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Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 2305 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.5, n.1, p. 2305-2310 jan./fev. 2022 A importância da fisioterapia motora na esclerose lateral amiotrófica: uma breve abordagem bibliográfica The importance of motor physiotherapy in amyotrophic lateral sclerosis: a brief bibliographic approach DOI:10.34119/bjhrv5n1-204 Recebimento dos originais: 08/01/2022 Aceitação para publicação: 06/02/2022 Jaqueline Maria de Azevedo Chagas Graduanda em Medicina Instituição: UniRV - Universidade de Rio Verde campus Aparecida extensão Goiânia Endereço: Avenida T-13 Qd. S - 06, Lts 08/13, Setor Bela Vista - Goiânia, GO, CEP: 74823-440 E-mail: jaquelinemachagas@academico.unirv.edu.br Ana Paula de Moura Martins Graduanda em Medicina Instituição: UniRV - Universidade de Rio Verde campus Formosa Endereço: Av. Brasília, 2016 - St - Formosinha, Formosa GO - CEP: 73813-0 E-mail: anapmouram2@gmail.com João Victor Evaristo Mendanha Graduando em Medicina Instituição: UniRV - Universidade de Rio Verde campus Formosa Endereço: Av. Brasília, 2016 - St - Formosinha, Formosa GO - CEP:73813-0 E-mail: joaovmendanha2001@hotmail.com Gabriela Hudson Carneiro Graduanda em Medicina Instituição: UniRV - Universidade de Rio Verde campus Formosa Endereço: Av. Brasília, 2016 - St - Formosinha, Formosa GO - CEP:73813-0 E-mail: gabrielahcarneiro@academico.unirv.edu.br Phelipe Siqueira de Almeida Graduando em Medicina Instituição: UniC - Universidade de Cuiabá Endereço: Av. Manoel José de Arruda 3100, Jardim Europa, Cuiabá - MT CEP: 78065-900 E-mail: siqueiraphelipe@hotmail.com Rebecca Fonseca Ramos Graduanda em Medicina Instituição: UniRV - Universidade de Rio Verde campus Aparecida extensão Goiânia Endereço: Avenida T-13 Qd. S - 06, Lts 08/13, Setor Bela Vista - Goiânia, GO, CEP: 74823-440 E-mail: rebeccaf_ramos@hotmail.com Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 2306 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.5, n.1, p. 2305-2310 jan./fev. 2022 Bruna Carolina Nogueira Amaral Graduanda em Medicina Instituição: UniRV - Universidade de Rio Verde campus Aparecida extensão Goiânia Endereço: Avenida T-13 Qd. S - 06, Lts 08/13, Setor Bela Vista - Goiânia, GO, CEP: 74823-440 E-mail: brunacnamaral@academico.unirv.edu.br Djeify Alexandre Pessoa Junior Médico graduado pela UniRV - Universidade de Rio Verde campus Aparecida de Goiânia e atual Residente Médico em Cirurgia no Hospital Regional de Taguatinga Endereço: Área Especial 24, Taguatinga, Brasília DF - CEP: 72120-970 E-mail: djeify@hotmail.com RESUMO O presente estudo teve como objetivo realizar uma revisão bibliográfica acerca da utilização da fisioterapia motora no tratamento da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). A ELA trata-se de uma doença degenerativa progressiva, incurável, capaz de causar lesões nos neurônios motores. Sabe-se que as raízes nervosas mais afetadas pela ELA são as raízes C8-T1 em membros superiores e L5-S1 em membros inferiores, fazendo com que a dificuldade de coordenação motora fina seja recorrente. Segundo estudos abordados, 70% dos pacientes apresentam fraqueza muscular enquanto 78% demonstram um quadro de atrofia e apenas 2% evolui para demência. Por certo, é observado a existência de um ciclo em que a permanência no leito favorece a piora da qualidade de vida e consequentemente a imobilidade no leito piora o déficit de força induzindo uma atrofia muscular por desuso. Através dos estudos analisados foi possível verificar que abordagem multidisciplinar é de extrema importância para auxílio no desenvolvimento da doença e melhora na qualidade de vida do paciente de forma individualizada, ao passo que a fisioterapia motora se mostrou eficaz na abordagem e acompanhamento de pacientes com ELA. Palavras-chave: Esclerose Lateral Amiotrófica, Fisioterapia Motora, Equipe multidisciplinar, Doença de Lou Gehrig ABSTRACT The present study aimed to carry out a literature review about the use of physical therapy in the treatment of Amyotrophic Lateral Sclerosis (ALS). ALS is a progressive, incurable degenerative disease capable of causing damage to motor neurons. It is known that the nerve roots most affected by ALS are the C8-T1 roots in the upper limbs and L5-S1 in the lower limbs, causing the difficulty of fine motor coordination to be recurrent. According to the studies discussed, 70% of patients have muscle weakness while 78% show an atrophy and only 2% progress to dementia. Certainly, there is a cycle in which staying in bed favors the worsening of quality of life and, consequently, immobility in bed worsens the strength deficit, inducing muscle atrophy due to disuse. Through the analyzed studies, it was possible to verify that a multidisciplinary approach is extremely important to aid in the development of the disease and improve the patient's quality of life in an individualized way, while motor physiotherapy has proved to be effective in the approach and monitoring of patients with ALS. Keywords: Amyotrophic Lateral Sclerosis, Motor Physiotherapy, Multidisciplinary team, Lou Gehrig's Disease Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 2307 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.5, n.1, p. 2305-2310 jan./fev. 2022 1 INTRODUÇÃO No ano de 1869, Charcot foi responsável por fazer a primeira descrição acerca da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), demonstrando que sua característica mais relevante estava concernente à paralisia motora irreversível (LIMA, 2017). Por certo, a ELA trata- se de uma doença neurodegenerativa responsável por envolver o córtex motor, o tronco cerebral e os neurônios motores da medula espinhal. Apesar dos inúmeros avanços e estudos a respeito da ELA, ainda sim o mecanismo alusivo a morte de células neurais perdura de forma obscura. Contudo, é sabido que a lesão provocada na região neural ocorre mediante a exacerbação de radicais livres (GUIMARÃES, 2016). Com auxílio de estudos previamente selecionados, verificou-se que a incidência de ELA é parcialmente uniforme, sendo observado a média de 1,5 casos por 100.000 habitantes por ano, de forma mais prevalente em pacientes com idade entre 55 e 75 anos. Notoriamente, no Brasil foi constatado que há uma maior prevalência de casos na população de Porto Alegre, ao passo que o sexo masculino se apresenta mais afetado quando comparado a mulheres e indivíduos caucasianos (BRASIL, 2021). Nesse contexto, nota-se que a evolução da doença ocorre de forma acelerada, de modo que as pessoas evoluem para o óbito entre dois a cinco anos após o diagnóstico. Notoriamente, a sintomatologia aborda sinais de fraqueza, bem como atrofia muscular, fasciculações e alterações na marcha. Decerto, a abordagem multidisciplinar objetiva a preservação da qualidade de vida e funcionalidade do indivíduo e como consequência a fisioterapia busca auxiliar no controle do desenvolvimento da doença a fim de garantir a melhora na qualidade de vida de forma individualizada (POZZA A, et al 2006). Nesse contexto, este trabalho tem como objetivo fundamental realizar o levantamento dos principais estudos acerca da Esclerose Lateral Amiotrófica e correlacionar com os principais benefícios da utilização da fisioterapia para seu tratamento de forma individualizada. 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A ELA é uma doença neurodegenerativa, progressiva e com etiologia multifatorial. Apresenta-se mediante um caráter heterogêneo, com alterações cognitivas, comportamentais e principalmente motoras (NETO, 2021). Sabe-se que a sua incidência na população mundial é relativamente rara, mas pode apresentar epidemiologia com picos após os 40 anos (LINDEN, 2016). A sintomatologia relacionada a essa doença se dá com a apresentação da perda progressivade neurônios motores superiores e dos neurônios Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 2308 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.5, n.1, p. 2305-2310 jan./fev. 2022 motores inferiores com os sinais de câimbras musculares, miastenia dos músculos e dos membros, além de paralisia progressiva (BERTAZZI, 2017). Levando em consideração tais caracterizações, muitos estudos trazem a perspectiva que a fisiopatologia associada a ELA está principalmente associada com a excitoxicidade mediada pelo glutamato. Este aminoácido induz a via de sinalização dos canais iônicos e, em pacientes com ELA, apresenta com um alto nível extracelular tóxico no cérebro com contribuição para a progressão dos processos neurodegenerativos. Outrossim, com a neurodegeneração causada por essa doença, há desestruturação do citoesqueleto e produção de fatores neurotróficos por células da glia (SOARES, 2021). Sabe-se que a ELA trata-se de uma doença degenerativa irreversível que não possui cura. Contudo, ainda são utilizados fármacos com intuito de melhorar a qualidade de vida do paciente, dentre eles o Riluzol. No ano de 1995 a Food and Drug Administration (FDA) aprovou o uso do fármaco Riluzol, sendo um antagonista do glutamato responsável por reduzir a velocidade da degeneração neuronal. Hodiernamente, é sabido que o Riluzol representa o medicamento de primeira escolha para o tratamento de ELA (SANTOS, 2017). Segundo Guimarães et al. (2016), o tratamento dessa doença é complexo apesar dos efeitos farmacológicos serem positivos. Isso acontece uma vez que a reabilitação exige uma abordagem multidisciplinar, principalmente com apoio da fisioterapia. Com os aspectos da fisioterapia, um paciente com ELA pode receber três tipos de tratamento reabilitador: paliativo, neurofuncional e respiratório. Em relação a fisioterapia paliativa, é verificado a diminuição dos danos da integridade osteomioarticular, sendo que com a fisioterapia neurofuncional ocorre uma diminuição da fisiopatologia da doença principalmente com efeitos nos nervos motores e por fim, com a fisioterapia respiratória há uma manutenção da integridade das vias aéreas. Compreende-se que a fisioterapia tem o intuito de desacelerar o desgaste da musculatura, redução das dores musculares, prevenir atrofias e deformidades articulares, proporcionar o melhor condicionamento de músculos associados com mecanismos respiratórios além de propiciar uma melhora na qualidade de vida dos pacientes até o momento da fase terminal da doença mediante a utilização de ventilação mecânica não invasiva (SANTOS, 2019). O fisioterapeuta busca a avaliação e prescrição de atividades que melhorem a amplitude de movimento a fim de otimizar a funcionalidade muscular restante para poder prevenir possíveis complicações oriundas do desuso e da lesão, para Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 2309 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.5, n.1, p. 2305-2310 jan./fev. 2022 que haja a manutenção do tônus e prevenção de sintomatologia álgica e edemas (DURÁN, 2006). No acompanhamento fisioterapêutico são prescritas uma média de duas a três sessões por semana com uma duração de 45 minutos. Notoriamente, a seleção dos exercícios é feita de forma individualizada ao passo que a resistência irá variar de moderada a baixa uma vez que objetivasse evitar quadros de exaustão e algia (DURÁN, 2006). Ainda sim, é notado que tais pacientes apresentam dependência física uma vez que a mobilidade e capacidade funcional, necessita de condições motoras e cognitivas preservadas para a realização de atividades diárias. Nesse cenário, apesar do acompanhamento fisioterapeuta apresentar limitações uma vez que a ELA trata-se de um quadro degenerativo e irreversível, é de suma importância reconhecer que as sessões de fisioterapia interferem de maneira individualizada e benéfica para cada paciente, uma vez que o objetivo final deste tratamento é garantir o retardo do declínio funcional do paciente que está sendo acompanhado (FERREIRA, 2015). 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS A fisioterapia motora, com alongamentos, mobilização, reeducação postural e exercícios ativos com cargas moderadas, representa um tratamento importante em pacientes com ELA na contribuição da melhora do déficit motor e qualidade de vida, porém são necessários mais estudos que corroborem para aplicação de tal metodologia no acompanhamento individualizado do paciente com ELA. Constatou-se que não existem protocolos específicos objetivando a orientação do fisioterapeuta na elaboração do plano específico de tratamento para portadores da ELA. Dessa forma, o profissional responsável deve estar constantemente atento às particularidades individuais de cada paciente, tendo um conhecimento minucioso do estágio da doença respeitando suas limitações clínicas. Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 2310 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.5, n.1, p. 2305-2310 jan./fev. 2022 REFERÊNCIAS BERTAZZI, R. N, et al. Esclerose lateral amiotrófica. Revista de Patologia do Tocantins, vol. 4, no 3, setembro de 2017, p. 54–65. DOI.org (Crossref), https://doi.org/10.20873/uft.2446-6492.2017v4n3p54 BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Esclerose Lateral Amiotrófica. Brasília: Ministério da Saúde; 2021 DURAN, Martina. Fisioterapia Motora na Esclerose Lateral Amiotrófica. Revista Neurociências, [S. l.], p. 1-5, 16 ago. 2006. FERREIRA, Thaiana; SILVA, Nathalia; MARTINS, Liziane; BRITO, Marciele; CAVALCANTI, Fabrícia. Fisioterapia motora na Esclerose Lateral Amiotrófica: estudo descritivo de quatro protocolos de intervenção. Revista Neurociências, [S. l.], p. 609- 616, 9 nov. 2015. GUIMARÃES, M. T. S, et al. Os benefícios da fisioterapia neurofuncional em pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica: revisão sistemática. ABCS Health Sciences, vol. 41, no 2, julho de 2016. portalnepas.org.br, https://doi.org/10.7322/abcshs.v41i2.874 LIMA, Alisson. Intervenção Fisioterápica na Esclerose Lateral Amiotrófica. Rev. Eletrôn. Atualiza Saúde, [S. l.], p. 20-28, 14 jun. 2017. LINDEN, E. J. et al. ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA: ARTIGO DE ATUALIZAÇÃO. Fisioterapia em Ação - Anais eletrônicos, [S. l.], p. 47–62, 2016. NETO, L. L, et al. Inteligibilidade de fala em pessoas com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). CoDAS, vol. 33, no 1, 2021, p. e20190214. DOI.org (Crossref), https://doi.org/10.1590/2317-1782/20202019214 POZZA, Andreza; DELAMURA, Milene; RAMIREZ, Clarissa; VALÉRIO, Nelson; NEUSELI, Laís; LAMARI, Marino. Conduta fisioterapêutica em esclerose lateral amiotrófica. São Paulo Medical Journal, [S. l.], p. 350-4, 20 jul. 2006. SANTOS, Ana Carolina. Os Benefícios da Fisioterapia nos Pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica. Centro de Estudos Avançados e Formação Integrada. [S. l.], p. 1-12, 19 jul. 2019. SANTOS, Myra. Esclerose Lateral Amiotrófica: Uma Breve Abordagem Bibliográfica. Faculdade de Educação e Meio Ambiente, [S. l.], p. 1-37, 20 jun. 2017. SOARES, J. E. P, et al. Receptores metabotrópicos de glutamato e sua relação com a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). Revista Médica de Minas Gerais, no 1, p. 1–5. www.rmmg.org, https://doi.org/10.5935/2238-3182.20210024. Acessado 20 de janeiro de 2022.
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