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PERSPECTIVAS DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS DO BRASIL NO MUNDO ATUAL No que diz respeito às relações internacionais do Brasil no mundo atual, é necessário entender, em suma, três pontos principais: o histórico de formação do país, a situação do país na atualidade e a opção dos governos e chanceleres nas relações entre Estados. Após essa compreensão, é possível interligar as vontades e as necessidades brasileiras com o mundo de 2022. Inicialmente, o histórico brasileiro é recente - se comparado a países milenares como a China e o Japão. Com teorias de Darcy Ribeiro, somos, em suma, um povo de três (ou mais) raças que foram juntadas pelos processos de colonização, escravidão e diáspora e que, por meio de adversidades basilares comuns, se unem para formar o indivíduo brasileiro. Nesse sentido, fomos a colônia europeia que mais manteve suas linhas geográficas desde o Império até a atualidade, com variações pouco relevantes - sobretudo ao se compararem casos de outros países, como a anexação da Crimeia ou o surgimento do Sudão do Sul. Fomos, inicialmente, um país expansionista que sobrepôs Tordesilhas e que não optou, antes do século XX, pela paz interna ou externa - vide contenções de insurgências populares internas ou a própria Guerra do Paraguai. Entretanto, com o aumento da soberania brasileira e o processo de industrialização, principalmente após a Era Vargas e a Segunda Guerra Mundial, a diplomacia brasileira começou a entender que relações amigáveis podem favorecer o seu posicionamento econômico mundial e também o colocar como um dos líderes da cooperação Sul-Sul. Em segundo lugar, acerca da situação do país na atualidade, a ignorar o desastre do governo Bolsonaro e destacando o ex-Ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, do governo Lula, pudemos solidificar uma base de destaque mundial de diplomatas. Com isso, diversos programas das Nações Unidas nos mantiveram como protagonistas e exemplos, como o UNICEF e o Fundo das Nações Unidas para o Combate à Fome. Também, nossa pacificação externa é crucial para uma relação amigável simultânea entre Rússia, China e os BRICS - materialização desse sucesso - e EUA e Europa Ocidental. Com essas escolhas, o Brasil é o exemplo de Direito Internacional propositivo e agregador. Vale ressaltar que toda escolha é política e o alicerce de um Estado-Nação ser considerado belicoso ou pacificador 1 não advém do acaso; é, pois, fruto de uma construção maciça e planificada de anos de escolhas políticas de múltiplos governos, principalmente desde a redemocratização e com a conquista popular da Constituição Cidadã de 1988. Para além disso, enquanto pautas locais latinoamericanas, é constitucional esta integração para o Direito brasileiro. As lições de Rio Branco nos ensinam que apenas há desenvolvimento nacional com uma ampla gama de congregações regionais e internacionais, pautadas no multilateralismo, na soberania e na não intervenção em assuntos domésticos. Nos últimos anos a política externa praticada pelo governo de Jair Messias Bolsonaro e seu chanceler Ernesto Araújo, em contraste à política histórica do Itamaraty, privilegiou as relações bilaterais e o eixo Estados Unidos. Em especial no primeiro biênio quando o país era governado pelo Republicano Donald Trump, cuja política assemelhava-se à administração Bolsonaro-Araujo. Com a eleição do petista Luiz Inácio Lula da Silva e com base em seus posicionamentos recentes e históricos, podemos prever uma reaproximação do governo brasileiro com as repúblicas da América Latina e uma condução mais ecológica das políticas de agronegócio e pecuária, motivando o fortalecimento dos laços com a União Europeia, região na qual os partidos "verdes" tem ganhado espaço e cadeira. Um elemento chave da atual situação são as repercussões da guerra da Ucrânia, uma vez que, o Brasil compõe o bloco dos BRICS juntamente à Russia. Nos últimos dias, tanto Vladimir Putin quando Volodimir Zelensky parabenizaram o presidente eleito e desejaram que os governos tenham boas relações. Sob um ponto de vista pragmático, o Brasil tem uma relação mais esteira com a Rússia, seja pela composição de BRICS, seja pelas relações comerciais nas quais os países, como a importação de fertilizantes e insumos agrícolas. Ainda, podemos mencionar a China de Xi Jinping, que apoia as iniciativas russas e com quem o Brasil possui uma relação de longa data. Sendo inclusive, um dos motores do sucesso econômico do governo prévio de Lula, no contexto do boom das commodities. O posicionamento do país indica que é improvável um alinhamento à OTAN e imposição de sanções à Rússia. No entanto, tampouco é possível vislumbrar um apoio irrestrito do futuro presidente à Rússia, sendo o prognóstico mais assertivo de que o Brasil se coloque enquanto mediador e pacificador dos conflitos, nas linhas dos princípios constitucionais, da praxe do Itamaraty e do 2 histórico do governo Lula, no qual a política externa foi conduzida pelo chanceler Celso Amorim. 3
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