos Não se consegue determinar a causa e, consequentemente, não é possível fazer um diagnóstico específico. — Associados a comorbidades A crise epilética pode estar relacionada a outras doenças que envolvam disfunções motoras, comportamentais, psicológicas psiquiátricas ou de aprendizagem. Paralisia cerebral Escoliose Perturbações do sono Autismo Depressão Quadro 2. Listagem e descrição dos fatores etiológicos relacionados com a manifestação de crises epiléticas (Continuação) Distúrbios do sistema nervoso — parte 18 capazes de inibir as descargas anormais repetitivas corticais. A escolha do tratamento avalia, além do tipo de crise epilética, a idade, o sexo, a gravidade das crises, o risco de recorrência, a facilidade de administração e a tolerância à medicação. Entre os principais fármacos utilizados, estão (BRASIL, 2018): fenitoína: da classe das hidantoínas, atua bloqueando os canais de sódio dependentes de voltagem, controlando crises epiléticas de início focal principalmente; fenobarbital: da classe dos barbitúricos, age sobre os canais de cloro dos receptores GABA-A, prolongando a sua abertura e hiperpolarizando a membrana pós-sináptica, bastante utilizada também em crises focais, crises generalizadas; topiramato: é uma sulfonamida utilizada em vários tipos de crises epiléticas, atua sobre os canais de cálcio, potencializa a ação inibitória GABAérgica, age como antagonista a receptores glutamatérgicos, além de influenciar a condutância do cálcio; carbamazepina: é um iminodibenzil que atua sobre os canais de sódio e possui uma leve ação anticolinérgica; gabapentina: é um gabapentinoide, estruturalmente semelhante ao GABA, que se liga à proteína alfa2-gama dos canais de cálcio, utilizada como terapia adjuvante em casos de crises focais; lamotrigina: atua inibindo os canais de sódio e os potenciais pós- -sinápticos, podendo ser utilizada sozinha ou em terapia adjuvante, especialmente, com o ácido-valproico; ácido valproico: é utilizado largamente para vários tipos de crise, atuando sobre canais iônicos, alterando a frequência das descargas dos canais de sódio e ativando a condutividade do potássio. Entretanto, grande parte dos pacientes que manifestam crises epiléticas (cerca de 80%) não recebem tratamento adequado e, muitas vezes, nem re- cebem tratamento (GALLUCCI NETO; MARCHETTI, 2005; MIZIARA; MIZIARA; MUÑOZ, 2011). 2 Distúrbios dos neurônios motores Vários são os tipos de doenças que podem afetar os neurônios motores, a unidade motora ou a junção neuromuscular. Entre essas doenças, destacam-se duas: a miastenia gravis e a atrofi a muscular espinal. 9Distúrbios do sistema nervoso — parte 1 Miastenia gravis O termo signifi ca fraqueza muscular grave e é um tipo bastante comum e estudado de doença que afeta a transmissão sináptica na junção neuromus- cular do músculo esquelético. Em situações normais, os neurônios motores situados no músculo esquelético recebem potenciais de ação que carreiam informações sobre contração e relaxamento muscular, e esse potencial mantém certa amplitude constante. Na miastenia gravis, as informações são carreadas da mesma forma, mas o potencial de ação perde amplitude muito rapidamente, o que causa fraqueza no músculo e difi culdades no movimento muscular normal (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017; KANDEL et al., 2014). Essa condição afeta, na maioria dos casos, os músculos da porção oral da faringe, oculares e dos membros superiores e inferiores. Em cerca de 50% dos casos iniciais, o paciente apresenta queda da pálpebra (ptose), não consegue ficar com o olho afetado aberto por muito tempo ou não consegue fechar os olhos completamente (Figura 2). Além disso, têm expressões faciais pobres, pode ter dificuldades para sorrir, soprar, mastigar e deglutir, além de fatigar- -se mais rapidamente, devido à fraqueza dos músculos afetados (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017; BIZARRO et al., 2017; KANDEL et al., 2014; NEMR et al., 2013). Figura 2. Sinal clássico da miastenia gravis, chamada de ptose palpebral. Note a queda das pálpebras, com acentuação na pálpebra esquerda do paciente. Fonte: Kandel et al. (2014, p. 280). Distúrbios do sistema nervoso — parte 110 Essa doença possui duas etiologias diferentes: a mais prevalente é a autoi- mune, e a forma mais rara é congênita e hereditária. Miastenia gravis autoimune — Caracteriza-se pela formação de anticorpos contra os receptores colinérgicos nicotínicos de acetilcolina (ACh) presentes no músculo. Esses anticorpos são capazes de produzir sérios danos estruturais a esses receptores, a ponto de restarem poucos que são funcionais. Esses anticorpos também podem atuar impedindo ou difi cultando a ação do neurotransmissor ACh com seus receptores, que acaba por ser degradada na fenda sináptica pela acetilcolinesterase (AChE), antes mesmo de conseguir interagir com a membrana do neurônio presente na junção neuromuscular (KANDEL et al., 2014). Alguns anticorpos também são produzidos contra a MuSK, um receptor tirosina-quinase pós-sináptico que interage com a agrinina para organizar em grupos os recep- tores colinérgicos nicotínicos. A falta dessa organização causada pela miastenia provoca também alterações sinápticas na junção neuromuscular (GREENBERG; AMINOFF; SIMON, 2014; HAUSER; JOSEPHSON, 2015; KANDEL et al., 2014). É importante lembrar que a ACh é um neurotransmissor colinérgico muito importante que atua nas sinapses na junção neuromuscular, no SNC e no sistema nervoso periférico. A ACh é produzida nos neurônios pela colina-O-acetil-transferase, armazenada e trans- portada em vesículas sinápticas para o terminal sináptico, liberada na fenda sináptica para interagir com os receptores colinérgicos dos neurônios pré e pós-sinápticos e, em seguida, degradada pela AChE em colina e acetato (VENTURA et al., 2010). Algumas substâncias são capazes de fazer o bloqueio dos receptores colinérgicos, impedindo a ação da ACh, o que causa paralisia muscular momentânea. É o caso do curare (composto ativo: d-tubocurarina), uma substância extraída de plantas nativas da América do Sul (KANDEL et al., 2014) conhecida por ser usada em pontas de flechas. A miastenia autoimune pode ser tratada com medicamentos que auxiliam a melhora dos sintomas e que atuam inibindo a ação da AChE, como o edrofônio, a pridogstimina e a neostigmina. Uma vez que a AChE esteja inibida, não ocorre a degradação da ACh na fenda sináptica, fazendo com que ela atue por mais tempo, compensando, assim, a falta de receptores colinérgicos suficientes 11Distúrbios do sistema nervoso — parte 1 para provocar a resposta muscular adequada. Fármacos imunossupressores (ciclofosfamida, metotrexato) e infusãode imunoglobulinas também podem ser usados para diminuir a produção desses anticorpos, a fim de retardar a progressão da doença, da mesma maneira que a plasmaferese (remoção do plasma e dos anticorpos autoimunes) é muito útil para manter o paciente sem sintomas por algum tempo. Em alguns casos, deve-se considerar a remoção do timo para cessar a resposta autoimune causada pela doença (GREENBERG; AMINOFF; SIMON, 2014; KANDEL et al., 2014). Miastenia gravis congênita e hereditária — Na síndrome miastênica neona- tal, a criança recebe os anticorpos da mãe miastênica, que vão atuar em seu sistema da mesma forma que em pessoas com miastenia gravis. Já a miastenia congênita desenvolve-se por herança genética, em que a criança possui um defeito genético que provoca alguma anomalia nos componentes da junção neuromuscular e nos receptores colinérgicos muscarínicos ou MuSK, defeitos na produção ou ação de ACh ou AChE ou alteração do tempo de abertura dos canais dos receptores. Tudo isso pode difi cultar a sinapse neuromuscular. Como exemplo, destaca-se a síndrome do canal lento (canal do receptor aberto por muito tempo, o que provoca a ação excessiva da ACh, que pode causar danos para o receptor) e a síndrome do canal rápido (o canal fi ca aberto por pouco tempo, e a ACh não pode mais agir). Nos dois casos, a miastenia pode variar desde uma forma ocular isolada até crises miastênicas com comprometimento da respiração, com necessidade de ventilação mecânica (GREENBERG; AMI- NOFF; SIMON, 2014; HAUSER; JOSEPHSON, 2015; KANDEL et al., 2014). O tratamento da miastenia gravis genética depende de cada caso, mas são usadas, em geral, as mesmas substâncias anticolinesterásicas que na miastenia autoimune, para evitar a degradação da ACh. Também podem ser usadas 3,4-diaminopiridina (na síndrome do canal rápido) e quinidina (que bloqueia os canais que ficam abertos por muito tempo) (KANDEL et al., 2014). Para que todos esses tratamentos tragam resultados, é de suma importância que haja um diagnóstico bem estabelecido e, para isso, são necessários alguns exames. Além da avaliação clínica da sintomatologia e de alguns testes como o teste da bolsa de gelo (pacientes com miastenia têm agravamento da fraqueza muscular em temperaturas mais baixas), exames eletromiográficos (avaliação das sinapses ocorridas na musculatura esquelética) com prova de estimulação nervosa repetitiva, avaliação de anticorpos anti-AChR (anticorpos antirreceptor colinérgico muscarínico) e dosagens de ACh são extremamente úteis (BIZARRO et al., 2017; GREENBERG; AMINOFF; SIMON, 2014; HAUSER; JOSEPHSON, 2015). Distúrbios do sistema nervoso — parte 112 Atrofia muscular espinal A atrofi a muscular espinal (AME) é um tipo de doença neurodegenerativa progressiva que afeta os neurônios motores alfa (α) localizados no corno anterior da medula espinal. É uma síndrome genética de origem autossômica recessiva, raramente dominante, em que ocorre uma mutação ou deleção homozigótica no gene precursor da proteína de sobrevivência do motoneurônio (SMN), que está localizado no cromossomo 5q13 (BAIONI; AMBIEL, 2010; KANDEL et al., 2014; ORSINI et al., 2008). A proteína SMN está presente em todas as células do nosso corpo e é responsável por auxiliar a remoção de sequências não codificantes do pré- -RNA mensageiro, além de participar da transcrição e expressão de alguns genes, muito importante para a sobrevivência do neurônio. Geralmente, na região do lócus do cromossomo 5, existem duas cópias do gene SMN quase idênticas: SMN1 (localização telomérica) e SMN2 (localização centromérica). A SMN1 vai produzir uma proteína íntegra, enquanto a SMN2 produz poucas quantidades dessa proteína, em seu tamanho total, mas grande parte de sua produção é uma proteína SMN encurtada e pouco funcionante (BAIONI; AMBIEL, 2010; KANDEL et al., 2014). O tipo de mutação vai predizer a gravidade de cada caso e, a partir disso, a AME pode ser classificada em quatro tipos diferentes (Figura 3). AME I (AME aguda ou doença de Werdnig-Hoffmann) — Desenvolve-se a partir da deleção dos genes SMN1 e, consequentemente, há uma baixíssima expressão de proteínas íntegras, que passam a ser expressas somente pelo gene SMN2. É a forma mais severa, de início precoce (até os 6 meses de idade), caracterizada pela incapacidade de sentar-se sem apoio e fi rmar a cabeça, fraqueza e atrofi a muscular graves e, à medida que a doença progride (1 ano de vida), surge a incapacidade de engolir e difi culdade para respirar, pois ocorre a fraqueza dos músculos intercostais. A expectativa de vida é bastante baixa, de cerca de dois anos. AME II (AME crônica) — Ocorre a deleção de um dos genes SMN1 e a con- versão do outro para SMN2. Dessa forma, a produção de proteína SMN íntegra é baixa, contudo, ainda maior do que na AME I. Os sintomas surgem entre 6 e 18 meses de vida, com a inabilidade de caminhar sem auxílio e difi culdade para engolir e tossir, além da fraqueza muscular. Com a progressão da doença, os pacientes podem desenvolver escoliose e contraturas e, na maioria das vezes, possuem baixo peso corporal. Espera-se que vivam entre 10 e 40 anos. 13Distúrbios do sistema nervoso — parte 1 AME III (AME juvenil ou doença de Kugelberg-Welander) — Nesse caso, ocorre a conversão dos dois genes SMN1 para SMN2. Portanto, a produção de proteína íntegra é mais alta do que nos outros dois tipos. Caso os sintomas surjam até os 3 anos de idade, serão subclassifi cadas em AME IIIa e, após essa idade, em AME IIIb. Esses pacientes podem caminhar com independência, mas os pacientes com AME IIIa conseguem isso somente até os 20 anos de idade, em média, enquanto os AME IIIb mantêm essa habilidade. Poucos são os casos de difi culdade respiratória e de deglutição, a fraqueza e atrofi a são extremamente mais brandas. A expectativa de vida é indefi nida. AME IV — Possui o mesmo tipo de alteração genética que na AME III, mas os indivíduos apresentam dano motor muito suave e não possuem outras manifestações físicas, além de terem expectativa de vida normal (BAIONI; AMBIEL, 2010; KANDEL et al., 2014; ORSINI et al., 2008). Figura 3. Exemplificação dos genótipos de pacientes portadores de AME. Fonte: Adaptada de Baioni e Ambiel (2010). O diagnóstico da AME é fundamental para o início imediato do tratamento, tendo em vista que é uma doença progressiva e, quanto mais tarde o tratamento for iniciado, menor será a chance de retardar a progressão dessa doença. Entretanto, por Distúrbios do sistema nervoso — parte 114 possuir manifestações clínicas que estão presentes em outras desordens neurológicas, nem sempre tem diagnóstico fácil (BAIONI; AMBIEL, 2010; ORSINI et al., 2008). Primeiramente, são observados os sinais físicos, e o diagnóstico precisa ser complementado com exames de eletromiografia ou biópsia muscular, para confirmar a desnervação muscular, exame genético-molecular, para observar a ausência do éxon 7 do gene SMN1, e dosagem de creatinofosfoquinase, que pode estar aumentada na AME. Após o diagnóstico preciso, cada caso deve receber uma atenção diferente, conforme a sua gravidade, e grande parte do tratamento se dá por manutenção dos sinais e sintomas. Geralmente, é feito suporte respiratório (com ventilação artificial), nutricional, fisioterapia para melhora dos movimentos e respiratória, bem como exer- cícios físicos regulares (BAIONI; AMBIEL, 2010). Recentemente, uma substância para o tratamento de AME foi implantada pelo governo brasileiro e incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS). Esse fármaco é a Spinraza® (Nusinersena®), que atua na produção de proteína SMN (CAETANO; HAUEGEN; OSORIO-DE-CASTRO, 2019), podendo melhorar mesmo os quadros mais graves de AME. 3 Doença de Parkinson A doença de Parkinson está presente em cerca de 2% da população mundial (a segunda doença neurodegenerativa mais incidente), afetando, de modo geral, pessoas acima de 60 anos, com prevalência mais alta entre indivíduos do sexo masculino (FARIAet al., 2019). É uma doença incapacitante, neurodegenerativa e progressiva, caracterizada, primeiramente, por acúmulos de alfa-sinucleína (proteína solúvel pre- sente nos terminais pré-sinápticos) no tecido nervoso, originando o que conhecemos como corpúsculos de Lewis, que são os primeiros sinais da doença antes da perda de neurônios dopaminérgicos na substância negra do mesencéfalo e consequente redução dos níveis de dopamina no córtex estriado (CABREIRA; MASSANO, 2019; FARIA et al., 2019). A dopamina é um neurotransmissor responsável pelo controle dos movimentos, associada com o sistema de recompensa e motivação (FARIA et al., 2019; KANDEL et al., 2014). Qualquer movimento que se inicie precisa de dopamina para que seja executado de forma efi ciente, caso contrário, os movimentos serão imprecisos e lentos (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017). Essa deficiência de dopamina no estriado é o que provoca os sintomas motores típicos da doença, como tremores de repouso, rigidez muscular, pobreza de movimentos, movimentos lentos e instabilidade postural. Além desses, também há manifestação de sintomas não motores, como ansiedade, depressão, distúr- bios do sono, perda de olfato, alterações vocais, disfunção erétil e deterioração 15Distúrbios do sistema nervoso — parte 1 cognitiva. Conforme a doença progride, essas alterações se agravam, ocorre perda da autonomia e dependência total de outras pessoas (FARIA et al., 2019; NUNES et al., 2019; SOUSA; BRAGA; ROCHA SOBRINHO, 2016). Outra manifestação associada ao Parkinson é a demência, que está presente nessa população seis vezes mais do que na população em geral. A demência surge em cerca de 65% dos pacientes parkinsonianos com idade avançada (85 anos) e com a doença bem estabelecida e engloba diversas manifestações presentes em vários tipos de demência, dentre as quais, podemos citar (CAIXETA; VIEIRA, 2008): falta de interesse e iniciativa para atividades espontâneas; dificuldade e lentidão para processar as informações; dificuldade de se expressar e se comunicar; incapacidade de resolver problemas; problemas na percepção visual e espacial; deficits de memória e de atenção; delírios e alucinações. Em geral, os primeiros sintomas motores e não motores surgem quando a perda de neurônios dopaminérgicos ultrapassa 60%, enquanto a redução dos níveis de dopamina do estriado já atingiu cerca de 80% (Figura 4) (SOUSA; BRAGA; ROCHA SOBRINHO, 2016). Figura 4. Imagens obtidas por tomografia computadorizada com emissão de prótons (PET CT) a partir da captação de F-dopa pelo estriado. Observe a redução da amplitude do sinal emitido pelo estriado de uma paciente que não apresenta sintomas, mas possui histórico familiar da doença. Observe também a redução ainda mais drástica 5 anos depois, após o surgimento dos sintomas. Fonte: Kandel et al. (2014, p. 861). Distúrbios do sistema nervoso — parte 116 Os fatores etiológicos associados com o surgimento da doença incluem: traumatismo craniano, exposição a pesticidas agrícolas e outras toxinas, além de fatores genéticos e hereditários que estão fortemente ligados a essa doença. Já foram relatadas mutações autossômicas dominantes em genes relacionados com a alfa-sinucleína (SNCA) e parkina (PARK2, PARK5, PARK6, PARK7, PARK8, PARK9), que têm origem autossômica dominante ou recessiva, além de genes relacionados ao cromossomo X (por isso, a frequência é maior entre homens) (AGUIAR; SEVERINO, 2010; CABREIRA; MASSANO, 2019). O diagnóstico baseia-se na avaliação dos sinais clínicos que o paciente apre- senta, histórico clínico e familiar. O diagnóstico se torna difícil pelo fato de que não existem ainda biomarcadores que possam confirmar a doença in vivo, tendo em vista que as alterações acontecem em regiões restritas do cérebro. A detecção de alfa-sinucleína circulante tem sido estudada como um potente biomarcador. O diagnóstico de possíveis alterações pode ser útil para o estabelecimento de um diagnóstico, caso exista algum tipo de alteração, bem como a tomografia computadorizada com I-ioplufano, que é capaz de detectar a descoloração da substância nigra (neurônios dopaminérgicos que apresentam coloração negra) e com F-dopa, que nos permite observar a presença de dopamina no estriado (CABREIRA; MASSANO, 2019; CAIXETA; VIEIRA, 2008). O tratamento da doença de Parkinson é comumente feito com medicamentos dopaminérgicos, especialmente, a L-Dopa, que aumenta a disponibilidade de dopamina no estriado (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017; CABREIRA; MASSANO, 2019). No Brasil, o SUS fornece medicamentos para o tratamento da doença, como: agonistas dopaminérgicos (que provocam a estimulação dos receptores dopaminérgicos nos neurônios pós-sinápticos), como o Pramipexol e a Bromocriptina; inibidores da enzima catecol-O-metiltransferase juntamente com a L-dopa (por meio dessa inibição, impedem que a L-dopa seja metabolizada na periferia, o que dificultaria sua passagem pela barreira hematoencefálica), como a Entacapona e a Tolcapona; fármacos anticolinérgicos (inibem o sistema nervoso parassimpático e aliviam a contração involuntária dos músculos), como o Triexifenidil; inibidores da Monoamina Oxidase B (impedem a degradação da dopamina), como a Selegilina e a Rosagilina (BRASIL, 2017a, 2017b). Além da intervenção farmacológica, o Parkinson pode ser tratado com eletroestimulação profunda, através de eletrodos implantados no cérebro. Além disso, o paciente conta com o auxílio de intervenções psicossociais, tarefas cognitivas, fisiote- rapia e orientação nutricional para melhorar sua qualidade de vida (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017; CABREIRA; MASSANO, 2019). 17Distúrbios do sistema nervoso — parte 1 Você sabia que o ator de Hollywood, Michael J. Fox, estrela da trilogia de filmes De volta para o futuro, é portador da doença de Parkinson? Pesquise sobre sua história e a de sua fundação de apoio para pesquisas científicas sobre a doença, chamada “The Michael J. Fox Foundation for Parkison’s research”. AGUIAR, P. M. C.; SEVERINO, P. Biomarcadores na doença de Parkinson: avaliação da expressão gênica no sangue periférico de pacientes com e sem mutações nos genes PARK2 e PARK8. Einstein, v. 8, n. 3, p. 291–297, 2010. APPOLINÁRIO, F. Avaliação dos efeitos de treinamento em neurofeedback sobre o de- sempenho cognitivo de adultos universitários. 2001. Tese (Doutorado) — Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001. 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Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. SOUSA, A. A.; BRAGA, S. A.; ROCHA SOBRINHO, H. M. Neuroinflamação na doença de Parkinson. EVS, v. 43, n. 1, p. 79–89, 2016. Disponível em: http://seer.pucgoias.edu.br/ index.php/estudos/article/view/5188/2845. Acesso em: 3 jun. 2020. UNICAMP. Faculdade de Ciências Médicas. Ecefalopatias epiléticas. Campinas, 2016. Disponível em: https://www.fcm.unicamp.br/fcm/sites/default/files/2016/page/eeg. pdf. Acesso em: 28 abr. 2020. VENTURA, A. L. M. et al. Sistema colinérgico: revisitando receptores, regulação e a re- lação com a doença de Alzheimer, esquizofrenia, epilepsia e tabagismo. Rev Psiquiatr Clín, v. 37, n. 2, p. 66–72, 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rpc/v37n2/ a07v37n2.pdf. Acesso em: 3 jun. 2020. Distúrbios do sistema nervoso — parte 120 DICA DO PROFESSOR O vídeo explica as doenças do sistema nervoso: doenças neurológicas motoras e epilepsia. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Sobre a esclerose lateral amiotrófica, é correto afirmar que: A) Está relacionada ao cromossomo 22. B) Sua progressão causa demência. C) Provoca alterações motoras unilaterais. D) É classificada em tipos I, II e III. E) É provocada por uma mutação no gene do neurônio motor superior e inferior. 2) Na doença de Parkinson, ocorrem alterações nos neurônios: A) Hipotalâmicos. B) Sensitivos do giro pós-central. C) Motores superiores e inferiores da medula espinal. D) Motores inferiores da medula espinal. E) Dos núcleos da base e do tronco encefálico. 3) Indique a patologia causada por um distúrbio autoimune: A) Doenc ̧a de Werdnig-Hoffman. B) Doença de Parkinson. C) Atrofia muscular espinal. D) Miastenia gravis. E) Esclerose lateral amiotrófica. 4) Nos Estados Unidos, no início dos anos 1980, o uso ilícito de opioides derivados da meperidina (anestésico injetável) levou à destruição dos mesmos neurônios envolvidos na doença de Parkinson, causando nos pacientes sintomas semelhantes à doença. Quais são esses neurônios? A) Do tálamo. B) Liberadores de endorfina. C) Dopaminérgicos. D) Serotoninérgicos. E) Da glândula pineal. 5) Sobre o tratamento da miastenia gravis, é correto afirmar que: A) Não há tratamento para essa patologia. B) Consiste em aumentar a acetilcolina na junção neuromuscular. C) Consiste em aumentar os receptores da acetilcolina mediada por mecanismos imunes. D) Pode ser feito com inibidores da colinesterase. E) Pode ser feito através da administração de anticonvulsivantes. NA PRÁTICA Uma pessoa que tenha apresentado uma ou duas crises convulsivas isoladas, isto é, distantes entre si ou sem nenhum motivo aparente, pode ser considerada epilética? Qual é a diferença? SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: TORTORA, G.J.; DERRICKSON, B. Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia. 10.ed. Porto Alegre: Artmed, 2017 Fisioterapia para mal de Parkinson Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! CHEN, M.Y.M.; POPE, T.L.; OTT, D.J. Radiologia básica. 2.ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. MARIEB, E.N.; HOEHN, K. Anatomia e fisiologia. 3.ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. SILVERTHORN, D.U. isiologia humana: uma abordagem integrada. 7.ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. TOY, E.C. Casos clínicos em medicina interna. 3.ed. Porto Alegre: AMGH, 2011. What is myasthenia gravis? Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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