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Livro Completo - Políticas Educacionais

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POLÍTICAS 
EDUCACIONAIS
PROF.a NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA
Prof. Nathália Delgado
POLÍTICAS 
EDUCACIONAIS
Marília/SP
2022
“A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma 
ação integrada de suas atividades educacionais, visando à 
geração, sistematização e disseminação do conhecimento, 
para formar profissionais empreendedores que promovam 
a transformação e o desenvolvimento social, econômico e 
cultural da comunidade em que está inserida.
Missão da Faculdade Católica Paulista
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Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma 
sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria, 
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emissão de conceitos.
Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior
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SUMÁRIO
CAPÍTULO 01
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 09
CAPÍTULO 10
07
20
33
45
58
68
77
85
95
104
POLÍTICAS EDUCACIONAIS: CONCEITOS E 
BASES
LINEARIDADE HISTÓRICA DAS POLÍTICAS 
EDUCACIONAIS
COMPREENDENDO A LEI MAIOR DA 
EDUCAÇÃO NACIONAL: DA EDUCAÇÃO EM 
GERAL
A EDUCAÇÃO BÁSICA NA LEI DE DIRETRIZES 
E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL
A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR - 
BNCC
O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (2014-
2024)
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
- ECA
FUNDO DE MANUTENÇÃO E 
DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA 
E DE VALORIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA 
EDUCAÇÃO (FUNDEB)
CICLO DE POLÍTICAS
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E AVALIAÇÕES 
EXTERNAS 
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SUMÁRIO
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
110
117
124
132
138
POLÍTICAS PANDÊMICAS - EDUCAÇÃO E 
CORONAVÍRUS
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E GESTÃO 
DEMOCRÁTICA
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E FORMAÇÃO DE 
PROFESSORES
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E O COMBATE ÀS 
DESIGUALDADES
FINALIZANDO….
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CAPÍTULO 1
POLÍTICAS EDUCACIONAIS: 
CONCEITOS E BASES
1.1 Introdução
A palavra “política” está no nosso vocabulário do dia a dia em diferentes momentos 
e circunstâncias. Falamos que fulano é uma pessoa política, também dizemos que 
determinado lugar possui uma política específica, mencionamos políticas partidárias 
e também falamos de políticas ao entrar em questões relacionadas à legislação. Com 
certeza também existem outras questões relacionadas à palavra política que não 
foram mencionadas nas linhas anteriores.
Para iniciar a disciplina de Políticas Educacionais, nada melhor do que compreender qual 
política estamos e vamos falar, estudar e refletir, não é mesmo? Desta forma, o presente 
capítulo traz a discussão teórica acerca das políticas educacionais e seu campo de atuação. 
É importante que você aluno ao entrar na disciplina, esteja ciente do que estamos nos 
referindo no decorrer! As políticas educacionais nortearão todos os conteúdos das aulas, 
bem como, serão a nossa base, o nosso pano de fundo de discussão!
Também discutiremos as políticas em suas concepções teóricas e práticas, 
finalizando com a organização dos sistemas educativos na atualidade, justamente 
pois, é a partir deles que as políticas educacionais acontecem!
Nossa primeira aula é fundamental para você dar um “pontapé” inicial na disciplina! 
Aliás, ter conhecimento sobre políticas ou políticas educacionais é estar preparado 
para além da função de ser educador, pois, seus fundamentos perpassam vários 
meandros da vida em sociedade! 
Vamos começar?
1.2 Políticas e políticas educacionais: (des)construindo os termos
Falar em políticas educacionais ou políticas públicas educacionais é referir-se a 
grosso modo, à influência do Estado sobre a educação. Aliás, usaremos nas aulas como 
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sinônimos os conceitos de políticas educacionais ou políticas públicas educacionais! 
Outro ponto: nos referimos à Estado, com E maiúsculo, ao tratar do sistema, Estado 
enquanto nação, enquanto organização institucional, o que se difere de estado, com 
a inicial minúscula, ao tratar-se dos entes federados, ok? Neste caso, estaremos nos 
referindo aos estados de são paulo, paraná, santa catarina, etc.
Antes de entrar no conceito de Política Educacional, é preciso compreender o conceito 
de políticas públicas! Isto porque, a educação é uma das áreas de atuação das políticas 
públicas. Nanni e Filho (2016) conceituam muito bem as políticas públicas ao dizerem 
que elas têm como objetivo garantir os direitos sociais através de decisões, opções 
ou prioridades de escolhas e ações devidamente planejadas e implantadas. Vão além, 
ao afirmarem:
Assim, políticas públicas são as ações ou inações, ou seja, o que o 
governo escolhe fazer ou deixar de fazer nas diferentes áreas de sua 
responsabilidade constitucional, especialmente no domínio social da 
educação, saúde e segurança interna dos cidadãos e externa do país 
(NANNI; FILHO, 2016, p. 127).
A partir da fala dos autores, podemos concluir já de início que: políticas públicas são 
mais amplas do que as políticas públicas educacionais ou que as políticas educacionais. 
De maneira direta, pode-se afirmar que as políticas neste sentido, referem-se às ações 
do governo, estados, municípios. Tais ações são expressas de que forma? Por meio de 
Leis, Diretrizes, Parâmetros, dentre outros documentos que visam organizar, planejar, 
direcionar e conduzir as práticas sociais. 
Lima (2018) reforça este entendimento e amplia a discussão ao mencionar que:
Na tentativa de conceituar o campo das políticas públicas 
educacionais, é interessante você lembrar-se da influência do Estado 
sobre a vida escolar dos sujeitos. Tal influência move gerenciamentos 
essenciais aos que trabalham com educação, nos mais diferentes 
âmbitos (LIMA, 2018, p.14).
Portanto, ao referir-se às políticas no contexto desta disciplina, estaremos nos 
referindo a um conjunto de ações e intenções específicas advindas de determinados 
órgãos de regulação social, mais especificamente à políticas educacionais, ou seja, 
documentos que regulamentam, a cunho obrigatório ou não, as práticas escolares. 
Importante situar também, que o educacional, no conceito de políticas educacionais, 
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referem-se à educação escolar, seja ela a nível básico ou superior, educação 
institucionalizada. 
Não é tão difícil, não é mesmo? Há um senso comum de que lidar com políticas é algo 
difícil, mas, um dos objetivos da presente disciplina é que você também desmistifique 
essa questão! Você irá perceber que o entendimento acerca das políticas, no caso 
educacionais, irá propiciar uma base para toda a Educação, independente de seus 
níveis de ensino ou demais aspectos. Nesta aula especificamente, ao compreender o 
conceito de política, política educacional e suas nuances, com toda a certeza o seu 
entendimento de mundo também se modificará! Agora ao ouvir os conceitos você 
saberá do que se trata, e terá um olhar mais crítico sobre a realidade!
1.3 Políticas educacionais: Teoria e prática
Após compreender o conceito de política educacional e situá-lo frente ao conceito 
de políticas públicas, concluiu-se que as políticas educacionais são uma parte das 
políticas no país, pois, estas podem estender-se à educação, saúde, transporte, entre 
outros. Também verificou-se que elas são realizadas pelo Estado. Desta forma, a quem 
servem? Onde se baseiam? Já parou para refletir?
Falamos que as políticas educacionais são advindas do Estado, mas, quem é o 
Estado neste caso? O que ele deve considerar ao fazer as políticas educacionais? 
Lima (2018) responde a esta questão apontando queas políticas educacionais devem 
ser estruturadas a partir da realidade que se destinam, além, de partir dos seguintes 
pressupostos: diversidade cultural, étnica, regional e social e que seus objetivos levem 
a ações reais!
Todos os itens levantados pela autora são de extrema relevância, vamos refletir 
cada um deles. Quando ela menciona as diversidades, é justamente o levar em conta 
aspectos que vão influenciar diretamente no chão da escola. Ou seja, o que adianta eu 
propor uma série de elementos que não estão alinhados àquele grupo que se aplica? 
Por exemplo, o Estado cria uma Lei onde é dever dos estudantes levarem o seu material 
didático para a escola. Existem regiões e grupos que não terão condições de garantir 
o seu próprio material, não é mesmo? Claro, que aqui foi dado um exemplo bem 
esdrúxulo, mas, é neste sentido que as políticas devem considerar os mencionados 
pressupostos, justamente, para chegar ao último elemento levantado pela autora: que 
seus objetivos levam a ações reais!
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O que são ações reais? São aquelas que de fato podem e acontecem! Esta questão 
está diretamente relacionada com a anterior. Se eu considerar os pressupostos 
adequados é maior a chance de alcançar ações reais, ou seja, a lei sair do papel 
e concretizar-se! Assim, na formulação de políticas públicas educacionais, é muito 
importante ouvir o maior número possível de sujeitos diretamente relacionados com 
as políticas que serão oferecidas (LIMA, 2018, p.15).
Estas afirmações nos deixam entusiasmados acerca das políticas educacionais, 
pois, refletem uma situação ideal. Nos parece básico formular políticas que considerem 
o seu contexto, não é mesmo? Infelizmente, não são estes aspectos que os dados 
reais apontam. 
Atualmente, as políticas educacionais têm seu lastro em orientações 
de organismos internacionais [...] desde a adesão do governo brasileiro 
às recomendações formais expedidas pelas Conferências Mundiais 
sobre Educação para Todos e outros eventos patrocinados pela 
Unesco e Banco Mundial. Há suficientes análises na pesquisa que 
comprovam essas ligações, nos sucessivos governos após o período 
de transição democrática (LIBÂNEO, 2016, p 48-49).
O autor supracitado aponta que as políticas educacionais hoje estão sendo 
fortemente influenciadas por organismos internacionais. Aliás, ele não chega a 
essa conclusão de forma aleatória, ele baseia-se em pesquisas científicas, ou 
seja, traz dados reais!
No âmbito das políticas oficiais, a pesquisa tem mostrado que as 
políticas educacionais aplicadas à escola nas últimas décadas têm 
sido influenciadas por orientações dos organismos internacionais, as 
quais produzem um impacto considerável nas concepções de escola 
e conhecimento escolar e na formulação de currículos (LIBÂNEO, 
2016, p 40).
Ao levantar essa questão, o autor sinaliza acerca da influência das políticas 
educacionais nas escolas, alegando que as concepções a seu respeito, o conhecimento 
gerado naquele espaço e o próprio currículo, são frutos destes documentos. Esta 
afirmação do autor, se compreendida de maneira mais profunda, leva ao entendimento 
que elas afetam diretamente vários elementos da escola. Na fala seguinte há um 
exemplo que expressa muito bem as suas reflexões.
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Estudos recentes indicam, por exemplo, que uma das orientações mais 
presentes nos documentos do Banco Mundial é a institucionalização de 
políticas de alívio da pobreza expressas numa concepção de escola como 
lugar de acolhimento e proteção social, em que um de seus ingredientes 
é a implementação de um currículo instrumental ou de resultados. 
Tais políticas trazem junto o desfiguramento da escola como lugar de 
formação cultural e científica e, em consequência, a desvalorização do 
conhecimento escolar significativo (LIBÂNEO, 2016, p.40-41).
Esse exemplo é muito significante, pois evidencia a maneira que tal influência 
acontece. Vamos “dissecar” esse exemplo: no caso, menciona questões relacionadas à 
valorização de políticas que visam combater a pobreza, aliás, é uma ideia recorrentemente 
veiculada, não é mesmo? A escola como instrumento de emancipação. Quem aí 
nunca ouviu “Você precisa estudar para ser alguém na vida” - Essa fala, com um olhar 
superficial remete-se apenas ao papel da escola para você crescer, porém, refletindo 
para além desta camada, sua base de pensamento é de que a escola vai te inserir em 
uma posição diferente, como se estudando, você estivesse fadado necessariamente 
a ser alguém na vida.
Com toda a certeza, a educação escolar te coloca em um patamar diferenciado 
socialmente, porém, inserir a escola como única responsável pelo indivíduo ser alguém 
na vida, não é uma afirmação que pode ser comprovada.
Continuando o raciocínio a partir da fala do autor. A partir do momento em que 
as políticas voltam-se ao alívio da pobreza, a escola passa a ter uma concepção de 
acolhimento e proteção social. Assim, necessariamente sua concepção deixa em 
segundo plano o conhecimento escolar. Ou seja, se eu entendo que a escola é o lugar 
de proteger, acolher, as ações que ocorrem lá dentro devem ser alinhadas para tal o 
que por consequência deixa marginalizada a concepção de escola como a responsável 
por proporcionar o conhecimento historicamente acumulado.
Indo para além da fala do autor, poderia a escola ter dois papéis? Ser a responsável 
pelo alívio da pobreza e ao mesmo tempo responsável por transmitir conhecimento 
científico? Quando pensamos as questões de forma isolada a resposta pode ser sim, 
pois, a escola pode ter várias funções. No entanto, pensando na prática, como articular 
o meu papel de aliviadora da pobreza junto com a transmissora de conhecimento? 
Necessariamente, um dos meus papéis ficará em segundo plano. É exatamente isso 
que o autor está nos indicando. A gente pode cumprir vários papéis, mas, sempre há 
o que se destaca.
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Além de articular as políticas educacionais com superação da pobreza, consequência 
de organismos internacionais, o autor também menciona uma vertente de políticas 
que [...] defendem um currículo de experiências educativas, isto é, a formação por 
meio de experiências socioculturais vividas em situações educativas, além de uma 
terceira vertente, que defende um currículo assentado na formação cultural e científica, 
tendo como pressuposto que a escola é uma das mais importantes instâncias de 
democratização da sociedade (LIBÂNEO, 2016, p.42).
Independente das vertentes, é relevante compreender que: cada uma delas repercute 
um cenário de prática dentro da escola. Portanto, estas orientações resultam em 
distintos referenciais de qualidade de ensino, os quais, por sua vez, influenciam os 
modos de conceber atividades no âmbito da escola e das salas de aula (LIBÂNEO, 
2016, p.42). Já tinha parado para refletir sobre essa questão? Olha só que interessante, 
eu insiro determinada política dentro da escola e consequentemente acabo norteando 
suas práticas. 
Desta forma, podemos afirmar que: as políticas públicas em educação afetam 
profundamente os cenários educacionais e a vida de seus atores, sejam os educandos 
e suas famílias ou os educadores e demais profissionais que atuam na educação 
(LIMA, 2018, p.16). 
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
Sabe a proposta de escola em tempo integral? Ela é um exemplo que Libâneo 
(2016) aponta para ilustrar suas falas acerca da relação entre políticas educacionais, 
organismos internacionais e superação da pobreza. Justamente devido essa 
ampliação da jornada escolar, ele parte do entendimento de que a escola precisa 
mudar o seu papel convencional, assumindo assim outras funções não tipicamente 
escolares, mas, de educadora e protetora.
No conteúdo do documento em análise, verifica-se um distanciamento do 
sentido genuíno de escola, a qual adquireum caráter difuso, concebida 
agora como lugar físico de aglutinar políticas sociais que envolvem políticas 
de saúde, assistência social, esporte e lazer, mobilizando a participação 
de empresas, famílias, integrantes da sociedade civil, voluntários, em 
consonância clara com as orientações de organismos internacionais 
(LIBÂNEO, 2016 p.51).
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É claro que esse acontecimento prático- escola em tempo integral, possui os 
seus aspectos positivos acerca da inserção de crianças por mais tempo na 
escola, e tratando-se de crianças em situação de risco por exemplo, é um aspecto 
fundamental para mantê-las em local seguro. O intuito neste momento é que você 
reflita outra nuance desta prática, bem como, ilustrar, a partir de uma situação 
prática, os apontamentos do supracitado autor.
Também pode-se partir do pressuposto de que é papel do Estado zelar pelos 
indivíduos, mas, a discussão é justamente o fato de levar essa responsabilidade 
para dentro da escola, deixando outras funções deste espaço, em segundo 
plano, como por exemplo a função de transmissão dos conteúdos historicamente 
acumulados. Ou até mesmo, desresponsabilizar outros setores [...] A proposta de 
escola em tempo integral induzida pelo MEC estipula que a escola faça tudo o que 
os demais setores públicos não fazem (LIBÂNEO, 2016, p 54).
O problema se agrava com o uso da escola como legitimação de políticas 
sociais, resultando na pouca valorização dos conteúdos científicos e do trabalho 
dos professores voltado para o desenvolvimento do pensamento[...] A não 
valorização dos conteúdos científicos e dos processos pedagógico-didáticos 
pelos quais se possibilita aos alunos o desenvolvimento das capacidades 
intelectuais acaba levando a formas de exclusão social dentro da própria escola, 
o que se contrapõe aos objetivos enunciados nas políticas educativas de 
respeito e atendimento à diversidade social (LIBÂNEO, 2016, p. 53).
Interessante refletir essas questões, não é mesmo? Assim, você pode compreender 
as práticas sociais e educativas com um olhar menos inocente e mais crítico. 
No início deste item, refletimos algumas questões que demonstraram ser ideais 
quando dizem respeito às políticas educacionais, em seguida, alguns dados da realidade 
trouxeram outras visões. Para finalizar, vamos retomar o pensamento otimista e 
refletindo acerca de questões, que pelo menos na teoria, demonstram ser relevantes 
para um encaminhamento positivo das políticas educacionais.
Com certeza existem inúmeros planos ideais, cada um com seus devidos 
pressupostos, mas, vamos seguir a linearidade do pensamento e considerar o plano 
ideal o oposto do que foi criticado anteriormente, ou seja, a crítica recaiu no fato de 
que as políticas educacionais estavam servindo como indutoras de ações que deixam 
a escola e suas funções específicas em segundo plano. Desta forma, pensar o oposto 
significa considerar como ideal uma linha de pensamento que considere a escola com 
o papel de promover, por meio do ensino-aprendizagem, o domínio de conhecimentos, 
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habilidades e atitudes e, com base nesse domínio, o desenvolvimento mental, afetivo 
e moral do aluno (LIBÂNEO, 2016). 
Partindo destes pressupostos a gente garante como função primordial da escola o 
processo ensino aprendizagem e de forma inerente a transmissão dos conhecimentos 
e habilidades necessárias para propiciar o desenvolvimento integral do aluno, ou seja, 
mental, afetivo e moral. Esta concepção, não dispensa a inserção da cultura dos 
alunos e dados das suas realidade, mas, tais questões devem estar atreladas ao 
processo ensino-aprendizagem dos conteúdos escolares [...] de modo a estabelecer 
interconexões entre os conceitos científicos trabalhados pela escola e os cotidianos 
vividos no âmbito comunitário e local (LIBÂNEO, 2016, p.58). 
Repararam que a partir dessa concepção, o foco principal da escola não se enquadra 
com questões que perpassam a superação da pobreza, por exemplo? O foco recai na 
escola enquanto geradora de conhecimento para consequentemente desenvolver o 
aluno em suas potencialidades. É justamente esse desenvolvimento dos alunos que 
levará a uma inserção social mais preparada.
Agora que você já tem as devidas reflexões acerca das políticas educacionais 
em seu conceito, suas concepções teóricas e práticas, estará mais preparado para 
compreendê-las em seu momento histórico, bem como, suas especificidades, que são 
os temas das aulas posteriores.
Para finalizar esta aula, é necessário que você aprenda a organização da educação 
no Brasil, pois, as políticas educacionais também são foco de tal conjuntura. Esse é 
o tema do nosso próximo item. 
1.4 Organização das esferas educativas
Chegou o momento de você entrar em contato com a organização das esferas 
educativas e isso é muito importante por diversos motivos! Primeiro, para dar 
continuidade ao assunto, agora que você já tem algumas bases teóricas e práticas 
você precisa compreender quem formula tais políticas e em quais contextos, mas, para 
isso você precisa situar-se dessa organização no país. Outro ponto é: você estar ciente 
da organização do sistema educacional no país, é uma base necessária, constitui pano 
de fundo para discutir educação. Quando pensamos em educação infantil, quem é o 
responsável? Consequentemente, quem elabora suas políticas? E o ensino fundamental? 
E o superior, e por aí vai. 
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Compreender a organização das esferas educativas é estar ciente de quem é 
responsável por cada nível de ensino, e assim, consequentemente, quem elabora e 
produz políticas. Percebeu como tudo está articulado? A nossa Constituição Federal 
de 1988, CF/1988, indica as responsabilidades referentes aos sistemas de ensino e 
será ela que tomaremos por base. A título de conhecimento, a Lei de Diretrizes e Bases, 
nossa LDB de 1996, nossa Lei maior da educação, também faz essas indicações, mas, 
trabalharemos essa Lei em aula específica e os documentos são articulados.
Lá no início mencionamos que as políticas educacionais fazem parte das políticas, 
pois, estas podem ser mais abrangentes. Neste caso é exatamente essa configuração 
que está nos norteando. Reparem só! Vamos analisar uma política pública do país, a 
CF/1988, buscando os aspectos educacionais, ou seja, há política educacional dentro 
desta política pública, por exemplo, há parte da LDB.
Antes de entrar no corpo da Lei, vamos esclarecer alguns termos e formas de 
compreendê-la? Antes de mais nada, você precisa saber que as Leis possuem artigos, 
parágrafos e incisos. Os artigos são fáceis de identificar, pois, está escrito “Art”, já 
os parágrafos e os incisos fazem parte dos artigos, ou seja, o artigo é mais amplo. 
Os parágrafos são representados pelo símbolo § e os incisos estão representados 
por numerais romanos. Outro ponto relevante é você saber que as Leis vão sendo 
modificadas por Resoluções, ou seja, nós vamos analisar a CF/1988, mas, não significa 
que tudo que está lá está presente desde o seu primórdio. Aliás, ao acessar as Leis 
pela internet, em seus sites oficiais, você já tem contato com elas atualizadas, bem 
como, elas demonstram as Resoluções que alteram, junto de seus respectivos anos. 
A educação aparece pela primeira vez na CF/1988 em seu artigo 6º como um dos 
direitos sociais, juntamente com a saúde, trabalho, moradia, dentre outros. Daí já 
dá para perceber que ela é um dos direitos que o indivíduo possui na sociedade. Ao 
examinar o termo direito social é exatamente a isso que se trata. Esse é o primeiro 
ponto a ser destacado: Educação como um dos direitos sociais. 
O artigo 205 amplia esta questão do direito, pois, além de reforçá-lo, aponta para 
o Estado e a família como os que possuem dever a esse direito social. Ou seja, a 
educação é um direito de todos, mas, édever do Estado e da família. Este entendimento 
divide as responsabilidades e amplia o próprio conceito de educação, o que é algo 
muito interessante, pois, ao ser um dever do Estado ela remete-se à educação formal, 
sistematizada, e tratando-se da família, diz respeito à educação informal. Bacana a 
Constituição considerar esses pressupostos, não é mesmo?
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É no artigo 208 que vem à tona as explicações acerca dos deveres do Estado, ou 
seja, este dever será efetivado de que maneira? Este artigo possui sete incisos que 
vão evidenciando e respondendo a esta questão, são eles:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) 
anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que 
a ela não tiveram acesso na idade própria; II - progressiva universalização 
do ensino médio gratuito; III - atendimento educacional especializado aos 
portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; 
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) 
anos de idade; V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa 
e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta 
de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII - 
atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, 
por meio de programas suplementares de material didático escolar, 
transporte, alimentação e assistência à saúde (BRASIL, 1988 [s.p.]).
Analisem como este artigo nos traz dados e conhecimentos relevantes. Não é 
senso comum, por exemplo, as idades obrigatórias para escolarização. Principalmente, 
considerando o seu início, 4 anos. Essa parte da CF/1988 por exemplo, já foi modificada 
três vezes. Essa inserção como está hoje aconteceu em 2009. Reparem no terceiro 
inciso, menção ao pessoal com deficiência na rede regular de ensino, justamente para 
não haver segregação em escolas diferenciadas. 
O artigo seguinte menciona as instituições privadas, o que é curiosidade para muitos 
acerca de sua organização. O seu ensino é livre, porém, há dois pressupostos a serem 
respeitados, sendo eles: I - cumprimento das normas gerais da educação nacional; 
II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público (BRASIL, 1988 [s.p.]). 
Analisando em detalhes, nota-se que há autonomia para que eu monte uma escola a 
partir de meus pressupostos, porém, eu devo cumprir as normas gerais de educação 
nacional, ou seja, o que está na própria CF/1988, na Lei de Diretrizes e Bases (1996) 
e demais diretrizes, de cunho nacional, bem com, passar pela avaliação de qualidade 
do respectivo poder público. 
O artigo 210 traz elementos que vão ao encontro da discussão de políticas 
educacionais no item anterior. Nele, ficam fixados conteúdos mínimos para o ensino 
fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores 
culturais e artísticos, nacionais e regionais (BRASIL, 1988 [s.p.]). Dois pontos a serem 
observados: assegurar formação básica comum, o que é muito relevante para garantir 
acesso à uma educação igualitária, independente da escola em que estou. Será que 
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isso realmente acontece? Outro ponto: respeito aos valores regionais! Importantíssimo, 
principalmente, tratando-se de um país como o nosso, com tamanha dimensão e 
inúmeras culturas.
Percebam como o corpo da lei é bastante satisfatório em ler? Exatamente por 
este motivo é importante você ter contato com ela, para ver que não é esse “bicho 
de sete cabeças” que muitos acham! Elas nos trazem dados muito relevantes, além 
de argumentos para nossa inserção social. Agora que você conhece estes dados, 
estará fundamentado em algumas situações que os envolvem, como garantir vaga 
para uma criança na idade obrigatória por exemplo, ou, passar esse conhecimento 
para alguém que conheça.
Entrando especificamente na articulação responsabilidade e políticas educacionais, 
a lei nos garante os determinados órgãos e suas devidas competências. No artigo 22 
por exemplo, fica mencionado que compete à União legislar sobre Diretrizes e Bases 
da educação Nacional. Bom, sabemos que existe a Lei de Diretrizes e Bases no país, 
quem foi o responsável então? A União. Se vocês observarem no final de tal Lei, há a 
menção de Fernando Henrique Cardoso, presidente da época. Não é o estado ou seu 
município, por exemplo, que irá garantir diretrizes e bases de uma educação nacional. 
É no artigo 211 que a Lei especifica as devidas responsabilidades administrativas. 
A partir deste entendimento, fica mais fácil associar quem é responsável por qual 
documento tratando-se das políticas educacionais. Primeiramente, o artigo menciona 
que [...] A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime 
de colaboração seus sistemas de ensino (BRASIL, 1988, [s.p.]). Isso significa que 
cada um possui sua responsabilidade, porém, de modo colaborativo, são articulados, 
interdependentes em algumas instâncias.
Neste caso, vou evidenciar em tópicos para que você aluno consiga efetuar uma 
leitura e entendimento mais direto sobre o assunto. Tratando-se da União, será 
responsável por:
• Organizar o sistema federal de ensino;
• Financiar as instituições de ensino públicas federais;
• Exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma 
a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de 
qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos estados, ao 
Distrito Federal e aos Municípios.
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Basicamente, a União é responsável pelas instituições de cunho federal, no entanto, 
observando o último item, é fácil compreender o motivo da menção ao caráter 
colaborativo mencionado anteriormente, entre União, estados e municípios. Ainda 
que ela organize e financie os federais, não está totalmente desvinculada dos estados 
e municípios.
Os municípios atuarão prioritariamente em:
• Ensino fundamental;
• Educação infantil.
Se você reparar aí na sua cidade, as escolas destes níveis são de responsabilidade 
dos municípios. O ensino fundamental divide-se em I e II, sendo o I do 1º ao 4º ano 
e é este que fica a cargo dos municípios, juntamente com a educação infantil, que 
agora é obrigatória a partir dos 4 anos, como já mencionado.
E os estados, juntamente com o Distrito Federal, estão responsáveis por:
• Ensino fundamental;
• Ensino médio.
Aí são as conhecidas escolas estaduais, que ficam responsáveis pelo ensino 
fundamental II, que vai do 6º ao 9º ano, e também pelo ensino médio. Está vendo 
que não é tão difícil? Agora, quando você visualizar uma escola, você saberá qual é a 
instância responsável por ela.
 Aliás, qual é mesmo o motivo deste assunto estar nesta disciplina? Bom, 
compreendendo quem é responsável pelo quê, é o primeiro passo para compreender 
quem garante as políticas educacionais para os respectivos níveis. Ou seja, já vimos 
que é União a responsável por estabelecer Diretrizes e bases à educação nacional, 
porém, sabendo que o município é responsável pela educação infantil, por exemplo, 
você também entenderá os motivos de haverem políticas específicas para este nível 
de ensino que são elaboradas pelo município.
Ainda que haja essas divisões, vale lembrar que os entes trabalham em colaboração 
e isso é reforçado no parágrafo quarto[...] Na organização de seus sistemas de ensino, 
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios definirão formas de colaboração, 
de forma a assegurar a universalização, a qualidade e a equidade do ensino obrigatório 
(BRASIL, 1988, [s.p].)
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O artigo 214 ao mencionar o Plano Nacional de Educação, também está articulado 
a esta ideia de colaboração entre os entes, além de demonstrar pela lei a preocupaçãona busca em estabelecer condições mínimas igualitárias aos indivíduos de diferentes 
locais e escolas do país. Olhem só esse artigo na íntegra:
Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração 
decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de educação 
em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e 
estratégias de implementação para assegurar a manutenção e 
desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e 
modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos 
das diferentes esferas federativas que conduzam a: I - erradicação 
do analfabetismo; II - universalização do atendimento escolar; III 
- melhoria da qualidade do ensino; IV - formação para o trabalho; 
V - promoção humanística, científica e tecnológica do País; VI - 
estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em 
educação como proporção do produto interno bruto (BRASIL, 1988, 
[s.p.]).
Vale mencionar, que ele consta na CF/1988 desde 2009 e que seus elementos 
demonstram diferentes preocupações acerca da educação no âmbito nacional. Se 
você reparar os incisos, eles mencionam também, a universalização da escola, a 
formação para o trabalho, melhoria da qualidade de ensino, ou seja, é bastante amplo 
em suas especificidades.
Como você pode observar, além de traçar as competências aos diferentes entes, a 
CF/1988, também realiza outras menções sobre a educação e que também influenciam 
diretamente às políticas públicas educacionais.
Nesta aula, você pode ter uma visão geral de como a nossa Constituição Federal de 
1988 pensa e organiza a Educação. Com certeza esse conhecimento, além de agregar 
à sua formação, também agrega à sua vida social. Você vive em um país que possui 
uma Constituição, então, vamos conhecê-la, não é mesmo?
Essa foi a aula de hoje! Se você realizou a leitura e assistiu as vídeo aula, certamente 
teve um passo significativo em sua formação. Para continuar, na próxima aula, você 
entrará em contato com a linearidade histórica acerca das políticas educacionais, 
justamente para compreender como elas foram se desenrolando no país, bem como, 
em quais contextos!
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CAPÍTULO 2
LINEARIDADE HISTÓRICA DAS 
POLÍTICAS EDUCACIONAIS
2.1 INTRODUÇÃO
Olá, alunos e alunas! 
No presente capítulo você entrará em contato com uma linha do tempo acerca das 
políticas educacionais no país, situando cada legislação, diretriz, parâmetro, dentre 
outros, em seu devido contexto histórico. O objetivo neste momento é que você tenha 
contato com a linearidade dos fatos, pois, posteriormente, estudará algumas políticas 
aqui mencionadas em aulas específicas.
Este capítulo é muito relevante, pois, estudar políticas educacionais com o olhar atual, 
é antes de mais nada, fazer um retrospecto histórico de seus elementos. Isto porque, 
a configuração atual nada mais é do que um processo que foi se desenvolvendo no 
decorrer dos anos. Desta forma, compreender o histórico é fundamental para ter um 
olhar crítico acerca da realidade. A conjuntura atual não é aleatória, muito menos linear, 
mas sim, fruto de lutas, processos e contextos que vão tomando forma e delineando 
os dados. 
É importante, que ao ler este material, você compreenda que traremos os diferentes 
olhares, embates e visões sobre o assunto, porém, o texto aqui escrito é estático e 
narra fatos, já os acontecimentos práticos são rodeados de nuances e elementos 
mutáveis. Cada época um contexto, preocupação e necessidade! Essa é a principal 
ideia que você deve refletir neste capítulo! Tomar conhecimento dos dados históricos 
são relevantes, nos fundamentam e nos fazem compreender a configuração atual 
com a devida sapiência.
No presente capítulo você entrará em contato com os principais dados históricos 
acerca das Políticas Educacionais no país, ou seja, aqueles que foram substanciais 
no decorrer dos anos e delineadores de projeções futuras. Esta aula te garantirá os 
fundamentos históricos e políticos educacionais que necessita para a sua formação!
Boa leitura!
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2.2 A DÉCADA É 1930…
O título deste item, enfatizando a respectiva década: 1930, é justamente para que 
você lembre-se que: foi tardia as propostas de regulamentações e preocupação em 
relação às políticas educacionais no país. Analisando o histórico da Educação, há 
consenso entre os autores de que foi na década de 1930 que houve um salto qualitativo 
em relação às suas políticas públicas educacionais. No entanto, há um contexto social 
e político que justifica tais mudanças, bem como, intenções específicas para tal. Aliás, 
é a partir de tal década que o Ministério da Educação, em seu site oficial, relata a 
história das políticas educacionais brasileiras. Por estes motivos, nosso recorte teórico 
é a partir de então.
Contextualizando esse período, o Brasil vive a chamada Era Vargas, sob o comando de 
Getúlio Vargas. Acerca da educação, há a visão que articula educação e desenvolvimento 
do país. Aliás, é importante salientar que os fatos nacionais estão articulados com os 
internacionais, conforme pode ser observado:
Os anos de 1930 são marcados por intensa disputa ideológica 
no campo político, econômico e, como não poderia deixar de ser, 
também, no âmbito educacional. Trata-se de uma conjuntura que 
não é apenas brasileira. Na Europa, assiste-se à consolidação do 
fascismo na Itália, do stalinismo na URSS e à ascensão do nazismo 
na Alemanha (FILHO, 2005, p.5).
É exatamente em 1930, por meio do Decreto nº 19.402, de 14 de novembro de 
1930, que foi criado o Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública com a 
função de: despacho dos assuntos relativos ao ensino, à saúde pública e à assistência 
hospitalar. Aliás, o primeiro ministro da Educação foi Francisco Campos, que deu 
nome à conhecida “Reforma Francisco Campos”, onde estabeleceu oficialmente, em 
nível nacional, a modernização do ensino secundário brasileiro por meio de diferentes 
decretos (MEC, 2018), conforme será demonstrado no decorrer.
Ainda nessa década, mais especificamente em 1931, é criado o Conselho Nacional 
de Educação (CNE), por meio do decreto nº 19.850, de 11 de abril. Tal Conselho 
operava como órgão consultivo do ministro da Educação e Saúde Pública em assuntos 
relativos ao ensino (MEC, 2018). É importante destacar que a função do Conselho 
neste período era limitada frente às funções atuais, onde este opera com atribuições 
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normativas, deliberativas e de assessoramento ao Ministério da Educação. Aliás, o 
Conselho Nacional de Educação nos moldes atuais foi instituído em 1995.
Só no ano de 1931 houve cinco decretos voltados diretamente ao campo educacional, 
sendo eles: 
Decreto nº 19.850, de 11 de abril de 1931, que cria o Conselho 
Nacional de Educação; b) Decreto nº 19.851, traça rumos para o 
ensino secundário e superior; c) Decreto 19.852, de 11 de abril de 
1931, que dispõe sobre a organização da Universidade do Rio de 
Janeiro; d) Decreto nº 19.890, de 18 de abril de 1931, que dispõe sobre 
a organização do Ensino Secundário; [...] e) Decreto 21.241, de 14 de 
abril de 1931, que consolida as disposições sobre a organização do 
Ensino Secundário (FILHO, 2005, p.2). 
É importante refletir nesse momento o necessário “pontapé” inicial tratando-se de 
políticas educacionais. Elas entram neste contexto, como forma de regulamentação 
e organização de uma educação que antes acontecia de maneira esparsa e limitada. 
Segundo Filho (2005), há nesse período uma disputa política que repercute 
diretamente no âmbito educacional. De um lado, intelectuais liberais, socialistas, 
comunistas, e de outro, católicos e conservadores. O autor ressalta que as divergências 
entre os grupos concentram-se em: Obrigatoriedade para todos do ensino elementar. 
• Gratuidade desse mesmo ensino. • Currículoescolar laico. • Coeducação dos sexos. 
O autor chega a conclusão de que a igreja não estava contente em perder parte 
da influência que detinha sobre a educação no país. Aliás, esse embate culminou em 
um documento relevante para o histórico das políticas educacionais brasileiras: o 
Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova.
Reunidos na Conferência Nacional de Educação, convocada no 
mês de dezembro de 1931 e instados por Vargas a apresentarem 
diretrizes para a elaboração de um projeto educacional para o país, 
os dois grupos não chegaram a um acordo. Diante da ocorrência, 26 
participantes encarregaram Fernando de Azevedo de escrever o que 
ficou sendo conhecido como “Manifesto dos Pioneiros da Educação 
Nova” (FILHO, 2005, p.6).
Conforme pode ser observado, esta década é marcante tratando-se de políticas 
educacionais. Em 1932, por exemplo, foi lançado o Manifesto dos Pioneiros da 
Educação Nova, que propõe um sistema escolar público, gratuito, obrigatório e leigo 
para todos os brasileiros até os 18 anos. O documento defendia a reconstrução do 
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sistema educacional menos elitista e aberto à interpenetração das classes sociais com 
vistas às necessidades de um Brasil que se industrializava (MEC, 2018). Filho (2005) é 
enfático ao afirmar que o documento não está apenas preocupado em estabelecer um 
diagnóstico do quadro educacional brasileiro, pois, há nele uma proposta de criação 
de um sistema nacional de educação.
ANOTE ISSO
Você viu aí no histórico que o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova foi um 
importante documento no âmbito das políticas educacionais. Vamos dar uma 
olhada em alguns de seus pontos?
II. Organização da escola secundária (12 a 18 anos) em tipo flexível de nítida 
finalidade social, como escola para o povo, não preposta a preservar e transmitir as 
culturas clássicas, mas destinada, pela sua estrutura democrática, a ser acessível 
e proporcionar as mesmas oportunidades para todos, tendo, sobre a base de uma 
cultura geral comum (3 anos), as seções de especialização para as atividades 
de preferência intelectual (humanidades e ciências) ou de preferência manual e 
mecânica (cursos de caráter técnico).
V. Criação de Universidades, de tal maneira organizadas e aparelhadas que possam 
exercer a tríplice função que lhes é essencial, elaborar e criar a ciência, transmiti-
la e vulgarizá-la, e sirvam, portanto, na variedade de seus institutos: à pesquisa 
científica e à cultura livre e desinteressada; à formação do professorado para as 
escolas primárias, secundárias, profissionais e superiores (unidade na preparação 
do pessoal do ensino); à formação de profissionais em todas as profissões de base 
científica; à vulgarização ou popularização científica,literária e artística,por todo os 
meios de extensão universitária.
X. Reconstrução do sistema educacional em bases que possam contribuir para a 
interpenetração das classes sociais e formação de uma sociedade humana mais 
justa e que tenha por objetivo a organização da escola unificada, desde o Jardim da 
Infância à Universidade, em vista da seleção dos melhores, e, portanto, o máximo 
de desenvolvimento dos normais (escola comum), como o tratamento especial de 
anormais, subnormais (classes diferenciais e escolas especiais)”. (AZEVEDO, s.d. p. 
88-90 apud RIBEIRO, Maria Luisa Santos, 1993, 108-110).
Mesmo tratando-se de reformas relevantes ao campo educacional, bem como, de 
suas políticas, há também outras questões a serem consideradas. É sempre importante 
ter um olhar amplo acerca dos acontecimentos, pois, mesmo positivos em alguns 
aspectos, há também elementos criticáveis. 
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Segundo Filho (2005), a indicação de Francisco Campos para a pasta da Educação 
contou com forte apoio da igreja católica, ou seja, Vargas procurava atrair o apoio do 
clero católico, assim, analisando os pontos da reforma, nota-se por exemplo que ela nada 
propõe em relação ao ensino primário e à educação popular, ao contrário, a preocupação 
em reorganizar o ensino fica restrita ao curso superior e secundário. Desta forma, esta 
ambiguidade nos mostra que se houve por um lado a intenção de organizar parte do 
sistema educacional, também houve de outro, um movimento para atrair um público 
específico, bem como, distanciar determinado público desta sistematização. 
É no ano de 1934 que a educação fica definida constitucionalmente como direito de 
todos os brasileiros, por meio da Constituição de 1934, aliás, esta foi promulgada no 
dia 16 de julho como a Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil. Além 
de um direito de todos os brasileiro, também fica definido que é direito de estrangeiros 
domiciliados no país, devendo ser ministrada pela família e pelos Poderes Públicos (MEC, 
2018). Acerca deste documento, Filho (2005) aponta que utiliza parte do ideário político 
educacional presente no Manifesto dos Pioneiros. 
O ano de 1937 também traz elementos relevantes, visto que, é publicada a Lei nº 378, 
de 13 de janeiro de 1937, que estabelece uma ampla reforma e estruturação do sistema 
educacional brasileiro. Neste ano houve também, em âmbito social, o golpe de estado de 
Getúlio Vargas, com apoio militar, implantando o que denominou-se de Estado Novo, na 
prática uma ditadura. Foi Francisco Campos quem elaborou o texto da nova Constituição, 
em grande parte, inspirado na constituição fascista da Polônia. Enfim, cria-se um estado 
corporativista (FILHO, 2005, p.10).
Neste momento, há um movimento específico em relação às obrigações do Estado 
frente à educação, no sentido de minimizar suas responsabilidades. Agora, o dever do 
estado é contribuir, conforme consta no Artigo 128 da Constituição supracitada: [...] dever do 
Estado contribuir, direta e indiretamente, para o estímulo e desenvolvimento de umas e de 
outras favorecendo ou fundando instituições artísticas, científicas e de ensino (FILHO, 2005, 
p.10). Portanto, há um retrocesso neste quesito, considerando que o dever, evidenciado 
na Constituição de 1934, foi substituído pelo contribuir agora na Constituição de 1937. 
[...] o Estado estava pouco interessado em oferecer às classes 
populares educação pública e gratuita; isto ficou claro na Constituição 
de 1937, pretendendo contrariamente evidenciar o caráter dual da 
educação – em que, para a classe dominante, estava destinado o 
ensino público ou particular e ao povo marginalizado deveria destinar-
se apenas o ensino profissionalizante (SOUZA;SANTOS, 2019, p.1).
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Esta visão de retrocesso é bastante evidenciada pelos autores ao tratar das 
políticas educacionais na década de 1930. Souza e Santos (2019), aliás, afirmam 
que as discussões e reivindicações do período anterior e as conquistas do movimento 
renovador, expressas na Lei de 1934, são consideravelmente enfraquecidas e até em 
alguns casos suprimidas pela Constituição de 1937.
A partir de então, em matéria de políticas educacionais, as questões substanciais 
perpassam a década de 1940, dando início ao próximo tópico do capítulo. Para finalizar, 
pode-se concluir que a presente década demonstrou um movimento de idas e vindas 
ao tratar das políticas educacionais, aliás, ela garantiu o início da educação em quesitos 
legais e substanciais no país, sendo fortemente influenciada e norteada pelo contexto 
político, tanto que, ao final da década, mais especificamente em 1937, o que era dever 
do estado passa a ser relativizado no quesito educação. 
2.3 As políticas educacionais após a década de 1940.
Meio a este contexto de retrocesso no quesito educação, conforme evidenciado 
no item anterior, que aconteceu uma segunda Reforma do ensino no Brasil. Por meio 
do Decreto-Lei nº 4.244, de 9 de abril de 1942 fica instituído o sistema educacional 
de três graus:
O ensino de primeiro grau era constituído peloensino primário de 
quatro ou cinco anos, sendo obrigatório para crianças de 7 a 12 anos 
e gratuito nas escolas públicas. O ensino de segundo grau, posterior 
ao primeiro, também chamado de ensino médio, era destinado a 
jovens de 12 anos ou mais. Compreendia cinco ramos, sendo um 
deles com a finalidade de preparação para o ensino superior e os 
demais para formar força de trabalho para os principais setores de 
produção: o ensino industrial, o ensino comercial, o ensino agrícola 
e o ensino normal. Este último para formação de professores para o 
ensino primário (MEC, 2018, [s.p.]).
Neste momento, o Ministro da Educação era Gustavo Capanema que deu início 
à publicação de vários decretos-lei que ficaram conhecidos como: Leis Orgânicas 
do Ensino. Aliás, o conhecimento científico aponta que neste período há uma visão 
específica em torno da educação, bem como, como pano de fundo, baseando-se na 
ideia de que esta é “capaz de salvar a sociedade de todos os seus males”. Aliás, após 
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o golpe militar que derrubou Vargas, em 1945, durante o Governo Provisório presidido 
pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), foram publicados mais quatro 
decretos-lei relacionados à educação.
É na Constituição de 1946, que são retomados alguns direitos garantidos pela 
Constituição de 1934, especificamente no artigo 167, que expressa [...] o ensino deverá 
ser ministrado pelos poderes públicos, embora livre à iniciativa particular, respeitando-
se as determinações legais (SOUZA; SANTOS, 2019). Para que o direito à educação 
fosse realmente assegurado, os autores apontam que o artigo posterior destina 10% 
do orçamento da União e 20% do estado à este âmbito.
Neste mesmo ano, a organização do sistema educacional iniciada em 1942 é 
assegurada com a publicação das leis orgânicas do ensino primário- Decreto-Lei nº 
8.529, de 2 de janeiro de 1946. É também nesta década que foi lançada a Campanha 
Nacional de Educação de Adultos, com participação de todos os Estados e do Distrito 
Federal, que resultou na instalação de 10 mil classes de ensino supletivo para adulto 
(MEC, 2018). 
Outro ponto relevante a ser evidenciado na década de 1940, remete-se à 1948, 
quando uma comissão composta por setores da educação cria e encaminha à Câmara 
dos Deputados, uma proposta de estatuto para o ensino. O interessante deste fato, 
é que tal documento, segundo dados do Ministério da Educação (2018), serviu de 
referência para o Projeto de lei de Diretrizes e Bases da Educação promulgada 13 
anos mais tarde. Aliás, Souza e Santos (2019) apontam que apesar das mudanças 
e da Nova Constituição, a legislação herdada vigorou até 1961, quando teve início a 
vigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
É nesse cenário que ocorre a discussão da primeira Lei de Diretrizes 
e Bases da Educação Nacional, de 1961. Porém, não ocorreram 
avanços significativos para a educação, uma vez que nas décadas de 
1950 e 1960 mais da metade dos brasileiros continuava analfabeta, 
faltavam escolas em número suficiente para atender à demanda e a 
educação continuava refletindo os interesses das classes dominantes 
(LIMA, 2018, p.40).
É sancionada em 20 de dezembro de 1961 as Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional, aliás, a primeira Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Com ela, houve a diminuição da 
centralização do MEC e os órgãos estaduais e municipais ganharam autonomia (MEC, 
2018). Fazenda (1984) menciona um aspecto interessante acerca deste documento, 
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pois, segundo o autor, causou prejuízos para educação, especialmente no que se refere 
à sua ampliação, pois fortaleceu o setor privado e limitou a expansão do ensino público.
Esta visão é reforçada por Souza e Santos (2019) ao apontarem que neste período 
houve um maior distanciamento dos ideais de universalização e democratização da 
educação, pois, pautou-se pela repressão e pela privatização do ensino, além de 
continuar privilegiando a classe dominante com o ensino de qualidade, deixando de 
fora as classes populares.Os autores também justificam este entendimento com base 
na oficialização do ensino profissionalizante, que visava preparar mão de obra para 
atender às necessidades do mercado.
Para contextualizar o presente contexto, é importante você perceber que:
[...] as questões educacionais acabam sendo atreladas aos aspectos 
políticos e econômicos que envolvem as nações. As décadas de 
1960 e 1970 foram marcadas pela expansão do capitalismo e pela 
busca de hegemonia norte-americana. Nesse período, tiveram início 
os processos de mundialização das grandes corporações, o que 
necessitava de mão de obra e de consumidores em potencial (LIMA, 
2018, p. 41).
Vale salientar, que a referida Lei substituiu as Leis Orgânicas do Ensino e demais 
normativas anteriores, além de que, durante suas mais de três décadas em vigor, foi 
submetida a inúmeras alterações. Ela também atende diferentes vertentes sociais, 
trazendo elementos das reivindicações do Manifesto dos Educadores (1959) e atendendo 
também aos defensores da educação privada. A propósito, a partir de tal Lei, o ensino 
no país baseia-se no ensino primário de cinco anos e ensino médio dividido nos ciclos 
ginasial e colegial (COSTA;MUELLER, 2020).
ISTO ESTÁ NA REDE
Sabia que você pode ter acesso à primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação? 
Seria interessante você analisar os seus itens e ter uma noção de seu linguajar 
diretamente na fonte! Até mesmo, pois, é até hoje umas das principais Leis no 
quesito Educação! Mas claro, em versão posterior!
Link para acesso na íntegra: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-
4024-20-dezembro-1961-353722-publicacaooriginal-1-pl.html
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Na década seguinte, 1962, é aprovado o primeiro Plano Nacional de Educação (PNE), 
um conjunto de metas quantitativas e qualitativas para serem cumpridas no prazo 
de oito anos. Lima (2018) amplia a discussão, apontando que na década de 1960 
destacam-se os movimentos de educação popular, bem como da população adulta 
vulnerável. No entanto, a autora menciona que esses movimentos foram interrompidos 
pela ascensão dos militares ao poder em 1964. Aliás, sem perder de vista o contexto 
político e econômico do momento, cabe relembrar que em 1964 aconteceu o Golpe 
Militar que se prolongou até 1985.
Os governos militares promoveram intensas e significativas mudanças 
na legislação educacional do país. Os Atos Institucionais passaram a 
legalizar e legitimar as ações tomadas pelos governos da Ditadura, 
além de garantir amplos poderes ao poder Executivo. Em especial, 
partir de 1965, esses Atos censuraram a imprensa, revogaram 
garantias legais vinculadas aos direitos fundamentais e liberdades 
individuais, autorizaram a censura e a tortura e consumiram os 
resquícios de um Estado democrático de direito (COSTA; MUELLER, 
2020, p.231).
Destaca-se na década de 1960, a aprovação do Estatuto do Magistério Superior, por 
meio da Lei nº4.881, de 6 dezembro de 1965, além da criação da Fundação Movimento 
Brasileiro de Alfabetização (Mobral), por meio da Lei nº 5.379, de 15 de dezembro de 
1967. Outro marco é a criação da Lei da Reforma Universitária (Lei nº 5.540, de 28 
de novembro de 1968) que fixa normas de organização e funcionamento do ensino 
superior e sua articulação com o ensino médio (MEC, 2018).
Dentre os elementos da Reforma Universitária, destacam-se: a instituição do vestibular 
no sistema classificatório, a inserção da universidade sob um modelo empresarial, 
além, destas em unidades isoladas e a multiplicação de vagas em escolas superiores 
particulares (Piletti, 1991). 
Já no início da década de 1970, especificamente em 1971, há outro marco relevante 
nas políticas educacionais, com a chamada Nova LDB, fixada pela Lei n° 5.692 de 
11 de Agosto de 1971. Elatraz Diretrizes e Bases para o Ensino de 1º e 2º graus, e, 
segundo o MEC (2018), visa proporcionar aos estudantes formação adequada ao 
desenvolvimento de suas potencialidades, além de focar a qualificação para o trabalho 
e o preparo para o exercício da cidadania.
Há nesta LDB dois pontos a serem destacados, como: 1) O ensino passa a ser 
obrigatório dos 7 aos 14 anos; 2) O currículo comum para o 1º e 2º graus passa a 
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ter uma parte diversificada, em função das diferenças regionais (MEC, 2018). Souza 
e Santos (2019), também destacam o fato da não participação popular na aprovação 
de tal documento, bem como, alguns itens específicos que afetam diretamente as 
escolas e a formação dos alunos, como por exemplo: o 2º grau ser obrigatoriamente 
profissionalizante e o 1º dedicado à educação geral. Portanto, pode-se afirmar que a 
partir desta Lei, a estrutura do ensino no país tomou nova forma: 1º grau constituído 
por oito séries; 2º grau constituído por três séries (habilitações plenas ou parciais).
Contextualizando este momento, é relevante enfatizar que por trás dos discursos de 
inovação, o Regime Militar diminuiu drasticamente recursos relacionados à educação, 
fazendo com que o país chegasse à década de 1980 com alguns índices preocupantes, 
como por exemplo:
50% das crianças repetiam ou eram excluídas ao longo da 1ª série do 
primeiro grau; 30% da população eram constituídos de analfabetos; 
23% dos professores eram leigos; e 30% das crianças estavam fora 
da escola (Shiroma; Morais; Evangelista, 2002, p.45).
Desta forma, e também devido outros elementos, a década de 1980 apresenta 
um enfraquecimento e contestação do regime militar, iniciando-se a busca pela 
democratização nacional, que se consolida em 1985, com a eleição de Tancredo Neves. 
Inerente a este movimento, os estudiosos e profissionais da Educação também vão 
buscando espaço para intensificar suas lutas neste âmbito. Aliás, elementos da LDB 
de 1971 são incorporados na Nova Constituição Federal de 1988.
Lima (2018) aponta que é a partir deste período que a Educação e suas políticas 
entram em uma nova fase. É compreensível a visão da autora, partindo do pressuposto 
do longo período de Ditadura que viveu o país. Foram idas e vindas na educação e estas 
vinculadas a este contexto de ditadura, ou seja, um pano de fundo não satisfatório 
por diversos aspectos. Além do fato de ser estabelecida nossa Constituição Federal 
de 1988, que agora adentra ao país como pano de fundo em seus diferentes âmbitos.
Desta forma, o contexto é otimista ao tratar-se de políticas públicas educacionais. 
Na década de 1990 cabe evidenciar a criação do Sistema Nacional de Avaliação da 
Educação Básica (Saeb), bem como, surge uma movimentação de especialistas para 
a criação de uma nova Lei de Diretrizes e Bases. De forma inerente, há a criação dos 
Parâmetros Curriculares Nacionais, que iniciam-se no ano de 1995 e são lançados 
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em 1997. Este documento é muito relevante para o pessoal das escolas, ainda que 
não seja de uso obrigatório. Por este motivo chama-se de parâmetros. 
Eles focam nas quatro primeiras séries do ensino fundamental 
da época. Assim, se constituem como referências para a equipe 
pedagógica das escolas para que elaborem os seus currículos e o 
projeto pedagógico das instituições, não sendo de caráter obrigatório 
e normativo (LIMA, 2018, p.43).
Já a nova LDB, Lei 9394 de 20 de dezembro, aliás, última até então, data de 1996. Vale 
lembrar que: de sua criação até os dias atuais há modificações por meio de resoluções, 
ou seja, a Lei não é estática, ela também é mutável nos diferentes períodos dos anos. 
E, diferente do documento mencionado anteriormente, ela tem caráter de Lei. Desta 
forma, ela estabelece normas para todo o sistema educacional, da educação infantil 
à educação superior, além de disciplinar a Educação Escolar Indígena. A nova LDB 
substitui a Lei nº 5.692 de 1971 e dispositivos da Lei nº 4.024, de 1961, que tratavam 
da educação (MEC, 2018). Há uma aula específica sobre a LDB, justamente, por ser 
uma das mais importantes políticas educacionais no país. 
A estrutura do ensino no país ganha nova forma após este documento. Segundo 
esta lei, a educação básica abrange: a) Educação infantil constituída pela creche para 
crianças de zero a três anos e pré-escolas para crianças de quatro a seis anos; b) 
Ensino fundamental constituído por oito anos; c) Ensino médio constituído por três 
séries (Shiroma; Morais; Evangelista, 2002).
Em 1998 é criado o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), avaliação conhecida 
por todo o país, além de porta de entrada em muitas Universidades, propiciando a 
democratização do acesso. Cabe relembrar que o tempo foi primordial para o alcance 
de conquistas no que diz respeito às oportunidades advindas da avaliação. Foi em sua 
quarta edição, em 2001, que passou a ser aceita como teste válido para o acesso ao 
ensino superior, de modo isolado ou combinado ao vestibular tradicional (MEC, 2018).
No ano de 1999 são criadas as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Escolar 
Indígena. Faz-se questão de evidenciar este fato, pois, ainda há desconhecimento da 
população em relação aos povos indígenas e parte das suas conquistas, que ainda 
estão em processo. Este documento foi aprovado por meio do Parecer nº 14/99, de 
14 de setembro de 1999 da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de 
Educação. Aliás, você consegue acessá-lo na íntegra! Vale a pena dar uma olhada!
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A partir dos anos 2000 uma série de documentos são validados no âmbito das 
políticas educacionais, cabe destacar os Planos Nacionais da Educação (PNE- 2001-
2010; 2014-2024), as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica e a Base 
Nacional Comum Curricular (BNCC). Todos estes documentos são articulados. Tratando-
se das políticas educacionais você precisa estar ciente que: a LDB é a Lei maior da 
Educação. Ou seja, na organização do país, a matéria educacional é conferida por ela 
aos diversos entes federativos: União, Distrito Federal, Estados e Municípios. 
No entanto, cada um deles possuem determinadas autonomias específicas ao referir-
se à educação. Desta forma, Diretrizes e Parâmetros são organizados pelo ente federal, 
com base na LDB, mas, também há documentos específicos nos municípios, estados 
e Distrito Federal. Há uma aula específica sobre tais incubências! Neste momento 
você só precisa compreender estes elementos para situar onde está cada lei e suas 
devidas hierarquias. 
Conforme mencionado, os documentos supracitados seguem a LDB, que é a Lei 
maior da Educação, desta forma, os seus elementos devem estar em consonância 
com ela. Como pano de fundo há o PNE que apresenta metas a serem cumpridas 
durante os anos. A referida Base é um [...] documento de caráter normativo que define 
o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos 
devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica [...]” 
(BRASIL, 2017, p. 9). Já as Diretrizes:
[...] visam estabelecer bases comuns nacionais para a Educação 
Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, bem como para 
as modalidades com que podem se apresentar, a partir das quais 
os sistemas federal, estaduais, distrital e municipais, por suas 
competências próprias e complementares, formularão as suas 
orientações assegurando a integração curricular das três etapas 
sequentes desse nível da escolarização, essencialmente para compor 
um todo orgânico (BRASIL, 2013, p. 80).
Políticas avaliativas na educação, também tomam forma a partir dos anos 2000. 
Aliás, é relevante refletir que a inserção destas políticas são pertinentes para que o 
Ministério da Educação possa monitorar, analisar e avaliar suas políticas educacionais 
(LIMA, 2018).Há várias críticas no âmbito científico e teórico acerca de tais avaliações 
e questionamentos sobre a qualidade que aferem, no entanto, a justificativa para seu 
surgimento e manutenção é justamente esse: trazer elementos para a elaboração e 
projeção de políticas educacionais posteriores. Também há as políticas de financiamento 
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na educação, que são as responsáveis pelos repasses de recursos e podem estar 
articuladas às políticas avaliativas. 
Ampliando as políticas educacionais nos anos 2000 destaca-se: o início do Ensino 
Fundamental de 09 anos, em 2006, com matrícula obrigatória às crianças a partir dos 06 
anos de idade. Tal regulamentação é advinda da Lei nº 11.274 e altera substancialmente 
a estrutura e organização do sistema educacional no país, justamente, pois amplia o 
período de educação obrigatória, além da obrigatoriedade em inserir a criança mais 
cedo na escola.
No ano de 2007, é lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), uma 
política com ações integradas com o objetivo de melhorar a educação no Brasil, em 
todas as suas etapas, em um prazo de 15 anos, com prioridade para a educação básica. 
Em 2010 inicia-se o Sisu, o Sistema de Seleção Unificada que permite às instituições 
públicas e privadas ofertarem vagas para seus cursos de graduação aos candidatos 
que participaram da edição anterior do Enem (MEC, 2018. 
No ano de 2012 há a implementação da Lei de Cotas, Lei nº 12.711, de 29 de agosto. 
Ela reserva 50% das vagas nos cursos de graduação nas instituições federais de 
educação superior a estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em 
escolas públicas. Dentro desse percentual, serão priorizados os alunos de menor renda 
e os autodeclarados pretos, pardos e indígenas, bem como pessoas com deficiência 
(MEC, 2018). 
No ano de 2015 há o lançamento da BNCC, mencionada anteriormente, sendo 
homologada em 2017 pela Portaria 1.570, de 20 de dezembro. Em 2019, destaca-se 
a Política Nacional de Alfabetização (PNA), por meio do Decreto nº 9.765, de 11 de 
Abril. O interessante desta política é que, segundo dados do próprio Ministério da 
Educação (2018), ela busca amparo em estudos científicos para avançar e melhorar 
o processo de alfabetização infantil. 
O universo das políticas educacionais é bastante amplo após a década de 1980, 
mais especificamente, após a Constituição Federal de 1988. Conforme mencionado 
no início do capítulo, o intuito do mesmo era discorrer de forma linear acerca das 
políticas educacionais no país que afetaram e afetam diretamente os sistemas de 
ensino, bem como, que são responsáveis por projeções futuras. Desta forma, por meio 
deste histórico, você pode se situar frente os delineamentos das políticas educacionais 
no Brasil, bem como, compreender a ordem dos fatos.
Agora que você já tem essa base histórica e legal, vamos continuar estudando 
outros temas de políticas educacionais?
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CAPÍTULO 3
COMPREENDENDO A LEI MAIOR 
DA EDUCAÇÃO NACIONAL: DA 
EDUCAÇÃO EM GERAL
3.1 Introdução
Na presente aula iremos trabalhar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
- LDB, lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996, a maior da Educação! O intuito é que você 
entre em contato direto com o corpo da Lei, esmiuçando e conhecendo os seus detalhes. 
Nós iremos trabalhá-la abordando todos os seus aspectos, que serão separados por 
temas, além de reforçar o que é mais relevante em cada um deles! Ponto a ponto 
você irá conhecer esta Lei, que é de suma importância para o nosso país e para você!
 Aliás, se você quiser consultar a Lei, juntamente com a nossa aula, seria muito 
bacana! Mas, se não der, tudo bem também, pois, iremos trabalhá-la por completo e 
vou te situando. Nesta aula em específico iremos até o seu artigo 21, que contempla 
artigos que tratam da educação em geral.
É fundamental que você conheça esta Lei por diversos motivos: ela é a lei maior 
da educação no nosso país, então, enquanto profissional neste âmbito conhecê-la 
te garante fundamentos e elementos legais para sua atuação, bem como, para o 
entendimento da educação no cenário nacional. Outra questão é que a educação está 
em todos os lugares, desta forma, essa base legal também amplia o seu conhecimento 
e atuação no âmbito social.
Esta lei perpassa a educação como um todo, fala de um tema, por exemplo, que 
você já estudou em aulas anteriores, porém, que estava na Constituição Federal de 
1988, como a organização dos sistemas educativos e as devidas responsabilidades de 
cada ente, trata da carga horária dos níveis de ensino, dos profissionais da educação, 
dos diferentes níveis também, como a educação infantil, ensino fundamental, médio 
e superior, além da Educação de Jovens e adultos! Dentre outros temas…
Vamos começar! Te garanto que vai gostar muito de conhecer esta Lei!
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3.2 Da educação 
Iniciamos o trato com a Lei pensando na educação em geral. Até o seu artigo 21 é 
da Educação em geral que ela se refere. Vamos por partes, ok? Assim, você consegue 
ir compreendendo suas nuances! Aliás, o título deste item: Da educação, foi baseado 
no título I da LDB, que possui o mesmo nome.
A primeira preocupação da LDB é explicar do que se trata a educação. É relevante 
observar que o seu conceito é amplo e não pensa apenas a educação formal ou 
institucionalizada, olhem só: Art. 1º A educação abrange os processos formativos que 
se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições 
de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e 
nas manifestações culturais (BRASIL, 1996, [s.p.]). 
Você esperava que a Lei maior da educação, ao definir educação, considerasse um 
conceito amplo? Só pra você refletir! Junto a este artigo, há dois parágrafos explicativos, 
que tratam da educação escolar de forma específica. Mencionam que ela, a educação 
escolar, se desenvolve prioritariamente por meio do ensino e em instituições próprias, 
bem como, que deve se vincular ao mundo do trabalho e a prática social. Olhem quanto 
conhecimento já de início…. vamos por partes!
Primeiro ponto, considera a educação para além da escolar, porém, detalha 
especificidades desta. Ao mencionar instituições próprias está se referindo às escolas, 
independente do nível. E ao vincular a educação escolar ao mundo do trabalho e 
práticas sociais, já temos um pano de fundo para pensar na ação pedagógica. 
Ação pedagógica significa ação do professor, ações voltadas ao processo ensino 
aprendizagem. Considerando que a LDB afirma: A educação escolar deverá vincular-
se ao mundo do trabalho e à prática social, ou seja, na prática da educação, nas 
ações pedagógicas, estes elementos devem ser considerados. O processo ensino 
aprendizagem não pode perder de vista, considerando que estamos falando da Lei 
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a inserção do indivíduo no social, suas 
práticas e também suas articulações com o trabalho.
Prosseguindo, a lei evidencia o que considera como finalidade da educação, 
logo em seu art. 2º [...] A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos 
princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o 
pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua 
qualificação para o trabalho (BRASIL, 1996, [s.p.]). Repararam que traz elementos que 
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reforçam os supracitados? Como por exemplo o exercício da cidadania e qualificação 
para o trabalho. 
Ao mencionar o pleno desenvolvimento está se referindo ao desenvolvimento integral 
do indivíduo, aquele que considera o seu físico e psicológico, além do afetivo, mental, 
enfim, que todos os pontos do ser humano. Bom, juntando este elemento com os 
anteriores,podemos afirmar que esta lei: Entende que há educação para além da 
escolar, porém, foca a escolar, mencionando a sua relevância no que diz respeito à 
articulação com o mundo do trabalho e práticas sociais.
O próximo artigo entra no quesito ensino, mencionando os princípios que ele deverá 
ser ministrado. O 3º artigo é bem extenso e vale a pena você ver na íntegra, pois, 
também aborda diferentes nuances, olhem só:
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: 
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na 
escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a 
cultura, o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias 
e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à 
tolerância; V - coexistência de instituições públicas e privadas de 
ensino; VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; 
VII - valorização do profissional da educação escolar; VIII - gestão 
democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação 
dos sistemas de ensino; IX - garantia de padrão de qualidade; X - 
valorização da experiência extra-escolar; XI - vinculação entre a 
educação escolar, o trabalho e as práticas sociais; XII - consideração 
com a diversidade étnico-racial. XIV - respeito à diversidade humana, 
linguística, cultural e identitária das pessoas surdas, surdo-cegas e 
com deficiência auditiva (BRASIL, 1996, [s.p])
Este artigo traz à tona uma série de questões discutidas e questionáveis acerca da 
realidade educacional. Por exemplo, afirma que o ensino será ministrado com base no 
princípio da igualdade de condições de acesso, da liberdade de aprender, do pluralismo 
de ideias, da valorização do profissional escolar, entre outros. Se você refletir cada 
um dos princípios enunciados, eles são maravilhosos e muito necessários, porém, de 
olho na prática, sabemos a dificuldade que é alcançar cada um deles, mesmo não 
estando dentro de uma escola, por exemplo.
De qualquer forma, tratando-se de uma política e mais que isso, a lei maior da 
educação, entende-se que seus elementos devem sim perpassar questões que nós 
consideramos ideal, não é? Ainda que seja difícil alcançar, se é o considerado ideal, 
é o que estará na lei. Por este e outros motivos que em muitos casos acontecem 
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distanciamentos entre os documentos e a realidade prática. Lidar com a realidade 
pressupõe processos e tempo.
O dever do Estado é contemplado no artigo 4º, aliás, o dever do Estado com a 
educação escolar pública. O seu dever será efetivado mediante dez incisos. Eles também 
são amplos e abordam diferentes níveis e nuances da educação, vale a pena você 
dar uma olhada na íntegra, ok? Mas, vamos enfatizar alguns pontos. Em um primeiro 
momento, o dever está relacionado à garantia dos níveis de ensino. Lembram que 
quando mostramos esse tema lá na CF/1988 falava-se em regime de colaboração? 
Desta forma, o Estado tem o dever de garantir os níveis: educação básica e superior.
Fala-se também sobre padrão mínimo de qualidade no que é ofertado para os 
alunos, a oferta do ensino noturno aos trabalhadores, vagas nas escolas próximas à 
casa das crianças a partir de 4 anos de idade, dentre outros. Há uma inserção que 
merece destaque, pois aborda temática específica na educação e demonstra a evolução 
no sentido positivo que o tempo garantiu por meio de Lei. O III inciso, por exemplo, 
menciona a inserção dos alunos com deficiências preferencialmente na rede regular, 
bem como, os com superdotação, transtornos globais, dentre outros. Esse item foi 
inserido em 2013. Recente, não é mesmo?
Cabe lembrar que, mesmo a LDB sendo promulgada em 1996, o tempo vai trazendo 
novos textos no corpo da Lei. Seja alterando ou tirando ou até mesmo adicionando. 
A lei não é estática desde que foi criada! Um aspecto muito positivo, pois, o tempo 
é primordial. 
Há um item acrescentado em 2018, o 4º-A. Ele refere-se ao aluno internado no 
hospital ou em casa [...] É assegurado atendimento educacional, durante o período 
de internação, ao aluno da educação básica internado para tratamento de saúde 
em regime hospitalar ou domiciliar por tempo prolongado (BRASIL, 1996, [s.p.]. Outro 
avanço em algo específico e que foi inserido na lei recentemente. 
Outro ponto relevante a ser destacado diz respeito à frequência escolar. Está 
no próximo artigo, dentro de seu primeiro parágrafo. Fica enfatizado que o poder 
público é responsável por zelar pela frequência dos alunos, junto aos pais. Assim, a 
escola, por exemplo, ao observar que o aluno está faltando, tem responsabilidade em 
entrar em contato, enfim, a responsabilidade acerca da frequência do aluno, não é 
só responsabilidade dos pais. Aos pais, ou responsáveis, fica a responsabilidade da 
matrícula, aliás, está firmado no 6º artigo. 
Ainda no 5º artigo, parágrafo 4, mostra-se as consequências caso o Estado não 
garanta o ensino obrigatório […] Comprovada a negligência da autoridade competente 
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para garantir o oferecimento do ensino obrigatório, poderá ela ser imputada por crime 
de responsabilidade (BRASIL, 1996, [s.p]). O parágrafo seguinte amplia essa questão, 
demonstrando que o Estado, para garantir o acesso, criará formas alternativas deste 
acesso, aos diferentes níveis.
O artigo 7º faz menção ao ensino privado, conforme já foi evidenciado na CF/1988. 
Em 2019 foi incluído o artigo 7º-A que aponta para a liberdade do aluno em ausentar-se 
da escola, quando necessário, a partir de demandas culturais ou religiosas. Refere-se 
à escola pública ou privada. Posteriormente, a presente lei difere cada um destes tipos 
de organizações escolares.
A partir de então, a LDB/1996 começa a apresentar as responsabilidades de cada 
ente a partir dos níveis de ensino, conteúdo que também consta na CF/1988 e já 
foi visto na aula 1. No entanto, neste documento é mais esmiuçado os deveres e 
responsabilidades. 
Tratando-se da União, por exemplo, fala-se do dever acerca da criação do Plano 
Nacional de Educação, de Diretrizes para a educação básica, de avaliação adequada 
aos níveis de ensino, baixar normas acerca dos cursos de graduação e pós-graduação, 
além de disseminar informações sobre a educação, dentre outros aspectos.
Aos estados, menciona-se o auxílio a seus municípios, a execução de diretrizes 
e planos articulados com os de cunho nacional, além de assumir transporte aos 
alunos da rede estadual, tratando-se da educação superior, os estados também são 
responsáveis pelas Universidade de cunho estadual, devendo: autorizar, reconhecer, 
credenciar, supervisionar e avaliar. Já aos municípios, há os deveres de exercer ações 
redistributivas entre as suas escolas, baixar normas aos seus sistemas de ensino, 
assumir o transporte da rede municipal, dentre outros. Sabia que o município pode 
integrar-se ao sistema estadual ou compor com ele um sistema único de educação 
básica? Está garantido no parágrafo único do artigo 11. 
Além das responsabilidades de cada ente, há também as responsabilidades 
específicas dos estabelecimentos de ensino, em outras palavras, as escolas, previsto 
no artigo 12. Este artigo contém onze incisos, ou seja, são muitas especificações. É 
importante você se situar que o conceito de gestão democrática não é atoa, pois, ele 
levou algumas responsabilidades para dentro da escola. Vamos conhecê-las, pois, 
são aquelas que mais diretamente interferem no nosso trabalho.
Primeiro ponto: elaborar e executar sua proposta pedagógica. Já ouviu falar em 
PPP? Projeto Político Pedagógico da escola? É essa proposta que está se referindo. 
Este documento é a base da escola, nele há informações técnicas e pedagógicas do 
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ambiente escolar. Há quantidade de profissionais, alunos, materiais, bem como, base 
pedagógica e metodológica da

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