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ARTIGO POLÍCIA COMUNITÁRIA

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – UNESA
CURSO SUPERIOR TECNOLÓGICO EM SEGURANÇA PÚBLICA – CSTSP
FABRÍCIO BEZERRA DA COSTA
POLÍCIA COMUNITÁRIA E PARTICIPAÇÃO CIDADÃ: OS DESAFIOS
DO POLICIAMENTO COMUNITÁRIO
Artigo a ser apresentado à Banca do Exame do Curso
Superior de Tecnólogo em Segurança Pública da
Universidade Estácio de Sá – CSTSP/UNESA, como
requisito para aprovação na disciplina de TCC em
Segurança Pública.
ORIENTADOR
Professor Rafael Altafin Galli
Belém, PA
Novembro de 2020
2
POLÍCIA COMUNITÁRIA E PARTICIPAÇÃO CIDADÃ: OS DESAFIOS
DO POLICIAMENTO COMUNITÁRIO
Fabrício Bezerra da Costa1
Rafael Altafin Galli2
RESUMO
Sabe-se que a segurança pública tem sido nas últimas décadas objeto de intensos debates e
reflexões, especialmente em relação ao papel desempenhado pelos órgãos responsáveis por sua
efetivação. Diante da necessidade de uma aproximação da população em relação aos problemas
de segurança pública, a Secretária Nacional de Segurança Pública (SENASP) incentivou a
implementação da Filosofia de Polícia Comunitária, que tem como pilares centrais a solução dos
problemas sociais com a participação da comunidade e também em efetivar a prevenção criminal.
Neste contexto, o presente artigo tem como objetivo apresentar as principais discussões sobre os
fatores que contribuíram para a implantação da Polícia Comunitária, analisando a participação
cidadã no processo que envolve a segurança pública. A abordagem metodológica deste trabalho
consiste em uma pesquisa bibliográfica e documental. A elaboração deste artigo permitiu concluir
que o policiamento comunitário traz a perspectiva de mudança na atuação dos policias e no seu
papel junto da comunidade, reforçando a ideia de que o cidadão deve ser coautor nas estratégias
de policiamento, responsável pela segurança de sua comunidade. Realiza ainda uma mudança de
valores nos policiais e nos cidadãos, trazendo maior comprometimento e consciência de suas
obrigações e responsabilidades.
Palavras-chave: Polícia comunitária. Participação cidadã. Desafios do policiamento.
1 Graduando em Tecnólogo em Segurança Pública pela UNESA – Universidade Estácio de Sá.
2 Professor orientador Rafael Altafin Galli. UNESA – Universidade Estácio de Sá. 
3
1. INTRODUÇÃO
A segurança pública tem sido nas últimas décadas objeto de intensos debates e reflexões,
especialmente em relação ao papel desempenhado pelos órgãos responsáveis por sua efetivação.
O Brasil, como Estado Democrático de Direito, elegeu a dignidade humana como fundamento da
nação e elencou, no texto da Constituição de 1988, um rol de direitos e garantias fundamentais,
dentre os quais se encontram os direitos de liberdade e a segurança pública (ANDRÉA, 2019). 
Neste contexto, em que se questionam os modelos de policiamento baseados
exclusivamente na repressão, e se a segurança, como direito de todos, deve ser compatibilizada
com os direitos de liberdade e com a ideia de dignidade humana, mostra-se adequado refletir
sobre o papel da polícia e sobre os modelos de policiamento compatíveis com o perfil político
constitucional do Estado brasileiro. 
O policiamento comunitário é uma filosofia de policiamento que ganhou força nas
décadas de 70 e 80, quando as organizações policiais em diversos países da América do Norte e
da Europa Ocidental começaram a promover uma série de inovações na sua estrutura e
funcionamento e na forma de lidar com o problema da criminalidade. Em países diferentes, as
organizações policiais promoveram experiências e inovações com características diferentes, mas
algumas destas são geralmente reconhecidas como a base de um novo modelo de polícia,
orientada para um novo tipo de policiamento, mais voltado para a comunidade, que ficou
conhecido como policiamento comunitário (BAYLEY; SKOLNICK, 2011).
Araújo (2018, p.14) comenta que no conceito de Polícia Comunitária aflora, em sua
intimidade, o caráter preventivo das polícias e a ideia dos policiais como agentes da paz social e
de manutenção da ordem mais do que simplesmente profissionais treinados para reagir às
chamadas de emergência, fazendo cumprir a lei penal. 
Enfatiza-se ainda uma maior liberdade conferida aos policiais para buscarem o
estabelecimento de relações mais próximas com a comunidade, criando parcerias para a
identificação de problemas locais, não reagindo aos fatos, mas prevenindo-se em relação a eles,
valendo-se de um grupo especializado na prevenção do crime e, não apenas, na sua contenção.
4
Na Filosofia de Polícia Comunitária, a função da polícia não é apenas defender os
interesses do Estado através do controle social como o modelo latino-francês apregoa, ou de
patrulhar as ruas e controlar o crime atendendo as chamadas de emergência e prendendo
criminosos, tal qual o modelo anglo-saxão, mas sim, buscar a prevenção do crime, estabelecendo
parcerias com a comunidade, identificando problemas e agregando recursos da polícia, Estado e
comunidade na resolução dos conflitos existentes (BORDIM, 2014). 
Assim, o presente trabalho justifica-se pela importância da prestação de serviços civis
direta ou indiretamente relacionados à preservação da paz por meios pacíficos, e que percebem os
conflitos como um traço positivo e intrínseco à construção da ordem pública e democrática, além
da carência de literatura que aborde o tema “Polícia Comunitária” e o papel da participação
cidadão no policiamento comunitário.
Ressalta-se que além de propor e suprir as lacunas e deficiências no modelo profissional
ou tradicional, o policiamento comunitário baseia-se no discurso progressista de produção da
segurança pública, salientando ser possível e indispensável a sintonia dos objetivos e métodos de
atuação da polícia com os princípios democráticos. 
Sabendo que o tema “Polícia Comunitária” se torna cada vez mais presente entre as
propostas de reforma democrática para a área da segurança pública, e que está sendo uma nova
estratégia de trabalho adotada – tanto pela polícia civil quanto pela militar –, o presente estudo
tem como escopo apresentar e discutir com autores – por meio de uma revisão bibliográfica e
documental – o papel da Polícia Comunitária e a participação cidadã no processo que envolve a
segurança pública, enfatizando as possibilidades de se desenvolver um bom trabalho e mostrando
os desafios do policiamento comunitário.
2. CONCEPÇÕES SOBRE POLÍTICAS PÚBLICAS DE SEGURANÇA
Conforme estabelecido nos preceitos dos direitos inerentes ao estado democrático de
direito, a segurança está inserida no rol da atuação estatal e pode ser considerada como elemento
componente das necessidades humanas. Este tema é de fundamental importância para a sociedade
5
como um todo e é neste sentido que o Estado separa boa parte de sua arrecadação, investindo nas
políticas públicas direcionadas para área de segurança, pois é uma necessidade do cidadão, sendo
garantido pela Constituição Federal.
O artigo 144 da Constituição Federal diz que a Segurança Pública é dever do Estado, mas
também direito e responsabilidade de todos. Uma pesquisa realizada pelo IBOPE entre os dias 17
e 24 do mês de junho apontou que a segurança está na terceira colocação entre as principais
preocupações dos entrevistados, mostrando a relevância da segurança no cotidiano da sociedade
brasileira (LOPES, 2014). 
No contexto da sociedade e seus problemas contemporâneos, a segurança pública é um
assunto em permanente discussão, tornando-se um desafio para a Administração Pública,
objetivando a garantia e proteção dos direitos individuais, além de assegurar o exercício da
cidadania. Neste sentido, a segurança pública depende da integração de diversas instituições e
políticas, bem como, das contribuições da sociedade de forma sistêmica, para que tenha eficácia e
eficiência em busca do seuobjetivo maior, qual seja, a harmonização social.
A política pública pode ser conceituada como um conjunto de ações determinadas pelo
Estado – governo federal, governo estadual ou municipal que visam atender as demandas da
sociedade. Estas ações podem ser desenvolvidas pelo setor público ou também em parcerias
público-privadas, sendo um dever do Estado a proposição de ações tanto preventivas quanto
corretivas por meio de políticas públicas diante de situações que causem riscos à sociedade
(COIMBRA, 2012). 
Segundo a definição de Chiavenatto (2010, p.17), a segurança pública é o conjunto de
medidas tomadas para assegurar à população princípios básicos, como o direito a vida, ao
patrimônio e ao bem-estar. Tais medidas têm que visar que os delitos fiquem em limites
aceitáveis, pois a necessidade de segurança constitui o segundo nível das necessidades humanas,
ou seja, são as necessidades de segurança, de estabilidade, a busca de proteção contra a ameaça
ou privação, a fuga ao perigo. 
De acordo com Bengochea et al (2014, p.120), a política de segurança pública é “um
processo sistêmico porque envolve, num mesmo cenário, um conjunto de conhecimentos e
ferramentas de competência dos poderes constituídos e ao alcance da comunidade organizada,
interagindo e compartilhando visão, compromissos e objetivos comuns”.
6
Assim, pode-se entender as políticas de segurança pública como processos sistêmicos e
otimizados que englobam um conjunto de ações públicas e comunitárias, que tem como meta
proteger o indivíduo e a coletividade, ampliando a justiça da punição, recuperação e tratamento
dos que violam a lei, garantindo direitos e cidadania a todos. 
Para Neto (2010, p. 23), as políticas de segurança pública são um conjunto de programas,
estratégias e ações que promovem a manutenção da ordem pública no que diz respeito à
criminalidade: como a violência e a falta de segurança para a sociedade. 
Por mais estranho que possa parecer, o objetivo principal da política de segurança pública
não é exatamente a redução da criminalidade ou da violência, mas sim a compatibilização da
criminalidade com a estabilidade social, a manutenção da ordem pública, ou seja, atingir essa
estabilidade de modo que respeite os direitos e deveres de todos os cidadãos, ao mesmo tempo
que se faça uma política eficaz (FILOCRE, 2009).
A política de segurança pública desenvolve-se a partir de duas ideias: com o uso de
estratégias policiais – repressivas e punitivas – bem como a utilização de programais sociais para
auxílio no comprometimento aos seus objetivos. No entanto, é preciso haver um entendimento do
problema a ser focalizado, e fazer uma análise do cenário, a fim de manter o comprometimento
inicial – da integridade da ordem pública sob o ângulo da criminalidade: 
Na elaboração de políticas de segurança pública, deve-se atentar aos critérios
que proporcionem a construção de modelos que melhor se adaptem às estruturas,
estatais – sistema de justiça criminal, especialmente, mas não exclusivamente –,
aos meios de resposta à criminalidade, públicos ou privados, e à realidade das
sociedades às quais se destinam, sobretudo quando se sabe por exemplo, que a
vitimização por crimes não é homogênea, variando em função de áreas
geográficas, situações localizadas e grupos sociais específicos (idade, gênero,
raça/cor, nível de renda, etc). (NETO, 2016, p. 189). 
7
Assim, há a necessidade das esferas de governo olharem não somente para as ações
repressivas, mas também para as vítimas desse processo, além da reestruturação do sistema de
segurança pública. 
Para que isso ocorra da melhor forma, há classificações de políticas de segurança pública,
que têm por finalidade, facilitar o conhecimento dos fatores e instrumentos específicos a serem
utilizados na prevenção ao crime, além de promover um acompanhamento das variações
ocorridas durante as fases de implantação e acompanhamento das políticas de segurança pública.
Uma vez identificados os problemas e suas causas, tornam-se mais claros os arranjos
institucionais necessários à execução das ações e estratégias políticas (FREY, 2010). 
É importante salientar que todas as políticas públicas são elaboradas dentro de seus
respectivos contextos sócio-históricos e políticos, sendo relacionadas aos processos de tomada de
decisões em vigor, e, ainda, com o tipo de atuação planejada pelo governo em execução. Há
ainda, na política pública de segurança, diversos elementos que agregam o seu conceito, tais
como as ações policiais e políticas de ordem social, desde que voltadas ao âmbito da manutenção
da ordem pública. 
3. POLÍCIA COMUNITÁRIA: DESAFIOS E PARTICIPAÇÃO CIDADÃ
Em sua origem, a Polícia comunitária é uma filosofia baseada no estabelecimento de
relações de proximidade entre a polícia e a comunidade, que visa não apenas reduzir o número de
crimes, mas também reduzir o dano da vítima e da comunidade e modificar os fatores ambientais
e comportamentais.
A polícia comunitária de um modo geral é considerada como apenas uma das instituições
governamentais responsável pela qualidade de vida da comunidade, cuja função consiste em dar
um enfoque mais amplo visando a resolução de problemas, principalmente por meio da
prevenção, tendo como prioridade de ação quaisquer problemas que estejam afligindo a
comunidade. 
8
Está baseada em fundamentos que articulam direitos humanos, cidadania e participação
social. Nesta ótica, o trabalho da polícia passa a priorizar as relações sociais locais e a solução
compartilhada de problemas e tem, também, a perspectiva de modificar a percepção da população
em relação às forças da segurança pública (ANDRÉA, 2019).
Importante comentar que prática, a Polícia Comunitária (como filosofia de trabalho)
difere do policiamento comunitário (ação de policiar junto à comunidade). A Polícia Comunitária
deve ser interpretada como filosofia organizacional, indistinta a todos os órgãos de polícia,
pertinente as ações com a comunidade. Já o Policiamento comunitário expressa uma filosofia
operacional à divisão de responsabilidades entre polícia e cidadãos no planejamento e na
implementação das políticas públicas de segurança. 
Esses conceitos revelam a consciência de que a construção de uma relação sólida e
construtiva com a sociedade pressupõe um empenho da polícia em adequar as suas estratégias e
prioridades as expectativas e necessidades locais (BAYLEY; SKOLNICK, 2011).
O policiamento comunitário já foi definido de várias formas, mas nenhuma é absoluta,
porque no Brasil e em outras partes do mundo, ainda não existe uma doutrina específica para essa
atividade policial, portanto, no momento nenhuma teoria sobre esse assunto é conclusiva e nem
mesmo desprezada. 
Sobre o policiamento comunitário, Beato Filho (2012, p.31) apresenta:
Policiamento comunitário é uma filosofia e uma estratégia organizacional que
proporciona uma nova parceria entre a população e a polícia. Baseia-se na
premissa de que tanto a polícia quanto a comunidade devem trabalhar juntas
para identificar, priorizar, e resolver problemas contemporâneos tais como
crime, drogas, medo do crime, desordens físicas e morais, e em geral a
decadência do bairro, com o objetivo de melhorar a qualidade geral da vida na
área. O policiamento comunitário exige um comprometimento de cada um dos
policiais e funcionários civis do departamento policial com a filosofia do
policiamento comunitário. 
Ele também desafia todo o pessoal a encontrar meios de expressar esta nova
filosofia nos seus trabalhos, compensando assim a necessidade de manter uma
9
resposta imediata e efetiva aos incidentes criminosos individuais e às
emergências, com o objetivo de explorar novas iniciativas preventivas, visandoà
resolução de problemas antes de que eles ocorram ou se tornem graves. 
O policiamento comunitário baseia-se também no estabelecimento dos policiais
como “minichefes” de polícia descentralizados em patrulhas constantes, onde
eles gozam da autonomia e da liberdade de trabalhar como solucionadores locais
dos problemas da comunidade, trabalhando em contato permanente com a
comunidade – tornando as suas comunidades locais melhores para morar e
trabalhar. 
Nesse contexto, têm-se como pilares do policiamento comunitário o envolvimento da
comunidade nas ações relacionadas à segurança e, também, à descentralização do policiamento
em que cada agente terá liberdade para, de acordo como os seus conhecimentos, chegar à solução
de um problema, trabalhando a confiança entre cidadãos e agentes de segurança. 
A literatura sobre o policiamento comunitário mostra ainda que a liderança exercida pelos
chefes de polícia é um fator fundamental para a implantação e consolidação deste tipo de
policiamento. 
Dias Neto (2010, p. 17) comenta que o maior desafio enfrentado pela polícia no modelo
comunitário é motivar e sustentar a participação do público. A prática ensina que o êxito de uma
iniciativa policial de organização comunitária passa pelo envolvimento dos cidadãos na busca de
soluções para problemas específicos 
Assim, a comunicação intensa e constante propicia a melhoria das relações, amplia a
percepção policial pela comunidade, no que tange às questões sociais e possibilita diminuir áreas
de conflito que exigem ações de caráter repressivo, por parte das instituições policiais.
Outras dificuldades na implantação do policiamento comunitário está, de acordo com
Bordin (2014, 121):
i) na cultura tradicional da polícia, centrada na pronta resposta diante do crime e da
desordem e no uso da força para manter a lei e a ordem e garantir a segurança pública;
10
ii) na limitação de recursos que a polícia dispõe para o atendimento de ocorrências, a
investigação criminal e a organização e mobilização da comunidade, especialmente se a demanda
pelo atendimento de ocorrências e investigação criminal é grande;
iii) na centralização da autoridade na direção das polícias, e a falta de capacidade da
direção de monitorar e avaliar o trabalho das unidades policiais e profissionais de polícia;
iv) nas divisões e conflitos entre a polícia e outros setores da administração pública;
v) nas divisões e conflitos entre grupos e classes sociais no interior da comunidade.
Outro desafio a ser superado pelo policiamento comunitário é o chamado “marketing
institucional”, onde a filosofia de policiamento comunitário deve promover mudanças
hierárquicas e buscar a modernização das instituições policiais e não somente como campanha de
marketing visando a sua sobrevivência (BORDIN, 2014, p.17).
Araújo (2018, p.23) completa que a participação da comunidade é o fator decisivo no
sucesso ou insucesso do policiamento comunitário, especialmente porque é através da
intensificação do contato entre ela, a polícia e as diversas instituições públicas e particulares que
ocorre o favorecimento de uma melhor integração e participação da comunidade, incentivando o
reconhecimento social da atividade policial, o desenvolvimento da cidadania pelos cidadãos e,
em consequência, a melhoria da qualidade de vida.
Para o desenvolvimento do policiamento comunitário, de acordo com Bayley e Skolnick
(2011, p. 87), são essenciais quatro inovações:
i) organização da prevenção do crime, tendo como base a comunidade;
ii) reorientação das atividades de policiamento para enfatizar os serviços não emergenciais
e para organizar e mobilizar a comunidade para participar da prevenção do crime;
iii) descentralização do comando da polícia por áreas;
iv) participação de pessoas civis, não-policiais, no planejamento, execução,
monitoramento e/ou avaliação das atividades de policiamento.
Os benefícios trazidos pelo policiamento comunitário à comunidade podem ser
evidenciados na redução da criminalidade através de medidas preventivas, na sociedade mais
confiante no sistema de segurança pública e na melhoria na qualidade de vida sabendo que o
setor público tem uma atenção especial voltada com políticas claras de combate a violência. O
cidadão começa a sentir que sua vida é importante para o poder público.
11
Bayley e Skolnick (2011, p. 45), enumeram os benefícios do Policiamento Comunitário: 
I – Benefícios Políticos – O Policiamento Comunitário é um jogo em que a
polícia sempre ganha. Caso o programa seja bem-sucedido a polícia fica com os
créditos. Na hipótese de um fracasso total, poderá argumentar que a redução da
violência requer a intensificação dos métodos tradicionais. 
II – Apoio Popular – O Policiamento Comunitário é uma oportunidade, para que
a polícia penetre na comunidade conquistando seu apoio para as atividades de
segurança. Desse modo, a polícia tem aberto um canal para falar e ser ouvida, no
qual pode explicar seus métodos e associar-se às iniciativas da comunidade. 
III – Construindo o Consenso – O Policiamento Comunitário é um meio de
desenvolver o consenso, entre polícia e público, sobre o uso apropriado da lei e
da força. As forças policiais têm obrigação não apenas de capturar os
criminosos, mas também de manter a ordem nos locais públicos. 
IV – Moral Policial – Contatos positivos são estabelecidos por meio do
programa, assim, o policial recebe apoio do público, que necessita de seu
auxílio, para o exercício de sua atividade, sendo sua presença aceita e desejável,
mudando o ânimo do agente de trabalhar sob o olhar de hostilidade e
desconfiança. 
V – Estatura Profissional – O Policiamento requer um novo tipo de profissional
que tenha iniciativa e saiba lidar com as novas dinâmicas estratégicas do serviço.
Não basta, agora, ser grande e forte, outros atributos são necessários: empatia,
flexibilidade, capacidade analítica e de comunicação. 
VI – Desenvolvimento de Carreira – Considerando-se esses novos atributos,
surgem novas formas de avaliação interna do trabalho policial, ao mesmo tempo,
novas oportunidades de carreira para os policiais mais diversificados. 
Esses benefícios permitem que o policial tenha atitudes mais ativas possibilitando maior
flexibilidade na desenvoltura de seu trabalho, ganhando com isso maior prestígio pessoal e
reconhecimento da sociedade.
12
Dado o exposto, evidencia-se que o policiamento comunitário traz a perspectiva de
mudança na atuação dos policias e no seu papel junto da comunidade, reforçando a ideia de que o
cidadão deve ser coautor nas estratégias de policiamento, responsável pela segurança de sua
comunidade. Realiza ainda uma mudança de valores nos policiais e nos cidadãos, trazendo maior
comprometimento e consciência de suas obrigações e responsabilidades.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
Com o advento das mudanças democráticas estabelecidas na Constituição Federal de
1988, exigiram-se das polícias uma nova postura e uma ruptura com os antigos paradigmas da
segurança pública. A procura incessante por respostas ao problema do crime e da violência, bem
como a busca por adequar as polícias a um modelo democrático, levaram as polícias do Brasil ao
encontro da Filosofia de Polícia Comunitária.
Por meio deste artigo, intentou-se apresentar e discutir o papel da chamada Polícia
Comunitária e a participação cidadã no processo que envolve a segurança pública, enfatizando as
possibilidades de se desenvolver um bom trabalho e mostrando os desafios do policiamento
comunitário.
Observou-se por meio da análise e discussão com autores que o policiamento comunitário
apresenta-se, segundo seus idealizadores, como filosofia, medidas organizacionais e um conjunto
de estratégias que pretendem não apenas reafirmar as funções deuma “polícia da sociedade”, mas
também propõem a redução das deficiências e limitações das instituições policiais modernas no
controle do crime, da violência e da desordem.
No tocante às relações entre polícia e comunidade, pode-se afirmar que o policiamento
comunitário traz grandes benefícios, significando a diminuição das distâncias – ou isolamento – e
a possibilidade de recuperação da confiança de ambos os lados.
Considera-se que a intensificação do contato entre a polícia, a comunidade e as diversas
instituições públicas e particulares deve favorecer uma melhor integração e participação da
13
comunidade, incentivando o reconhecimento social da atividade policial, o desenvolvimento da
cidadania pelos cidadãos e, em consequência, a melhoria da qualidade de vida. 
Ante todo embasamento que foi utilizado no presente trabalho, ressalta-se o caráter
imprescindível da Polícia na sociedade atual, pois além de garantir a ordem pública, proteger os
direitos e princípios contidos no ordenamento jurídico brasileiro, contribui na continuidade do
ideal de Estado Democrático de Direito.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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direitos. 5ª Conferência Nacional de Segurança Pública. Ministério da Justiça, 2019. 
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segurança pública. De jure: Revista Jurídica do Ministério Público do Estado de Minas Gerais,
n. 11, p. 97-116, 2018. 
BAYLEY, D. H.; SKOLNICK, J. H. Nova Polícia: inovações nas polícias de seis cidades
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BEATO FILHO, C. C. Reinventando a polícia: a implantação de um programa de
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BENGOCHEA, J. L. et al. A transição de uma polícia de controle para uma polícia cidadã.
Revista São Paulo em Perspectiva, v. 18, n. 1, p. 119-131, 2014. 
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CHIAVENATO, I. Gestão de Pessoas. 2ª ed. Elsevier. Rio de Janeiro. 2010.
COIMBRA, L. O. T. CONTROLE SOCIAL: Os conselhos municipais e a conselhos
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DE PINHAIS SECRETARIA DE EDUCAÇÃO, Pinhais, 2012. 
DIAS NETO, T. Comunitário e controle sobre a Polícia: a experiência norte-americana. São
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