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Exercícios para Artrose

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Como manter em 
forma o doente
com artrose
Dr. Fernando Martins
G
13
34
 s
ep
’1
4
Como manter em 
forma o doente 
com artrose
Dr. Fernando Martins
Assistente Graduado Sénior de Medicina Física e Reabilitação no 
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. 
 Professor Associado na Universidade Fernando Pessoa
Alberto Alcocer, 13, 1. º D
28036 Madrid
Tel. : 91 353 33 70. Fax: 91 353 33 73
www. imc-sa. es • imc@imc-sa. es
Nem o proprietário dos direitos de autor, nem os patrocinadores, nem as instituições que apoiam esse 
trabalho, podem ser legalmente responsabilizadas pela ocorrência de informações imprecisas, enganosas 
ou difamatórias, os autores continuam a ser responsáveis pelo mesmo. 
Os autores declaram que não há conflito de interesses. 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, transmitida em 
qualquer forma ou por qualquer meio electrónico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer 
armazenamento de informação e sistema de recuperação, sem a permissão por escrito do detentor dos 
direitos de autor. 
ISBN: 978-84-7867-261-5
Depósito Legal: M-19735-2014
0Índice
1. Introdução 5
2. Organização e funções motoras 
do aparelho locomotor 7
3. A artrose 11
4. O tratamento da artrose 13
5. O exercício físico no tratamento 
da artrose 17
6. Como manter em forma o doente 
com artrose? 27
7. O planeamento do exercício 33
8. Conclusão 37
9. Bibliografia 39
1Introdução
O envelhecimento é um processo na-
tural de todos os seres vivos. É um 
processo fisiológico de crescimento 
e desenvolvimento, que começa no 
nascimento e acaba com a morte. 
O tempo de vida dos seres vivos de-
pende das características ligadas à 
espécie, das características indivi-
duais ligadas ao seu património gené-
tico e à influência de agentes externos 
de natureza variada. Por esta razão, 
nem sempre a morte acontece como 
o culminar de uma longa vida que 
passou pelo envelhecimento. Assim, 
o envelhecimento presenteia todos 
aqueles que conseguem diariamente 
escapar à morte. 
No ser humano, o tempo de vida 
evoluiu ao longo de gerações de tal 
modo que atualmente um maior nú-
mero de pessoas atinge idades muito 
mais avançadas. O melhor controlo 
das doenças infecto-contagiosas, o 
melhor diagnóstico e tratamento das 
doenças letais e a melhor correção 
das consequências dos traumatismos 
(provocados por violência, guerra, aci-
dentalidade em geral), têm permitido 
aquele aumento da esperança de vida. 
Apesar de vermos aumentar o tempo 
de vida do homem, ainda não con-
seguimos impedir a ocorrência de 
alterações moleculares e celulares re-
lacionadas com a simples passagem 
do tempo. Sendo assim, ao longo 
de uma longa vida saudável, as dife-
rentes células dos diferentes tecidos 
alteram-se de modo não patológico, 
perdendo competências, capaci-
dades e mesmo viabilidade. 
É assim natural chegar a idades muito 
avançadas com um organismo que 
perdeu algumas das suas caracterís-
ticas, em consequência do envelhe-
cimento. Este é o paradigma: como 
conseguir envelhecer mantendo uma 
integridade funcional compatível com 
uma vida autónoma, pessoal e social-
mente satisfatória?
O aparelho locomotor do homem 
adquiriu as características que hoje 
são conhecidas da espécie. Ao longo 
dos anos, este aparelho locomotor 
6 Como manter em forma 
o doente com artrose
foi essencial para a sobrevivência do 
homem, uma vez que foi o agente 
de toda a mobilidade que permitiu 
a alimentação, a fuga ou a confron-
tação com os agentes agressores, 
a procura de melhores condições 
de vida e mesmo a continuidade da 
espécie. A autonomia para os cui-
dados pessoais (lavar-se, vestir-se, 
alimentar-se) e para a vida na co-
munidade (participar na atividade 
social), imprescindível para uma vida 
com dignidade, depende em grande 
parte da funcionalidade do aparelho 
locomotor. 
A morte em idades mais jovens não 
permitia levar ao seu limite, as células 
constituintes dos diversos tecidos do 
aparelho locomotor. O aumento do 
tempo de esperança de vida está a 
permitir-nos assistir ao esgotar do 
potencial daquelas células, condicio-
nando assim a capacidade de manter 
uma vida autónoma. 
A artrose é uma patologia do aparelho 
locomotor que evolui com dor, perda 
de mobilidade articular e consequente 
perturbação da função: o movimento. 
Mas em que medida é possível uma 
vida ativa, incluindo atividade física e/
ou desportiva, e como pode contri-
buir para a preservação e melhoria da 
função e da qualidade de vida num 
individuo com artrose?
Organização e 
funções motoras do 
aparelho locomotor
O homem é um animal vertebrado e, 
como tal, tem uma coluna vertebral 
segmentada e tem um crânio, que 
protege o encéfalo. 
O esqueleto é a estrutura rígida do 
corpo, constituída por peças ósseas 
que se articulam entre si, responsável 
pelo suporte do peso do corpo, pela 
sua estática e mobilidade. 
A organização espacial das peças 
ósseas e as suas características me-
cânicas estão intimamente ligadas e 
dependentes das estruturas de con-
tenção –cápsulas e ligamentos– e a 
sua mobilidade depende da muscu-
latura esquelética que vai assim dar 
forma ao corpo humano. 
A função mecânica (estática) do es-
queleto depende das características 
físicas do tecido ósseo, cuja organi-
zação ultra-estrutural depende da vi-
talidade das células ósseas e da sua 
capacidade de adaptação a estímulos 
do meio ambiente, à gravidade e a ra-
diações, na presença dos substratos 
necessários. 
A função dinâmica do esqueleto de-
pende das características das estru-
turas de ligação (entre duas peças ós-
seas) e do tecido muscular adjacente, 
permitindo a deslocação e a marcha 
dependentes dos membros inferiores, 
enquanto que a preensão e a vida de 
relação dependem dos membros su-
periores. 
O esqueleto torácico e o esqueleto 
axial têm ainda como funções o su-
porte e a proteção dos órgãos e vís-
ceras abdominais e torácicas e do 
sistema nervoso central. 
Podemos assim afirmar que a manu-
tenção do ortostatismo e da estática 
que caracterizam a espécie humana, 
dependem das qualidades mecânicas 
das peças elementares (ossos), das 
estruturas de ligação (ligamentos e 
cápsulas) e da sua organização espa-
cial. A força da gravidade ao exercer a 
sua ação sobre o esqueleto coloca-o 
numa situação de equilíbrio precário, 
recuperado por ação da musculatura 
esquelética, através da manutenção 
de um tónus permanente, predomi-
2
Como manter em forma 
o doente com artrose
8
nante nos músculos anti-gravitários 
sob comando do Sistema Nervoso 
Central (SNC). 
Para a mobilização do esqueleto uti-
lizamos a mesma musculatura es-
quelética, mas agora com um trabalho 
muscular fásico, recorrendo a con-
trações concêntricas ou excêntricas, 
sob comando e coordenação do 
SNC, de modo voluntário ou mesmo 
com gestos “automáticos”, cujos pro-
gramas foram adquiridos ao longo do 
crescimento, com a aprendizagem. 
O osso
O osso do adulto é um tecido conjun-
tivo constituído por água (25%), com-
ponentes orgânicos e componentes 
minerais, organizados numa matriz 
extracelular, construída, organizada e 
remodelada pelas células ósseas. 
Os componentes orgânicos, incluindo 
o colagénio, as proteínas não colagé-
nicas e os glicosaminoglicanos orga-
nizam-se e associam-se de modo a 
constituir a substância osteóide. A 
elevada rigidez desta matriz é assegu-
rada pela componente não orgânica, 
constituída por cristais de hidroxiapa-
tite e iões de citrato e carbonato. 
O tecido ósseo organiza-se em osso 
trabecular e osso cortical, constituídos 
pelos mesmos elementos de base, 
mas com uma organização espacial 
distinta condicionada pela sua função. 
Para além desta função estática, o 
osso comporta-se como um impor-
tante reservatório de cálcio e fósforo, 
que vão sendo disponibilizados, em 
função das necessidades metabólicas 
do organismo. 
Para assegurar a disponibilização do 
cálcio e para garantir a renovação, 
remodelação e reparação do tecido 
ósseo, existem namatriz, células 
com funções complementares: os 
osteócitos, os osteoblastos e os os-
teoclastos. Estas células ósseas as-
seguram a continuidade das funções 
mecânicas do osso através da sua 
capacidade de renovar e remodelar a 
organização espacial da matriz. Para 
além destas funções mecânicas, 
estas células desempenham ainda 
importantes funções metabólicas, 
promovendo o armazenamento, a li-
bertação e a homeostasia dos mine-
rais no restante organismo. 
A forma anatómica de cada osso 
humano resulta das características 
da espécie, da informação genética 
e das características pessoais, con-
dicionada pelo seu desenvolvimento 
neuromotor. 
A articulação 
O movimento do homem assenta na 
solidez dos elementos constitutivos de 
base (ossos), aos quais se associam as 
qualidades das estruturas de ligação 
capazes de assegurar a sua mobilidade 
2Organização e funções motoras do aparelho locomotor 9
e estabilidade, que dependem da forma 
das superfícies articulares e da organi-
zação e integridade das respetivas es-
truturas de contenção passiva. 
Em função da sua organização ana-
tómica, as articulações podem ser 
classificadas em sinoviais e não sino-
viais, condicionando diferentes capa-
cidades cinesiológicas. 
As articulações não sinoviais propor-
cionam uma ligação estável e sólida 
entre duas peças ósseas e permitem 
algum movimento em função da na-
tureza do tecido entreposto entre as 
superfícies articulares. 
As articulações sinoviais estão prepa-
radas para proporcionar uma grande 
mobilidade entre as peças que unem. 
Para tal, as extremidades ósseas em 
contacto estão revestidas por carti-
lagem hialina, têm uma cápsula que 
encerra a cavidade articular, que 
é revestida na sua face interna por 
uma membrana sinovial que produz 
o líquido sinovial, indispensável à lu-
brificação e à nutrição da cartilagem 
articular. Em função da forma das 
superfícies, as articulações sinoviais 
podem ser classificadas em enar-
troses, condilianas, de encaixe recí-
proco ou efipiartroses e artródias. 
Para que este movimento seja funcio-
nalmente ajustado às necessidades 
biomecânicas, precisa de ter um me-
canismo de controlo capaz de garantir 
o segundo pressuposto do movimento, 
a estabilidade. A estabilidade articular 
passiva é assegurada pela forma das 
superfícies articulares, pelas cápsulas 
articulares e pelos ligamentos. 
O músculo
Os mecanismos de contenção arti-
cular passiva são insuficientes para 
assegurarem os imperativos da esta-
bilidade articular dum corpo em movi-
mento. Para dar resposta satisfatória 
a estas exigências, o corpo humano 
responde com uma atividade mus-
cular organizada e hierarquizada em 
diferentes níveis de comando. 
A contração muscular é desenca-
deada pela libertação da Acetilcolina 
na placa motora, que inicia uma cas-
cata de acontecimentos a nível ce-
lular, responsáveis pelo deslizamento 
dos filamentos de actina e de miosina, 
produzindo o encurtamento dos sar-
cómeros e do músculo, responsável 
pela força muscular e pelo movimento. 
Esta contração muscular tem um 
primeiro nível de retrocontrolo seg-
mentar graças à informação sensitiva 
aferente, responsável pela modulação 
da atividade motora, com ponto de 
partida no motoneurónio alfa. 
O controlo supra segmentar da ativi-
dade motora vai assegurar a capaci-
dade de desencadear um ato motor 
voluntário de grande complexidade, 
integrando a coordenação necessária 
à realização das atividades da vida de 
relação. 
3A artrose
A artrose foi definida pela “American 
Academy of Orthopaedics Surgeons” 
como uma patologia que envolve toda 
a articulação, incluindo a cartilagem, 
o osso subcondral, os ligamentos, a 
cápsula, a membrana sinovial e os 
músculos peri-articulares (1). 
É uma patologia que resulta de fatores 
mecânicos e de acontecimentos bio-
lógicos que desestabilizam os meca-
nismos de regeneração da cartilagem 
articular e do osso subcondral e que 
pode ser iniciada por factores gené-
ticos, metabólicos ou traumáticos (2). 
Durante muitos anos foram responsa-
bilizados os factores mecânicos cuja 
importância é indiscutível, tal como 
foi descrito por Felson DT em 2013 
(3) fazendo uma revisão crítica de di-
versas publicações:
 Os modelos animais utilizados para 
estudo da artrose foram objecto 
de cirurgia (secção do ligamento 
cruzado, lesão meniscal) induzindo 
aquela patologia pelas anomalias 
mecânicas provocadas. 
 No homem é conhecida a corre-
lação entre as lesões meniscais e a 
meniscectomia com a possibilidade 
de ocorrência de artrose. 
 As anomalias da estática do joelho 
condicionam alterações da carti-
lagem no compartimento sujeito a 
maior carga mecânica. 
 A displasia da anca também se cor-
relaciona com a artrose e com a 
lesão da cartilagem predominando 
nas zonas de maior carga mecânica. 
 Mesmo os fatores genéticos podem 
ver a sua relevância menos valori-
zada na etiopatogenia da artrose; a 
genética pode explicar a forma das 
superfícies articulares, fator deter-
minante na repartição de cargas e 
por consequência, da ocorrência 
de artrose. 
 A artrose pode ser correlacionada 
com anomalias da cinética articular, 
desencadeadas pela instabilidade. 
Neste contexto e admitindo a im-
portância dos factores mecânicos 
na etiopatogenia da artrose, assume 
12 Como manter em forma 
o doente com artrose
particular relevo tentar definir em 
que limites e em que circunstâncias 
pode a atividade física ser vantajosa 
ou menos agressiva, para a melhoria 
funcional dum individuo com uma ar-
trose instalada. 
4O tratamento da artrose
A artrose é a causa mais frequente 
de dor músculo-esquelética e de in-
capacidade (4). É uma doença sem 
cura nem tratamento radical conhe-
cido, de etiologia multifactorial, pelo 
que a terapêutica deverá ser dirigida 
à correção dos factores reconhecidos 
como co-responsáveis pelo início e 
pelo agravamento da doença. 
A clínica da artrose é dominada pela 
dor, e pela perda de mobilidade que 
condicionam incapacidade, levando 
ao isolamento e à perda de interação 
social. Assim, a terapêutica terá como 
objectivos reduzir a dor, conservar a 
amplitude articular e retardar a evo-
lução da doença. A correção destes 
fatores deverá permitir reduzir a limi-
tação funcional, evitar a desinserção 
social e/ou promover a interação com 
a comunidade, contribuindo para a 
melhoria da qualidade de vida, recor-
rendo a diferentes meios incluindo o 
tratamento farmacológico e o não far-
macológico. 
O “American College of Rheumato­
logy” (ACR) em 2000 (5) e a “European 
League Against Rheumatism” (EULAR) 
em 2003 (6) publicaram recomen-
dações para otimizar o tratamento da 
artrose da anca e do joelho baseados 
numa combinação variável de opinião 
de peritos e de revisão sistemática da 
evidência científica. 
Em 2005 a “Osteoarthritis Research 
Society International Treatment 
Guidelines Committee” (OARSI) no-
meou uma comissão de peritos para 
emitir recomendações, baseadas na 
evidência científica, para o tratamento 
da artrose da anca e do joelho (7). 
Foram encontradas na literatura 1462 
normas clínicas ou consensos, das 
quais apenas 23 cumpriam os crité-
rios de inclusão definidos pala OARSI. 
Nestas 23 publicações foram des-
critas 51 modalidades terapêuticas, 
mas apenas 20 foram recomendadas 
de modo universal (7). 
Em 2008 a OARSI publicou 25 reco-
mendações para o tratamento da ar-
trose da anca e do joelho, reforçando 
que o tratamento ideal requer o re-
14 Como manter em forma 
o doente com artrose
curso a meios farmacológicos e não 
farmacológicos (8). 
O tratamento farmacológico está fora 
do âmbito desta publicação. No en-
tanto, a correta manipulação dos fár-
macos disponíveis, permite facilitar a 
adesão à terapêutica e a participação 
em atividades complementares, im-
portantes numa abordagem holística 
do tratamento do doente. Faz parte 
da terapêutica farmacológica reco-
mendada o uso de analgésicos tal 
como o paracetamol, os anti-inflama-
tórios não seletivos acompanhadas 
dum gastro-protetorou os inibidores 
seletivos da COX-2, os anti-inflama-
tórios tópicos, os opióides e a corti-
sona intra-articular (8). Também são 
recomendadas medicações que ali-
viam a dor a longo prazo, podendo 
modificar a evolução da doença, tais 
como as injeções intra-articulares de 
ácido hialurónico a medicação com 
glucosamina, sulfato de condroitina 
ou diacerina (8). 
A combinação de glucosamina e 
de sulfato de condroitina pode ser 
benéfica no alívio da dor no joelho, 
nos indivíduos com dor moderada a 
grave (9). 
Diferentes modalidades cirúrgicas 
foram incluídas nas recomendações, 
desde a lavagem articular e a astros-
copia, passando pelas osteotomias 
de alinhamento, pelas próteses par-
ciais ou totais, até à artrodese (8). 
O tratamento não farmacológico 
recomendado inclui o acesso a in-
formação e educação pela parte do 
doente, incluindo aspetos gerais, 
como a doença e a sua evolução, 
mas também aspetos mais persona-
lizados como a mudança de estilo de 
vida, o controlo do peso, o exercício 
físico, o uso de auxiliares de marcha e 
de ortóteses, o recurso a tratamentos 
termais e de estimulação elétrica ou à 
acupunctura (8). 
Em 2010 a OARSI publicou uma atua-
lização das suas recomendações, 
com base na bibliografia posterior a 
2006. Foram introduzidas poucas mo-
dificações entre as quais se salienta 
uma maior evidência da importância 
da perda de peso no alívio da dor, 
uma redução na qualidade da reco-
mendação do uso do ácido hialuró-
nico, do sulfato de glucosamina e de 
condroitina e dos derivados do aba-
cate e do óleo de soja (10). 
Em 2012 o ACR atualizou as reco-
mendações publicadas em 2000, que 
em função da qualidade da evidência 
científica, foram classificadas como 
fortes ou como condicionais (11). 
Nesta atualização foram introduzidas 
recomendações para o tratamento 
da artrose das mãos, consideradas 
condicionais, em consequência da 
carência de estudos de qualidade 
(11). O tratamento farmacológico in-
clui os anti-inflamatórios não este-
róides em utilização tópica ou sisté-
4O tratamento da artrose 15
mica, incluindo os inibidores seletivos 
da COX-2, a capsaicina tópica e o 
tramadol. O recurso a infiltrações de 
corticosteróides é desaconselhado 
sendo recomendada a aplicação tó-
pica de anti-inflamatórios não este-
róides em idades acima dos 75 anos. 
O tratamento não farmacológico inclui 
o ensino de técnicas ergonómicas, o 
uso da ajudas técnicas nas atividades 
de vida diária, o uso de ortóteses, em 
especial na articulação trapezo-me-
tacárpica e o ensino da aplicação de 
termoterapia. 
Em relação à anca e ao joelho há um 
conjunto de recomendações comuns 
(11) incluindo, como recomendações 
fortes o paracetamol, o tramadol, 
os anti-inflamatórios não esteróides, 
incluindo os inibidores seletivos da 
COX-2 e a infiltração intra-articular 
de corticosteróides. Foram conside-
radas recomendações condicionais 
o sulfato de condroitina e a gluco-
samina. O tratamento não farmaco-
lógico inclui como recomendações 
fortes a perda de peso, a partici-
pação em exercício em aerobiose, 
em exercício com resistência e em 
exercício em meio aquático. Como 
recomendações condicionais são re-
feridas a participação em programas 
de auto-cuidados, a terapia manual 
combinada com exercícios sob su-
pervisão, as intervenções psico-so-
ciais, o uso de auxiliares de marcha 
e o ensino da utilização da termote-
rapia. 
Em relação ao joelho em particular, 
são recomendações fortes a intro-
dução de palmilhas de correção e de 
ortóteses de correção da estática, a 
prática de Tai Chi, o recurso à acu-
punctura e o ensino da utilização da 
TENS (transcutaneous electrical sti-
mulation) (11). A capsaicina tópica é 
considerada uma recomendação con-
dicional. 
5O exercício físico no tratamento da artrose
O exercício físico tem sido reconhe-
cido como um importante adjuvante 
no tratamento da artrose dos mem-
bros inferiores, com o objetivo de re-
duzir a dor, aumentar a mobilidade, 
melhorar a função, o humor e a qua-
lidade de vida dos indivíduos adultos 
com artrose. No entanto, há incer-
tezas quanto ao tipo e formato do 
exercício a aconselhar (4). 
Se o alívio da dor e a redução da in-
capacidade são relevantes para obter 
a adesão do doente, seria também 
importante poder avaliar as reper-
cussões do exercício físico no con-
trolo dos fatores mecânicos, conside-
rados responsáveis pelo início ou pelo 
agravamento do processo patológico. 
Na artrose duma articulação periférica 
como é o caso do joelho, a perda dos 
mecanismos de controlo passivo re-
sultante da perda de eficácia da cáp-
sula e/ou dos ligamentos e/ou dos 
meniscos, condiciona ou agrava a 
instabilidade articular. Nesta circuns-
tância, assume particular interesse a 
melhoria da estabilidade ativa, recor-
rendo ao aumento da força muscular 
e à melhoria da sua coordenação, de 
modo a controlar as forças de atrito 
que resultam dum jogo mecânico ci-
nesiologicamente perturbado. Alguma 
ênfase tem sido posta no eventual be-
nefício da atividade dos músculos pe-
ri-articulares, no controlo das forças 
de compressão que resultam das 
cargas axiais. Para compensar estas 
forças de compressão, os músculos 
peri-articulares transferem elevadas 
forças de tração para as enteses, po-
dendo condicionar sofrimento peri-ar-
ticular. 
Em 2000 o ACR publicou recomen-
dações para o tratamento conser-
vador da artrose da anca e do joelho, 
incluindo o recurso ao exercício físico 
em aerobiose e a exercícios de forta-
lecimento (5). 
Em 2001 a “American Geriatrics 
Society Panel of Exercise and 
Osteoarthritis” (AGS) publicou reco-
mendações sobre a prescrição do 
exercício físico para indivíduos idosos 
com dor articular por artrose (12). 
18 Como manter em forma 
o doente com artrose
Partindo do principio que algumas al-
terações constatadas nos indivíduos 
com artrose eram comuns aos indi-
víduos sedentários, tais como a limi-
tação da mobilidade articular, a falta 
de força muscular e a baixa adap-
tação cardio-vascular ao esforço, os 
autores sugeriram a implementação 
de programas de exercício em duas 
etapas. Uma primeira destinada a 
resolver as queixas incapacitantes 
incluindo a dor, a limitação da mobi-
lidade e a fraqueza muscular e uma 
etapa posterior, destinada a melhorar 
a saúde e a capacidade funcional, in-
cluindo um programa de recondicio-
namento físico (12). 
Das recomendações da EULAR de 
2003 para o tratamento da artrose do 
joelho, baseadas em evidências, refe-
re-se em relação ao exercício (5):
 O tratamento não farmacológico 
inclui fisioterapia, perda de peso 
combinada com exercício, edu-
cação. 
 Exercícios específicos para a articu-
lação reduzem a dor e melhoram a 
função. Entre os diferentes tipos de 
exercício propostos considera-se o 
fortalecimento muscular peri-arti-
cular, os exercícios de mobilidade e 
os exercícios gerais em aerobiose. 
Estes exercícios podem ser rea-
lizados em carga ou na água sob 
supervisão direta, ou como exer-
cício auto-controlado, realizado no 
domicilio. 
 Os exercícios em aerobiose e de 
resistência reduzem a incapaci-
dade para as atividades da vida 
diária, enquanto que os exercícios 
em aerobiose e isocinéticos são efi-
cazes na melhoria da marcha e na 
redução da dor. 
 Não foram descritas diferenças 
entre os exercícios em carga e os 
programas aquáticos, ambos mel-
horando a dor e a função. 
Em 2005 foi publicado o consenso 
MOVE (4) com o objetivo de emitir 
recomendações sobre o papel do 
exercício físico no tratamento da ar-
trose da anca e dos joelhos, algumas 
suportadas em evidência científica, 
outras fundamentadas na opinião de 
peritos. Entre as recomendações ba-
seadas na evidência, salienta-se que:
 O exercício físico em aerobiose e de 
fortalecimento está indicado para 
reduzir a dor, melhorar a função e 
o estado geral dos doentes com 
artrose do joelho. 
 Os programas de exercício, que 
incluem o ensino e a educação, 
podem promover mudanças no 
estilo de vida e no aumento da ati-
vidade física. Estesprogramas são 
tão eficazes realizados em casa 
como realizados em grupo, não 
havendo evidência de superioridade 
dum em relação ao outro. 
 A adesão aos planos de exercício 
físico a longo prazo é o principal 
5O exercício físico no tratamento da artrose 19
fator de sucesso na artrose da anca 
e do joelho. 
Entre as recomendações baseadas 
na opinião do peritos refere-se:
 O exercício físico em aerobiose e de 
fortalecimento está indicado para 
reduzir a dor, melhorar a função e 
o estado geral nos doentes com 
artrose da anca. 
 Foram referidas algumas contra-
indicações correlacionadas com o 
estado cardio-vascular, para a rea-
lização de exercício nos indivíduos 
com artrose da anca e do joelho. 
 A efetividade do exercício foi consi-
derada independente da presença 
ou da gravidade dos resultados ra-
diológicos. 
 A prevenção do agravamento da 
artrose da anca e do joelho pode 
resultar da melhoria da força e da 
proprioceção. 
 Os programas de exercício para a 
artrose da anca e do joelho devem 
ser individualizados, centrados no 
paciente, tendo em conta fatores 
tais como a idade, as comorbili-
dades e a mobilidade global. 
 Para melhorar a adesão podem uti-
lizar-se estratégias como a monito-
rização ou a inclusão de familiares 
no programa. 
Também as recomendações da 
OARSI (8) referem que os doentes 
com artrose da anca e do joelho 
devem ser encorajados a iniciar e a 
manter exercícios em aerobiose, de 
fortalecimento e de mobilidade. Aos 
doentes com coxartrose sintomática 
recomenda-se o exercício em meio 
aquático (8). 
Em 2010 esta recomendação foi re-
forçada (10) correlacionando o alívio 
da dor dos doentes com artrose do 
joelho, aos exercícios de fortaleci-
mento e em aerobiose, enquanto que 
na artrose da anca este benefício foi 
apenas correlacionado com o exercício 
de fortalecimento. Na artrose da anca 
e do joelho, o exercício em meio aquá-
tico foi correlacionado com o alívio da 
dor e com a melhoria da função. 
A avaliação das implicações econó-
micas das diferentes opções de exer-
cício é mais favorável para as ativi-
dades de grupo, quando comparado 
com o exercício individual e com o 
exercício em meio aquático (10). 
As sucessivas publicações da OARSI 
(7-10) vieram confirmar a necessi-
dade dum apoio holístico aos doentes 
com artrose da anca e do joelho, de 
modo a interligar os diferentes proce-
dimentos terapêuticos de modo coe-
rente. A importância da educação do 
doente quanto à sua patologia, a mu-
dança do seu estilo de vida, a perda 
de peso, o recurso a auxiliares de 
marcha e a ortóteses e a utilização de 
diferentes meios para obter analgesia 
têm vindo a ser reforçadas com maior 
evidência científica (10). 
20 Como manter em forma 
o doente com artrose
Ao longo das referidas recomen-
dações também o exercício físico tem 
ganho importância no controlo da ar-
trose (10). 
A avaliação dos programas de edu-
cação em autocuidados em indi-
víduos com artrose publicada em 
2014 (13), baseou-se em 29 estudos. 
Estes programas são intervenções 
complexas especificamente orien-
tadas para a educação dos doentes 
introduzindo modificações nos com-
portamentos. Concluiu-se que estes 
programas melhoram a dor, a função 
e aumentam ligeiramente a partici-
pação em tarefas pessoais, baseado 
em evidências de baixa ou moderada 
qualidade. 
Não há evidências científicas de que 
a manutenção do exercício a longo 
prazo garanta a continuidade do be-
nefício obtido. Há no entanto a evi-
dência clínica de que um benefício 
obtido com o exercício físico será ra-
pidamente perdido se deixar de haver 
o estímulo motor adequado. Por esta 
razão, a adesão a um programa de 
exercício é um elemento importante 
para a manutenção a longo prazo dos 
resultados obtidos, tal como foi refe-
rido no Consenso MOVE (4). 
Para tentar conhecer os procedi-
mentos capazes de promoverem a 
adesão aos programas de exercício 
propostos para aliviar a dor do joelho 
e da coluna, a Cochrane publicou em 
2010 uma revisão que salienta (14):
 O tipo de exercício não parece in-
fluenciar os níveis de adesão. As 
preferências dos doentes devem 
entrar em linha de conta na escolha 
do exercício para aumentar a moti-
vação e para iniciar ou manter esse 
programa de exercício. 
 A inclusão de estratégias motiva-
doras tais como o retrocontrolo 
ou um exercício planificado, como 
parte da rotina podem aumentar a 
adesão. 
 O exercício sob supervisão e o 
acompanhamento para reforçar o 
comportamento, podem influenciar 
positivamente os níveis de adesão 
ao exercício. 
 Complementar os exercícios do-
mésticos com um programa de 
grupo pode melhorar os níveis de 
atividade física, apesar do inconve-
niente dos horários rígidos dos pro-
gramas de grupo. 
A anca, a artrose 
e o exercício físico
A articulação coxo-femoral assegura 
a transferência de cargas do tronco 
para os membros inferiores, para o 
que é necessária uma grande esta-
bilidade articular. Esta estabilidade 
é assegurada pela particular organi-
zação anatómica desta articulação, 
uma enartrose profundamente en-
5O exercício físico no tratamento da artrose 21
caixada na cintura pélvica, envolvida 
por músculos curtos e potentes. 
A vida de relação exige uma impor-
tante mobilidade, necessária ao or-
tostatismo, à marcha, à corrida e 
às atividades destas derivadas, que 
surgem em diferentes modalidades de 
exercício físico. Do ponto de vista bio-
mecânico acabamos por ter uma arti-
culação muito móvel e muito estável. 
A articulação coxo-femoral é a se-
gunda articulação de carga mais fre-
quentemente afectada pela artrose e 
a sua ocorrência envolve fatores de 
risco locais e sistémicos. Entre os fa-
tores de risco modificáveis, os mecâ-
nicos constituem uma área de inter-
venção possível, incluindo o controlo 
do peso e a melhoria da força mus-
cular. Em indivíduos com coxartrose, 
foi evidenciada uma redução da 
força dos músculos adutores, abdu-
tores e flexores da anca, medida em 
contração isométrica e por avaliação 
em trabalho isocinético (15). 
Em indivíduos com coxartrose uni-
lateral, comparando o lado são com 
o lado patológico, foi descrita uma 
redução da força muscular do qua­
driceps do lado patológico, provavel-
mente correlacionada com a redução 
do uso do membro e/ou com a dor (16). 
Uma meta-análise de 2008 tentou 
avaliar o impacto do exercício físico 
no alívio da dor na coxartrose (17). 
Os estudos são escassos ou, fre-
quentemente misturam no mesmo 
ensaio os resultados de doentes 
com coxartrose e com gonartrose. 
Partindo de 286 artigos potencial-
mente utilizáveis, foram avaliados e 
interpretados 80, dos quais foram 
recusados 71. Nos 9 ensaios sele-
cionados, os programas de exercício 
propostos tiveram a duração mínima 
de 4 semanas, foram realizados com 
uma frequência de 1-4 sessões por 
semana, com uma duração com-
preendida entre 30 e 60 minutos. 
Estes exercícios foram realizados 
a seco ou em meio aquático, ou 
mesmo fazendo uma conjugação 
dos dois. As atividades incluíram 
exercícios de fortalecimento e de for-
talecimento combinado com exercí-
cios em aerobiose. 
Os programas de exercício realizados 
permitiram obter um benefício re-
duzido a moderado no alívio da dor 
em doentes com artrose do membro 
inferior, comparável ao benefício 
obtido com o uso do paracetamol. 
Foram considerados mais efetivos os 
programas que combinaram exercí-
cios em aerobiose, com exercícios 
de fortalecimento. 
A recomendação do exercício, como 
sendo eficaz no alívio da dor em 
doentes com artrose da anca, tem 
uma evidência suportada na opinião 
dos peritos (17). 
Posteriormente, a Cochrane fez uma 
revisão para avaliar as evidências 
científicas do benefício do exercício 
22 Como manter em forma 
o doente com artrose
físico com carga mecânica, em indiví-
duos com coxartrose sintomática, em 
termos de dor articular e de melhoria 
da capacidade física (18). Foram pes-
quisadas cinco bases de dados entre 
1966 e 2008, foram selecionados 26 
ensaios clínicos randomizados,dos 
quais apenas 5 foram objeto de me-
ta-análise. 
A qualidade dos estudos não permitiu 
encontrar evidências em termos de ca-
pacidade física. No entanto, foi suge-
rido um benefício em termos de alívio 
da dor, associado à implementação do 
exercício com carga mecânica. 
Considerando o número reduzido de 
estudos controlados, não foi possível 
definir critérios quanto à frequência, à 
intensidade e à duração do programa 
de exercício. Concluiu-se também e 
mais uma vez por uma evidência a 
nível da opinião dos peritos, para 
sustentar a utilização do exercício fí-
sico no alívio da dor e na melhoria da 
função em doentes com coxartrose. 
O joelho, a artrose e o 
exercício físico
O joelho é uma diartrose, tipo tróclea. 
Como tal, a sua mobilidade está con-
dicionada pela forma das superfícies 
articulares, que condicionam a possi-
bilidade de movimento em flexão-ex-
tensão. Em flexão é possível obter 
nesta articulação movimentos de 
adução-abdução e de rotação, que 
são impossíveis com o joelho em ex-
tensão. 
No entanto, o joelho dispõe de ou-
tros mecanismos passivos de esta-
bilização: a cápsula articular, os me-
niscos e os ligamentos lateral, medial 
e os dois cruzados. 
A estabilidade ativa reforça ou subs-
titui os mecanismos de estabilização 
passiva, através duma ativação coor-
denada dos músculos quadriceps, 
semimembranosus, semitendinosus 
e biceps femoris. 
A perturbação destes fatores biome-
cânicos, induzida pela atrofia mus-
cular, pelo mau alinhamento articular 
ou pela disfunção dos ligamentos 
passivos, tem um papel importante 
na iniciação e na progressão da go-
nartrose (18). 
Sendo uma articulação intermédia 
dos membros inferiores, está sujeita 
a cargas mecânicas resultantes de 
forças de compressão do peso cor-
poral, de forças de tração aplicadas 
pelos músculos mobilizadores/estabi-
lizadores e de forças de atrito resul-
tantes da interação das superfícies 
articulares envolvidas. 
O joelho é a articulação de carga mais 
frequentemente afetada pela artrose. 
Uma das alterações clínicas frequen-
temente constatada na gonartrose é a 
atrofia muscular que pode ser conside-
rada como consequência e constituir, 
ela mesmo, um fator de agravamento 
da artrose. O reforço muscular assume 
5O exercício físico no tratamento da artrose 23
uma grande importância nos exercícios 
preconizados (19) e o exercício com 
carga mecânica melhora a atividade 
física de modo consistente (7-10). 
Uma revisão da Cochrane de 2008 
(18) avaliou o benefício do exercício fí-
sico com carga mecânica no alívio da 
dor e na função, em indivíduos com 
gonartrose sintomática. Esta revisão 
avaliou 85 publicações, das quais 
apenas 32 cumpriam os critérios de 
inclusão e apenas 2 foram realizadas 
com dupla ocultação e avaliação de 
resultados. No conjunto das publi-
cações revistas concluiu-se que:
 O benefício na dor e na função foi 
considerado estatisticamente signi-
ficativo. 
 Os programas que incluíram forta-
lecimento simples do quadriceps, 
fortalecimento dos membros infe-
riores, fortalecimento muscular e 
exercício em aerobiose (bicicleta, 
marcha), marcha isolada, apenas 
o fortalecimento do quadriceps, foi 
considerado significativo na mel-
horia da dor e da função. 
 Os exercícios foram realizados indi-
vidualmente, integrados em classes 
ou em programa domiciliário. Todos 
eles evidenciaram benefícios signifi-
cativos, para a dor e para a função. 
Este benefício foi considerado com-
parável àquele que se obtém com o 
recurso a analgésicos simples e an-
ti-inflamatórios não esteróides, com 
um elevado nível de evidência cientí-
fica (18). 
Uma meta-análise publicada em 
2014 (20) veio reforçar a revisão da 
Cochrane e ajuda-nos a enquadrar o 
exercício como um dos componentes 
no alívio da dor e na redução da inca-
pacidade nos indivíduos com gonar-
trose (20). Partindo de uma base de 
2. 418 publicações, esta meta-aná-
lise restringiu a sua avaliação a 48, 
selecionadas pela sua qualidade me-
todológica comparando o exercício 
físico com um tratamento controlo. 
No conjunto destas publicações ava-
liadas naquela meta-análise estiveram 
envolvidos 4. 028 doentes, cuja idade 
média era de 64, 3 anos, dos quais 
75% eram do sexo feminino, com go-
nartrose de gravidade ligeira a mode-
rada (12 publicações) e de gravidade 
elevada (11 publicações) (20). Os 
programas de intervenção incluíram 
diferentes tipos de exercício (aero-
biose, fortalecimento), diferentes in-
tensidades de exercício, diferente du-
ração e diferente frequência semanal. 
O exercício físico foi considerado 
eficaz na redução da dor e menos 
eficaz na redução da incapacidade, 
independentemente do tipo de exer-
cício, incluindo aerobiose, treino de 
resistência ou ainda exercício de per-
formance. 
Os estudos que incluíram exercícios 
mistos, incluindo aerobiose, resistência 
e performance, não foram considerados 
24 Como manter em forma 
o doente com artrose
mais efetivos que o tratamento controlo 
(não descriminado) no alívio da dor e 
foram considerados pouco superiores 
na redução da incapacidade. 
Os programas com apenas um tipo 
de exercício foram considerados mais 
eficazes no alívio da dor e na redução 
da incapacidade. 
O exercício em aerobiose foi conside-
rado eficaz no alívio da dor, compa-
rável ao uso do paracetamol. No que 
respeita ao exercício em resistência, 
não foi possível encontrar diferenças 
significativas em função da intensi-
dade, da duração, nem do número 
de sessões sob supervisão e número 
de sessões por semana. 
No alívio da dor, o fortalecimento do 
quadriceps mostrou-se mais vantajoso 
que o fortalecimento do membro inferior. 
No alívio da dor, o resultado obtido 
pelo exercício foi independente da 
gravidade da artrose. Na redução da 
incapacidade, não foi possível encon-
trar diferenças significativas. 
Um único tipo de exercício, realizado 
três dias por semana, foi considerado 
mais eficaz na redução da dor e da in-
capacidade que o exercício realizado 
dois dias por semana. 
As mãos, a artrose e o 
exercício físico
A artrose das mãos caracteriza-se 
pelo edema, tumefação peri-articular e 
erosão óssea que se manifestam por 
dor, perda da mobilidade e redução 
da força de preensão, condicionando 
uma limitação funcional (21). Das arti-
culações sem carga mecânica, a mão 
é a região anatómica mais atingida. 
A funcionalidade motora da mão, 
a possibil idade de realizar uma 
preensão entre os dedos e a palma 
(preensão global) ou apenas entre os 
dedos (preensão fina), resulta da sua 
organização anatómica. A articulação 
trapezo-metacárpica, articulação de 
encaixe recíproco, que permite a mo-
bilização em dois planos ortogonais, 
está na base da grande mobilidade 
do primeiro raio digital, permitindo a 
oponência. 
As articulações inter-falângicas têm 
a sua mobilidade condicionada pela 
forma das superfícies articulares, per-
mitindo apenas a flexão-extensão, 
necessárias aos pequenos gestos 
de preensão. A estabilidade é asse-
gurada pelos mecanismos passivos, 
uma vez que os mecanismos de mo-
bilização articular são extrínsecos e 
potencialmente geradores de instabi-
lidade e de forças de atrito articular. 
Apesar de não estarem sujeitas a 
grandes cargas, não estão isentas do 
stress mecânico que resulta da sua 
grande mobilidade e da repetição de 
inúmeros movimentos nas atividades 
da vida diária. Por este razão, são fre-
quentemente atingidas no contexto 
da artrose, condicionando graves limi-
5O exercício físico no tratamento da artrose 25
tações funcionais que condicionam a 
autonomia para os cuidados pessoais. 
O tratamento, que associa meios far-
macológicos com meios não farma-
cológicos deve ser individualizado e 
adaptado às necessidades do doente 
e à localização da artrose. As reco-
mendações da EULAR de 2007 (22) 
incluíram a educação ergonómica as-
sociada a exercícios, para melhorar a 
força e a mobilidade. 
A coluna vertebral, a 
artrose e o exercício 
físico
A coluna vertebral é um conjunto de 
vértebras e de sistemasinterverte-
brais que se organizam no espaço, 
de modo a assegurar a posição or-
tostática, a mobilidade e a estabili-
dade da cabeça e do tronco. Estes 
pressupostos mecânicos necessários 
à vida e às atividades de relação são 
assegurados por um conjunto de 
articulações, cada uma delas res-
ponsável por um pequeno setor de 
mobilidade, facilitando assim a sua 
estabilidade. Cada unidade funcional 
raquidiana desempenha a sua função 
através da articulação inter-somática 
e das articulações inter-apofisárias, 
três articulações com competências 
cinesiológicas distintas mas comple-
mentares. A articulação inter-somática 
é uma anfiartrose que garante o seu 
movimento pela compressibilidade do 
disco inter-vertebral, enquanto que 
as articulações inter-apofisárias são 
articulações sinoviais que permitem 
pequenos movimentos de desliza-
mento. Em cada unidade funcional o 
movimento é autorizado a nível da arti-
culação inter-somática e controlado a 
nível da articulação inter-apofisária. Da 
soma dos movimentos elementares de 
cada unidade funcional resulta a mobi-
lidade da coluna no seu conjunto. 
As articulações inter-apofisárias estão 
sujeitas a elevadas cargas mecâ-
nicas diretas que resultam do peso 
do corpo e da ação da gravidade e 
indiretas, pelas cargas mecânicas 
que mobilizamos diariamente e pelas 
posições que assumimos repetida-
mente, condicionando importantes 
forças de atrito. Neste contexto ve-
rifica-se com frequência uma artrose 
inter-apofisária, causa de dores raqui-
dianas, cervicais ou lombares. 
Pela sua frequência e pelo sofrimento 
que gera, merece ser abordada 
quando se avaliam as implicações do 
exercício físico na espondilartrose, em 
particular na artrose inter-apofisária 
posterior. 
6Como manter em forma o doente com artrose?
O exercício físico nos doentes com 
artrose integra-se numa problemática 
mais ampla que é a do exercício físico 
no indivíduo idoso, em que as condi-
cionantes estão ligadas a factores de 
risco tais como o excesso de peso e a 
obesidade, a diabetes, a hipertensão 
e a doença cardio-vascular. 
Já anteriormente foi referido que a 
patologia do aparelho locomotor não 
gera contraindicações absolutas ao 
exercício físico, pelo que este estará 
sempre condicionado pelas co-mor-
bilidades que possam eventualmente 
necessitar de orientação médica. 
O exerc íc io f ís ico fo i def in ido 
pelo “American College of Sports 
Medecine” (23) como uma atividade 
física programada, estruturada e re-
petitiva que visa melhorar ou manter 
um ou mais componentes da aptidão 
física, sendo considerada atividade fí-
sica o movimento do corpo humano 
produzido pela contração dos mús-
culos esqueléticos e que aumenta o 
dispêndio de energia. 
A mecanização dos meios de produção 
e a melhoria dos transportes contri-
buíram para a redução da atividade 
física realizada pelas populações dos 
países ocidentais. Por esta razão, várias 
organizações médicas têm vindo a re-
comendar a atividade física como meio 
de promover e manter a saúde (24). 
Em 2010 a OMS estabeleceu um con-
junto de recomendações para popu-
lações de diferentes escalões etários 
(25). Deste conjunto de recomen-
dações salienta-se a necessidade de 
praticar, no mínimo, 150 minutos por 
semana de exercício aeróbio de in-
tensidade moderada, distribuído pela 
maior parte dos dias da semana ou 
em alternativa, praticar no mínimo 75 
minutos de atividade aeróbia de inten-
sidade vigorosa. Esta quantidade de 
exercício é recomendada para além 
das atividades rotineiras da vida diária 
de intensidade leve (cozinhar, ca-
minhar casualmente ou ir às compras) 
ou com duração inferior a 10 minutos 
(caminhar em casa ou no emprego) 
(24). 
28 Como manter em forma 
o doente com artrose
A recomendação do exercício físico 
no tratamento da artrose tem níveis de 
evidência científica variáveis, condicio-
nados pela dificuldade em implementar 
estudos controlados, o que resulta da 
particularidade desta intervenção. Não 
encontrámos contraindicações à prá-
tica do exercício físico especificamente 
relacionadas com a artrose. Mesmo a 
possibilidade de eventualmente con-
tribuir para o agravamento da doença 
não é confirmada. 
Assim, sabendo que a imobilidade é 
um fator pejorativo na artrose, dife-
rentes organizações internacionais 
(OMS, EULAR, OARSI) recomendam 
o exercício físico como forma de 
manter o estado de saúde das po-
pulações em geral e de aliviar a dor, 
manter a mobilidade articular e a 
função em doentes com artrose. 
Surge então como imperativo a defi-
nição de linhas de orientação que per-
mitam enquadrar o exercício físico no 
contexto dos diferentes quadros de 
artrose mais frequentemente encon-
trados na prática clínica. 
Sempre que falamos de prática de 
exercício físico no contexto da pato-
logia do aparelho locomotor surge a 
questão de saber se podemos propor 
em igualdade de circunstâncias, em 
termos de benefício e de risco, o exer-
cício com carga mecânica e o exer-
cício em descarga. 
O exercício físico em 
descarga
O exercício em descarga poderia 
ser descrito como aquele que seria 
realizado em ausência de cargas 
mecânicas resultantes da ação da 
gravidade. Os exemplos clássicos re-
ferem-se aos movimentos realizados 
fora da crosta terrestre como aqueles 
que observamos nas naves ou nas 
estações espaciais. Mais próximo de 
nós, poderemos enquadrar neste tipo 
de exercício toda a atividade física 
realizada em meio aquático, tal como 
a natação, a hidroginástica ou a hidro-
cinesioterapia. 
A hidrocinesioterapia realiza-se em 
água aquecida entre 32º e 36º, para 
obter o alívio da dor, a redução da ri-
gidez articular e um relaxamento mus-
cular capaz de melhorar a capacidade 
física (26). 
A sua prescrição tem tido como fun-
damento a opinião dos peritos e o 
empirismo milenar, confortada pelas 
teorias fisiopatológicas que ao longo 
dos anos foram explicando o reco-
nhecido benefício subjetivo. 
Em 2009 foi publicada uma revisão 
efectuada pela Cochrane (26), ba-
seada numa pesquisa de várias 
bases de dados bibliográficos entre 
1949 e 2006, sobre a utilização do 
exercício físico em meio aquático no 
tratamento da artrose dos membros 
inferiores. 
6Como manter em forma o doente com artrose? 29
Foram identificadas trinta publicações, 
das quais apenas seis foram objeto de 
avaliação, concluindo que o exercício 
físico em meio aquático, mostrou be-
nefício estatisticamente significativo 
na função, na qualidade de vida e na 
saúde mental, em relação a um grupo 
controlo, no fim do período de trata-
mento. No alívio da dor o beneficio foi 
menor enquanto que na capacidade 
de marcha e na rigidez articular não 
foram encontradas diferenças signifi-
cativas. 
Quando comparado com o exercício 
com carga mecânica, foi descrito um 
alívio da dor na artrose do joelho, no 
fim do período de tratamento em meio 
aquático. 
A avaliação do benefício obtido pelo 
programa de exercício, realizada seis 
meses depois, não mostrou diferença 
em relação ao grupo controlo. 
Não foram descritos efeitos adversos 
tais como o agravamento da dor ou 
de outros sintomas e não foi obser-
vada diferença no consumo de fár-
macos analgésicos. No entanto, um 
genu varum pode ver agravada a sua 
artrose (26). 
Ficou por responder a dúvida sobre 
o eventual benefício da manutenção 
deste tipo de exercício ou dum exer-
cício a seco com carga mecânica, 
para conservar os resultados obtidos 
no final do período de tratamento. 
Por outro lado é também possível 
conceber e executar exercícios 
isentos de forças de compressão de 
modo segmentar, articulação por ar-
ticulação, ou segmento de membro 
por segmento de membro, fora do 
meio aquático. Poderemos enqua-
drar neste grupo algumas atividades 
como a pedalagem em bicicleta es-
tática ou mesmo o ciclismo. Este tipo 
de exercício físico pode ser conside-
rado isento de carga direta nas su-
perfícies articulares, pela ausência de 
impacto resultante da ação da gra-
vidade, mantendo a carga mecânica 
resultante da contração muscular,sendo fonte de forças de tração apli-
cadas às enteses e necessariamente 
transferidas para as respetivas super-
fícies articulares. 
O exercício físico em 
carga
Incluem-se neste grupo as restantes 
atividades físicas ou desportivas, rea-
lizadas individualmente ou em coletivo 
e que implicam uma força de com-
pressão articular resultante do peso 
do corpo, da resistência introduzida 
ao movimento e da energia cinética 
resultante da velocidade do movi-
mento. Estas cargas transferem-se 
diretamente à superfície articular, 
acrescidas das cargas indiretas que 
resultam da contração muscular e que 
se aplicam nas enteses, na tentativa 
de equilibrar ou superar as cargas di-
retas. 
30 Como manter em forma 
o doente com artrose
Uma revisão da Cochrane publicada 
em 2009 (27) avaliou a aplicação do 
exercício de resistência progressiva, 
a populações com mais de 60 anos, 
residentes em instituição ou em habi-
tação própria, independentemente do 
estado das suas articulações. 
Os treinos foram realizados em clí-
nicas ou em ginásios ou mesmo em 
casa, recorrendo a pesos, máquinas 
ou elásticos calibrados. Foram efe-
tuados treinos de intensidade elevada, 
leve ou moderada, com uma fre-
quência de 2 a 3 treinos por semana, 
durante pelo menos 12 semanas. 
Desta avaliação salienta-se como re-
sultados:
 O aumento da força muscular. 
 A melhoria da função. 
 A redução da dor em indivíduos 
com artrose. 
No entanto não há consenso quanto à 
intensidade do exercício a propor em 
doentes com artrose da anca e do 
joelho, estando em curso uma revisão 
pela Cochrane (28), dos estudos pu-
blicados para tentar determinar qual 
a intensidade de exercício adequada. 
As modalidades mais 
frequentes
Qualquer que seja a atividade física 
em causa, ela pode ser realizada de 
modo isolado como a repetição dum 
gesto motor num programa de exercí-
cios realizados individualmente ou em 
grupo, ou pode ser integrada numa 
modalidade desportiva. As atividades 
desportivas incluem uma componente 
competitiva, com diferentes níveis de 
dificuldade, que podem aumentar a 
interação social e a motivação, pro-
movendo a adesão. 
Neste contexto, podemos apreciar 
diferentes modalidades em função da 
sua exigência física e do gesto técnico 
e ainda das suas implicações biome-
cânicas nas articulações mais fre-
quentemente atingidas pela artrose:
1. A marcha é uma atividade física 
sem exigências técnicas, uma vez 
que faz parte da atividade mo-
tora habitual do homem e está 
integrada no programa motor de 
cada um. É por esta razão um 
exercício acessível a todos, com 
graus de dificuldades adaptáveis 
a cada indivíduo, sem grandes 
condicionantes biomecânicas. 
Predominantemente realizado em 
aerobiose, é o exercício mais di-
fundido e praticado, acessível até 
idades muito avançadas e sem li-
mitações. 
2. A natação, a hidroginástica ou ou-
tras modalidades realizadas em 
meio aquático têm sido recomen-
dadas em indivíduos com artrose. 
A possibilidade de melhorar a força 
muscular sem carga direta sobre 
as superfícies articulares e o efeito 
analgésico (em águas aquecidas) 
6Como manter em forma o doente com artrose? 31
constituem as principais razões 
para a sua indicação. No entanto, 
algumas precauções devem-se ter 
em consideração:
	 A artrose inter-apofisária cervical 
pode sofrer processos de agu-
dização da dor na natação em 
bruços, em consequência da re-
petição da flexão-extensão com 
acentuação da lordose fisiológica;
	 A artrose inter-apofisária lombar 
pode apresentar uma situação 
idêntica na natação em bruços, em 
mariposa e por vezes em crawl. 
	 A artrose do joelho, em particular 
da componente femoro-patelar 
pode também sofrer uma agudi-
zação em classes de hidroginás-
tica com ritmos acelerados. 
3. A corrida é mais do que uma 
marcha acelerada uma vez que 
inclui um momento de suspensão, 
responsável pelo impacto mecâ-
nico. Apesar disso é uma atividade 
praticada por muitas pessoas 
mesmo idosas. O impacto do cal-
canhar no solo desencadeia uma 
carga mecânica que se transmite 
às articulações de carga mais 
frequentemente atingidas pela ar-
trose. A sua prática depende da 
tolerância individual e da satis-
fação pessoal que se obtém. As 
consequências do impacto podem 
ser minimizadas recorrendo a dife-
rentes materiais de absorção de 
cargas, aplicados no calçado. 
4. Os desportos coletivos com bola 
são habitualmente praticados em 
grupo, de onde resulta um risco 
acrescido de contacto e de trau-
matismo de maior ou menor im-
pacto. Podemos dividi-los em dois 
grupos:
	 Futebol e rugby: se praticados 
em campos tradicionais implicam 
uma importante carga mecânica 
nas articulações mais habitual-
mente atingidas pela artrose. No 
entanto, o futebol pode ser prati-
cado em interior, em pavimentos 
que não absorvem qualquer 
carga mecânica, transferindo-a 
por completo para as articulações 
podendo desencadear a agudi-
zação de uma artrose latente. 
	 Basquetebol, andebol e voleibol: 
para além das implicações acima 
referidas relativas às superfícies 
onde são praticados, a carga 
mecânica articular é sobrecarre-
gada com o impacto dos saltos e 
do esforço em extensão cervical 
e lombar, que podem desenca-
dear a agudização da artrose da 
anca, do joelho e da coluna. 
5. O Golfe tem a vantagem de per-
mitir períodos de marcha prolon-
gados, melhorando a endurance, 
podendo ser praticado até idades 
muito avançadas, independente-
mente da patologia mecânica do 
aparelho locomotor. No entanto, 
a osteoartrose inter-apofisária 
32 Como manter em forma 
o doente com artrose
do ráquis cervical e lombar pode 
condicionar o gesto técnico, muito 
exigente para aqueles segmentos 
raquidianos. 
6. Desportos de combate incluindo 
diversos tipos de luta desde 
o boxe, lutas greco-romanas 
e artes marciais, com mais ou 
menos contacto físico, não são 
recomendáveis pelo risco de agu-
dização da artrose das principais 
articulações atingidas, incluindo 
as mãos. 
7. Desportos de raquete como o 
ténis e o squash, implicam uma 
forte carga mecânica a nível do 
joelho, pela natureza dos terrenos 
onde são praticados e pelo próprio 
gesto técnico, pelo que não são 
recomendáveis em indivíduos com 
artrose do joelho. As rotações do 
tronco, também caraterísticas do 
gesto técnico levam a desacon-
selhar estas modalidades a indiví-
duos com artrose inter-apofisária 
cervical e lombar. 
8. O ciclismo ou a pedalagem em 
bicicleta ergométrica constituem 
exercícios excelentes para forta-
lecimento dos músculos da bacia 
e de todo o membro inferior. 
Mesmo na artrose da anca esta 
atividade pode ser recomendada, 
considerando a ausência de im-
pacto articular direto. No entanto 
esta atividade deve revestir-se de 
precauções em indivíduos com 
artrose do joelho, em particular 
da componente femoro-patelar; o 
correto posicionamento do selim, 
a distância ao pedal e o alinha-
mento do joelho devem ser adap-
tados a cada doente. A artrose in-
ter-apofisária cervical pode sofrer 
agudização em caso de treinos 
prolongados pela lordose cervical. 
7O planeamento do exercício
Tendo como base as recomendações 
da AGS (12), que nos parecem adap-
tadas ao presente contexto, a pres-
crição dum programa de exercícios 
subentende uma avaliação do es-
tado geral do doente para despistar 
eventuais contraindicações e uma 
avaliação da situação osteoarticular 
incluindo:
 Fatores relacionados com a ar-
trose tais como medicação, dor 
articular, inflamação articular, es-
tabilidade, mobilidade e estática 
dos membros. 
 Consequências da inatividade tais 
como alteração da composição 
corporal, fraqueza muscular e má 
condição cardio-vascular. 
Em face de um candidato a um pro-
grama de exercício físico, com artrose 
de uma ou de várias das articulações, 
importa avaliar o contexto desportivo 
de cada um e enquadrá-lo num dos 
três grupos (29):
 Indivíduos que sempre tiveram 
hábitos desportivos e que querem 
mantê-los ao longo da vida, ainda 
que de um modo mais ligeiro.Indivíduos que ainda mantêm in-
teresses competitivos, mesmo 
nessas idades. 
 Indivíduos que sempre foram se-
dentários ou que praticaram ativi-
dade física na sua juventude mas 
que se tornaram inativos com o 
passar dos anos e que aderem no-
vamente a programas de atividade 
física. 
Em função desta avaliação, a pro-
posta de exercício físico pode reali-
zar-se em duas etapas (12 ):
1. Um programa inicial destinado a 
corrigir a dor, a limitação da ampli-
tude articular e/ou a fraqueza mus-
cular, que podem estar na origem 
de eventuais limitações. 
2. Um programa de recondiciona-
mento geral, que irá melhorar o 
estado geral e a capacidade fun-
34 Como manter em forma 
o doente com artrose
cional, que se inicia a partir do 
momento em que a resolução das 
limitações está bem encaminhada. 
Deste modo é possível fazer uma pro-
posta de exercício físico que concilie o 
estado clínico da pessoa, os seus in-
teresses pessoais e as condicionantes 
biomecânicas da modalidade mais 
adequada (30). O plano de exercício 
requer uma definição da frequência 
semanal, assim como da intensi-
dade do exercício em cada sessão, 
o tempo de cada sessão e o tipo de 
exercício, podendo cada um destes 
componentes ser ajustado em função 
da carga desejada. 
O treino de endurance
O exercício em endurance é um im-
portante trabalho de base, para o qual 
é necessário definir limites, com base 
na frequência cardíaca máxima para 
a idade. 
A definição das zonas de treino pode 
ser efetuada de modo mais simples, 
baseada na frequência cardíaca du-
rante o treino, em função da forma 
física inicial. Um indivíduo sem pre-
paração física deverá trabalhar com 
frequências entre 50-60% da sua 
frequência cardíaca máxima; um indi-
víduo com uma preparação média po-
derá trabalhar com frequências entre 
os 60-70%, e um indivíduo mais trei-
nado poderá trabalhar entre 75-85%. 
No entanto, também se pode definir a 
zona de treino em função da reserva 
cardíaca ou mesmo dos objectivos 
definidos. 
Exercício manter 
resistido
Um exercício resistido necessita de 
uma resistência aplicada sob a forma 
de pesos cuja carga pode ser deter-
minada usando o método do 1 RM 
(resistência máxima) ou de 10 RM. Um 
exercício de moderada intensidade, 
entre 50-60% da RM pode permitir 
um efetivo aumento da força muscular 
e da endurance. Deve ser sempre pre-
cedido de um aquecimento e pode ser 
direcionado para os grandes grupos 
musculares, com o cuidado de avaliar 
eventuais implicações nas articulações 
com patologia. 
Cada exercício pode ser repetido 10 
a 12 vezes, a uma velocidade lenta, 
evitando a manobra de Valsalva. As 
repetições podem ir até 15 a 20 e o 
peso pode ser aumentado em 5% de 
cada vez. 
Exercício de flexibilidade
Os exercícios de flexibilidade serão 
incluídos no início da sessão, como 
aquecimento ou podem realizar-se 
no fim da sessão. Devem ser reali-
zados em todas as grandes articu-
7O planeamento do exercício 35
lações: joelho, anca, coluna, ombro 
e cotovelo. Cada alongamento 
deve ser mantido 10-30 segundos 
(ACSM), devendo ser lento, suave, 
sem ressaltos e numa única articu-
lação de cada vez. 
O balance
O balance ou o controlo do centro de 
gravidade tem como objetivo promover 
um maior controlo do corpo e ganhar 
confiança nas competências físicas. 
8Conclusão
O envelhecimento é uma expectativa 
natural do homem, cuja esperança de 
vida se tem prolongado ao longo dos 
tempos. 
O movimento é o meio pelo qual in-
teragimos com o espaço envolvente. 
Qualquer que seja a atividade, en-
volve a mudança no local, posição 
ou postura relativa e é uma carate-
rística essencial dos seres vivos para 
assegurar a sua sobrevivência e a da 
espécie. 
O estado de saúde do aparelho loco-
motor é um importante condicionante 
do movimento e, em consequência, 
da autonomia. 
Os progressos tecnológicos permi-
tiram não só prolongar o tempo de 
vida do homem, como também fa-
cilitaram a vida diária no que diz res-
peito ao esforço físico, que foi sendo 
reduzido a favor das máquinas e das 
tecnologias de informação. 
Foi assim que o progresso prolongou 
e facilitou a vida ao homem, contri-
buindo ao mesmo tempo para uma 
redução exagerada das exigências 
físicas e promovendo o sedentarismo. 
A artrose é uma patologia do aparelho 
locomotor que predomina no indi-
víduo idoso e que se carateriza pela 
dor articular, perda da mobilidade e 
redução da função, que atinge pre-
ferencialmente as articulações das 
mãos e as articulações de carga. 
Podemos assim dizer que um indi-
víduo com artrose acumula várias 
condicionantes para o sedentarismo, 
incluindo a sua própria patologia as-
sociada às condições sociais criadas 
pela vida moderna. 
Ceder à facilidade do sedentarismo, 
é um dos caminhos para uma vida 
longa, mas com fortes probabili-
dades de ver a sua qualidade degra-
dada pela ocorrência de patologia 
cardio-vascular e metabólica e pela 
perda de autonomia. 
Há um crescendo de evidências 
científ icas que sustentam que é 
possível manter uma vida ativa 
mesmo com artrose e que o exer-
38 Como manter em forma 
o doente com artrose
cício físico pode contribuir para 
a melhoria das manifestações 
cl ínicas tais como a dor e a 
perda da função e até mesmo, 
eventualmente, para evitar a sua 
evolução. 
O tipo de exercício poderá ser es-
colhido em função das preferên-
cias do doente, para promover a 
sua adesão, sem necessitar de 
novas aprendizagens técnicas. No 
entanto, nesta escolha devem ser 
consideradas as particularidades 
biomecânicas das articulações 
atingidas e eventuais implicações 
articulares. Por outro lado a carga 
de treino, que inclui a definição da 
intensidade, da frequência e do 
tempo de treino, deve ser ajustada 
à capacidade cardio-vascular de 
cada um e aos objetivos previa-
mente definidos. 
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