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Apostila Conhecimentos Bancários codigo 2547

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Lei nº 12.846/13 
 
Decreto nº 8.420/15 
 
Regulamentação Federal 
ESTRUTURA DO DECRETO 
Aspectos Gerais 
Sanções 
• Multa: Regras para o Cálculo Acordo de Leniência 
Programa de Integridade (Compliance) 
Cadastros Nacionais 
1 
2 
3 
4 
5 
1 –ASPECTOS GERAIS 
 1.1 RESPONSABILIDADE OBJETIVA da Pessoa Jurídica 
 
- Responsabilização objetiva administrativa e civil de 
pessoas jurídicas pela prática de atos contra a 
administração pública. 
 
- A Responsabilidade Objetiva NÃO EXCLUI a 
responsabilidade individual de dirigentes ou 
administradores. 
 
1 –ASPECTOS GERAIS 
1.2 CONDUTAS – Constituem atos lesivos à administração 
pública (Exs. do art. 5º da Lei): 
• prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, 
 vantagem indevida; 
• subvencionar a prática dos atos ilícitos ; 
• frustrar ou fraudar o caráter competitivo de procedimento 
licitatório; 
• fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente; 
• obter vantagem ou benefício indevido de modo 
fraudulento; 
• manipular ou fraudar o equilíbrio econômico- financeiro 
dos contratos celebrados com a administração pública; 
• dificultar atividade de investigação ou fiscalização. 
1 –ASPECTOS GERAIS 
 1.3 RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA 
 
 
1.3.1 - PROCESSO DE APURAÇÃO DE RESPONSABILIDADE – PAR 
 
 
- Processo apuração das violações da Lei 12.846/13 + a inidoneidade 
da Lei nº 8.666/93 + outras penalidades similares (RDC, pregão); 
 
- Prazo para conclusão do processo: 180 dias, prorrogáveis; 
 
- Pedido de Reconsideração com efeito suspensivo . 
 
 
1 –ASPECTOS GERAIS 
 
1.3 RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA 
 
 
 1.3.2 - COMPETÊNCIA para instaurar e julgar o processo: 
 
- Administração Direta - Ministro de Estado; 
- Administração Indireta - autoridade máxima da entidade; 
- CGU: competência concorrente para instaurar, avocar e 
julgar. 
 
1.4 - DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA: 
 
Efeito das sanções, impostas à Pessoa Jurídica, aos 
administradores e sócios, no caso de: 
 
- abuso de direito, ou 
 
- confusão patrimonial. 
 
 
1 –ASPECTOS GERAIS 
 
 
- MULTA de 0,1% a 20% do faturamento bruto do exercício 
anterior ao PAR, excluídos os tributos + 
 
- PUBLICAÇÃO EXTRAORDINÁRIA da decisão administrativa 
sancionadora + 
 
- PROIBIÇÃO DE CONTRATAÇÃO 
 
2 - SANÇÕES: 
 
 Resultado da SOMA (FASE 1) e SUBTRAÇÃO (FASE 2) de 
percentuais incidentes sobre o faturamento bruto da 
empresa 
 
 PISO E TETO (FASE 3): Calibragem do valor calculado 
 
TE
TO
 
P
IS
O
 
2.1- MULTA: REGRAS PARA O CÁLCULO 
FASE 1 – SOMA 
2.1.1 - MULTA: REGRAS PARA O CÁLCULO 
( + )
1% a 2,5%
1% a 2,5%
1% a 4%
1%
5%
1 % - R$ 1,5 mi
2% - R$ 10 mi
3% - R$ 50 mi 
4% - R$ 250 mi 
5% - R$ 1 bilhão 
Valor total dos contratos mantidos ou 
pretendidos 
Reincidência
FATORES DE AGRAVAMENTO
Continuidade no tempo
Tolerância da direção da empresa
Interrupção de obra ou serviço público
Situação econômica positiva da empresa
FASE 2 – SUBTRAÇÃO 
2.1.2 - MULTA: REGRAS PARA O CÁLCULO 
( - )
1%
1,5%
1% a 1,5%
2%
1% a 4%
FATORES DE ATENUAÇÃO
Não consumação da infração
Ressarcimento dos danos causados
Grau de colaboração da empresa
Comunicação espontânea
Existência de programa de integridade
PISO: o maior valor entre: 
• a vantagem auferida; e 
• 0,1% do faturamento bruto, excluídos os tributos 
TETO: o menor valor entre: 
• 20% do faturamento bruto, excluídos os tributos; 
• 3 vezes o valor da vantagem pretendida/auferida 
 
FASE 3 – PISO E TETO (CALIBRAGEM) 
2.1.3 - MULTA: REGRAS PARA O CÁLCULO 
Não sendo possível utilizar o faturamento, o valor da 
multa será fixado entre R$ 6.000,00 e R$ 
60.000.000,00 
2.2 - VANTAGEM AUFERIDA OU PRETENDIDA 
* CONCEITO * 
Ganhos 
derivados do 
ato lesivo 
Valor pago ou 
prometido 
 
a agentes públicos 
ou a terceiros 
Custos e 
despesas 
legítimos 
VANTAGEM 
 
 REQUISITOS: 
 
― Ser a primeira a se manifestar em caso de cartel 
― Cessar a prática da irregularidade investigada 
― Admitir a participação na infração 
― Cooperar com as investigações 
― Fornecer informações que comprovem a infração 
 
3 – ACORDO DE LENIÊNCIA 
 
 RESULTADOS esperados com o acordo: 
 
― Identificação dos demais envolvidos 
― Obtenção célere de provas do ato ilícito 
 
 Dever de reparação integral do dano 
 
 Competência exclusiva da CGU no âmbito do Poder 
Executivo Federal 
3 – ACORDO DE LENIÊNCIA 
 Possíveis BENEFÍCIOS para a empresa: 
― Isenção da obrigatoriedade de publicar a decisão punitiva 
― Isenção da proibição de receber do Poder Público (inclusive 
bancos) incentivos, subsídios, empréstimos, etc 
― Redução da multa em até 2/3 
― Isenção ou atenuação da proibição de contratar com a 
Administração Pública (inidoneidade) 
 
 Negociações em até 180 dias, prorrogáveis 
 Empresas - perda dos benefícios em caso de descumprimento 
 Previsão de adoção de programa de integridade (compliance) 
3 – ACORDO DE LENIÊNCIA 
 
É UM PROGRAMA ESPECÍFICO PARA PREVENÇÃO, 
DETECÇÃO E REMEDIAÇÃO DOS ATOS LESIVOS 
PREVISTOS NA LEI 12.846/13. 
 
FOCO: 
 
- Ocorrência de suborno e 
 
- Fraudes nos processos de licitações e 
 execução de contratos. 
 
4 – PROGRAMA DE INTEGRIDADE (COMPLIANCE) 
 Elementos principais: 
 
 Confiável e efetivo (força coercitiva em caso de infrações) 
 Estruturado de acordo com o risco da empresa e verificação 
da efetividade no caso concreto 
 Aplicável a todos os empregados, inclusive dirigentes 
 Sistema de auditoria interna 
 Canal de denúncia e treinamento de funcionários sobre o 
código de conduta 
 
 
 Microempresas e Empresas de Pequeno Porte - tratamento 
diferenciado com redução das formalidades e dos parâmetros de 
avaliação 
4 – PROGRAMA DE INTEGRIDADE (COMPLIANCE) 
 4.1 - PARÂMETROS PARA AVALIAÇÃO: 
 
• Comprometimento da alta direção, incluídos os 
conselhos. 
 
• Existência de procedimentos específicos para 
prevenir fraudes e ilícitos no âmbito de processos 
licitatórios, na execução de contratos administrativos 
ou em qualquer interação com o setor público, ainda 
que intermediada por terceiros, tal como 
pagamento de tributos, sujeição a fiscalizações, ou 
obtenção de autorizações, licenças, permissões e 
certidões. 
 
• 4.1 - PARÂMETROS PARA AVALIAÇÃO: 
 
• Exemplos – Existência e Efetividade de: 
 
• Canais de denúncia de irregularidades; 
 
• Medidas disciplinares; 
 
• Procedimentos de prevenção, detecção e 
remediação dos danos gerados; e 
 
• Procedimentos de interrupção de irregularidades ou 
infrações. 
 
 
Os cinco pilares do Programa de Integridade 
 
1º: Comprometimento e apoio da alta direção; 
 
2º: Instância responsável pelo Programa de 
Integridade; 
 
3º: Análise de perfil e riscos; 
 
4º: Estruturação das regras e instrumentos; e 
 
5º: Estratégias de monitoramento contínuo. 
 
Os cinco pilares do Programa de Integridade 
 
1. Comprometimento e apoio da alta direção 
 
O compromisso com a ética e integridade deve ser 
demonstrado ao público interno - funcionários e 
dirigentes – evidenciando a seriedade do Programa 
e a obrigatoriedade de se seguirem as regras. 
 
O mesmo compromisso deve estar claro também 
para terceiros, clientes e sociedade em geral. 
Os cinco pilares do Programa de Integridade 
 
2. Instância responsável pelo Programa de 
Integridade 
 
A instância responsável pelo programa de 
integridade deve dispor de recursos financeiros, 
materiais e humanos suficientes, além de 
independência e autonomia para exercer suas 
atividades. 
Os cinco pilares do Programa de Integridade 
 
3. Análise de perfil e riscos 
 
Análise de Perfil : 
• estrutura organizacional (hierarquia interna, 
processo decisório); 
• nível de interação com a administração pública: 
autorizações, licenças e permissões, quantitativo e 
os valores de contratos, a frequência e a relevância 
da utilização de terceiros; 
• participaçõessocietárias na condição de 
controladora, controlada, coligada ou consorciada. 
Os cinco pilares do Programa de Integridade 
 
3. Análise de perfil e riscos 
 
Avaliação de Riscos: mercados onde a empresa 
atua (cultura local, nível de regulação estatal, 
histórico de corrupção). 
 
Essa avaliação deve considerar principalmente a 
probabilidade de ocorrência de fraudes e corrupção e o 
impacto desses atos lesivos nas operações da empresa. 
 
Com base nos riscos identificados, serão desenvolvidas as 
regras, políticas e procedimentos para prevenir, detectar e 
remediar a ocorrência dos atos indesejados. 
Os cinco pilares do Programa de Integridade 
4. Estruturação das regras e instrumentos 
 
4.1. Padrões de ética e de conduta: o código de ética ou de 
conduta deve mencionar as políticas da empresa para 
prevenir fraudes e ilícitos, especificando as condutas não 
aceitas. 
 
Exemplos de vedações : 
 
- prática de fraudes em licitações e contratos; 
- oferecimento de vantagem indevida a licitante concorrente; 
- embaraço à ação de autoridades fiscalizatórias. 
Os cinco pilares do Programa de Integridade 
4. Estruturação das regras e instrumentos 
4.2. Regras, políticas e procedimentos para mitigar 
os riscos 
 
Relacionamento com o setor público - exemplos: 
 
 - vedação à combinação com concorrentes e de criação de 
jogo de planilhas. 
- limitação a discricionariedade de funcionários responsáveis 
por operações sensíveis. 
- adoção de parâmetros bem definidos para a tomada de 
decisões. 
Os cinco pilares do Programa de Integridade 
4. Estruturação das regras e instrumentos 
4.2. Regras, políticas e procedimentos para mitigar 
os riscos 
 
Relacionamento com terceiros - exemplos: 
 
• previsão de rescisão contratual caso a contratada pratique 
atos lesivos à administração pública, nacional ou 
estrangeira; 
 
• pagamento de indenização em caso de responsabilização 
da empresa contratante por ato do contratado. 
Os cinco pilares do Programa de Integridade 
4. Estruturação das regras e instrumentos 
4.3. Canais de denúncias, Comunicação e Treinamento 
 
Canais de denúncia e de políticas de proteção – com regras 
de anonimato, confidencialidade e proibição de retaliação a 
denunciantes - para garantir a possibilidade de reportar 
casos suspeitos. 
 
Canais de orientação para casos práticos e esclarecimento 
em relação aos aspectos do Programa de Integridade. 
 
Os canais devem ser gratuitos e de fácil acesso a todos na 
empresa e abertos a terceiros e ao público. 
 
Os cinco pilares do Programa de Integridade 
4.4. Medidas Disciplinares 
 
As punições previstas devem ser proporcionais ao tipo de 
violação e ao nível de responsabilidade dos envolvidos. 
 
Percepção de que as normas valem para todos e que todos 
estão sujeitos a medidas disciplinares. 
 
4.5. Ações de Remediação 
 
Detecção de Ilícitos com interrupção das irregularidades e 
reparar os danos. 
 
 
Os cinco pilares do Programa de Integridade 
5. Estratégias de monitoramento contínuo 
Plano de monitoramento para verificar a efetiva 
implementação do Programa de Integridade e possibilitar a 
identificação de pontos falhos, analisando: 
 
• as tendências verificadas nos pedidos de orientação e nas 
reclamações dos clientes/fornecedores da empresa; e 
 
• as informações obtidas mediante o canal de denúncias. 
 
Como a empresa está respondendo às questões 
identificadas durante o processo de 
monitoramento? 
 
 Cadastros nacionais únicos na internet - Cadastro 
Nacional de Empresas Punidas – CNEP, e 
 
 Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e 
Suspensas – CEIS. 
5 – CADASTROS NACIONAIS 
 Núcleo de Ações de Prevenção - NAP/CGU-RS 
 
 nap.cgurs@cgu.gov.br 
 
 (51) 34552741 
CONTROLADORIA REGIONAL DA UNIÃO NO RS 
jusbrasil.com.br
7 de Outubro de 2022
Lei anticorrupção
Apresentação do assunto
Publicado por Carlos Otaviano Brenner de Moraes há 8 anos  1.323 visualizações
A Lei nº 12.846/13, em vigor desde o início de 2014, batizada "Lei
Anticorrupcao", centraliza seus comandos normativos e punitivos nas
pessoas jurídicas, impondo-lhes responsabilidade objetiva
administrativa e civil pelos atos lesivos à administração pública
cometidos em seu proveito ou benefício, exclusivo ou não.
Sua natureza não é a de uma lei penal, que incrimine fatos, crie novas
penas ou aumente sanções criminais já previstas em outras, muito
embora setores da doutrina insistam em emprestar-lhe tal aspecto.
Também não é uma lei que qualifique fatos de hediondos ou algo
assemelhado, como se isso fosse suficiente e eficaz para inibir a
ocorrência do ilícito - em tramitação no Congresso Nacional, projeto de
lei para incluir o crime de corrupção no rol dos crimes hediondos.
Mas é uma lei que, pelo rigor de suas disposições, prestígio e poder que
reconhece e outorga aos órgãos de controle dos três níveis da
administração pública, possui aptidão jurídica para prevenir e punir a
corrupção, as fraudes nas licitações e os ilícitos em contratos contra o
poder público.
Geralmente, as pessoas jurídicas, principais beneficiárias pela
corrupção no setor público, via-de-regra não recebem a devida punição
da ordem jurídica. Tradicionalmente são protegidas, imunes e
https://carlosotaviano.jusbrasil.com.br/
https://carlosotaviano.jusbrasil.com.br/
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035665/lei-12846-13
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035665/lei-12846-13
impunes, pela responsabilização aos seus representantes ou dirigentes,
de cunho estritamente pessoal. Nas situações em que sofrem
reprimenda por fraudes em licitações públicas ou improbidades
administrativas em concurso com agentes públicos, ficam apenas
proibidas de contratar com o poder público ou desprestigiadas pela
declaração de inidoneidade, sanções nem sempre proporcionais ao
elevado grau de lesividade dos fatos de que são e mereceriam ser
juridicamente responsabilizadas.
A corrupção, fenômeno que também se dá nas relações dentro do setor
privado, tem seu maior cenário de ocorrência no setor público, quando
produz perniciosos efeitos à sociedade, ao desenvolvimento e à
credibilidade do país. Os recursos públicos são desviados da finalidade
social a que se destinam, as cidades e suas obras sofrem as
consequências disso, a população deixa de receber os serviços estatais
essenciais à melhoria da qualidade de suas vidas, a concorrência torna-
se desleal, prejudicando a livre iniciativa e a igualdade de
oportunidades. Não fosse o bastante para ditar o seu enérgico combate,
desestimula o investimento estrangeiro, compromete o
desenvolvimento e afeta a credibilidade do Brasil. Precisa ser
combatida por todos.
MISSÃO DA NOVA LEI
Nessa perspectiva de combate à corrupção, lei têm a missão de
"reforçar" a proteção jurídica da administração pública frente aos
ataques a que está exposta realizados em benefício ou proveito de
pessoas jurídicas (art. 1º).
Reforçar no sentido de "acrescer" à proteção jurídica já existente.
Exatamente por isso, a aplicação das sanções nela previstas não
impede ou afeta a punição pelos atos de improbidade administrativa
(Lei nº 8.429/92), pelas fraudes nos procedimentos licitatórios (nº
8.666/93), pelos ilícitos em contratos com a administração pública
(art. 30) ou pelos crimes de seus membros ou representantes
tipificados na legislação penal.
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104098/lei-de-improbidade-administrativa-lei-8429-92
A administração pública, que assim tem sua proteção jurídica
reforçada relativamente aos atos de corrupção, não é apenas a nacional
ou brasileira - União Federal, estados-membros e municípios. A tutela
legal também alcança a administração pública estrangeira por atos
lesivos cometidos no Brasil e, inclusive, no exterior. O art. 28 da lei
prevê o suborno transnacional, o que permite, pela aplicação
extraterritorial da norma, a punição de atos de corrupçãopor pessoas
jurídicas nacionais realizados fora do país, e, por força do seu art. 5º,
administração pública estrangeira engloba todos os órgãos e entidades
estatais ou representações diplomáticas de país estrangeiro, de
qualquer nível ou esfera de governo, as pessoas jurídicas controladas,
direta ou indiretamente, pelo poder público de país estrangeiro, e as
organizações públicas internacionais, por expressa equiparação (art.
5º, §§ 1º, 2º e 3º).
SIGNIFICADO DE RESPONSABILIDADE
OBJETIVA
O “reforço jurídico” em que consiste e significa a missão da Lei
Anticorrupcao, encontra na responsabilidade objetiva, administrativa e
civil, seu principal instrumento de efetivação (art. 2º).
Responsabilidade objetiva é uma forma de responsabilização sem
culpa, que não depende de um nexo subjetivo, como relação psíquica,
entre o agente e o fato, no sentido de consciência e vontade em realizá-
lo visando proveito próprio à custa de lesão à administração pública.
Basta a relação causal objetiva – o ato de corrupção e o benefício ou
proveito em favor da pessoa jurídica, independentemente da concreta
obtenção do benefício visado pelo ato ilícito (art. 3º, § 1º). A
responsabilização da pessoa jurídica não exclui a responsabilidade
individual de seus dirigentes ou administradores ou de qualquer
pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato ilícito (art. 3º), e é
independente desta (§ 1º do art. 3º).
PESSOAS JURÍDICAS DESTINATÁRIAS
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035665/lei-12846-13
As destinatárias do seu regramento punitivo são as pessoas jurídicas
em geral, ou seja, as sociedades empresárias e as sociedades simples,
personificadas ou não, as fundações, as associações de entidades ou de
pessoas e as sociedades estrangeiras que tenham sede, filial ou
representação no território brasileiro, constituídas de fato ou de
direito, ainda que temporariamente. Os entes que não tenham
personalidade serão representados pela pessoa a quem couber a
administração de seus bens (arts. 1º, § 1º, e 26, § 1º).
Enganam-se, pois, aqueles que pensam seja uma lei exclusivamente
direcionada às pessoas jurídicas que operem apenas ou
preferencialmente com o poder público. Bem verdade, as pessoas
jurídicas que têm no poder público o principal cliente e fazem da
corrupção uma estratégia de expansão dos seus negócios correm
maiores riscos. Mas, e é importante salientar, toda e qualquer pessoa
jurídica está sujeita aos seus ditames. Tamanho é o feixe de relações
das pessoas jurídicas com o poder público, especialmente pela
burocracia ainda intensa, elevada quantidade e sobreposição de
normas de regulamentação e de órgãos de controle e fiscalização, que a
lei poderá apanhar fundações, institutos, órgãos de classe, associações
comerciais, clubes sociais, entidades representativas das indústrias,
sociedades de profissionais e até condomínios por atos ilícitos próprios
ou de terceirizados.
Considerando a responsabilização objetiva que impõe, será irrelevante,
como inibidor à incidência e aplicação das penalidades, o argumento
de desconhecimento, de falta de ciência e aquiescência do proprietário,
dirigente ou do órgão controlador da empresa, sociedade, associação,
instituto ou da pessoa jurídica em geral, com a corrupção consumada
ou tentada. Suficiente tenha sido o ato realizado em proveito ou
benefício da pessoa jurídica, exclusivo ou não – pode ter sido também
em proveito pessoal do agente do ato. Assim, poderá ser o ato de
corrupção de um simples despachante encarregado da aprovação do
plano de combate a incêndio da entidade, ou o de um renomado
escritório de contabilidade, ou de advocacia, na busca de resolução de
uma infração tributária atribuída à pessoa jurídica cliente, por
exemplo.
Também de referir, por expressa disposição (art. 4º, §§ 1º e 2º), as
alterações contratuais eventualmente ocorridas após a prática do fato
ilícito não elidem a respectiva responsabilidade e punição. Apenas na
fusão e incorporação, a responsabilidade da sucessora será restrita à
obrigação de pagamento de multa e reparação integral do dano
causado, até o limite do patrimônio transferido, não lhe sendo
aplicáveis as demais sanções previstas decorrentes de atos e fatos
ocorridos antes da data da fusão ou incorporação (salvo se houver
simulação ou evidente intuito de fraude). As sociedades controladoras,
controladas, coligadas ou, no âmbito do respectivo contrato, serão
solidariamente responsáveis pela obrigação de pagamento de multa e
reparação integral do dano causado.
FATOS PUNÍVEIS
Os fatos que seleciona e tipifica (art. 5º), por reputá-los lesivos ao
patrimônio público nacional ou estrangeiro, aos princípios da
administração pública ou aos compromissos internacionais assumidos
pelo Brasil, são os seguintes:
(a) prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem
indevida a agente público, ou a terceira pessoa a ele relacionada;
(b) financiar, custear, patrocinar ou de qualquer modo subvencionar a
prática dos atos ilícitos;
(c) utilizar-se de interposta pessoa física ou jurídica para ocultar ou
dissimular seus reais interesses ou a identidade dos beneficiários dos
atos praticados;
(d) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro
expediente, o caráter competitivo de procedimento licitatório público;
(e) impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de
procedimento licitatório público;
(f) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou
oferecimento de vantagem de qualquer tipo;
(g) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente; criar, de
modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para participar de
licitação pública ou celebrar contrato administrativo; obter vantagem
ou benefício indevido, de modo fraudulento, de modificações ou
prorrogações de contratos celebrados com a administração pública,
sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação pública ou nos
respectivos instrumentos contratuais;
(h) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos
contratos celebrados com a administração pública;
(i) dificultar atividade de investigação ou fiscalização de órgãos,
entidades ou agentes públicos, ou intervir em sua atuação, inclusive no
âmbito das agências reguladoras e dos órgãos de fiscalização do
sistema financeiro nacional.
PENALIDADES COMINADAS
As penalidades estabelecidas podem ser aplicadas pela própria
administração (federal, estadual e municipal) ou apenas pela via
judicial. São, portanto, segundo a fonte de sua incidência, classificáveis
em penalidades administrativas e penalidades judiciais, aplicáveis,
conveniente registrar, isolada ou cumulativamente, e não excluem a
obrigação da reparação integral do dano causado (art. 6º, § 3º).
As penalidades administrativas, da alçada da administração pública
lesada, no nível federal, estadual ou municipal, são as seguintes:
(a) multa, no valor de 0,1% a 20% do faturamento bruto do último
exercício anterior ao da instauração do processo administrativo,
excluídos os tributos, a qual nunca será inferior à vantagem auferida,
quando for possível sua estimação (art. 6º, inc. I); caso não seja
possível utilizar o critério do valor do faturamento bruto, a multa será
de seis mil a sessenta milhões de reais (art. 6º, § 4º); e
(b) publicação extraordinária da decisão condenatória (art. 6º, inc. II),
na forma de extrato de sentença, a expensas da pessoa jurídica, em
meios de comunicação de grande circulação na área da prática da
infração e de atuação da pessoa jurídica ou, na sua falta, em publicação
de circulação nacional, bem como por meio de afixação de edital, pelo
prazo mínimo de trinta dias, no próprio estabelecimento ou no local de
exercício da atividade, de modo visível ao público, e no sítio eletrônico
na rede mundial de computadores (art. 6º, § 5º).
As penalidades que dependem de decisão judicial e que podem incidir
de forma isolada ou cumulativa, através do ajuizamento de ações com o
trâmiteda ação civil pública (art. 21), pelas advocacias públicas ou
órgãos de representação judicial da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, ou pelo Ministério Público (art. 19, caput), são as
seguintes:
(a) perdimento dos bens, direitos ou valores que representem
vantagem ou proveito direta ou indiretamente obtidos da infração,
ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé (art. 19, I);
(b) suspensão ou interdição parcial de suas atividades (art. 19, II);
(c) proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou
empréstimos de órgãos ou entidades públicas e de instituições
financeiras públicas ou controladas pelo poder público, pelo prazo
mínimo de um e máximo de cinco anos (art. 19, IV); e
(d) dissolução compulsória da pessoa jurídica quando comprovado ter
sido a personalidade jurídica utilizada de forma habitual para facilitar
ou promover a prática de atos ilícitos, ou ter sido constituída para
ocultar ou dissimular interesses ilícitos ou a identidade dos
beneficiários dos atos praticados (art. 19, incs. I a IV).
OUTROS TEMAS
Dosimetria das penas (art. 7º), compliance (art. 7º, VIII) e acordo de
leniência (art. 16) são outros importantes temas da lei, e serão
examinados oportunamente, em artigos específicos. Pretendeu-se,
neste, a apresentação do assunto.
Disponível em: https://carlosotaviano.jusbrasil.com.br/artigos/152713598/lei-anticorrupcao
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Juízes, Advogados e Estudantes de Direito Processual, que contribuíram
com profundos estudos versando os mais …
Temas Atuais de Direito Processual: Estudos em Homenagem ao
Professor Eduardo Arruda Alvim
Doutrina • 2022 Editora Revista dos Tribunais
1. Admissibilidade dos Meios Atípicos de Citação no Processo Civil Brasileiro
PARTE V - COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS E COOPERAÇÃO
JUDICIÁRIA André Ribeiro Dantas Doutor e Mestre em Direito pela
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Comentários à Nova Lei de Improbidade Administrativa: Lei
8.249/1992, com as Alterações da Lei 14.230/2021
Doutrina • 2022 Editora Revista dos Tribunais
Capítulo V. Do Procedimento Administrativo e do Processo Judicial
Capítulo V DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E DO PROCESSO
JUDICIAL Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade
administrativa competente para que seja instaurada investigação
destinada a…
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Resumo e comentários sobre a Lei de 
Lavagem de Dinheiro 
 Antônio Milad Labaki Neto, Artigo, Mais lidos 
 
O presente artigo tem o objetivo de trazer, em resumo, breves 
comentários sobre a Lei de Lavagem de Dinheiro e sua importância 
para a efetividade do combate do crime organizado. 
A Lei de Lavagem de Dinheiro foi promulgada no ano de 1998, no 
momento em que todo o mundo debatia a importância de coibir o 
grande motivador do crime organizado, que é o resultado econômico 
do crime que o financia, normalmente materializado em pecúnia e 
bens móveis ou imóveis. 
A partir do momento em que um determinando país se preocupava em 
criar uma Lei de Lavagem de Dinheiro, em que além de criminalizar a 
conduta de ocultar o proveito financeiro do crime, buscava-se criar 
regras e deveres administrativos voltados à sua prevenção, foi possível 
constatar a sua importância para o combate a esta espécie de crime. 
A Lei de Lavagem de Dinheiro no Brasil (Lei nº 9.613/98) foi promulgada 
após nosso país ratificar a Convenção das Nações Unidas contra o 
Tráfico Ilícito de Entorpecentes (Decreto 154/91), aderindo ao 
compromisso mundial na criação de uma Lei de Lavagem de Dinheiro 
alinhada com as preocupações e demandas mundiais. 
A importância, a eficácia, a definição dos crimes antecedentes ao crime 
previsto na Lei de Lavagem de Dinheiro e suas mudanças com o 
advento da Lei nº 12.683/12, qual a pena, as etapas para a configuração 
do crime, serão tratados pontualmente abaixo. 
Qual é o conceito do crime esculpido na Lei de Lavagem 
de Dinheiro?: 
A Lei de Lavagem de Dinheiro não conceitua o que se entende por 
Lavagem de Dinheiro. 
Em seu artigo 1º, caput, a Lei de Lavagem de Dinheiro define o tipo 
penal, criminalizando a conduta de “Ocultar ou dissimular a natureza, 
origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de 
bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de 
infração penal. ”. 
Por mais que a Lei de Lavagem de Dinheiro não traga um conceito 
fechado para o crime, a sua tipificação legal sintetizada no artigo 1º da 
Lei 9.613/98 traz elementos relevantes para a sua delimitação. 
Qual é, então, a conceituação doutrinária do crime previsto na Lei de 
Lavagem de Dinheiro? Segundo a doutrina, a lei de lavagem de 
dinheiro estabelece como crime “o ato ou o conjunto de atos 
praticados por determinado agente com o objetivo de conferir 
aparência lícita a bens, direitos ou valores provenientes de uma 
infração penal.”[1]. 
 Há quem conceitue lavagem de dinheiro, trazendo em sua 
definição as 3 etapas do crime, como é o exemplo de Rodolfo Tigre 
Maia, para quem o crime tipificado na Lei de Lavagem de Dinheiro pode 
ser entendido “como o conjunto complexo de operações, integrado 
pelas etapas de conversão (‘placcement’), dissimulação (‘layering’) e 
integração (‘integration’) de bens, direitos e valores, que tem por 
finalidade tornar legítimos ativos oriundos da prática de atos ilícitos 
penais, mascarando esta origem para queos responsáveis possam 
escapar da ação repressiva da Justiça.”[2]. 
arrested official in handcuffs counting dollar banknotes. Concept of 
fraud, detention, crime and bribery 
Resumo das 3 etapas do crime previsto na Lei de 
Lavagem de Dinheiro: 
Em resumo, a Lei de Lavagem de Dinheiro prevê como crime o ato ou 
conjunto de atos praticados visando encobrir a origem criminosa de 
valores, direitos ou bem, assegurando-se, assim, a sua fruição pelo 
agente criminoso. 
É certo que a guarda e a manutenção de elevadas quantias em dinheiro 
em espécie traz inúmeras complicações, que partem do volume físico 
que ocupa às suspeitas que o transporte e o seu emprego na realização 
de transações comerciais levantam. 
Por este motivo é que a Lei de Lavagem de Dinheiro buscou reprimir 
todo o ato voltado a ocultar ou dissimular a sua origem ilícita, para que 
o proveito criminoso pudesse reintegrar-se no sistema financeiro 
regular, como se recurso lícito fosse. 
Tendo o crime de lavagem de dinheiro despertado a atenção das 
autoridades norte americanas durante a vigência da Lei Seca daquele 
país (1920 a 1933), fazendo “desenvolver um comércio ilegal de álcool, 
que ficou nas mãos de organizações criminosas, atingindo grandes 
proporções, culminando com a movimentação de vultosas quantias 
em dinheiro”[3], foi que se identificou as 3 etapas necessárias para a 
caracterização do crime, que foi sintetizada no placcement, 
layering e integration. 
A identificação das 3 etapas do crime de lavagem de dinheiro resultou 
do consenso do GAFI (Grupo de Ação Financeira), criado em 1989 pelo 
G7[4], em que inicialmente haveria a separação ou distanciamento dos 
proveitos ilícitos do agente (placcement, ocultação ou colocação), que 
na sequência são difundidos no mercado formal (layering, 
dissumulação ou mascaramento), para que possam ser integrados ao 
patrimônio do criminoso com aparência de licitude (integration, 
integração ou reciclagem). 
Em resumo, após o distanciamento do proveito criminoso do agente, a 
segunda fase se completará após a realização de diversas transações 
financeiras, com a pulverização dos valores no mercado nacional ou 
internacional, a fim de se impedir o rastreamento da sua origem ilícita, 
para que, ao final, o agente atinja seu objetivo final, que é fruir do lucro 
criminoso como se fosse ativo lícito. 
De acordo com a doutrina, “muitas vezes, a integração é feita por meio 
de investimentos, aquisições, compra de ativos. Podem ser criadas 
empresas ‘offshore’ que, na posse de tal numerário, investem em 
empresas de propriedade do agente, ou comprar parte do capital 
social. Com isso, os proveitos dos delitos antecedentes passam a 
integrar os bens do agente, que poderá deles dispor, sem que haja 
suspeitas de sua ilicitude.”[5]. 
Comentários à Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei nº 
9.613/98) e às alterações trazidas pela Lei 12.683/12: 
Da necessidade de maior eficácia na prevenção à 
Lavagem de Dinheiro. 
Os presentes comentários à Lei de Lavagem de Dinheiro objetivam 
ressaltar o importante aprimoramento legislativo que a Lei 
9.613/98 alcançou com a promulgação, quatorze anos depois, da Lei 
12.683/12. 
Renato Brasileiro de Lima, ensina que “Grosso modo, foram 3 (três) as 
principais mudanças produzidas pela Lei nº 12.683/12: a) supressão do 
rol taxativo de crimes antecedentes (…); b) fortalecimento do controle 
administrativo sobre setores sensíveis à reciclagem de capitais; c) 
ampliação das medidas cautelares patrimoniais incidentes sobre a 
lavagem de capitais e sobre as infrações antecedentes (…)”[6]. 
A primeira grande alteração que a Lei 12.683/12 trouxe, foi a 
generalização dos crimes que a Lei de Lavagem de Dinheiro admitia 
como antecedentes à lavagem de dinheiro, em sua redação original, 
em rol taxativo. 
Essa modificação, em verdade, tem relação com a geração em que as 
Leis de Lavagem de Dinheiro espalhadas pelo mundo foram 
classificadas. 
Isso porque, inicialmente as primeiras Leis de Lavagem de Dinheiro, até 
por força da Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico Ilícito de 
Entorpecentes, previa como crime antecedente somente o tráfico de 
drogas. 
Leis de Lavagem de Dinheiro com este formato foram classificadas 
doutrinariamente como de primeira geração. 
Entretanto, inicialmente a Lei 9.613/98 adotou o critério de segunda 
geração, alargando os crimes que poderiam ser admitidos como 
antecedentes à lavagem de dinheiro além do tráfico de drogas, sob a 
justificativa de que: “Embora o narcotráfico seja a fonte principal das 
operações de lavagem de dinheiro, não é sua única vertente. Existem 
outros ilícitos, também de especial gravidade, que funcionam como 
círculos viciosos relativamente à lavagem de dinheiro e à ocultação de 
bens, direitos e valores” (Exposição de Motivos, nº 21). 
Com a promulgação da Lei 12.683/12 o Brasil passou a adotar o critério 
de terceira geração com a eliminação do rol taxativo de crimes 
antecedentes na Lei de Lavagem de Dinheiro, passando “a prever que 
a lavagem de capitais estará caracterizada quando houver a 
ocultação ou dissimulação da natureza, origem, localização, 
disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores 
provenientes, direta ou indiretamente, de ‘infração penal’.” [7]. 
O segundo objetivo da Lei 12.683/12 foi intensificar as medidas 
administrativas na Lei de Lavagem de Dinheiro voltadas à prevenção 
do ato criminoso, com o objetivo de tornar mais eficiente a persecução 
penal, que até o momento mostrou número muito baixo de 
condenações, pois existindo mais alternativas para a identificação e a 
comunicação de operações suspeitas, a repressão judicial se tornava 
igualmente mais exitosa. 
Por fim, a Lei de Lavagem de Dinheiro ampliou o leque de possibilidade 
de imposição de medidas assecuratórias, visando garantir o sucesso do 
confisco de bens ou valores provindos de crime, admitindo-se, por 
exemplo, o sequestro de bens “existentes em nome de interpostas 
pessoas”, comumente conhecidas como “laranjas”, conforme art. 
4º, caput, da Lei de Lavagem de Dinheiro. 
 
 
Qual a pena prevista na Lei de Lavagem de Dinheiro? 
Não é excessivo afirmar que a Lei de Lavagem de Dinheiro previu para 
o crime uma das mais gravosas penas do sistema penal pátrio. 
O crime previsto na Lei de lavagem de dinheiro ostenta como preceito 
secundário a pena de reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e multa. 
É compreensível a intenção do legislador em coibir, de forma 
coordenada à tendência mundial, a lavagem de dinheiro da forma mais 
eficaz possível. 
Uma das funções da pena é a prevenção geral, isto é, quando o 
legislador prevê a pena ele na verdade está transmitindo uma 
mensagem visando inibir que os membros da sociedade pratiquem o 
comportamento tipificado. 
A gravidade da pena da Lei de Lavagem de Dinheiro fala muito sobre a 
habitual gravidade dos crimes antecedentes, geralmente praticados 
por organização criminosa estruturada, ou seja, quem normalmente se 
propõe a ocultar o proveito do crime é aquele criminoso que 
movimenta vultosas quantias, que são angariadas pela prática de 
crimes não menos graves. 
Ocorre que a magnitude da pena do crime de lavagem somada à opção 
da Lei 12.683/12 em incluir a Lei de Lavagem de Dinheiro pátria na 
terceira geração, admitindo-se toda e qualquer infração penal (crime 
ou contravenção penal), independentemente da sua gravidade, como 
crime antecedente, traz um paradoxo em nosso sistema. 
Exemplificando, da forma como está, a depender do caso concreto, 
seria possível que uma infração penal de menor potencial ofensivo ou 
mesmo uma contravenção penal seja apontado como crime 
antecedente de lavagem de dinheiro, que possui uma pena 
imensamente mais gravosa, expondo a risco a lógica do sistema e o 
critério da proporcionalidade. 
Em relação ao ponto, a doutrina adverte que “melhor teria andado 
nosso legislador se tivesse adotadoo mesmo critério da Convenção de 
Palermo, que demanda a existência de crimes antecedentes de 
alguma gravidade, indicando como ‘standard’ aqueles cuja pena 
máxima não seja inferior a 4 (quatro) anos.”[8]. 
Por fim, é certo que a Lei de Lavagem de Dinheiro desde a sua edição 
foi alvo de aperfeiçoamento que com certeza atingiu o efeito almejado, 
no sentido de criar mecanismos de prevenção da prática de lavagem 
de dinheiro através de um sistema financeiro de viés excessivamente 
fiscalizador, otimizando ainda o objetivo de descapitalização do crime 
organizado mediante o emprego bem sucedido de medidas cautelares 
patrimoniais, que garantem posterior confisco de bens, impedindo, 
assim, a sua perpetuação no seio social. 
 
Antonio Milad Labaki Neto 
Cláudia Seixas Sociedade de Advogados 
 
 
[1] DE LIMA, Renato Brasileiro. Legislação Criminal Especial 
Comentada. 7ª ed. rev. atual. E ampl. Salvador: Jus Podivm. 2019. Pág. 
594. 
[2] Lavagem de Dinheiro – lavagem de ativos provenientes de crime 
– Anotações às disposições da Lei 9.613/98. São Paulo. Malheiros. 2004. 
Pág. 53. 
[3] BADARÓ, Jennifer Falk. Dolo no crime de lavagem de dinheiro. 
Belo Horizonte: Editora D’Plácido. 2018. Pág. 111. 
[4] BADARÓ, Jennifer Falk. Dolo no crime de lavagem de dinheiro. 
Belo Horizonte: Editora D’Plácido. 2018. Pág. 114. 
[5] BADARÓ, Jennifer Falk. Dolo no crime de lavagem de dinheiro. 
Belo Horizonte: Editora D’Plácido. 2018. Pág. 115. 
[6] DE LIMA, Renato Brasileiro. Legislação Criminal Especial 
Comentada. 7ª ed. rev. atual. E ampl. Salvador: Jus Podivm. 2019. Pág. 
594. 
[7] DE LIMA, Renato Brasileiro. Legislação Criminal Especial 
Comentada. 7ª ed. rev. atual. E ampl. Salvador: Jus Podivm. 2019. Pág. 
595. 
[8] DE LIMA, Renato Brasileiro. Legislação Criminal Especial 
Comentada. 7ª ed. rev. atual. E ampl. Salvador: Jus Podivm. 2019. Pág. 
594.

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