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FITOTERÁPICOS-E-NUTRIENTES-VITAMINAS-MINERAIS-AMINOÁC.-BIOFLAV.-ENZ.-E-LACT.-1

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1 
 
FITOTERÁPICOS E NUTRIENTES (VITAMINAS, 
MINERAIS, AMINOÁCIDOS, BIOFLAVONÓIDES, ENZIMAS 
E LACTOBACILOS) 
 
 
 
2 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
Sumário 
 
FITOTERÁPICOS E NUTRIENTES (VITAMINAS, MINERAIS, 
AMINOÁCIDOS, BIOFLAVONÓIDES, ENZIMAS E LACTOBACILOS) ............. 1 
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 
UNIDADE 1 - FITOTERÁPICOS ............................................................. 6 
FITOTERÁPICOS .................................................................................... 9 
PRESCRIÇÃO DE FITOTERÁPICOS ................................................... 10 
RESOLUÇÕES EM FITOTERAPIA ....................................................... 11 
MEDICINA INTEGRATIVA: O PAPEL DO BIOMÉDICO ....................... 12 
METABOLISMO DAS PLANTAS ........................................................... 14 
CONCEITOS IMPORTANTES EM FITOTERAPIA ................................ 16 
FORMAS DE APRESENTAÇÃO DOS FITOTERÁPICOS .................... 18 
CUIDADOS COM AS PLANTAS MEDICINAIS ..................................... 23 
PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS COMUMENTE EM NUTRIÇÃO 26 
PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERAPIA NO BRASIL ......................... 30 
REGULAMENTAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERÁPICOS 
NO BRASIL ...................................................................................................... 34 
FITOTERÁPICOS APLICADOS À OBESIDADE ................................... 35 
UNIDADE 2 – NUTRIENTES ................................................................. 48 
VITAMINAS ........................................................................................... 48 
VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS .......................................................... 52 
VITAMINA A (RETINOL): ............................................................... 53 
Vitamina D (calciferol) .................................................................... 59 
Vitamina E (tocoferol): .................................................................... 63 
Vitamina K (filoquinona) ................................................................. 65 
VITAMINAS HIDROSSOLÚVEIS ....................................................... 68 
Vitamina B1 (tiamina): .................................................................... 69 
file:///C:/Users/EDUARDO/Documents/FACUMINAS/BIOMEDICINA%20ESTÉTICA%20AVANÇADA/Fitoterapicos%20e%20nutrientes/FITOTERÁPICOS%20E%20NUTRIENTES%20(%20VITAMINAS,%20MINERAIS,%20AMINOÁCIDOS,%20BIOFLAVONÓIDES,%20ENZIMAS%20E%20LACTOBACILOS).docx%23_Toc82965297
file:///C:/Users/EDUARDO/Documents/FACUMINAS/BIOMEDICINA%20ESTÉTICA%20AVANÇADA/Fitoterapicos%20e%20nutrientes/FITOTERÁPICOS%20E%20NUTRIENTES%20(%20VITAMINAS,%20MINERAIS,%20AMINOÁCIDOS,%20BIOFLAVONÓIDES,%20ENZIMAS%20E%20LACTOBACILOS).docx%23_Toc82965297
 
 
 
4 
Vitamina B2 (riboflavina): ............................................................... 71 
Vitamina B3 (niacina) (Ácido Nicotínico – B3 ou PP) ..................... 73 
Vitamina B5 (ácido pantotênico) ..................................................... 75 
Vitamina B6 (piridoxina) ................................................................. 76 
Vitamina B7 (biotina) ...................................................................... 79 
Vitamina B9 (ácido fólico) ............................................................... 80 
Vitamina B12 (cobalamina) ............................................................ 85 
Vitamina C (ácido ascórbico) .......................................................... 87 
MINERAIS .......................................................................................... 91 
Cálcio ............................................................................................. 93 
Cobre .............................................................................................. 96 
Cromo ............................................................................................. 97 
Ferro ............................................................................................... 99 
Fósforo ......................................................................................... 101 
Flúor ............................................................................................. 102 
Iodo .............................................................................................. 104 
Magnésio ...................................................................................... 105 
Manganês ..................................................................................... 107 
Potássio ........................................................................................ 108 
Sódio ............................................................................................ 110 
Selênio ......................................................................................... 112 
Zinco ............................................................................................. 113 
AMINOÁCIDOS................................................................................ 115 
BIOFLAVONOIDES ......................................................................... 118 
ENZIMAS ......................................................................................... 120 
Enzimas digestivas ....................................................................... 124 
LACTOBACILOS.............................................................................. 126 
 
 
 
5 
REFERÊNCIAS ................................................................................... 135 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
UNIDADE 1 - FITOTERÁPICOS 
 
CONCEITOS IMPORTANTES 
Com objetivo de diferenciação, apresentam-se abaixo os principais 
conceitos dos métodos terapêuticos. 
Alopatia: é o método terapêutico que consiste em utilizar medicamentos 
que vão produzir no organismo reação contrária aos sintomas que ele apresenta, 
a fim de diminuí-los ou neutralizá-los. Os principais problemas dos 
medicamentos alopáticos são os seus efeitos colaterais e a sua toxicidade 
(Anvisa, 2010). 
Homeopatia: é um método terapêutico seguro e eficaz, baseado na Lei 
dos Semelhantes, segundo a qual, para se curar uma doença, o corpo doente 
deve receber uma substância que provoque os mesmos sintomas quando 
administrada em um corpo saudável (CRF, 2013). Utiliza matérias-primas de 
origem animal, vegetal e mineral. Os medicamentos homeopáticos podem ser 
utilizados com segurança em qualquer idade, até mesmo em recém-nascidos ou 
pessoas com idade avançada, desde que com acompanhamento do clínico 
homeopata (Anvisa, 2010). 
Fitoterapia: é a terapêutica caracterizada pelo uso de plantas medicinaisem suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas 
isoladas, ainda que de origem vegetal, conforme Portaria nº 971 (03/05/2006). 
Já fitoterápico é produto obtido de matéria-prima ativa vegetal, exceto 
substâncias isoladas, com finalidade profilática, curativa ou paliativa, incluindo 
medicamento fitoterápico e produto tradicional fitoterápico, podendo ser simples, 
quando o ativo é proveniente de uma única espécie vegetal medicinal, ou 
composto, quando o ativo é proveniente de mais de uma espécie vegetal, 
conforme RDC nº 26 (13/05/2014). Neste contexto, a fitoterapia é considerada 
alopatia. 
 
O Brasil tem uma rica história de uso das plantas medicinais no tratamento 
dos problemas de saúde da população, uso este construído com base na 
experiência e transmitido de forma oral (BRUNING et al., 2012). Largamente 
usada até meados do século XX, a fitoterapia entrou em declínio com a 
 
 
 
7 
intensificação do uso dos medicamentos industrializados (BRUNING et al., 
2012). 
A utilização de determinadas ervas medicinais no combate a doenças é 
um costume comum em nossa sociedade. Essa medicina alternativa, sobretudo 
no Brasil, é utilizada em larga escala, até porque essa prática remonta a períodos 
pré-descobrimento, onde os índios, grandes detentores do conhecimento do 
poder de cura pela natureza, faziam da floresta sua farmácia. 
Além disso, há uma mescla com o conhecimento e ervas 
medicinais trazidos pelos colonizadores, tanto que, segundo Corrêa Junior et 
al. (1994) e Martins et al. (1995), a maior parte das espécies medicinais 
cultivadas no Brasil é de espécies exóticas, heliófitas e domesticadas em seus 
ecossistemas naturais. 
O Brasil conta com a maior diversidade genética vegetal do mundo, com 
um total estimado entre 350.000 e 550.000 espécies, das quais apenas 55.000 
estão catalogadas (SIMÕES et al., 2001). 
Sabendo-se que cada espécie desconhecida pode vir a ser um 
medicamento importante (e consequentemente um produto lucrativo) não é 
nenhuma surpresa que o interesse de empresas farmacêuticas esteja voltado 
para essa área. Segundo Farias et al. (1994), várias empresas nacionais vêm 
empregando matéria-prima vegetal diretamente na elaboração de seus 
medicamentos. 
 
Contudo, na utilização popular, seja como fitoterapia, seja na dieta, na 
maioria das vezes não se tem avaliação apropriada dessas plantas, 
comprovando a eficácia no tratamento ou possíveis efeitos adversos causados 
por elas (SILVEIRA E SÁ et al., 2003). 
 
 
 
8 
Exatamente por isso, a utilização de qualquer tipo de planta medicinal 
requer tanto cuidado quanto o necessário na utilização de medicamentos 
industrializados. 
A utilização de produtos naturais, particularmente da flora, com fins 
medicinais, nasceu com a humanidade. Indícios do uso de plantas medicinais e 
tóxicas foram encontrados nas civilizações mais antigas, sendo considerada 
uma das práticas mais remotas utilizadas pelo homem para cura, prevenção e 
tratamento de doenças, servindo como importante fonte de compostos 
biologicamente ativos (ANDRADE; CARDOSO; BASTOS, 2007). 
Plantas medicinais, consideradas como toda “espécie vegetal, cultivada 
ou não, utilizada com propósitos terapêuticos”, fitoterápicos, o “produto obtido de 
planta medicinal, ou de seus derivados, exceto substâncias isoladas, com 
finalidade profilática, curativa ou paliativa” (ANVISA; 2013), ou um produto 
tradicional fitoterápico que consiste naquele “obtido com emprego exclusivo de 
matérias-primas ativas vegetais, cuja segurança seja baseada por meio da 
tradicionalidade de uso e que seja caracterizado pela reprodutibilidade e 
constância de sua qualidade.” (ANVISA, 2013). 
Apesar do grande avanço e evolução da medicina, a partir da segunda 
metade do século XX, as plantas ainda apresentam uma grande contribuição 
para a manutenção da saúde e alívio às enfermidades em países em 
desenvolvimento (SOUZA; FELFILI, 2006). Entre os principais motivos, 
encontram-se as condições de pobreza e a falta de acesso aos medicamentos, 
associados à fácil obtenção e tradição do uso de plantas com fins medicinais 
(VEIGA JUNIOR; PINTO, 2005). 
O uso indiscriminado, influenciado muitas vezes pela interpretação 
equivocada da mídia do que é um produto natural, constitui uma preocupação 
para a saúde dos brasileiros (FERREIRA; PINTO, 2010), uma vez que pode 
ocasionar casos de superdosagem, 
intoxicação, interação com outros 
medicamentos/alimentos, além dos 
potenciais efeitos colaterais e 
adversos. 
 
 
 
 
9 
FITOTERÁPICOS 
 
Os fitoterápicos são produtos feitos exclusivamente de matéria-prima 
vegetal, que possuem seus efeitos comprovados, bem como seus riscos. 
 
 
Os fitoterápicos não incluem produtos que possuem substâncias ativas 
isoladas. 
Os medicamentos fitoterápicos são definidos pela ANVISA (Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária) como aqueles que são obtidos a partir de 
derivados vegetais e que os riscos, os mecanismos de ação e onde agem no 
nosso corpo são conhecidos. 
Esses medicamentos são feitos exclusivamente de matéria-
prima vegetal. É importante destacar que não é considerado um fitoterápico 
aquele medicamento que contém substâncias ativas isoladas, bem como sua 
associação com extratos vegetais. 
Todo fitoterápico deve ter sua ação comprovada através de estudos 
farmacológicos e toxicológicos. Além disso, deve-se fazer um levantamento dos 
artigos publicados, bem como do conhecimento tradicional sobre determinada 
espécie vegetal. Só após confirmadas sua ação e qualidade, ele é registrado. 
 
Eles diferenciam-se das plantas medicinais em alguns pontos. 
Primeiramente, devemos saber que plantas medicinais são aquelas 
usadas tradicionalmente e que possuem capacidade de aliviar sintomas ou até 
 
 
 
10 
curar algumas patologias. Normalmente, a população faz uso desse tipo de 
planta através de chás, infusões, macerados, sucos, entre outras formas. 
Ao utilizar a planta medicinal de maneira industrial para obtenção de um 
medicamento, surge um fitoterápico. O processo de industrialização é importante 
porque evita contaminações, além de dosar de maneira correta a quantidade que 
uma pessoa pode consumir. Esse último ponto é essencial para evitar 
intoxicações com esses produtos, fato que constantemente acontece com 
plantas medicinais. 
É comum que as pessoas pensem que, por ser um produto natural, ele 
não causa problemas à saúde. Entretanto, sabe-se que os fitoterápicos, assim 
como qualquer outro medicamento, podem ocasionar problemas que 
desencadeiem até mesmo a morte se não forem usados corretamente e em 
doses certas. 
Os medicamentos fitoterápicos possuem seus benefícios comprovados 
pela Organização Mundial de Saúde e, como qualquer medicamento, só devem 
ser usados com recomendação médica. Lembre-se também de que o médico 
deve ser informado sobre a utilização de qualquer um desses produtos, inclusive 
do uso de plantas medicinais. Isso é válido principalmente para pessoas que 
realizarão procedimentos cirúrgicos. 
Ao utilizar um medicamento fitoterápico, lembre-se de olhar as datas de 
validade, bem como as orientações de uso. É importante informar o médico da 
ocorrência de qualquer sintoma desagradável. Além disso, deve-se verificar se 
o medicamento possui registro na ANVISA. Para isso, acesse o site da Agência 
e realize a consulta. Caso ele não tenha registro, comunique a Vigilância 
Sanitária. 
PRESCRIÇÃO DE FITOTERÁPICOS 
Para a prescrição de fitoterápicos é necessário que exista um domínio 
sobre um vasto conhecimento acerca das plantas medicinais: efeito terapêutico, 
dosagem, posologia, duração do tratamento, forma de apresentação, efeitos 
adversos, interações com medicamentos e alimentos. As interações 
farmacológicas e fármaco-nutriente podem implicar em toxicidade, ineficácia do 
tratamento e deficiências nutricionais. 
 
 
 
11 
RESOLUÇÕES EM FITOTERAPIA Resolução CFN 383/2006 – dispõe sobre as especialidades 
reconhecidas pelo CFN para efeito de registro no CRN. Reconhecida a 
especialidade de fitoterapia na área de Nutrição. 
 Resolução CFN 402/2007 – regulamenta a prescrição fitoterápica 
pelo nutricionista de plantas in natura frescas ou como droga vegetal nas suas 
mais diferentes formas farmacêuticas. O nutricionista somente deverá 
prescrever aqueles produtos que sejam exclusivos de indicação terapêutica 
relacionada ao seu campo de conhecimento específico, ou seja, não poderá 
prescrever produtos que exijam prescrição médica. 
 RDC ANVISA 10/2010 – dispõe sobre a notificação de drogas 
vegetais junto à ANVISA. Regulamenta todo o processo do uso de plantas 
medicinais, desde a produção, distribuição e uso, o que garante melhor 
organização, segurança, eficácia e qualidade de acesso a tais produtos. 
 Resolução CFN 525/2013 – regulamenta a prática de fitoterapia 
pelo nutricionista, atribuindo-lhe competência para prescrição de fitoterápicos. 
Regulamenta a especialidade de fitoterapia em Nutrição. 
 Resolução CFN 525/2013 (na realidade é a 556/2015) – 
acrescentou a obrigatoriedade do título de especialista ou certificado de pós-
graduação para prescrição de fitoterápicos e preparações magistrais. 
 Resolução CFN 556/2015 - Altera as Resoluções nº 416, de 2008, 
e nº 525, de 2013, e acrescenta disposições à regulamentação da prática da 
Fitoterapia para o nutricionista como complemento da prescrição dietética. 
 Art. 2º O exercício das competências do nutricionista para a prática 
da Fitoterapia como complemento da prescrição dietética deverá observar que: 
I - a prescrição de plantas medicinais e chás medicinais é permitida a 
todos os nutricionistas, ainda que sem título de especialista; 
II - a prescrição de medicamentos fitoterápicos, de produtos 
tradicionais fitoterápicos e de preparações magistrais de fitoterápicos, 
como complemento de prescrição dietética, é permitida ao 
nutricionista desde que seja portador do título de especialista em 
Fitoterapia. 
 
 
 
12 
MEDICINA INTEGRATIVA: O PAPEL DO BIOMÉDICO 
A medicina integrativa surgiu há aproximadamente 20 anos, quando 
algumas instituições consideradas como referência na área de medicina e 
filantropia passaram a se reunir nos Estados Unidos para discutir aspectos 
relacionados à saúde, por entenderem que precisavam de uma nova abordagem 
na prevenção e tratamento de doenças. 
Atualmente essa prática é bastante difundida nos EUA e está presente 
em diversos centros universitários acadêmicos norte-americanos, como 
Harvard, Arizona, Massachusetts, Mayo Clinic e Cleveland Clinic, entre outros. 
No Brasil, em maio de 2006, o Ministério da Saúde criou a Política 
Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PIC), normatizando, por 
meio de uma portaria, a prática de tratamentos complementares, como 
homeopatia, fitoterapia, acupuntura e outros, pelo SUS (Sistema Único de 
Saúde). 
Desde então as terapias alternativas estão ganhando cada vez mais 
espaço em hospitais públicos e privados, sendo o Hospital Albert Einstein, 
através do seu Instituto de Ensino e Pesquisa, o primeiro a oferecer um curso de 
pós-graduação lato sensu em medicina integrativa. 
 
Imagem disponível em: https://www.congresoclamic.com/sin-categoria/medicina-integrativa/ 
 
Interdisciplinaridade 
A medicina integrativa propõe a interdisciplinaridade por meio da 
associação de técnicas e reunião de vários profissionais de áreas e formações 
distintas, o que permite ampliar a percepção sobre a doença e definir uma melhor 
linha terapêutica, analisando o indivíduo como um todo: corpo, mente e 
espírito. 
 
 
 
13 
Nessa modalidade, pode-se lançar mão tanto da medicina convencional 
(alopatia), quanto de métodos alternativos e menos invasivos, sempre que 
possível, como musicoterapia, homeopatia, acupuntura, uso de fitoterápicos, 
aromaterapia, técnicas de respiração, meditação, quiropraxia, reiki e tai chi 
chuan, entre várias outros. Porém, sempre com base em estudos criteriosos e 
evidências quanto à sua eficácia. 
A abordagem terapêutica é compartilhada e integrada entre todos os 
profissionais de saúde envolvidos e inclui, entre outros aspectos, orientações 
sobre alimentação, exercícios físicos, gerenciamento de estresse e bem-estar 
emocional. Isso vai além do manejo de sintomas, englobando todos os fatores 
que influenciam o processo da doença e da cura. 
Muito embora, na medicina convencional, as figuras do médico e do 
enfermeiro sejam muito disseminadas, o que faz com que a presença de outros 
profissionais da área de saúde não seja bem compreendida ainda, na medicina 
integrativa o trabalho desses outros profissionais torna-se essencial, pois através 
dessa interdisciplinaridade é possível olhar e tratar o paciente como um todo. 
E, ao olharmos para o indivíduo como um todo, criamos uma conexão 
mais profunda que ultrapassa o papel de cura e controle da doença, o que nos 
permite estabelecer uma empatia e, consequentemente, uma melhor 
compreensão dos fatores envolvidos. 
Dentre esses profissionais da saúde, encontra-se o biomédico, cuja 
regulamentação da profissão se deu pela Lei nº 6.684, de 3 de setembro de 
1979. 
Segundo o art. 4º da referida lei, ao biomédico compete 
atuar em equipes de saúde, a nível tecnológico e nas 
atividades complementares de diagnósticos. 
 
Competências e habilidades do biomédico 
A Resolução nº 2, de 18/02/2003, em seu art. 4º, instituiu as 
Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Biomedicina, 
dispondo que, dentre as competências e habilidades do biomédico, estão o 
desenvolvimento de ações para prevenção, promoção, proteção e reabilitação 
 
 
 
14 
da saúde, tomando decisões que visam à eficácia da força de trabalho, 
medicamentos, equipamentos, procedimentos e práticas. 
Dentre as 35 possíveis habilitações do biomédico, destaca-se a 
acupuntura, que abrange não apenas a técnica de mesmo nome, como também 
diversas técnicas diagnósticas e terapias integrativas, segundo a Normativa n° 1 
do CFBM (Conselho Federal de Biomedicina), publicada em 10/04/2012. 
Além disso, o biomédico, devidamente capacitado, pode atuar como 
terapeuta ortomolecular, realizando diversos procedimentos, entre eles a 
ozonioterapia, fitoterapia, cromoterapia, e bioressonância. 
Diante da abrangência dessa profissão, fica evidente que a medicina 
integrativa é uma área onde esse profissional não só se encontra apto a atuar, 
como tem muito a acrescentar, colaborando com seu conhecimento no campo 
da saúde a da ciência, através da multidisciplinaridade de sua atuação, que 
engloba o campo da pesquisa, prevenção, tratamento e diagnóstico de inúmeras 
doenças e disfunções. 
Com essa visão macro, encontra-se perfeitamente chancelado para 
perseguir a conquista de adoção de políticas públicas de saúde que tenham 
como objetivo a promoção da saúde e bem-estar. 
METABOLISMO DAS PLANTAS 
Metabolismo: Conjunto de reações químicas que continuamente 
ocorrem em cada célula. As reações enzimáticas podem: anabólicas, catabólicas 
e de biotransformação. 
As rotas metabólicas visam primariamente a obtenção de nutrientes para 
a necessidade da célula, como energia (ATP), poder redutor (NADPH) e 
biossíntese de compostos essenciais à sua sobrevivência (carboidratos, lipídios 
e proteínas). 
Os processos essenciais à vida e comuns nos vegetais são denominados 
reações do metabolismo primário, que se caracteriza por grande produção, 
distribuição universal e com funções essenciais. O metabolismo da célula 
vegetal é subdividido em metabolismo primário e metabolismo secundário. 
O metabolismo primário refere as reações metabólicas relacionadas 
diretamente aos processos vitais do vegetal. Resulta nas seguintes substâncias: 
 
 
 
15 
carboidratos, proteínas, lipídios, celulose e lignina. É comum a todos os vegetais. 
Correspondeàs reações de fotossíntese e respiração celular. 
É o metabolismo secundário que caracteriza-se pela biossíntese de 
micromoléculas com diversidade e complexidade estrutural, produção em 
pequena escala, distribuição restrita e especificidade. Os metabólitos 
secundários por serem fatores de interação entre organismos, frequentemente 
apresentam atividades biológicas interessantes, sendo de grande interesse para 
o estudo de substâncias oriundas de espécies vegetais. São os produtos do 
metabolismo secundário da célula vegetal que possuem função específica na 
Nutrição Defensiva (Nutrição Funcional) e na Fitoterapia. 
As ações esperadas dos fitoquímicos derivados do metabolismo 
secundário das plantas são: 
 Adstringentes – cicatrizantes e anti-inflamatórios; 
 Antirreumáticas – diminuição de ácido úrico, gota e reumatismo; 
 Antissépticas – diminuição de microrganismos; 
 Antidiarréicas – controlam a eliminação de água; 
 Calmantes – ansiolíticos e diminuidores de estresse mental; 
 Carminativas – diminuição de flatulência; 
 Coleréticas – aumentam a eliminação de bile; 
 Depurativas – aumentam a eliminação de toxinas; 
 Digestivas – aumentam a hidrolise em TGI; 
 Diuréticas – ação aquarética, com ou sem eliminação de eletrólitos; 
 Emagogas – regulam a eliminação menstrual; 
 Eméticas – estimulam o vômito; 
 Estimulantes – aumentam a energia e o TMB; 
 Expectorantes – eliminam catarro do sistema aéreo; 
 Laxativas – aceleram o peristaltismo; 
 Hepatoprotetoras – atuam em fases de desintoxicação hepáticas; 
e 
 Oxigenas – estimulam o apetite. 
 
 
 
 
16 
CONCEITOS IMPORTANTES EM FITOTERAPIA 
 
 
 
 
 
17 
Fitoterapia: é um sistema terapêutico (alopático) caracterizado pelo uso 
de plantas medicinais ou derivado, em suas diferentes formas farmacêuticas, 
sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal. 
Planta Medicinal: é uma espécie vegetal, cultivada ou não, utilizada com 
propósitos terapêuticos; 
Droga Vegetal: é a planta medicinal, ou suas partes, que contenham as 
substâncias, ou classes de substâncias, que causam a ação terapêutica, após 
processos de coleta, estabilização, quando aplicável e secagem, na forma 
íntegra, rasurada, triturada ou pulverizada. 
Derivado Vegetal: é o produto da extração da planta medicinal in natura 
ou da droga vegetal o qual se apresenta na forma de extrato, tintura, alcoolatura, 
óleo fixo e volátil, cera, exsudado e outros. 
Fitocomplexo: é um conjunto de todas as substâncias, originadas do 
metabolismo primário (aminoácidos, proteínas, lipídios, nucleotídeos, 
carboidratos, vitaminas e hormônios) ou secundário (alcaloides, flavonoides, 
saponinas, lignoides, cumarinas, glicosidios cianogênicos, taninos, entre outros) 
responsáveis, em conjunto, pelos efeitos biológicos de uma planta medicinal ou 
de seus derivados. 
Chá Medicinal: são drogas vegetais com fins medicinais a serem 
preparadas por meio de infusão, decocção ou maceração em água. 
Fitoterápico: é o produto obtido de matéria-prima ativa vegetal ou de 
seus derivados, exceto substâncias isoladas, com finalidade profilática, curativa 
ou paliativa. 
Medicamentos Fitoterápicos: são produtos tecnicamente elaborados 
obtidos com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais cuja 
segurança e eficácia sejam baseadas em evidências clínicas e que sejam 
caracterizados pela constância de sua qualidade. 
Produto Tradicional Fitoterápico: são os produtos obtidos com 
emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais cuja segurança e 
efetividades são baseadas em dados publicados na literatura técnico-científica e 
que sejam concebidos para serem utilizados sem a vigilância de um médico para 
fins de diagnóstico, de prescrição ou de monitorização. 
 
 
 
18 
Fitofármacos: são substância purificada e isolada a partir de matéria-
prima vegetal com estrutura química definida e atividade farmacológica. Os 
fitofármacos não são considerados fitoterápicos. 
FORMAS DE APRESENTAÇÃO DOS FITOTERÁPICOS 
 
RASURA  Processo de fragmentação da droga vegetal através de 
moinhos. 
A droga vegetal rasurada é largamente utilizada no preparo de chás 
(infusos ou decoctos) pelo próprio paciente. 
 
Indicação: infusos e decoctos. Podem ser utilizadas para uso externo, 
como banhos e cataplasmas. 
Vantagens: acondiciona bem grandes doses e plantas volumosas. 
Desvantagem: em fórmulas, não há boa homogeneidade. 
 
PÓ  Consiste na droga vegetal, seca, moída finamente. É a forma 
farmacêutica em que o princípio ativo encontra-se pulverizado, podendo ser 
destinado ao uso interno ou externo. 
Droga vegetal  Moagem  Pó 
 
 
 
 
19 
Limitação de uso: dificuldade de padronização farmacológica e do 
controle de qualidade. 
Indicação: é usado como infuso (chá) ou misturado diretamente em 
bebidas ou frutas amassadas. É especialmente indicado para pacientes com 
dificuldade em ingerir cápsulas ou com intolerância gástrica a elas. 
Vantagens: garante homogeneidade da mistura, bom acondicionamento, 
facilita a extração dos princípios ativos e possui facilidade de administração ao 
paciente. 
Desvantagens: pode causar irritabilidade em esôfago e promover 
náuseas em pessoas sensíveis, em especial para princípios amargos. 
 
INFUSÃO  Trata-se de uma técnica extrativa que consiste em lançar 
sobre a planta água fervente, mantendo-se o líquido e a planta encerrados num 
vaso fechado, em contato durante certo tempo. 
Esta técnica é utilizada para plantas tenras, folhas, flores reduzidas 
normalmente a pó ou rasuradas. É conhecido popularmente como chá por 
infusão. 
Preparo: separe as partes que lhe interessam e lave-as cuidadosamente. 
Pode-se utilizar plantas medicinais variadas, desde que de órgãos vegetais 
idênticos (só folhas ou só flores). Ferva a água, desligue e mergulhe as partes 
da planta. 
Observe a proporção: 5 partes de planta para 95 partes de água! 
Cubra e deixe abafado por 5 a 30 minutos. Obs.: É importante abafar, 
principalmente quando se utiliza folhas e flores, para evitar a perda das 
propriedades medicinais. 
 
DECOCÇÃO  Consiste em manter um sólido (no caso, a planta) em 
contato, durante certo tempo, com um solvente, normalmente a água em 
ebulição, obtendo-se deste modo, uma solução extrativa denominada decocto 
ou cozimento. 
É uma técnica empregada para plantas que possuem superfície e partes 
lenhosas (cascas, raízes e folhas muito duras). É chamado de chá por fervura. 
 
 
 
20 
Preparo: separe as partes da planta que lhe interessem e lave-as 
cuidadosamente. Em um recipiente com água, adicione as partes da planta e 
submeta à cocção (10 a 20min). 
O tempo de preparo depende da parte da planta utilizada: 
 2 minutos para folhas e flores 
 7 minutos para raízes e caules 
 10 minutos para a planta toda 
Observe a proporção: 10 partes de planta para 150 partes de água. 
Após este tempo, retire do fogo e deixe o recipiente tampado por alguns 
minutos antes de usar. Proceda a filtragem antes de ingerir. 
 
 
MACERAÇÃO  consiste em um tipo de extração a frio de acordo com 
a relação química entre ativo e solvente, no qual certas plantas são deixadas em 
repouso em determinado 
líquido (água destilada, 
vinho, álcool de cereais e 
óleos), durante um certo 
período, para extração, 
exemplo azeite aromatizado 
ou vinagre com especiarias. 
 
 
 
 
21 
TINTURA  As tinturas são soluções hidroalcoólicas (30º a 96ºGL) 
obtidas de vegetais secos por maceração ou por percolação. Geralmente feito 
com 20% a 25% de planbtas secas para as tinturas vegetais. A tintura mãe segue 
a padronização de 10% e é a base para produção de homeopatias. 
Podem ser: 
 simples (extração de uma única espécie) ou 
 composta (extração de duas ou mais espécies). 
As tinturas devem ser administradas diluídas em água, em função do alto 
teor alcoólico e sabor forte das plantas.Indicação: pacientes com dificuldade para ingestão de cápsulas. 
Vantagens: redução da quantidade de material ingerido para atingir a 
mesma ação medicinal, além da alta biodisponibilidade. 
Desvantagens: Alto teor alcoólico e eventuais incompatibilidades físico-
químicas entre algumas plantas. 
 
 
EXTRATOS SECOS  São preparações sólidas obtidas pela evaporação 
do solvente utilizado na extração. 
Os extratos secos são obtidos pela evaporação do extrato aquoso ou 
alcóolico a uma temperatura que não exceda 50ºC e apresentam, no mínimo, 
95% de resíduo seco, calculados como porcentagem de massa, ou seja, não 
podem exceder 5% de seu peso em água. 
A Farmacopéia Brasileira não estabelece a concentração do extrato seco 
em relação à droga vegetal, ficando a critério do produtor. Extrato seco 
padronizado: O teor de um ou mais constituintes é ajustado a valores 
previamente definidos. 
 
 
 
22 
O objetivo é garantir o controle de qualidade e o desenvolvimento de 
produtos fitoterápicos que preenchessem os requisitos de qualidade, eficácia e 
segurança, exigidos para qualquer medicamento. Exemplo de extratos 
padronizados: 
- Ginkgo biloba: 24% de gingkosídeos; 
- Glycine max: 40% de isoflavonas. 
Normalmente os extratos secos são prescritos em cápsulas. 
Indicação: pacientes com intolerância ao cheiro e/ou ao gosto de uma ou 
mais plantas da fórmula. 
Vantagens: fácil administração e facilidade de transporte. 
Desvantagens: dificuldade de uso pediátrico, inviável para algumas 
plantas volumosas, fracionamento da dose em grande quantidade de cápsulas, 
intolerância gástrica às cápsulas ou desconforto em virtude de agentes de 
volume (excipientes). 
A relação entre o derivado de droga vegetal e sua concentração pode ser 
dada de duas formas: 
 a primeira, em que se correlaciona a quantidade de droga vegetal 
utilizada para se obter determinada quantidade de extrato; e 
 a segunda, em que se explicita a quantidade, em percentual, do 
marcador químico e/ou farmacológico daquele extrato. 
À primeira situação dá-se o nome do extrato concentrado e, à segunda 
situação dá-se o nome do extrato padronizado. 
 
 
 
 
 
23 
CUIDADOS COM AS PLANTAS MEDICINAIS 
 
SABER IDENTIFICAR 
• Uma mesma espécie vegetal pode ser conhecida por diferentes nomes 
populares de acordo com a região onde são encontradas. Dessa forma é 
importante saber o nome científico para a correta identificação. Existem ainda 
espécies vegetais que apresentam o mesmo nome popular, porém são espécies 
diferentes, para indicações também diferentes. Ex: Erva de São João 
(Hypericum perforatum L.) e Erva de São João (Ageratum conyzoides L.). 
• É importante utilizar as plantas medicinais mediante a indicação de um 
profissional qualificado. 
• Cuidado para não confundir a espécie a ser utilizada com outras de 
características semelhantes. Ex: Gengibre (Zingiber officinale Roscoe), Zedoária 
(Curcuma zedoaria (Christm.) Roscoe), Cúrcuma (Curcuma longa L.). 
 
SABER ONDE COLHER 
• As espécies medicinais devem ser colhidas em hortos comunitários, 
hortas caseiras ou vasos. Evite colher plantas medicinais em terrenos com 
contaminação de poluentes químicos e biológicos; 
 
ALERTA: 
• Não colha plantas na beira de rios, córregos poluídos, esgotos, nem às 
margens das estradas devido à contaminação dos poluentes (fumaça dos carros, 
pesticidas, entre outros). 
• Não utilizar herbicidas para controle de pragas. Esse controle pode ser 
feito com espécies ricas em óleos essenciais como o capim-santo (Cymbopogon 
citratus (DC.). Stapf.), citronela (Cymbopogon winterianus Jowitt ex Bor), 
alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham.), etc. 
 
SABER COMO COLHER 
• Os cuidados que devem ser tomados durante a colheita visam preservar 
a integridade das partes colhidas para evitar perda de princípios ativos. Seguem 
algumas recomendações: 
 
 
 
24 
 
• A colheita deve ser realizada com o tempo seco, de preferência pela 
manhã. Não se recomenda, executá- la com água sobre as partes, por exemplo, 
com o orvalho da manhã. 
• Para as sementes recomenda-se aguardar o completo amadurecimento, 
quando os frutos são de sementes que caem após o amadurecimento, deve-se 
antecipar a colheita. 
• As cascas são colhidas quando a planta atinge a plenitude de seu 
crescimento, ao fim de ciclo anual ou antes da floração (nas perenes). Nos 
arbustos as cascas são separadas no outono, e nas árvores, na primavera. 
• As ferramentas de colheita variam de acordo com a planta colhida: flores 
e hastes utiliza-se tesoura de poda; raízes e parte subterrâneas são utilizadas 
pás, enxadas e enxadões. 
 • Durante a colheita, evitar a incidência direta de raios solares sobre as 
partes colhidas, principalmente folhas e flores. No caso de raízes, pode-se deixar 
por algum tempo ao sol. 
 
SABER COMO SECAR 
• As plantas medicinais devem ser adquiridas secas. O processo de 
secagem garante a qualidade da droga vegetal e maior tempo de uso. 
 • A secagem deve ser iniciada imediatamente após a colheita, devido à 
necessidade da estabilização dos metabólitos secundários; 
• As folhas e inflorescências de plantas ricas em óleos essenciais devem 
ser secas a sombra e em local arejado. As raízes e cascas devem ser lavadas, 
cortadas em pequenos pedaços e secas ao sol ou em estufa de ar circulante, a 
45°C. 
 
 
 
25 
• As plantas devem ser secas separadamente e identificadas em estrados 
ou bandejas dispostas em camadas finas e revolvidas diariamente para acelerar 
a secagem. 
• O tempo de secagem natural ou artificial, varia de acordo com cada 
espécie e com a parte da planta. 
 
SABER A PARTE DA PLANTA A SER USADA 
• É preciso conhecer a planta e saber em que parte da mesma se encontra 
a maior concentração de metabólitos secundários para a atividade indicada. Ex: 
caules alados de carqueja (Baccharis trimera (Less.) DC.); capítulos florais de 
camomila (Matricaria chamomilla L.); cascas de barbatimão (Stryphnodendron 
adstringens (Mart.) Coville); rizomas de gengibre (Zingiber officinale Roscoe); 
raízes de alcaçuz (Glycyrrhiza glabra L.) e frutos de erva-doce (Pimpinella 
anisum L.). 
 
SABER QUANTO USAR 
• A quantidade da planta a ser utilizada é importante para a obtenção da 
dose correta e para evitar efeitos tóxicos da preparação; Deve-se ficar atento as 
doses sugeridas nos Formulários Oficiais. 
ALERTA: 
• As plantas só devem ser consumidas dentro de um esquema terapêutico 
em plena observância da dose utilizada, frequência de uso, via de administração, 
forma de preparação e tempo de utilização. 
 
SABER COMO PREPARAR 
• Existem diferentes formas de preparação à base de plantas medicinais 
a exemplo do infuso, decocto, macerado, entre outros e cada uma delas altera a 
liberação dos componentes. Dependendo da planta a ser utilizada, de seus 
princípios ativos e da doença a ser tratada, uma forma de preparo pode ser mais 
eficaz que outra. 
 
SABER COMO USAR 
• Deve ser observado se a indicação é para uso interno ou externo. 
Existem espécies vegetais que só devem ser usadas externamente. 
 
 
 
26 
• A mistura ou associações de plantas medicinais pode ser realizada com 
orientação profissional, levando em consideração possíveis interações 
medicamentosas. O mesmo deve ser considerado quanto ao uso concomitante 
de medicamentos sintéticos e plantas medicinais. 
 
SABER COMO ARMAZENAR 
• As espécies vegetais devem ser armazenadas devidamente secas em 
sacos plásticos/papéis ou potes de vidro previamente higienizados e 
devidamente identificados, em local arejado. 
• Renove periodicamente as espécies vegetais que você costuma fazer 
uso. 
 
SABER DA TOXICIDADE DA PLANTA 
• Espécies vegetais podem induzir intoxicação, dependendo de quem as 
toma, do quanto é administrado e do tempo de uso. Muitas plantas medicinais a 
depender da dose têm efeito abortivo e teratogênico. Existemplantas que 
independente da dose são potencialmente venenosas e não devem ser 
utilizadas. 
Ex: comigo-ninguém-pode (Diffenbachia picta Schot); mamona (Ricinus 
communis L.); espirradeira (Nerium oleander L.). 
PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS COMUMENTE EM 
NUTRIÇÃO 
 
1.Camomila (Matricaria chamomilla) 
É uma planta tradicionalmente utilizada para tratamento de desconfortos 
abdominais, como cólicas e como sedativo leve. 
Extratos das flores de camomila 
possuem efeitos antidiarréicos, antissecretório 
e antiespasmódico, por ativação de canais de 
potássio e antagonista de canais de cálcio. 
A camomila diminui a cólica abdominal 
por diminuição do peristaltismo. 
 
 
 
27 
2.Espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) 
Possui uso popular para tratamento de distúrbios 
gástricos. Suas folhas possuem frações flavônicas que 
exercem ações gastroprotetoras. Possui ação na 
motilidade gástrica em quadros de diarreia. O 
mecanismo por trás desse efeito dá-se pela ação em 
receptores muscarínicos e não em dopaminérgicos. O extrato de espinheira-
santa reduz a secreção ácida por inibição da bomba de prótons, sendo 
gastroprotetor em hipersecreção ácida. Em paralelo, possui ação anti-
inflamatória em parede de estômago, sendo mais um auxílio no tratamento de 
úlceras. A infusão de espinheira-santa pode ser feita por nutricionista, ao passo 
que a prescrição de medicamentos à base é exclusiva médica. 
 
 
3.Guaçatonga (Casearia sylvestris) 
Utilizada tradicionalmente para inflamação e 
úlceras, por mecanismos diferentes da espinheira-
santa. Suas folhas contém uma classe de terpenos que 
inibem fosfolipase A2, evitando lesão de parede 
gástrica por meio de atividade antiinflamatória não 
esteroidal, ou seja, interferência na cascata química da 
ciclo-oxigenases. Possui ação cicatrizante da mucosa 
gástrica. Foi demonstrado aumento de deposição de colágeno em pontos de 
úlceras, em modelo animal. O efeito é melhor na forma de infusão que extrato 
seco, dada a ação direta do infuso na mucosa gástrica. 
 
4.Boldo-do-Chile (Peumus boldus) 
Suas folhas contém um grande número de alcalóides boldina e 
flavonóides. É utilizada para desordens hepáticas. Possui ação na inibição da 
atividade da acetilcolinesterase e ação antioxidante., inclusive na ação SOD 
mitocondrial manganês dependente. (MnSOD) em fígado e pâncreas. 
A infusão de folhas exerce ação hepatoprotetora contra xenobióticos, uma 
vez que agem nas fases de biotransformação hepática e diminuem o processo 
de peroxidação lipídica. Sua ação é complementada com alcachofra (Cyanara 
 
 
 
28 
scolymus), cardo mariano (Sylibum marianum) e 
dente-de-Leão (Taraxacum officinale), uma 
sinergia que modula enzimas chaves dos 
diversos desequilíbrios associados à síndrome 
plurimetabólica, como a lípase pancreática e a α-
glucosidase. 
Sua ação no estômago se deve à 
presença das catequinas, que tem demonstrado 
uma potente atividade antiurease e antiaderência 
de H. pylori, possuindo ação gastroprotetora, especialmente contra câncer de 
estômago. 
 
5.Dente-de-Leão (Taraxacum officinale) 
Uso popular para processo de má 
digestão de gorduras e como diurético. Suas 
folhas são ricas em sesquiterpenos, saponinas, 
compostos fenólicos, flavonóides e fibras. 
Possui atividade antioxidante e anti-
inflamatória em TGI, além de possível atuação 
em fases de biotransformação hepática. 
Folhas de dente-de-Leão consumidas 
cruas ou como infuso estimulam o crescimento 
de lactobacilos e bifidobactérias. 
Uso clínico em disbiose. 
 
Erroneamente acredita-se que um fitoterápico ou uma planta medicinal, 
por ser natural e não ter sido industrializado está livre de componentes químicos 
e efeitos colaterais. Isto faz com que as pessoas adotem a automedicação. No 
entanto estes compostos, como outros quaisquer, produzem reações no 
organismo, positivas ou negativas (ZANCANARO, 2007). A fitoterapia como 
qualquer outra terapêutica, deve ser praticada com prudência e com 
conhecimento. Se o uso inadequado de plantas medicinais em patologias 
simples pode não trazer maiores danos, o mesmo não ocorre em patologias que 
necessita uma intervenção médica rigorosa (FIGUEIREDO, 2007). 
 
 
 
29 
Uma alimentação equilibrada e variada proporciona a manutenção da 
saúde, pois proporciona os nutrientes necessários e os compostos bioativos que 
podem reduzir os riscos de doenças. Os alimentos ou ingredientes que alegarem 
propriedades funcionais básicas, produzir efeitos metabólicos e ou fisiológicos 
devem ser consumidos de forma segura sem supervisão médica. 
(BEVILACQUA, HARAGUCHI, WADT, 2010). 
Alguns compostos minerais presentes nas plantas possuem um papel 
preventivo no combate de doenças. No entanto, níveis elevados desses minerais 
podem ser perigosos e tóxicos ao organismo. Alguns minerais como Co, Cr, Cu, 
Fe, Mn, Mg, Mo, Se e Zn são considerados essenciais à saúde por atuarem em 
importantes vias metabólicas (SILVA et al., 2010). 
Os alimentos funcionais devem apresentar propriedades benéficas além 
das nutricionais básicas, sendo apresentados na forma de alimentos comuns. 
São consumidos em dietas convencionais, mas demonstram capacidade de 
regularem funções corporais de forma a auxiliar na proteção contra doenças 
como hipertensão, diabetes, câncer, osteoporose e coronariopatias 
(HUNGENHOLTZ e SMID, 2002). A maioria dos nutracêuticos e alimentos 
funcionais são de origem vegetal, no entanto, há alguns de outras origens, já os 
fitoterápicos são exclusivamente de origem vegetal (BRASIL et al., 2008). 
Algumas interações com alimentos são benéficas e outras podem 
acarretar danos ao organismo. As interações entre nutrientes dependem, na sua 
maioria, dos hábitos alimentares do indivíduo, não tendo grandes consequências 
clínicas se houver consumo de dieta equilibrada. O desequilíbrio no consumo 
dos alimentos e o uso crônico de alguns fármacos devem ser considerados pode 
ocasionar algumas destas interações negativas. A ocorrência da interação 
depende da natureza física e química do medicamento, da formulação na qual o 
medicamento é administrado, do tipo e volume da refeição, da ordem de ingestão 
do alimento e medicamento, do intervalo de tempo entre alimentação e a 
administração do medicamento, da idade e estado nutricional do indivíduo 
antagonismos entre fármacos e nutrientes e fármacos x fármacos são 
frequentemente verificados na prática clínica (REIS, 2004). 
Com o aumento de doenças crônicas em grande parte da população, 
aumentou também a procura por hábitos alimentares mais saudáveis. Uma das 
categorias alimentares mais procuradas é a dos novos alimentos/ingredientes, 
 
 
 
30 
substâncias bioativas, alimentos para fins especiais e até mesmo medicamentos 
fitoterápicos derivados de alimentos. (PEREIRA E BAJO, 2012). 
As interações de alimentos atrasam o esvaziamento gástrico e reduzem 
a absorção de muitos fármacos; a quantidade total absorvida de fármaco pode 
ser ou não reduzida (HOEFLER E WANNMACHER, 2010). 
Para garantir o uso eficaz e seguro de necessário também identificar os 
possíveis riscos de interações a que estão expostos os indivíduos que fazem o 
uso concomitante desses compostos com tipos diferenciados de alimentos. 
 
PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERAPIA NO BRASIL 
O uso de plantas medicinais é milenar, entretanto, desde o início deste 
século, tem ocorrido um crescente interesse pelo estudo de espécies vegetais e 
seu uso tradicional em diferentes partes do mundo (Cheikhyoussef et al., 2011), 
sobre tudo para garantir que a utilização seja racional e segura. 
Desde a declaração de Alma Ata, as organizações públicas 
governamentais têm demonstrado grande interesse e reunido esforços para o 
estudo e desenvolvimento desse tema, dada a sua magnitude, seja pela grande 
e crescente utilização desses recursos na terapêutica, como também por ser 
uma alternativa para ampliar o acessoda população ao tratamento terapêutico. 
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% da 
população de países em desenvolvimento utilizam-se de práticas tradicionais na 
atenção primária à saúde e, desse total, 85% fazem uso de plantas medicinais 
(Rosa et al., 2011). No Brasil, 20% da população consomem 63% dos 
medicamentos alopáticos, o restante encontra nos produtos de origem natural, 
especialmente as plantas, uma fonte alternativa de medicação (Marinho et al., 
2007). 
Dessa forma, com a finalidade de organizar e consolidar a utilização das 
plantas medicinais e fitoterápicos, com vistas às recomendações da OMS o 
governo brasileiro vem normatizando o assunto no SUS por meio de Políticas 
Públicas de Saúde, como a Política Nacional de Práticas Integrativas e 
Complementares, Política Nacional de Medicamentos, Programa Nacional de 
Plantas Medicinais e Fitoterápicos e a própria Lei Orgância da Saúde. 
 
 
 
31 
O Ministério da Saúde (MS) é o órgão do Poder Executivo Federal 
responsável pela organização e elaboração de planos e políticas públicas 
voltados para a promoção, prevenção e assistência à saúde dos brasileiros. É 
função do ministério dispor de condições para a proteção e recuperação da 
saúde da população, reduzindo as enfermidades, controlando as doenças 
endêmicas e parasitárias e melhorando a vigilância à saúde, dando, assim, mais 
qualidade de vida ao brasileiro. Desta forma, a missão do MS é promover a 
saúde da população mediante a integração e a construção de parcerias com os 
órgãos federais, as unidades da Federação, os municípios, a iniciativa privada e 
a sociedade, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e para o 
exercício da cidadania (Ministério da Saúde, 2015). 
No Brasil a regulamentação do uso de plantas medicinais e da Fitoterapia 
iniciou-se em 2006 com a aprovação da Política de Práticas Integrativas e 
Complementares no SUS (PNPIC), que aborda dentre outras práticas 
tradicionais a utilização de plantas medicinais e a Fitoterapia. A partir desta 
legislação e em conformidade com orientações da OMS, também em 2006 foi 
aprovada a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) e 
em 2008 o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Outro 
marco importante foi a publicação da Relação Nacional de Plantas Medicinais 
de Interesse para o SUS (RENISUS). 
A Portaria Nº 971 de 03 de maio de 2006 que aprova a Política Nacional 
de Práticas Integrativas e Complementares segue o disposto ao inciso II do Art. 
198 da Constituição Federal, que dispõe sobre a integralidade da atenção e ao 
Art. 3º da Lei 8.080/90 que diz respeito ás ações destinadas a garantir às 
pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e social, como 
fatores determinantes e condicionantes da saúde e ainda ao preconizado pela 
OMS com relação ao estimulo ao uso da medicina tradicional (Brasil, 2006a). 
Em seu anexo esta portaria apresenta o histórico nacional relacionado 
com a sua construção, conceitos acerca da medicina tradicional, inclusive o de 
plantas medicinais e Fitoterapia, bem como seus objetivos e diretrizes (Brasil, 
2006a). 
 
 
 
32 
 
Enquanto que a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos 
tem por finalidade estabelecer as diretrizes para a atuação do governo na área 
de plantas medicinais e fitoterápicos, elaborou-se a Política Nacional de Plantas 
Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF), que se constitui parte essencial das 
políticas públicas de saúde, meio ambiente, desenvolvimento econômico e social 
como um dos elementos fundamentais de transversalidade na implementação 
de ações capazes de promover melhorias na qualidade de vida da população 
brasileira (Brasil, 2006b). 
Esta política foi aprovada por meio do Decreto 5.813 de 22 de junho de 
2006. Este estabelece dentre outras coisas, as diretrizes para as ações voltadas 
à garantia do acesso seguro e uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos 
em nosso país (Brasil, 2006b), tornando-se um legal e histórico para às áreas 
das plantas medicinais e dos fitoterápicos no Brasil. 
A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos constitui parte 
essencial das Políticas Públicas de Saúde, meio ambiente, desenvolvimento 
econômico e social, atuando como um dos elementos fundamentais de 
transversalidade na implementação de ações capazes de promover melhorias 
na qualidade de vida da população. Esta política estabelece as diretrizes e linhas 
prioritárias para o desenvolvimento de ações, pelos diversos parceiros, em torno 
de finalidades comuns (Gonçalves et al., 2013). 
Outros pontos importantes do Decreto 5.813/2006 é o incentivo ao 
desenvolvimento de tecnologias e inovações e o fortalecimento das cadeias e 
dos arranjos produtivos, ao uso sustentável da biodiversidade brasileira e ao 
 
 
 
33 
desenvolvimento do Complexo Produtivo da Saúde (Brasil, 2006b), sendo estes 
pontos chaves para desenvolvimento dos medicamentos da biodiversidade. 
O objetivo geral da PNPMF é amplo: “Garantir à população brasileira o 
acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, 
promovendo o uso sustentável da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia 
produtiva e da indústria nacional” (Brasil, 2006b), marco legal e histórico, pois 
além de se firmar como uma política de saúde pública tem caráter ambiental, 
científico, social e econômico. 
Considerando o disposto na PNPMF, em 2008 a Portaria 2.960/2008 
instituiu o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, e cria 
também o Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. 
O Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos estabelece 
ações, parceiros em torno de objetivos comuns voltados à garantia do aceso 
seguro e uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos no país, ao 
desenvolvimento de tecnologias e inovações, assim como ao fortalecimento das 
cadeias e dos arranjos produtivos, ao uso sustentável da biodiversidade 
brasileira e ao desenvolvimento do Complexo Produtivo da Saúde (Brasil, 2008). 
Os princípios do programa englobam a regulamentação do manejo, 
distribuição e uso de plantas medicinais e fitoterápicos; a formação técnico- 
científica e capacitação na área de plantas medicinais e fitoterápicos; a 
capacitação e formação de recursos humanos para pesquisas, tecnologias e 
inovação em plantas medicinais e fitoterápicos; estratégias de comunicação e 
divulgação do setor de plantas medicinais e fitoterápicos; o fomento da pesquisa, 
desenvolvimento tecnológico e inovação com base na biodiversidade brasileira; 
o incentivo ao cultivo e produção de fitoterápicos; ações para promover o acesso 
seguro e racional, a eficácia e a qualidade das plantas medicinais e fitoterápicos, 
dentre outras (Brasil, 2008). Essas diretrizes estão em consonância com a 
PNPMF e com as estratégias da atenção primária à saúde, além promover o 
desenvolvimento de ações voltadas para os medicamentos da biodiversidade e 
são importantes para melhoria dos serviços ofertados pelo SUS no âmbito das 
plantas medicinais e fitoterápicos. 
O incentivo ao cultivo e à produção de fitoterápicos e medicamentos da 
biodiversidade descritos no Programa Nacional de Plantas Medicinais e 
Fitoterápicos tem por finalidade diminuir a dependência de matéria prima 
 
 
 
34 
estrangeira. Para se ter ideia da importância do assunto, em caso de 
interrupções abruptas nas importações de matérias-primas e medicamentos 
químicos, cerca de 25% dos nossos diabéticos correriam risco de vida, 15% dos 
hipertensos e portadores de úlceras gastroduodenais estariam privados de 
medicação supostamente adequadas e a quase totalidade dos pacientes 
transplantados estaria virtualmente privada de medicamentos 
imunossupressores (Panazzi, 2010). 
 
REGULAMENTAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS E 
FITOTERÁPICOS NO BRASIL 
No Brasil a regulamentação de fitoterápicosremonta dos anos 80, a 
Portaria Nº 212 de 11 de setembro de 1981 no item 2.4.3, definiu o estudo de 
plantas medicinais como uma das prioridades de investigação clínica, em 1982 
o MS lançou o Programa de Pesquisa de Plantas Medicinais da Central de 
Medicamentos, a fim de obter o desenvolvimento de uma terapêutica alternativa 
e complementar (Brasil, 2008). E mais atual como vimos anteriormente em 2006 
foram criadas a PNPIC e a PNPMF. 
Em relação ao controle na produção e distribuição de plantas medicinais 
e fitoterápicos a normatização do MS ocorre por meio das resoluções elaboradas 
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Atualmente a principal 
regulamentação sobre plantas medicinais e fitoterápicos é a Resolução Nº 26 de 
2014 que revogou as Resoluções Nº 14/2010 e nº 10/2010 (ANVISA, 2014). 
 
Resoluções Relevantes 
A produção, prescrição e distribuição de plantas medicinais e fitoterápicos 
é regulada pela ANVISA, desta forma algumas legislações devem ser 
observadas a fim de atender as normas sanitárias e garantir a qualidade dos 
serviços ofertados no âmbito das plantas medicinais e fitoterápicos. 
A RDC Nº 26 de 13 de maio de 2014 dispõe sobre o registro de 
medicamentos fitoterápicos e o registro e a notificação de produtos tradicionais 
fitoterápicos, abrange os produtos industrializados que se enquadram como 
medicamentos fitoterápicos e produtos tradicionais fitoterápicos e estabelece os 
 
 
 
35 
requisitos mínimos para registro e renovação de registro e notificação desses 
produtos e conceitos relacionados. 
Os medicamentos fitoterápicos são registrados e os produtos tradicionais 
fitoterápicos registro ou notificação, as plantas medicinais sob a forma de droga 
vegetal, denominadas chás medicinais, serão dispensadas de registros 
conforme Art. 22 do Decreto 8.077 de 2013 e devem ser notificadas como 
fitoterápico tradicional, estes não podem conter excipientes. As preparações 
elaboradas por povos e comunidades tradicionais sem fins lucrativos e não 
industrializadas são dispensadas de registro e notificação (ANVISA, 2014). 
Além dessas, outras resoluções publicadas pela ANVISA e estão 
relacionadas com a produção e distribuição de plantas medicinais e fitoterápicos, 
como a RDC Nº 67 de 08 de outubro de 2007, que dispõe sobre as boas práticas 
de manipulação de preparações magistrais e oficinais para uso humano em 
farmácia (ANVISA, 2007), e a RDC Nº 87 de 21 de novembro de 2008 que altera 
a RDC Nº 67/2007 (ANVISA, 2008), que apresenta atualização em relação ao 
controle de qualidade de matérias primas vegetais e ainda sobre a prescrição 
que medicamentos manipulados. Vale ainda citar, a resolução RDC Nº 17 de 16 
de abril de 2010, que estabelece os requisitos mínimos a serem seguidos na 
fabricação de medicamentos para padronizar a verificação do cumprimento das 
Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos (BPF) de uso humano durante 
as inspeções sanitárias nos artigos de 591 a 607 apresenta as boas práticas de 
fabricação de medicamentos fitoterápicos (ANVISA, 2010). 
FITOTERÁPICOS APLICADOS À OBESIDADE 
A incidência da obesidade tem aumentado a um ritmo alarmante nos 
últimos anos, tornando-se um problema de saúde, com custos sociais 
incalculáveis em todo o mundo. 
Os medicamentos fitoterápicos utilizados para emagrecimento agem no 
organismo como moderadores de apetite ou aceleradores de metabolismo, 
promovendo redução da ingestão alimentar, diminuindo os níveis séricos de 
colesterol, além de ação antioxidante, diurética e lipolítica. Uma grande 
variedade de materiais naturais tem sido explorada por seus potenciais no 
tratamento da obesidade. Estes são principalmente produtos complexos, com 
vários componentes de diferentes características químicas e farmacológicas. 
 
 
 
36 
A obesidade é considerada uma doença moderna, sendo uma das 
patologias de maior crescimento nos últimos anos, segundo a Organização 
Mundial da Saúde (OMS). O sobrepeso e a obesidade são definidos como 
acúmulo anormal ou excessivo de gordura que pode prejudicar a saúde, estando 
as pessoas obesas com maior risco de desenvolver doenças graves. 
A proporção de pessoas acima do peso no Brasil passou de 42,7% em 
2006 para 48,5% em 2011, enquanto o percentual de obesos subiu de 11,4% 
para 15,8% no mesmo período. O aumento da obesidade e do excesso de peso 
atinge tanto a população masculina quanto a feminina. Em 2006, cerca de 47,2% 
dos homens e 38,5% das mulheres estavam acima do peso, enquanto em 2011 
as proporções passaram para 52,6% e 44,7% entre os homens. O problema do 
excesso de peso começa cedo e atinge 29,4% dos que têm entre 18 e 24 anos. 
Entre homens de 25 a 34 anos, a prevalência quase dobra, chegando a 55%. 
Dos 35 aos 45 anos, o percentual é 63%. Entre as mulheres, 6,9% das que têm 
de 18 a 24 anos são obesas. Observa-se, também, que a prevalência quase 
dobra entre mulheres de 25 a 34 anos (12,4%), e quase triplica entre 35 e 44 
anos (17,1%). Após os 45 anos, a frequência da obesidade se mantém estável, 
atingindo cerca de um quarto da população feminina. 
Há algum tempo, o culto à magreza tem gerado nos indivíduos uma busca 
incessante por produtos que tentem minimizar ou mesmo erradicar o problema 
de sobrepeso e/ou obesidade, mas o consumo de fitoterápicos com finalidade 
de emagrecimento tornou-se uma prática excessiva devido, principalmente, à 
falta de informações mais conclusivas. O culto à boa forma física leva os 
indivíduos ao consumo de produtos que contribuem para a redução de peso, 
mas algumas vezes esse consumo ocorre de forma inadequada e sem 
acompanhamento de profissional habilitado. 
Dentre os tratamentos rotineiramente utilizados para 
a obesidade, há aqueles que reduzem a ingestão de 
alimentos; os que alteram o metabolismo e aqueles que 
aumentam a termogênese, os quais se valem de fármacos 
sintéticos ou naturais como os fitoterápicos. Vale destacar, 
ainda, a modificação de hábitos alimentares, prática de 
atividades físicas, assim como os tratamentos cirúrgicos e 
psicológicos. 
 
 
 
37 
Para combater a obesidade, existe uma série de tratamentos, tanto 
medicamentos (sintéticos e semissintéticos), quanto à base de plantas in natura, 
como forma complementar. Dentre as terapias alternativas para tratar a 
obesidade, podem-se destacar: florais, acupuntura, auriculoterapia, atividade 
física e os fitoterápicos. 
Em 1978, a OMS reconheceu oficialmente o uso de fitoterápicos para o 
tratamento da obesidade. Isso aconteceu devido ao fato de 80% da população 
utilizarem as plantas ou preparações contendo as mesmas em uso medicinal. E 
ainda, a acessibilidade e o baixo custo em relação aos medicamentos sintéticos 
favoreceram o fortalecimento e a difusão do uso de fitoterápicos. No Brasil, a 
política de plantas medicinais e fitoterápicos remonta o ano de 1981, por meio 
da Portaria n.º 212, de 11 de setembro, do Ministério da Saúde, que define o 
estudo das plantas medicinais como uma das prioridades de investigação clínica. 
Posteriormente, em 1982, o Ministério da Saúde lançou o Programa de 
Pesquisa de Plantas Medicinais da Central de Medicamentos (PPPM/CEME), 
visando desenvolver uma terapêutica alternativa e complementar com 
embasamento científico, pelo estabelecimento de medicamentos fitoterápicos, 
considerando o valor farmacológico de preparações de uso popular, à basede 
plantas medicinais. 
De acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada nº 48, de 2004, da 
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), fitoterápicos são todos os 
medicamentos preparados exclusivamente com plantas ou partes de plantas 
medicinais raízes, cascas, folhas, flores, frutos ou sementes, que possuem 
propriedades reconhecidas de cura, prevenção, diagnóstico ou tratamento 
sintomático de doenças, validadas em estudos etnofarmacológicos, 
documentações tecnocientíficas ou ensaios clínicos de fase III. 
Desde 2007,com a implantação da Resolução do Conselho Federal de 
Nutricionistas, nº 402, de 6 de agosto de 2007, é permitida a todo profissional 
nutricionista a prescrição de medicamentos fitoterápicos e preparações 
magistrais, como complemento de prescrição dietética de uso oral, sejam estes 
a droga vegetal in natura ou em suas diversas formas farmacêuticas, desde que 
o profissional nutricionista seja portador do título de especialista em Fitoterapia. 
De acordo com a mesma Resolução, a prescrição fica vedada aos fitoterápicos 
 
 
 
38 
isentos de prescrição médica inclusos na Resolução nº 89, de 16 de março de 
2004. 
O emprego da fitoterapia por parte dos profissionais de saúde e o aceite 
destes fármacos pela população vêm crescendo a cada dia, e aproximadamente 
25% dos medicamentos prescritos no mundo atualmente são de origem vegetal. 
 
Camellia sinensis L. 
O chá verde, chá preto, chá da china ou chá inglês, são formas de 
apresentações comerciais diferentes das folhas de Camellia sinensis L., que tem 
procedência oriental, sendo muito popular na China, Índia e Japão. Esta planta 
é uma das bebidas mais consumidas no mundo. Representante da família 
Theaceae, é um alimento que possui seu maior consumo pela população como 
planta medicinal, o que o torna para muitos um alimento funcional. 
Influências culturais, sociais e econômicas repercutem na intensificação 
de pesquisas com extratos vegetais e seus componentes bioativos. Nesse 
contexto, C. sinensis vem se destacando em várias pesquisas por sua 
composição rica em compostos fenólicos, os quais constituem potentes 
antioxidantes. 
Dependendo do processo de produção utilizado, suas folhas são a base 
para a produção de três principais tipos de chás: chá verde, oolong e preto, 
sendo que a diferença entre eles depende do grau de inativação das enzimas 
foliares durante o processamento. 
O chá verde é produzido das folhas 
frescas da planta, após uma rápida 
inativação da enzima polifenoloxidase, 
pelo emprego de vaporização e secagem, 
o que mantém preservado o teor de 
polifenóis e o torna mais rico em 
catequinas que os demais. O chá oolong 
ou “parcialmente oxidado” é obtido após 
as folhas ficarem em repouso por duas a 
quatro horas, sendo depois aquecidas 
para que o processo oxidativo seja 
interrompido. Já o chá preto é derivado de 
 
 
 
39 
folhas envelhecidas pela oxidação aeróbica das catequinas, catalisadas 
enzimaticamente. 
As folhas frescas do vegetal Camellia sinensis que compõem o chá verde 
têm elevada quantidade de flavonoides, que são conhecidos como catequinas. 
Dentre elas, podem-se destacar como as principais: epicatequina (EC), 
epicatequinagalato (ECG), epigalocatequina (EGC) e epigalocatequinagalato 
(EGCG), esta última a mais abundade no chá verde e que concentra maiores 
interesses. Além disso, possuem antioxidantes que são os polifenóis, manganês, 
potássio, ácido fólico, vitamina C, vitamina K, vitamina B1 e B2. 
A utilização de produtos à base de C. sinensis tem crescido 
significativamente nos últimos anos, e há relatos de inúmeros efeitos colaterais 
sérios associados com seu uso. Como exemplo disso, a Agência Espanhola de 
Medicina decidiu suspender a comercialização do “Exolise extrato etanólico Dry 
Camellia sinensis”, na sequência da notificação de quaro casos de 
hepatotoxicidade associados ao extrato. Esse produto foi usado como programa 
de ajuda ao tratamento de emagrecimento, e o sistema de farmacovigilância 
espanhol passou a exigir que todos os profissionais da saúde atentassem para 
detectar e caracterizar potenciais problemas de saúde que sua utilização possa 
acarretar. 
Catequinas do chá verde (GTC) são compostos polifenólicos presentes 
nas folhas secas não fermentadas da planta C. sinensis. Os resultados de 
ensaios demonstraram que o consumo de GTC pode reduzir o peso corporal. A 
hipótese é que predominam influências GTC na atividade do sistema nervoso 
simpático (SNS), aumentando o gasto de energia e promovendo a oxidação de 
gorduras. 
A cafeína, naturalmente presente no chá verde, também influencia na 
atividade do SNS e pode agir sinergicamente com GTC para aumentar o gasto 
energético e a oxidação de gordura. Outras possíveis alterações foram: a 
diminuição do apetite, aumento da regulação das enzimas envolvidas na 
oxidação de gordura hepática e a diminuição da absorção de nutrientes. 
Estudo com cultura de células humanas tem demonstrado que os 
componentes do chá verde e a cafeína aumentam a oxidação lipídica e a 
termogênese, promovendo, dessa forma, aumento no gasto energético, 
provavelmente devido ao efeito sinérgico entre as moléculas. 
 
 
 
40 
Pesquisadores demostraram que houve aumento no gasto energético, 
diminuição no quociente respiratório de 24 horas e aumento na excreção urinária 
de noradrenalina em humanos que consumiram extrato de chá verde, contendo 
90mg de epigalocatequinagalato (EGCG) e 50 mg de cafeína. No entanto, a 
mesma quantidade de cafeína 50 mg administrada isolada não afetou o gasto 
energético em 24horas. Dessa forma (figura 2), o flavonoide mais abundante no 
chá – epicatequinagalato – estimula a oxidação lipídica e termogênese. 
 
Em outro estudo utilizando epigalocatequinagalato associada ou não à 
cafeína, estimulou-se a termogênese em células do tecido adiposo marrom 
(TAM) de ratos da linhagem Sprague Dawley. Os resultados demonstraram que 
o tratamento somente à base de epigalocatequina, na dose de 200 μM, estimulou 
o aumento do consumo de oxigênio pelo tecido adiposo marrom. No entanto, 
quando foram adicionados 100 μM de cafeína a esta concentração de EGCG, o 
 
 
 
41 
consumo de oxigênio foi ainda maior do que apenas como fitoterápico isolado. 
O tratamento apenas com 100 μM de cafeína, porém, não apresentou nenhum 
efeito. 
Os efeitos termogênicos do extrato de chá verde resultariam das 
interações sinérgicas entre catequinas, cafeína e noradrenalina (figura 3). A 
catequina inibiria a catecol-o-metiltransferase (COMT) hepática, enzima 
responsável por degradar a noradrenalina na fenda sináptica, o que prolongaria 
seu efeito. O AMP-c, segundo mensageiro intracelular para a termogênese 
mediada por noradrenalina, prolonga seu efeito na célula, fazendo com que haja 
maior consumo de ATP, pois, como se sabe, o AMP-c é oriundo da degradação 
do ATP, o que contribui para maior gasto energético. 
 
Em outra pesquisa, observou-se que a associação de cafeína e chá verde 
(25 mg de cafeína), 45 mg de epigalocatequinagalato e 380 mg de placebo 
induziu a prevenção ou limitação do reganho de peso, com variação de 5 a 10% 
em indivíduos obesos. Por outro lado, o tratamento apenas com cafeína 300 
mg/dia mostrou-se mais evidente no tocante à perda de peso, bem como na 
manutenção da massa corpórea dos indivíduos participantes do estudo. Foi visto 
 
 
 
42 
também o reganho de peso, que ocorreu em casos onde, provavelmente, pode 
ser explicado pela diminuição da sensibilidade à cafeína e a relação com a 
saturação do sistema enzimático via da leptina. 
Outra pesquisa mostrou a relação entre gordura corporal e o consumo de 
chá verde. De acordo com o estudo, de 1.103 indivíduos avaliados, cerca de 
43% eram consumidores habituais de chá verde e apresentaram uma 
quantidade menor de gordura corporal e menor relação cintura-quadril, 
comparados com os que não consumiam o chá verde habitualmente. Este 
resultado mostrou-se mais efetivo nos indivíduos que consumiam o chá por mais 
de dez anos. 
Em outro trabalho, os pesquisadores avaliaram os efeitos do consumo de 
chá oolong, que apresenta grandes quantidades de catequinas. O estudo foi do 
tipo duplo cego de 12 semanas, no qual japoneses ingeriram uma garrafa de chá 
oolong/dia, contendo 690 mg de catequinas ou uma garrafa de chá oolong/dia 
contendo apenas 22 mg de catequinas no grupo controle. O grupo controle 
apresentou resultados menos satisfatórios, comparadoao grupo de estudo que 
consumiu o extrato de chá oolong. Este último grupo apresentou diminuição das 
dobras cutâneas, da gordura corporal subcutânea e total, além da diminuição da 
circunferência abdominal e redução nas taxas de LDL oxidado. 
Estudos semelhantes foram realizados com animais (patos da espécie 
Cherry Valley), onde foram constatadas redução da espessura de gordura 
subcutânea, largura de gordura intramuscular, e produção de gordura abdominal 
e de triglicerídeos no soro. 
Estudos com células sugerem que o chá verde pode reduzir a absorção 
de glicose e gordura pela inibição de enzimas gastrintestinais. O extrato de chá 
verde AR25 inibiu in vitro lipases digestivas marcadas, sendo susceptível de 
reduzir a digestão de gordura em seres humanos. 
Em pesquisa com extrato metanólico de botões florais de Camellia 
sinensis, os pesquisadores mostraram a inibição do ganho de peso e gordura 
visceral em ratos diabéticos (TSOD - Tsumura Suzuki Obese Diabetes), 
alimentados com dieta rica em gordura. No estudo, os pesquisadores sugeriram 
que o efeito antiobesidade ocorreu também devido à chakasaponina II isodada 
da fração n-butanólica, que tanto inibiu o esvaziamento gástrico como a ingestão 
de alimentos, devido à supressão de RNAm de neuropeptídeo Y, atuando sobre 
 
 
 
43 
o gastro energético no hipotálamo por meio dos nervos sensoriais, aferentes e 
provavelmente vagais, aperfeiçoando a liberação de 5-HT e consequente 
redução da ingestão de gordura e ganho de peso corporal. 
 
Citrus aurantium L. 
Citrus aurantium é conhecido popularmente 
como laranjeira amarga, laranjeira cavalo, laranjeira 
azeda e laranjeira de Sevilha. Suas folhas, flores e 
frutos têm sido usados, na medicina popular, para o 
tratamento de alguns distúrbios como insônia, 
ansiedade e como anticonvulsivante. 
O C. aurantium é usado desde os tempos 
medievais na região do Mediterrâneo como sedativo, 
colagogo, estimulante cardíaco e digestivo, além de 
antídoto contra venenos. É encontrado em áreas 
tropicais quentes de ambos os hemisférios. 
Na atualidade, tem-se observado crescente 
interesse pelos frutos verdes de C. aurantium, devido 
ao caráter emagrecedor em produtos de origem 
vegetal. Extratos do fruto imaturo de C.aurantium são, muitas vezes, utilizados 
para perda de peso, mas são relatados por produzirem efeitos cardiovasculares 
adversos, os quais são menores se comparados aos benefícios referentes ao 
emagrecimento, devido ao estímulo dos receptores β-3 tecido adiposo e fígado, 
efeito antiespasmódico, sedante e hipnótico. Além disso, em testes, a 
administração de C. aurantium e Rhodiolarosea resultou numa elevação nos 
níveis de norepinefrina hipotalâmica e elevação de dopamina no córtex frontal, 
resultados que sugerem que os tratamentos de C. aurantium com R. rosea têm 
ações em vias de monoamina centrais e com potencial de ser benéfico para o 
tratamento de obesidade. 
O fruto seco imaturo de C. aurantium contém em torno de 10% de 
flavonoides e cinco aminas adrenérgicas: sinefrina, hodermina, octopamina, 
tiramina e N-metiltiramina. Dentre essas aminas, a sinefrina é a que possui 
destaque especial: é vendida na sua forma sintética, desenvolvida como agente 
 
 
 
44 
simpatomimético, sendo um agonista α-adrenérgico com algumas propriedades 
β-adrenérgicas sob o nome de oxedrina. Algumas vezes, é utilizada em doses 
maiores, de maneira análoga ao uso de altas doses da efedrina para crises 
asmáticas, via intravenosa. 
Na natureza, a sinefrina ocorre em todos os produtos derivados de cítricos 
Citrus sp., Rutaceae, inclusive em sucos, sendo consumida em pequenas 
quantidades se derivados cítricos estiverem inclusos na dieta. 
A sinefrina é uma substância presente no extrato de C. aurantium L. com 
propriedade termogênica eficaz, possuindo similaridade com os alcaloides da 
Ephedra sinica, como a efedrina. Estudos indicam que as aminas adrenérgicas 
de C. aurantium L., a exemplo da sinefrina, causam pouco ou nenhum efeito 
sobre o SNC e/ou cardiovascular. 
Testes realizados em ratos fêmeas Sprague-Dawley com o uso de 
sinefrina 95% em extrato, durante 28 dias, demonstraram efeitos mínimos sobre 
a frequência cardíaca e pressão sanguínea. Com a adição da cafeína, o aumento 
da frequência cardíaca e pressão arterial foram mais pronunciados, sugerindo 
que outros componentes botânicos podem alterar esses parâmetros fisiológicos. 
O extrato de C. aurantium L. aumenta o metabolismo sem afetar a taxa 
de batimentos cardíacos ou a pressão sanguínea, pois pesquisas recentes 
confirmam que o mesmo estimula somente o receptor β-3 adrenérgico, evitando 
efeitos colaterais negativos no sistema cardiovascular. 
A sinefrina (figura 4) é uma substância utilizada para o tratamento da 
obesidade devido à habilidade em se ligar aos receptores denominados β-3 
adrenérgico em sítios específicos na célula que regulam a perda de gordura. 
 
 
 
 
45 
Os receptores β- 3 adrenérgicos aceleram a lipólise e aumentam o 
metabolismo basal através da termogênese. Poucas são as substâncias 
capazes de ativar diretamente os receptores β-3 adrenérgicos, sem atuar nos 
receptores α-1, α-2, β-1, β-2, os quais estão relacionados à pressão sanguínea 
e aos batimentos cardíacos. 
Os receptores β-3 adrenérgicos estão presentes em diferentes células, 
atuando em uma variedade de funções, dentre as quais a modulação da 
liberação de hormônios, o controle metabólico e a regulação cardiovascular. 
Nos adipócitos, tem sido demonstrado que os receptores β-3 
adrenérgicos atuam na liberação de leptina. Além disso, o balanço entre 
lipogênese e lipólise está associado à estimulação de receptores α e β-
adrenérgicos, respectivamente. 
 
Carthamus tinctorius L. 
O cártamo, Carthamus tinctorius L., pertence à família Compositae e 
Asteraceae, sendo do tipo herbácea com origem na Ásia e África. Apresenta em 
suas flores um corante vermelho chamado cartamina, bastante usado em 
tingimento de tecidos, também possui um amarelo que é muito utilizado na 
culinária (quadro 1). 
 
 
 
 
46 
A disseminação da espécie dá através das sementes 
das quais é obtido o óleo, cuja produção cresceu nos últimos 
30 ou 40 anos pelo aumento do seu uso na alimentação em 
humanos. Dentre os óleos vegetais, o óleo de cártamo é um 
dos mais comuns. As sementes da planta são ricas em ácido 
linoleico ômega 6 em torno de 70% e ácido oleico ômega 9 
em torno de 20%. 
As sementes de cártamo têm sido utilizadas na Coreia 
como uma substância que promove a formação óssea e evita 
o desenvolvimento de trombos, por diminuir a viscosidade 
sanguínea. 
Já suas flores são utilizadas popularmente no 
tratamento de doenças cardiovasculares, cerebrovasculares, hepáticas e muito 
raramente em problemas ginecológicos. 
O óleo de cártamo, através do ácido linoleico, atua da redução da gordura 
corporal inibindo a ação da enzima lipase lipoprotéica (LPL), que tem a função 
de transferir os lipídios presentes na corrente sanguínea para o interior das 
células adiposas. Estas são responsáveis por armazenar a gordura corporal e 
compõem o tecido adiposo do corpo humano. 
Quanto mais expressiva a atividade da enzima LPL, maior a quantidade 
de lipídios armazenada nas células adiposas, aumentando assim o volume do 
tecido adiposo. Com o bloqueio da ação da enzima LPL, a transferência de 
lipídios para o interior das células também fica inibida, obrigando o organismo a 
usar o estoque de gordura já existente como fonte de energia para as atividades 
musculares, causando o processo de lipólise. 
O ácido linoléico age aumentando atividade de uma enzima presente no 
organismo, a carnitinapalmitoil- transferase (CPT). Esta enzima está presente 
nos músculos esqueléticos de contração voluntária, como o bíceps, sendo 
responsável pela mobilização de lipídios em forma de ácidos graxos para o 
interior das mitocôndrias, em prol de realização d a β -oxidação,

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