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1 FITOTERÁPICOS E NUTRIENTES (VITAMINAS, MINERAIS, AMINOÁCIDOS, BIOFLAVONÓIDES, ENZIMAS E LACTOBACILOS) 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Sumário FITOTERÁPICOS E NUTRIENTES (VITAMINAS, MINERAIS, AMINOÁCIDOS, BIOFLAVONÓIDES, ENZIMAS E LACTOBACILOS) ............. 1 NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 UNIDADE 1 - FITOTERÁPICOS ............................................................. 6 FITOTERÁPICOS .................................................................................... 9 PRESCRIÇÃO DE FITOTERÁPICOS ................................................... 10 RESOLUÇÕES EM FITOTERAPIA ....................................................... 11 MEDICINA INTEGRATIVA: O PAPEL DO BIOMÉDICO ....................... 12 METABOLISMO DAS PLANTAS ........................................................... 14 CONCEITOS IMPORTANTES EM FITOTERAPIA ................................ 16 FORMAS DE APRESENTAÇÃO DOS FITOTERÁPICOS .................... 18 CUIDADOS COM AS PLANTAS MEDICINAIS ..................................... 23 PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS COMUMENTE EM NUTRIÇÃO 26 PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERAPIA NO BRASIL ......................... 30 REGULAMENTAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERÁPICOS NO BRASIL ...................................................................................................... 34 FITOTERÁPICOS APLICADOS À OBESIDADE ................................... 35 UNIDADE 2 – NUTRIENTES ................................................................. 48 VITAMINAS ........................................................................................... 48 VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS .......................................................... 52 VITAMINA A (RETINOL): ............................................................... 53 Vitamina D (calciferol) .................................................................... 59 Vitamina E (tocoferol): .................................................................... 63 Vitamina K (filoquinona) ................................................................. 65 VITAMINAS HIDROSSOLÚVEIS ....................................................... 68 Vitamina B1 (tiamina): .................................................................... 69 file:///C:/Users/EDUARDO/Documents/FACUMINAS/BIOMEDICINA%20ESTÉTICA%20AVANÇADA/Fitoterapicos%20e%20nutrientes/FITOTERÁPICOS%20E%20NUTRIENTES%20(%20VITAMINAS,%20MINERAIS,%20AMINOÁCIDOS,%20BIOFLAVONÓIDES,%20ENZIMAS%20E%20LACTOBACILOS).docx%23_Toc82965297 file:///C:/Users/EDUARDO/Documents/FACUMINAS/BIOMEDICINA%20ESTÉTICA%20AVANÇADA/Fitoterapicos%20e%20nutrientes/FITOTERÁPICOS%20E%20NUTRIENTES%20(%20VITAMINAS,%20MINERAIS,%20AMINOÁCIDOS,%20BIOFLAVONÓIDES,%20ENZIMAS%20E%20LACTOBACILOS).docx%23_Toc82965297 4 Vitamina B2 (riboflavina): ............................................................... 71 Vitamina B3 (niacina) (Ácido Nicotínico – B3 ou PP) ..................... 73 Vitamina B5 (ácido pantotênico) ..................................................... 75 Vitamina B6 (piridoxina) ................................................................. 76 Vitamina B7 (biotina) ...................................................................... 79 Vitamina B9 (ácido fólico) ............................................................... 80 Vitamina B12 (cobalamina) ............................................................ 85 Vitamina C (ácido ascórbico) .......................................................... 87 MINERAIS .......................................................................................... 91 Cálcio ............................................................................................. 93 Cobre .............................................................................................. 96 Cromo ............................................................................................. 97 Ferro ............................................................................................... 99 Fósforo ......................................................................................... 101 Flúor ............................................................................................. 102 Iodo .............................................................................................. 104 Magnésio ...................................................................................... 105 Manganês ..................................................................................... 107 Potássio ........................................................................................ 108 Sódio ............................................................................................ 110 Selênio ......................................................................................... 112 Zinco ............................................................................................. 113 AMINOÁCIDOS................................................................................ 115 BIOFLAVONOIDES ......................................................................... 118 ENZIMAS ......................................................................................... 120 Enzimas digestivas ....................................................................... 124 LACTOBACILOS.............................................................................. 126 5 REFERÊNCIAS ................................................................................... 135 6 UNIDADE 1 - FITOTERÁPICOS CONCEITOS IMPORTANTES Com objetivo de diferenciação, apresentam-se abaixo os principais conceitos dos métodos terapêuticos. Alopatia: é o método terapêutico que consiste em utilizar medicamentos que vão produzir no organismo reação contrária aos sintomas que ele apresenta, a fim de diminuí-los ou neutralizá-los. Os principais problemas dos medicamentos alopáticos são os seus efeitos colaterais e a sua toxicidade (Anvisa, 2010). Homeopatia: é um método terapêutico seguro e eficaz, baseado na Lei dos Semelhantes, segundo a qual, para se curar uma doença, o corpo doente deve receber uma substância que provoque os mesmos sintomas quando administrada em um corpo saudável (CRF, 2013). Utiliza matérias-primas de origem animal, vegetal e mineral. Os medicamentos homeopáticos podem ser utilizados com segurança em qualquer idade, até mesmo em recém-nascidos ou pessoas com idade avançada, desde que com acompanhamento do clínico homeopata (Anvisa, 2010). Fitoterapia: é a terapêutica caracterizada pelo uso de plantas medicinaisem suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal, conforme Portaria nº 971 (03/05/2006). Já fitoterápico é produto obtido de matéria-prima ativa vegetal, exceto substâncias isoladas, com finalidade profilática, curativa ou paliativa, incluindo medicamento fitoterápico e produto tradicional fitoterápico, podendo ser simples, quando o ativo é proveniente de uma única espécie vegetal medicinal, ou composto, quando o ativo é proveniente de mais de uma espécie vegetal, conforme RDC nº 26 (13/05/2014). Neste contexto, a fitoterapia é considerada alopatia. O Brasil tem uma rica história de uso das plantas medicinais no tratamento dos problemas de saúde da população, uso este construído com base na experiência e transmitido de forma oral (BRUNING et al., 2012). Largamente usada até meados do século XX, a fitoterapia entrou em declínio com a 7 intensificação do uso dos medicamentos industrializados (BRUNING et al., 2012). A utilização de determinadas ervas medicinais no combate a doenças é um costume comum em nossa sociedade. Essa medicina alternativa, sobretudo no Brasil, é utilizada em larga escala, até porque essa prática remonta a períodos pré-descobrimento, onde os índios, grandes detentores do conhecimento do poder de cura pela natureza, faziam da floresta sua farmácia. Além disso, há uma mescla com o conhecimento e ervas medicinais trazidos pelos colonizadores, tanto que, segundo Corrêa Junior et al. (1994) e Martins et al. (1995), a maior parte das espécies medicinais cultivadas no Brasil é de espécies exóticas, heliófitas e domesticadas em seus ecossistemas naturais. O Brasil conta com a maior diversidade genética vegetal do mundo, com um total estimado entre 350.000 e 550.000 espécies, das quais apenas 55.000 estão catalogadas (SIMÕES et al., 2001). Sabendo-se que cada espécie desconhecida pode vir a ser um medicamento importante (e consequentemente um produto lucrativo) não é nenhuma surpresa que o interesse de empresas farmacêuticas esteja voltado para essa área. Segundo Farias et al. (1994), várias empresas nacionais vêm empregando matéria-prima vegetal diretamente na elaboração de seus medicamentos. Contudo, na utilização popular, seja como fitoterapia, seja na dieta, na maioria das vezes não se tem avaliação apropriada dessas plantas, comprovando a eficácia no tratamento ou possíveis efeitos adversos causados por elas (SILVEIRA E SÁ et al., 2003). 8 Exatamente por isso, a utilização de qualquer tipo de planta medicinal requer tanto cuidado quanto o necessário na utilização de medicamentos industrializados. A utilização de produtos naturais, particularmente da flora, com fins medicinais, nasceu com a humanidade. Indícios do uso de plantas medicinais e tóxicas foram encontrados nas civilizações mais antigas, sendo considerada uma das práticas mais remotas utilizadas pelo homem para cura, prevenção e tratamento de doenças, servindo como importante fonte de compostos biologicamente ativos (ANDRADE; CARDOSO; BASTOS, 2007). Plantas medicinais, consideradas como toda “espécie vegetal, cultivada ou não, utilizada com propósitos terapêuticos”, fitoterápicos, o “produto obtido de planta medicinal, ou de seus derivados, exceto substâncias isoladas, com finalidade profilática, curativa ou paliativa” (ANVISA; 2013), ou um produto tradicional fitoterápico que consiste naquele “obtido com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais, cuja segurança seja baseada por meio da tradicionalidade de uso e que seja caracterizado pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade.” (ANVISA, 2013). Apesar do grande avanço e evolução da medicina, a partir da segunda metade do século XX, as plantas ainda apresentam uma grande contribuição para a manutenção da saúde e alívio às enfermidades em países em desenvolvimento (SOUZA; FELFILI, 2006). Entre os principais motivos, encontram-se as condições de pobreza e a falta de acesso aos medicamentos, associados à fácil obtenção e tradição do uso de plantas com fins medicinais (VEIGA JUNIOR; PINTO, 2005). O uso indiscriminado, influenciado muitas vezes pela interpretação equivocada da mídia do que é um produto natural, constitui uma preocupação para a saúde dos brasileiros (FERREIRA; PINTO, 2010), uma vez que pode ocasionar casos de superdosagem, intoxicação, interação com outros medicamentos/alimentos, além dos potenciais efeitos colaterais e adversos. 9 FITOTERÁPICOS Os fitoterápicos são produtos feitos exclusivamente de matéria-prima vegetal, que possuem seus efeitos comprovados, bem como seus riscos. Os fitoterápicos não incluem produtos que possuem substâncias ativas isoladas. Os medicamentos fitoterápicos são definidos pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) como aqueles que são obtidos a partir de derivados vegetais e que os riscos, os mecanismos de ação e onde agem no nosso corpo são conhecidos. Esses medicamentos são feitos exclusivamente de matéria- prima vegetal. É importante destacar que não é considerado um fitoterápico aquele medicamento que contém substâncias ativas isoladas, bem como sua associação com extratos vegetais. Todo fitoterápico deve ter sua ação comprovada através de estudos farmacológicos e toxicológicos. Além disso, deve-se fazer um levantamento dos artigos publicados, bem como do conhecimento tradicional sobre determinada espécie vegetal. Só após confirmadas sua ação e qualidade, ele é registrado. Eles diferenciam-se das plantas medicinais em alguns pontos. Primeiramente, devemos saber que plantas medicinais são aquelas usadas tradicionalmente e que possuem capacidade de aliviar sintomas ou até 10 curar algumas patologias. Normalmente, a população faz uso desse tipo de planta através de chás, infusões, macerados, sucos, entre outras formas. Ao utilizar a planta medicinal de maneira industrial para obtenção de um medicamento, surge um fitoterápico. O processo de industrialização é importante porque evita contaminações, além de dosar de maneira correta a quantidade que uma pessoa pode consumir. Esse último ponto é essencial para evitar intoxicações com esses produtos, fato que constantemente acontece com plantas medicinais. É comum que as pessoas pensem que, por ser um produto natural, ele não causa problemas à saúde. Entretanto, sabe-se que os fitoterápicos, assim como qualquer outro medicamento, podem ocasionar problemas que desencadeiem até mesmo a morte se não forem usados corretamente e em doses certas. Os medicamentos fitoterápicos possuem seus benefícios comprovados pela Organização Mundial de Saúde e, como qualquer medicamento, só devem ser usados com recomendação médica. Lembre-se também de que o médico deve ser informado sobre a utilização de qualquer um desses produtos, inclusive do uso de plantas medicinais. Isso é válido principalmente para pessoas que realizarão procedimentos cirúrgicos. Ao utilizar um medicamento fitoterápico, lembre-se de olhar as datas de validade, bem como as orientações de uso. É importante informar o médico da ocorrência de qualquer sintoma desagradável. Além disso, deve-se verificar se o medicamento possui registro na ANVISA. Para isso, acesse o site da Agência e realize a consulta. Caso ele não tenha registro, comunique a Vigilância Sanitária. PRESCRIÇÃO DE FITOTERÁPICOS Para a prescrição de fitoterápicos é necessário que exista um domínio sobre um vasto conhecimento acerca das plantas medicinais: efeito terapêutico, dosagem, posologia, duração do tratamento, forma de apresentação, efeitos adversos, interações com medicamentos e alimentos. As interações farmacológicas e fármaco-nutriente podem implicar em toxicidade, ineficácia do tratamento e deficiências nutricionais. 11 RESOLUÇÕES EM FITOTERAPIA Resolução CFN 383/2006 – dispõe sobre as especialidades reconhecidas pelo CFN para efeito de registro no CRN. Reconhecida a especialidade de fitoterapia na área de Nutrição. Resolução CFN 402/2007 – regulamenta a prescrição fitoterápica pelo nutricionista de plantas in natura frescas ou como droga vegetal nas suas mais diferentes formas farmacêuticas. O nutricionista somente deverá prescrever aqueles produtos que sejam exclusivos de indicação terapêutica relacionada ao seu campo de conhecimento específico, ou seja, não poderá prescrever produtos que exijam prescrição médica. RDC ANVISA 10/2010 – dispõe sobre a notificação de drogas vegetais junto à ANVISA. Regulamenta todo o processo do uso de plantas medicinais, desde a produção, distribuição e uso, o que garante melhor organização, segurança, eficácia e qualidade de acesso a tais produtos. Resolução CFN 525/2013 – regulamenta a prática de fitoterapia pelo nutricionista, atribuindo-lhe competência para prescrição de fitoterápicos. Regulamenta a especialidade de fitoterapia em Nutrição. Resolução CFN 525/2013 (na realidade é a 556/2015) – acrescentou a obrigatoriedade do título de especialista ou certificado de pós- graduação para prescrição de fitoterápicos e preparações magistrais. Resolução CFN 556/2015 - Altera as Resoluções nº 416, de 2008, e nº 525, de 2013, e acrescenta disposições à regulamentação da prática da Fitoterapia para o nutricionista como complemento da prescrição dietética. Art. 2º O exercício das competências do nutricionista para a prática da Fitoterapia como complemento da prescrição dietética deverá observar que: I - a prescrição de plantas medicinais e chás medicinais é permitida a todos os nutricionistas, ainda que sem título de especialista; II - a prescrição de medicamentos fitoterápicos, de produtos tradicionais fitoterápicos e de preparações magistrais de fitoterápicos, como complemento de prescrição dietética, é permitida ao nutricionista desde que seja portador do título de especialista em Fitoterapia. 12 MEDICINA INTEGRATIVA: O PAPEL DO BIOMÉDICO A medicina integrativa surgiu há aproximadamente 20 anos, quando algumas instituições consideradas como referência na área de medicina e filantropia passaram a se reunir nos Estados Unidos para discutir aspectos relacionados à saúde, por entenderem que precisavam de uma nova abordagem na prevenção e tratamento de doenças. Atualmente essa prática é bastante difundida nos EUA e está presente em diversos centros universitários acadêmicos norte-americanos, como Harvard, Arizona, Massachusetts, Mayo Clinic e Cleveland Clinic, entre outros. No Brasil, em maio de 2006, o Ministério da Saúde criou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PIC), normatizando, por meio de uma portaria, a prática de tratamentos complementares, como homeopatia, fitoterapia, acupuntura e outros, pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Desde então as terapias alternativas estão ganhando cada vez mais espaço em hospitais públicos e privados, sendo o Hospital Albert Einstein, através do seu Instituto de Ensino e Pesquisa, o primeiro a oferecer um curso de pós-graduação lato sensu em medicina integrativa. Imagem disponível em: https://www.congresoclamic.com/sin-categoria/medicina-integrativa/ Interdisciplinaridade A medicina integrativa propõe a interdisciplinaridade por meio da associação de técnicas e reunião de vários profissionais de áreas e formações distintas, o que permite ampliar a percepção sobre a doença e definir uma melhor linha terapêutica, analisando o indivíduo como um todo: corpo, mente e espírito. 13 Nessa modalidade, pode-se lançar mão tanto da medicina convencional (alopatia), quanto de métodos alternativos e menos invasivos, sempre que possível, como musicoterapia, homeopatia, acupuntura, uso de fitoterápicos, aromaterapia, técnicas de respiração, meditação, quiropraxia, reiki e tai chi chuan, entre várias outros. Porém, sempre com base em estudos criteriosos e evidências quanto à sua eficácia. A abordagem terapêutica é compartilhada e integrada entre todos os profissionais de saúde envolvidos e inclui, entre outros aspectos, orientações sobre alimentação, exercícios físicos, gerenciamento de estresse e bem-estar emocional. Isso vai além do manejo de sintomas, englobando todos os fatores que influenciam o processo da doença e da cura. Muito embora, na medicina convencional, as figuras do médico e do enfermeiro sejam muito disseminadas, o que faz com que a presença de outros profissionais da área de saúde não seja bem compreendida ainda, na medicina integrativa o trabalho desses outros profissionais torna-se essencial, pois através dessa interdisciplinaridade é possível olhar e tratar o paciente como um todo. E, ao olharmos para o indivíduo como um todo, criamos uma conexão mais profunda que ultrapassa o papel de cura e controle da doença, o que nos permite estabelecer uma empatia e, consequentemente, uma melhor compreensão dos fatores envolvidos. Dentre esses profissionais da saúde, encontra-se o biomédico, cuja regulamentação da profissão se deu pela Lei nº 6.684, de 3 de setembro de 1979. Segundo o art. 4º da referida lei, ao biomédico compete atuar em equipes de saúde, a nível tecnológico e nas atividades complementares de diagnósticos. Competências e habilidades do biomédico A Resolução nº 2, de 18/02/2003, em seu art. 4º, instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Biomedicina, dispondo que, dentre as competências e habilidades do biomédico, estão o desenvolvimento de ações para prevenção, promoção, proteção e reabilitação 14 da saúde, tomando decisões que visam à eficácia da força de trabalho, medicamentos, equipamentos, procedimentos e práticas. Dentre as 35 possíveis habilitações do biomédico, destaca-se a acupuntura, que abrange não apenas a técnica de mesmo nome, como também diversas técnicas diagnósticas e terapias integrativas, segundo a Normativa n° 1 do CFBM (Conselho Federal de Biomedicina), publicada em 10/04/2012. Além disso, o biomédico, devidamente capacitado, pode atuar como terapeuta ortomolecular, realizando diversos procedimentos, entre eles a ozonioterapia, fitoterapia, cromoterapia, e bioressonância. Diante da abrangência dessa profissão, fica evidente que a medicina integrativa é uma área onde esse profissional não só se encontra apto a atuar, como tem muito a acrescentar, colaborando com seu conhecimento no campo da saúde a da ciência, através da multidisciplinaridade de sua atuação, que engloba o campo da pesquisa, prevenção, tratamento e diagnóstico de inúmeras doenças e disfunções. Com essa visão macro, encontra-se perfeitamente chancelado para perseguir a conquista de adoção de políticas públicas de saúde que tenham como objetivo a promoção da saúde e bem-estar. METABOLISMO DAS PLANTAS Metabolismo: Conjunto de reações químicas que continuamente ocorrem em cada célula. As reações enzimáticas podem: anabólicas, catabólicas e de biotransformação. As rotas metabólicas visam primariamente a obtenção de nutrientes para a necessidade da célula, como energia (ATP), poder redutor (NADPH) e biossíntese de compostos essenciais à sua sobrevivência (carboidratos, lipídios e proteínas). Os processos essenciais à vida e comuns nos vegetais são denominados reações do metabolismo primário, que se caracteriza por grande produção, distribuição universal e com funções essenciais. O metabolismo da célula vegetal é subdividido em metabolismo primário e metabolismo secundário. O metabolismo primário refere as reações metabólicas relacionadas diretamente aos processos vitais do vegetal. Resulta nas seguintes substâncias: 15 carboidratos, proteínas, lipídios, celulose e lignina. É comum a todos os vegetais. Correspondeàs reações de fotossíntese e respiração celular. É o metabolismo secundário que caracteriza-se pela biossíntese de micromoléculas com diversidade e complexidade estrutural, produção em pequena escala, distribuição restrita e especificidade. Os metabólitos secundários por serem fatores de interação entre organismos, frequentemente apresentam atividades biológicas interessantes, sendo de grande interesse para o estudo de substâncias oriundas de espécies vegetais. São os produtos do metabolismo secundário da célula vegetal que possuem função específica na Nutrição Defensiva (Nutrição Funcional) e na Fitoterapia. As ações esperadas dos fitoquímicos derivados do metabolismo secundário das plantas são: Adstringentes – cicatrizantes e anti-inflamatórios; Antirreumáticas – diminuição de ácido úrico, gota e reumatismo; Antissépticas – diminuição de microrganismos; Antidiarréicas – controlam a eliminação de água; Calmantes – ansiolíticos e diminuidores de estresse mental; Carminativas – diminuição de flatulência; Coleréticas – aumentam a eliminação de bile; Depurativas – aumentam a eliminação de toxinas; Digestivas – aumentam a hidrolise em TGI; Diuréticas – ação aquarética, com ou sem eliminação de eletrólitos; Emagogas – regulam a eliminação menstrual; Eméticas – estimulam o vômito; Estimulantes – aumentam a energia e o TMB; Expectorantes – eliminam catarro do sistema aéreo; Laxativas – aceleram o peristaltismo; Hepatoprotetoras – atuam em fases de desintoxicação hepáticas; e Oxigenas – estimulam o apetite. 16 CONCEITOS IMPORTANTES EM FITOTERAPIA 17 Fitoterapia: é um sistema terapêutico (alopático) caracterizado pelo uso de plantas medicinais ou derivado, em suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal. Planta Medicinal: é uma espécie vegetal, cultivada ou não, utilizada com propósitos terapêuticos; Droga Vegetal: é a planta medicinal, ou suas partes, que contenham as substâncias, ou classes de substâncias, que causam a ação terapêutica, após processos de coleta, estabilização, quando aplicável e secagem, na forma íntegra, rasurada, triturada ou pulverizada. Derivado Vegetal: é o produto da extração da planta medicinal in natura ou da droga vegetal o qual se apresenta na forma de extrato, tintura, alcoolatura, óleo fixo e volátil, cera, exsudado e outros. Fitocomplexo: é um conjunto de todas as substâncias, originadas do metabolismo primário (aminoácidos, proteínas, lipídios, nucleotídeos, carboidratos, vitaminas e hormônios) ou secundário (alcaloides, flavonoides, saponinas, lignoides, cumarinas, glicosidios cianogênicos, taninos, entre outros) responsáveis, em conjunto, pelos efeitos biológicos de uma planta medicinal ou de seus derivados. Chá Medicinal: são drogas vegetais com fins medicinais a serem preparadas por meio de infusão, decocção ou maceração em água. Fitoterápico: é o produto obtido de matéria-prima ativa vegetal ou de seus derivados, exceto substâncias isoladas, com finalidade profilática, curativa ou paliativa. Medicamentos Fitoterápicos: são produtos tecnicamente elaborados obtidos com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais cuja segurança e eficácia sejam baseadas em evidências clínicas e que sejam caracterizados pela constância de sua qualidade. Produto Tradicional Fitoterápico: são os produtos obtidos com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais cuja segurança e efetividades são baseadas em dados publicados na literatura técnico-científica e que sejam concebidos para serem utilizados sem a vigilância de um médico para fins de diagnóstico, de prescrição ou de monitorização. 18 Fitofármacos: são substância purificada e isolada a partir de matéria- prima vegetal com estrutura química definida e atividade farmacológica. Os fitofármacos não são considerados fitoterápicos. FORMAS DE APRESENTAÇÃO DOS FITOTERÁPICOS RASURA Processo de fragmentação da droga vegetal através de moinhos. A droga vegetal rasurada é largamente utilizada no preparo de chás (infusos ou decoctos) pelo próprio paciente. Indicação: infusos e decoctos. Podem ser utilizadas para uso externo, como banhos e cataplasmas. Vantagens: acondiciona bem grandes doses e plantas volumosas. Desvantagem: em fórmulas, não há boa homogeneidade. PÓ Consiste na droga vegetal, seca, moída finamente. É a forma farmacêutica em que o princípio ativo encontra-se pulverizado, podendo ser destinado ao uso interno ou externo. Droga vegetal Moagem Pó 19 Limitação de uso: dificuldade de padronização farmacológica e do controle de qualidade. Indicação: é usado como infuso (chá) ou misturado diretamente em bebidas ou frutas amassadas. É especialmente indicado para pacientes com dificuldade em ingerir cápsulas ou com intolerância gástrica a elas. Vantagens: garante homogeneidade da mistura, bom acondicionamento, facilita a extração dos princípios ativos e possui facilidade de administração ao paciente. Desvantagens: pode causar irritabilidade em esôfago e promover náuseas em pessoas sensíveis, em especial para princípios amargos. INFUSÃO Trata-se de uma técnica extrativa que consiste em lançar sobre a planta água fervente, mantendo-se o líquido e a planta encerrados num vaso fechado, em contato durante certo tempo. Esta técnica é utilizada para plantas tenras, folhas, flores reduzidas normalmente a pó ou rasuradas. É conhecido popularmente como chá por infusão. Preparo: separe as partes que lhe interessam e lave-as cuidadosamente. Pode-se utilizar plantas medicinais variadas, desde que de órgãos vegetais idênticos (só folhas ou só flores). Ferva a água, desligue e mergulhe as partes da planta. Observe a proporção: 5 partes de planta para 95 partes de água! Cubra e deixe abafado por 5 a 30 minutos. Obs.: É importante abafar, principalmente quando se utiliza folhas e flores, para evitar a perda das propriedades medicinais. DECOCÇÃO Consiste em manter um sólido (no caso, a planta) em contato, durante certo tempo, com um solvente, normalmente a água em ebulição, obtendo-se deste modo, uma solução extrativa denominada decocto ou cozimento. É uma técnica empregada para plantas que possuem superfície e partes lenhosas (cascas, raízes e folhas muito duras). É chamado de chá por fervura. 20 Preparo: separe as partes da planta que lhe interessem e lave-as cuidadosamente. Em um recipiente com água, adicione as partes da planta e submeta à cocção (10 a 20min). O tempo de preparo depende da parte da planta utilizada: 2 minutos para folhas e flores 7 minutos para raízes e caules 10 minutos para a planta toda Observe a proporção: 10 partes de planta para 150 partes de água. Após este tempo, retire do fogo e deixe o recipiente tampado por alguns minutos antes de usar. Proceda a filtragem antes de ingerir. MACERAÇÃO consiste em um tipo de extração a frio de acordo com a relação química entre ativo e solvente, no qual certas plantas são deixadas em repouso em determinado líquido (água destilada, vinho, álcool de cereais e óleos), durante um certo período, para extração, exemplo azeite aromatizado ou vinagre com especiarias. 21 TINTURA As tinturas são soluções hidroalcoólicas (30º a 96ºGL) obtidas de vegetais secos por maceração ou por percolação. Geralmente feito com 20% a 25% de planbtas secas para as tinturas vegetais. A tintura mãe segue a padronização de 10% e é a base para produção de homeopatias. Podem ser: simples (extração de uma única espécie) ou composta (extração de duas ou mais espécies). As tinturas devem ser administradas diluídas em água, em função do alto teor alcoólico e sabor forte das plantas.Indicação: pacientes com dificuldade para ingestão de cápsulas. Vantagens: redução da quantidade de material ingerido para atingir a mesma ação medicinal, além da alta biodisponibilidade. Desvantagens: Alto teor alcoólico e eventuais incompatibilidades físico- químicas entre algumas plantas. EXTRATOS SECOS São preparações sólidas obtidas pela evaporação do solvente utilizado na extração. Os extratos secos são obtidos pela evaporação do extrato aquoso ou alcóolico a uma temperatura que não exceda 50ºC e apresentam, no mínimo, 95% de resíduo seco, calculados como porcentagem de massa, ou seja, não podem exceder 5% de seu peso em água. A Farmacopéia Brasileira não estabelece a concentração do extrato seco em relação à droga vegetal, ficando a critério do produtor. Extrato seco padronizado: O teor de um ou mais constituintes é ajustado a valores previamente definidos. 22 O objetivo é garantir o controle de qualidade e o desenvolvimento de produtos fitoterápicos que preenchessem os requisitos de qualidade, eficácia e segurança, exigidos para qualquer medicamento. Exemplo de extratos padronizados: - Ginkgo biloba: 24% de gingkosídeos; - Glycine max: 40% de isoflavonas. Normalmente os extratos secos são prescritos em cápsulas. Indicação: pacientes com intolerância ao cheiro e/ou ao gosto de uma ou mais plantas da fórmula. Vantagens: fácil administração e facilidade de transporte. Desvantagens: dificuldade de uso pediátrico, inviável para algumas plantas volumosas, fracionamento da dose em grande quantidade de cápsulas, intolerância gástrica às cápsulas ou desconforto em virtude de agentes de volume (excipientes). A relação entre o derivado de droga vegetal e sua concentração pode ser dada de duas formas: a primeira, em que se correlaciona a quantidade de droga vegetal utilizada para se obter determinada quantidade de extrato; e a segunda, em que se explicita a quantidade, em percentual, do marcador químico e/ou farmacológico daquele extrato. À primeira situação dá-se o nome do extrato concentrado e, à segunda situação dá-se o nome do extrato padronizado. 23 CUIDADOS COM AS PLANTAS MEDICINAIS SABER IDENTIFICAR • Uma mesma espécie vegetal pode ser conhecida por diferentes nomes populares de acordo com a região onde são encontradas. Dessa forma é importante saber o nome científico para a correta identificação. Existem ainda espécies vegetais que apresentam o mesmo nome popular, porém são espécies diferentes, para indicações também diferentes. Ex: Erva de São João (Hypericum perforatum L.) e Erva de São João (Ageratum conyzoides L.). • É importante utilizar as plantas medicinais mediante a indicação de um profissional qualificado. • Cuidado para não confundir a espécie a ser utilizada com outras de características semelhantes. Ex: Gengibre (Zingiber officinale Roscoe), Zedoária (Curcuma zedoaria (Christm.) Roscoe), Cúrcuma (Curcuma longa L.). SABER ONDE COLHER • As espécies medicinais devem ser colhidas em hortos comunitários, hortas caseiras ou vasos. Evite colher plantas medicinais em terrenos com contaminação de poluentes químicos e biológicos; ALERTA: • Não colha plantas na beira de rios, córregos poluídos, esgotos, nem às margens das estradas devido à contaminação dos poluentes (fumaça dos carros, pesticidas, entre outros). • Não utilizar herbicidas para controle de pragas. Esse controle pode ser feito com espécies ricas em óleos essenciais como o capim-santo (Cymbopogon citratus (DC.). Stapf.), citronela (Cymbopogon winterianus Jowitt ex Bor), alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham.), etc. SABER COMO COLHER • Os cuidados que devem ser tomados durante a colheita visam preservar a integridade das partes colhidas para evitar perda de princípios ativos. Seguem algumas recomendações: 24 • A colheita deve ser realizada com o tempo seco, de preferência pela manhã. Não se recomenda, executá- la com água sobre as partes, por exemplo, com o orvalho da manhã. • Para as sementes recomenda-se aguardar o completo amadurecimento, quando os frutos são de sementes que caem após o amadurecimento, deve-se antecipar a colheita. • As cascas são colhidas quando a planta atinge a plenitude de seu crescimento, ao fim de ciclo anual ou antes da floração (nas perenes). Nos arbustos as cascas são separadas no outono, e nas árvores, na primavera. • As ferramentas de colheita variam de acordo com a planta colhida: flores e hastes utiliza-se tesoura de poda; raízes e parte subterrâneas são utilizadas pás, enxadas e enxadões. • Durante a colheita, evitar a incidência direta de raios solares sobre as partes colhidas, principalmente folhas e flores. No caso de raízes, pode-se deixar por algum tempo ao sol. SABER COMO SECAR • As plantas medicinais devem ser adquiridas secas. O processo de secagem garante a qualidade da droga vegetal e maior tempo de uso. • A secagem deve ser iniciada imediatamente após a colheita, devido à necessidade da estabilização dos metabólitos secundários; • As folhas e inflorescências de plantas ricas em óleos essenciais devem ser secas a sombra e em local arejado. As raízes e cascas devem ser lavadas, cortadas em pequenos pedaços e secas ao sol ou em estufa de ar circulante, a 45°C. 25 • As plantas devem ser secas separadamente e identificadas em estrados ou bandejas dispostas em camadas finas e revolvidas diariamente para acelerar a secagem. • O tempo de secagem natural ou artificial, varia de acordo com cada espécie e com a parte da planta. SABER A PARTE DA PLANTA A SER USADA • É preciso conhecer a planta e saber em que parte da mesma se encontra a maior concentração de metabólitos secundários para a atividade indicada. Ex: caules alados de carqueja (Baccharis trimera (Less.) DC.); capítulos florais de camomila (Matricaria chamomilla L.); cascas de barbatimão (Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville); rizomas de gengibre (Zingiber officinale Roscoe); raízes de alcaçuz (Glycyrrhiza glabra L.) e frutos de erva-doce (Pimpinella anisum L.). SABER QUANTO USAR • A quantidade da planta a ser utilizada é importante para a obtenção da dose correta e para evitar efeitos tóxicos da preparação; Deve-se ficar atento as doses sugeridas nos Formulários Oficiais. ALERTA: • As plantas só devem ser consumidas dentro de um esquema terapêutico em plena observância da dose utilizada, frequência de uso, via de administração, forma de preparação e tempo de utilização. SABER COMO PREPARAR • Existem diferentes formas de preparação à base de plantas medicinais a exemplo do infuso, decocto, macerado, entre outros e cada uma delas altera a liberação dos componentes. Dependendo da planta a ser utilizada, de seus princípios ativos e da doença a ser tratada, uma forma de preparo pode ser mais eficaz que outra. SABER COMO USAR • Deve ser observado se a indicação é para uso interno ou externo. Existem espécies vegetais que só devem ser usadas externamente. 26 • A mistura ou associações de plantas medicinais pode ser realizada com orientação profissional, levando em consideração possíveis interações medicamentosas. O mesmo deve ser considerado quanto ao uso concomitante de medicamentos sintéticos e plantas medicinais. SABER COMO ARMAZENAR • As espécies vegetais devem ser armazenadas devidamente secas em sacos plásticos/papéis ou potes de vidro previamente higienizados e devidamente identificados, em local arejado. • Renove periodicamente as espécies vegetais que você costuma fazer uso. SABER DA TOXICIDADE DA PLANTA • Espécies vegetais podem induzir intoxicação, dependendo de quem as toma, do quanto é administrado e do tempo de uso. Muitas plantas medicinais a depender da dose têm efeito abortivo e teratogênico. Existemplantas que independente da dose são potencialmente venenosas e não devem ser utilizadas. Ex: comigo-ninguém-pode (Diffenbachia picta Schot); mamona (Ricinus communis L.); espirradeira (Nerium oleander L.). PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS COMUMENTE EM NUTRIÇÃO 1.Camomila (Matricaria chamomilla) É uma planta tradicionalmente utilizada para tratamento de desconfortos abdominais, como cólicas e como sedativo leve. Extratos das flores de camomila possuem efeitos antidiarréicos, antissecretório e antiespasmódico, por ativação de canais de potássio e antagonista de canais de cálcio. A camomila diminui a cólica abdominal por diminuição do peristaltismo. 27 2.Espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) Possui uso popular para tratamento de distúrbios gástricos. Suas folhas possuem frações flavônicas que exercem ações gastroprotetoras. Possui ação na motilidade gástrica em quadros de diarreia. O mecanismo por trás desse efeito dá-se pela ação em receptores muscarínicos e não em dopaminérgicos. O extrato de espinheira- santa reduz a secreção ácida por inibição da bomba de prótons, sendo gastroprotetor em hipersecreção ácida. Em paralelo, possui ação anti- inflamatória em parede de estômago, sendo mais um auxílio no tratamento de úlceras. A infusão de espinheira-santa pode ser feita por nutricionista, ao passo que a prescrição de medicamentos à base é exclusiva médica. 3.Guaçatonga (Casearia sylvestris) Utilizada tradicionalmente para inflamação e úlceras, por mecanismos diferentes da espinheira- santa. Suas folhas contém uma classe de terpenos que inibem fosfolipase A2, evitando lesão de parede gástrica por meio de atividade antiinflamatória não esteroidal, ou seja, interferência na cascata química da ciclo-oxigenases. Possui ação cicatrizante da mucosa gástrica. Foi demonstrado aumento de deposição de colágeno em pontos de úlceras, em modelo animal. O efeito é melhor na forma de infusão que extrato seco, dada a ação direta do infuso na mucosa gástrica. 4.Boldo-do-Chile (Peumus boldus) Suas folhas contém um grande número de alcalóides boldina e flavonóides. É utilizada para desordens hepáticas. Possui ação na inibição da atividade da acetilcolinesterase e ação antioxidante., inclusive na ação SOD mitocondrial manganês dependente. (MnSOD) em fígado e pâncreas. A infusão de folhas exerce ação hepatoprotetora contra xenobióticos, uma vez que agem nas fases de biotransformação hepática e diminuem o processo de peroxidação lipídica. Sua ação é complementada com alcachofra (Cyanara 28 scolymus), cardo mariano (Sylibum marianum) e dente-de-Leão (Taraxacum officinale), uma sinergia que modula enzimas chaves dos diversos desequilíbrios associados à síndrome plurimetabólica, como a lípase pancreática e a α- glucosidase. Sua ação no estômago se deve à presença das catequinas, que tem demonstrado uma potente atividade antiurease e antiaderência de H. pylori, possuindo ação gastroprotetora, especialmente contra câncer de estômago. 5.Dente-de-Leão (Taraxacum officinale) Uso popular para processo de má digestão de gorduras e como diurético. Suas folhas são ricas em sesquiterpenos, saponinas, compostos fenólicos, flavonóides e fibras. Possui atividade antioxidante e anti- inflamatória em TGI, além de possível atuação em fases de biotransformação hepática. Folhas de dente-de-Leão consumidas cruas ou como infuso estimulam o crescimento de lactobacilos e bifidobactérias. Uso clínico em disbiose. Erroneamente acredita-se que um fitoterápico ou uma planta medicinal, por ser natural e não ter sido industrializado está livre de componentes químicos e efeitos colaterais. Isto faz com que as pessoas adotem a automedicação. No entanto estes compostos, como outros quaisquer, produzem reações no organismo, positivas ou negativas (ZANCANARO, 2007). A fitoterapia como qualquer outra terapêutica, deve ser praticada com prudência e com conhecimento. Se o uso inadequado de plantas medicinais em patologias simples pode não trazer maiores danos, o mesmo não ocorre em patologias que necessita uma intervenção médica rigorosa (FIGUEIREDO, 2007). 29 Uma alimentação equilibrada e variada proporciona a manutenção da saúde, pois proporciona os nutrientes necessários e os compostos bioativos que podem reduzir os riscos de doenças. Os alimentos ou ingredientes que alegarem propriedades funcionais básicas, produzir efeitos metabólicos e ou fisiológicos devem ser consumidos de forma segura sem supervisão médica. (BEVILACQUA, HARAGUCHI, WADT, 2010). Alguns compostos minerais presentes nas plantas possuem um papel preventivo no combate de doenças. No entanto, níveis elevados desses minerais podem ser perigosos e tóxicos ao organismo. Alguns minerais como Co, Cr, Cu, Fe, Mn, Mg, Mo, Se e Zn são considerados essenciais à saúde por atuarem em importantes vias metabólicas (SILVA et al., 2010). Os alimentos funcionais devem apresentar propriedades benéficas além das nutricionais básicas, sendo apresentados na forma de alimentos comuns. São consumidos em dietas convencionais, mas demonstram capacidade de regularem funções corporais de forma a auxiliar na proteção contra doenças como hipertensão, diabetes, câncer, osteoporose e coronariopatias (HUNGENHOLTZ e SMID, 2002). A maioria dos nutracêuticos e alimentos funcionais são de origem vegetal, no entanto, há alguns de outras origens, já os fitoterápicos são exclusivamente de origem vegetal (BRASIL et al., 2008). Algumas interações com alimentos são benéficas e outras podem acarretar danos ao organismo. As interações entre nutrientes dependem, na sua maioria, dos hábitos alimentares do indivíduo, não tendo grandes consequências clínicas se houver consumo de dieta equilibrada. O desequilíbrio no consumo dos alimentos e o uso crônico de alguns fármacos devem ser considerados pode ocasionar algumas destas interações negativas. A ocorrência da interação depende da natureza física e química do medicamento, da formulação na qual o medicamento é administrado, do tipo e volume da refeição, da ordem de ingestão do alimento e medicamento, do intervalo de tempo entre alimentação e a administração do medicamento, da idade e estado nutricional do indivíduo antagonismos entre fármacos e nutrientes e fármacos x fármacos são frequentemente verificados na prática clínica (REIS, 2004). Com o aumento de doenças crônicas em grande parte da população, aumentou também a procura por hábitos alimentares mais saudáveis. Uma das categorias alimentares mais procuradas é a dos novos alimentos/ingredientes, 30 substâncias bioativas, alimentos para fins especiais e até mesmo medicamentos fitoterápicos derivados de alimentos. (PEREIRA E BAJO, 2012). As interações de alimentos atrasam o esvaziamento gástrico e reduzem a absorção de muitos fármacos; a quantidade total absorvida de fármaco pode ser ou não reduzida (HOEFLER E WANNMACHER, 2010). Para garantir o uso eficaz e seguro de necessário também identificar os possíveis riscos de interações a que estão expostos os indivíduos que fazem o uso concomitante desses compostos com tipos diferenciados de alimentos. PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERAPIA NO BRASIL O uso de plantas medicinais é milenar, entretanto, desde o início deste século, tem ocorrido um crescente interesse pelo estudo de espécies vegetais e seu uso tradicional em diferentes partes do mundo (Cheikhyoussef et al., 2011), sobre tudo para garantir que a utilização seja racional e segura. Desde a declaração de Alma Ata, as organizações públicas governamentais têm demonstrado grande interesse e reunido esforços para o estudo e desenvolvimento desse tema, dada a sua magnitude, seja pela grande e crescente utilização desses recursos na terapêutica, como também por ser uma alternativa para ampliar o acessoda população ao tratamento terapêutico. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% da população de países em desenvolvimento utilizam-se de práticas tradicionais na atenção primária à saúde e, desse total, 85% fazem uso de plantas medicinais (Rosa et al., 2011). No Brasil, 20% da população consomem 63% dos medicamentos alopáticos, o restante encontra nos produtos de origem natural, especialmente as plantas, uma fonte alternativa de medicação (Marinho et al., 2007). Dessa forma, com a finalidade de organizar e consolidar a utilização das plantas medicinais e fitoterápicos, com vistas às recomendações da OMS o governo brasileiro vem normatizando o assunto no SUS por meio de Políticas Públicas de Saúde, como a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, Política Nacional de Medicamentos, Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e a própria Lei Orgância da Saúde. 31 O Ministério da Saúde (MS) é o órgão do Poder Executivo Federal responsável pela organização e elaboração de planos e políticas públicas voltados para a promoção, prevenção e assistência à saúde dos brasileiros. É função do ministério dispor de condições para a proteção e recuperação da saúde da população, reduzindo as enfermidades, controlando as doenças endêmicas e parasitárias e melhorando a vigilância à saúde, dando, assim, mais qualidade de vida ao brasileiro. Desta forma, a missão do MS é promover a saúde da população mediante a integração e a construção de parcerias com os órgãos federais, as unidades da Federação, os municípios, a iniciativa privada e a sociedade, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e para o exercício da cidadania (Ministério da Saúde, 2015). No Brasil a regulamentação do uso de plantas medicinais e da Fitoterapia iniciou-se em 2006 com a aprovação da Política de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (PNPIC), que aborda dentre outras práticas tradicionais a utilização de plantas medicinais e a Fitoterapia. A partir desta legislação e em conformidade com orientações da OMS, também em 2006 foi aprovada a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) e em 2008 o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Outro marco importante foi a publicação da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse para o SUS (RENISUS). A Portaria Nº 971 de 03 de maio de 2006 que aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares segue o disposto ao inciso II do Art. 198 da Constituição Federal, que dispõe sobre a integralidade da atenção e ao Art. 3º da Lei 8.080/90 que diz respeito ás ações destinadas a garantir às pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e social, como fatores determinantes e condicionantes da saúde e ainda ao preconizado pela OMS com relação ao estimulo ao uso da medicina tradicional (Brasil, 2006a). Em seu anexo esta portaria apresenta o histórico nacional relacionado com a sua construção, conceitos acerca da medicina tradicional, inclusive o de plantas medicinais e Fitoterapia, bem como seus objetivos e diretrizes (Brasil, 2006a). 32 Enquanto que a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos tem por finalidade estabelecer as diretrizes para a atuação do governo na área de plantas medicinais e fitoterápicos, elaborou-se a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF), que se constitui parte essencial das políticas públicas de saúde, meio ambiente, desenvolvimento econômico e social como um dos elementos fundamentais de transversalidade na implementação de ações capazes de promover melhorias na qualidade de vida da população brasileira (Brasil, 2006b). Esta política foi aprovada por meio do Decreto 5.813 de 22 de junho de 2006. Este estabelece dentre outras coisas, as diretrizes para as ações voltadas à garantia do acesso seguro e uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos em nosso país (Brasil, 2006b), tornando-se um legal e histórico para às áreas das plantas medicinais e dos fitoterápicos no Brasil. A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos constitui parte essencial das Políticas Públicas de Saúde, meio ambiente, desenvolvimento econômico e social, atuando como um dos elementos fundamentais de transversalidade na implementação de ações capazes de promover melhorias na qualidade de vida da população. Esta política estabelece as diretrizes e linhas prioritárias para o desenvolvimento de ações, pelos diversos parceiros, em torno de finalidades comuns (Gonçalves et al., 2013). Outros pontos importantes do Decreto 5.813/2006 é o incentivo ao desenvolvimento de tecnologias e inovações e o fortalecimento das cadeias e dos arranjos produtivos, ao uso sustentável da biodiversidade brasileira e ao 33 desenvolvimento do Complexo Produtivo da Saúde (Brasil, 2006b), sendo estes pontos chaves para desenvolvimento dos medicamentos da biodiversidade. O objetivo geral da PNPMF é amplo: “Garantir à população brasileira o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso sustentável da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional” (Brasil, 2006b), marco legal e histórico, pois além de se firmar como uma política de saúde pública tem caráter ambiental, científico, social e econômico. Considerando o disposto na PNPMF, em 2008 a Portaria 2.960/2008 instituiu o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, e cria também o Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. O Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos estabelece ações, parceiros em torno de objetivos comuns voltados à garantia do aceso seguro e uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos no país, ao desenvolvimento de tecnologias e inovações, assim como ao fortalecimento das cadeias e dos arranjos produtivos, ao uso sustentável da biodiversidade brasileira e ao desenvolvimento do Complexo Produtivo da Saúde (Brasil, 2008). Os princípios do programa englobam a regulamentação do manejo, distribuição e uso de plantas medicinais e fitoterápicos; a formação técnico- científica e capacitação na área de plantas medicinais e fitoterápicos; a capacitação e formação de recursos humanos para pesquisas, tecnologias e inovação em plantas medicinais e fitoterápicos; estratégias de comunicação e divulgação do setor de plantas medicinais e fitoterápicos; o fomento da pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação com base na biodiversidade brasileira; o incentivo ao cultivo e produção de fitoterápicos; ações para promover o acesso seguro e racional, a eficácia e a qualidade das plantas medicinais e fitoterápicos, dentre outras (Brasil, 2008). Essas diretrizes estão em consonância com a PNPMF e com as estratégias da atenção primária à saúde, além promover o desenvolvimento de ações voltadas para os medicamentos da biodiversidade e são importantes para melhoria dos serviços ofertados pelo SUS no âmbito das plantas medicinais e fitoterápicos. O incentivo ao cultivo e à produção de fitoterápicos e medicamentos da biodiversidade descritos no Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos tem por finalidade diminuir a dependência de matéria prima 34 estrangeira. Para se ter ideia da importância do assunto, em caso de interrupções abruptas nas importações de matérias-primas e medicamentos químicos, cerca de 25% dos nossos diabéticos correriam risco de vida, 15% dos hipertensos e portadores de úlceras gastroduodenais estariam privados de medicação supostamente adequadas e a quase totalidade dos pacientes transplantados estaria virtualmente privada de medicamentos imunossupressores (Panazzi, 2010). REGULAMENTAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERÁPICOS NO BRASIL No Brasil a regulamentação de fitoterápicosremonta dos anos 80, a Portaria Nº 212 de 11 de setembro de 1981 no item 2.4.3, definiu o estudo de plantas medicinais como uma das prioridades de investigação clínica, em 1982 o MS lançou o Programa de Pesquisa de Plantas Medicinais da Central de Medicamentos, a fim de obter o desenvolvimento de uma terapêutica alternativa e complementar (Brasil, 2008). E mais atual como vimos anteriormente em 2006 foram criadas a PNPIC e a PNPMF. Em relação ao controle na produção e distribuição de plantas medicinais e fitoterápicos a normatização do MS ocorre por meio das resoluções elaboradas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Atualmente a principal regulamentação sobre plantas medicinais e fitoterápicos é a Resolução Nº 26 de 2014 que revogou as Resoluções Nº 14/2010 e nº 10/2010 (ANVISA, 2014). Resoluções Relevantes A produção, prescrição e distribuição de plantas medicinais e fitoterápicos é regulada pela ANVISA, desta forma algumas legislações devem ser observadas a fim de atender as normas sanitárias e garantir a qualidade dos serviços ofertados no âmbito das plantas medicinais e fitoterápicos. A RDC Nº 26 de 13 de maio de 2014 dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos e o registro e a notificação de produtos tradicionais fitoterápicos, abrange os produtos industrializados que se enquadram como medicamentos fitoterápicos e produtos tradicionais fitoterápicos e estabelece os 35 requisitos mínimos para registro e renovação de registro e notificação desses produtos e conceitos relacionados. Os medicamentos fitoterápicos são registrados e os produtos tradicionais fitoterápicos registro ou notificação, as plantas medicinais sob a forma de droga vegetal, denominadas chás medicinais, serão dispensadas de registros conforme Art. 22 do Decreto 8.077 de 2013 e devem ser notificadas como fitoterápico tradicional, estes não podem conter excipientes. As preparações elaboradas por povos e comunidades tradicionais sem fins lucrativos e não industrializadas são dispensadas de registro e notificação (ANVISA, 2014). Além dessas, outras resoluções publicadas pela ANVISA e estão relacionadas com a produção e distribuição de plantas medicinais e fitoterápicos, como a RDC Nº 67 de 08 de outubro de 2007, que dispõe sobre as boas práticas de manipulação de preparações magistrais e oficinais para uso humano em farmácia (ANVISA, 2007), e a RDC Nº 87 de 21 de novembro de 2008 que altera a RDC Nº 67/2007 (ANVISA, 2008), que apresenta atualização em relação ao controle de qualidade de matérias primas vegetais e ainda sobre a prescrição que medicamentos manipulados. Vale ainda citar, a resolução RDC Nº 17 de 16 de abril de 2010, que estabelece os requisitos mínimos a serem seguidos na fabricação de medicamentos para padronizar a verificação do cumprimento das Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos (BPF) de uso humano durante as inspeções sanitárias nos artigos de 591 a 607 apresenta as boas práticas de fabricação de medicamentos fitoterápicos (ANVISA, 2010). FITOTERÁPICOS APLICADOS À OBESIDADE A incidência da obesidade tem aumentado a um ritmo alarmante nos últimos anos, tornando-se um problema de saúde, com custos sociais incalculáveis em todo o mundo. Os medicamentos fitoterápicos utilizados para emagrecimento agem no organismo como moderadores de apetite ou aceleradores de metabolismo, promovendo redução da ingestão alimentar, diminuindo os níveis séricos de colesterol, além de ação antioxidante, diurética e lipolítica. Uma grande variedade de materiais naturais tem sido explorada por seus potenciais no tratamento da obesidade. Estes são principalmente produtos complexos, com vários componentes de diferentes características químicas e farmacológicas. 36 A obesidade é considerada uma doença moderna, sendo uma das patologias de maior crescimento nos últimos anos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O sobrepeso e a obesidade são definidos como acúmulo anormal ou excessivo de gordura que pode prejudicar a saúde, estando as pessoas obesas com maior risco de desenvolver doenças graves. A proporção de pessoas acima do peso no Brasil passou de 42,7% em 2006 para 48,5% em 2011, enquanto o percentual de obesos subiu de 11,4% para 15,8% no mesmo período. O aumento da obesidade e do excesso de peso atinge tanto a população masculina quanto a feminina. Em 2006, cerca de 47,2% dos homens e 38,5% das mulheres estavam acima do peso, enquanto em 2011 as proporções passaram para 52,6% e 44,7% entre os homens. O problema do excesso de peso começa cedo e atinge 29,4% dos que têm entre 18 e 24 anos. Entre homens de 25 a 34 anos, a prevalência quase dobra, chegando a 55%. Dos 35 aos 45 anos, o percentual é 63%. Entre as mulheres, 6,9% das que têm de 18 a 24 anos são obesas. Observa-se, também, que a prevalência quase dobra entre mulheres de 25 a 34 anos (12,4%), e quase triplica entre 35 e 44 anos (17,1%). Após os 45 anos, a frequência da obesidade se mantém estável, atingindo cerca de um quarto da população feminina. Há algum tempo, o culto à magreza tem gerado nos indivíduos uma busca incessante por produtos que tentem minimizar ou mesmo erradicar o problema de sobrepeso e/ou obesidade, mas o consumo de fitoterápicos com finalidade de emagrecimento tornou-se uma prática excessiva devido, principalmente, à falta de informações mais conclusivas. O culto à boa forma física leva os indivíduos ao consumo de produtos que contribuem para a redução de peso, mas algumas vezes esse consumo ocorre de forma inadequada e sem acompanhamento de profissional habilitado. Dentre os tratamentos rotineiramente utilizados para a obesidade, há aqueles que reduzem a ingestão de alimentos; os que alteram o metabolismo e aqueles que aumentam a termogênese, os quais se valem de fármacos sintéticos ou naturais como os fitoterápicos. Vale destacar, ainda, a modificação de hábitos alimentares, prática de atividades físicas, assim como os tratamentos cirúrgicos e psicológicos. 37 Para combater a obesidade, existe uma série de tratamentos, tanto medicamentos (sintéticos e semissintéticos), quanto à base de plantas in natura, como forma complementar. Dentre as terapias alternativas para tratar a obesidade, podem-se destacar: florais, acupuntura, auriculoterapia, atividade física e os fitoterápicos. Em 1978, a OMS reconheceu oficialmente o uso de fitoterápicos para o tratamento da obesidade. Isso aconteceu devido ao fato de 80% da população utilizarem as plantas ou preparações contendo as mesmas em uso medicinal. E ainda, a acessibilidade e o baixo custo em relação aos medicamentos sintéticos favoreceram o fortalecimento e a difusão do uso de fitoterápicos. No Brasil, a política de plantas medicinais e fitoterápicos remonta o ano de 1981, por meio da Portaria n.º 212, de 11 de setembro, do Ministério da Saúde, que define o estudo das plantas medicinais como uma das prioridades de investigação clínica. Posteriormente, em 1982, o Ministério da Saúde lançou o Programa de Pesquisa de Plantas Medicinais da Central de Medicamentos (PPPM/CEME), visando desenvolver uma terapêutica alternativa e complementar com embasamento científico, pelo estabelecimento de medicamentos fitoterápicos, considerando o valor farmacológico de preparações de uso popular, à basede plantas medicinais. De acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada nº 48, de 2004, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), fitoterápicos são todos os medicamentos preparados exclusivamente com plantas ou partes de plantas medicinais raízes, cascas, folhas, flores, frutos ou sementes, que possuem propriedades reconhecidas de cura, prevenção, diagnóstico ou tratamento sintomático de doenças, validadas em estudos etnofarmacológicos, documentações tecnocientíficas ou ensaios clínicos de fase III. Desde 2007,com a implantação da Resolução do Conselho Federal de Nutricionistas, nº 402, de 6 de agosto de 2007, é permitida a todo profissional nutricionista a prescrição de medicamentos fitoterápicos e preparações magistrais, como complemento de prescrição dietética de uso oral, sejam estes a droga vegetal in natura ou em suas diversas formas farmacêuticas, desde que o profissional nutricionista seja portador do título de especialista em Fitoterapia. De acordo com a mesma Resolução, a prescrição fica vedada aos fitoterápicos 38 isentos de prescrição médica inclusos na Resolução nº 89, de 16 de março de 2004. O emprego da fitoterapia por parte dos profissionais de saúde e o aceite destes fármacos pela população vêm crescendo a cada dia, e aproximadamente 25% dos medicamentos prescritos no mundo atualmente são de origem vegetal. Camellia sinensis L. O chá verde, chá preto, chá da china ou chá inglês, são formas de apresentações comerciais diferentes das folhas de Camellia sinensis L., que tem procedência oriental, sendo muito popular na China, Índia e Japão. Esta planta é uma das bebidas mais consumidas no mundo. Representante da família Theaceae, é um alimento que possui seu maior consumo pela população como planta medicinal, o que o torna para muitos um alimento funcional. Influências culturais, sociais e econômicas repercutem na intensificação de pesquisas com extratos vegetais e seus componentes bioativos. Nesse contexto, C. sinensis vem se destacando em várias pesquisas por sua composição rica em compostos fenólicos, os quais constituem potentes antioxidantes. Dependendo do processo de produção utilizado, suas folhas são a base para a produção de três principais tipos de chás: chá verde, oolong e preto, sendo que a diferença entre eles depende do grau de inativação das enzimas foliares durante o processamento. O chá verde é produzido das folhas frescas da planta, após uma rápida inativação da enzima polifenoloxidase, pelo emprego de vaporização e secagem, o que mantém preservado o teor de polifenóis e o torna mais rico em catequinas que os demais. O chá oolong ou “parcialmente oxidado” é obtido após as folhas ficarem em repouso por duas a quatro horas, sendo depois aquecidas para que o processo oxidativo seja interrompido. Já o chá preto é derivado de 39 folhas envelhecidas pela oxidação aeróbica das catequinas, catalisadas enzimaticamente. As folhas frescas do vegetal Camellia sinensis que compõem o chá verde têm elevada quantidade de flavonoides, que são conhecidos como catequinas. Dentre elas, podem-se destacar como as principais: epicatequina (EC), epicatequinagalato (ECG), epigalocatequina (EGC) e epigalocatequinagalato (EGCG), esta última a mais abundade no chá verde e que concentra maiores interesses. Além disso, possuem antioxidantes que são os polifenóis, manganês, potássio, ácido fólico, vitamina C, vitamina K, vitamina B1 e B2. A utilização de produtos à base de C. sinensis tem crescido significativamente nos últimos anos, e há relatos de inúmeros efeitos colaterais sérios associados com seu uso. Como exemplo disso, a Agência Espanhola de Medicina decidiu suspender a comercialização do “Exolise extrato etanólico Dry Camellia sinensis”, na sequência da notificação de quaro casos de hepatotoxicidade associados ao extrato. Esse produto foi usado como programa de ajuda ao tratamento de emagrecimento, e o sistema de farmacovigilância espanhol passou a exigir que todos os profissionais da saúde atentassem para detectar e caracterizar potenciais problemas de saúde que sua utilização possa acarretar. Catequinas do chá verde (GTC) são compostos polifenólicos presentes nas folhas secas não fermentadas da planta C. sinensis. Os resultados de ensaios demonstraram que o consumo de GTC pode reduzir o peso corporal. A hipótese é que predominam influências GTC na atividade do sistema nervoso simpático (SNS), aumentando o gasto de energia e promovendo a oxidação de gorduras. A cafeína, naturalmente presente no chá verde, também influencia na atividade do SNS e pode agir sinergicamente com GTC para aumentar o gasto energético e a oxidação de gordura. Outras possíveis alterações foram: a diminuição do apetite, aumento da regulação das enzimas envolvidas na oxidação de gordura hepática e a diminuição da absorção de nutrientes. Estudo com cultura de células humanas tem demonstrado que os componentes do chá verde e a cafeína aumentam a oxidação lipídica e a termogênese, promovendo, dessa forma, aumento no gasto energético, provavelmente devido ao efeito sinérgico entre as moléculas. 40 Pesquisadores demostraram que houve aumento no gasto energético, diminuição no quociente respiratório de 24 horas e aumento na excreção urinária de noradrenalina em humanos que consumiram extrato de chá verde, contendo 90mg de epigalocatequinagalato (EGCG) e 50 mg de cafeína. No entanto, a mesma quantidade de cafeína 50 mg administrada isolada não afetou o gasto energético em 24horas. Dessa forma (figura 2), o flavonoide mais abundante no chá – epicatequinagalato – estimula a oxidação lipídica e termogênese. Em outro estudo utilizando epigalocatequinagalato associada ou não à cafeína, estimulou-se a termogênese em células do tecido adiposo marrom (TAM) de ratos da linhagem Sprague Dawley. Os resultados demonstraram que o tratamento somente à base de epigalocatequina, na dose de 200 μM, estimulou o aumento do consumo de oxigênio pelo tecido adiposo marrom. No entanto, quando foram adicionados 100 μM de cafeína a esta concentração de EGCG, o 41 consumo de oxigênio foi ainda maior do que apenas como fitoterápico isolado. O tratamento apenas com 100 μM de cafeína, porém, não apresentou nenhum efeito. Os efeitos termogênicos do extrato de chá verde resultariam das interações sinérgicas entre catequinas, cafeína e noradrenalina (figura 3). A catequina inibiria a catecol-o-metiltransferase (COMT) hepática, enzima responsável por degradar a noradrenalina na fenda sináptica, o que prolongaria seu efeito. O AMP-c, segundo mensageiro intracelular para a termogênese mediada por noradrenalina, prolonga seu efeito na célula, fazendo com que haja maior consumo de ATP, pois, como se sabe, o AMP-c é oriundo da degradação do ATP, o que contribui para maior gasto energético. Em outra pesquisa, observou-se que a associação de cafeína e chá verde (25 mg de cafeína), 45 mg de epigalocatequinagalato e 380 mg de placebo induziu a prevenção ou limitação do reganho de peso, com variação de 5 a 10% em indivíduos obesos. Por outro lado, o tratamento apenas com cafeína 300 mg/dia mostrou-se mais evidente no tocante à perda de peso, bem como na manutenção da massa corpórea dos indivíduos participantes do estudo. Foi visto 42 também o reganho de peso, que ocorreu em casos onde, provavelmente, pode ser explicado pela diminuição da sensibilidade à cafeína e a relação com a saturação do sistema enzimático via da leptina. Outra pesquisa mostrou a relação entre gordura corporal e o consumo de chá verde. De acordo com o estudo, de 1.103 indivíduos avaliados, cerca de 43% eram consumidores habituais de chá verde e apresentaram uma quantidade menor de gordura corporal e menor relação cintura-quadril, comparados com os que não consumiam o chá verde habitualmente. Este resultado mostrou-se mais efetivo nos indivíduos que consumiam o chá por mais de dez anos. Em outro trabalho, os pesquisadores avaliaram os efeitos do consumo de chá oolong, que apresenta grandes quantidades de catequinas. O estudo foi do tipo duplo cego de 12 semanas, no qual japoneses ingeriram uma garrafa de chá oolong/dia, contendo 690 mg de catequinas ou uma garrafa de chá oolong/dia contendo apenas 22 mg de catequinas no grupo controle. O grupo controle apresentou resultados menos satisfatórios, comparadoao grupo de estudo que consumiu o extrato de chá oolong. Este último grupo apresentou diminuição das dobras cutâneas, da gordura corporal subcutânea e total, além da diminuição da circunferência abdominal e redução nas taxas de LDL oxidado. Estudos semelhantes foram realizados com animais (patos da espécie Cherry Valley), onde foram constatadas redução da espessura de gordura subcutânea, largura de gordura intramuscular, e produção de gordura abdominal e de triglicerídeos no soro. Estudos com células sugerem que o chá verde pode reduzir a absorção de glicose e gordura pela inibição de enzimas gastrintestinais. O extrato de chá verde AR25 inibiu in vitro lipases digestivas marcadas, sendo susceptível de reduzir a digestão de gordura em seres humanos. Em pesquisa com extrato metanólico de botões florais de Camellia sinensis, os pesquisadores mostraram a inibição do ganho de peso e gordura visceral em ratos diabéticos (TSOD - Tsumura Suzuki Obese Diabetes), alimentados com dieta rica em gordura. No estudo, os pesquisadores sugeriram que o efeito antiobesidade ocorreu também devido à chakasaponina II isodada da fração n-butanólica, que tanto inibiu o esvaziamento gástrico como a ingestão de alimentos, devido à supressão de RNAm de neuropeptídeo Y, atuando sobre 43 o gastro energético no hipotálamo por meio dos nervos sensoriais, aferentes e provavelmente vagais, aperfeiçoando a liberação de 5-HT e consequente redução da ingestão de gordura e ganho de peso corporal. Citrus aurantium L. Citrus aurantium é conhecido popularmente como laranjeira amarga, laranjeira cavalo, laranjeira azeda e laranjeira de Sevilha. Suas folhas, flores e frutos têm sido usados, na medicina popular, para o tratamento de alguns distúrbios como insônia, ansiedade e como anticonvulsivante. O C. aurantium é usado desde os tempos medievais na região do Mediterrâneo como sedativo, colagogo, estimulante cardíaco e digestivo, além de antídoto contra venenos. É encontrado em áreas tropicais quentes de ambos os hemisférios. Na atualidade, tem-se observado crescente interesse pelos frutos verdes de C. aurantium, devido ao caráter emagrecedor em produtos de origem vegetal. Extratos do fruto imaturo de C.aurantium são, muitas vezes, utilizados para perda de peso, mas são relatados por produzirem efeitos cardiovasculares adversos, os quais são menores se comparados aos benefícios referentes ao emagrecimento, devido ao estímulo dos receptores β-3 tecido adiposo e fígado, efeito antiespasmódico, sedante e hipnótico. Além disso, em testes, a administração de C. aurantium e Rhodiolarosea resultou numa elevação nos níveis de norepinefrina hipotalâmica e elevação de dopamina no córtex frontal, resultados que sugerem que os tratamentos de C. aurantium com R. rosea têm ações em vias de monoamina centrais e com potencial de ser benéfico para o tratamento de obesidade. O fruto seco imaturo de C. aurantium contém em torno de 10% de flavonoides e cinco aminas adrenérgicas: sinefrina, hodermina, octopamina, tiramina e N-metiltiramina. Dentre essas aminas, a sinefrina é a que possui destaque especial: é vendida na sua forma sintética, desenvolvida como agente 44 simpatomimético, sendo um agonista α-adrenérgico com algumas propriedades β-adrenérgicas sob o nome de oxedrina. Algumas vezes, é utilizada em doses maiores, de maneira análoga ao uso de altas doses da efedrina para crises asmáticas, via intravenosa. Na natureza, a sinefrina ocorre em todos os produtos derivados de cítricos Citrus sp., Rutaceae, inclusive em sucos, sendo consumida em pequenas quantidades se derivados cítricos estiverem inclusos na dieta. A sinefrina é uma substância presente no extrato de C. aurantium L. com propriedade termogênica eficaz, possuindo similaridade com os alcaloides da Ephedra sinica, como a efedrina. Estudos indicam que as aminas adrenérgicas de C. aurantium L., a exemplo da sinefrina, causam pouco ou nenhum efeito sobre o SNC e/ou cardiovascular. Testes realizados em ratos fêmeas Sprague-Dawley com o uso de sinefrina 95% em extrato, durante 28 dias, demonstraram efeitos mínimos sobre a frequência cardíaca e pressão sanguínea. Com a adição da cafeína, o aumento da frequência cardíaca e pressão arterial foram mais pronunciados, sugerindo que outros componentes botânicos podem alterar esses parâmetros fisiológicos. O extrato de C. aurantium L. aumenta o metabolismo sem afetar a taxa de batimentos cardíacos ou a pressão sanguínea, pois pesquisas recentes confirmam que o mesmo estimula somente o receptor β-3 adrenérgico, evitando efeitos colaterais negativos no sistema cardiovascular. A sinefrina (figura 4) é uma substância utilizada para o tratamento da obesidade devido à habilidade em se ligar aos receptores denominados β-3 adrenérgico em sítios específicos na célula que regulam a perda de gordura. 45 Os receptores β- 3 adrenérgicos aceleram a lipólise e aumentam o metabolismo basal através da termogênese. Poucas são as substâncias capazes de ativar diretamente os receptores β-3 adrenérgicos, sem atuar nos receptores α-1, α-2, β-1, β-2, os quais estão relacionados à pressão sanguínea e aos batimentos cardíacos. Os receptores β-3 adrenérgicos estão presentes em diferentes células, atuando em uma variedade de funções, dentre as quais a modulação da liberação de hormônios, o controle metabólico e a regulação cardiovascular. Nos adipócitos, tem sido demonstrado que os receptores β-3 adrenérgicos atuam na liberação de leptina. Além disso, o balanço entre lipogênese e lipólise está associado à estimulação de receptores α e β- adrenérgicos, respectivamente. Carthamus tinctorius L. O cártamo, Carthamus tinctorius L., pertence à família Compositae e Asteraceae, sendo do tipo herbácea com origem na Ásia e África. Apresenta em suas flores um corante vermelho chamado cartamina, bastante usado em tingimento de tecidos, também possui um amarelo que é muito utilizado na culinária (quadro 1). 46 A disseminação da espécie dá através das sementes das quais é obtido o óleo, cuja produção cresceu nos últimos 30 ou 40 anos pelo aumento do seu uso na alimentação em humanos. Dentre os óleos vegetais, o óleo de cártamo é um dos mais comuns. As sementes da planta são ricas em ácido linoleico ômega 6 em torno de 70% e ácido oleico ômega 9 em torno de 20%. As sementes de cártamo têm sido utilizadas na Coreia como uma substância que promove a formação óssea e evita o desenvolvimento de trombos, por diminuir a viscosidade sanguínea. Já suas flores são utilizadas popularmente no tratamento de doenças cardiovasculares, cerebrovasculares, hepáticas e muito raramente em problemas ginecológicos. O óleo de cártamo, através do ácido linoleico, atua da redução da gordura corporal inibindo a ação da enzima lipase lipoprotéica (LPL), que tem a função de transferir os lipídios presentes na corrente sanguínea para o interior das células adiposas. Estas são responsáveis por armazenar a gordura corporal e compõem o tecido adiposo do corpo humano. Quanto mais expressiva a atividade da enzima LPL, maior a quantidade de lipídios armazenada nas células adiposas, aumentando assim o volume do tecido adiposo. Com o bloqueio da ação da enzima LPL, a transferência de lipídios para o interior das células também fica inibida, obrigando o organismo a usar o estoque de gordura já existente como fonte de energia para as atividades musculares, causando o processo de lipólise. O ácido linoléico age aumentando atividade de uma enzima presente no organismo, a carnitinapalmitoil- transferase (CPT). Esta enzima está presente nos músculos esqueléticos de contração voluntária, como o bíceps, sendo responsável pela mobilização de lipídios em forma de ácidos graxos para o interior das mitocôndrias, em prol de realização d a β -oxidação,
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