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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE GESTÃO EMPRESARIAL EM TRIBUTAÇÃO E CONTABILIDADE HOLDING FAMILIAR Aluna: Carolina Pires Estrella SUMÁRIO INTRODUÇÃO .............................................................................................03 1 DESCRIÇÃO DA EMPRESA ...................................................................03 1.1 HOLDING FAMILIAR COMO INSTRUMENTO DE SUCESSÃO 04 1.2 VANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DA HOLDING FAMILIAR COMO FERRAMENTA NO PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO ..........04 3 CONCLUSÃO .............................................................................................06 REFERÊNCIAS..............................................................................................08 1 INTRODUÇÃO A holding familiar apesar de ainda pouco utilizada no Brasil é muito comum em outros países. Nos Estados Unidos e em muitos países europeus, a prática é muito difundida, pois os impostos sucessórios são muito elevados, ocasionando que cidadãos daqueles países optem maciçamente por esta ferramenta. A necessidade do mercado brasileiro neste segmento é evidente, pois a população desconhece tais mecanismos e a maioria das pessoas não se preocupa com o que acontecerá no momento de sua morte. É no momento da abertura da sucessão que os herdeiros começam a ter noção da burocracia e das despesas envolvidas com esse tipo de processo, gastos estes que poderão ser ainda maiores se houver alguma discordância em relação à divisão dos bens. Com o planejamento sucessório realizado através de um mecanismo intitulado holding familiar, procura-se evitar o desgaste emocional e financeiro no momento da partilha, onde o doador previamente determinará o futuro de seu patrimônio. .1 DESCRIÇÃO DA EMPRESA A holding, cuja denominação origina-se da expressão verbal inglesa to hold (cujo significado remete as palavras manter, segurar, reter), não se configura como uma nova espécie societária, mas sim uma atividade empresarial em que se deve optar por um dos tipos societários abarcados em nossa legislação. (MAMEDE 2020, p. 13). A holding nada mais é do que uma sociedade constituída com o intuito de manter participação em outras empresas, segundo Silva e Rossi (2017, p. 20). Fernandes (2018) no mesmo sentido esclarece que: A legislação brasileira prevê a holding certo tempo, mesmo que não utilize a expressão em si. Na Lei de Sociedade Anônima - 6.404/76, em seu artigo 2º, inciso III, estabelece que "a empresa pode ter por objetivo participar de outras empresas..." Apesar de constar na LSA - 6.404/76, não significa que necessariamente esta empresa cujo objeto social seja participar de outras empresas deve ser uma sociedade anônima, podendo adotar outro tipo societário e constituição. Não existe vedação legal para que a empresa seja constituída como sociedade contratual (quotas) com responsabilidade limitada, ou mesmo outros tipos societários. Em relação ao objetivo da empresa holding, várias são as razões para sua criação, Oliveira (2014, p. 18) destaca algumas como: representação do acionista controlador no comando de empresas de sociedades anônimas de capital aberto; simplificar as soluções relativas à herança, sucessões e patrimônio familiares; atuar como procuradora de todas as empresas de um mesmo grupo empresarial aumentando o poder de barganha junto a entidades de classe, governo, instituições financeiras, etc.; facilitar a administração do grupo empresarial, bem como o planejamento fiscal e tributário; otimizar as estratégias do grupo empresarial. Já a holding familiar, conforme esclarece Mamede (2020, p. 12), não é um tipo específico de holding, e sim uma contextualização específica. Segundo o autor, a holding familiar tem como ponto característico estar assentada no âmbito familiar, com o objetivo de promover a organização do 13 patrimônio, administração dos bens, otimização fiscal e sucessão hereditária com vistas ao melhor interesse de seus membros. 1.1HOLDING FAMILIAR COMO INSTRUMENTO DE SUCESSÃO A transmissão de bens aos sucessores, em virtude do falecimento da pessoa, decorre do direito à sucessão, e tradicionalmente opera-se pelo inventário e partilha, decorrente de determinação de lei, ou ainda por disposição de última vontade, que se configura pelo testamento. Uma alternativa aos modos tradicionais de sucessão, que se afigura lícita e eficiente, é a constituição de uma holding familiar objetivando o planejamento sucessório. O planejamento sucessório, indubitavelmente, configura-se como valiosa ferramenta não só no sentido de promover garantia jurídica e financeira, bem como proteção aos bens dos membros da família. Assim no presente tópico serão apresentados, por meio de conceitos doutrinários, a importância do referido planejamento A holding familiar como ferramenta de sucessão hereditária, apresenta vantagens em relação aos chamados métodos “tradicionais” anteriormente assinalados. O referido instrumento mais se assemelha a uma estratégia do que a um instituto jurídico, como se observa na conceituação oferecida por Mamede (2021, p.19): A chamada holding familiar não é um tipo específico, mas uma contextualização específica. Pode ser uma holding pura ou mista, de administração, de organização ou patrimonial, isso é indiferente. Sua marca característica é o fato de se enquadrar no âmbito de determinada família e, assim, servir ao planejamento desenvolvido por seus membros, considerando desafios como organização do patrimônio, administração de bens, otimização fiscal, sucessão hereditária etc. Como bem observa Silva e Rossi (2017, p. 16), caracteriza-se a holding familiar por ter em vista a proteção ao patrimônio familiar, incluindo também a tutela do sucesso de eventuais empresas pertencentes à família. Pondera Leone (2005, p. 50) que, “dar à empresa uma nova perspectiva de atuação ou ser a sua destruição, aliada à falta de profissionalismo, é a questão central do processo sucessório, constituindo-se num enfoque de ambiguidade.” Assim, interessante e oportuna é a consideração da utilização da holding familiar como opção no processo sucessório. É de conhecimento notório que a sucessão hereditária, seja no âmbito familiar ou empresarial, muitas vezes representa um assunto espinhoso dentro do núcleo familiar. Como esclarece Oliveira (2014, p. 25-26), a holding familiar como ferramenta de sucessão empresarial, surge como uma opção para solucionar o problema da disputa sucessória, pois permite ao fundador da empresa determinar seu sucessor, resguardando a continuidade da mesma. Adentrando a especificidade do tema holding familiar, temos que a formação da mesma implica na reunião de todos os bens pessoais como patrimônio dessa sociedade, oferecendo ainda a seu titular a possibilidade de repassar a seus 35 herdeiros cotas ou ações na forma que melhor lhe convir, tendo a opção ainda de conservar para si, em usufruto vitalício essas participações. Assim, pode continuar administrando todo o seu patrimônio, conforme leciona Oliveira (2014, p.25). Com vistas à escolha dessa ferramenta no planejamento sucessório, destacam-se as considerações de Silva e Rossi (2017, p.17) acerca dos benefícios da utilização da mesma com esse objetivo. Segundo o citado autor, através da holding familiar pode-se alcançar um planejamento societário, sucessório e tributário mais pormenorizado, abrigado pela legislação, visando minorar os inúmeros riscos inerentes ao desenvolvimento da atividade empresarial, bem como evitar os inconvenientes da sucessão hereditária de bens e ainda estruturar a parte fiscal, resultando numa diminuição da carga tributária. 1.2VANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DA HOLDING FAMILIAR COMOFERRAMENTA NO PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO A holding familiar tornou-se um instrumento bastante interessante ao possibilitar a transferência do patrimônio aos herdeiros de forma prévia e organizada, resultando numa sucessão eficaz na condução dos negócios de eventual empresa que integre o conjunto de bens, como também possibilita a determinação em vida pelos patriarcas do destino de seus bens, conforme Silva e Rossi (2017, p. 81). De acordo com Vidigal (1996, apud LEONE, 2005, p. 50), não são raros os conflitos familiares quando do processo sucessório, devido, sobretudo, a falta de planejamento do fundador da empresa, muitas vezes permanecendo até idade avançada no comando da mesma e não oportunizando aos sucessores a liderança. Outro aspecto a ser considerado é o fator econômico. Por óbvio, a constituição de uma holding familiar não é isenta de custos; mas nessa questão, apresenta algumas peculiaridades vantajosas no aspecto sucessório em relação aos chamados métodos tradicionais, que demandam a realização, por exemplo, do inventário. De acordo com Silva e Rossi (2017, p. 84), quando do advento do inventário, em muitos casos, a família precisa se desfazer de um bem para quitar o imposto, que deve ser recolhido previamente. Nesse sentido, cumpre destacar as afirmativas de Gutierrez (2006, p. 260, apud ARAÚJO, 2018, p. 14), em relação aos princípios constitucionais que amparam o planejamento tributário, ao sustentar que, embora o indivíduo não possa furtar-se ao pagamento de tributos, o mesmo possui o direito, amparado pelos princípios da legalidade tributária, tipicidade cerrada e autonomia privada, a legitimamente buscar a redução ou postergação dos respectivos pagamentos. Outra particularidade bastante atrativa da holding familiar como ferramenta no planejamento sucessório, conforme bem elucida Mamede (2021, p. 94), é a possibilidade de no ato constitutivo da holding fazer uma doação de cotas ou ações gravadas com cláusula de incomunicabilidade, evitando que sejam alvo de partilha resultante de separação ou divórcio. Atentando-se, porém, ao fato de que a doação compõe a legítima, sendo ainda necessário observar a limitação do art. 1.848 do 37 Código Civil (BRASIL, 2002)12, ou seja, deve haver justa causa para impedir a alienação, penhora ou comunicação patrimonial. A doutrina pátria destaca vários benefícios oriundos da utilização da ferramenta da holding familiar com o propósito de proteção ao patrimônio da família, por meio de lícita e legal blindagem patrimonial. 2.CONCLUSÃO Por todo o exposto conclui-se que a holding familiar, apesar de não tão difundida no país, em muitos casos, é uma vantajosa ferramenta que, além de outras benesses, possui várias vantagens fiscais, tributárias e ainda mostra-se um excelente meio de proteção do patrimônio, através de uma série de prerrogativas advindas da legislação. Destaca-se que, por tratar-se de um instrumento não tão utilizado no Brasil, as referências bibliográficas relativas a holding familiar são mais esparsas do que costumeiramente se observa em outros institutos inseridos no campo do Direito Civil. Observa-se também que a blindagem patrimonial decorrente da elisão fiscal proporciona, de forma lícita e efetiva, a atenuação dos custos tributários, sendo essa uma das vantagens que se destacam na opção pela constituição da holding. Oportuno e relevante assinalar que a holding familiar não é isenta de tributação, muito embora seu exercício permita, através de expedientes oportunizados pela própria legislação, minimizar não só o custo fiscal, mas também o custo operacional e financeiro. Além disso, constata-se que, por meio de cláusulas especiais, como a cláusula de inalienabilidade, por exemplo, o patriarca mantém a prerrogativa de resguardar seus bens ou a direção da empresa familiar de pessoas estranhas à família, dando ao seu patrimônio, em vida, a destinação que melhor lhe parece. Nesse sentido, percebe-se que, como forma de minorar eventuais conflitos decorrentes do processo sucessório entre os herdeiros, e designar o gestor da empresa familiar, seja ele um familiar ou um terceiro, a fim de manter a saúde financeira e até a própria sobrevivência da empresa ao longo das gerações, a holding familiar se mostra como um mecanismo ideal e eficiente. Vale ressaltar a escolha da holding familiar como instrumento de planejamento sucessório apresenta numerosas vantagens em relação aos métodos sucessórios tradicionais, é imprescindível que a família tenha uma clareza em relação aos objetivos pessoais de seus entes, bem como dos propósitos da sociedade seja ela decorrente exclusivamente da universalidade de bens, ou da empresa familiar, para que a utilização dessa ferramenta resulte em uma decisão eficaz, benéfica e satisfatória. Conclui-se, portanto, que a holding familiar tem grande probabilidade de tornar-se uma forma corriqueira de ferramenta afigura-se como o principal instrumento de planejamento sucessório num horizonte não muito distante. REFERÊNCIA de L Neto · 2021 — HOLDING FAMILIAR COMO FERRAMENTA DE PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO Disponível em: https://repositorio.animaeducacao.com.br/bitstream/ANIMA/14206/1/TCC%20- %20HOLDING%20FAMILIAR%20v.FINAL.pdf Acesso em 06 jun. 2022. https://repositorio.animaeducacao.com.br/bitstream/ANIMA/14206/1/TCC%20-%20HOLDING%20FAMILIAR%20v.FINAL.pdf https://repositorio.animaeducacao.com.br/bitstream/ANIMA/14206/1/TCC%20-%20HOLDING%20FAMILIAR%20v.FINAL.pdf
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