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RESUMO 1 - ECONOMIA E GESTÃO DO SETOR PÚBLICO

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ECONOMIA E GESTÃO DO SETOR PÚBLICO 
FUNDAMENTOS DO ESTADO, DAS FORMAS E DAS FUNÇÕES DO GOVERNO 
1. Estado, Governo e Sociedade 
É fundamental entender o homem como “animal político por natureza”, cujos problemas derivam de sua necessidade de 
viver em sociedade. A partir das necessidades, nasce o Estado como forma de organização contratual, cujos objetivos de 
sobrevivência e segurança. Se o Estado é a essência para a organização entre vários indivíduos, será dada a essa poder. 
Os direitos e os deveres sociais passam a ser um contrato social que é definido como lei das leis, isto é, uma lei 
constitucional que estabelece o Estado como corpo moral e coletivo, soberano. A desobediência equivale a desobedecer 
a toda a sociedade. 
A etimologia da palavra política nos revela este sentido: do grego, polis significa vida em comum. Forma de organização 
social que procura atender à necessidade natural de convivência dos seres humanos. 
Importante ressaltar que, no mundo contemporâneo, temos o Estado-nação moderno. A família continua como o embrião 
político da sociedade, que está dividida em classes sociais (trabalhadores, empresários, sindicatos e governo). Assim, a 
sociedade deve cobrar do Estado seus direitos. 
Sobre esses direitos, dois pontos, são os de natureza jurídica e sociológica. A abordagem jurídica tem como foco a 
formulação e a manutenção dos três grupos de direitos fundamentais: direitos civis (igualdade e liberdade), direitos 
políticos e manutenção de um Estado de Direito (democracia) e os direitos sociais (saúde, educação e assistência social). 
Já a abordagem sociológica se concentra nas definições do Estado como elemento organizador da sociedade. 
O Estado também pode ser caracterizado por suas funções. Temos as funções clássicas, como segurança, educação e 
saúde, mas, contemporâneo temos de promover também: estabilidade política, econômica e social, incentivo ao 
desenvolvimento de tecnologias, disponibilização de crédito financeiro, garantia da concorrência econômica, redução da 
degradação ambiental, discussão e promoção do desenvolvimento sustentável e melhora e garantia da seguridade social 
para todos os cidadãos. 
O Estado é uma ordem jurídica soberana que tem como fim o bem comum de um povo situado em um território, e o 
governo é um sistema no qual está organizada a administração de um país. Governabilidade é o pleno exercício do poder 
pelo Estado. 
A filosofia política apresenta o poder sob três aspectos: a) substancialista – poder militar, psicológico, domínio econômico 
e outros; b) subjetivista – poder por meio de leis que conduzem os cidadãos; e c) relacional – influência, com relação entre 
atores – um ator induz outros atores. 
Três tipos de poder: a) o poder paterno; b) o poder senhorial ou despótico, como do senhor sobre seus escravos, hoje um 
delito; e c) o poder político, dos governantes sobre os governados e exercido por meio de um contrato social. 
Para alcançar objetivos comuns, o Estado com sua soberania e por meio da sua força física, representa uma das ações do 
sistema político. O poder assume a forma de meio. Por exemplo, para atingir certos fins utiliza da força; o poder 
econômico, em que dada escassez de vagas de trabalho irá condicionar o comportamento dos salários dos trabalhadores 
desempregados para baixo; e o poder ideológico, aquele que se vale da posse de certas formas de saber, doutrinas, 
conhecimentos, informações ou códigos de conduta para exercer uma influência sobre o comportamento alheio e induzir 
os membros do grupo a realizar ou não uma ação. 
A consciência nacional que dá base ao Estado, questões de etnia, tradições e religião são fatores essenciais na formação 
de suas leis, de sua ordenação jurídica e das bases as relações políticas, sociais e econômicas. 
A questão da cidadania está vinculada à ideia de Estado-nação. o Estado é uma sociedade organizada, e a Constituição é 
a lei máxima que impõe os direitos e os deveres de todos e garante uma estrutura econômica e social mínima. A estrutura 
determina: liberal, social, democrático de direito e socialista. 
Estado liberal: o poder é limitado com o objetivo de dar mais liberdade aos cidadãos. O Poder Executivo garante a ordem 
social por meio da justiça, e a economia passa a ser regida por uma mão invisível, isto é, sem controle ou regulação do 
Estado e com liberdade para produtores e consumidores. 
Estado social: ativo sobre a sociedade, a produção econômica ,mercado de trabalho, por meio das leis sobre as relações 
de emprego, e a garantia de direitos e políticas públicas. Sociedade está em uma condição de tutela do Estado. 
Estado democrático de direito: Estados liberal e social por garantir a propriedade privada e a liberdade individual. A 
sociedade segue sob a tutela do Estado. 
Estado socialista: elevada intervenção em todas as áreas, principalmente na esfera econômica, em que limita o direito à 
propriedade privada com o objetivo de igualdade social. 
As funções estatais divididas entre o Poder Executivo, que é responsável por elaborar e implementar as políticas públicas, 
o Poder Legislativo, que é responsável por elaborar as leis e fiscalizar, e o Poder Judiciário, responsável pelo julgamento 
de situações que não se enquadram nas leis criadas e aprovadas. 
Estado representativo, no qual o indivíduo não é pelo Estado, mas o Estado é pelo indivíduo. A democracia é a forma 
maior de Estado representativo. 
Com base na história, o início do sistema capitalista, a classe burguesa, ou novos capitalistas (donos dos meios de 
produção), lutou contra os vínculos feudais (o rei e sua monarquia ou o Estado) por sua emancipação e pelo direito à 
propriedade privada. Welfare state, ou estado do bem-estar, é um sistema econômico com base na livre-empresa. Porém, 
o Estado passa a ser necessário para a solução dos problemas vigentes. 
2. Teoria da Burocracia 
Um governo e de uma gestão pública que utilizem mecanismos racionais e técnicos resultou na criação de regulamentos, 
leis e normas que ficaram conhecidos como burocracia. 
Como cada funcionário sabe o que deve ser feito e por quem, execução das tarefas com cada informação discreta, isto é, 
apenas o responsável pela ação deve receber a responsabilidade de execução em uniformidade com suas rotinas e seus 
procedimentos, o que resulta em uma padronização de processos organizacionais e permite a redução de custos e de 
erros. 
O emprego de trabalho técnico e profissional, considera-se que o nepotismo pode ser evitado e que prevalece a 
moralidade política, econômica e social, evitando ou minimizando as ações de corrupção. 
OBS: O nepotismo anula a impessoalidade por ser o favorecimento dos vínculos de parentesco nas relações de trabalho 
ou emprego. Suas práticas substituem a avaliação de mérito. 
As regras organizacionais são os meios para o alcance do objetivo-fim de forma transparente, impessoal e eficiente, 
mesmo que morosa. A burocracia faz parte das sociedades modernas. É um processo natural nas grandes instituições e 
um instrumento de controle para obtenção de resultados. 
Nenhum Estado moderno prescinde de uma burocracia competente em razão da existência do monopólio da execução 
das leis e do processo de elaboração das normas, entre outros fatores. Há a necessidade de poderes internos ao próprio 
Estado como forma de verificar seu funcionamento. 
2.1 Burocracia e seus mecanismos nos sistemas políticos modernos 
Estrutura organizacional: distribuição especializada dos encargos a integração dos diferentes departamentos. 
Serviço civil: recrutamento e a manutenção de profissionais capacitados nos encargos do Estado de forma permanente. 
Sistema orçamentário: que faculte a captação de recursos financeiros, e temporâneos, compatibilizando as políticas 
tributária e econômica. 
Sistema de informações: captação de dados relacionados com a realidade dos vários setores de atividade da sociedade e 
do governo. 
A burocracia e os burocratas(técnicos) são elementos que não podem ser confundidos com o governo (políticos). O 
burocrata executa tarefas definidas pelo governo por meio de uma gestão centralizada. 
3. Teoria da Regulação e seus fundamentos 
A regulação refere-se às políticas que o Estado realiza para atingir o bem-estar econômico e social. Os objetivos têm base 
em fundamentos macroeconômicos, como crescimento econômico, baixo desemprego, estabilidade de preços e equidade 
social. Busca-se acompanhar a produção e a participação das empresas no mercado. Assim, faz-se necessário regular o 
sistema produtivo como forma de manter todos os fatores de produção empregados em razão da sua instabilidade e das 
tendências de ciclos econômicos. 
OBS: Pela ótica macroeconômica, o fordismo foi um modelo de produção e acumulação capitalista que tinha como 
características a produção em massa e o consumo em massa. Pela ótica microeconômica, foi um método de racionalização 
da produção criado pelo industrial norte-americano Henry Ford. 
O processo de financeirização da economia está ligado ao regime de acumulação de capital por meio de ativos monetários 
e financeiros, e não pela industrialização, isto é, produção e emprego. Este fato leva à especulação financeira e à 
precarização do trabalho, ou seja, queda da qualidade do emprego. Portanto, a Teoria da Regulação, ao questionar e 
problematizar essa tendência, com base no processo histórico, principalmente do século XX, procura entender tais 
questões e responder a elas, como forma de retomar um nível de atividade econômica que garanta um patamar de renda 
para todos os fatores. 
3.1 As sete questões da Teoria da Regulação 
É necessário entender a crise capitalista do final da década de 1970 e dos anos 1980 (crise evidenciada pelos dados de 
crescimento econômico e de desemprego do período). Também retroceder aos momentos anteriores. 
 A crise de 1929 e às suas consequências, (des)equilíbrios macroeconômicos, à depressão econômica, ao elevado 
desemprego, à instabilidade monetária e à ausência de instrumentos de distribuição da renda. Falando da crise que cindiu 
o próprio núcleo teórico que sustentava o pensamento econômico até então e que se caracterizava pela crença nos 
pressupostos de mercado autorregulador e de pleno emprego automático, preconizando, portanto, a não intervenção do 
Estado na economia. 
Os resultados positivos da economia no período entre 1945 e 1973 são fruto, do ponto de vista macroeconômico, das 
políticas keynesianas anticíclicas, ou seja, da busca pela sustentação da demanda efetiva e da criação da infraestrutura 
necessária para a continuidade do desenvolvimento capitalista (energia, transportes, telecomunicações, entre outras). 
Para esses resultados, também contribuíram novas técnicas de organização industrial, a integração vertical, as economias 
de escala, as linhas de montagem, a criação e a utilização das esteiras ETC. 
O período recessivo decorrente da primeira grande crise do liberalismo econômico no capitalismo industrial organizado 
deu lugar ao forte boom econômico e ao desenvolvimento do fordismo, que ocorreu entre 1945 e 1973. Os Anos Dourados 
caracterizaram-se pelo crescimento econômico e pelo baixo desemprego. . Nesse contexto, o trabalhador assumiu cada 
vez mais o papel de consumidor. 
Ainda sobre o modo de produção fordista aponta três dimensões que marcam: a) a do contrato e das relações de trabalho; 
b) a da proteção social e do trabalho; e c) a do direito de representação, de organização e de democracia. 
Da contratação e das relações de trabalho, diz respeito à definição, ao controle das condições de trabalho e aos obstáculos 
à demissão, dentre outros. 
Proteção social e do trabalho, podem ser mencionadas as políticas de previdência, de saúde, de educação, de habitação, 
de água e saneamento, de seguro-desemprego e de qualificação profissional. 
Direito de representação e organização e de democracia, podemos citar o crescimento da importância das organizações 
de representação coletiva. 
Esse contexto se refere ao nascimento do novo centro hegemônico do capitalismo contemporâneo, os Estados Unidos da 
América (EUA), que, ao final da Segunda Guerra Mundial, estabeleceu o dólar como a moeda-padrão do sistema monetário 
e financeiro internacional. Também diz respeito à reconstrução da Europa e do Japão pelas instituições multilaterais 
criadas na reunião de Bretton Woods em 1944, tais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Internacional 
de Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), conhecido também como Banco Mundial. 
A estruturação do mercado foi colocado em xeque com a crise de 1970, principalmente nos EUA: o crescimento econômico 
se reduziu; a taxa de juros se elevou; as dívidas e os déficits públicos aumentaram rapidamente; a capacidade da poupança 
diminuiu; e a inflação se elevou. 
Não ocorreu repentinamente: em 1960, o fordismo já apresentava indícios de saturação do mercado interno, bem como 
já era evidente a necessidade de busca de novos mercados para realizar os excedentes da produção. 
Entre 1973 e 1983, a maioria dos países centrais fez ajustes macroeconômicos como resposta à crise monetária 
internacional e aos choques do petróleo da década de 1970, dando início à (des)coordenação macroeconômica e à falta 
de uma política industrial direcionada do Estado. 
Já em fins de 1978, decidiu praticar a política do dólar forte, elevando a taxa de juros dos EUA. Resultou no declínio 
industrial, na aceleração do endividamento da maioria dos países e na fragilização a maioria dos países na década de 1980. 
Nesse cenário de desajuste interno da maioria dos países, um novo protagonista, o Japão, entrou em cena. O Japão tentou 
ajustar a economia no interno e externo, empreendendo um industrial que compensasse a reestruturação produtiva nas 
indústrias siderúrgica, naval e petroquímica: eram justamente elas as mais fortemente afetadas pelas mudanças nos 
preços e pela superprodução mundial. Pautou-se pela implementação da inserção de novas tecnologias e pelo 
desenvolvimento de novas técnicas de produção e de controle no processo produtivo. 
Na América Latina, os países seguiram o modelo de ajuste externo, isto é, pagar sua dívida externa, e desajuste interno, 
com recessão econômica, desemprego e inflação elevada. 
1982, a Alemanha é mais um dos protagonistas a optar por uma reestruturação industrial de longo prazo e por uma política 
macroeconômica de ajuste. 
Dado o volume de dinheiro disponível, chamado de liquidez endógena de seu mercado bancário interno, Japão e 
Alemanha praticaram juros baixos, estratégias que mantiveram a capacidade de financiamento dos investimentos 
privados e da dívida pública. 
Esse processo desencadeou um acirramento da concorrência internacional e uma nova divisão internacional do trabalho 
a partir de duas mudanças básicas: a reestruturação produtiva, ou Terceira Revolução Industrial, e a mundialização do 
capital. 
A liberalização financeira nos anos 1980 elevou a concorrência interbancária no cenário internacional, fato que resultou 
em conflitos entre os principais bancos. Esse provocou variações nas taxas de juros e de câmbio e determinou as políticas 
de ajustes recessivos. 
A partir dos anos 1980, e posteriormente, nos anos 1990, os ambientes de trabalho passaram por um processo de 
modernização. Enfraquecimento do fordismo e da queda da taxa de lucro, obrigou as empresas a reduzirem custos e 
aumentarem a produtividade. 
Um fato interessante é que o lucro e a acumulação não evoluem da mesma forma, provavelmente em razão de a taxa de 
lucro agora ser composta por retornos financeiros, não sendo reinvestida em parte. 
Pode-se afirmar que a taxa de lucro passa a se recuperar com a rentabilidade advinda dos ganhos não produtivos e que a 
curva da parte do lucro não reinvestido passa a acompanhar a taxa de desemprego. 
O desemprego gerado nesse período tem um novo perfil. Trata-se de um desemprego fortementedeterminado pela idade 
e pelo gênero; em outras palavras, ele afeta com maior intensidade os mais jovens, as mulheres e os trabalhadores acima 
de 45 anos de idade. 
Esses são os resultados do novo regime de acumulação que se desenha, um regime flexível (que se opõe ao anterior, de 
excessiva rigidez) que busca a produtividade mesmo com elevado custo social. É um regime caracterizado pela relativa 
flexibilidade da organização e da produção, estrutura que permite às empresas responderem rapidamente às alterações 
da demanda. Resultar na elevação da rotatividade do trabalho, os trabalhadores são integrados e expulsos, conforme a 
necessidade do capital, processo que ficou conhecido como just in time. 
Houve uma modernização conservadora e uma ofensiva do capital estruturado sob a lógica e a dominância financeira em 
nome da competitividade internacional e contra uma relação capital-trabalho mais favorável ao trabalhador. 
Ao novo padrão industrial, houve a expansão da insegurança do trabalho no Pós-guerra. Essa expansão da insegurança 
ocorreu em cinco níveis diferentes: 1) no mercado de trabalho; 2) no emprego; 3) na renda; 4) na contratação; e 5) na 
representação do trabalho. 
O desemprego desse período apresenta-se como resultado do excesso de oferta de trabalhadores provocado pela ruptura 
do compromisso keynesiano e, portanto, pelo fim da defesa (ou priorização) do pleno emprego, tal como foi característica 
dos Anos Dourados. 
Com relação às crises geradas e às tendências de desequilíbrios econômicos e sociais após os Anos Dourados do 
capitalismo, necessita-se questionar quais as causas do fim desse ciclo virtuoso e de ganhos sociais. 
Uma economia capitalista é uma economia monetária da produção, isto é, a liquidez ou a disponibilidade de dinheiro é 
uma condição sine qua non para a geração de emprego e renda que, por sua vez, garante os níveis de investimento e 
consumo. A estabilidade e financeira que representa o lado monetário é um fator importante para a estabilidade da 
produção e do emprego. 
3.2 A questão central da Teoria da Regulação 
É partir dos ciclos econômicos e propor formas de regulação que evitem ou reduzam as instabilidades inerentes ao 
capitalismo. 
O Estado se comprometeu a sociedade em buscar o bem-estar econômico e social. Esse se dava por meio da forma de 
acumulação de capital conhecida como industrialização, a produção. 
As novas tendências de globalização e internacionalização permitiram também novas formas de acumulação de capital, 
como a financeirização, que é a acumulação de capital, sobretudo, dos juros sobre juros e rendimentos financeiros. 
CONCEITOS BÁSICOS 
Há objetivos para elaborar a política fiscal, por meio da tributação ou arrecadação, e para a execução dos gastos públicos, 
um dos determinantes do Produto Interno Bruto (PIB). 
Como o Estado produz para uma parte da sociedade, a racionalidade da política pública apresenta as seguintes funções: 
a) função alocativa, que cuida da produção e da provisão de bens e serviços públicos; b) função distributiva, que tem o 
papel de distribuir a renda de forma mais equitativa; e c) função estabilizadora, que busca reduzir as flutuações no nível 
de produto (PIB), emprego e renda. Perceba essas funções têm relação direta com a regulação da economia, um dos 
papéis do Estado-nação. 
Em uma situação de crise econômica, caracterizada como baixa demanda agregada, isto é, uma situação de recessão 
econômica acompanhada de baixa produção, desemprego e elevação da pobreza, a política fiscal pode ser utilizada por 
meio da elevação dos gastos do governo em consumo e em investimentos. Note que essas variáveis determinam o PIB e 
causam uma elevação da renda nacional e do PIB, o que eleva o consumo e os investimentos privados, resultando em um 
ciclo de crescimento econômico. 
Como o Estado produz e oferta bens e serviços, ele necessita de receitas públicas geradas por meio de arrecadação ou 
tributação, senhoriagem e endividamento. A senhoriagem é uma forma de financiamento do Estado que tem o poder em 
lei sobre a emissão de moeda ou papel-moeda oficial. Não é muito utilizado, já que resulta em aumento do nível de preços 
na economia – resulta em inflação. 
Nos conceitos básicos, o da Curva de Laffer (U ao contrário) é importante para um governo por demonstrar a relação entre 
a tributação ou alíquota de impostos (T) e a receita arrecadada pelo governo (R). Esse demonstrar que existe um ponto 
máximo para maximizar a arrecadação pública, isto é, há uma alíquota tributária ou carga tributária ótima que aumenta 
a receita pública e pode reduzir e evasão fiscal. 
a) Se a alíquota de tributação for igual a zero (T = 0), teremos uma receita pública igual a zero (R = 0). 
b) Se a alíquota de tributação for igual a 100% (T = 100%), teremos uma receita pública igual a zero (R = 0) em virtude da 
sonegação fiscal. 
Um sistema tributário ideal é um sistema racional e justo. Para uma contribuição justa, há princípios básicos: princípio do 
benefício, em que a contribuição deve ser igual ao benefício gerado pelo consumo do bem público, por exemplo, o reajuste 
das aposentadorias; princípio da capacidade de pagamento como regra geral para toda sociedade, em que o ônus 
tributário deve levar em conta as equidades horizontal e vertical, por exemplo, considerar a mesma capacidade de 
pagamento para o mesmo nível de impostos, e as contribuições dos indivíduos devem diferenciar-se conforme suas 
diversas capacidades de pagamento; princípio da neutralidade, que procura não afetar a eficiência nas decisões de 
alocação de recursos em virtude da tributação em cada classe e setor econômico; e princípio de simplicidade, que procura 
facilitar a operacionalização da cobrança de tributos, não devem representar custos administrativos elevados para o 
governo. 
• Impostos federais 
— Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas (IRPF); — Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ); — Imposto de 
Renda Retido na Fonte (IRRF); — Imposto sobre a Exportação (IE); — Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e 
Seguro, ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários (IOF); — Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); — Imposto 
Territorial Rural (ITR). 
• Contribuições federais 
— Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide); — Contribuição para o Plano de Seguridade do Servidor 
Público (CPSS); — Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público 
(PIS/Pasep); — Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de 
Natureza Financeira (CPMF); — Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins); — Contribuição 
para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público Incidente na Importação de 
Produtos Estrangeiros ou Serviços (PIS/Pasep-Importação); — Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade 
Social devida pelo importador de Bens Estrangeiros ou Serviços do Exterior (Cofins-Importação); — Contribuição Social 
sobre o Lucro Líquido das Pessoas Jurídicas (CSLL). 
• Impostos estaduais 
— Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal 
e de Comunicações (ICMS); — Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA); — Imposto sobre 
Transmissão Causa Mortis ou Doação de Bens e Direitos (ITCD). 
• Impostos municipais 
— Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU); — Imposto sobre Transmissão Inter Vivos de Bens 
Imóveis e de Direitos a Eles Relativos (ITBI); — Imposto sobre Serviços (ISS). 
A carga tributária é apresentada em percentual do Produto Interno Bruto como forma de saber com quanto o governo 
fica do total produzido no período de um ano da renda de todos os agentes econômicos (empresas e famílias). 
Um sistema produtivo em um sistema tributário com impostos em cascata terá umaelevação dos preços de seus produtos 
conforme o número de etapas de produção e distribuição desse produto, resultando em distorções em seus preços de 
produção ou em distorções produtivas. 
A tributação pode ser também via Impostos sobre o Valor Adicionado (IVA), que não incidem nas várias etapas produtivas 
de forma acumulada, mas, sim, no valor adicionado, e que seguem o conceito de neutralidade e não afetam a 
competitividade de uma indústria. 
1. Principais Conceitos Básicos sobre Finanças Públicas no Brasil 
O Brasil é composto por peculiaridades: temos o setor público não financeiro mais o Banco Central e os bancos públicos. 
Consideramos como setor público não financeiro as administrações diretas federal, estadual e municipal, as 
administrações indiretas, o sistema público de Previdência Social e as empresas estatais não financeiras federais, estaduais 
e municipais. Assim, o governo é formado por três esferas, menos as empresas estatais. Já o setor público são as três 
esferas mais as estatais. O governo central é composto de Governo Federal, Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) 
e Banco Central do Brasil (BCB). 
Um dos conceitos e indicadores mais importantes do setor público é a dívida líquida do setor público (DLSP), que é o saldo 
líquido entre o que o governo gastou e o que tem a receber, excluindo os gastos com juros, com o sistema financeiro 
(público e privado), com o setor privado não financeiro e com o resto do mundo. Há dois tipos de critérios em que a dívida 
pública é apurada. São eles: a) desempenho de caixa, em que as despesas são consideradas nas estatísticas do período 
em que são de fato pagas; e b) desempenho de competência, que está associado ao período em que a despesa é gerada, 
mesmo que não tenha sido paga. A dívida líquida atual é composta de: Dívida mobiliária, Dívida bancária líquida, Dívidas 
securitizadas, Arrecadação a recolher, Dívidas externas reestruturadas e Recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador 
(FAT). 
Já o outro conceito de estoque da dívida é a dívida bruta, que corresponde ao total de gastos das três esferas de governo 
com o setor privado, com o setor público financeiro, com o Banco Central e com o resto do mundo. 
Os órgãos competentes que apuram os dados. Entre eles, temos a Secretaria da Receita Federal (SFR), que gera a receita 
do Governo Federal, sendo a Secretaria do Tesouro Regional (STN) que consolida os dados da receita e da execução da 
despesa do Tesouro Nacional. O INSS tem o papel de controlar as receitas e despesas referentes à Previdência Social. 
Enquanto o estoque da dívida é tratado como dívida líquida (DLSP) e dívida bruta (DBSP) do setor público, o fluxo da dívida 
é tratado como Necessidade de Financiamento do Setor Público (NFSP), que é o resultado da diferença entre as despesas 
e as receitas do governo. Esse conceito apresenta três categorias: a) Necessidade de Financiamento do Setor Público 
Conceito Nominal; b) Necessidade de Financiamento do Setor Público Conceito Operacional; e c) Necessidade de 
Financiamento do Setor Público Conceito primário. 
A Necessidade de Financiamento do Setor Público conceito é o total de despesas não financeiras menos as receitas do 
governo, mais os gastos com juros nominais sobre o estoque da divida pública. 
A Necessidade de Financiamento do Setor Público Primário representa o resultado fiscal do governo, excluindo os gastos 
com juros sobre a dívida pública, isto é, resulta do total de gastos correntes do governo menos a sua arrecadação. Caso 
seu resultado seja positivo, considera-se déficit primário; caso seu resultado seja negativo, considera-se superávit 
primário. 
No Brasil, os conceitos da NFSP são apresentados nas categorias “abaixo da linha” e “acima da linha” em virtude das 
alterações no valor do endividamento público. O resultado acima da linha é o resultado fiscal que não está no mercado 
financeiro, e o resultado abaixo da linha é a dívida do governo que está no mercado financeiro. 
Embora apurar a necessidade de financiamento do setor público seja trabalho do Banco Central do Brasil, a Secretaria de 
Políticas Econômicas (SPE) faz o levantamento acima da linha das contas do Governo Central, e a Secretaria de Empresas 
Estatais (Sest), das contas das empresas estatais federais. Já para os estados e municípios e suas empresas estatais, só há 
os resultados abaixo da linha, apurados pelo Banco Central do Brasil. 
A necessidade de financiamento do setor público (NFSP), quando há um resultado negativo, representa poupança do 
governo; com um resultado positivo, representa um déficit público. 
Para financiar déficit público, as alternativas são elevação da arrecadação, emissão de moeda ou endividamento, 
principalmente pela operação de open market, que é a emissão, venda e compra de títulos públicos, como letras 
financeiras do tesouro (LFT), notas do tesouro nacional (NTN), letras do tesouro nacional (LTN), entre outras, indexadas 
ao sistema de liquidação e custódia (Selic), índice nacional de preços ao consumidor amplo (IPCA), entre outros 
indexadores. 
Ao tratar sobre o resultado do Governo Central no critério acima da linha, a Execução Financeira do Tesouro é importante 
por ser a captação de receita efetiva que é repassada ao Tesouro Nacional para o pagamento dos gastos públicos. 
Portanto, todos os resultados fiscais do governo possuem critérios como acima e abaixo da linha, caixa e competência, 
entre outros, e categorias como resultados nominal, operacional e primário. 
2. As Falhas de Mercado, Externalidades e Bens Públicos 
No campo de pesquisa das ciências econômicas, há a Teoria Tradicional do Bem-estar Social, conhecida como welfare 
economics. Essa afirma que os mecados são competitivos, nos quais há uma alocação de recursos perfeita e que gera um 
maior grau de satisfação para uma parte dos agentes econômicos, mas reduz esse grau de satisfação para outra parte 
desses agentes. 
Essa análise tem cfundo teórico o conceito de Ótimo de Pareto “para cada ganhador tem-se um perdedor”. Temos 
também nesse conceito a situação de um Pareto Eficiente, quando todas as escolhas possíveis foram realizadas e o 
resultado é um grau de satisfação ótimo. 
Os bens públicos são aqueles para toda a população. Esses bens também conhecidos como não rivais e podem ser 
divididos entre: a) bens tangíveis, como ruas, entre outros; e b) bens intangíveis, como leis, entre outros. Bens públicos 
seguem o princípio da não exclusão. Por exemplo, o comércio não pode ocorrer sem que haja o direito de propriedade, 
que depende da aplicação do princípio de exclusão. 
No Brasil, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem um papel em financiar infraestruturas 
para a produção a longo prazo. 
É papel do Estado: a) fiscalizar todos os setores produtivos, inclusive o setor privado, e acompanhar a produção dos bens 
e serviços, além de verificar várias informações, entre elas tamanho, quantidade e peso dos produtos ofertados; b) exigir 
a publicação de balanços contábeis das empresas; e c) implantar e implementar políticas públicas de combate à exclusão 
digital. 
FALHAS DE GOVERNO 
1. Participação do Estado na economia do Reino Unido ao longo do século XX 
O gasto do o Reino Unido se elevou muito com o tempo. Os gastos com educação e saúde ultrapassaram o PIB. 
No início do século XX, a atuação estatal na economia era como desnecessária ou prejudicial. Isso porque o livre-mercado 
garantiria a aplicação ótima dos recursos. 
Entre 1900 e 1930, Reino Unido ingressou na Primeira Guerra Mundial. Isso com certeza teve reflexo na elevação do gasto 
público. Em paralelo a isso, após a crise de 1929, o Estado atua de modo que atenue o impacto do desemprego. 
Entram em cena as ideias de Keynes, que propunham a atuação do Estado anticíclica; o Estado ganha novas funções, 
aumentando sua participação na economia, como modo de garantir a longevidade do sistema capitalista, cada vez maiscriticado. 
1970, com a elevação da inflação nas economias desenvolvidas e o incremento dos déficits públicos, a ideia do Estado 
atuar na economia quanto a própria atuação são colocadas em xeque. Governos que pretendiam reduzir a participação 
do Estado são eleitos na Inglaterra e nos EUA. 
- Keynes e a atuação fiscal do Estado 
Atribuíam ao gasto público um importante papel estabilizador nos ciclos econômicos, ganham força após a Segunda 
Guerra Mundial. 
Para Keynes, o sistema capitalista possui uma inexorável instabilidade. 
Estado deveria manejar suas políticas fiscal e monetária para atenuar o ritmo cíclico do sistema econômico e a 
possibilidade de desemprego. 
Por meio da tributação, a renda, desigualmente distribuída, pode ser redistribuída entre setores da sociedade. Além disso, 
os impostos proporcionam ao Estado os recursos necessários para o financiamento do gasto público e, quando reduzidos, 
impactam a elevação da renda disponível. 
No que diz respeito ao gasto público, divide-os em duas partes, dois orçamentos: o orçamento corrente e o orçamento de 
investimento. 
Estado pode, por meio do orçamento de investimentos, influenciar positivamente as decisões de investimento dos 
empresários. Investimentos realizados pelo Estado, é possível elevar a demanda e, aumentando os investimentos. Desse 
modo, o déficit do orçamento de investimentos seria permitido em momentos de baixa na atividade econômica. 
A regra para o equilíbrio fiscal sugerida seria: o equilíbrio das contas públicas é necessário que não se incorra em déficits 
correntes. As despesas de investimentos seriam financiadas por meio de endividamento. Outra sugestão sobre o 
orçamento de investimento: Estado procurasse levar investimentos produtivos (ou de infraestrutura) que não 
concorressem com a iniciativa privada. A atuação do Estado na economia por meio do orçamento de investimento deveria 
ter o caráter de estabilizador automático. 
A política fiscal de um governo não pode estar condicionada às flutuações do ritmo econômico, atuando para que diminua 
vales e reduzia picos. Pelo contrário, o investimento público deve ser uma forma de evitar, ou reduzir. 
No caso do Reino Unido, A elevação contínua de gastos correntes dificultaria a utilização do orçamento de investimentos 
como estabilizador automático, além de reduzir a poupança pública. 
No caso dos regimes de proteção social, especialmente da previdência, Keynes entendia que esses gastos seriam exemplos 
de estabilizadores automáticos. Caso a economia entrasse em um período de baixa, os seguros-desemprego, ao 
fornecerem o contingente de desempregados, elevariam a demanda agregada. Em períodos de bonança, aqueles que 
sobrevivessem com recursos do seguro passariam a se empregar e deixariam de gerar gastos para o Estado. 
- Os condicionantes do crescimento dos gastos públicos: de Wagner a Musgrave 
1945 até 1970, as despesas públicas em geral, evoluíram de modo contínuo. 
A Lei de Wagner: crescimento das despesas é relacionado à evolução do nível de renda. Mas despesas evoluem a taxas 
mais elevadas que o crescimento da renda. Explicações como forma de sustentar a Lei de Wagner. Seriam: • ampliação 
das funções administrativas do Estado; • ampliação das despesas com segurança; • expansão das ações do estado 
decorrentes da criação e manutenção do estado de bem-estar social; • ampliação da participação econômica do Estado, 
tanto intervindo no sentido anticíclico – aos moldes keynesianos – quanto no sentido de se tornar uma peça-chave para 
o desenvolvimento econômico nacional; • ampliação da intervenção estatal na economia para controlar e prevenir a 
formação de monopólios. 
Uma questão não explorada nessa abordagem é a possibilidade de visões distintas entre setores da sociedade quanto à 
disposição para financiar a despesa pública. 
O crescimento da renda per capita que os países industrializados experimentaram ao longo dos chamados trinta anos 
gloriosos teria possibilitado a expansão da capacidade de financiamento do gasto público. 
No início dos anos de 1970, com os déficit, disseminam-se as ideias do chamado neoliberalismo; a participação do Estado 
na economia passa a ser criticada, e a elevação dos gastos públicos estaria gerando inflação. 
Em 1979 e 1981, no Reino Unido e EUA, agenda voltada para a redução dos gastos públicos e da carga tributária. 
2. Teoria da Escolha Pública (public choice) 
(TEP) ganha projeção no final dos anos de 1960, quer explicar crescimento das despesas públicas e, consequentemente, 
do déficit público. 
Com a queda de prestígio da teoria keynesiana e o avanço do ideário conhecido como neoliberal, a Teoria da Escolha 
Pública parte dos princípios do individualismo metodológico, os mesmos usados na teoria econômica convencional. 
Segundo a TEP, a dinâmica dos gastos públicos estaria vinculada aos conflitos de interesses entre os envolvidos. 
2.1 Regra da Maioria 
As escolhas públicas em uma sociedade democrática são feitas por meio de processos eleitorais. 
Uma sociedade poderia optar decisões que dizem respeito aos bens públicos e seu financiamento sempre de modo 
consensual. Contudo, como a construção de consensos leva tempo, isso acarretaria um custo elevado. 
2.2 Teorema do Eleitor Mediano 
Caso a intensidade das preferências fosse a mesma para todos os indivíduos, o voto do eleitor mediano poderia 
representar o melhor resultado possível para toda a sociedade, mas não é esse o caso. Logo, a concentração de votos em 
torno do eleitor mediano pode resultar em perda de bem-estar para a sociedade em geral. 
2.3 Formação de maiorias e poder de agenda 
O problema é que, em votações por maioria, qualificada ou não, em casos nos quais há mais de duas opções, a opção 
preferida pela maioria não necessariamente sai vencedora. Esse é o chamado paradoxo do voto. 
Quem possui poder para definir a ordem da votação pode alterar o resultado a seu favor. Se chama poder de agenda. 
2.4 Rent‑seeking ou o “carona” 
Outra ideia presente entre os teóricos da TEP diz respeito à capacidade que grupos de pressão podem ter nas decisões 
estatais. Tanto os políticos que buscam permanecer no poder quanto burocratas que procuram manter o seu prestígio e 
sindicatos e empresários em busca de lucro. 
3. Recomendações da Teoria da Escolha Pública e diminuição do papel do Estado 
Visto que o próprio processo de escolha pode levar a situações nas quais ocorre perda de eficiência, os teóricos da TEP 
sugerem parcimônia na ação estatal, além de regulações para que ela ocorra. Também são pessimistas quanto à visão 
keynesiana de que o Estado pode atuar para ampliar o bem-estar da sociedade. 
Mesmo que a sociedade não esteja inclinada a aceitar aumento da carga tributária em determinado momento, o aumento 
precisa ocorrer em virtude de déficits maiores, na situação já de um. 
Essa visão negativa com relação à capacidade das decisões democráticas de levar a sociedade a situações melhores de 
bem-estar, às vezes, é conhecida como Teoria das Falhas de Governo. 
4. Corrupção e produção de bens públicos 
A corrupção acaba por reconhecer, reforçar ou amplificar as desigualdades preexistentes. 
A redução da corrupção ajudaria a atingir todas as metas de acordo com o documento, tanto que organismos multilaterais 
de financiamento incluíram na sua matriz de riscos para empréstimos a governos a ausência de casos de corrupção, tráfico 
de drogas e atividades ilícitas. 
Ainda que crescimento econômico não seja sinônimo de bem-estar, os países que possuem maior índice de percepção de 
corrupção apresentam maiores disfunções nas áreas sociais que os países que apresentam índices de percepção menores. 
• suborno: remuneração irregular e criminosa, em troca de beneficiamento; • troca de favores: vantagens são pagas com 
outras formas não financeiras; • nepotismo: beneficiamento gerando vínculo empregatício entre parentes. • fraudes, 
classificadas em contábeis; • cleptocracia: beneficiamentoocorre em virtude dos grupos religiosos, sociais ou de amizade 
dos corruptos; • tráfico de influência: alguém se aproveita da sua posição ou conexões para obter favores em troca de 
favores ou pagamento. 
Para ser um bom parceiro do mercado, o Estado deve: • deixar de produzir déficits públicos, o que deslocaria o 
investimento privado, tornando a ação do Estado ineficiente; • garantir o seu equilíbrio patrimonial, organizando sua 
dívida de modo que mantenha a taxa de juros equilibrada e o pagamento dos juros sustentável e garantido. 
O ESTADO E AS EMPRESAS ESTATAIS NO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO 
Os mercantilistas – economistas que estudavam as práticas econômicas na transição do feudalismo para o capitalismo – 
justificavam que o Estado deveria intervir na economia a partir de medidas protecionistas. 
Tanto Adam Smith quanto os neoclássicos, economistas liberais que acreditavam que o Estado não deveria intervir na 
economia. Essas ideias prevaleceram durante um longo período, ou seja, do final do século XVIII ao início do século XX. 
A crise de 1929 – crash da bolsa de Nova Iorque, também conhecida como a Grande Depressão, Keynes defende maior 
intervenção do Estado na economia, pois os interesses individuais não haviam produzido necessariamente um 
desenvolvimento econômico estável. 
Em meados da década de 1970, outra crise econômica – conhecida como choques do petróleo – afetou todo esse debate 
sobre como conduzir as políticas econômicas. Houve um retorno do debate liberal. Essas ideias, convencionalmente 
conhecidas como neoliberais, prevalecem até os dias de hoje. 
Assim, a maioria das justificativas usadas para defender a intervenção do Estado na economia se dá pela existência de 
falhas de mercado, como externalidades, concorrência imperfeita, informação assimétrica e bens públicos. 
A empresa estatal pode ser caracterizada quando há participação do Estado no capital da empresa. O Estado tem 
autoridade para nomear membros do Conselho Administrativo, e o governo tem o poder de definir as grandes orientações 
da empresa. 
As empresas estatais foram criadas para proporcionar melhores condições sociais e/ou gerar externalidades positivas, 
pois as empresas privadas seriam incapazes desse escopo, uma vez que buscam a maximização do lucro. 
Faucher, aponta dez critérios para a criação das empresas estatais: interesse geral; monopólio natural; falta de capitais e 
a atitude do setor privado diante do risco; salvação dos setores não rentáveis; setores dominantes e as indústrias básicas; 
soberania nacional; preferência dos agentes financeiros; nacionalização como técnica administrativa; processo de 
diversificação das atividades das empresas públicas; e fatores políticos e sociais. 
Para garantir uma competição global, a Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE) 
recomenda uma governança corporativa própria para que essas empresas não tenham vantagens acima das empresas 
privadas. 
Durante os anos 1930 e 1940, foram nacionalizadas ou estatizadas diversas empresas privadas na Inglaterra em 
decorrência dos efeitos da crise de 1929 e da década de depressão. Segmentos de carvão, minério de ferro, siderurgia e 
o Banco da Inglaterra. 
Em países subdesenvolvidos, a intervenção foi crucial no período de industrialização nascente. No caso latino-americano, 
esse processo se iniciou após a grave crise de 1929. Realizaram aquilo que ficou conhecido como processo de substituição 
de importações. 
No caso brasileiro, a economia foi retomada por uma intervenção do Estado, modelo que fortaleceu e ampliou o setor 
público e incorporou demandas sociais e estruturais. 
A Revolução de 1930 significou uma mudança na constituição do Estado brasileiro, já que foram quebradas as autonomias 
estaduais, na chamada Política do Café com Leite. Crescente centralização do poder sob o Executivo Federal e à perda de 
influência isolada de estados mais poderosos. Somado a isso, para elevar o Brasil, capitalista e burguês, e, ainda, 
determinante para a posterior coordenação de uma política em favor de um processo de industrialização. 
No caso da Era Vargas, desde a Revolução de 1930, um dos objetivos do governo era garantir o incremento de uma 
siderurgia nacional como projeto de desenvolvimento econômico. 
Além da Comissão Executiva do Plano Siderúrgico Nacional CSN, Vargas criou a Vale do Rio Doce, em 1942; a Fábrica 
Nacional de Motores (FNM), em 1943; a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHSF), em 1945. No segundo governo, 
entre 1951 e 1954, foram fundados o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, em 1952, e a Petrobras, em 1953. 
Lembrando que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal já existiam. 
A criação do BNDE foi crucial para o financiamento público de longo prazo a juros subsidiados de maneira que garantisse 
os investimentos do segmento privado. 
No período do Regime Militar (1964-1985), o Estado continuou realizando investimentos produtivos em setores 
estratégicos. 
Em 1941, o ex-presidente Getúlio Vargas criou o Ministério da Aeronáutica, o que impulsionou a aviação civil e a militar 
no Brasil. Além disso, em 1949, foi criado o Centro de Tecnologia Aeroespacial (CTA) e, depois, em 1950, o Instituto de 
Tecnologia Aeronáutica (ITA). O ITA foi criado para dinamizar esse setor com pesquisa e formação de engenheiros, 
provendo financiamento. Entre 1964 e 1965, o Ministério da Aeronáutica havia elaborado o Projeto Bandeirante, que era 
o desenvolvimento de um protótipo de avião médio de produção nacional. Em 1969, a Embraer foi criada com capital 
majoritariamente estatal. É uma das maiores empresas aeroespaciais do mundo atualmente. Ela foi privatizada em 
dezembro de 1994, e o Estado é um acionista minoritário da empresa. 
Outra empresa relevante para o desenvolvimento econômico brasileiro é a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 
(Embrapa). A empresa foi criada em 1972 com o objetivo de incentivar pesquisas e desenvolver inovações para garantir 
sustentabilidade da agricultura. 
No período do processo de substituição de importações, as ações estatais no investimento produtivo foram 
extremamente importantes para garantir investimento, emprego e crescimento econômico. Após os anos 1980, houve 
uma forte pressão para que essas empresas fossem privatizadas, que ocorreram na segunda metade dos anos 1990. 
O SISTEMA TRIBUTÁRIO BRASILEIRO 
Um governo financia seus gastos orçamentários predominantemente via cobrança de tributos. De maneira complementar, 
financia suas ações via contratação de dívida, lançamento de título ou mesmo proposta de arrecadação extra. 
A carga tributária, indica a arrecadação tributária sobre o produto ou a renda nacional de um país. 
Tributos = Impostos + Taxas + Contribuições de melhoria + Contribuições sociais e econômicas. 
• Impostos: contribuições compulsórias instituídas e cobradas pelo Estado para financiar suas ações. 
• Taxas: contribuições para que o Estado realize sua função de fiscalizar ou ofertar um serviço público à comunidade. Por 
exemplo, serviços de iluminação pública, coleta domiciliar de lixo, conservação da pavimentação. 
• Contribuições de melhoria: Estado realize obras em beneficio da população residente de uma área. 
• Contribuições sociais e econômicas: objetivam financiar o Estado de bem‑estar social. 
A contribuição previdenciária financia todo o Sistema de Seguridade Social, que é composto por Previdência Social, Saúde, 
Assistência Social e Seguro‑desemprego (este tem financiamento próprio via Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT). O 
salário‑educação está voltado para financiar o Ensino Fundamental, e o FGTS, para habitação popular e saneamento. O 
Sistema S está voltado para financiar atividades de ensino e apoio técnico do setor privado. 
Teoricamente, um sistema tributário está fundamentado em dois princípios: a neutralidade e a equidade. 
A Constituição Federal de 1988 proibiu a criação de impostos de incidência cumulativa(em cascata), ao mesmo tempo 
que garantiu, por se tratar de um país de organização federativa, que todo novo imposto criado deve ter 20% de sua 
arrecadação destinados para os governos subnacionais – estados e municípios. 
A tributação envolve a questão da distribuição da renda sob os seguintes: 
• funcional: quanto da renda do setor privado se transforma em lucros ou salários; • pessoal: porcentagem de renda em 
cada percentil da população; • regional: divisão entre as diversas unidades do país; • governo versus setor privado: parcela 
da renda apropriada pelo governo; • corte federativo: divisão dos recursos entre União, estados e municípios. 
Os tributos podem ser classificados em categorias, da seguinte forma: 
• impostos sobre o patrimônio (riqueza): — incidem sobre o estoque acumulado de capital; 
• impostos sobre a renda: — incidem sobre os fluxos anuais de rendimento; 
• impostos sobre vendas de mercadorias e serviços: — cobrança sobre o produtor e o consumidor; — base de cálculo da 
operação – valor adicionado ou total da transação. 
Outra maneira de classificar os impostos é a partir do contribuinte: 
• impostos diretos: é o contribuinte que arca com o ônus do pagamento, não podendo transferir a terceiros: — imposto 
sobre a renda ou o patrimônio; — podem ser progressivos. 
• impostos indiretos: o contribuinte pode transferir total ou parcialmente o ônus do pagamento a terceiros; incidem sobre 
a renda gasta: — imposto sobre a produção e o consumo de mercadorias e serviços; — tendem a ser regressivos; — IPI, 
ICMS. 
Há, ainda, outra classificação em virtude da incidência e do comportamento em relação ao nível de renda dos 
contribuintes: 
• imposto regressivo: relação inversa ao nível de renda do contribuinte, penalizando os contribuintes de menor poder 
aquisitivo (renda); 
• imposto progressivo: relação positiva com o nível de renda, aumentando a participação do imposto conforme aumenta 
a renda. Justiça fiscal; 
• imposto proporcional: não altera a estrutura da distribuição de renda. 
• sistema tributário e equidade: sistema progressivo (após a cobrança de impostos, há uma melhoria na estrutura da 
distribuição de renda); sistema regressivo (quando piorar); e sistema proporcional (quando a distribuição ficar intacta). 
Historicamente, o sistema tributário brasileiro pode ser caracterizado da seguinte maneira: 
• De 1889 a 1930: — arrecadação centralizada na União e nos estados; — principal receita: imposto sobre as importações. 
O imposto sobre as exportações é de arrecadação estatal, e o imposto sobre a indústria e profissões, de arrecadação 
municipal. 
• Constituição de 1934: pimpostos sobre produtos. Limitação do imposto sobre exportações. 
• Constituição de 1946: aumento da receita tributária nos municípios; institucionalização de um sistema de transferência 
de impostos entre os entes da federação. 
• Reforma de 1964: — objetivos: solucionar o problema do déficit fiscal e dotar a estrutura para crescimento econômico; 
melhorar qualitativamente o efeito alocativo dos tributos; centralização de recursos; 
— proposta: criar a tributação sobre o valor agregado (em vez do “em cascata”) em relação aos impostos cumulativos; 
— dois impostos sobre o valor agregado: imposto sobre produtos industrializados (IPI) (União) e imposto sobre circulação 
de mercadorias (ICM, depois ICMS) (estados). 
— categorias de impostos: imposto sobre comércio exterior; impostos sobre patrimônio e renda; impostos sobre 
produção e circulação; e impostos únicos. Receitas extraorçamentárias. 
 
• Criação dos fundos de participação FPE (estados) e FPM (municípios): compensação para as esferas estaduais e 
municipais, dada a perda da capacidade de arrecadação. 
• 1970: criação do PIS (Programa de Integração Social), financiado por uma contribuição mensal sobre o faturamento das 
empresas; e do Pasep (Patrimônio do Servidor Público), financiado pela contribuição mensal de entidades de natureza 
pública. 
• Constituição de 1988: criação de contribuições (Contribuição sobre o Lucro Líquido: CSLL), substituição do Finsocial pela 
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), aumento da alíquota do IOF, criação do IPMF/CPMF, 
criação do Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF). 
É importante analisar a evolução da carga tributária brasileira. Crescente entre 1960 e 1970, teve uma aceleração mais 
intensa no papel do Estado na economia. O aumento coincide com o período de elevado crescimento econômico brasileiro 
em plena ditadura militar, conhecido como o milagre econômico (1968‑1972). 
No início dos anos 1990, especificamente até a implementação do Plano Real, a carga tributária oscilou ainda, em parte, 
por conta da inflação elevada. Após o Plano Real, essa carga volta a se equilibrar concomitantemente com a estabilização 
dos preços da economia, mantendo uma tendência de aumento ao longo dos anos. 
O item Mercadorias, Serviços e Bens corresponde a quase metade de toda a arrecadação da carga tributária. s. 
Especialistas da área explicam que essa tributação é injusta, pois a alíquota cobrada não é aplicada de maneira 
diferenciada, a depender da renda do consumidor, portanto um indivíduo que ganha um salário mínimo paga a mesma 
alíquota que um indivíduo que recebe vinte salários mínimos. 
Considerando que praticamente metade da carga tributária é composta por esse tipo de tributo, pode‑se caracterizar a 
tributação brasileira como regressiva. Os sistemas tributários mais avançados são compostos por tributos diretos e não 
indiretos. 
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil está muito acima da média em impostos 
sobre mercadorias, serviços e bens (impostos indiretos) e abaixo em impostos sobre renda e patrimônio (impostos 
diretos). 
A nossa carga tributária é a quinta menor das vinte maiores economias do mundo. 
O maior gasto é com o sistema previdenciário. Principalmente pelo processo de envelhecimento populacional. O segundo 
maior gasto é com juros da dívida, que retira recurso que poderia ser usado para qualquer outra política. 
- Política tributária como mecanismo para incentivar a economia 
A crise americana do subprime, principalmente em 2007 e setembro de 2008 acarretou uma estagnação econômica em 
diversos lugares do mundo. Redução do fluxo de comércio internacional e as variações cambiais bruscas. Para estabilizar 
adotou políticas monetária e fiscal. Neste último caso, foi o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Diminuições de 
alíquotas e isenção do imposto foram promovidas em setores como: de automóveis, eletrodomésticos, móveis e 
construção civil. As medidas visavam manter a demanda interna (consumo das famílias) estimulada, sustentando o 
crescimento do PIB. 
Em 2010, a economia se recuperou e apresentou um crescimento do PIB, porém a crise interna estava só dando os 
primeiros sinais. 
1. O Sistema Federativo e o Fenômeno da Descentralização 
Esse debate ganhou corpo desde o final dos anos 1970. Na Constituição Federal de 1988, ele foi reformulado. 
A Constituição de 1988, houve descentralização dos gastos em ensino, saúde, habitação, urbanismo e segurança pública. 
A descentralização na área de educação ocorreu a partir da municipalização do Ensino Fundamental. 
Diante dessa discrepância, o que se examina é uma disputa entre União e governos subnacionais na definição das 
competências do gasto e na repartição de receitas. Encargos sociais envolvendo estados e municípios desiguais. 
Razões que justificam um processo de descentralização: 
• Fatores econômicos — alocação de recursos de forma mais eficiente; — entre as esferas de governo, determinar aquela 
que administra de forma mais eficiente os impostos, os gastos, as transferências, a regulação e outras funções públicas; 
— o Estado executar sua função de alocativa; — proximidade entre gestores e beneficiários das políticas públicas, o que 
tornaria melhor a administração. 
•Fatores culturais, políticos e institucionais — favorecer maior integração social, maior transparência nas políticas 
públicas, permitindo inclusive maior liberdade individual; — experiências internacionais apontam que a descentralização 
surgiu em oposição a sistemas excessivamente concentradores de poder e recursos fiscais no nível de governo central ou 
nacional; — permitiria maior participação política e desconcentraria o poder político. 
• Fatores geográficos — em países de grandes dimensões, torna‑se melhor e mais fácil os governos subnacionais 
atenderem às demandas locais. 
Há basicamente dois modelos de descentralização: 
• Modelo do principal agente: supondo que haja algo parecido com um contrato entre o governo central e os governos 
subnacionais na distribuição dos recursos, os governantes subnacionais prestam contas para o Governo Central, e não 
necessariamente para os contribuintes, o que pode acarretar uma falta de autonomia regional. 
• Modelo da eleição pública local: Para isso, é necessário que os governos subnacionais financiem a maior parte de suas 
políticas, o que requer uma descentralização de arrecadação. Uma crítica recorrente a esse modelo é a perda da unidade 
nacional nas determinações das estratégias políticas. 
- A tensão federativa nos anos 1990 
houve uma reação do governo federal contra o processo de descentralização de recursos. A agenda de conflitos foi 
caracterizada: 
• Fundo de estabilização fiscal (FEF). 
Esse fundo sucedeu o fundo social de emergência vigente entre 1994 e 1995, destinado a diminuir temporariamente as 
vinculações constitucionais, entre outras a parcela referente à cota‑parte de estados e municípios correspondente ao 
imposto de renda de funcionários públicos das repartições federais. 
• Lei Kandir. 
Plano Real, a moeda se apreciou e as exportações passaram a ter um crescimento medíocre, para isso foi a chamada Lei 
Kandir. A ideia era isentar as exportações de bens primários e semielaborados do pagamento do ICMS. A cobrança deste 
era “boa” do ponto de vista dos tesouros estaduais, mas irracional do ponto de vista do balanço de pagamentos, já que 
correspondia a “exportar impostos”. 
• Renegociação das dívidas estaduais 
Durante 1997 e 1998, a maioria dos estados renegociou as suas dívidas, passando para o governo federal um montante 
expressivo de dívidas mobiliárias, tendo como direito a receber dos estados o pagamento de prestações mensais ao longo 
de 30 anos. ”. Isso representou um enorme subsidio implícito concedido aos estados pelo governo federal, já que há taxa 
de juros. 
• Reforma tributária 
Constituição de 1988, pela criação de novos impostos, eficazes do ponto de vista da receita, mas condenáveis sob a ótica 
da sua funcionalidade, pelo peso que representavam sobre as empresas. 
• Competências partilhadas entre os governos federal, estadual e municipal: — saúde e assistência pública; — assistência 
aos portadores de deficiência; — preservação do patrimônio histórico, artístico e cultural; — proteção do meio ambiente 
e dos recursos naturais; — cultura, educação e ciência; — preservação das florestas, da fauna e da flora; — agricultura e 
abastecimento alimentar; — habitação e saneamento; — combate à pobreza e aos fatores de marginalização social; — 
exploração das atividades hídricas e minerais; — segurança do trânsito; — políticas para pequenas empresas; — turismo 
e lazer. 
• Competência predominantemente municipal: — pré‑escola e educação fundamental; — saúde; — preservação histórica 
e cultural. 
• Competência apenas municipal: — transporte coletivo; — uso do solo. 
Após a Constituição de 1988, o ICM passou a ser denominado Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). 
Incorporou os impostos únicos sobre combustíveis e minerais e, também, os que incidiam sobre serviços, como energia 
elétrica, transportes e telecomunicações. Além disso, os estados passaram a ter liberdade para fixar as alíquotas do 
imposto como marca da descentralização fiscal. 
SEGURIDADE SOCIAL 
Surgiu há mais de oitenta anos com a divulgação do relatório Beveridge na Inglaterra dos anos 1940, como a concepção 
de proteção social no período pós‑Segunda Guerra Mundial. Isso originou a reforma instaurada pela Lei da Seguridade 
Social, aprovada em 1946 pelo parlamento Inglês. 
Constituição de 1988, resgatou direitos sociais e políticos que haviam sido alijados durante o período ditatorial. Passou a 
garantir o acesso a bens e serviços sociais independentemente da contribuição individual, com exceção da Previdência 
Social. Considera a totalidade dos direitos quanto à saúde, à previdência e à assistência social, entre outros pontos. 
Com relação aos órgãos que foram criados para gerenciar o Sistema de Seguridade Social, em 1990, temos o Instituto 
Nacional de Seguro Social (INSS), órgão cujo nome representa um instituto de seguro, e não de seguridade. 
Após o desaparecimento do Ministério da Previdência, entre 1990 e 1992, ele retorna como Ministério da Previdência e 
Assistência Social (MPAS) em 1995. Em 1999, a Assistência Social ganhou maior autonomia com a criação da Secretaria de 
Estado de Assistência Social (Seas), órgão vinculado ao MPAS. Foi em 2002, durante o governo Lula, que a separação das 
duas áreas foi efetivada com a criação do Ministério da Previdência Social (MPS) e do Ministério da Assistência e Promoção 
Social (Maps). 
Relacionados à seguridade social, há os institutos: Ministério da Previdência Social, Ministério da Saúde, Ministério do 
Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Ministério do Trabalho, Ministério da Fazenda, Ipea e Associação Nacional 
dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Anfip). 
1.1 Constituição de 1988 e financiamento da Seguridade Social 
Base de financiamento diversificada justamente para atender às sazonalidades de qualquer economia. O intuito era 
abranger uma parte maior da população sem vincular necessariamente a contribuição e o acesso ao benefício. 
Entre as principais receitas estavam: as contribuições de empregados e empregadores sobre os salários, a Contribuição 
sobre o Lucro Líquido das Empresas e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social. 
Ademais, em 1994, foi criado o Fundo Social de Emergência (FSE) que substanciou a desestruturação das bases financeiras 
do sistema de seguridade. Esses recursos, ao se desvincularem das receitas, tornam‑se de uso exclusivo da Fazenda, isto 
é, ela tem o poder de escolher onde aplicar os recursos. O que significa que esses recursos podem ser usados para 
pagamento, inclusive, de juros da dívida. 
1.2 Previdência Social 
Seriam acessados mediante contribuição prévia dos trabalhadores de forma que cobrisse casos de doença, invalidez, 
morte, velhice, acidente de trabalho e desemprego involuntário. Logo, destacam‑se os principais pontos: 
• a uniformidade e a equivalência dos benefícios rurais e urbanos; 
• o estabelecimento do piso do beneficio de valor equivalente ao salário mínimo; 
• o benefício deveria ser calculado sobre a média dos últimos trinta e seis salários de contribuição, corrigidos 
monetariamente; 
• o reajuste dos benefícios garantiria seu valor real; 
• a introdução do décimo terceiro benefício; 
• quanto à regra de acesso, a aposentadoria era assegurada em duas situações: 
— por tempo de serviço: após trinta e cinco anos de trabalho para os homens e após trinta para as mulheres, ou tempo 
inferior, em casos especiais, para os trabalhadores do magistério, após trinta anos para os professores e após vinte e cinco. 
— por idade: aos 65 anos para os homens e aos 60 para as mulheres, reduzindo‑se cinco anos do limite de idade para os 
trabalhadores rurais. 
1.3 Regimes de previdência 
Há dois modelos principais: modelo de repartição simples e modelo de capitalização. 
Regime de repartição simples: revelavam o princípio da universalidade do benefício, a participação do Estado no esquema 
tripartite (empregados,empregadores e Estado) e a solidariedade intergeracional. O senso de justiça do regime de 
repartição simples reside na contribuição dos trabalhadores ativos, pela contribuição salarial, ou do empregador, que 
financia os benefícios do risco velhice e outros. Assim, todos os trabalhadores são vistos como contribuintes e 
beneficiários. 
Portanto, nesse regime, a arrecadação do sistema de proteção social pode inclusive pagar benefícios, como auxílio‑doença 
e seguro‑desemprego, consubstanciando a totalidade da Seguridade Social. 
Regime de capitalização: tem caráter privado e restrito, cujo funcionamento reforça o vínculo entre a contribuição, o 
benefício e a valorização financeira. Operando por meio dos fundos de pensão que, ao gerirem a poupança dos 
contribuintes mediante o portfólio com títulos públicos, ações, debêntures – ou seja, ativos voláteis –, tornam o benefício 
da aposentadoria algo incerto. 
1.4 Mudanças recentes na Previdência Social e a Previdência Complementar 
O sistema previdenciário brasileiro passou por duas grandes reformas. 1990, o crescimento das Entidades Fechadas de 
Previdência Complementar (EFPCs) foi impulsionado pelo processo de privatização das empresas públicas federais. Na 
segunda metade dos anos 1990, ocorreu a migração da demanda dos planos de benefício definido para os de contribuição 
definida, de acordo com as condições legais. 
Não só visou adequar atuarialmente os planos de previdência das entidades fechadas de previdência privada ligadas às 
empresas federais, estatais e municipais, como também se concentrou na regulamentação dos planos de benefício cujas 
regras estão em vigor até hoje. 
Na análise do agravamento das contas previdenciárias, mostram que as causas para o representativo déficit na década de 
1990, houve reformas. 
Aplicado obrigatoriamente nas aposentadorias por tempo de contribuição. Para as aposentadorias por idade só é 
vantajoso ao segurado caso o fator seja maior que um, ou seja, é aplicado opcionalmente. Esse fator não é aplicado nas 
aposentadorias especiais por invalidez, nas pensões, no auxílio‑acidente, no salário‑maternidade e no auxílio‑reclusão. O 
fator equipara o tempo de contribuição ao tempo de usufruto do benefício. A lei que criou o fator estabeleceu um período 
de transição de sessenta meses para a completa aplicação. Além disso, foi negociado um prêmio de cinco anos de 
contribuição para as mulheres e dez e cinco anos de contribuição, respectivamente, para professores. 
Conclui‑se, portanto, que o fator trabalhou para a redução da despesa previdenciária, objetivo daqueles que defendem a 
priorização do equilíbrio fiscal. 
Além, garantir um valor de aposentadoria maior com relação ao fator previdenciário, a fórmula 85/95 é mais justa, pois 
contempla as diversas realidades do mercado de trabalho formal brasileiro. 
1.5 Saúde 
e 1970, o movimento sanitarista luta pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que tinha caráter universal e gratuito, atingindo 
mais uma demanda de proteção social, porém ele só foi construído a partir da Constituição de 1988. 
Descentralização da gestão do sistema público de saúde ocorre desde os anos 1980. Inicialmente, foi introduzido o 
Programa Nacional de Serviços Básicos da Saúde – Prev‑Saúde e, posteriormente, as Ações Integradas de Saúde. Apesar 
do nome do programa, a descentralização não foi superada e, ao contrário do que propunha, o Instituto Nacional de 
Assistência Médica da Previdência Social (Inamps) e o Sistema Unificado e Descentralizado da Saúde (Suds) deram 
notoriedade ao processo de descentralização da gestão da saúde pública. 
Sistema Único de Saúde (SUS) buscou romper o modelo descentralizado para: • instituição do direito universal e integral 
à saúde. modelo de financiamento integrado com o Sistema de Seguridade Social. 
Para garantir a sobrevivência do cidadão, há ainda outros pontos que podem ser analisados e que são agravantes no Brasil, 
como saneamento básico, alimentação, moradia e educação. 
1.6 Melhorias das condições de saúde da população brasileira 
Com o tempo, foi tendo cada vez mais melhorias para a população. 
A política de saúde está organizada de acordo com os diferentes tipos de atividades e níveis de atenção: • assistência 
farmacêutica; • atenção básica – inclui o Programa Saúde da Família (PSF); • atenção de média e de alta complexidade – 
inclui a política de atendimento de urgências e emergências que está relacionada ao Sistema de Atendimento Móvel de 
Urgência (Samu) e às Unidades de Pronto‑Atendimento (UPAs). 
A implementação dessas políticas de saúde requer a atuação coordenada das três esferas de governo e também dos seus 
órgãos setoriais – o Ministério da Saúde (MS), as secretarias estaduais e as secretarias municipais de saúde. 
As Equipes de Saúde da Família (ESFs) são compostas cada uma por médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem e agentes 
comunitários de saúde (ACS). Essas equipes atuam de forma sistemática, focada na comunidade, em ações de prevenção 
e promoção da saúde. Além disso, são responsáveis pela análise, pelo acompanhamento e pela busca de solução para os 
problemas de saúde da população sob sua responsabilidade. 
1.7 Assistência Social 
A assistência social tem suas diretrizes firmadas com a Constituição de 1988. 
Para um cidadão ter acesso ao benefício não é preciso contribuir previamente ao sistema de seguridade, basta apresentar 
os condicionantes. 
Os recursos para financiamento dos serviços assistenciais serão advindos das receitas do sistema de Seguridade Social. 
Além da Constituição, a Lei Orgânica da Assistência Social (Loas) regulamentou as diretrizes, os objetivos e os princípios 
das ações. Ficou estabelecido que as ações de assistência social devem atender às normas expedidas pelo Conselho 
Nacional de Assistência Social (CNAS). A gestão deve ocorrer de forma descentralizada e participativa, com a presença do 
Poder Público e da sociedade civil na forma de movimentos sociais e entidades de assistência social. 
O Sistema Único de Assistência Social (Suas) foi deliberado na IV Conferência Nacional de Assistência Social, e o Ministério 
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) passou a implantar o programa. O Suas serve para organizar toda a 
oferta da assistência social em todo o Brasil. 
As ações são coordenadas de acordo com a nova Política Nacional de Assistência Social (PNAS), aprovada pelo Conselho 
Nacional de Assistência Social (CNAS) em 2004. 
Já a gestão das ações obedece à Norma Operacional Básica do Suas (NOB/Suas). Prevê a descentralização administrativa 
do sistema, a relação entre diferentes esferas do governo (federal, estadual e municipal) e a gestão financeira dos recursos 
públicos. 
Entre os programas assistenciais que mais ganharam notoriedade nos últimos governos, está certamente o Programa 
Bolsa Família. 
1.8 Política assistencial: Programa Bolsa Família 
O Programa Bolsa Família (PBF), introduzido por Lula em 2003, é a principal política de transferência de renda existente 
no Brasil, caso não seja considerado o efeito do benefício assistencial (Benefício de Prestação Continuada – BPC) e do piso 
de um salário mínimo do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) pago aos trabalhadores rurais e urbanos. 
Apresenta avanços quanto à cobertura da população em situações de pobreza e indigência e quanto à continuidade e à 
operacionalização. Efeitos no que se refere à saúde e à educação. 
O PBF pode não ser a melhor maneira de se combater a pobreza, porém foi sem dúvida uma medida eficaz, já que reduziu 
drasticamente esse fenômeno, e com baixo custo para os cofres públicos. Apesar disso, e de ser reconhecido 
mundialmente, o programa recebeu e recebe vários tipos de crítica. 
PLANEJAMENTO E PROCESSO ORÇAMENTÁRIO 
Até a crise de 1929, os orçamentos públicos eram uma peça estritamente contábil que registrava as despesas e as receitas 
do governo e que deveriam estar em equilíbrio em todos os casos. Porém,após a crise de 1929 e a difusão de ideias 
associadas ao keynesianismo de que o Estado devia intervir, ganha novas visões. 
Passa a ser um instrumento por meio do qual se podem compreender os caminhos da política fiscal dos Estados, quais os 
objetivos dos seus gastos, sua política tributária, quais setores da sociedade foram beneficiados com subsídios, entre 
outros fatores. Por isso, a elaboração do orçamento público é palco de conflitos políticos. 
1. Planejamento Orçamentário e Orçamento Público 
As peças orçamentárias podem ser de atribuição do Legislativo, do Executivo ou de tipo misto; este último é o praticado 
no Brasil. 
A proposição do orçamento é de atribuição do Poder Executivo e cabe ao Legislativo aprová‑lo ou não e/ou sugerir 
alterações. O Executivo, ao encaminhar sua peça orçamentária, deve deixar os objetivos de suas despesas e a política de 
financiamento. 
Poder Executivo: é o responsável por governar e pôr em prática as ações de governo. 
Poder Legislativo: responsável por elaborar as leis e supervisionar o trabalho do Executivo. 
Poder Judiciário: exerce julgamentos norteados pelas leis. 
O orçamento misto é uma forma de garantir legitimidade e representatividade política à peça orçamentária. 
Ao Legislativo cabe ainda acompanhar a execução do orçamento, garantindo a sua aplicação, além de avaliar. O orçamento 
público deve, ainda, seguir determinados princípios: Princípio da unidade, da totalidade e da universalidade, não afetação 
das receitas, equilíbrio, exclusividade e clareza (transparência). 
Nos anos 1881 (ano da elaboração do primeiro orçamento público do país) e 1964, o orçamento público consistia em 
peças de alcance limitado. Após 1964 e a instauração da ditadura militar, passou por um período de desestruturação, isso 
porque havia inúmeros orçamentos, fiscal, monetário, da Seguridade Social, entre outros, o que inviabilizava a 
consolidação das despesas públicas, bem como o seu acompanhamento e controle. 
Com a Constituição de 1988 que o planejamento orçamentário brasileiro ganha uma estrutura mais sólida. Três peças 
permanece com uma de vigência plurianual (Plano Plurianual) e duas de vigência anual (Lei de Diretrizes Orçamentárias e 
Lei Orçamentária Anual). 
O Plano Plurianual estabelece os objetivos e diretrizes para as despesas e outras delas decorrentes e para as relativas aos 
programas de duração continuada. Subsequente, orientará a elaboração da Lei Orçamentária Anual, disporá sobre as 
alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais. 
A LOA deverá integrar os orçamentos de todos os poderes, órgãos, entidades, fundações públicas e investimento das 
empresas públicas e que não deve tratar de nenhum outro aspecto que não os relativos à estimação das receitas. 
O orçamento deve refletir as metas e os objetivos estipulados no PPA e também as metas e prioridades estabelecidas na 
LDO. 
O PPA tem uma extensão temporal que transcende o mandato do executivo, vigorando também no primeiro ano de cada 
novo mandato. Essa temporalidade pretende garantir a continuidade. 
Em 2001, a Lei de Responsabilidade Fiscal dá um novo caráter à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). A partir, é a LDO 
que consolida metas da administração pública no que diz respeito aos seus resultados fiscais; é nessa lei que são 
registradas as metas fiscais dos municípios, estados e da União. 
A elaboração das peças/leis orçamentárias deve, no caso dos municípios do estado de São Paulo, seguir as recomendações 
do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCESP) e seu projeto de auditoria eletrônica (Audesp) instituído a partir de 
2007. Com isso, possuem regras e passa a ser um campo em um sistema informatizado com tamanhos, tipos (texto ou 
número) etc. Além disso, existe um conjunto de campos mínimos a serem preenchidos. 
O orçamento‑programa é uma técnica orçamentária criada nos EUA. A princípio dizia respeito à coordenação do esforço 
orçamentário e de planejamento de grandes empresas que, posteriormente, chega ao setor público. 
A classificação funcional‑programática é um conjunto de códigos e classificações que organizam a despesa pública, as 
despesas são classificadas por unidades responsáveis, funções, subfunções, programas e ações. Sendo divididas em 
responsável, propósitos e objetivos. 
2. Fundamentos do orçamento‑programa 
O orçamento público segue as mesmas regulações para todos os níveis de governo e tipos de órgão da administração 
pública. 
O orçamento‑programa aponta: planejamento, gestão e controle. 
Uma das grandes reformas, 1960, atribuiu um caráter que daria mais ênfase à função de planejamento, como se fazia no 
sistema Planning, Programming, and Budgeting System (PPBS) do governo norte‑americano e nos manuais da Organização 
das Nações Unidas (ONU) para a adoção dessa metodologia. 
Analisar uma peça orçamentária e seus respectivos relatórios de execução é uma forma bastante eficaz de analisar as 
condições políticas, técnicas e econômicas daquela esfera de governo, uma vez que a partir da codificação orçamentária 
é demonstrado quem, como, quanto e em que foi planejado e executado o gasto. 
A segunda metade do século XX foi de grande aprendizado para o Brasil no que diz respeito ao processo de planejamento, 
gestão e controle do orçamento público. Constituição Federal de 1988, foi para obrigatoriedade na plurianualidade do 
orçamento na divisão das peças orçamentárias nos Planos Plurianuais (PPA), Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Leis 
Orçamentárias Anuais (LOA). 
Nos anos 1990, há uma clara tentativa de fortalecer o contexto macroeconômico e do enfrentamento de questões 
impostas pelos organismos financeiros internacionais para o equilíbrio das contas públicas, o aumento da austeridade 
fiscal e a melhoria da qualidade do gasto público. 
Rescaldo do processo de ajustes fiscais nos países emergentes dos anos 1990, logo no início do século XXI, as principais 
mudanças que influenciaram a forma pela qual o orçamento‑programa fora executado no Brasil são relacionadas ao 
aspecto do controle. A Lei de Responsabilidade Fiscal trouxe limitações de gastos, para retrair o endividamento público, 
além do gasto com pessoal e de regras fiscais que União, estados e municípios passaram a ser obrigados a respeitar. 
Após, A partir da Lei Complementar, batizada de Lei da Transparência Orçamentária, os entes da administração pública 
brasileira passam a ser obrigados a manter informações acerca do orçamento publicadas em tempo real na internet, além 
de garantir acesso a todos os documentos e informações. 
O orçamento‑programa adotado no Brasil está mais alinhado à estrutura de apresentação do orçamento do que 
propriamente a uma forma de planejar e organizar as despesas públicas a partir de programas. 
As funções do orçamento proposta por Schick, críticas que podem ser levantadas são acerca da mera formalidade na 
apresentação de programas, e não uma visão sistematizada de gestão por programas; quando essa visão existe, 
encontra‑se uma baixa qualidade em sua elaboração. Também uma tendência de manutenção das açõesque fogem ao 
ambiente de planejamento. Como último grande destaque, o incrementalismo nos orçamentos brasileiros, que 
prejudicam a adoção do orçamento por programas. 
Em relação ao aspecto gerencial, há uma fragilidade na configuração plurianual do orçamento, tendência de ruptura ou 
de desvios entre o ambiente planejador e o ambiente executor. Em geral, isso acontece, pois os orçamentos são 
desenhados para se organizarem em uma estrutura de meios (para se comprar e contratar o que se precisa) muito mais 
do que de fins (que determinam quais os resultados que se pretende atingir a partir da ação estatal). 
3. Processo Orçamentário 
Por sua força de lei, o orçamento precisa ser cumprido como tal, e toda ação que gera despesa deve estar prevista e ser 
executada como tal. 
Seu surgimento, ata do século XIII,

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