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Microbiologia e Imunologia Aplicadas à Odontologia

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Indaial – 2021
Microbiologia e 
iMunologia aplicadas 
à odontologia
Prof. Antonio Roberto Rodrigues Abatepaulo
Profª. Marina Steinbach
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Prof. Antonio Roberto Rodrigues Abatepaulo
Profª. Marina Steinbach
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
A119m
 Abatepaulo, Antonio Roberto Rodrigues
 Microbiologia e imunologia aplicadas à odontologia. / Antonio Roberto 
Rodrigues Abatepaulo; Marina Steinbach. – Indaial: UNIASSELVI, 2021.
 268 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-421-0
 ISBN Digital 978-65-5663-417-3
 1. Microbiologia. - Brasil. 2. Imunologia. – Brasil. I. Steinbach, Marina. II. 
Centro Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 617.6
apresentação
Prezado acadêmico, seja bem-vindo ao Livro Didático de 
Microbiologia e Imunologia Aplicadas à Odontologia, que trata das 
interações entre os microrganismos existentes na cavidade oral de importância 
clínica e o sistema imunológico, ao longo do processo de desenvolvimento 
das principais patologias bucais.
 
Na Unidade 1, serão discutidos temas relacionados ao mundo 
microbiano, como os principais estudos e pesquisas sobre sua descoberta, o 
reconhecimento das diferentes estruturas constituintes e a virulência de cada 
tipo de vida microbiológica. Serão estudadas as principais características de 
vírus, fungos e bactérias, e sua relação com os seres humanos na constituição 
da microbiota normal, além dos diversos tipos de agentes antimicrobianos 
e os mecanismos de ação que os tornam capazes de conter o crescimento 
microbiológico no decorrer das infecções, assim como os padrões de 
resistência às ações dos antimicrobianos de interesse odontológico.
 
Na Unidade 2, serão apresentadas as principais descobertas 
históricas e a evolução dos constituintes e mecanismos de ação do sistema 
imunológico, frente aos processos infecciosos. Serão vistos os tipos de 
respostas imunológicas (inata e adquirida) e a importância da participação 
celular e humoral no combate aos agentes microbianos para a manutenção 
da integridade funcional de tecidos e órgãos. Vamos estudar a ineficiência 
ou exacerbação das respostas imunológicas de origem genética (primária/
permanente) ou adquirida (secundária/transitória) e suas consequências 
para o indivíduo.
 
Na Unidade 3, aprenderemos sobre os micro-organismos de interesse 
clínico na Odontologia, a constituição da microbiota bucal e a importância do 
seu equilíbrio na prevenção das patologias bucais de origem microbiológica. 
Vamos conhecer os micro-organismos que atuam na formação da cárie 
dentária, da doença periodontal e das infecções endodônticas e os tipos 
de respostas imunológicas envolvidos na contenção dessas patologias. Por 
fim, estudaremos os diferentes métodos para desinfecção e esterilização de 
utensílios utilizados no dia a dia da prática odontológica.
Prof. Antonio Roberto Rodrigues Abatepaulo
Profª. Marina Steinbach
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você 
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
suMário
UNIDADE 1 — BASES DA MICROBIOLOGIA .............................................................................. 1
TÓPICO 1 — O MUNDO MICROBIANO ........................................................................................ 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 ADENTRANDO AO MUNDO MICROBIANO ............................................................................ 3
2.1 DIVERSIDADE DE MICRO-ORGANISMOS ........................................................................... 15
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 18
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 19
TÓPICO 2 — CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS MICRO-ORGANISMOS ..... 21
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 21
2 CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS ....................................................................................... 21
2.1 MICROBIOTA NORMAL ............................................................................................................ 24
2.2 FUNGOS ........................................................................................................................................ 25
2.2.1 Citologia dos fungos ........................................................................................................... 28
2.3 VÍRUS ............................................................................................................................................. 30
2.3.1 Estrutura dos vírus .............................................................................................................. 34
2.3.2 Multiplicação viral ............................................................................................................... 38
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 41
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 42
TÓPICO 3 — BACTÉRIAS E ANTIMICROBIANOS DE INTERESSE CLÍNICO .................. 45
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 45
2 ESTRUTURA BACTERIANA .......................................................................................................... 45
3 CITOLOGIA BACTERIANA ...........................................................................................................47
3.1 MEMBRANA CITOPLASMÁTICA ........................................................................................... 48
3.2 CITOPLASMA ............................................................................................................................... 50
3.3 PAREDE CELULAR BACTERIANA .......................................................................................... 53
3.4 GLICOCÁLICE .............................................................................................................................. 57
3.5 ANEXOS IMPORTANTES ........................................................................................................... 58
3.6 NUTRIÇÃO E CRESCIMENTO BACTERIANO ..................................................................... 58
4 ANTIMICROBIANOS ...................................................................................................................... 63
4.1 AGENTES ANTIBIÓTICOS ......................................................................................................... 64
4.2 AGENTES ANTIFÚNGICOS ...................................................................................................... 67
4.3 AGENTES ANTIVIRAIS .............................................................................................................. 69
5 RESISTÊNCIA AOS ANTIMICROBIANOS................................................................................ 70
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 71
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 76
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 78
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 80
UNIDADE 2 — BASES DA IMUNOLOGIA ................................................................................... 83
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA .......................................................................... 85
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 85
2 HISTÓRICO ........................................................................................................................................ 85
3 CONSTITUINTES DO SISTEMA IMUNOLÓGICO ................................................................. 91
3.1 CÉLULAS CONSTITUINTES DO SISTEMA IMUNOLÓGICO ............................................ 92
3.1.1 Neutrófilos ........................................................................................................................... 93
3.1.2 Eosinófilos ............................................................................................................................ 94
3.1.3 Basófilos ............................................................................................................................... 95
3.1.4 Monócitos ............................................................................................................................. 95
3.1.5 Macrófagos .......................................................................................................................... 96
3.1.6 Células dendríticas .............................................................................................................. 96
3.1.7 Mastócitos ............................................................................................................................ 97
3.1.8 Células natural killer – NK .................................................................................................. 98
3.1.9 Linfócitos ............................................................................................................................... 98
3.2 MOLÉCULAS CONSTITUINTES DO SISTEMA IMUNOLÓGICO ................................... 101
3.2.1 Anticorpos ........................................................................................................................... 101
3.2.2 Sistema complemento ....................................................................................................... 104
3.2.2.1 Por que essas proteínas não lisavam nossas próprias células? 
 Como seria esse processo de lise bacteriana? ............................................................ 105
3.3 ÓRGÃOS CONSTITUINTES DO SISTEMA IMUNOLÓGICO............................................ 105
3.3.1 Órgãos linfoides centrais, primários ou principais ....................................................... 106
3.3.1.1 Medula óssea ................................................................................................................... 106
3.3.1.2 Timo .................................................................................................................................. 110
3.3.2 Órgãos linfoides periféricos ou secundários ................................................................. 114
3.3.2.1 Linfonodos ....................................................................................................................... 115
3.3.2.2 Baço ................................................................................................................................... 116
3.3.2.3 Tecido linfoide associado à mucosa (MALT) .............................................................. 117
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 120
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 121
TÓPICO 2 —RESPOSTAS IMUNES INATA E ADQUIRIDA ................................................... 123
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 123
2 FUNCIONALIDADES DO SISTEMA IMUNE INATO E ADQUIRIDO ............................. 124
2.1 ESPECIFICIDADE DE RESPOSTA ........................................................................................... 125
2.2 DIVERSIDADE CELULAR ........................................................................................................ 127
2.3 MEMÓRIA IMUNOLÓGICA ................................................................................................... 128
2.4 TOLERÂNCIA IMUNOLÓGICA ............................................................................................ 129
3 PROCESSO INFLAMATÓRIO E MECANISMOS ENVOLVIDOS NA RESPOSTA 
 IMUNOLÓGICA .............................................................................................................................. 131
3.1 RESPOSTA AO PROCESSO INFECCIOSO............................................................................. 135
3.2 RESPOSTA IMUNE CONTRA BACTÉRIAS EXTRACELULARES .................................... 152
3.3 RESPOSTA IMUNE CONTRA BACTÉRIAS INTRACELULARES ..................................... 153
3.4 RESPOSTA IMUNE CONTRA VÍRUS ..................................................................................... 154
3.5 RESPOSTA IMUNE CONTRA HELMINTOS ........................................................................ 155
3.6 RESPOSTA IMUNE CONTRA FUNGOS ................................................................................ 155
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 156
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 157
TÓPICO 3 — DISTÚRBIOS IMUNOLÓGICOS: HIPERSENSIBILIDADE, 
 AUTOIMUNIDADE E IMUNODEFICIÊNCIA................................................... 159
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 159
2 HIPERSENSIBILIDADE E AUTOIMUNIDADE ...................................................................... 159
2.1 HIPERSENSIBILIDADE TIPO I ............................................................................................... 161
2.2 HIPERSENSIBILIDADE TIPO II............................................................................................... 164
2.3 HIPERSENSIBILIDADE TIPO III ............................................................................................. 165
2.4 HIPERSENSIBILIDADE TIPO IV ............................................................................................. 165
3 IMUNODEFICIÊNCIA ................................................................................................................... 167
3.1 IMUNODEFICIÊNCIA PRIMÁRIA ......................................................................................... 167
3.1.1 Imunodeficiência primária inata ..................................................................................... 167
3.1.1.1 Doença granulomatosa crônica ..................................................................................... 167
3.1.1.2 Síndrome de Chediak-Higashi ..................................................................................... 168
3.1.2 Imunodeficiência primária linfocitária ........................................................................... 168
3.1.2.1 Imunodeficiência combinada grave ............................................................................. 168
3.1.2.2 Agamaglobulinemia ligada ao X .................................................................................. 169
3.1.2.3 Síndrome de DiGeorge .................................................................................................. 169
3.2 IMUNODEFICIÊNCIA SECUNDÁRIA .................................................................................. 169
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 174
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 182
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 183
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 185
UNIDADE 3 — MICROBIOLOGIA E IMUNOLOGIA ORAL ................................................. 191
TÓPICO 1 — O ECOSSISTEMA BUCAL E A MICROBIOLOGIA E A IMUNOLOGIA
 DA CÁRIE DENTÁRIA ............................................................................................ 193
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 193
2 ECOSSISTEMA E ECOLOGIA BUCAL ...................................................................................... 193
3 MICROBIOTA BUCAL ................................................................................................................... 195
4 MICROBIOLOGIA E IMUNOLOGIA DA CÁRIE DENTÁRIA ........................................... 198
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 209
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 210
TÓPICO 2 — MICROBIOLOGIA E IMUNOLOGIA DE PATOLOGIAS 
 ODONTOLÓGICAS COMUNS ............................................................................. 211
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 211
2 MICROBIOLOGIA E IMUNOLOGIA DAS DOENÇAS PERIODONTAIS ....................... 211
3 MICROBIOLOGIA E IMUNOLOGIA DAS INFECÇÕES ENDODÔNTICAS .................. 225
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 236
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 238
TÓPICO 3 — AÇÕES PREVENTIVAS E PROFILÁTICAS EM ODONTOLOGIA ............... 239
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 239
2 PROCESSOS DE DESINFECÇÃO ............................................................................................... 239
2.1 ÁLCOOL ETÍLICO .................................................................................................................... 244
2.2 GLUTARALDEÍDO .................................................................................................................... 245
2.3 COMPOSTOS FENÓLICOS ...................................................................................................... 245
2.4 HIPOCLORITO DE SÓDIO ....................................................................................................... 246
2.5 PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO .............................................................................................. 246
2.6 ÁCIDO PERACÉTICO .............................................................................................................. 246
3 PROCESSOS DE ESTERILIZAÇÃO ........................................................................................... 247
3.1 ESTERILIZAÇÃO POR VAPOR SATURADO SOB PRESSÃO ........................................... 248
3.2 ESTERILIZAÇÃO POR CALOR A SECO .............................................................................. 251
LEITURA COMPLEMENTAR ......................................................................................................... 253
RESUMO DO TÓPICO 3.................................................................................................................. 259
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................................... 260
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 261
1
UNIDADE 1 — 
BASES DA MICROBIOLOGIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer a trajetória da descoberta e estudo dos micro-organismos;
• distinguir os micro-organismos procariotos e eucariotos;
• identificar as características específicas dos componentes dos Reinos;
• diferenciar paredes celulares Gram-positivas e Gram-negativas;
• descrever a estrutura bacteriana;
• compreender os antimicrobianos e a resistência microbiana.
 Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – O MUNDO MICROBIANO
TÓPICO 2 – CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS MICRO-
ORGANISMOS
TÓPICO 3 – BACTÉRIAS E ANTIMICROBIANOS DE INTERESSE 
CLÍNICO
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1 — 
UNIDADE 1
O MUNDO MICROBIANO
1 INTRODUÇÃO
A cada semestre, você começa novas disciplinas e, com isso, aparecem 
pensamentos curiosos do tipo “o que será que vamos aprender agora?”. 
Algumas ciências trazem no próprio nome dicas do que será estudado, como 
é o caso da microbiologia. Não é muito difícil imaginar que iremos estudar 
seres microscópicos, porém não se deixe enganar pelo seu tamanho, pois sua 
importância nada tema ver com o espaço que esses seres ocupam no universo. 
Neste tópico, vamos estudar alguns conceitos básicos da microbiologia, 
importantes para a compreensão dos próximos assuntos a serem abordados neste 
livro e em diversas outras disciplinas do curso de Graduação em Odontologia, 
principalmente aquelas que se referem ao uso de antibióticos e que tratam 
das especialidades odontológicas, retratando a biossegurança no dia a dia do 
cirurgião-dentista. A microbiologia está presente na maioria das disciplinas 
do curso, de forma direta ou indireta, por isso é importante que você assimile 
muito bem esses conceitos básicos, pois serão o alicerce da construção de muitos 
conhecimentos futuros.
2 ADENTRANDO AO MUNDO MICROBIANO
A palavra microbiologia tem origem do idioma grego: mikros (pequeno), 
bios (vida) e logos (ciência). Essa ciência se preocupa em estudar espécimes 
microscópicos de vida e suas atividades, estando, entre eles, as bactérias, os 
fungos, os vírus, os protozoários e as algas microscópicas (JORGE, 2012). Os 
estudiosos da área deduzem que os micro-organismos são originários de um 
material orgânico complexo, originado dentro dos oceanos ou, até mesmo, de 
nuvens que pairavam sobre o nosso planeta há mais ou menos 4 bilhões de anos, 
sendo os primeiros sinais de vida na Terra e, portanto, considerados os ancestrais 
de todas as outras formas de vida (PELCZAR JR.; CHAN; KRIEG, 1997).
Todos esses seres são unicelulares (exceto o vírus, que é acelular – como 
será visto adiante), logo, todos os processos vitais desses micro-organismos, desde 
a simples captação de substâncias para a obtenção de energia até as mutações 
que acontecem dentro de uma única célula. Eles se diferenciam dos organismos 
UNIDADE 1 — BASES DA MICROBIOLOGIA
4
macroscópicos, como os animais e as plantas, em dois pontos principais: o fato 
de serem unicelulares, enquanto os outros são multicelulares, e não necessitarem 
de outras células para realizarem suas funções básicas de manutenção, enquanto 
os multicelulares não conseguem sobreviver na natureza sem a ajuda de outros 
(MADIGAN; MARTINKO; PARKER, 2004). Dessa maneira, os micro-organismos 
podem se reproduzir, ingerir ou absorver substâncias alimentares, excretar 
produtos tóxicos, reagir ou se adaptar às modificações do meio ambiente e realizar 
mutações, tudo a partir de uma única célula (TORTORA; FUNKE; CASE, 2017).
Esses micro-organismos não podem ser vistos a olho nu, por isso, 
somente no século XVII, a partir do desenvolvimento do microscópio, é que 
se teve notícias sobre esse tipo de vida. Apesar de ter sido muito contestada, 
a invenção do microscópio óptico foi atribuída a Galileu Galilei, que 
aperfeiçoou o instrumento montado pelos fabricantes de óculos Hans Janssen e 
Zacharias Janssen, considerados por muitos como os verdadeiros inventores do 
microscópio. No entanto, somente em 1674, com a construção do microscópio 
de lentes primitivas de vidro pelo holandês Antony van Leeuwenhoek (1632-
1723), que atingia um aumento de até 300 vezes, é que uma bactéria foi vista 
pela primeira vez (SÁNCHEZ; OLIVA, 2015).
Ao contrário do que você deve imaginar, Antony van Leeuwenhoek 
não era um cientista estudioso da área biológica, mas, sim, um curioso nato. 
Na verdade, ele era zelador da prefeitura e possuía uma mercearia, além de ser 
provador oficial de vinhos na cidade de Delf, na Holanda. Antony gostava de polir 
e montar lentes de vidro entre placas de bronze ou prata, formando microscópios 
simples – era um hobby dele. Leeuwenhoek costumava utilizar esse protótipo de 
microscópio para observar fibras e tecelagem de roupas (PELCZAR JR.; CHAN; 
KRIEG, 1997). 
Ao utilizar seu microscópio para “bisbilhotar” águas de rio, saliva, fezes, 
amostra de sangue, entre outros, ele encontrou diversos organismos pequenos, 
móveis e imóveis, que foram descritos como “pequenos animáculos” (hoje, 
conhecidos como protozoários), pois ele acreditava que eram pequenos animais 
vivos. Leeuwenhoek relatou e desenhou tudo o que viu e, posteriormente, 
enviou cartas à Sociedade Real Inglesa com dizeres como: “Descobri, numa 
minúscula gota d’água, um incrível número de pequeníssimos animáculos, de 
formas e tamanhos diversos. Eles se moviam por meio de ondulações, nadando 
sempre com a cabeça para a frente, nunca ao contrário” (PELCZAR JR.; CHAN; 
KRIEG, 1997).
TÓPICO 1 — O MUNDO MICROBIANO
5
FIGURA 1 – ANTONY VAN LEEUWENHOEK E SEU MICROSCÓPIO EXTREMAMENTE SIMPLES, 
MAS QUE O PERMITIU VISUALIZAR GLÓBULOS VERMELHOS, ESPERMATOZOIDES, BACTÉRIAS, 
FUNGOS E PROTOZOÁRIOS HÁ MAIS DE 300 ANOS
FONTE: <http://www.scielo.br/pdf/jbpml/v45n2/v45n2a01.pdf>. Acesso em: 27 nov. 2020.
A primeira descrição realizada de uma bactéria estava em uma das 
mais de 300 cartas que Leeuwenhoek enviou para a Inglaterra, que, inclusive, 
foi observada a partir de uma substância removida de seus dentes, na qual ele 
observou a presença de bacilos, cocos, bactérias espiraladas. Observe, no tracejado 
da Figura 2 (entre as letras C e D), de autoria do próprio Leeuwenhoek, que, além 
de ter demostrado o formato que esses “animáculos” apresentavam, ele também 
indicou o tipo de movimento que eles realizavam durante suas observações pelo 
microscópio (PELCZAR JR.; CHAN; KRIEG, 1997).
FIGURA 2 – DESENHOS DOS “ANIMÁCULOS” DE LEEUWENHOEK
FONTE: <https://www.madrimasd.org/blogs/microbiologia/wp-content/blogs.dir/110/fi-
les/1431/o_Leeuwenhoek.jpg>. Acesso em: 27 nov. 2020.
UNIDADE 1 — BASES DA MICROBIOLOGIA
6
Após revelar para o mundo a existência desses “animáculos”, a comunidade 
científica começou a questionar de onde vinham esses pequeninos seres. Por 
muito tempo, estudiosos e filósofos acreditavam que algumas formas de vida 
poderiam ter origem a partir da putrefação da matéria orgânica, denominando 
de geração espontânea. Pode parecer estranho, mas, não mais de 100 anos 
atrás, acreditava-se que alguns seres “nasciam” espontaneamente de algumas 
substâncias naturais, como as moscas do estrume, os sapos e os camundongos 
do solo úmido e as larvas de moscas de matérias em decomposição (SANCHES; 
SILVA; MALACARNE, 2017).
Durante alguns anos, diversos cientistas tentaram provar tanto a veracidade 
da teoria da geração espontânea quanto a farsa que alguns acreditavam que ela 
representava. Contudo, somente em 1861, após de engenhosos experimentos, 
Louis Pasteur conseguiu comprovar que, na verdade, eram os micro-organismos 
que estavam presentes no ar contaminavam as substâncias estéreis e, a partir 
desse momento, passavam a se desenvolver, e não o ar ou a matéria orgânica 
seriam capazes de criá-los sozinhos (FRAZÃO, 2019).
Pasteur colocou caldo de carne em vários frascos que tinham uma saída em 
formato de pescoço curto e ferveu o conteúdo. Alguns esfriaram abertos e outros 
ele vedou logo após a fervura. Em alguns dias, os frascos vedados continuavam 
sem micro-organismos, enquanto os que ficaram abertos estavam contaminados. 
Em um segundo experimento, Pasteur colocou um meio de cultura em frascos 
que ficaram conhecidos como “pescoço de cisne”, devido à saída em formato de 
pescoço longo, que ele curvou em formato de “S”. Posteriormente, os conteúdos 
dos frascos foram fervidos e, depois, resfriados. Mesmo após terem ficado 
abertos durante meses, os frascos não apresentaram sinais de contaminação em 
seu interior, pois, apesar desse modelo possibilitar a entrada de ar, o formato de 
pescoço curvado segurava todos os micro-organismos que poderiam contaminar 
o meio de cultura (TORTORA; FUNKE; CASE, 2017).
A Figura 3 mostra um frasco dos vários outros utilizados por Louis Pasteur que 
estão expostos, até hoje, no museu Pasteur, em Paris, França. Eles foram lacrados, mas, 
mesmo após 150 anos do experimento, não apresentam sinais de contaminação. O museu 
é no apartamento onde Pasteur morava e preserva artefatos utilizados em experimentos, 
microscópios, autoclaves, móveis, fotos, entre outros artigos originais. Para saber mais 
sobre o museu, acesse: https://www.pasteurfoundation.org/about/pasteur-museum.INTERESSA
NTE
TÓPICO 1 — O MUNDO MICROBIANO
7
FIGURA 3 – FRASCO UTILIZADO NO EXPERIMENTO, EXPOSTO NO MUSEU PASTEUR
FONTE: <https://www.pasteurfoundation.org/about/pasteur-museum>. 
Acesso em: 27 nov. 2020.
As contribuições de Louis Pasteur para a microbiologia são diversas, 
como a comprovação de que a vida microbiana pode estar presente em matérias 
não vivas, como superfícies e no próprio ar. Ele também foi capaz de demonstrar 
que o calor pode matar os micro-organismos e que existem formas de impedir 
que os micro-organismos do ar entrem em contato com meios de cultura. Suas 
descobertas deram origem às técnicas de assepsia, que impedem a proliferação 
de micro-organismos indesejados, utilizadas diariamente em hospitais, clínicas e 
consultórios (TORTORA; FUNKE; CASE, 2017).
Todavia, nessa época, pouco se pensava sobre o que esses micro-organismos 
poderiam causar além de “contaminar” e se multiplicar em matérias orgânicas 
e inorgânicas. Somente após comerciantes solicitarem que Pasteur descobrisse 
o porquê de o vinho e a cerveja azedarem, para que pudessem desenvolver 
uma forma de transportá-los durante longas distâncias sem perder o produto, 
os cientistas começaram a associar os micro-organismos às doenças. Até então, 
acreditava-se que as enfermidades eram punições por pecados, crimes ou algo 
de errado que as pessoas pudessem ter feito, assim como também se pensava que 
o contato com o ar transformava o açúcar dessas bebidas em álcool. Entretanto, 
Pasteur descobriu que, na verdade, eram micro-organismos que faziam essa 
transformação e na ausência de ar (TORTORA; FUNKE; CASE, 2017).
A saída que Pasteur encontrou para o problema foi aquecer o vinho 
e a cerveja até matar a maioria das bactérias que causava a deterioração das 
bebidas. Esse método ficou conhecido como pasteurização, devido ao sobrenome 
do seu inventor, e é largamente utilizado hoje em dia na indústria alimentícia, 
principalmente no leite e nas bebidas alcoólicas. A descoberta de que a presença 
de micróbios provocava mudanças físico-químicas na matéria orgânica, ou seja, 
estragava os alimentos, foi essencial para começar a pressupor que existia alguma 
relação entre os micro-organismos e as doenças (TORTORA; FUNKE; CASE, 
2017).
UNIDADE 1 — BASES DA MICROBIOLOGIA
8
As pesquisas de Louis Pasteur não se limitaram apenas a essa área das ciências 
biológicas. Na Unidade 2, iremos estudar outras grandes contribuições desse cientista 
francês para a Imunologia, então grave bem esse nome.
ESTUDOS FU
TUROS
Como, hoje em dia, a influência dos micro-organismos no desenvolvimento 
de doenças já está comprovada cientificamente, pode parecer óbvio, aos nossos 
olhos, que eles sejam causadores de diversas enfermidades, mas, para quem 
vivia naquela época, era muito difícil acreditar que “seres invisíveis” poderiam 
“voar” e infectar animais, pessoas, plantas etc. Logo, por muito tempo, houve 
certa resistência a essas teorias, mas, com o passar dos anos, algumas pesquisas 
e experimentos foram realizados, com base em experiências e observações 
anteriores para desvendar todos esses mistérios. 
Um exemplo dessas observações foi realizado pelo médico húngaro 
Ignaz Philipp Semmelweis (1818-1865), que percebeu que havia uma grande 
diferença na taxa de morte por febre puerperal (um tipo de infecção que ocorre 
após o parto) entre duas clínicas de obstetrícia existentes no Hospital Geral de 
Viena, local onde trabalhava. A clínica, frequentada por estudantes de Medicina 
que aprendiam a realizar parto e autopsias, possuía uma taxa muito mais alta 
dessas mortes do que a frequentada por mulheres que estavam aprendendo a ser 
parteiras (MADIGAN; MARTINKO; PARKER, 2004).
Analisando as diferenças, Semmelweis notou que, somente na sala dos 
estudantes de Medicina, eram realizadas autópsias e também que o ambiente não 
era tão limpo e bem cuidado quanto à sala dos aprendizes a parteiras. Contudo, 
o ponto crucial para concluir algo muito importante foi quando seu colega de 
trabalho, o médico e professor Kolletschka, acabou por se cortar com um bisturi 
e foi contaminado por partículas “cadavéricas”, como ele chamou à época, e 
faleceu pela mesma doença que as parturientes. A partir de então, Semmelweis 
começou a imaginar que a diferença entre a mortalidade das duas clínicas de 
obstetrícia estava exatamente nos bisturis e nas mãos dos estudantes de Medicina, 
que continham essas partículas, o que não acontecia no caso das parteiras que não 
realizavam autópsia (MADIGAN; MARTINKO; PARKER, 2004).
Com base em suas observações, o médico húngaro sugeriu que, na sala 
onde eram realizados partos e autópsias, os profissionais lavassem as mãos 
com hipoclorito de cálcio, que já era utilizado para lavar os cadáveres, a fim de 
reduzir o seu odor forte. Desde então, as mortes por febre puerperal tiveram uma 
redução muito grande, comprovando que a ideia dele estava correta (MADIGAN; 
MARTINKO; PARKER, 2004).
TÓPICO 1 — O MUNDO MICROBIANO
9
FIGURA 4 – PINTURA DE ROBERT THOM MOSTRANDO SEMMELWEIS ENSINANDO A LAVAR AS 
MÃOS COM HIPOCLORITO DE CÁLCIO
FONTE: <https://tmedweb.tulane.edu/clubs/homs/2018/05/13/homs-perspective-basic-infec-
tious-diseases-block/>. Acesso em: 27 nov. 2020.
Essas descobertas foram muito importantes, visto que, até hoje, a 
lavagem de mãos é considerada a forma mais eficaz para se evitar a disseminação 
de infecções. Sem dúvida, as técnicas mais complexas de profilaxia e assepsia 
envolvendo substâncias químicas são imprescindíveis no dia a dia da clínica 
Odontológica, mas a lavagem de mãos é uma medida simples e barata que faz 
toda a diferença não só em ambientes hospitalares, mas também no nosso dia 
a dia.
Mais ou menos 20 anos depois da descoberta de Semmelweis, considerando 
tanto as conclusões dele quanto as de Pasteur sobre a influência dos micro-
organismos nas enfermidades, o cirurgião inglês Joseph Lister leu, em alguns 
trabalhos científicos, que o ácido carbórico (hoje chamado de fenol) era muito 
efetivo para evitar o apodrecimento de madeiras. Assim, ele resolveu utilizar essa 
substância para lavar os instrumentos e as vestimentas usadas em cirurgias, e 
passar nas feridas pós-cirúrgicas, a fim de diminuir as altas taxas de gangrena que 
sempre o inquietaram, e obteve sucesso muito grande nessa tentativa (CARROL; 
LEWIS, 2019).
O livro Medicina dos Horrores, de Lindsey Fitzharris, retrata, em uma literatura 
muito fluida e fácil, como as cirurgias eram realizadas no século XIX e como Joseph Lister 
revolucionou a área médica com o microscópio que ele carregava para todos os lugares e 
que, por muito tempo, foi visto como uma afronta aos médicos. Era comum que as cirurgias 
ocorressem em anfiteatros abarrotados de profissionais e estudantes que tinham interesse 
em aprender determinados procedimentos e, até mesmo, como forma de entretenimento 
da época. A autora conta sobre a alta frequência das infecções pós-operatórias e outras 
DICAS
UNIDADE 1 — BASES DA MICROBIOLOGIA
10
concepções que se tinha na época em relação à saúde. Por exemplo, o fato de acreditarem 
que o “pus” que saía das infecções era apenas parte do processo de cura das feridas – não se 
pensava em evitar que a secreção purulenta ocorresse. Vale a pena a leitura!
FIGURA 5 – ROBERT LISTON EM UMA DE SUAS AMPUTAÇÕES SEM LUVAS E QUALQUER 
CUIDADO DE HIGIENE – O CIRURGIÃO ESCOCÊS FICOU CONHECIDO POR REALIZAR 
AMPUTAÇÕES DE MEMBROS EM MENOS DE 3 MINUTOS
FONTE: <https://www.livroseopiniao.com.br/2019/06/medicina-dos-horrores-livro-polemi-
co.html>. Acesso em: 27 nov. 2020.
No entanto, somente em 1876, o médico alemão Robert Koch comprovou 
que as bactérias poderiam, sim, ser a causa das enfermidades. Perceba que, 
quando Semmelweis sugeriu que fosse realizada a lavagem de mãos antes do 
contato com as puérperas, ele não fazia ideia do que estava causando as infecções 
e, consequentemente, as mortes das mães e até dos bebês. Ele apenas percebeu que, 
realizando tal ato, era possível retirar mecanicamente as “partículascadavéricas”, 
como ele mesmo chamou, e que isso reduziria a taxa de mortalidade, mas, ainda 
assim, não sabia o que causava as mortes. No entanto, Koch conseguiu cultivar 
uma bactéria que ele encontrou no sangue de um gado que havia morrido, por 
uma doença chamada antraz, e inoculou amostras dessa bactéria em animais 
saudáveis, observando que eles adoeceram e morreram da mesma forma que o 
gado do qual ele retirou a bactéria (TORTORA; FUNKE; CASE, 2017). 
Para ter certeza de que realmente foi a presença da bactéria que causou 
a doença e as mortes dos gados “sadios”, Koch retirou amostras de sangue e 
comparou com a bactéria isolada, concluindo que se tratava da mesma bactéria. 
Depois disso, ele determinou uma série de passos que devem ser seguidos para 
que se possa afirmar que uma determinada doença realmente é causada por um 
micro-organismo específico. Essa sequência de passos ficou conhecida como 
postulados de Koch, que, apesar de algumas modificações, são utilizados até hoje 
para descobrir a etiologia de uma doença – com exceção de algumas que não é 
possível serem cultivadas em meios artificiais (TORTORA; FUNKE; CASE, 2017).
TÓPICO 1 — O MUNDO MICROBIANO
11
O vídeo, a seguir, tem um pouco mais de 3 minutos e retrata, de forma bem 
resumida e interativa, as contribuições de Antony van Leeuwenhoek, Louis Pasteur e 
Robert Koch para a Microbiologia. Assista e depois volte para estudar mais sobre os micro-
organismos – eles não são tão ruins quanto parecem. Então acesse: https://www.youtube.
com/watch?v=l2DHyDj_tgI.
DICAS
Quando se fala em “micróbios”, é muito comum associar os micro-
organismos às doenças e às infecções, até mesmo por conta da própria história de 
como eles foram descobertos (como acabamos de ver). Em geral, quando falamos 
em micróbios, pensamos em lugares sujos como corrimão, vaso sanitário, esponja 
de cozinha, água parada e, até mesmo, algumas partes do nosso corpo como a 
região anal e as próprias mãos que estão em contato com diversas superfícies o 
dia todo. 
Dificilmente, no primeiro momento, relacionamos os micro-organismos a 
coisas boas como alguns alimentos naturais e saudáveis – por exemplo, o iogurte, 
o pão, o vinho e até alguns tipos de queijos, como o gorgonzola e o roquefort, sendo 
que todos esses alimentos são fabricados exatamente a partir da proliferação de 
determinados micro-organismos. É mais difícil ainda pensar que esses micróbios 
podem ser a cura para determinadas doenças, como a penicilina, que é um 
antibiótico produzido pelo Penicillium, um tipo de fungo responsável também 
pelas “partes mofadas” do queijo gorgonzola (COELHO, 2019).
Nos últimos anos, a busca por uma alimentação mais saudável tem 
crescido muito em razão da quantidade de pesquisas divulgadas que demonstram 
o quanto alimentos industrializados podem fazer mal à saúde. Diante disso, o 
pão de fermentação natural e o kefir têm sido muito procurados, por exemplo. 
O fermento utilizado na fabricação do pão de fermentação natural formado por 
diversos micro-organismos, como bactérias lácticas e leveduras que se multiplicam 
liberando dióxido de carbono para fazer a massa crescer (APLEVICZ, 2014). 
O kefir é um leite fermentado a partir da ação de várias leveduras e bactérias, 
principalmente as do gênero Lactobacillus, que vivem em relação simbiótica 
produzindo uma bebida probiótica com sabor acidificado, que traz inúmeros 
benefícios à saúde (GARROTE; ABRAHAM; DE ANTONI, 2010).
UNIDADE 1 — BASES DA MICROBIOLOGIA
12
FIGURA 6 – KEFIR, PÃO DE FERMENTAÇÃO NATURAL E QUEIJO GORGONZOLA
FONTE: <https://cozinhamedica.wordpress.com/tag/lactobacilos-vivos/>; <https://www.
feednews.com.br/2017/08/receita-pao-de-fermentacao-natural.html>; <https://www.keepnpop.
com/2018/03/tirolez-sugere-receitas-especiais-com.html>. Acesso em: 27 nov. 2020.
A Figura 7 mostra os grãos de kefir a olho nu e com aumento gradativo das 
lentes do microscópio até ser possível enxergar os micro-organismos que o compõem. 
FIGURA 7 – (A) GRÃOS DE KEFIR; (B) SUPERFÍCIE DOS GRÃOS (AUMENTO DE 5.000X); (C, 
E) PORÇÃO INTERNA DOS GRÃOS (AUMENTO DE 15.000X); (G) PORÇÃO INTERNA DOS 
GRÃOS (AUMENTO DE 40.000X); (D, F) PORÇÃO EXTERNA DOS GRÃOS (AUMENTO DE 
15.000X); (H) PORÇÃO EXTERNA DOS GRÃOS (AUMENTO DE 40.000X)
INTERESSA
NTE
FONTE: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4216126/https://www.ncbi.nlm.
nih.gov/pmc/articles/PMC4216126/>. Acesso em: 27 nov. 2020
Então, é importante deixar de lado a visão de que todos os micro-
organismos são patógenos e somente são responsáveis por produzir doenças, 
até porque a grande maioria deles não é patogênica, mas, sim, benéfica ao ser 
humano, aos animais e até às plantas. As bactérias ajudam a reciclar componentes 
importantes do solo e da atmosfera, e, ainda, auxiliam no tratamento de esgoto 
após a remoção dos sólidos maiores. Elas também são utilizadas para limpar 
poluentes e resíduos tóxicos oriundos de diversos processos industriais, do 
controle de pragas na lavoura, entre outros (TORTORA; FUNKE; CASE, 2017).
TÓPICO 1 — O MUNDO MICROBIANO
13
Você sabia que existem micro-organismos produzidos geneticamente? 
No passado, os diabéticos podiam contar apenas com a insulina bovina em seus 
tratamentos; a única forma de controlar a glicemia das pessoas que dependiam da insulina 
era retirá-la do pâncreas de bezerros. Entretanto, algumas pessoas não podiam utilizá-la e, 
com o desenvolvimento da biotecnologia, foi possível construir uma bactéria que consegue 
produzir quantidades ilimitadas de insulina humana (PELCZAR JR.; CHAN; KRIEG, 1997).
INTERESSA
NTE
Para saber mais sobre o uso dos micro-organismos geneticamente modificados 
(MGM), leia o texto Microrganismos geneticamente modificados e algumas implicações 
para a saúde ambiental, de Vera Lúcia Castro, pesquisadora da Empresa Brasileira de 
Pesquisa Agropecuária (Embrapa), disponível em: https://ambientes.ambientebrasil.
com.br/biotecnologia/artigos_de_biotecnologia/micro-organismos_geneticamente_
modificados_e_algumas_implicacoes_para_a_saude_ambiental.html.
DICAS
As bactérias e os fungos são considerados os principais responsáveis pela 
manutenção da estabilidade geoquímica da biosfera. Além de serem encontrados 
em animais, plantas, seres humanos, detritos, água e solo (em abundância), 
participando dos ciclos biogeoquímicos, também são utilizados na fabricação 
de antibióticos, vitaminas e enzimas (MACHADO; APOLÔNIO, 2018).
Ademais, os seres humanos têm uma população microbiana normal, 
ou seja, nosso corpo possui inúmeros micróbios, que estão presentes tanto na 
superfície quanto nos órgãos internos, e são importantes para a nossa vida. Essa 
população é chamada de microbiota normal, e não nos faz mal nenhum, servindo 
de proteção contra outros micro-organismos que podem ser patogênicos. Nesse 
momento, nós temos mais ou menos 100 trilhões de micro-organismos espalhados 
por corpo, pele, cabelos, saliva e intestino – enfim, todas as partes do corpo. A 
cada grama de fezes, supõe-se que sejam excretados mais ou menos 10 bilhões 
de micro-organismos, que, logo, serão substituídos por outros (PELCZAR JR.; 
CHAN; KRIEG, 1997).
No Quadro 1, podemos ver os micro-organismos importantes encontrados 
no nosso corpo. Alguns estão marcados com o número 1 e correspondem aos que 
têm maior importância ou estão presentes em maior quantidade; os marcados com 
UNIDADE 1 — BASES DA MICROBIOLOGIA
14
o número 2 são os que têm menos importância ou estão em menor quantidade; 
e os que aparecem com o número 3 não fazem parte da microbiota normal desse 
local, embora sejam colonizadores importantes (LEVINSON, 2016).
QUADRO 1 – MEMBROS DA MICROBIOTA NORMAL DE IMPORTÂNCIA
Localização Organismos importantes1 Organismos de menor importância2
Pele Staphylococcus epidermidis 
Staphylococcus aureus, 
Corynebacterium (difteroides), 
vários estreptococos, Pseudomonas 
aeruginosa, anaeróbios (p. ex., 
Propionibocterium), leveduras (p. ex., 
Candida albicans)
Nariz Staphylococcus aureus3 S. epidermidis,Corynebacterium (difteroides), vários estreptococos 
Boca Estreptococos do grupo viridans 
Vários estreptococos, Eikenella 
corrodens
Placa dental Streptococcus mutans Prevotella intermedia, Porphyromonas gingivalis
Cavidades
Vários anaeróbios (p. ex., 
Bacteroides, Fusobacterium, 
gengivais estreptococos, 
Actinomyces) 
Garganta Estreptococos do grupo 
viridans 
Vários estreptococos (incluindo 
Streptococcus pyogenes e Streptococcus 
pneumoniae), espécies de Neisseria, 
Haemophilus influenzae, S. epidermidis
Colo Bacteroides fragilis, Escherichia coli 
Bifidobacterium, Eubacterium, 
Fusobacterium, Lactobacillus, vários 
bacilos aeróbios gram-negativos, 
Enterococcus faecalis e outros 
estreptococos, Clostridium 
Vagina Lactobacillus, E. coli
3, 
estreptococos do grupo B3
Vários estreptococos, vários 
bacilos gram-negativos. B. fragilis, 
Corynebacterium (difteroides), C. 
albicans 
Uretra
S. epidermidis, Corynebacterium 
(difteroides), vários estreptococos, 
vários bacilos gram-negativos (p. 
ex., E. coli)3
FONTE: Levinson (2016, p. 26)
TÓPICO 1 — O MUNDO MICROBIANO
15
O fato de nós, seres humanos, termos micro-organismos vivendo em perfeita 
harmonia no nosso corpo, habitando na nossa microbiota normal, não quer dizer que 
eles não possam nos fazer adoecer. Se, por acaso, essa microbiota migrar para outra parte 
do corpo que não seja o seu local específico ou se estivermos com algum desequilíbrio na 
nossa imunidade, podemos ter alguma doença – mas isso será visto com mais detalhes 
no Tópico 2.
ESTUDOS FU
TUROS
Agora que já vimos o que são os micro-organismos, um pouco da história 
por trás do que sabemos sobre eles até hoje, e já conseguimos reconhecer a importância 
desses seres nas nossas vidas, vamos aprender um pouco mais sobre suas características 
específicas.
CHAMADA
2.1 DIVERSIDADE DE MICRO-ORGANISMOS
Até aqui, falamos sobre micro-organismos como se fossem todos iguais, 
mas eles não são. Com a evolução do microscópio, que inicialmente era apenas 
óptico, foi possível diferenciá-los e conhecer suas especificidades. Após a invenção 
do microscópio eletrônico, foi possível aumentar o tamanho das estruturas em até 
um milhão de vezes e, assim, observar que havia muita diversidade entre esses 
seres microscópicos (PELCZAR JR.; CHAN; KRIEG, 1997). 
Como já falamos no início do tópico, uma das principais características 
dos micro-organismos é sua unicelularidade (exceto o vírus). Uma diferença 
muito importante, que divide as células microbianas em duas categorias, é a 
forma como o material nuclear se apresenta dentro da célula. Você já estudou 
isso anteriormente em outras disciplinas, mas é importante relembrar, pois é uma 
característica básica na diferenciação dos micro-organismos. 
Nas células eucarióticas, o material genético está envolto por uma 
membrana chamada membrana celular e, portanto, fica separado do citoplasma. 
Já nas células procarióticas, o material genético está espalhado pelo citoplasma, 
sem membrana delimitando um núcleo (TORTORA; FUNKE; CASE, 2017).
UNIDADE 1 — BASES DA MICROBIOLOGIA
16
Além disso, os seres procariotos possuem uma estrutura menor e mais 
simples do que os eucariotos, sendo que suas organelas não são revestidas 
por uma membrana e o seu DNA (ácido desoxirribonucleico) é organizado 
em um cromossomo simples e circular. Nos eucariotos, o DNA é formado por 
cromossomos múltiplos e um núcleo é bem delimitado. Outra estrutura que 
diferencia esses dois tipos celulares é a presença da parede celular, que, nos seres 
procariotos, protege, dá forma e sustentação à célula, mas é uma característica 
que está ausente nas células eucarióticas (TORTORA; FUNKE; CASE, 2017).
FIGURA 8 – DIFERENÇA ENTRE CÉLULAS EUCARIOTAS (A) E PROCARIOTAS (B)
FONTE: <https://descomplica.com.br/artigo/o-que-sao-tipos-celulares/4nL/>. Acesso em: 
27 nov. 2020.
TÓPICO 1 — O MUNDO MICROBIANO
17
Para ajudá-lo a relembrar as diferenças entre as células eucarióticas e 
procarióticas, assista ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=thufkt23AEc&list=PLMJ
FNp1zwqUi0dFNi7Y9TbSxGC_vJICdr
DICAS
Entre o grupo de células procarióticas, estão as bactérias e as arquibactérias, 
que, apesar de serem muito diferentes entre si, com relação à constituição 
bioquímica e genética, são morfologicamente muito semelhantes – por ora, 
vamos nos concentrar somente nas características das bactérias, que já são muitas 
(LURIE-WEINBERGER; GOPHNA, 2015). Já fungos, protozoários e algas são os 
representantes eucariotos dos micro-organismos. Os únicos seres microscópicos 
que ficam de fora dessa classificação são os vírus, que são seres acelulares, mas 
que também vamos estudar ainda nesta unidade. 
Essa classificação é baseada unicamente na estrutura celular, mais 
resumidamente na existência ou não de membrana nuclear e organelas, embora 
exista outra classificação muito importante que veremos no tópico seguinte.
18
Neste tópico, você aprendeu que:
• A microbiologia estuda espécimes microscópicos de vida e suas atividades, 
como as bactérias, os fungos, os vírus, os protozoários e as algas microscópicas.
• Todos os micro-organismos são microscópicos e unicelulares (exceto o 
vírus) e não necessitam de outras células para realizar suas funções básicas 
de manutenção, enquanto os multicelulares não conseguem sobreviver na 
natureza sem a ajuda de outros seres.
• Não mais de 100 anos atrás, acreditava-se que os micro-organismos “nasciam” 
da matéria orgânica (teoria da geração espontânea), mas Louis Pasteur 
conseguiu provar que eles estão presentes no ar e, por isso, acabavam por 
contaminar as substâncias.
• Robert Koch conseguiu isolar uma bactéria e, a partir disso, elaborou um 
postulado com alguns passos que devem ser seguidos para determinar a 
etiologia de uma doença infecciosa.
• Apesar de os micro-organismos estarem fortemente relacionados às doenças, 
em sua maioria não são patogênicos e são muito utilizados na indústria 
alimentícia, agropecuária e, até mesmo, na fabricação de medicamentos, como 
o antibiótico penicilina.
• Os seres humanos têm uma população microbiana normal composta por 
inúmeros micróbios, presentes tanto na superfície quanto nos órgãos internos, 
que são importantes para o equilíbrio das funções vitais do corpo. 
• Os micro-organismos possuem estrutura celular diferente, podendo ser 
procariontes ou eucariontes, de acordo com determinadas características, como 
presença de membrana nuclear e parede celular, entre outras.
RESUMO DO TÓPICO 1
19
1 A palavra microbiologia tem origem do idioma grego e significa: mikros 
(pequeno), bios (vida) e logos (ciência). Essa ciência estuda espécimes 
microscópicos de vida e suas atividades, como as bactérias, os fungos, os 
vírus, os protozoários e as algas microscópicas. Com relação às descobertas 
relacionadas a micro-organismos e suas características gerais, assinale a 
afirmativa CORRETA: 
a) ( ) Antony van Leeuwenhoek, após remover uma substância que estava 
aderida aos seus dentes e colocá-la em seu protótipo de microscópio, 
conseguiu observar a presença de diversos micro-organismos, que ele 
denominou como “animáculos”, além de ter escrito cartas à Inglaterra 
contando o que havia visto, apesar de, entre os organismos descritos 
por ele, ainda não haver nenhuma bactéria.
b) ( ) Robert Koch desenvolveu um conjunto de critérios denominados 
“postulados de Koch”, para conectar causa e efeito nas doenças 
infecciosas. Esses postulados determinavam uma série de passos a 
serem seguidos para afirmar que uma determinada doença realmente 
é causada por um micro-organismo específico; hoje em dia, porém, 
devido ao avanço da medicina, tais passos não são mais necessários.
c) ( ) Os micro-organismos são organismos microscópicos unicelulares 
essenciais para o bem-estar e o funcionamento de outras formas 
de vida, bem como do planeta. Entretanto, a maioria dos micro-
organismos é prejudicial aos seres humanos.
d) ( ) Os micro-organismos podem ser tanto benéficos quanto prejudiciaispara os seres humanos, embora a quantidade de micro-organismos 
benéficos (ou até mesmo essenciais) seja bem maior aos dos 
prejudiciais. Agricultura, alimentação, energia e meio ambiente são 
todos impactados de diversas maneiras pelos micro-organismos.
e) ( ) Os micro-organismos que normalmente vivem em uma pessoa, 
participando de sua microbiota normal, são comumente chamados 
de patógenos oportunistas.
2 Apesar de sua complexidade e variedade, todas as células vivas podem ser 
classificadas em dois grupos, com base em certas características funcionais 
e estruturais: procarióticas e eucarióticas. Analise as afirmativas a seguir:
I- A parede celular das células eucarióticas é estrutura semipermeável que 
controla o transporte de materiais entre a célula e seu meio externo.
II- Uma das principais diferenças entre as células eucarióticas e procarióticas 
é que a primeira possui um núcleo delimitado por uma membrana, 
protegendo seu material genético, enquanto, na segunda, o material 
genético se encontra solto no citoplasma.
AUTOATIVIDADE
20
III- Os seres procariotos possuem uma estrutura menor e mais simples do 
que os eucariotos, sendo que suas organelas não são revestidas por uma 
membrana, e o seu DNA (ácido desoxirribonucleico) é organizado em um 
cromossomo simples e circular.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
b) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
c) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença II está correta.
e) ( ) Somente a sentença I está correta.
3 A microbiota normal, que também recebe o nome de atóctone, residente 
ou indígena, é a população de micro-organismos que habita a pele e as 
membranas mucosas de indivíduos saudáveis. Explique qual é a importância 
da microbiota normal para os seres humanos.
21
TÓPICO 2 — 
UNIDADE 1
CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS 
MICRO-ORGANISMOS
1 INTRODUÇÃO
Agora que já sabemos que os micro-organismos não são todos patógenos 
e não servem somente para causar doenças, podemos aprofundar um pouco mais 
suas peculiaridades e de que forma podemos diferenciá-los.
Inicialmente, Ernst Haeckel propôs uma organização dos organismos 
vivos de acordo com o tipo de obtenção de nutrientes, ou seja, separando-os nos 
seguintes grupos: os que obtêm energia por meio da fotossíntese, os que realizam 
absorção e os que fazem ingestão de nutrientes. Posteriormente, em 1969, 
Robert H. Whittaker, partindo da organização sugerida por Haeckel, dividiu os 
organismos em cinco reinos, mas ainda com base na forma como os organismos 
realizam a sua nutrição (TORTORA; FUNKE; CASE, 2017).
É importante relembrar que:
• Fotossíntese: conversão da energia solar, dióxido de carbono e água em carboidratos 
que serão utilizados pelas células vegetais como fonte de energia para os processos 
vitais, e para compor outras moléculas importantes para ela.
• Absorção: passagem de sustâncias (nutrientes) em meio líquido através de membranas.
• Ingestão: entrada de alimentos em partículas não dissolvidas.
NOTA
2 CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS
Existem algumas classificações para categorizar os seres vivos e, apesar 
de haver muitas discussões sobre essas classificações no meio científico, a mais 
aceita é a que os divide em cinco reinos: Monera, Protista, Plantae, Animalia e 
Fungi. Outro tipo de classificação existente é a que se baseia nas semelhanças do 
RNA (ácido ribonucleico) dos ribossomos, chamada de sistema de três domínios 
– Bacteria, Archaea e Eukarya (TORTORA; FUNKE; CASE, 2017).
22
UNIDADE 1 — BASES DA MICROBIOLOGIA
Os representantes do reino Monera são as bactérias e as cianobactérias, 
que são micro-organismos procariontes cuja maioria apresenta parede celular 
(formada de peptídeoglicanos). Dos cinco reinos, esse é o único que todos os 
seres que fazem parte são unicelulares – as bactérias podem tanto viver de forma 
isolada quanto em colônias e, mesmo vivendo dentro de uma colônia, cada uma é 
uma célula diferente, portanto um micro-organismo diferente. Além disso, podem 
ser autótrofos, produzindo seu próprio alimento por meio da fotossíntese ou 
quimiossíntese, ou heterótrofos (não produzem o próprio alimento), realizando 
sua nutrição pela absorção ou ingestão de nutrientes (LOPES; ROSSO, 2005).
O reino Protista é representado por protozoários e algas, e todos os 
seres que compõem esse grupo são eucariontes. Eles podem ou não ter parede 
celular, a qual, quando presente, é formada por sílica. A maioria é unicelular, mas 
também podem ser multicelulares, como é o caso de algumas algas. Assim como 
os representantes do reino Monera, os Protistas podem viver solitários ou em 
colônias e serem autótrofos (fotossíntese) ou heterótrofos (absorção ou ingestão) 
(LOPES; ROSSO, 2005).
FIGURA 9 – EXEMPLOS DE PROTOZOÁRIOS E AS DOENÇAS CAUSADAS POR ELES
FONTE: <https://www.todamateria.com.br/doencas-causadas-por-protozoarios/>. Acesso em: 
27 nov. 2020.
Fungos, bolores e cogumelos compõem o reino Fungi e todos são 
formados por células eucarióticas, podendo ou não ter parede celular, que, 
quando presente, é formada por quitina. A maioria é multicelular, mas também 
podem ser unicelulares, como as leveduras (utilizadas na fabricação de pães e 
cervejas). Todos os representantes desse reino são heterótrofos (absorção; LOPES; 
ROSSO, 2005).
O reino Plantae é formado pelas plantas, que são sempre multicelulares, 
ou seja, não existe planta com uma única célula. Todas as células que as compõem 
são eucarióticas e autótrofas (fotossíntese). A parede celular está presente em 
todas as células das plantas, formada por uma estrutura muito conhecida, a 
celulose (LOPES; ROSSO, 2005). 
Giardia
intestinalis
(giardíase)
Trichomonas
vaginalis
(tricomoníase)
Trypanosoma
brucei gambiense
(doença do sono) 
Leishmania sp.
(leishmaniose)
TÓPICO 2 — CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS MICRO-ORGANISMOS
23
No reino Animalia, estão inclusos todos os animais, desde os poríferos 
(esponjas) até os mamíferos. Todos esses seres são multicelulares e formados 
por células eucarióticas, e nenhum deles possui parede celular. Além disso, 
realizam sua nutrição de forma heterótrofa, pela ingestão de alimentos (LOPES; 
ROSSO, 2005). 
FIGURA 10 – ESQUEMA RESUMIDO SOBRE AS CARACTERÍSTICAS DOS CINCO REINOS
FONTE: <https://s3-sa-east-1.amazonaws.com/manual-do-enem-test/d1b23e0ceb8747f1bfb9b-
844f78a24ec-Classifica%C3%A7%C3%A3o_dos_Seres_Vivos_4.PNG>. Acesso em: 27 nov. 2020.
Agora, mesmo já tendo falado dos cinco reinos, é possível perceber que os 
vírus não estão incluídos em nenhum deles. Essa é uma grande discussão. Alguns 
cientistas nem sequer consideram os vírus como seres vivos, visto que eles não 
possuem células – e a célula é considerada a base da vida. Entretanto, alguns 
autores afirmam que eles são seres vivos porque possuem material genético e 
conseguem se multiplicar (mesmo que somente dentro de outra célula). A réplica 
para essa argumentação da parte oposta é que eles não possuem mecanismos 
para se dividirem e se multiplicarem sozinhos, ou seja, se não houver outra 
célula, para que eles possam fazer isso, eles não irão sobreviver por muito tempo. 
Todavia, logo, falaremos um pouco mais sobre os vírus.
24
UNIDADE 1 — BASES DA MICROBIOLOGIA
2.1 MICROBIOTA NORMAL
Como já vimos no início do tópico, todas as partes do nosso corpo são 
repletas de micro-organismos, que chamamos de microbiota normal – ou 
flora, como era denominada até algum tempo atrás. Cientistas estimam que, 
se contarmos todas as células do nosso corpo, aproximadamente metade delas 
não são humanas. Desse modo, temos tantos micro-organismos quanto células 
formando o nosso corpo. 
Flora: há algum tempo, era comum ouvirmos falar em fazer uso de algumas 
medicações e/ou probióticos para repor a flora bacteriana. Você já ouviu falar nisso? Essa 
nomenclatura era utilizada para se referir à microbiota normal, pois, antigamente, os fungos 
e as bactérias eram considerados plantas dentro da classificaçãomais aceita.
NOTA
Nos últimos anos, muito se tem estudado sobre a nossa relação com os 
micróbios, e a ideia de que devemos estar em guerra contra esses eles está se 
tornando cada vez mais obsoleta, visto sua importância para a manutenção da 
nossa saúde. São inúmeras as funções desses micro-organismos no nosso corpo, 
desde protegê-lo contra doenças, auxiliar na digestão, produzir vitaminas e, 
provavelmente, muitas outras que a ciência ainda não descobriu (GALLAGHER, 
2018). 
Contudo, você já se perguntou por que esses micro-organismos não 
nos fazem mal, já que, muitas vezes, são os mesmos que causam doenças? A 
resposta para essa questão é: equilíbrio. Quando o nosso corpo está com o sistema 
imunológico (que você verá na próxima unidade) equilibrado, todas as suas 
funções funcionam da forma correta: a nossa microbiota está no local adequado 
e com a quantidade correta, e, portanto, não estará nos prejudicando – muito 
pelo contrário, será capaz de nos defender se acontecer algum ataque de micro-
organismos que não pertencerem à microbiota residente.
Os micro-organismos podem viver como células isoladas, que flutuam ou 
nadam em líquidos diversos, ou podem estar unidos, geralmente recobrindo uma 
superfície sólida na forma de biofilme. O lodo que recobre uma rocha ou o fundo 
do mar é um exemplo de biofilme, assim como os que se formam na pele e nos 
dentes de humanos ou animais.
TÓPICO 2 — CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS MICRO-ORGANISMOS
25
FIGURA 11 – DIFERENTES TIPOS DE BACTÉRIAS ENCONTRADAS NA LÍNGUA HUMANA
FONTE: Tortora; Funke; Case (2015, p. 15)
Na área odontológica, é muito comum a ideia de que biofilme é algo ruim, 
devido à etiologia da doença cárie, que inicia com a formação de um biofilme dental, mas 
nem sempre os biofilmes são ruins. Em algumas partes das mucosas do nosso corpo, o 
biofilme protege contra o ataque de micro-organismos maléficos ao nosso organismo.
IMPORTANT
E
Neste tópico, vamos conhecer um pouco mais sobre fungos e vírus, em 
razão da importância desses micro-organismos na etiologia de diversas doenças 
que afetam a cavidade oral e/ou doenças sistêmicas que possuem manifestações 
nela. No tópico seguinte, serão aprofundados os temas relacionados ao mundo 
das bactérias, aos antimicrobianos e a forma como ocorre a resistência microbiana.
2.2 FUNGOS
Durante muitos anos, os fungos faziam parte do Reino Plantae (ou 
Vegetalia), apesar de não terem algumas características importantes dos 
participantes desse Reino, como possuir o pigmento clorofila e realizar fotossíntese, 
não ter celulose na composição da parede celular, realizar sua nutrição por 
absorção, entre outras. Em decorrência da ausência dessas características e da 
falta de outras que os encaixassem em algum outro Reino já existente, em 1969, 
foi criado o reino Fungi (TRABULSI; ALTERTHUM, 2015).
26
UNIDADE 1 — BASES DA MICROBIOLOGIA
Existem diversos tipos de fungos, uni ou multicelulares, com uma 
variedade grande de tipos morfológicos, mas, em geral, são classificados como: 
leveduras, bolores e cogumelos. Os bolores e leveduras são fungos microscópicos, 
mas que, quando em um meio favorável, crescem formando colônias visíveis, 
sendo possível, inclusive, reconhecer suas diferenças a olho nu. 
FIGURA 12 – BOLOR, LEVEDURA PARA FABRICAÇÃO DE CERVEJA E COGUMELOS
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Bolor>. Acesso em: 27 nov. 2020; Gentilmente cedida por 
Gustavo Pesca (2020); <https://d.emtempo.com.br/ciencia-e-tecnologia-meio-ambiente/166479/
video-conheca-a-riqueza-e-variedade-de-usos-dos-cogumelos-da-amazonia>. Acesso em: 
27 nov. 2020.
Os bolores são multicelulares, são chamados de fungos filamentosos 
ou miceliais e se aglutinam formando as hifas, que são filamentos que crescem 
principalmente a partir da extremidade. As hifas crescem em grupos e formam 
ramificações, que se entrelaçam gerando uma massa compacta chamada de 
micélio (TRABULSI; ALTERTHUM, 2015).
Cada hifa é formada pela junção de muitas células, que podem ser 
contínuas (cenocíticas), ou seja, sem divisões – e, nesse caso, será longa e com 
muitos núcleos em seu citoplasma –, ou septada, a qual tem um septo dividindo 
os filamentos em células individuais, separando seus núcleos. No caso de ser 
septada, existe um poro entre as células que permite a movimentação dos núcleos 
(MACHADO; APOLÔNIO, 2018). 
FIGURA 13 – DIFERENTES TIPOS DE HIFAS
FONTE: <https://agro20.com.br/hifas/>. Acesso em: 27 nov. 2020.
TÓPICO 2 — CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS MICRO-ORGANISMOS
27
O micélio também pode ser de duas formas: o vegetativo, aquele cujas 
hifas penetram no meio de cultura no qual o fungo se encontra, semelhante a 
uma raiz (inclusive possui função de nutrição); e o aéreo, que suas hifas estão 
acima do meio de cultura e podem originar células reprodutivas (MACHADO; 
APOLÔNIO, 2018).
Os bolores têm estruturas denominadas conídios, que são esporos 
assexuados, geralmente pigmentados, que proporcionam sua coloração ao 
micélio, podendo ser amarelo, preto, marrom, azul esverdeado e vermelho. 
Alguns bolores apresentam esporos sexuais decorrentes da união dos gametas 
unicelulares ou de hifas especializadas, que são responsáveis pela reprodução da 
espécie. Esses esporos são resistentes a desidratação, calor, congelamento e até 
alguns agentes químicos (SPOLIDORIO; DUQUE, 2013).
As leveduras, também chamadas de ascomicetos, são unicelulares, suas 
células são esféricas, ovais ou cilíndricas, não filamentosas e se dividem através 
do brotamento. Assim como os bolores, as leveduras, quando crescem formando 
colônias, podem ser vistas a olho nu e, geralmente, apresentam-se nas cores 
branca ou creme, mas, dependendo da espécie, podem ser vistas também nas 
cores preta ou rosa (TRABULSI; ALTERTHUM, 2015).
Existem também os fungos dimórficos, que podem se apresentar de duas 
formas, dependendo das condições do ambiente e da nutrição. Geralmente, 
quando estão em tecidos vivos ou são cultivados em meios de cultura líquidos (35 
a 37 °C), ficam sob a forma de leveduras, porém, quando estão em temperatura 
ambiente (25 a 30 °C) e na superfície de meios de cultura sólidos, se apresentam 
sob a forma de micélios (JORGE, 2012). 
Um exemplo importante de fungo dimórfico para a Odontologia é a 
Cândida, que apesar de ser do tipo levedura também produz hifas que permitem 
sua penetração nos tecidos mais profundos, propiciando infecções orais, 
vaginais, pulmonares e até sistêmicas (SPOLIDORIO; DUQUE, 2013). Após um 
experimento com ratos, no qual foi realizada uma preparação histológica de 
infecção por Cândida no dorso da língua desses animais, foi possível observar a 
presença tanto de leveduras quanto de hifas no interior do epitélio (JORGE, 2012).
FIGURA 14 – CORTE HISTOLÓGICO DE CANDIDOSE EXPERIMENTAL EM DORSO DE LÍNGUA 
DE CAMUNDONGOS
FONTE: Jorge (2012, p. 31)
28
UNIDADE 1 — BASES DA MICROBIOLOGIA
2.2.1 Citologia dos fungos
As células fúngicas são muito parecidas com as células das plantas 
superiores e dos animais, pois são eucarióticas e possuem vários cromossomos, 
podendo se originar de uma única célula ou de filamento de hifas (JORGE, 2012). 
A parede celular dos fungos diferencia-se da parede celular bacteriana 
pela ausência de peptídeoglicano e é formada por duas ou mais camadas de 
material fibrilar. É a estrutura de contato da célula com o meio externo e nela 
estão presentes fatores responsáveis pela aglutinação, pelo crescimento e pelas 
interações enzimáticas associadas à digestão de substratos nutritivos complexos 
(MACHADO; APOLÔNIO, 2018).
A parede celular é rígida, protege e mantém o formato da célula, evitando 
choques osmóticos. Em sua maioria, é composta por glucanas e mananas, e, em 
menor parte, por quitina, proteínas e lipídios. Alguns tipos de fungos possuem 
o pigmento melanina na parede celular e, por isso, são resistentes aos raios 
ultravioleta e a enzimas de lise celular produzidas por outros micro-organismos 
(MACHADO; APOLÔNIO, 2018).
A membrana plasmática dos fungosé a mesma que já estudamos 
anteriormente. A composição clássica do mosaico fluido, sendo as proteínas 
responsáveis pelas funções enzimáticas e os lipídios por fornecer estrutura à 
membrana. Apesar da semelhança com a membrana plasmática das bactérias, os 
fungos não possuem enzimas metabolizadoras de energia em sua membrana. Os 
lipídios pertencentes à membrana podem se associar a moléculas de carboidrato, 
formando glicolipídios que aumentam a aderência da célula fúngica às células do 
hospedeiro (MACHADO; APOLÔNIO, 2018).
Outra diferença entre a membrana de bactérias e de fungos é que estes 
contêm esteróis em sua composição, principalmente o ergosterol. A função dessas 
moléculas é fornecer resistência à membrana plasmática dos fungos, portanto, 
eles se entrelaçam na bicamada lipídica. A importância disso é que muitos 
antifúngicos utilizados em terapêutica medicamentosa atuam diretamente no 
ergosterol, desarranjando a estrutura da membrana (MACHADO; APOLÔNIO, 
2018).
Diferentemente do “núcleo” das bactérias, os fungos, como são seres 
eucariontes, possuem uma membrana nuclear envolvendo seu núcleo, que pode 
ser esférico ou oval e carrega seu material genético: uma dupla fita de DNA 
organizada em formato de hélice. A membrana nuclear é de natureza lipídica e 
assemelha-se a duas membranas citoplasmáticas juntas, porém é cheia de poros, 
que permitem a passagem de várias moléculas entre o núcleo e o citoplasma, 
sempre de forma controlada. Dentro do núcleo, é possível encontrar também o 
nucléolo, no qual são encontrados DNA, RNA e proteínas e onde é produzido o 
RNA ribossômico (MACHADO; APOLÔNIO, 2018).
TÓPICO 2 — CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS MICRO-ORGANISMOS
29
O citoplasma é o que confere volume à célula e é composto por uma 
parte líquida denominada citosol, compostos químicos e organelas celulares. As 
organelas encontradas nos fungos são: mitocôndrias, retículo endoplasmático liso 
e rugoso, complexo de Golgi, vacúolos, ribossomos e núcleo, todas envolvidas 
por membranas semelhantes à membrana plasmática e pelo citoesqueleto 
(MADIGAN et al., 2016).
No citoplasma dos fungos, são encontradas as seguintes organelas: retículo 
endoplasmático, complexo de Golgi, mitocôndrias, lisossomo, ribossomos e 
vacúolos digestivos e de armazenamento, os quais estocam glicogênio, o tipo de 
reserva energética utilizada por eles. A nutrição da maioria dos fungos ocorre 
por absorção realizada pela hidrólise de macromoléculas, sendo que alguns são 
capazes de hidrolisar matérias orgânicas resistentes, como quitina, couro e ossos 
(MACHADO; APOLÔNIO, 2018).
O crescimento dos fungos é mais lento do que o das bactérias, mas além de 
aumentarem por extensão e por ramificação também possuem ciclos de reprodução 
sexuada e assexuada dependendo do fungo. Na reprodução assexuada, são 
geradas células filhas idênticas as que as originaram, podendo ser pela produção 
de conídios (blastoconídios, clamidoconídios e artroconídios), de estruturas 
especializadas em reprodução, por esporos assexuados (esporangiosporos ou 
conidiósporos) ou por cissiparidade, como ocorre nas bactérias (JORGE, 2012).
A reprodução sexuada dos fungos acontece por plasmogamia, que inicia 
com a união do citoplasma de duas células férteis e especializadas em reprodução, 
posteriormente, a junção dos núcleos e, por fim, a meiose com separação dos 
núcleos, originando duas células com núcleos haploides (JORGE, 2012).
FIGURA 15 – REPRODUÇÃO ASSEXUADA POR CONÍDIOS
FONTE: Tortora; Funke; Case (2017, p. 324)
30
UNIDADE 1 — BASES DA MICROBIOLOGIA
FIGURA 16 – SACCHAROMYCES CEREVISIAE (LEVEDURA DE CERVEJA) EM DIVERSOS ESTÁ-
GIOS DE BROTAMENTO; REPRODUÇÃO ASSEXUADA POR CISSIPARIDADE
FONTE: Tortora; Funke; Case (2017, p. 323); <https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos/
Cissiparidade.php>. Acesso em: 27 nov. 2020.
2.3 VÍRUS
Devido ao fato de os vírus serem muito pequenos para serem observados 
em microscópio óptico, só foi possível estudar sobre eles no século XX. Até 1930, 
os cientistas não sabiam da existência desses seres submicroscópicos, então, 
chamavam os vírus de contagium vivum fluidum, termo em latim que significa 
fluido contagioso. Somente a partir desse ano começaram a usar a palavra vírus, 
que, em latim, significa veneno, mas ainda sem conhecê-lo (TORTORA; FUNKE; 
CASE, 2017). 
A descoberta dos vírus iniciou em 1876, quando o químico alemão Adolf 
Meyer descobriu que a doença que deixa manchas nas folhas de tabaco, chamada 
mosaico do tabaco, era transmissível. Ele injetou a seiva de plantas doentes em 
plantas saudáveis e observou que estas também passaram a apresentar as mesmas 
manchas, porém não conseguiu cultivar o agente infeccioso que as ocasionava 
(MACHADO; APOLÔNIO, 2018).
Anos depois, em 1935, o químico alemão Wendell Stanley conseguiu isolar 
o vírus que causava a doença do mosaico do tabaco pela primeira vez. A partir 
disso, foi possível conhecer melhor a natureza dos vírus por meio do estudo de 
seus componentes estruturais e químicos em um microscópio eletrônico, que foi 
inventado na mesma época (TORTORA; FUNKE; CASE, 2017). 
TÓPICO 2 — CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS MICRO-ORGANISMOS
31
Você lembra que, no início do tópico, estudamos sobre os postulados de 
Koch? Até hoje, eles ainda são utilizados para determinar a etiologia das doenças. No 
final do século XIX, os postulados de Koch passaram a ser um padrão e delimitaram a 
metodologia experimental, que deveria ser utilizada em todas as situações. Então, para um 
micro-organismo ser considerado causador de determinada doença, deve obedecer aos 
seguintes critérios (postulados):
• o micro-organismo deve ser encontrado usualmente nas lesões da doença;
• deve ser retirado de um hospedeiro doente e cultivado em uma cultura pura;
• a inoculação do micro-organismo em outros hospedeiros deve produzir a mesma 
doença que causava no hospedeiro do qual foi retirado;
• o mesmo micro-organismo deve ser removido do segundo hospedeiro e, após ser isolado 
novamente, reproduzir as mesmas características observadas no segundo postulado.
IMPORTANT
E
Entretanto, quando se trata de vírus, não é possível obedecer aos postulados, 
em virtude de suas características. Então, assim ficou determinado: quando uma 
doença não se enquadrava nos postulados de Koch, ela era considerada viral 
(MACHADO; APOLÔNIO, 2018).
Existe uma discussão importante no meio científico com relação aos vírus 
serem ou não considerados seres vivos, em decorrência de suas peculiaridades. O 
consenso para determinar se se trata de um organismo vivo é que ele deve possuir 
uma célula organizada, ter metabolismo próprio, ser capaz de se reproduzir e 
possuir material genético. Entretanto, os vírus não têm célula, não têm seu próprio 
metabolismo e não conseguem se reproduzir sozinhos. 
Quando um vírus invade uma célula hospedeira, o ácido nucleico torna-
se ativo e, com isso, é possível a sua reprodução. Além disso, eles são capazes 
de causar infecções e doenças, assim como bactérias, fungos e protozoários. 
Existem muitas discussões acerca desse assunto, pois diversos micro-organismos 
necessitam de outros para sobreviver (por exemplo, bactérias riquétsias), isso 
inclui até mesmo nós humanos, pois necessitamos do contato social para nosso 
crescimento e desenvolvimento. Assim, dependendo do ponto de vista, os vírus 
podem ser considerados um conjunto complexo de elementos químicos ou micro-
organismos vivos bastante simples (TORTORA; FUNKE; CASE, 2017).
As características que diferenciam os vírus de outros micro-organismos 
estão ligadas a sua estrutura, que é relativamente simples, e a sua forma de 
multiplicação, que depende de outras células. Eles possuem apenas um ácido 
nucleico, que pode ser um DNA ou um RNA, e este é revestido por uma estrutura 
proteica (que, por vezes, pode ser revestida por um envelope de lipídios, 
carboidratos e proteínas). Além disso, eles se multiplicam dentro de células vivas, 
32
UNIDADE 1 — BASES DA MICROBIOLOGIA
utilizando

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