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Orçamentos, Custos e Finanças no Setor Público -

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ORÇAMENTOS, CUSTOS E FINANÇAS NO SETOR PÚBLICO 
CUSTOS E FINANÇAS PÚBLICAS 
Joana Carolina Dorea Alves Cherri 
OLÁ! 
Você está na unidade Finanças Públicas. Conheça aqui a economia no setor 
público, de forma a compreender a existência do governo na economia. Você 
compreenderá de que forma o Estado atua nas falhas de mercado, como ele 
interfere na economia e como ele aplica as suas políticas econômicas. 
Trataremos ainda das funções do governo, dos mecanismos fiscais, das 
diferenças entre bens públicos e bens privados, do entendimento da dívida 
pública brasileira e dos constantes déficits públicos apresentados pelo Brasil nos 
últimos 50 anos. 
Trataremos ainda de temas da atualidade, reforma trabalhista, reforma da 
previdência e COVID-19. Esses temas serão abordados frente a sua relação com 
os gastos públicos. É importante que consigamos entender como o governo atua 
em grandes crises, assim como a pandemia do COVID-19, aumentando seus 
gastos ou como ele pôde se beneficiar com a aprovação das reformas trabalhista 
e da previdência. 
Bons estudos! 
 
1 Economia no Setor Público 
O governo sozinho não é capaz de desempenhar todas as funções econômicas 
demandas pelo país, mas cabe ao governo funções essenciais para a 
manutenção da ordem econômica, de justiça e distribuição de renda. O governo 
ainda orquestra como guia, corrigindo e complementando o sistema de mercado 
que por si só não é capaz de desempenhar todas as funções sozinho. 
A existência do governo é necessária por diversas razões, são elas: 
 
 Operação do sistema de mercado. 
 Correção das falhas de mercado. 
 Promoção do crescimento e estabilidade econômica. 
 Redistribuição de renda. 
Para desempenhar o seu papel, o governo possui três funções básicas: 
alocativa, distributiva e estabilizadora. É importante conhecer as características 
dessas três funções para entendimento do papel do governo na economia e na 
vida das pessoas. 
 
 
 
#PraCegoVer: Na imagem há uma tabela com duas colunas e três linhas, que 
representa as funções do governo. 
Muitas vezes, ouvimos que o setor privado é mais eficiente do que o setor 
público, e que a economia de mercado por si só seria capaz de regular a 
economia sem a necessidade de intervenção do governo. Mas, é importante 
destacar a necessidade da atuação do Estado como controlador e regulador das 
falhas de mercado. 
Como falhas de mercado, podemos citar: a existência de bens públicos, a falha 
de competição de mercado, as externalidades, os mercados incompletos, as 
falhas de informação, o desemprego e, a inflação (GIAMBIAGI; ALÉM, 2009, p. 
24). 
1.1 Evolução das Funções do Governo e 
Crescimento do Setor Público 
Nos últimos 70 anos, o setor público no Brasil apresentou um acentuado 
crescimento. Tal cenário se deve ao crescimento no volume de despesas do 
governo e na necessidade de financiar a expansão das atividades econômicas 
do país. 
Anteriormente, cabia ao governo somente a prestação de alguns serviços 
essenciais à coletividade: saúde, justiça e segurança, mas o papel do governo 
passou a ser reconsiderado de forma a justificar a necessidade do governo 
intervir na economia visando o combate à inflação e o controle do desemprego 
(Rezende, 2001, p.18). 
Essa intervenção nos níveis de emprego aparece de forma a garantir níveis 
menores de desemprego. Essa necessidade de regulação se dá principalmente 
para garantir o andamento da economia, visto que se os níveis de desemprego 
atingirem números expressivos será necessário que o governo atue na 
transferência de renda à população: liberação de seguro desemprego, por 
exemplo. Além de se esperar que com um número maior de desempregados, o 
consumo tenderá a diminuir de formas a prejudicar toda a economia: mais 
pessoas desempregadas, menos pessoas consumindo, todos os setores da 
economia são afetados com tendência de gerar ainda mais desemprego. 
A Teoria Keynesiana prevê desde o final dos anos 1920 a intervenção do 
governo para garantir a geração de emprego na economia, devendo o Estado 
atuar no desenvolvimento de postos de trabalho para alavancar os níveis de 
emprego da economia. 
Em relação à intervenção no combate à inflação, deve-se principalmente para 
garantir o poder de compra, combater a desvalorização da moeda nacional e 
garantir o bom andamento da economia. 
As três funções básicas do governo (alocativa, distribuidora e estabilizadora) 
passaram por uma evolução, destacando-se, então, o papel de mais uma função: 
a função regulatória. Esse novo modelo de função existe para definir regras e 
fiscalizar o funcionamento da economia. 
 
1.2 Bens Públicos Versus Bens Privados 
Samuelson apud Giambiagi (2009) indica como bens públicos, aqueles bens que 
podem ser utilizados por um indivíduo não levando a subtração do consumo 
desse mesmo bem por parte de outro cidadão. 
A caracterização dos bens públicos se dá por dois princípios básicos: 
 
 Não Rivalidade 
Mesmo um cidadão utilizando o bem, não impede que outro cidadão também 
possa fazer uso desse mesmo bem. A segurança nacional é um bom exemplo 
de não rivalidade. Mesmo que o cidadão A esteja usufruindo da segurança 
nacional, o cidadão B poderá também usufruir desse bem, sem que o indivíduo 
A deixe de poder utilizá-la. 
 Impossibilidade de Exclusão De Consumo 
Impossibilidade de exclusão de consumo: nenhum cidadão pode ser excluído do 
direito ao consumo do bem público. Mesmo que a produção do bem público seja 
insuficiente para toda a população, nenhum cidadão pode ser excluído de 
usufruir esse bem. Acontece com os bens públicos, dada a sua impossibilidade 
de produzir as quantidades ideais, a insatisfação da população em relação ao 
seu consumo. Vamos explicar melhor? Em uma determinada cidade, observa-
se o custo da segurança pública anual no valor de R$ 1.000.000, 00. Mas, para 
ser possível atender de forma completa toda a população da cidade, seria 
necessário que esse custo fosse 50% maior. Dessa forma, não é possível excluir 
nenhum cidadão de usufruir da segurança pública, todos estão habilitados a 
usufruir do serviço, mas essa oferta inadequada gera insatisfação de 
atendimento. 
Há ainda a divisão dos bens públicos em puro e semipúblicos: 
 Bens Públicos Puros 
São aqueles que atendem às características de não excludência e não rivalidade 
de forma completa. A segurança, por exemplo, é direito e não exclui ou rivaliza 
o seu consumo. Mesmo que o indivíduo possa arcar com os custos da segurança 
privada, ele não é excluído de utilizar a segurança no modo público, pode ligar 
para a polícia e será atendido por ela. A segurança das vias públicas também 
não exclui aqueles que possuem capacidade financeira de pagar por seguranças 
particulares, por exemplo. 
 Bens Semipúblicos (ou meritórios) 
Esses bens possuem parte das características dos bens públicos. Incluem-se 
nessa categoria: educação, saúde, nutrição e saneamento básico, que são bens 
que possuem algum tipo de excludente: na educação, por exemplo, por falta de 
vagas, mesmo sendo um direito, muitos podem não conseguir usufruir. Um outro 
exemplo de bem semipúblico importante e de fácil entendimento é a vacinação, 
pois não beneficia somente quem recebe a vacina, mas beneficia todos que 
estão ao seu entorno que ficarão menos expostos ao contágio de determinada 
doença. 
Para os juristas, os bens públicos são caracterizados por: inalienabilidade, 
impenhorabilidade, imprescritibilidade e impossibilidade de oneração. Vamos, 
então, entender a caracterização dos bens públicos frente ao ordenamento 
jurídico: 
 Inalienabilidade 
Conforme o Art. 100 do Código Civil, os bens públicos de uso comum (do 
cidadão) são inalienáveis até que exista legislação específica (Lei de Licitação). 
 Impenhorabilidade 
É vedada a penhora de bem público, ou seja, não há execução de penhora 
contra entidade pública com o intuito de penhorar seus bens. 
 Imprescritibilidade 
Os bens públicos não podem ser objetos de usucapião. 
 Impossibilidade de oneração 
Os bens públicosnão podem ser dados como garantia real de hipotecas, penhor 
e financiamentos. 
Os bens públicos possuem custo marginal de produção igual a zero, como 
exemplo, temos a construção de uma rodovia: mesmo que aumente em 10% a 
utilização dessa rodovia, não se altera o custo de produção. Ou seja, se 100 
indivíduos utilizam a rodovia no dia 1 e 200 indivíduos utilizam no dia 2, não há 
alteração do custo pela construção da rodovia. Os bens públicos são ofertados 
independente da quantidade de indivíduos que os utilizarão. 
Diferentemente dos bens públicos, os bens privados possuem características 
excludentes. Se a capacidade produtiva do bem X é de 3.000 unidades e temos 
4.500 pessoas desejando esse mesmo bem, 1.500 pessoas serão excluídas do 
consumo desse bem. Esse mecanismo de exclusão pode se dar também pelo 
sistema de preços, ou seja, mesmo desejando determinado bem se o indivíduo 
não tem dinheiro para pagá-lo, será consequentemente excluído do consumo 
desse bem. 
No caso dos bens privados os níveis de produção são determinados pelo 
mercado, oferta e demanda dos bens. 
2 Gastos públicos - Estrutura e 
Classificação das Despesas Públicas 
A redução dos gastos públicos é assunto latente em qualquer roda de conversa 
quando se fala da economia de um país. Se pensarmos na economia brasileira, 
é ainda mais necessária a redução desses gastos, mas é importante entender 
que muitas vezes não há possibilidades de manobras por parte do governo para 
que os gastos públicos sejam reduzidos. Isso se dá principalmente pela 
necessidade de intervenção do governo na economia, muitas vezes até gerando 
aumento nos seus custos para alavancagem da economia, geração de emprego, 
transferências de renda, controle da inflação, aumento de crédito, diminuição das 
taxas de juros, subsídios em impostos, entre outras medidas. 
Os gastos públicos são classificados em três diferentes óticas: 
 
 
 
#PraCegoVer: Na imagem há uma tabela com duas colunas e três linhas que 
representa as óticas dos gastos públicos 
Nos últimos 50 anos, a distribuição dos gastos públicos alterou de forma 
significativa. As tabelas 2 e 3 demonstram as estruturas das despesas federais 
brasileiras em 1969 e no final dos anos 1990. Atualmente, essas estruturas 
demonstram cada vez mais subsetores, mostrando claramente que a cada 
período de tempo, as despesas públicas aumentam e se subdividem em mais 
grupos. 
 
 
 
#PraCegoVer: Na imagem há uma tabela com duas colunas e 13 linhas representando 
as despesas não financiadas do governo federal. 
 
 
 
#PeaCegoVer: Na imagem há uma tabela com três colunas e 25 linhas os 
gastos públicos federais por programas. 
É possível identificar que as prioridades de gastos públicos se modificaram no 
período que compreende o final dos anos 1960 até o final dos anos 1990. Vários 
subsetores foram criados, além disso, observa-se o aumento % desses gastos. 
Se observarmos, por exemplo, o percentual dos bens públicos em 1969 de 
13,18% e entre 1995 – 1998 ficando em 18,06% dos gastos públicos. 
Em relação às classificações das despesas, conforme a Portaria n. 42/99 
estabelece as seguintes divisões (REZENDE, 2001, p. 81): 
 
Função Maior grupo de agregação de despesas. 
 
Subfunção Parte da função, agregando subconjuntos de despesas do setor 
público. 
 
Encargos Especiais Despesas que não podem associar um bem ou 
serviço específico, tais como: dívidas, ressarcimentos, indenizações. 
 
Programa Ações governamentais que visam a concretizar objetivos 
estabelecidos no plano plurianual. 
Projeto Visa a alcançar objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de 
operações. 
 
Atividade Programação para alcançar um objetivo de um programa, envolvendo 
um conjunto de operações a serem realizadas de modo contínuo e permanente. 
 
Operações especiais Despesas que não contribuem para a manutenção 
das ações de governo. 
 
2.1 Financiamento dos Gastos Públicos 
Falamos bastante das despesas públicas, agora precisamos entrar no assunto 
das receitas, que em grande parte serão as responsáveis pelo financiamento dos 
gastos públicos. Ou seja, o governo precisa se capitalizar para arcar com o 
pagamento de seus gastos. 
As receitas públicas são classificadas também em três óticas: da captação de 
recursos, da origem dos recursos e do orçamento a que estão vinculadas. 
As receitas podem ainda ser de geração própria do governo ou via transferência. 
As receitas próprias são aquelas arrecadas pelas próprias entidades, como 
exemplo, temos: o Imposto de Renda é uma receita da União enquanto o ICMS 
é uma receita dos estados. 
As transferências acontecem por meio do repasse de recursos captados por 
outras instituições: o Fundo de Participação dos Estados e Municípios são 
receitas transferidas pela União aos estados e municípios. 
Em relação à origem dos recursos, no Brasil, adota-se quatro categorias de 
receitas: 
 
 Tributária 
Inclui as receitas de impostos, taxas e contribuições de melhorias. 
 Contribuições 
Inclui as contribuições sociais (seguridade social, salário educação, programa de 
integração social, dentre outros). 
 Patrimonial 
Resultado financeiro da exploração do patrimônio (aluguéis, arrendamentos, 
taxa de ocupação de imóveis, lucros, dividendos, dentre outros). 
 Industria/agropecuária e de serviços 
Inclui as rendas oriundas das atividades industriais, agropecuárias e de serviços. 
Tanto as receitas próprias quanto as receitas por transferência são classificadas 
em receitas correntes ou receitas de capital. As receitas correntes são aquelas 
caracterizadas pelos conjuntos de receitas tributárias, de contribuições, 
patrimonial, de serviços, industriais e mais os recursos obtidos mediante 
transferências. 
As receitas de capital são aquelas caracterizadas por fluxos irregulares 
(operações de crédito e alienação de patrimônio). Assim, “(...) o saldo em conta 
corrente, ou seja, a diferença entre as receitas e despesas correntes, que 
constitui a poupança do governo, é uma das fontes de financiamento das 
despesas de capital” (REZENDE, 2001, p.153). 
É importante lembrar que se a poupança do governo estiver deficitária, as 
despesas foram maiores do que as receitas, de forma que pode ser necessária 
a captação de recursos extras. Se essa poupança for superavitária, as despesas 
foram menores do que a receita, e assim o governo tem uma “gordura” extra 
para utilizar caso necessário. 
Quando o governo precisa captar mais recursos para pagamento de seus gastos, 
a dívida pública tende a aumentar. Esse é nosso próximo tema: o déficit e a 
dívida pública. 
2.2 O déficit e a Dívida Pública 
A evolução da dívida pública brasileira vem crescendo exponencialmente, se 
analisarmos dados dos últimos 20 anos, por exemplo, é notável a preocupação 
do governo em como financiar esse déficit. Já falamos anteriormente, que 
quando as despesas são maiores do que as receitas, o governo incorre em 
déficit, gerando assim um acréscimo na, já tão deficitária, dívida pública. 
A dívida líquida do setor público (DLSP) correspondia em 1994 por 28,5% do 
Produto Interno Bruto (PIB) passando para 50% do PIB em 1999. Em 2019, a 
DLSP chegou a 54,8% do PIB (dados de agosto de 2019) 
Em 2019, a dívida bruta (abrange a União, estados e municípios) do Governo 
Federal chegou a 79,8% do PIB. Ou seja, a análise se dá da seguinte forma: 
quanto maior o percentual do PIB envolvido com a dívida bruta, maiores as 
chances de calote por aquele país. 
Afinal, qual a diferença entre a dívida líquida do setor público e a dívida bruta: a 
dívida líquida corresponde ao endividamento líquido (débitos e créditos) do 
Governo Federal (inclusive Previdência Social), Estados e Municípios junto ao 
sistema financeiro (público e privado), setor privado não financeiro e com outros 
países. 
A dívida bruta (DBGG) abrange o total dos débitos de responsabilidade do 
Governo Federal, estados e municípios junto aos setores privado e público e com 
outros países. 
É importante então conhecermos alguns conceitos de déficits:Déficit nominal Gastos totais – Receitas totais. 
 
Déficit primário Gastos não financeiros – Receitas não financeiras. 
 
Déficit operacional Déficit primário + Pagamento dos juros reais. 
Déficit público de pleno emprego É a diferença entre gastos e 
receitas estimadas sob a ótica de operação da economia em plena capacidade em 
com níveis normais de desemprego. 
É importante destacar que da mesma forma que uma empresa ou um cidadão 
comum, o governo também se defronta com restrições orçamentárias. Para 
manter-se em equilíbrio os gastos devem ser iguais ou menores (parâmetro 
ideal) do que as receitas. Caso contrário, incorrerá na geração de um déficit, 
gerando então a necessidade de financiamento que pode vir do Banco Central 
do Brasil ou, até mesmo, do setor privado. 
Então: D = G – R 
Em que: 
D = Déficit 
G = Gastos 
R = Receitas 
 Nesse caso, quanto maior o déficit (D) maiores são os gastos (G) perante as 
receitas (R). 
É importante sabermos também que, se o governo arrecadar mais receitas do 
que os seus gastos, ele poderá tornar-se superavitário, podendo gerar poupança 
e até mesmo emprestar dinheiro ao setor privado. 
 
O assunto é a dívida pública brasileira que em 2019 chegou a R$ 4,24 trilhões 
apresentando um aumento de 9,5%. Leia a reportagem do site G1, escrito por 
Alexandro Martello para que você possa entender um pouco mais sobre esse 
valor considerado o maior da série histórica. 
Uma das principais formas de financiamento do setor público é a emissão de 
moeda. Mas como a emissão de moeda pode financiar o setor público? O 
excesso de moeda na economia gera aumento nos preços, reduzindo assim o 
poder aquisitivo das pessoas. Como o governo é detentor da emissão monetária 
do país, apropria-se de recursos reais, por meio do aumento de gastos, em troca 
da emissão de base monetária. 
(...) a senhoriagem é definida como receita total do governo oriunda do aumento da base 
monetária. Parte desse aumento é destinada a satisfazer ao aumento dos encaixes 
reais, em função do crescimento econômico e do aumento das transações econômicas 
e a outra utilizada para cobrir as necessidades oriundas do aumento da 
inflação (REZENDE, 2001, p. 281). 
Algumas perguntas que tenho certeza de que passa pela mente de todo 
brasileiro são: Quais as implicações da dívida pública? Por que o governo deve 
pensar em diminuir a dívida pública? Por que alguns países têm dívidas maiores 
do que as nossas e não demandam tantos esforços para estabilizá-las? 
Para responder a cada uma dessas perguntas, é necessário entender as 
relações econômicas e como cada país utiliza as medidas de políticas 
econômicas de forma a equilibrar a economia. 
 
Falamos bastante sobre o aumento dos gastos do governo em tempos de crise. 
Estamos em um período em que esse aumento será inevitável. Dessa forma, 
leia a reportagem de Alexandro Matello e Mateus Rodrigues para que você 
possa conhecer mais sobre esse aumento de gastos em 2020. 
As implicações da dívida pública apresentam-se de forma a onerar ainda mais 
os países, principalmente quando os gastos públicos são substancialmente 
maiores do que as receitas. Algumas situações fogem do controle do governo, 
como exemplo, podemos falar da pandemia da qual o país passa em 2020. A 
pandemia por causa do COVID-19 está demandando, e demandará ainda mais 
nos próximos meses, dos gastos do governo. O governo aumentará 
substancialmente nos próximos meses os seus gastos com novas transferências 
de renda pelo bolsa família, antecipação do 13º salário dos aposentados, 
liberação de saque do FGTS, aumento de gastos na saúde e terá a receita 
diminuída com medidas de prorrogação de pagamento de impostos por parte 
das empresas. Essa emergência indica uma falta de opção por parte do governo, 
que nesse momento deverá atuar na tentativa de alavancar a economia na 
tentativa de diminuir problemas econômicos mais graves, como o aumento nos 
níveis de desemprego e, principalmente, colapso econômico. 
Nesse momento específico (2020), não haverá por parte do governo tentativas 
de diminuir a dívida pública, haja vista a necessidade de se utilizar os recursos 
públicos para subsidiar a economia. Outros países, como os EUA, também 
alavancaram a economia utilizando-se dos recursos públicos. 
O aumento dos gastos do governo em momentos de crise é essencial, e 
podemos dizer que são esses gastos que garantem que a economia continue 
circulando e para evitar um possível colapso econômico. 
 
3 Política Fiscal 
A política macroeconômica conta com atuação e intervenção do governo de 
forma a regular oferta e demanda, permitindo assim a operação da economia a 
pleno emprego, com taxas reguladas e monitoradas de inflação e com justa 
distribuição de renda. 
 As políticas fiscal, monetária, cambial e comercial, e a política de rendas são 
instrumentos de atuação do governo na economia. 
Nesse tópico, trataremos especificamente da política fiscal e suas 
funcionalidades de regulação por meio do Estado. 
3.1 Política Fiscal 
A política fiscal se dá por meio de instrumentos a disposição do governo: na 
arrecadação tributária (política tributária) e no controle das suas despesas 
(política de gastos). 
Na forma da política tributária, há a influência sobre os níveis de tributação, 
utilizando-se das alíquotas de impostos para estimular ou desestimular o 
consumo do setor privado da economia. 
Se a redução das taxas de inflação é a intenção do governo, as medidas a serem 
tomadas são: redução dos gastos públicos, ou então, o aumento da carga 
tributária. Esses dois parâmetros tendem a inibir o consumo. Pois tanto com o 
aumento da carga tributária quanto com a diminuição dos gastos públicos, a 
renda das pessoas diminui forçando assim a uma redução do consumo. Ao pagar 
mais impostos, a renda do cidadão torna-se menor, da mesma forma que a 
diminuição dos gastos públicos seja na forma de diminuição de obras públicas, 
ou então, na forma de diminuição de subsídios públicos às pessoas de baixa 
renda. 
Se o objetivo é o crescimento econômico e dos níveis de emprego, os 
instrumentos fiscais são os mesmos, mas atuando de forma inversa com 
intenção de aumentar a demanda agregada. Ou seja, o governo aumenta seus 
gastos e diminui a carga tributária como forma de estimular o consumo e o 
aquecimento da economia. Exemplo da política fiscal expansionista é o período 
pelo qual o país está passando em 2020. Com intenção de estimular a economia 
nos meses que virão, e para poder combater de frente a crise criada pela 
pandemia do COVID-19, governo aumentará seus gastos e subsidiará impostos, 
diminuindo ou prorrogando, para as empresas. Dessa forma, atuará de forma 
expansionista para promover a estabilidade econômica. Nessa fase, nem 
falamos em crescimento econômico, mas sim em manter uma mínima 
estabilidade. Assim, o governo estará aumentando ainda mais sua dívida 
pública. 
Mas, pensando em um período de longo prazo como estaremos? No médio e no 
longo prazo, se a dívida do governo permanecer em processo de crescimento, 
os credores passarão a desconfiar na capacidade do governo em honrar seus 
compromissos, as taxas de juros tenderão a aumentar para financiar a rolagem 
das dívidas públicas, o que elevará ainda mais o montante da dívida pública bem 
como seus juros. Assim, o governo necessitará modificar sua política fiscal, 
passando de uma política expansionista para uma política restritiva. 
 Outro exemplo de Política Fiscal expansionista foi a diminuição do Imposto 
sobre Produtos Industrializados (IPI) iniciada no final de 2008 e levado até 
meados de 2009. A intenção era o de manter os níveis de emprego na indústria 
automobilística. 
 
3.2 Federalismo Fiscal 
Conforme Gadelha (2017, p. 7), o federalismo fiscal é parte do acordo federativo 
que atribui para cada ente da federação a competência de arrecadar um 
determinado tipo de tributo e a repartição das receitas tributárias entre esses 
entes, além da responsabilidade de cada um na alocação dos recursos públicos 
para obem geral da sociedade. 
As disparidades regionais brasileiras e a tradição municipalista do país são dois 
aspectos fundamentais para que se possa entender as características do 
federalismo fiscal brasileiro. 
A União atua como financiadora, enviando recursos para diminuir as 
disparidades entre as regiões. No Brasil, o Estado com o perfil intervencionista, 
costuma colocar em xeque as necessidades por maior autonomia dos estados 
mais desenvolvidos. Esses estados buscam uma atuação mais autônoma, visto 
a sua capacidade tributária, porém, o Estado intervencionista acaba por não 
permitir essa autonomia. 
Já os estados com menores índices de crescimento, demandam cada vez mais 
transferências oriundas da União. 
 A Constituição de 1988 reconheceram os municípios como membros da 
federação, igualando-os aos estados no que diz respeito aos direitos e aos 
deveres. 
Dessa forma, as transferências compensatórias federais que antes beneficiavam 
os estados, passaram a beneficiar também os municípios. Porém, um fato a se 
observar está na independência dos municípios em relação ao poder público 
estadual, que gera desequilíbrios e torna mais difícil o equilíbrio federativo. 
 Duas grandes reformas fiscais aconteceram no país e trouxeram-nos resultados 
visualizados até os dias atuais. 
A Reforma Fiscal de1967 (ainda no período militar) promoveu a concentração 
das competências tributárias para a União, mas promoveu grande capacidade 
de transferências para os estados menos desenvolvidos. 
Já a Reforma Tributária de 1988 promoveu uma descentralização da União, mas 
aumentou a capacidade de transferência para os estados, principalmente 
aqueles menos desenvolvidos. 
É importante destacar que, no período militar, a centralização tributária na União 
tinha como principal objetivo o apoio político ao regime por parte de mais 
municípios. 
O ajuste fiscal de 1999 foi considerado um passo importante para a austeridade 
fiscal brasileira. Desde o PAEG (1964 – 1967) o país não via resultados de rigor 
fiscal como os vistos em 1999. O governo iniciou as negociações com o Fundo 
Monetário Internacional (FMI) como forma de obter um pacote emergencial de 
ajuda externa, contando com recursos do próprio FMI e também de outros 
organismos (Banco Mundial e BID). Com o anúncio do acordo com o FMI, a 
imagem do Brasil melhorou o que brecou as retiradas de capital externo do país. 
Para que se possa entender mais sobre o federalismo fiscal, algumas perguntas 
são necessárias: quem arrecada cada um dos tributos do país? Quem oferta os 
serviços públicos? Essas respostas permeiam pela necessidade da divisão de 
tarefas, ou seja, se somente existisse a União, toda a arrecadação seria de sua 
competência, mas igualmente todos os serviços públicos seriam ofertados 
apenas por ela, de forma que muitos dos serviços públicos seriam distribuídos 
de forma insuficiente à população. 
O Federalismo Fiscal é um ramo das ciências econômicas que visa a repartição 
fiscal entre as diversas esferas do governo (União, estados e municípios) de 
forma a maximizar a sua eficiência na arrecadação de recursos e também na 
oferta dos bens públicos (GADELHA, 2017, p. 15). 
É importante separar o conceito de impostos e de tributos. Impostos são as 
contribuições destinadas a promover setores, como saúde, educação e 
segurança. Os tributos (ou taxas) atendem segmentos mais específicos da 
economia. 
Vamos agora separar a arrecadação pelos entes federativos: União, estados e 
municípios. 
Estados: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto 
sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), Imposto sobre a 
Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). 
Municípios: Imposto sobre Transmissão de Bens Inter Vivos (ITBI), Imposto 
sobre Serviços (ISS), Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial e Urbana 
(IPTU). 
 
4 Custo de Financiamento de bens 
Públicos 
Vale lembrar que os bens públicos são aqueles que mesmo quando são 
consumidos por um cidadão não exclui o consumo por outro. 
(...) a existência dos bens públicos na economia constitui-se numa falha de mercado, 
pois sua provisão por um sistema de preços descentralizado leva a uma suboferta. Os 
consumidores (ou famílias) tenderão a não revelar suas preferências (grau de utilidade) 
por bens públicos na expectativa de que outros façam e montem um mecanismo de 
financiamento para oferta-los (REZENDE, 2001, p. 97). 
Mas, como o governo financia os bens públicos? De que forma ele paga por 
esses bens? De que forma a população paga por esses bens? 
4.1 Fontes de Arrecadação 
Para financiar os bens públicos (estradas, saúde, educação, segurança), o 
governo arrecada impostos. Mas, como funciona essa arrecadação? Como é 
feita essa distribuição de pagamento entre os bens públicos? 
Nós, enquanto cidadãos, podemos afirmar que parte do valor que pagamos de 
impostos para o governo serve para que ele possa subsidiar o pagamento pelos 
bens públicos dos quais usufruímos. Lembra quando falamos que um bem 
público é aquele não excludente e não rival? Ou seja, mesmo que você, 
enquanto cidadão brasileiro, possa arcar com o pagamento de um plano de 
saúde na rede privada, continua tendo direito a utilizar o Sistema Único de Saúde 
(SUS). Assim, conhecemos algumas especialidades em que o SUS é referência, 
e mesmo você cidadão capaz de arcar com a saúde privada NÃO pode ser 
excluído do uso de serviço púbico. Mas, por que não podemos excluir nenhum 
cidadão do uso de um bem público? Por dois motivos: o primeiro é que em 
relação aos bens e serviços públicos quando é direito de um cidadão é direito de 
TODOS os outros da mesma forma e na mesma intensidade; segundo que você 
paga por esses bens e serviços públicos na forma de impostos. 
Mas, se o valor arrecadado com os impostos não for suficiente para que o 
governo pague todos os bens e serviços públicos, como ele faz? Lembra quando 
falamos que se as receitas recebidas pelo governo são menores do que as 
despesas ele incorrerá em déficit? Então, o governo deverá arrumar outra forma 
de se capitalizar para conseguir arcar com todas as suas obrigações. 
Vale lembrar que existem impostos captados pela União, pelos estados e pelos 
municípios. Assim, cada uma das esferas tem o poder de utilizar os valores 
recebidos como impostos de sua competência. Mas, e se faltar? Os estados e 
municípios ainda podem recorrer à União? A resposta é sim. A União pode sim 
socorrer estados e municípios quando esses necessitarem da aportes 
financeiros, mas esses socorros não acontecem de forma bagunçada. Imagine 
que um dos estados passou por um grande problema: aqui podemos citar o 
estado de Minas Gerais que em janeiro de 2019 teve Brumadinho (uma das suas 
cidades) passando por um grave problema ambiental, com mortes, 
desaparecidos e pessoas desalojadas. O estado de Minas Gerais enviou apoio 
financeiro ao município, mas também pediu ajuda ao governo federal. 
Uma outra forma de capitalização financeira por parte do governo que ainda não 
havíamos tratado é a negociação de títulos públicos. Vamos ver como funciona? 
É comum que o governo nas esferas federal, estadual e municipal captem 
recursos no mercado financeiro por intermédio da emissão de títulos públicos. O 
governo emite títulos de sua dívida pública e negocia no mercado financeiro, de 
forma que possa ser adquirido por pessoa física ou jurídica, mediante o 
pagamento de juros por parte do governo. O comprador compra parte da dívida 
do governo e recebe juros por essa compra até que possa resgatar o título 
(médio e longo prazos), enquanto isso o governo tem a possibilidade de arcar 
com seus pagamentos, sejam eles referentes a bens públicos ou não. 
Outra forma de financiamento de bem público é a parceria público-privada. 
Para a construção de uma estrada por exemplo, o governo pode atuar 
juntamente com uma empresa privada que vai ter a concessão dessa estrada 
por um período de tempo para compensação de seus gastos com as obras. 
As privatizações de determinadasempresas do governo também atuam como 
forma de financiamento por parte do governo. Pois, os valores arrecadados com 
a privatização são alocados para pagamento de compromissos financeiros, juros 
da dívida pública e, na melhor das hipóteses, para gerar superávit de receitas. 
4.2 Poder Fiscal 
Vamos lembrar? O governo por meio da política fiscal pode atuar e intervir na 
economia. Pode atuar no aumento ou diminuição de impostos e também no 
aumento ou diminuição dos gastos públicos. 
Pertence ao governo o poder fiscal de arbitrar, cobrar impostos e gerenciar o uso 
desses impostos. 
Já sabemos que quando o governo recolhe menos impostos do que as suas 
despesas ele torna-se deficitário, e quando ele recolhe impostos em volumes 
maiores que suas receitas ele se torna superavitário. 
Quando o governo opta, por exemplo, pela política fiscal expansionista ele 
diminui seus impostos, e da mesma forma a sua arrecadação. No final de 2008, 
para estimular o consumo de automóveis o governo diminuiu o Imposto sobre 
Produto Industrializado (IPI) de forma que o cidadão pagava uma alíquota menor 
de imposto ao adquirir esse bem. Essa política garantiu naquele momento o 
emprego nas empresas automobilísticas, de forma a garantir renda a esses 
trabalhadores e consequentemente renda a toda comunidade do entorno. 
Uma política fiscal restritiva desestimula o consumo, como forma de conter a 
inflação. Dessa forma, o governo aumenta os impostos e aumenta 
consequentemente a sua arrecadação. Assim, o cidadão terá sua renda 
diminuída com o aumento dos impostos, diminuindo também sua capacidade de 
consumo. 
5 Capacidade de Gastar 
A capacidade de gastar da população de um país está ligada diretamente às 
políticas de ajuste implementadas pelo governo. O governo pode atuar de forma 
expansionista ou restritiva no que diz respeito a regulação da economia. 
Quando o intuito é de aquecer a economia o governo se utiliza de medidas 
expansionistas. São elas: 
Política monetária 
expansionista 
Diminuição das taxas de juros, gerando assim um aquecimento no mercado de crédito e consumo. Ou seja, as pessoas são 
estimuladas a financiar bens quando as taxas de juros são menores. 
Política fiscal 
expansionista 
Aumento dos gastos do governo e diminuição de impostos como forma de estimular o consumo. Com a diminuição dos impostos 
“sobra” um excedente de renda que a população pode utilizar para o consumo. Com o aumento dos gastos, seja por transferências 
ou aumento de obras públicas, a renda dos menos favorecidos tende a aumentar, gerando assim um consumo maior. 
Política cambial 
expansionista 
Visa a valorização da moeda nacional. Uma moeda mais forte possibilita à população maior condições de consumo. Para tal, o 
Banco Central do Brasil oferta dólares no mercado, tornando assim o Real mais competitivo frente ao dólar. Estimula o consumo 
interno, mas desestimula as exportações. 
Quando o intuito é o controle da inflação e o desaquecimento do consumo, as 
medidas são restritivas: 
Política monetária 
restritiva 
Aumento das taxas de juros como forma de desestimular o consumo. Assim, quando as taxas de juros aumentam, as pessoas 
tendem a diminuir a procura por financiamentos. A política monetária restritiva vem de encontro ao controle inflacionário, ou seja, 
menor consumo, menor possibilidade de aumento de inflação. 
Política fiscal 
restritiva 
Aumento de impostos e diminuição dos gastos públicos. Com o aumento dos impostos a população tem uma diminuição do seu 
poder de compra, sobrando menos para consumir. Já com a diminuição dos gastos do governo, sejam por meio de transferências 
ou por meio de obras públicas, a população menos favorecida tende a ver sua renda diminuir, desestimulando assim o consumo. 
Política cambial 
restritiva 
Visa a desvalorização da moeda nacional. Para tal, o Banco Central do Brasil compra dólares no mercado, tornando assim o Real 
menos competitivo frente ao dólar. Comprando dólares do mercado e diminuindo a sua oferta, faz com que o preço da moeda seja 
maior frente ao real. Essa medida desestimula o consumo interno, mas estimula as exportações. 
5.1 Impostos e Taxas 
Como já vimos anteriormente, há uma diferença entre impostos e taxas. 
Enquanto os impostos se caracterizam como contribuições destinadas a 
promover setores como saúde, segurança e educação, os tributos ou taxas 
atendem a segmentos mais específicos, como o FGTS. 
É importante destacar que o impacto dos impostos sobre a renda pessoal 
depende basicamente da estrutura das alíquotas. Sempre que ouvimos falar de 
imposto de renda, por exemplo, ouvimos também falar da tão famosa “reforma 
tributária”. O imposto de renda pessoa física é apenas um exemplo de como 
essa reforma é tão necessária. 
As tabelas de Imposto de Renda não são revistas desde 2015, de modo que se 
a tabela estivesse atualizada, em 2020, aproximadamente dez milhões 
de pessoas não deveriam pagar imposto de renda. Percebam a necessidade da 
reforma tributária e olhem que falamos apenas do imposto de renda pessoa 
física. 
Imaginem agora quantas outras discrepâncias temos na tributação de empresas, 
sejam elas micro, pequenas, médias ou grandes. Além de todos aqueles 
impostos pagos pelas pessoas físicas. 
Agora, vamos pensar do lado do governo: se as tabelas, de imposto de renda 
pessoa física, tivessem sido atualizadas, um grande número de pessoas (10 
milhões aproximadamente) deixaria de pagar imposto. E, como o governo faria? 
Como ele compensaria esses valores? 
 O governo deve pensar de forma a compensar essa arrecadação que mais cedo 
ou mais tarde deverá ser revista, ou seja, a receita diminuirá com uma menor 
arrecadação por parte das pessoas físicas. Dessa forma, ele poderá aumentar 
os impostos sobre a pessoa jurídica, por exemplo? Não é tão fácil assim 
compensar receitas, o governo deve atuar de modo que não opte em taxar 
determinado grupo em detrimento de outro. Mas, sempre lembrando que se as 
suas receitas forem menores que seus gastos, haverá um déficit nas contas 
públicas, gerando assim um aumento da dívida pública. 
5.2 Reforma Trabalhista e Reforma da 
Previdência como forma de capitalizar o governo 
As reformas trabalhista e da previdência, tão anunciadas nos últimos tempos, 
nos traduzem nas medidas implementadas pelo governo para aumentar as 
receitas (no caso da reforma trabalhista) e para diminuir seus gastos (no caso 
da reforma da previdência). Mas, como o governo atuou em cada uma das 
reformas? 
Na reforma trabalhista o governo, por exemplo, criou o trabalho intermitente que 
nada mais é do que a normatização dos chamados “bicos”. O garçom que antes 
trabalhava vez ou outra no restaurante, mas que não contribuía com os impostos 
e, consequentemente, não tinha respaldo trabalhista passou a poder trabalhar 
alternando períodos ativos e inativos, recolhendo INSS gerando assim mais 
renda para o governo. Em contrapartida, pode agora contar com os recursos do 
INSS caso precise, por exemplo, se afastar pelo INSS. 
 Outro exemplo de ganho do governo perante a reforma trabalhista é a 
normatização do chamado “acordo”. Anteriormente, o trabalhador acordava com 
o patrão a demissão para poder receber assim suas verbas rescisórias, o FGTS 
e o seguro desemprego. O FGTS e o seguro desemprego acabavam por onerar 
o governo, pois é ele que disponibiliza esses serviços sociais. 
Com a normatização do acordo, chamado agora de Rescisão do Contrato de 
Trabalho por Mútuo Acordo, o trabalhador passa a ter direito a metade da multa 
do FGTS (20% agora) paga pelo empregador, mas agora passa a ter direito a 
80% do saldo do FGTS e impedido de requerer o seguro desemprego. Dessa 
forma, a oneração do governo tende a ser menor, pois o governo deixa de liberar 
20% do saldo do FGTS, além da impossibilidade do requerimento do seguro 
desemprego. 
A reforma da previdência veio para diminuir os gastos do governo, aumentando 
o tempo de serviço e a idade para aposentadoria. No Brasil, as contribuições 
realizadas hoje pelos trabalhadoresativos são repassadas aos aposentados. Ou 
seja, os trabalhadores ativos pagam os aposentados. Como no Brasil temos uma 
população bastante envelhecida, os trabalhadores ativos não conseguem arcar 
com todos os custos dos aposentados. Dessa forma, o Brasil incorre em 
crescentes e decorrentes déficits previdenciários. 
Com a reforma trabalhista, o aumento da idade de aposentadoria bem como o 
aumento de tempo de serviço, possibilitará ao governo a tentativa de equalizar 
ao longo dos anos esses crescentes déficits, mas seria ingenuidade pensar que 
esses déficits seriam equalizados no curto prazo, isso demandará anos de 
esforços. 
A reforma do funcionalismo público permitirá ao governo ainda mais a 
equalização de seus déficits. 
Mesmo com as medidas implementadas pela reforma da previdência, é 
necessário um forte ajuste nas contas previdenciárias, pois a expectativa de vida 
do brasileiro tem aumentado a cada ano, de forma que teremos sempre idosos 
para receber aposentadorias, e os déficits que são enormes e não vêm de hoje, 
demoraram ainda para serem sanados. 
é isso Aí! 
Nesta unidade, você teve a oportunidade de: 
 conhecer a economia do setor público, compreendendo de que forma o governo 
atua na economia, quais são as suas funções e como se deu o crescimento dos 
gastos públicos brasileiros; 
 compreender a estrutura e a classificação dos gastos públicos, bem como a 
forma de financiamento dos gastos públicos, déficit e dívida pública; 
 aprender sobre a política fiscal como forma de atuação do governo na 
economia; 
 estudar sobre os custos de financiamento dos bens públicos, suas fontes de 
arrecadação e seu poder fiscal; 
 compreender a capacidade de gastar da economia e de que forma as políticas 
econômicas são utilizadas como forma de atuação do governo na economia. 
Além de falarmos de itens presentes na atualidade: COVID-19, Reformas 
trabalhista e da previdência. 
REFERÊNCIAS 
FEIJÓ, Carmem; GALVÃO, Ol. Contabilidade Social. São Paulo: Elsevier, 
2008. 
GADELHA, Sérgio Ricardo de Brito. Introdução ao federalismo e ao 
federalismo Fiscal no Brasil. Módulo 1: conceitos introdutórios sobre o 
federalismo e federalismo fiscal. Fundação Escola Nacional de Administração 
Pública: Brasília, 2017. Disponível 
em: https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/3182/1/M%C3%B3dulo%201%2
0-
%20Conceitos%20introdut%C3%B3rios%20sobre%20federalismo%20e%20fed
eralismo%20fiscal.pdf. Acesso em: 16.03.2020. 
BRASIL. Portaria Conjunta n. 3/2008 (STN/ MF – SOF – MP) – Aprova os 
Manuais de Receita Nacional e de Despesa Nacional (1ª edição). 
GIAMBIAGI, Fábio; ALÉM, Ana Claudia. Finanças públicas – teoria e prática no 
Brasil. 2. Ed. São Paulo: Editora Campus, 2009. 
https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/3182/1/M%C3%B3dulo%201%20-%20Conceitos%20introdut%C3%B3rios%20sobre%20federalismo%20e%20federalismo%20fiscal.pdf
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KOHAMA, Heilio. Contabilidade pública. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2011. 
MARTELLO, Alexandro. Dívida pública tem alta de 9,5% em 2019 e chega a 
R$4,24 trilhão; maior valor da série histórica. Disponível 
em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/01/28/divida-publica-tem-alta-
de-95percent-em-2019-e-chega-a-r-424-trilhoes-maior-valor-da-serie-
historica.ghtml. Acesso em: 20 mar. 2020. 
MARTELLO, Alexandro; RODRIGUES, Mateus. Guedes anuncia auxílio 
mensal de R4200 a autônomos, em pacote de R$15 bi a ‘pessoas 
desassistidas’. Disponível 
em: https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/03/18/com-
decreto-de-calamidade-publica-governo-anuncia-r-15-bilhoes-para-pessoas-
desassistidas.ghtml. Acesso em: 20 de mar. 2020. 
VASCONCELOS, Marco Antônio S.; GARCIA, Manuel Enriquez. Economia. 
2.ed. São Paulo: Saraiva, 2020. 
 
OLÁ! 
Você está na unidade de Formulação e Análise de Políticas Públicas. 
Conheça aqui como são articuladas as necessidades da sociedade com as 
dificuldades de obtenção de recursos pelos governos, através do estudo do Ciclo 
das Políticas Públicas. 
É um assunto fascinante e importante, pois todos nós vivemos na sociedade e 
todos nós somos afetados pelas Políticas Públicas, que são as decisões 
tomadas e executadas pelos Governos com o objetivo de proporcionar bem-
estar às pessoas que vivem na sociedade. 
 
 
Bons estudos! 
1 Formulação e Análise de Pólíticas 
Públicas 
As decisões tomadas pelos Governos (Federal, Estadual, Municipal) afetam 
todos os que vivem na sociedade, não importando nível social, religião, raça, 
gênero, time de futebol, partido político. 
 Você, por exemplo, que é estudante, faz parte de uma estrutura educacional 
com regras definidas por uma estrutura governamental e seguidas por todas as 
escolas. 
Há vários tipos de decisões públicas, que vão desde coisas mais simples, de 
caráter operacional ou meramente administrativo, até atividades mais 
complexas, de cunho estruturante. 
Pense na diferença que existe entre o simples ato de cobrar o IPTU, que 
consiste, basicamente, em enviar uma correspondência para os proprietários de 
imóveis, e a realização de uma obra de construção de um grande viaduto, que 
vai mudar o trânsito e alterar a rotina de muitas pessoas. 
https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/01/28/divida-publica-tem-alta-de-95percent-em-2019-e-chega-a-r-424-trilhoes-maior-valor-da-serie-historica.ghtml
https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/01/28/divida-publica-tem-alta-de-95percent-em-2019-e-chega-a-r-424-trilhoes-maior-valor-da-serie-historica.ghtml
https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/01/28/divida-publica-tem-alta-de-95percent-em-2019-e-chega-a-r-424-trilhoes-maior-valor-da-serie-historica.ghtml
https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/03/18/com-decreto-de-calamidade-publica-governo-anuncia-r-15-bilhoes-para-pessoas-desassistidas.ghtml
https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/03/18/com-decreto-de-calamidade-publica-governo-anuncia-r-15-bilhoes-para-pessoas-desassistidas.ghtml
https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/03/18/com-decreto-de-calamidade-publica-governo-anuncia-r-15-bilhoes-para-pessoas-desassistidas.ghtml
 
 
#PraCegoVer: Foto de uma rua onde estão sendo realizadas obras. No centro 
da foto, há equipamentos que estão fazendo buracos no chão e trancando a rua. 
Sempre que se decide fazer uma obra ou implementar uma Política Pública, as 
pessoas serão afetadas, positiva ou negativamente, tanto durante o processo 
como depois dele. 
Seja simples ou complexa, uma boa decisão é aquela embasada em um 
conjunto de informações confiáveis e fidedignas, analisadas de modo profundo 
e qualificado, utilizando princípios e valores socialmente aceitos (SECCHI, 
2016). 
Tomar boas decisões não é uma tarefa fácil. O mundo é cada dia mais complexo, 
as coisas mudam mais rápido, novos problemas surgem a todo momento, as 
variáveis são muitas, as pessoas estão cada vez mais informadas sobre todos 
os assuntos. 
Ortegón (2015, p. 45) afirma que as decisões tomadas pelos governos, com 
participação direta ou indireta de entes privados ou públicos, com o objetivo de 
assegurar determinado serviço ou direito para grupos da sociedade, ou para 
algum segmento econômico, cultural ou étnico específico, em questões 
pontuais, são chamadas de Políticas Públicas. 
 
1.1 O que são Políticas Públicas? 
Imagine que você acorda em uma determinada manhã, e sente uma dor em seu 
peito. No começo, é uma dor fraca, que incomoda um pouco, mas não evita que 
você faça as coisas que planejou durante o dia. Por isso, você deixa para lá. 
No dia seguinte, lá está de novo a dor, só que ela aumentou umpouco, e provoca 
alguma tontura, atrapalhando sua concentração e fazendo com que você não 
possa trabalhar direito. Seu corpo está com algum problema. 
Se você é como a maioria das pessoas, vai procurar um médico, vai ser atendido, 
provavelmente fará alguns exames e, durante um tempo, talvez tenha que tomar 
alguma medicação. 
Agora, pense na sociedade como um corpo, um organismo social que também 
pode ter os seus problemas. Por exemplo, pode existir um determinado local da 
cidade onde todos os dias existem congestionamentos, que causam atrasos e 
transtornos para todos. Isso é um problema público. 
Da mesma forma que você pode ter dor no peito, braço, estômago ou cabeça, 
um problema público pode existir em qualquer área da sociedade: economia, 
educação, meio-ambiente, transporte, saúde. 
Para resolver o seu problema, você toma decisões e executa ações: procura 
médico, marca consulta, faz exames, compra remédios, muda hábitos 
alimentares. Tudo para se sentir bem. Da mesma forma, para resolver 
problemas públicos, os governos tomam decisões e executam ações. 
 
 
 
#PraCegoVer: Foto de duas mulheres. Uma delas está com um aparelho de 
aferir a pressão arterial no braço, ligado a um monitor. A outra mulher, com 
uniforme de enfermeira, acompanha o exame. Uma Política Pública é uma 
iniciativa adotada pelos governos para resolver problemas que afetam a 
sociedade. 
Você já ouviu falar da Lei de Cotas para o Ensino Superior? No Programa Bolsa 
Família? No Programa Minha Casa, Minha Vida? No Programa Mais 
Médicos? Conhece a Política Nacional de Medicamentos? 
O que todas estas coisas têm em comum? 
Todos são programas, ações, iniciativas que procuram resolver um 
problema de determinado segmento da sociedade, melhorando as 
condições de bem-estar das pessoas que fazem parte daquele grupo 
social. Todos são exemplos de Políticas Públicas. 
Como assim? 
A Lei de Cotas é uma política de acesso à educação. O Bolsa Família, é uma 
política de distribuição de renda. O Minha Casa, Minha Vida é uma política de 
melhoria em habitação. O Mais Médicos e a Política Nacional de Medicamentos 
são políticas de ampliação de serviços de saúde. Cada um deles procura 
resolver um problema público específico. 
Então, podemos dizer que uma Política Pública é um conjunto de ações, 
programas, atividades e projetos levados a cabo pelos governos para 
resolver problemas públicos, na busca do bem-estar de quem vive na 
sociedade (SECCHI, 2019). 
O bem-estar é alcançado quando os governos tomam boas decisões em áreas, 
como segurança, transporte, lazer, educação, meio ambiente, habitação e 
saúde. 
1.2 O aspecto político e o aspecto asministrativo 
O conceito de Política Pública pode ser entendido de duas maneiras. Pelo 
aspecto político, é um processo de tomada de decisão em que existe 
conflito de interesses. É aquilo que o governo decide fazer ou não fazer 
(SECCHI, 2019). 
Se o governo decide desapropriar terras rurais para criar reservas indígenas, vai 
confrontar os interesses dos proprietários rurais (que perdem área de plantio). 
Se diminuir as reservas para aumentar as terras para plantio, está contrariando 
os interesses dos índios (que perdem espaço onde vivem). 
Perceba que qualquer uma das decisões pode ser considerada uma boa 
decisão. A diferença é que, a depender da escolha, haverá um lado da população 
que poderá se sentir prejudicado e outro que poderá se sentir beneficiado, além 
disso perceba que qualquer uma das decisões é legítima, do ponto de vista 
político. A escolha depende da vontade de quem vai decidir. 
Um outro aspecto do conceito é o administrativo. Para executar as atividades 
previstas nas Políticas Públicas, o governo precisa de recursos humanos, 
materiais, tecnológicos e legislativos. 
Voltando ao exemplo das terras indígenas, será necessário elaborar leis, 
demarcar terras, notificar pessoas. A máquina administrativa do estado deve ser 
mobilizada para que as Políticas Públicas aconteçam. Do ponto de vista 
administrativo, portanto, a decisão depende de recursos. 
1.3 Política de estado X Política de Governo 
Algumas políticas devem ser realizadas pelo governo porque estão asseguradas 
pela Constituição. São as chamadas Políticas de Estado, e independem de 
quem está governando. Normalmente, estão relacionadas com aspectos de 
longo prazo e que mexem com a estrutura da sociedade como um todo 
(Órtegon, 2015). 
Há as Políticas Públicas relacionadas com quem ocupa o poder no momento, 
que são chamadas de Políticas de Governo. 
Para ocupar os espaços de poder, as pessoas encontram outras pessoas que 
pensam parecido com elas, organizam movimentos sociais, ingressam em 
partidos, concorrem a cargos eletivos. 
Cada grupo social tem as suas reivindicações, os seus projetos, e cada partido, 
cada candidato, tem o seu Programa de Governo. Quando um grupo assume o 
governo, ele transforma o seu Programa de Governo em Políticas Públicas. 
É importante ter em mente a diferença entre os dois tipos de política. 
As Políticas de Estado, por exemplo, têm como objetivo assegurar a 
estabilidade do País, oferecendo segurança jurídica para quem vive e 
trabalha no lugar. Em tese, devem estar acima de interesses partidários ou de 
grupos políticos. 
Um exemplo de política de Estado pode ser a decisão de assinar um tratado com 
algum bloco regional de comércio, o que vai envolver estruturas públicas 
especializadas em comércio exterior e afetará toda a sociedade. O efeito das 
políticas de Estado costuma durar mais de um governo. 
Uma política de governo, por outro lado, costuma ter um alvo específico e, 
normalmente, está relacionada com a base eleitoral de quem é o governante 
no momento (SECCHI, 2019). Muitas vezes, pode ser adotada com uma 
medida administrativa simples, como um decreto do Presidente da República. 
No Brasil, um exemplo recente pode ser a flexibilização da posse e porte de 
armas, uma Política Pública adotada pelo governo atual após promessa de 
campanha, que atende a um grupo específico de pessoas. 
Uma política de Governo pode se tornar uma política de Estado. Na realidade, é 
o que normalmente acontece: um governo toma uma decisão, implementa a 
Política Pública, que produz bons resultados para a sociedade como um todo, e 
o próximo governo mantém a mesma política funcionando. 
No Brasil, podemos citar como exemplos recentes o Plano Real (implantado em 
1994 pelo Governo de Fernando Henrique Cardoso e mantido pelos seguintes) 
e o Programa Bolsa Família (implantado em 2003 pelo Governo de Luis Inácio 
Lula da Silva e mantido pelos seguintes). 
É importante destacar que, quando analisamos e avaliamos Políticas Públicas, 
não devemos olhar para quem implementou ou de qual partido foi a ideia, mas 
sim quais foram os resultados para a sociedade, em termos de melhoria da 
qualidade de vida, ampliação do bem-estar e resolução de problemas. 
Ou seja, nós podemos até não gostar de quem governa no momento, pode ser 
alguém em quem nós não votamos, pode ser alguém que defende ideologias 
diferentes das nossas; Mas, se as suas decisões melhoram a vida das pessoas 
e produzem bem-estar para a sociedade, elas devem ser consideradas boas 
decisões. 
Como campo de conhecimento, as Políticas Públicas começaram a ser 
estudadas na década de 1950. ALMEIDA e GOMES (2018, p. 444) destacam 
que não existe consenso sobre o conceito de Política Pública, citando pelo 
menos “três modelos teóricos conhecidos na literatura: múltiplos fluxos, 
coalizões de advocacia e equilíbrio pontuado”. 
 
As Políticas Públicas envolvem a interação de diversas variáveis, instituições, 
atores, ideias e crenças. Diversos teóricos estudam o tema e propõem formas 
diferentes de entender o processo. Neste artigo, é apresentada uma revisão 
bibliográfica profunda sobre os principais modelos. 
SECCHI (2016) afirma que o campo teórico e metodológico que se dedica 
à geração e à sistematização do conhecimento utilizado para enfrentar 
problemas públicos é chamado de análise de Políticas Públicas. 
O modelomais comum de análise estuda as Políticas Públicas a partir de etapas. 
De acordo com SECCHI (2019), apresenta as fases de formação de agenda, 
formulação, implementação e avaliação da Política Pública. É este modelo 
que nós vamos detalhar nesta unidade de estudo. 
Acompanhe! 
1.4 Quem participa das Políticas Públicas? 
Em uma democracia, os representantes da população são escolhidos pelas 
propostas que apresentam. Se a sociedade entende que estas propostas 
resolvem problemas públicos relevantes, a maioria das pessoas vota em quem 
defende tais propostas. 
Para analisar as Políticas Públicas, nós dividimos a sociedade em dois grandes 
grupos: estrutura política, composta pelos Governos (Executivo, Legislativo, 
Judiciário), responsável por definir e colocar em prática as Políticas Públicas 
e; estrutura social, composta pelas pessoas, empresas e instituições não-
públicas, afetada pelas Políticas Públicas. 
Todas as decisões tomadas pelo poder público afetam e envolvem, em alguma 
medida, algum segmento da sociedade. Uma decisão relacionada com política 
tributária de produtos eletrônicos importados, por exemplo, pode provocar 
efeitos, ao mesmo tempo e de maneiras diferentes, em empresas que fabricam 
e/ou revendem e nos clientes que consomem produtos eletrônicos. 
 
 
 
#PraCegoVer: Infográfico mostrando os seis passos do ciclo das políticas públicas: 
identificar um problema, criar agenda, formular alternativas, tomar uma decisão, 
implementar a política e avaliar os resultados. 
 
Uma Política Pública se desenvolve em um Ciclo composto por seis etapas, 
conforme podemos ver na figura. O que costuma acontecer é que as pessoas se 
dão conta de que falta algo na sociedade, começam a discutir, a reclamar e a se 
organizar (1); os políticos começam a ouvir as reclamações e ficam incomodados 
(2); os parlamentares elaboram projetos, discutem, aprovam (3); o Poder 
Executivo coloca os projetos em prática (4). Os servidores públicos trabalham 
nas ações previstas na Política Pública (5), enquanto a sociedade vai avaliando 
se o que está sendo feito resolve o problema (6). 
As iniciativas das Políticas Públicas costumam vir dos poderes públicos, que são 
eleitos para fazer isso. Entretanto, as justificativas para uma Política Pública 
nascem com as demandas e as expectativas da sociedade. 
Em alguns casos, a participação da população nas Políticas Públicas é 
garantida por instrumentos legislativos, como os Conselhos municipais, 
estaduais e federais que atuam nas áreas de saúde e de educação. 
A população também participa se organizando sindicatos, associações de 
moradores, ONGs, entidades setoriais e outras. A partir das demandas da 
sociedade civil organizada, os governantes selecionam as suas prioridades e 
montam seus projetos. 
 
 
A Lei da Transparência n. 131/2009 garante o incentivo à participação popular 
durante os processos de elaboração e discussão de planos, lei de diretrizes e 
orçamentos, com o pleno conhecimento e acompanhamento social, em tempo 
real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e 
financeira, em meios eletrônicos de acesso público. 
 
Os atores sociais são classificados de várias maneiras. Vamos conhecer as duas 
principais. TEODÒSIO (2002) apresenta uma tipologia bastante conhecida (e 
que é, provavelmente, a mais aceita) que divide em três grupos: 
 
Primeiro Setor Estado (executivo, legislativo, judiciário). 
Segundo Setor Iniciativa Privada (mercado, empresas). 
Terceiro Setor Sociedade Civil (organizada). 
 
 
 
#PraCegoVer: Na imagem, temos figura de três círculos, representando o 
Estado (Primeiro Setor), o Mercado (Segundo Setor) e a Sociedade (Terceiro 
Setor) sendo que cada um deles ocupa um determinado sobreposto aos outros 
dois. No meio, há um espaço onde os três círculos se sobrepõe. A imagem 
representa como cada uma destas partes tem seus próprios interesses e 
demonstra que, em alguns pontos, os interesses de cada se sobrepõe e entram 
em conflito. 
Uma outra classificação é dada por VIEIRA (2001), dividindo os atores sociais 
em quatro grupos, visualizados como esferas: 
 
Esfera Estatal Executivo, Judiciário, Polícia. 
Esfera Pública Associações, Movimentos Sociais, ONGs. 
Esfera do Mercado Empresas, Sindicatos. 
Esfera Privada Famílias 
 
 
#PraCegoVer: Na imagem, temos figura de quatro círculos, representando as 
esferas Estatal, do Mercado, Pública e Privada, sendo que cada um deles ocupa 
um determinado sobreposto aos outros três. No meio, há um espaço onde os 
quatro círculos se sobrepõem. A imagem representa como cada uma destas 
partes tem seus próprios interesses e demonstra que, em alguns pontos, os 
interesses de cada um se sobrepõem e entram em conflito. 
Perceba que, tanto no modelo com três setores como no modelo com quatro 
esferas, teremos sempre pontos onde a divisão dos espaços não é exatamente 
clara, onde existem sobreposições. São pontos onde as fronteiras se 
confundem, onde residem os conflitos e tensões que vão exigir a criação de 
Políticas Públicas, para resolver os problemas que surgem quando há interesses 
conflitantes. 
Em temas onde um setor defende uma posição e outro defende uma diferente, 
quem governa deverá fazer escolhas e tomar decisões. Ou seja, o Estado ocupa 
um papel central, afinal, ele é a instância criada pelo homem para prover e zelar 
pelo bem-comum. 
Mas ele não age sozinho. Com estruturas sociais cada vez mais complexas, o 
Estado realiza as Políticas Públicas em conjunto com outros setores. O primeiro 
passo para que isso aconteça é o reconhecimento dos problemas que existem e 
a formação de uma agenda, que é o assunto do nosso próximo tópico. 
2 Formação de Agenda das políticas 
Públicas 
Sempre que temos um problema em nossa vida, o primeiro passo para resolver 
é aceitar que este problema existe. A partir disso, vamos pensar em formas de 
resolver, definir quem vai ser envolvido, fazer escolhas, estabelecer prioridades, 
agir e avaliar se os resultados de cada ação estão ajudando a resolver o 
problema. 
Não é diferente na vida em sociedade. Quando falamos sobre Políticas Públicas, 
o nome deste processo de descobrir e resolver problemas é chamado de Ciclo 
das Políticas Públicas. 
O conceito de ciclo nos remete à ideia de que uma Política Pública é como um 
organismo vivo: ela nasce, cresce, às vezes se reproduz, um dia ela acaba e, 
em algum momento, ela também morre. 
Vamos estudar agora cada uma destas etapas. 
 
2.1 Reconhecendo Problemas 
Se uma Política Pública é um conjunto de decisões que tomamos resolver 
problemas públicos, o primeiro passo lógico é descobrir qual seria este 
problema. 
Para entender como funciona, o Ciclo das Políticas Públicas, e como ele se 
funciona na prática, nós vamos, a partir de agora, ler o roteiro de uma peça de 
teatro. Em cada um dos tópicos, você vai ler uma cena, que vai ser relacionada 
com a teoria que estamos estudando. 
 
 Cena 01 
Imagine um bairro calmo e tranquilo: calçadas amplas, árvores frondosas, casas 
antigas, paredes coloridas. As pessoas gostam de andar por ele. Mas, 
ultimamente, você, que anda por ali, começou a perceber a existência de 
pichações nas paredes das casas e nos muros. Um dia é um símbolo aqui, outro 
dia é uma frase ali. Depois de um tempo, a maior parte das paredes do seu bairro 
está pichada. Você pensa que seu bairro está ficando feio. Conversa com os 
vizinhos e descobre que outros estão incomodados. E vocês decidem reclamar. 
 
 
 
#PraCegoVer: Foto da parede de uma casa, com duas janelas antigas, com 
algumas palavras e símbolos pichados. A imagem ilustra o problema das 
pichações, que serve como exemplo prático do tema que estamos estudando 
nesta unidade. 
Um problema público é identificado quando uma pessoa, ou um grupo de 
pessoas, olha para algo que está acontecendo na sociedade e pensa “isso 
está errado”, “isso não está funcionando”, “isso é um problema”. É algo 
que está faltando em algum lugar, que não está funcionando como deveria ou 
que podegerar prejuízos no futuro (SECCHI, 2019). 
Alguns exemplos de problemas públicos que podemos observar nos noticiários 
são a existência de déficits nas contas públicas; o aumento das temperaturas 
por causa do aquecimento global; a falta de ônibus para as pessoas se 
deslocarem, o aumento do número de assaltos em determinados lugares. 
Identificar o problema é a primeira etapa do Ciclo das Políticas Públicas. E 
depois, o que fazemos? 
Vamos falar sobre isso no próximo tópico. Acompanhe! 
2.2 Formando a Agenda 
Depois de admitir que existe um problema, a próxima etapa do Ciclo de Políticas 
Públicas é a formação de uma agenda. 
Mas o que quer dizer isso? 
O que você pensa quando ouve a palavra agenda? 
A palavra agenda pode enganar. A maioria de nós, certamente, pensaria em um 
calendário ou em um aplicativo de celular. Em Políticas Públicas, não é 
exatamente isso. 
 Cena 02 
Incomodados com as pichações, os moradores decidem tomar uma atitude. 
Depois de algumas conversas, decidem fundar uma associação de moradores, 
com o objetivo de cuidar do bairro. E, no topo das prioridades, aparecem as 
pichações. Como as calçadas e as ruas são bens de uso público, vocês pensam 
que o poder público tem responsabilidade, e procuram um vereador eleito pelo 
bairro, para reclamar das pichações. O vereador promete elaborar um projeto de 
lei para resolver o assunto. 
 
 
 
#PraCegoVer: Foto de um grupo de pessoas reunido em uma sala com quadros 
na parede. No centro, há uma mulher explicando alguma coisa, enquanto os 
demais acompanham a fala. Ilustra a etapa de formação de agenda das políticas 
públicas, onde o problema é discutido e ganha importância. 
A formação de agenda é o momento em que os atores políticos procuram 
perceber quais são os problemas que existem na sociedade e, dentre esses, 
quais deles necessitam de maior atenção. É preciso que a percepção de quem 
decide sobre as políticas esteja alinhada com a percepção da sociedade e que 
ambas estejam alinhadas com o cenário real que existe. 
É uma etapa onde são reunidos dados que demonstram a existência de uma 
determinada condição na sociedade (SECCHI, 2019), o nível de urgência e 
emergência, quem são os grupos envolvidos, o contexto político, dentre outros 
elementos de convencimento da importância do problema público. 
Assim que se compreende que existe um problema que precisa ser solucionado, 
ele passa a fazer parte da pauta das discussões parlamentares ou do 
governo (ÓRTEGON, 2015). Dizemos que ele “entra na agenda”. Entretanto, 
isso não quer dizer que o tema será imediatamente tratado. Quando falamos no 
Ciclo de Políticas Públicas, uma agenda é o conjunto de problemas que 
algum órgão, alguma autoridade resolve tratar (SECCHI, 2019) em algum 
momento. 
E como percebemos as agendas na prática? 
Quando um candidato está em campanha eleitoral, defendendo um programa, 
prometendo tratar alguns assuntos, ele está defendendo uma agenda. O 
orçamento público, quando destina recursos para alguns projetos, é uma 
agenda. Os projetos de lei em estudo no Congresso Nacional são uma agenda. 
Cada ator social, cada político, partido, governo, todos têm sua agenda, que é o 
conjunto de problemas que considera relevante o suficiente para merecer 
tratamento público. 
Na próxima etapa, vamos pensar em maneiras de resolver o problema. 
3 Formulação de Alternativas e 
Tomada de Decisão 
O passo inicial para formular uma política pública é escolher possíveis formas de 
resolver os problemas constantes na agenda. Dependendo do cenário 
econômico, social e político, a fase de formulação pode ser rápida, lenta, 
reformulada ou abandonada. 
Sendo uma construção teórica, esta fase, na prática, pode se confundir com 
a fase de implementação, onde podem ocorrer mudanças ocasionadas por 
eventos inesperados (RONCARATTI, 2008), fatos ou problemas não 
conhecidos antes do começo da implementação. 
A formulação se mistura com a tomada de decisão, que envolve as discussões 
que ocorrem sobre as alternativas e a seleção de uma delas para 
implementação. 
3.1 Formulando Alternativas de Solução 
Chegou a hora de apresentar soluções para os problemas. Na etapa de 
formulação, as alternativas definidas na agenda são detalhadas, ao mesmo 
tempo em que procuram novas opções (SECCHI, 2019). 
É um momento de organizar ideias e buscar opiniões de especialistas para 
definir os objetivos e resultados que se espera alcançar. Cada ator pode criar 
suas propostas e fazer a defesa delas. 
Um dos resultados desta fase é a avaliação de causas e efeitos do problema e 
da estruturação das alternativas existentes para resolver o problema, que é o 
que chamamos de Desenho da Política (Órtegon, 2015). 
 
 Cena 03 
A Câmara de Vereadores realizou uma série de reuniões e eventos para ouvir 
as pessoas e elencar as alternativas. Uma possibilidade seria uma lei prevendo 
multa para quem pichar: é uma solução punitiva. Uma alternativa a renovação 
frequente das pinturas dos muros e paredes, a ser realizada pela prefeitura: é 
uma solução que exige investimentos em tinta e tempo de trabalho. Há a opção 
de oferecer um curso de arte, para que os pichadores se tornem grafiteiros, 
capazes de fazer obras com maior qualidade estética e embelezar o bairro. 
 
 
 
#PraCegoVer: Foto de uma fachada de edifício, onde podemos ver duas portas, 
cada uma delas com uma cor diferente. A porta da esquerda é de uma cor 
vermelha vibrante, e a porta da direita é de uma cor amarela bem forte. A imagem 
ilustra a etapa de formulação de alternativas, quando maneiras diferentes de 
olhar um problema são levantadas. 
Podemos resolver os problemas públicos de várias formas. Existem soluções 
simplistas (de caráter punitivo), soluções que exigem maiores volumes de 
investimentos (dinheiro e trabalho) e soluções mais sofisticadas, que envolvem 
mudanças de entendimento na natureza dos problemas. 
Na alternativa do curso, por exemplo, passamos a entender a pichação como 
uma forma de arte, e não como um ato de vandalismo. Isso envolve um trabalho 
de formação cultural da população. É uma mudança profunda na forma de 
resolver os problemas públicos. 
Ou seja, o problema público pode ser a pichação, mas, por trás disso, pode estar 
o desconforto que a pichação provoca nas pessoas, ao passo que ao olhar um 
grafite, as pessoas admiram o resultado. 
Bom, agora que já temos diversas alternativas na mesa, precisamos escolher 
uma delas. No próximo tópico, vamos abordar a etapa de tomada de decisão. 
3.2 Tomando uma decisão 
Depois que vários atores foram ouvidos, alternativas foram formuladas, chega a 
hora de escolher uma das opções para resolver o problema público. É aquele 
momento em que a caneta do governante entra em ação! 
 
 Cena 04 
Depois de muitas discussões, a Câmara de Vereadores decidiu pela realização 
de cursos de formação com os pichadores. O projeto de decreto legislativo, 
depois de aprovado, foi encaminhado para o executivo, e sancionado pelo 
prefeito, que o encaminhou para a Secretaria de Educação e Cultura do 
Município, que vai ser responsável pela implementação. 
 
Clique para abrir a imagem no tamanho original 
 
 
#PraCegoVer: Foto das mãos de uma pessoa assinando um documento, 
usando uma caneta dourada. A pessoa que assina está vestindo uma camisa 
social azul clara. A imagem ilustra o ato de assinatura de um documento por uma 
autoridade, que representa a inclusão de um problema público na agenda. 
O momento da tomada de decisão é representado, normalmente, por algum 
ato administrativo formal (SECCHI, 2019), que torna real a intenção de realizar 
a Política Pública. Não é raro que estas ocasiões tenham cobertura 
jornalística. 
Agora que decidimos fazer, vamos começar a trabalhar. A implementação da 
Política Pública será o tema do nosso próximo tópico de estudo. 
Acompanhe! 
4 Implementação e Avaliação da 
Política Pública 
Até agora, passamos por diversas etapas, mas, efetivamente, nada de prático 
foi feito. Por mais que exista uma decisão formal,nada mais é do que uma 
intenção, uma representação do desejo dos atores envolvidos de resolver um 
problema público. 
A implementação é a etapa em que escolhas e planos viram atos. É quando a 
teoria se transforma em prática. Neste momento, o governo aloca recursos 
humanos, financeiros, materiais e tecnológicos para que a Política seja 
executada. 
 
 Cena 05 
Os técnicos da Secretaria Municipal de Educação e Cultura começou a trabalhar 
com o Programa de Embelezamento Urbano, que tem como objetivo principal 
transformar os pichadores em grafiteiros, por meio da formação educacional. Um 
plano de ação com um cronograma de um ano foi criado e os pichadores foram 
identificados e convidados a comparecer na sede da Associação, para ter aulas 
gratuitas sobre grafite. A Prefeitura e a Associação, em conjunto, lançaram um 
concurso para premiar as melhores artes. Moradores ofereceram os muros e 
paredes de suas casas para as pinturas. 
 
 
 
#PraCegoVer: Foto de um homem usando uma camisa azul, com um lápis na 
mão direita e um pincel na mão esquerda. As duas mãos, o pincel e o lápis estão 
sujos de tinta. Na mesa onde ele pousa as mãos, há tintas em potes e 
esparramadas na mesa. A imagem ilustra a implementação do curso de arte para 
os pichadores. 
Implementar é fazer. Simples assim! 
Quando acontece a construção de um viaduto, de uma usina hidrelétrica, da 
capacitação de pessoas que vão trabalhar em um programa de redução da 
diabetes, está acontecendo a implementação de uma Política Pública. 
A implementação da Política Pública é o trabalho do burocrata, do servidor 
público, de pessoas contratadas, de organizações do terceiro setor, que estejam 
fazendo algum tipo de intervenção para redução de um problema público. 
Ufa! Parece que terminamos o trabalho, não é mesmo? 
Ainda não. Precisamos saber se tudo isso que fizemos deu certo. Saber se o 
problema público que nos incomodava foi resolvido. E, para descobrir isso, 
temos a fase de avaliação, que vamos abordar no próximo tópico. 
4.1 Avaliando as Políticas Públicas 
Trabalho feito, projeto concluído, política pública implementada. Todos estão 
felizes e contentes. 
Mas será que deu certo mesmo? 
Quando estamos falando de Políticas Públicas, não basta imaginar que 
funcionou. Nós precisamos saber se o que fizemos está funcionando ou não está 
funcionando, saber o que deu errado e o que gerou bons resultados. 
Mas a avaliação não acontece somente depois da implementação. É uma 
atividade que começa logo que começa a implementação, e a cada passo, vai 
avaliando os resultados e seguindo (ou não) com a política. Ela deve acontecer 
em todos os momentos da Política Pública, como um processo de supervisão e 
controle. 
 
 Cena 06 
Um ano passou. Foram realizadas oficinas com os pichadores e muitos muros 
do bairro agora apresentam lindas pinturas. Há bastante gente passeando pelas 
ruas, conversando e vivendo o bairro. Alguns bares e cafeterias foram abertos, 
para atender os visitantes. Os moradores comemoram. A Política Pública deixou 
o bairro mais bonito, valorizou as casas e movimentou a economia! Um sucesso! 
 
#PraCegoVer: Foto de um rapaz observando uma parede onde há uma pintura 
colorida. A imagem ilustra o resultado do trabalho realizado, mostrando, em lugar 
das pichações do começo, uma pintura que tem um valor artístico e estético 
apreciável. 
Podemos avaliar diversos aspectos das Políticas Públicas, como o impacto, a 
eficiência, a eficácia, a produtividade. Há todo um conjunto de teorias, de 
estudos, de conceitos e práticas de avaliação, que visam a melhorar cada uma 
das etapas. Vamos falar mais profundamente sobre isso no próximo tópico desta 
unidade. 
E por que precisamos avaliar?<�p> 
Bom, nem sempre as intenções são transformadas em ações, nem sempre 
planos viram execução, nem sempre a Política Pública reduz o problema público. 
A avaliação, então, serve exatamente para isso: para que possa ser tomada a 
decisão de continuar ou não a política pública, e para saber de que formas 
podemos melhorar cada vez mais as Políticas Públicas. 
4.2 Extinguindo uma Política Pública 
Em quase todas as reuniões de família, encontramos primos distantes, tios que 
raramente aparecem, os anciões. Há quem está começando a vida e quem está 
no fim da jornada. Pessoas nascem e morrem a todo momento. É o ciclo da vida. 
Com as Políticas Públicas acontece o mesmo. A todo momento, novos 
problemas públicos surgem, e outros são resolvidos, ou deixando de ser 
importantes, saindo das agendas. 
 
 Cena 07 
Os técnicos da Secretaria Municipal de Cultura estão preparando os projetos do 
próximo ano, e fazem uma reunião na Associação de Moradores, para saber se 
é necessário continuar com o Programa de Embelezamento Urbano. Mas o 
problema original não existe mais, pois, desde que os cursos foram realizados, 
as pichações foram substituídas por grafites, e os próprios grafiteiros se 
esforçam para manter seus trabalhos, pois são uma forma de divulgar sua arte. 
É decidido que não será necessário continuar com a política pública. 
 
 
 
#PraCegoVer: Foto de uma esquina, onde temos pintado na parede de uma 
casa um rosto feminino. Há árvores na calçada e um aspecto geral de limpeza e 
cuidado com o espaço. A imagem ilustra o fato de que, com a realização da 
Política Pública, a realidade foi modificada, e o problema deixou de existir. Logo, 
a Política Pública pode ser extinta, por ter alcançado seu objetivo. 
A extinção é a última etapa do ciclo da política pública. Em algum momento, 
chega a hora em que não há por que continuar. Pense, por exemplo, em um 
tratamento médico que você esteja fazendo. Na maior parte dos casos, você não 
vai passar o resto da vida tomando remédio. 
Quando a doença for curada, você vai parar. Quando você resolve o problema 
público, pode parar de aplicar o remédio da política pública. Esse é o 
primeiro motivo de extinção de uma política: o problema foi resolvido. 
Uma segunda hipótese de extinção da Política Pública é quando não estão 
sendo obtidos os resultados esperados. O governo pode ficar 5, 10, 15 anos 
adotando determinada política, mas ela não funciona. 
O problema público continua, ou acaba gerando outro tipo de efeito, que seja 
mais prejudicial à sociedade do que era antes da Política Pública. Neste caso, é 
tomada a decisão de extinguir a Política Pública. 
A terceira possibilidade de extinção é quando o problema público esvazia 
a agenda. O problema público continua ali, mas os atores sociais não dão mais 
importância a ele. 
Ou seja, você extingue a política não porque o problema foi resolvido ou deixou 
de existir, mas porque as pessoas pararam de identificar esse problema, ou 
passaram a identificar problemas mais graves. 
Finalmente, uma política pública pode ser extinta porque terminou o prazo 
determinado para ela. É quando a política é criada para resolver um problema 
específico, num prazo pré-determinado e você extingue depois que ela cumpriu 
o papel. 
Por exemplo, o governo pode conceder incentivos fiscais para um determinado 
setor da economia, durante um período de 6 meses, para aumentar a geração 
de empregos e renda. Depois que isso acontece, não tem mais sentido continuar 
a dar os incentivos. Então, a política é encerrada. 
5 Avaliação Ex-Ante e ex-Post 
A avaliação, executada de modo qualificado e produzindo resultados confiáveis, 
leva ao aprimoramento das Políticas Públicas. Ela desempenha um papel 
fundamental na verificação do alcance dos objetivos do governo e da sociedade. 
O uso consciente dos recursos públicos deve ser uma preocupação permanente 
de toda a sociedade. As técnicas de avaliação nos permitem ter a certeza de que 
estes recursos estão gerando resultados efetivos. 
5.1 Avaliação Ex-Ante 
A avaliação das Políticas Públicas começa antes mesmo da própria Política 
Pública. Pense comigo: antes de assinar uma decisão de começar um projeto, o 
governante precisa ter clareza se aquela ação vai responder a um problema 
conhecido e pertinente.

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