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1 1 Conceitos básicos em Imunologia

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Conceitos básicos em imunologia
APRESENTAÇÃO
Sejam bem-vindos! Nesta Unidade de Aprendizagem, estudaremos sobre um dos principais 
sistemas do corpo humano, o sistema imune. Ele é o responsável por nos livrar diariamente do 
ataque de seres minúsculos, invisíveis ao nosso olho. Assim, nosso corpo cria uma resposta 
imunológica, "livrando-nos" das mais variadas doenças. 
Bons estudos.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Reconhecer os elementos formadores da resposta imune.•
Determinar quais eventos/agentes ativam a resposta imune.•
Estabelecer parâmetros de diferenciação das respostas imunes inata e adaptativa.•
DESAFIO
"A influenza é uma doença respiratória infecciosa de origem viral, que representa um problema 
de saúde pública no Brasil. Essa patologia pode causar complicações graves e até óbito. A 
principal intervenção preventiva para esse agravo é a vacinação. A campanha anual, realizada 
desde 1999, vem contribuindo ao longo dos anos para a prevenção da gripe nos grupos 
vacinados." (BRASIL, 2014)
Como você sabe, o sistema imunológico adaptativo produz uma resposta duradoura (memória 
imunológica), permitindo que encontros posteriores possibilitem uma resposta mais rápida e 
eficiente. Sendo assim, elabore uma campanha de imunização, conscientizando a população para 
a necessidade da vacinação contra o vírus da gripe.
Para realizar esta atividade, você deverá atender aos seguintes itens referentes ao quadro: 
- Oriente sobre os perigos da não imunização. 
- Demonstre como funcionará o sistema imunológico de uma pessoa imunizada, explicando 
quais mediadores de memória imunológica serão desenvolvidos pelo corpo. 
- Atente para o fato de que grande parte da população já se vacinou no ano anterior, mas deve 
retornar ao posto de saúde para uma nova imunização. Justifique essa necessidade com base em 
seus estudos.
INFOGRÁFICO
Veja, na ilustração, uma representação dos tipos de sistemas que defendem nosso corpo de 
organismos invasores:
CONTEÚDO DO LIVRO
A resposta imune consiste em uma série de eventos coordenados que visam à manutenção da 
homeostasia do organismo por meio da eliminação de agentes ou moléculas estranhas.
Para reforçar seu aprendizado, leia o trecho do livro Imunobiologia de Janeway. Inicie sua 
leitura em no capítulo 1 Conceitos básicos em imunologia.
Boa leitura.
IMUNOLOGIA
Felipe Valle Fortes Rodrigues
Conceitos básicos 
em imunologia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve aprender os seguintes tópicos:
  Reconhecer os elementos formadores da resposta imune.
  Determinar quais eventos/agentes ativam a resposta imune.
  Estabelecer parâmetros de diferenciação das respostas imunes inata 
e adaptativa.
Introdução
O termo imunidade, derivado do latim immunis (isento), foi adotado 
para designar essa proteção naturalmente adquirida contra doenças 
como sarampo. O surgimento da imunologia como disciplina estava 
intimamente ligado ao desenvolvimento da microbiologia. O trabalho 
de Pasteur, Koch, Metchnikoff e muitos outros pioneiros dos estudos e 
descobertas de bactérias, fungos e parasitas resultaram na rápida iden-
tificação de novos agentes infecciosos. 
O impacto de imunização contra doenças infecciosas, como coquelu-
che, difteria e varíola, pode ser percebido quando refletimos sobre o fato 
de que essas doenças, que eram causas significativas de mortalidade e 
morbidade, estão agora tidas como erradicadas. De fato, é justo discutir 
que o impacto da vacinação e saneamento no bem-estar e na expectativa 
de vida dos seres humanos está no topo entre os avanços científicos. 
Na segunda parte do século XX, a imunologia começou a transcen-
der seus limites iniciais relacionados à microbiologia e a tornar-se mais 
abrangente, correlacionando-se com diversas outras ciências. O estudo 
dos mecanismos de defesa imunológica ainda é uma importante área 
de pesquisa, e os imunologistas estão envolvidos em uma gama ainda 
mais ampla de áreas, tais como, controle de diferenciação do tecido, 
transplante, imunoterapia do câncer, entre outras (MURPHY, 2014; ABBAS; 
LICHTMAN; PILLAI, 2019). 
Neste capítulo, você aprenderá sobre os elementos formadores da 
resposta imune, os eventos/agentes que ativam a resposta imune e 
parâmetros de diferenciação das respostas imunes inata e adaptativa.
Origem e vigilância
A imunologia pode ser compreendida como o estudo da defesa do corpo contra 
a infecção. Estamos continuamente expostos a microrganismos, muitos dos 
quais são patogênicos. O mecanismo celular pelo qual o corpo contrapõe a 
infecção por esse patógeno, como ele é identifi cado e eliminado são processos 
e mecanismos abordados pela imunologia que estudamos para entender as 
defesas do nosso organismo.
A resposta e a detecção inicial são realizadas pela imunidade inata através 
de várias células distintas capazes de reconhecer alguns organismos. Já a res-
posta de máxima especificidade é realizada pela imunidade adaptativa, a qual 
produz anticorpos específicos contra alvos selecionados nos microrganismos 
e ainda é capaz de gerar memória imunológica. 
Os seres humanos e outros mamíferos vivem em um mundo densamente povoado 
por microrganismos patogênicos e não patogênicos e que contém uma vasta gama 
de substâncias tóxicas ou alergênicas que podem ameaçar a homeostase corporal 
humana. A comunidade de microrganismos inclui também os organismos benéficos 
e comensais, que o hospedeiro deve tolerar e manter sob controle, a fim de manter o 
funcionamento normal dos tecidos e órgãos. Os patogênicos possuem uma coleção 
diversificada de mecanismos pelos quais se replicam, disseminam e ameaçam as 
funções normais do hospedeiro. Ao mesmo tempo que o sistema imunológico está 
eliminando microrganismos patológicos e proteínas tóxicas ou alergênicas, deve 
evitar respostas que produzam danos excessivos nos tecidos próprios ou que possam 
eliminar microrganismos benéficos e comensais. Além disso, nosso ambiente contém 
uma enorme variedade de barreiras imunológicas que desafiam o hospedeiro por 
uma ampla seleção de mecanismos.
Conceitos básicos em imunologia2
O sistema imunológico usa uma matriz complexa de mecanismos de pro-
teção para controlar e, geralmente, eliminar organismos invasores e toxinas. 
Genericamente, o sistema imune baseia-se na detecção de características 
estruturais que marcam como alvo um determinado elemento estranho ao 
organismo (antígeno), sumariamente determinando-o como distinto das células 
próprias. Essa discriminação é essencial para permitir que o organismo elimine 
a ameaça sem danificar seus próprios tecidos. O reconhecimento de antígenos 
ocorre porque os receptores do nosso sistema imune reconhecem e ligam-se 
a partes determinadas desses agentes externos ou agressores. Dessa forma, a 
especificidade contra esses agentes, que podemos chamar de proteína ativadora, 
ou antígeno, é uma característica-chave. Por exemplo, a imunização contra o 
vírus da poliomielite protege apenas contra poliomielite, não contra o vírus 
H1N1 da gripe (MURPHY, 2014; ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2019). O 
sistema imunológico é tão importante para a existência da vida humana que, 
quando suprimido, leva a infecções oportunistas por microrganismos que 
normalmente não seriam considerados patogênicos. 
A formação celular do nosso sistema imunológico começa quando uma 
célula-tronco hematopoiética, presente na medula óssea, diferencia-se em célula 
progenitora mieloide comum ou na progenitora linfoide comum. O progenitor 
linfoide comum se diferencia nas principais populações de linfócitos maduros: 
células B, células T, células natural killer (NK). 
É importante pensar sobre como as funções e como todos os prota-
gonistas do sistema imune são determinados. Inicialmente, quando se 
pesquisava e ainda não havia nomenclatura atribuída às células NK, por 
exemplo, somente via-se ao microscópio células que atacavam bactérias. 
Com a melhoria da tecnologia,novas descobertas aconteceram e foram-se 
atribuindo marcadores de superfície, ou seja, um conjunto de caracterís-
ticas que as células expressam em sua membrana e que as caracterizam. 
Os marcadores de superfície, também chamados de CD (do inglês cluster of 
diferentiation), associam a presença daquela proteína na membrana a várias 
características celulares, como função, origem, estágio de diferenciação, 
possível interação com outras células; assim, o conjunto de CD determina 
várias características da célula, concedendo sua identidade. É assim que 
pesquisadores e professores do mundo todo podem identificar células 
diferentes, pois elas possuem o mesmo CD ou um mesmo padrão de CD 
(ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2019). 
3Conceitos básicos em imunologia
Nosso sistema imune normalmente mantém microrganismos comensais sob controle, 
assim como microrganismos que já combatemos corriqueiramente. Em alguns casos, 
o sistema imune se torna comprometido, como quando temos uma baixa muito 
grande em seus números (por exemplo, durante uma quimioterapia) ou estamos 
combatendo grandes infecções (como o caso de sepse), e podemos ter infecções 
por esses organismos normalmente controlados, as chamadas infecções oportunistas. 
Para saber mais sobre esse assunto, no artigo científico do link a seguir, você encontra 
informações de relevância clínica a respeito de infecções oportunistas. 
https://qrgo.page.link/T63jv
Células-tronco mieloides (Figura 1) dão origem a diferentes formas de 
granulócitos. Células da linhagem de granulócitos que desempenham funções 
imunes proeminentes incluem neutrófilos, monócitos, macrófagos, eosinófilos, 
basófilos e mastócitos. Em nós, humanos, plaquetas liberam moléculas que 
agem favorecendo algum processo ou comunicação celular — chamamos esses 
elementos de mediadores, e eles são vitais no processo imune e expandem sua 
função além de seu papel na hemostasia.
Neutrófilos produzem grandes quantidades de espécies reativas de oxigênio 
que são citotóxicas para diversos microrganismos. Eles também produzem 
enzimas que parecem participar na remodelação e no reparo dos tecidos 
após a lesão. Os neutrófilos se acumulam em grandes quantidades em locais 
de infecção bacteriana e lesão tecidual e possuem capacidades fagocíticas 
proeminentes que lhes permitem sequestrar microrganismos e antígenos 
particulados internamente, onde podem ser destruídos e degradados. Assim, 
fica claro que desempenham um papel importante na depuração de patóge-
nos microbianos e no reparo de lesões teciduais (MURPHY, 2014; ABBAS; 
LICHTMAN; PILLAI, 2019). 
Os eosinófilos são facilmente reconhecidos pelos grânulos citoplasmáticos 
proeminentes que contêm moléculas tóxicas e enzimas que são particularmente 
ativas contra parasitas. 
Já os mastócitos e basófilos desempenham papéis importantes na 
indução da resposta imune alérgica. São eles que respondem ao pólen e a 
outros alérgenos na sua rinite alérgica. Células fagocíticas da linhagem de 
monócitos/macrófagos também desempenham papéis-chave na resposta 
Conceitos básicos em imunologia4
imune, pegando partes de organismos invasores, processando-os por pro-
teólise, reduzindo a peptídeos fragmentados e apresentando-os através 
de MHC. A apresentação de antígenos pelas células da imunidade inata é 
parte fundamental na sua comunicação com a imunidade adaptativa — é 
assim que células dendríticas ativam os linfócitos T. Nessa mesma linha-
gem, temos células de Langerhans na epiderme, células de Kupffer no 
fígado e células da microglia no sistema nervoso central. Dentre as células 
apresentadoras de antígeno, a mais impactante é a célula dendrítica, que 
está presente na maioria dos tecidos do corpo e concentrada nos tecidos 
linfoides secundários (gânglios linfáticos) (MURPHY, 2014; ABBAS; 
LICHTMAN; PILLAI, 2019).
Figura 1. Demonstração da gênese a partir da medula.
Fonte: Lopes (2017, documento on-line).
5Conceitos básicos em imunologia
A especificidade da resposta imune é resultante da forma de reconhecimento 
dos linfócitos, que, após o contato com um ativador, sofre edição gênica para 
produzir um receptor que reconhece aquele peptídeo; assim, o sistema imune 
age como se ele fosse um vigilante ao receber a foto de um alvo a ser combatido. 
Portanto, os linfócitos com receptores específicos para o antígeno-alvo são 
ativados em condições normais de homeostase (MURPHY, 2014; ABBAS; 
LICHTMAN; PILLAI, 2019). 
Além disso, como podemos ser expostos aos mesmos patógenos mais de uma 
vez, nosso corpo precisa ser capaz de responder mesmo anos após o primeiro 
contato ao antígeno. Dessa forma, a evolução nos concedeu a capacidade de 
desenvolver memória imunológica, o que significa que uma ou mais exposições 
a um determinado antígeno provocam progressivamente respostas melhores. 
A maioria das imunizações envolve administração repetida do composto 
imunizante, com o objetivo de estabelecer uma resposta protetora duradoura. 
O aumento da magnitude e duração da resposta do sistema imunológico pela 
exposição repetida ao mesmo antígeno se deve à proliferação de linfócitos 
específicos para o antígeno após cada exposição. 
O número de células respondentes permanecerá aumentado mesmo após o 
combate daquele antígeno e seu desaparecimento do nosso sistema. Portanto, 
sempre que o organismo é exposto novamente àquele antígeno em particular, 
há uma população de linfócitos específicos prontamente disponíveis para 
ativação e, como consequência, o tempo necessário para resposta será mais 
curto e a magnitude da resposta será maior (MURPHY, 2014; ABBAS; LI-
CHTMAN; PILLAI, 2019).
Determinando os atores principais 
do sistema imunológico 
Um conceito-chave para defi nir como o sistema imune funciona é o conceito 
de antígenos e sua apresentação, sejam ele próprios ou não, os quais se ligam 
a receptores celulares e/ou anticorpos. Para serem capazes de envolver os 
elementos da imunidade específi ca, os antígenos devem ser processados e 
apresentados às células imunes. Isso ocorre através das moléculas chama-
das complexo principal de histocompatibilidade (MHC, do inglês, major 
histocompatibility complex). Quando falamos exclusivamente do sistema 
de reconhecimento presente nos humanos, o MHC é chamado de HLA 
pelo sistema de reconhecimento de antígenos leucocitários (é a abreviação 
para human leukocyte antigen). A apresentação do antígeno é mediada por 
Conceitos básicos em imunologia6
moléculas de MHC de classe I e as moléculas de classe II encontradas na 
superfície de células apresentadoras (APC, do inglês antigen presenting 
cells) e algumas outras células. As moléculas do MHC de classe I e classe 
II são similares: elas fornecem peptídeos curtos à superfície celular e devem 
ser reconhecidas por células T CD8+ (citotóxicas) e CD4+ (auxiliares), res-
pectivamente. A diferença é que os peptídeos são originários de diferentes 
fontes: endógenas ou intracelulares para o MHC classe I, e exógenas ou 
extracelulares para o MHC classe II. Há também a chamada apresentação 
cruzada, na qual os antígenos exógenos podem ser apresentados por moléculas 
MHC classe I. Os antígenos endógenos também podem ser apresentados pelo 
MHC classe II quando degradados por autofagia (MURPHY, 2014; ABBAS; 
LICHTMAN; PILLAI, 2019).
 Moléculas de MHC classe I são expressas pelas células nucleadas e são 
montadas diretamente no retículo endoplasmático (RE). As proteínas, tanto 
próprias quanto patogênicas, após serem processadas pelo proteassomo, têm 
seus peptídeos translocados para o RE, associados ao MHC de cIasse I, for-
mando o complexo MHC-peptídeo e enviando para a membrana da célula. 
Existem diferentes proteassomas que geram peptídeos para a apresentação da 
classe I do MHC: o proteassoma 26S, que é expresso pela maioria das células; 
o imunoproteassoma, que é expresso por muitas células do sistema imune; e 
o proteassoma, expresso pelas células epiteliais do timo. O reconhecimento 
de MHC-1 é interpretado por linfócitos T citotóxicos e células natural killer,permitindo vigilância dentro da célula e a detecção de eventos importantes, 
como infecção viral. 
Complexos MHC de classe I na membrana celular são cíclicos, sendo 
internalizados no endossomo e podem ser apresentados por moléculas de 
MHC de classe II, que são expressas por APC, tais como células dendríticas, 
macrófagos. Moléculas da classe II do MHC se ligam a peptídeos oriundos de 
proteínas degradadas na via endolítica. Desse modo, microrganismos invasores 
são fagocitados e têm seus antígenos apresentados. O MHC de classe II é ligado 
aos peptídeos no complexo de Golgi e transportado para a membrana celular 
para apresentar os antígenos para linfócitos, como o T CD4+. Ao contrário 
do MHC classe I, as moléculas do MHC de classe II não se dissociam da 
membrana. Os mecanismos de controle da ciclagem do MHC de classe II na 
membrana envolvem ubiquitinação para, então, depois, serem internalizados 
e reciclados (MURPHY, 2014; ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2019).
Os linfócitos são as principais células que podem reconhecer o antígeno e 
produzir um anticorpo a fim de eliminar os alvos. Os linfócitos B são as únicas 
células do corpo capazes de produzir anticorpos. Os linfócitos B reconhecem 
7Conceitos básicos em imunologia
os antígenos extracelulares e são diferenciados em plasmócitos, produtores 
de anticorpos. Dessa forma, podemos traçar um paralelo simplificado em que 
a célula apresentadora de antígeno mostra o alvo para a célula B, e ela marca 
os alvos para serem eliminados, principalmente pelos linfócitos T. As células 
T existem em vários subtipos e subconjuntos funcionalmente significativos. 
As células NK são definidas morfologicamente como grandes linfócitos gra-
nulares e são distintas pela ausência do receptor específico de célula T (T cell 
receptor — TCR). Eles reconhecem sua célula infectada por microrganismo ou 
tumor-alvos usando uma coleção complexa de receptores ativadores e inibidores 
da superfície celular (MURPHY, 2014; ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2019).
O sistema imune também apresenta componentes solúveis, os quais podem 
ligar-se aos microrganismos e ajudar na sua fagocitose, atrair mais células 
para combater uma infecção ou ainda eliminar diretamente os patógenos. 
As citocinas são as proteínas secretadas por algumas células envolvidas nos 
processos regenerativos ou inflamatórios e são os agentes de processos das 
imunidades inata e adaptativa. As citocinas servem como mensageiras entre 
células, de modo que o equilíbrio entre essas mensagens pró-inflamatórias 
ou anti-inflamatórias influencia o comportamento das células naquele lo-
cal. As interleucinas, abreviadas como IL-número, por exemplo IL-10, são 
citocinas secretadas pelos linfócitos. É importante frisar que as citocinas 
são transitórias e não são armazenadas por longos períodos no tecido. Uma 
vez necessárias, as ILs são sintetizadas e secretadas buscando um efeito 
(por exemplo, IL-1 são potentes pró-inflamatórias, enquanto IL-10 têm forte 
efeito anti-inflamatório). 
Em uma lesão, há um processo fisiológico que envolve um conjunto de 
células e substâncias como citocinas e interleucinas tanto para combater bacté-
rias quanto para promover a regeneração da lesão. É importante compreender 
que interleucinas e quimiocinas, em geral, não funcionam como uma chave 
de liga e desliga: existe um equilíbrio na função das células naquele local e 
o deslocamento desse equilíbrio leva aos processos de resolução do processo 
inflamatório e ao retorno do tecido a sua homeostase; tomando novamente 
um exemplo de contexto de uma lesão, inicialmente, temos um ambiente 
pró-inflamatório ou com processo infeccioso, focado mais no combate de 
patógenos, enquanto já no final migra-se para um equilíbrio que busca a 
resolução da lesão, diminuindo, mas não cessando, a função combativa do 
sistema imune. Além disso, as citocinas podem ter ação sistêmica, ou endócrina, 
parácrina ou autócrina (MURPHY, 2014). 
As células do sistema imune não estão presentes em grande número em 
todos os locais o tempo todo. Nossas células atuam como se estivessem em 
Conceitos básicos em imunologia8
estado de constante vigilância e, quando necessário, pedem reforços, que 
podem vir através da multiplicação ou de um processo chamado quimio-
taxia. Durante a quimiotaxia, uma célula deve determinar a direção geral 
da fonte do sinal e se orientar para ele. Isso é possível pois as células são 
muito sensíveis a pequenas diferenças nas concentrações de quimiotáticos, 
elementos que exercem quimiotaxia. A regulação da força de adesão é 
essencial para permitir a movimento, sendo vital para o extravasamento 
e intravasamento de células através do tecido, o que ocorre durante o 
processo quimiotáxico. A regulação da adesão celular e a polarização do 
formato da célula não apenas estabiliza a passagem de uma célula entre 
outras, mas também fornece as forças de tração que movem uma célula da 
circulação através do endotélio para o tecido conjuntivo. Outros fatores 
solúveis são os anticorpos e os elementos do sistema complemento, que 
consiste em uma série de proteínas que circulam na forma de precurso-
res inativos. No entanto, uma vez ativado, cada componente pode atuar 
como uma proteína que ativa a próxima em uma reação em cascata e que 
também desempenha várias funções, como quimiotaxia, aumento de 
efeito dos anticorpos e lise de microrganismos (MURPHY, 2014; ABBAS; 
LICHTMAN; PILLAI, 2019).
No link a seguir, você encontrará um artigo que revisa o processo de cicatrização de 
ferimentos, com várias informações sobre como a inflamação e o sistema imune são 
importantes.
https://qrgo.page.link/zM6yZ
Imunidade natural e imunidade adquirida
A proteção do organismo contra agentes infecciosos envolve muitos mecanismos, 
que são subdivididos em não específi cos e específi cos. Os inespecífi cos são 
similares e genericamente aplicáveis a muitos organismos patogênicos diferentes, 
enquanto os específi cos têm seu efeito dirigido para um antígeno específi co ou 
um microrganismo específi co. As defesas inespecífi cas, via de regra, são capazes 
de uma resposta rápida, chamada de imunidade inata ou natural, de modo que 
9Conceitos básicos em imunologia
os indivíduos saudáveis nascem com ela e a manifestam como primeira linha 
de resposta de defesa. Elas incluem: barreiras mecânicas, como a integridade da 
epiderme e das membranas mucosas; barreiras físico-químicas, como a acidez do 
fl uido estomacal; presença de substâncias antimicrobianas, como, por exemplo, 
a lisozima presente em secreções externas, muito importante na proteção dos 
olhos e algumas defensinas, substância antimicrobiana que protege os epitélios 
contra patógenos invasores; presença de células com capacidade fagocitária, 
células dendríticas e as NK; presença das proteínas citocinas que orientam as 
células da imunidade inata; presença de proteínas mediadoras da infl amação, 
entre elas, as que compõem o sistema complemento. 
As respostas imunes inatas são a primeira linha de defesa contra patógenos 
invasores e dependem da capacidade do corpo de reconhecer características 
conservadas de patógenos que não estão presentes no hospedeiro não infectado. 
Esses incluem muitos tipos de moléculas nas superfícies de bactérias, parasi-
tas e fungos e o material genético de alguns vírus. Muitas dessas moléculas 
específicas de agentes patogênicos são reconhecidas por proteínas receptoras 
do tipo Toll. Nos vertebrados, essas moléculas de superfície também ativam o 
complemento, um grupo de proteínas sanguíneas que atuam juntas para romper 
a membrana do microrganismo, atraindo para fagocitose por macrófagos e 
neutrófilos e para produzir resposta inflamatória por quimiotaxia. As células 
fagocíticas usam uma combinação de enzimas degradativas, peptídeos anti-
microbianos e espécies reativas de oxigênio para matar esses seres invasores 
(DELVES et al., 2010).
 Alguns microrganismos resistem à defesa inicial, sendo necessários para 
sua destruição de mecanismos mais específicos,em que se destaca a imuni-
dade adquirida ou adaptativa. Como regra, essa resposta é induzida durante a 
vida do indivíduo como parte da complexa sequência de eventos envolvendo 
reconhecimento e apresentação de antígeno. As APC liberam moléculas sina-
lizadoras que desencadeiam uma resposta inflamatória e começam a reunir as 
forças do sistema imune adaptativo. Células infectadas com vírus produzem 
interferons, que induzem uma série de respostas celulares para inibir a repli-
cação viral e ativar as atividades de morte exercidas pelas células NK e dos 
linfócitos T citotóxicos.
Assim, o segundo conjunto de respostas constitui a resposta imune adaptativa. 
Como o sistema adaptativo é composto de um pequeno número de células com 
especificidade mais alta, as células que respondem devem proliferar depois de 
encontrar o antígeno para obter números suficientes e montar uma resposta 
efetiva. Assim, a resposta adaptativa geralmente tem efeito temporalmente após 
a resposta inata na defesa do hospedeiro. Uma característica fundamental da 
Conceitos básicos em imunologia10
resposta adaptativa é que ela produz células de vida longa que persistem em um 
estado aparentemente inativo, mas que podem reexpressar funções efetoras rapi-
damente após outro encontro com seu antígeno específico. Isso fornece à resposta 
adaptativa a capacidade de manifestar memória imunológica, permitindo que ela 
contribua de maneira proeminente para uma resposta mais eficaz do hospedeiro 
quando eles são encontrados uma segunda vez (CRUVINEL et al., 2010). 
Correlacionando-se o funcionamento do sistema imune como um todo, 
incluindo a interação da imunidade inata com a adaptativa, da apresentação 
de antígenos a resposta efetora, didaticamente nesse momento introdutório, 
você pode pensar em etapas sequenciais separadas de introdução, sequência e 
efeito (Quadro 1). O primeiro estágio (indução) envolve um uma população de 
células com receptores específicos capazes de reconhecer um antígeno ou um 
fragmento gerado por células apresentadoras de antígeno (APC). A proliferação 
e a diferenciação de linfócitos que respondem ao antígeno são geralmente 
reforçadas por sistemas de amplificação envolvendo APC e subpopulações de 
células T especializadas (T CD4+ e CD8+) e seguidas pela produção de molé-
culas efetoras (anticorpos) ou pela diferenciação de células efetoras (células 
que direta ou indiretamente medeiam a eliminação de elementos indesejáveis) 
(MESQUITA JUNIOR et al., 2010). O resultado final, portanto, é a eliminação 
do microrganismo ou composto que desencadeou a reação imune (MURPHY, 
2014; ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2019).
Introdução Sequência Efeito
Células APCs e linfócitos APC e linfócitos T 
auxiliares
Anticorpos/com-
plemento; linfóci-
tos T citotóxicos; 
macrófagos
Mecanismos Processamento e/
ou apresentação de 
antígeno; reconhe-
cimento por recep-
tores específicos em 
linfócitos
Libertação de cito-
quinas; sinais media-
dos pela interação 
entre moléculas de 
membrana celular
Lise mediada por 
complemento; 
fagocitose; 
citotoxicidade
Consequências Ativação de linfóci-
tos T e B
Proliferação e dife-
renciação de linfóci-
tos T e B
Neutralização 
de toxinas/vírus/
microrganismos
Quadro 1. Visão genérica da ativação imune
11Conceitos básicos em imunologia
No link a seguir, você pode conferir imagens de células do sistema imune atacando 
células de câncer e bactérias (algumas células foram coloridas artificialmente para 
ficarem mais didáticas).
https://qrgo.page.link/sCj8N
ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. Imunologia celular e molecular. 9. ed. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2019.
CRUVINEL, W. M. et al. Sistema imunitário: Parte I. Fundamentos da imunidade inata 
com ênfase nos mecanismos moleculares e celulares da resposta inflamatória. Revista 
Brasileira de Reumatologia, São Paulo, v. 50, n. 4, p. 434-447, ago. 2010. Disponível em: 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0482-50042010000400008&ln
g=en&nrm=iso. Acesso em: 11 out. 2019.
DELVES, P. J. et al. Roitt: fundamentos de imunologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koo-
gan, 2010.
LOPES, R. J. Cientistas criam receita para fabricar sangue. São Paulo, 2017. Disponível em: 
https://panoramafarmaceutico.com.br/2017/05/29/laboratorio-segue-na-lideranca/. 
Acesso em: 11 out. 2019.
MESQUITA JUNIOR, D. et al. Sistema imunitário: parte II: fundamentos da resposta imu-
nológica mediada por linfócitos T e B. Revista Brasileira de Reumatologia, São Paulo, v. 50, 
n. 5, p. 552-580, out. 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0482-50042010000500008&lng=en&nrm=isso. Acesso em: 11 out. 2019.
MURPHY, K. M. Imunobiologia de Janeway. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
Leituras recomendadas
BALBINO, C. A.; PEREIRA, L. M.; CURI, R. Mecanismos envolvidos na cicatrização: uma 
revisão. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, São Paulo, v. 41, n. 1, p. 27-51, jan./mar. 
2005. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-
-93322005000100004&lng=en&nrm=isso. Acesso em: 11 out. 2019.
Conceitos básicos em imunologia12
MACEDO, D. P. C. et al. Infecções oportunistas por leveduras e perfil enzimático dos 
agentes etiológicos. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Uberaba, v. 42, 
n. 2, p. 188-191, abr. 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
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Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-
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WATCH how immune cells attack and eliminate viruses and bacteria Next Observer 1. 
[S. l.: s. n.], 2019. 1 vídeo (2 min). Publicado pelo canal Découvrir et mesurer le Monde 
by Philip Dervis. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=bzOd2GbsbJQ. 
Acesso em: 11 out. 2019.
13Conceitos básicos em imunologia
DICA DO PROFESSOR
Para frisarmos alguns pontos sobre o sistema imune, assista a videoaula.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
EXERCÍCIOS
1) Todos os epitélios produzem um tipo de substância antimicrobiana que os protegem 
de patógenos invasores. Qual é o nome desse tipo de peptídeo? 
A) Glicoproteína.
B) Defensinas.
C) Proteoglicano.
D) Lisozima.
E) Sebo.
2) Uma bactéria que habitualmente não causa nenhuma patologia, mas que, em 
determinadas condições específicas, pode vir a tornar-se patológica é conhecida 
como: 
A) Oportunista.
B) Patógeno.
C) Comensal.
D) Endêmica.
E) Atenuada.
3) Quais das seguintes opções são características da imunidade inata?
A) Anticorpos.
B) Melhora no reconhecimento do patógeno durante a resposta.
C) Resposta rápida.
D) Altamente específica para um dado patógeno.
E) Memória imunológica.
4) Os neutrófilos são os componentes celulares mais abundantes do sistema imune. Em 
relação a eles, qual das seguintes afirmações é falsa? 
A) Os neutrófilos fazem parte dos chamados leucócitos polimorfonucleares.
B) Os neutrófilos são ativos somente em condições aeróbias.
C) Os neutrófilos são fagocitários.
D) Os neutrófilos formam o pus, que é constituído de neutrófilos mortos.
E) Os neutrófilos mortos são removidos dos locais de infecção pelos macrófagos.
5) Qual dos tipos de linfócitos tem a função de secretar imunoglobulinas? 
A) Linfócitos virgens.
B) Linfócito T citotóxico.
C) Linfócito B.
D) Linfócito T auxiliar.
E) Linfócitos efetores.
NA PRÁTICA
Por que a vacina BCG deixa uma cicatriz?
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Microbiologia Médica e Imunologia
Levinson, Warren, Capitulo 57. ed. 13 - McGraw-Hill/Artmed

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