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Peça - Tributário

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AO JUÍZO DA 3ª VARA DE FEITOS DE TRIBUTOS MUNICIPAIS DE BELO HORIZONTE/MG
LOCATUDO, empresa comercial inscrita no CNPJ/MF sob nº (...), estabelecida no endereço (...), representado legalmente por seu sócio proprietário LUCAS SILVA, nacionalidade(...), estado civil (...), profissão(...), portador da cédula de identidade RG nº(...), inscrito no CNPJ/MF sob nº (...), residente e domiciliado no endereço (...), por seu advogado que esta subscreve, conforme procuração em anexo, com endereço profissional (...), vem respeitosamente presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 282 do Código de Processo Civil c/c o art. 38 da Lei n. 6.830/80 propor a presente
 AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL
Em face da FAZENDA PUBLICA DO ESTADO DE MINAS GERAIS, com sede no endereço (...), na pessoa de seu representante legal, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.
I - DOS FATOS
A Requerente é pessoa jurídica de direito privado, sujeita ao recolhimento do tributo de ICMS.
Na data de 10/01/2016, a Requerente foi notificada que deveria efetuar o pagamento do valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), por omissão quanto ao recolhimento do ISS sobre o serviço, durante o período de 02/12/2009 à 20/12/2015.
Tal omissão resulta em sonegação de ICMS.
II - DO DIREITO
Pelo período transcrito no auto de infração n. (...) anexado aos autos, fica evidente que o direito da Fazenda Publica decaiu, quanto ao seu credito tributário, como de acordo com o que reza o artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional, uma vez que transcorrido o período de 05 (cinco) anos, contados desde o primeiro dia do exercício seguinte aquele em o que o tributo poderia ser lançado.
A doutrina tem entendimento pacifico e dominante como se transcreve abaixo:
Pelo que foi analisado, percebe-se que a fluência do prazo decadencial impede o nascimento do crédito tributário. Estranhamente, contudo, o CTN incluiu a decadência entre as formas de extinção do crédito tributário, de forma a acabar por afirmar que a decadência extingue algo que ela própria impediu que nascesse. Seguindo a já não muito boa sistemática adotada pelo CTN, seria melhor ter incluído a decadência entre as formas de exclusão do crédito tributário, pois a nota fundamental das hipóteses de exclusão é justamente a impossibilidade de constituição do crédito. Entretanto, adotando a enumeração estatuída pelo Código, tratar-se-á a decadência como verdadeira forma de extinção do crédito tributário. O prazo é de cinco anos. (ALEXANDRE, Ricardo. 2016, p. 421) 
O lançamento é ato administrativo de competência exclusiva da administração pública e começa a produzir seus efeitos somente após a notificação ao devedor. A autoridade administrativa possui o prazo decadencial de 5 anos para realizar o lançamento, após ocorrido o fato gerador da obrigação tributária. (RUSSO, Vinicius Belini; VAZ, Rogério Morina. 2011) 
Consoante já analisado, com a ocorrência do fato gerador, nasce a obrigação tributária. Com o lançamento, a obrigação é tornada líquida e certa, surgindo o crédito tributário. Caso o sujeito passivo não pague o valor relativo ao crédito tributário, violando o direito da Fazenda Pública, esta deverá promover a competente ação de execução fiscal, visando à satisfação do crédito. O prazo para que a Administração Tributária, por meio da autoridade competente, promova o lançamento é decadencial. O prazo para que se ajuíze a ação de execução fiscal é prescricional. Até o advento do novo Código Civil brasileiro (2002), houve muita discussão sobre como diferenciar os prazos de decadência e prescrição, pois o Código anterior (1916) denominava-os – todos –prescricionais. Parte da doutrina tentava distingui-los com base nos efeitos, afirmando que a decadência extinguiria um direito, enquanto a prescrição extinguiria a possibilidade de propor a ação que protegia o direito. A técnica estava mais para um “macete” do que para uma regra e possuía exceções que a tornavam não muito confiável (como exemplo, a ação do mandado de segurança está sujeita ao prazo decadencial de 120 dias). Apesar disso, em direito tributário, a proposta nota distintiva era (e ainda é) plenamente suficiente. Operada a decadência, tem-se por extinto o direito de lançar. Verificada a prescrição, tem-se impossibilitado o manejo da ação de execução fiscal. (ALEXANDRE, Ricardo. 2016, p. 419) 
Na mesma linha, a Jurisprudência entende que:
Ementa: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO. TJ-RJ-APELAÇÃO /REEXAME NECESSÁRIO : REEX 0002050.16.2010.8.19.0043. RIO DE JANEIRO PIRAI. VARA ÚNICA. Agravo interno na apelação Cível. Execução Fiscal. CObrança de ISSQN, com fatos geradores nos anos de 2000, 20001, e 2001. Lançament levado a termo em 08.02.2006, pelo que deve ser considerado como tempo a quo do prazo prescricional. Tributo sujeito a lançamento por homologação. Execução fiscal ajuizada em abril de 2010. Inteligência do artigo 173, I do CTN, em relação ao prazo para a constituição do crédito tributário. Não havendo notícia de que o tributo em exigência tenha sido objeto de recolhimento prévio ou declaração, o prazo prescricional deve ser contado da data do lançamento. Prescrição não reconhecida em relação aos créditos fiscais dos exercícios de 2001 a 2002. À audência de pagamento antecipado pelo contribuinte, o prazo decadencial para a constituição do referido crédito tributário é aquele previsto no artigo 173, I, do CTN. Fato gerador ocorrido em 2000, iniciando-se o prazo decadencial em 1° de janeiro de 2001 e terminando no dia 31/12/2005. Lançamento do tributo ocorrido em 2006, quando já havia se operado a caducidade do crédito tributário. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça, inclusive em sede de recurso repetitivo, conforme transcritos na fundamentação. Decisão do Relator que se apóia em jurisprudência sedimentada desta Corte Estadual. Inexistência de qualquer natureza teratológica na decisão. Improvimento do recurso. (TJ-RJ – REEX: 00020501620108190043 RIO DE JANEIRO PIRAI VARA UNICA, Relator: CELSO LUIZ DE MATOR PERES, Data de Julgamento: 24/09/2014, DÉCIMA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 03/10/2014) 
Dessa forma, não há de se falar na cobrança do recolhimento de ISS, tendo em vista que o débito prescreveu.
III - DO PEDIDO
Diante de todo o exposto requer:
A procedência da presente, com o reconhecimento da decadência do direito do Fisco em cobrar os valores acima descritos, tendo como consequência, a desconstituição do crédito tributário, logo que exaurido o lapso temporal de 5 anos.
A citação da Requerida na pessoa do Senhor Procurador Fiscal do Estado, para que, querendo, no prazo legal previsto no artigo 188 do Código de Processo Civil, apresente defesa, se tiver, sob pena de revelia e que ao final seja declarado nulo o lançamento fiscal indevido, condenando-se a Requerida, ao pagamento dos honorários de advogado e demais cominações legais.
IV - DAS PROVAS
Protesta provar o alegado, por todos os meios de provas em direito admitidas, especialmente pelo depoimento pessoal do Requerido, juntada de documento, oitiva de testemunhas, vistorias e perícias, bem como demais provas que se fizerem necessárias.
V - DO VALOR DA CAUSA
Dá-se o valor a causa de R$ 10.000.00 (dez mil reais), para todos os efeitos legais.
Nestes termos,
Pede Deferimento.
Belo Horizonte, data (...) 
Advogado / OAB
Aluna: Nathália Victor de Medeiros

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