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Aplicação da Lei Penal no Espaço I. Lugar do Crime - art. 6º do CP: Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 1. Teoria da ubiquidade: O local da ação e o local do resultado são considerados local do crime para efeitos da lei. Crimes na internet: o crime ocorre tanto no local da vítima quanto no lugar do agressor. Qualquer lugar onde o comportamento foi aplicado, em parte ou no todo, é considerado lugar do crime. Se ação foi feita fora do Brasil, mas o individuo é brasileiro, se considera que o crime tem seu lugar no Brasil. Corre o risco de existir dois processos de dois lugares (princípio do bis iden – a pessoa não pode ser processada duas vezes pelo mesmo ato) 2. Diferenças com relação ao lugar do crime para definição da competência: A lei brasileira se aplica aos crimes que que esse não tenha ocorrido integralmente no Brasil, tendo somente uma parte que ocorreu no território: a conduta sem o resultado, o resultado sem a conduta, ou resultado que nem mesmo se produziu, mas deveria se produzir. Na internet não importa de onde o individuo realizou a postagem, se essa se dirige a algum brasileiro será considerada crime em território brasileiro. A competência para se julgar um crime no Brasil será onde ele foi consumado ou no caso de tentativa, o lugar que foi praticado a última parte da conduta. Quando a execução for fora do território brasileiro, será competente para julgar o crime o juízo do lugar no Brasil em que, embora parcialmente, o resultado tenha acontecido ou deveria ter. 3. Prevenção: O juiz que tomar conhecimento primeiro pega o caso. Quando não se sabe onde o crime ocorreu, julga o juiz que recebeu o caso primeiro. Quando o crime ocorre em vários lugares, a competência ocorre pela prevenção, ou seja, o juiz que tomar conhecimento primeiro. Da competência pelo lugar da infração: CPP: Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. § 1° Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. § 2° Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado. § 3° Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. II. Princípios - territorialidade, bandeira, defesa, nacionalidade e universalidade: A lei penal, em decorrência do princípio da soberania, vige em todo o território de um Estado politicamente organizado. Porém, pode ocorrer, em certos casos, para um combate eficaz à criminalidade, a necessidade de limitar a eficácia espacial da lei penal, essa que é regida pelos princípios de: territorialidade, bandeira, defesa, nacionalidade e universalidade. Território é composto por terra, mar, superfície e o ar em cima dos dois. As embarcações e aeronaves, que possuem a bandeira brasileira em determinadas situações, são extensões do território nacional (não importa quem fabricou e sim quem opera e onde foi registrado). A legislação brasileira pode ser aplicada fora do seu território e de suas extensões de acordo com determinados princípios reconhecidos internacionalmente: defesa, nacionalidade e universalidade. • Princípio da territorialidade: prevê aplicação da lei nacional ao fato praticado no território do próprio país. Decorre da soberania do Estado. • Princípio da bandeira: extensão da territorialidade, se refere a legislação penal que é aplicável a crimes cometidos em embarcações ou aeronaves (a bandeira que o veículo está registrado). Funciona como uma extensão do território. II. Territorialidade - art. 5º do CP: A legislação brasileira adota esse princípio, não sendo uma adoção absoluta. A regra da territorialidade é complementada por outras disposições fundadas em outros sistemas, ocorrendo a extraterritorialidade. @SOFII.STUDIES Conceito de território: Superfície terrestre, mar territorial e espaço aéreo acima de ambos. Aplica-se a lei penal brasileira aos fatos puníveis praticados no território nacional, independentemente da nacionalidade do agente, da vítima ou do bem jurídico lesado. Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. Extensão do território: Embarcações e aeronaves são consideradas extensões em determinadas situações (princípio da bandeira). Se as embarcações ou aeronaves brasileiras estiverem em alto mar ou estiverem no espaço aéreo sob esse (em cima de nenhum estado), independente se for de natureza pública ou particular aplica a legislação daquele país. Se tiver no mar territorial ou no espaço aéreo de outro país, só considera território brasileiro se for uma aeronave ou embarcação pública ou a serviço do governo. Por isso, qualquer crime que ocorra dentro desses navios, indiferentemente de onde se encontrem, deverá ser julgado pela justiça brasileira. Crimes praticados em navios ou aeronaves públicos estrangeiros, em território brasileiro, serão julgados de acordo com a lei da bandeira que ostentem. • Aeronave privada: a legislação de onde estava passando no momento do crime. Se for em alto mar seguem a lei da bandeira que ostentem, se estiverem em território de outro Estado, seguem a lei daquele Estado. O princípio da bandeira e a territorialidade: quando a bandeira é uma, mas a lei é outra por conta do território em que está. IV. Exceções à territorialidade: Todos os princípios têm o objetivo de evitar a impunibilidade e a dupla punibilidade. O principal é a territorialidade, bandeira é a extensão da territorialidade, a nacionalidade, universalidade e defesa são exceções da territorialidade. Três justificativas para aplicar a lei mesmo que tenha acontecimento totalmente fora do país: 1. Princípio da defesa: Quando se afeta o interesse nacional; quando o crime ofende a soberania de um Estado tão forte que o interessa punir este crime mesmo que esse tenha acontecido fora do território. @SOFII.STUDIES Extensão da jurisdição penal do Estado titular do bem jurídico lesado, independente do local em que o crime foi praticado ou da nacionalidade do infrator. 2. Princípios da nacionalidade: Prevê aplicação da lei do país de origem do agente não importado o local onde o crime foi cometido. O Brasil tem interesse ou de punir brasileiros que cometeram crimes no exterior ou de punir estrangeiros que cometeram crimes contra brasileiros no exterior (não é sempre). Aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente, pouco importando o local em que ocrime foi praticado. 3. Princípio da universalidade: O criminoso deve ser julgado e punido onde for detido, segundo as leis desse país, não se levando em conta o lugar do crime, nacionalidade do autor ou bem jurídico lesado. Crimes que interessam a toda comunidade internacional, pode ser interesse do país punir independente da sua nacionalidade. Característico da cooperação internacional, pois admite a punição de todos os Estados, de todos os crimes que forem objetos de tratados e de convenções internacionais. A competência neste caso é firmada pelo critério de prevenção. V. Extraterritorialidade – art. 7° do CP: Sempre que aplico a lei penal brasileira para fatos que ocorreram fora do Brasil ocorre a aplicação extraterritorial da lei pena brasileira. Aplicação da lei penal brasileira em crimes fora do Brasil. Pode ser de duas formas: A. Extraterritorialidade incondicionada: Independentemente do que aconteça fora do país a lei penal brasileira continuará sendo aplicada naquele crime. Mesmo que aquele que cometeu o crime fora do seu país de origem tenha sido punido no país do ocorrido, a lei penal brasileira continua sendo aplicada. Mesmo que ela responda pelo crime no exterior, ela também vai ser julgada no interior, com fundamento dos princípios da defesa e da universalidade. É desnecessário que o agente esteja em território, pode ser julgado à revelia. Gera o problema de ne bis in idem (a pessoa ser julgada duas vezes), porém a lei tem previsões para impedir que isso aconteça. → Será aplicada a lei brasileira independentemente de quaisquer circunstâncias. Art. 7° - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (exemplos de extraterritorialidade incondicionada) Alíneas do inciso I: a) Contra a vida ou a liberdade do Presidente da República - DEFESA Crimes conta a vida ou liberdade do presidente são de extraterritorialidade incondicionada por conta do princípio da defesa. Onde quer que tenham acontecido, mesmo que essa pessoa seja punida pela lei daquele país, a lei brasileira continua sendo aplicada. @SOFII.STUDIES @SOFII.STUDIES https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10639401/artigo-7-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 b) Contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público - DEFESA Ex: falsificação de documentos brasileiros. Lesão de alguma estatal fora do país. c) Contra a administração pública, por quem está a seu serviço - DEFESA Se um servido público comete um crime no exterior (corrupção, peculato), responde pela lei brasileira. d) De genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil – UNIVERSIALIDADE Quando o agente do crime for brasileiro ou domiciliado no brasil, responde pela lei brasileira. • § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. Os crimes do inciso I são de extraterritorialidade incondicionada. B. Extraterritorialidade condicionada - requisitos genéricos: Dupla incriminação e gravidade do crime: para você punir, neste caso, deve ser crime tanto no país de origem tanto no país do crime. Deve ter uma gravidade mínima. Ne bis in idem: só se aplica a lei brasileira se a lei do país do ocorrido não tiver sido aplicada antes. Entrada em território nacional: o agente do crime precisa entrar no Brasil para a lei ser aplicada. ___________________________________________________________________________________________ OBS: Brasil não extradita brasileiro. – Um país tem alguns deveres para com os seus cidadãos, de protegê-los, garantir a ele uma dignidade mínima, independentemente do que ele tenha feito. Por isso, o Brasil não extradita seus cidadãos por respeito. ___________________________________________________________________________________________ Texto legal: Artigo 7°, inciso II: - os crimes: (exemplos da extraterritorialidade condicionada, as hipóteses da extraterritorialidade condicionada:) Alíneas do inciso II: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir - Crimes ambientais, tráfico de drogas, animais, pessoas – UNIVERSIALIDADE Crimes ambientais, tráficos de drogas, se refere à cooperação penal internacional que deve existir entre os povos para prevenir e reprimir aquelas infrações penais que interessam a toda comunidade internacional b) praticados por brasileiro (autor do crime) – NACIONALIDADE Brasileiro ator do crime, aplica-se a lei brasileira, sendo indiferente que o crime sido praticado no estrangeiro. Em hipótese alguma o Brasil concede extradição de brasileiro nato, por isso, é absolutamente correto que se ocorra a extradição @SOFII.STUDIES c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados – BANDEIRA (somente quando é privada no território do outro – não está em território brasileiro) e EXTRATERRITORALIEDADE. Se o Estado que ocorreu o crime não aplica a sua lei, o Brasil aplica para evitar impunidade. • § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições. Os crimes do inciso II são de extraterritorialidade condicionada. Alíneas do parágrafo 2: a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição (na lei de imigração dá as condições para quando não autoriza a extradição); d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. O artigo 82 da Lei nº 13.445 de 24 de Maio de 2017 diz respeito ao inciso C. Extraterritorialidade condicionada - requisitos específicos: Aplica-se a lei brasileira quando a vítima é brasileira e se cumprir todas aquelas condições e mais duas: Negativa ou não requerimento de extradição e Requisição do Ministro da Justiça: Art. 7° § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça Para aplicar a lei brasileira contra um estrangeiro que machucou um brasileiro, deve-se cumprir tudo aquilo no parágrafo 2°, além da extradição não ter sido pedida ou não ter sido concedida, o ministro da justiça deve requisitar a aplicação da lei. @SOFII.STUDIES https://www.jusbrasil.com.br/topicos/154170600/artigo-82-da-lei-n-13445-de-24-de-maio-de-2017 VI. Cômputo das penas cumpridas no estrangeiro: Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Quando for penas iguais, como se fosse um desconto na pena aplicada aqui, quando as penas forem diferentes, a pena aqui atenua. VII. Eficácia da sentença estrangeira: O código penal diz que a sentença valeria só para a parte civil e de segurança. Em relação a pena, teria que ser aberto um novo processo. Mas, tem uma outra lei que autoriza, a de imigração Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas conseqüências, pode ser homologada no Brasil para: I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; II - sujeitá-lo a medida de segurança. Em alguns casos o país que condenou pode pedir que a pena do brasileiro ou domiciliado seja transferida para o Brasil para que a execução da pena ocorra sem a necessidade de passar pelo um novo processo noterritório brasileiro. Ocorre quando o brasileiro já saiu do país onde cometeu o crime e se encontra no Brasil. Lei de imigração: Art. 100. Nas hipóteses em que couber solicitação de extradição executória, a autoridade competente poderá solicitar ou autorizar a transferência de execução da pena, desde que observado o princípio do non bis in idem. (cumprindo os requisitos pode vir cumprir a pena) Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a transferência de execução da pena será possível quando preenchidos os seguintes requisitos: I - o condenado em território estrangeiro for nacional ou tiver residência habitual ou vínculo pessoal no Brasil; II - a sentença tiver transitado em julgado; III - a duração da condenação a cumprir ou que restar para cumprir for de, pelo menos, 1 (um) ano, na data de apresentação do pedido ao Estado da condenação; @SOFII.STUDIES IV - o fato que originou a condenação constituir infração penal perante a lei de ambas as partes; e V - houver tratado ou promessa de reciprocidade. @SOFII.STUDIES
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