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Bruna Melo T. Chaves Enfermagem Comunitária. 1 Programa Nacional de Imunização-PNI Conservação e técnicas de aplicação de vacinas: Imunologia: estudo da imunidade Bases imunológicas da vacina. IMUNIDADE: É o estado de resistência associado à presença de anticorpos com ação específica sobre o microrganismo causador de determinada doença infecciosa ou sobre suas toxinas. Resposta imunológica: Ao entrar em contato com alguma substância estranha ao organismo, nosso sistema imunológico produz uma resposta que pode levar à formação de anticorpos (imunoglobulinas) e linfócitos de memória. OBS: As imunoglobulinas específicas serão produzidas toda vez que o organismo tiver contato com o agente etiológico. Tipos de Respostas aos agentes infecciosos: Resposta inespecífica (natural ou inata): E constituída de mecanismos de defesa bioquímicos e celulares presentes no organismo. É de reação rápida ao agentes infecciosos (de minutos a horas). Ex: a fagocitose. Seus principais componentes são: Barreiras físicas: a pele e as mucosas; Barreiras fisiológicas: secreções das glândulas sudoríparas e sebáceas, das mucosas, atividades ciliares do epitélio das vias respiratórias, saliva, acidez gástrica e urinária, ação mucolítica da bile, peristaltismo intestinal, ação da lisozima (enzima que destrói a camada protetora de várias bactérias), presente na lágrima, na saliva e nas secreções nasais; Fatores séricos e teciduais: complemento, interferon; fagocitose. A imunidade inespecífica não necessita de estímulos prévios e não tem período de latência. Esse tipo de imunidade se opõe à colonização, à penetração, à multiplicação e à persistência do agente infeccioso no organismo. A imunidade inespecífica é a linha de frente da defesa do nosso organismo, capaz de impedir que a doença se instale. Tipos de Respostas ao a gentes infecciosos: Resposta específica (adquirida ou adaptativa): corresponde à proteção contra cada agente infeccioso ou antígeno. De reação que se desenvolve mais lentamente (dias ou semanas), resposta imune específica. Ex: a produção de anticorpos específicos para o sarampo. Importante: as células da resposta imunológica são produzidas na medula óssea. (linfócitos T e B são encontrados na MO (medula óssea), no timo, nos gânglios linfáticos, baço e nas placas de Peyer (no intestino). Bruna Melo T. Chaves Enfermagem Comunitária. 2 A imunidade ativamente adquirida: doença ou vacina: Exige estímulo prévio para se desenvolver, podendo resultar de infecção subclínica ou de doença de que o indivíduo se curou, ou de estímulos provocados por antígenos específicos (substâncias próprias dos agentes infecciosos), que o organismo acometido reconhece como substâncias estranhas. A imunidade passivamente adquirida: Via transplacentária: É conferida ao recém- nascido por anticorpos que atravessaram a placenta durante a vida intrauterina, Aleitamento materno: anticorpos presentes no leite materno e no colostro e pelos anticorpos contidos nas imunoglobulinas heterólogas (soros) e; nas imunoglobulinas humanas administradas profilática ou terapeuticamente em determinadas situações clínicas. Imunidade ativa: é duradoura: Imunidade ativa naturalmente adquirida: obtida através de infecção ou doença. Imunidade ativa artificialmente adquirida: obtida pela inoculação de vacinas. Imunidade passiva: é de curta duração: Imunidade passiva naturalmente adquirida: pode ser obtida por transferência da mãe para o filho (placenta, amamentação). Imunidade passiva artificialmente adquirida: é obtida pela administração de soros e imunoglobulina humana. Resposta imunológica: Esta resposta leva um tempo determinado, qualquer novo estímulo neste intervalo não altera a resposta, logo todas as vacinas possuem um intervalo mínimo entre as doses. No entanto, se houver formação de linfócitos de memória, sempre que houver um novo contato com o antígeno, a resposta continuará do ponto onde parou, logo, não existe intervalo máximo entre as doses, em outras palavras não devemos repetir ou recomeçar um esquema vacinal. *As doses administradas deverão ser consideradas e o esquema deverá ser completado. A vacina: É o imunobiológico que contém um ou mais agentes imunizantes (vacina isolada ou combinada) sob diversas formas: Bactérias ou vírus vivos atenuados (enfraquecidos); Vírus inativados; Bactérias mortas e componentes de agentes infecciosos purificados e/ou modificados quimicamente ou geneticamente. Vacinas combinadas: várias vacinas no mesmo frasco. Vacinas conjugadas: contém polissacarídeos aumenta o poder imunogênico para soroconverter. Vacinação: “É conseguida através da administração de antígenos preparados com uma suspensão de agentes infecciosos ou partes deles convenientemente processados com a finalidade de induzir o receptor ao desenvolvimento de um estado imunitário específico protetor e relativamente duradouro.” (Moreira, 2004) A saber: Anticorpos e células de memória. Os fatores que influenciam nos níveis ideais de proteção são: Fatores Inerentes às vacinas: Cadeia de frio — a vacina deve ser mantida em temperatura adequada (entre 2º e 8º) desde sua fabricação até o momento da Bruna Melo T. Chaves Enfermagem Comunitária. 3 aplicação, passando pelo processo de transporte. Esquemas recomendados - deve-se seguir o esquema de dose, via de administração e intervalos adequados para cada vacina/faixa etária. Fatores Inerentes ao organismo que recebe a vacina Idade; Doença de base ou intercorrente; Tratamento imunossupressor. Evento Adverso: É definido como qualquer ocorrência médica indesejada após a vacinação e que, não necessariamente, possua relação causal com a vacina ou imunobiológico. A grande maioria das reações é: Local e/ou sistêmica e de baixa gravidade e Não constituem contraindicação para doses subsequentes, sendo por esta razão as ações de vigilância voltadas para os eventos moderados e graves. Nos casos de reação em local de aplicação: recomenda-se o uso de compressas frias nas primeiras 24 a 48 horas após a administração da vacina ou imunobiológico e uso de analgésicos, “somente se necessário”. Os abscessos e Reação de Arthus devem sersubmetidos à avaliação médica, para conduta apropriada (uso de antibióticos, drenagem cirúrgica, etc.) Convulsão Afebril e convulsão febril ATE 48H APÓS VACINAÇÃO: Deve ser tratada como qualquer outra convulsão. Embora a maioria das crises cesse espontaneamente em poucos minutos, aquelas mais prolongadas exigem tratamento. Nestes casos, devem ser adotadas as medidas básicas de suporte e a crise com drogas anticonvulsivantes. Atenção: Notificar todos os casos de convulsão até 72 horas após a vacinação na FICHA DENOTIFICAÇÃO/INVESTIGAÇÃO DE EVENTOS ADVERSOS PÓS-VACINAÇÃO (https://saude.es.gov.br/formularios-3) e encaminhar a notificação para a Referência da Vigilância de Eventos Adversos Pós- vacinais da Secretaria de Saúde do município para orientação específica. Episódio Hipotônico-hiporresponsivo: Associado à vacina combinada contra difteria, tétano, pertussis (dTp)e Haemophilus influenzae tipo b (HIB B). De início súbito de hipotonia e hiporresponsividade, associadas à alteração da coloração da pele (palidez ou cianose), que ocorrem dentro de 48 horas após a vacinação de crianças, sem outras causas que justifiquem sua ocorrência. Síncope: O paciente apresenta ansiedade, palidez, sudorese, extremidades frias e, às vezes, hipotensão. Está associada à fobia de injeções e reverte-se espontaneamente desde que o paciente seja colocado em decúbito dorsal e aguardem-se alguns minutos. Bruna Melo T. Chaves Enfermagem Comunitária. 4 Geralmente não é necessária qualquer intervenção ou medicação, mas é necessário que os sinais vitais sejam checados (pressão arterial, pulso e frequência respiratória). OBS: Os pacientes que relatam episódios anteriores de síncope devem ser identificados e permanecer sob observação por 30 minutos a 2 horas após a vacinação. Alergia a ovo: Entre as vacinas que possuem proteínas do ovo na sua composição estão a: tríplice viral (cuja quantidade é muito pequena), a influenza (cujo volume proteico varia até 42 μg/mL, porém atualmente existem claras evidências de que pode ser administrada com segurança a pacientes com alergia ao ovo). e o imunizante contra febre amarela. Em relação à vacina febre amarela, ocorre o cultivo em ovos embrionados de galinha, com a permanência de maior quantidade de proteínas. Foram relatados casos de erupção cutânea, urticária, broncoespasmo e reações anafiláticas, inclusive com choque, após a aplicação da vacina. Os sintomas ocorreram na primeira hora após administração, principalmente em pacientes jovens. Alergia à proteína do leite de vaca: A vacina Rotavírus dos laboratórios Biomanguinhos, GSK e Merck, não contém em sua composição a proteína do leite de vaca. A vacina tríplice viral do laboratório Serum- Índia contém lactoalbumina hidrolisada. Para pacientes diagnosticados com alergia ao leite de vaca, as unidades de saúde devem realizar a vacinação com as vacinas Tríplice Viral dos laboratórios Fiocruz – BioManguinhos ou Sanofi Pasteur. Reações alérgicas Urticariformes sem sinais sistêmicos: Caracteriza-se por lesões urticariformes, disseminadas ou localizada, após vacinação. Pode ser por alergia a algum componente do imunobiológico (ex: gelatina, antibiótico, etc). Está indicado uso de anti-histamínico para tratamento no caso de urticária ou exantema pruriginoso e corticosteroide, na dependência da intensidade e tipo das manifestações alérgicas. Em algumas situações recomenda-se vacina supervisionada nas doses subsequentes. OBS: O uso prévio de anti-histamínico é controverso, pois pode ser desnecessário e até interferir na avaliação do quadro. Contra indicações gerais: Imunodeficiência congênita ou adquirida; Neoplasias malignas; Corticoterapia prolongada em doses altas: Para crianças: superior a 2mg/kg/dia Para adultos: superior a 20mg/kg/dia, por tempo superior a 14 dias. OBS: Ver as contraindicações específicas de cada vacina Adiamento da vacinação: Doenças agudas febris graves; Transplantes de medula; Terapia imunossupressora; Bruna Melo T. Chaves Enfermagem Comunitária. 5 Uso de imunoglobulina. OBS: Vacina contra febre amarela. Não mais procede. Falsa contra-indicação: Doenças benignas comuns; Desnutrição; Vacina contra raiva em andamento; Doença neurológica estável; Antecedente familiar de convulsão; Uso de corticóide por terapia curta; Prematuridade ou baixo peso ao nascer, exceto BCG (2kg); Não há limite superior de idade para aplicação de vacina, COM EXCEÇÃO para DTP e DT infantil, cujo limite é: 6 anos, 11 meses e 29 dias. Rotavírus (07 meses e 29 dias). HIV positivo: é possível aplicar todas as vacinas do PNI, implica dizer, carga viral baixa e alta contagem de linfócito CD4. Exceção: BCG é contraindicada; AIDS: evitar vacinas de vírus vivo. Vacina da Covid-19: Intervalo entre vacinas covid e outras vacinas: 12 anos de idade ou mais: não há necessidade de intervalo 5 a 11 anos de idade: intervalo de 15 dias entre qualquer vacina covid e outras vacinas do PNI. As gestantes e puérperas deverão ser vacinadas com vacinas COVID-19 que não contenham vetor viral (Sinovac/Butantan ou Pfizer/Wyeth). As gestantes e puérperas que já tenham recebido a primeira dose da vacina AstraZeneca/Fiocruz deverão completar o esquema primário com a vacina da Pfizer. As gestantes e puérperas em idade inferior a 18 anos deverão ser imunizadas preferencialmente com o imunizante Pfizer e alternativamente com a Coronavac. As gestantes e puérperas que já se imunizaram com a vacina da AstraZeneca/Fiocruz ou Janssen, devem ser orientadas a procurar atendimento médico imediato se apresentarem um dos seguintes sinais/sintomas nos 4 a 28 dias seguintes à vacinação: Os seis “CERTOS” da vacinação Cuidados a serem observados pelo vacinador: Paciente Certo: confirmar o nome do paciente para evitar a aplicação em pessoa errada. Vacina Certa: conferir pelo menos três vezes qual vacina deve ser preparada para administração. Momento Certo: analisar cuidadosamente a carteira de vacinação para ter certeza de que é o momento correto para administrar determinada vacina. Dose Certa: administrar a dose correta. O cuidado deve ser redobrado quando a apresentação da vacina for multidose. Preparo e Administração Certos: preparar a vacina de acordo com sua apresentação. Exemplos: diluir o pó da vacina com o conteúdo inteiro do diluente; não agitar a vacina com força após a diluição; aspirar todo o conteúdo, quando a vacina for Bruna Melo T. Chaves Enfermagem Comunitária. 6 monodose, e a dose correta quando esta for multidose; utilizar a agulha correta e escolher Sítio- a melhor área para a aplicação da vacina — se subcutânea ou intramuscular, na perna ou no braço. VACINAS: CARACTERÍSTICAS E COMPONENTES:Vacinas INATIVADAS. Vacina tríplice bacteriana DTP (contra difteria, tétano e coqueluche). Vacina dupla bacteriana DT ( contra difteria e tétano). Vacina pentavalente (difteria, tétano, pertussis, hepatite B e Haemophilus influenzae). Vacina contra hepatite A. Vacina contra hepatite B. Vacina combinada contra as hepatites A e B. Vacina contra o Haemophilus influenzae tipo b – HIB. Vacinas contra a doença meningocócica. Vacinas contra a doença pneumocócica. Vacina injetável contra a gripe – influenza . Vacina contra HPV. Vacina injetável contra poliomielite (VIP). VACINAS: CARACTERÍSTICAS E COMPONENTES: VIVAS ATENUADAS. Vacina oral contra a poliomielite - VOP (Sabin). Tríplice viral (contra o sarampo / rubéola / caxumba). Vacina contra varicela. Vacina contra a febre amarela. Vacina contra formas graves de tuberculose (BCG). Vacina contra o rotavírus. Covid 19. VACINAS: CARACTERÍSTICAS E COMPONENTES: O ADJUVANTE Imunopotencializador adicionado à vacina para elevar a resposta imunológica, ex.: hidróxido (ou fosfato) de alumínio. Os CONSERVANTES Antibióticos. -Por exemplo: gentamicina e neomicina, Timerosal. VACINAS: APRESENTAÇÃO: VACINAS LÍQUIDAS- Quando devidamente conservadas, mantêm sua potência até a data de validade, diante do manuseio adequado, porém independente do uso diário. VACINAS LIOFILIZADAS- Devem ser reconstituídas antes do uso. Estes produtos vêm acompanhados de seu respectivo diluente, não podendo ser trocado ou substituído por outro. Bruna Melo T. Chaves Enfermagem Comunitária. 7 TERMOESTABILIDADE DOS IMUNOBIOLÓGICOS: Conservação é fundamental para garantir a qualidade da vacina desde a produção até o momento da utilização. A termoestabilidade dos imunobiológicos varia de acordo com as características de cada produto. - Vacinas inativadas: tolerância à elevação de temperatura. - Vacinas vivas: sensíveis à elevação de temperatura. Recomenda-se que, no serviço de vacinação, os imunobiológicos sejam mantidos em temperatura positiva, entre +2ºC e +8º. CUIDADOS COM OS RESÍDUOS DA SALA DE VACINAÇÃO: Acondicionar em caixas coletoras de material perfurocortante os frascos vazios, com perdas técnicas e perdas físicas, além de outros resíduos perfurantes e infectantes (seringas e agulhas usadas); Acondicionar as caixas em sacos plásticos brancos leitosos; Encaminhar para CME (Central de material e esterilização), na própria unidade de saúde ou outro estabelecimento, a fim de que os resíduos sejam inativados, Resolução nº 358/2005 CONAMA. Inativação ocorre por autoclavagem durante 15 minutos, a temperatura de 121ºC a 127ºC, após podem ser acondicionados e descartados no lixo hospitalar. LIMPEZA DA SALA DE VACINA: Limpeza concorrente: limpeza diária, deve ser realizada ao menos 2 vezes ao dia; Limpeza terminal: é mais complexa, deve ser realizada a cada 15 dias (piso, teto, paredes,portas, janelas, mobiliário, luminárias, lâmpadas, e filtros de ar condicionado); Não varrer, utilizar panos úmidos; Solução desinfetante hipoclorito à 1% (10 ml para cada litro de água); Limpeza dos equipamentos de refrigeração (geladeiras e freezer devem ser feitas pelo técnico/auxiliar); Não proceder limpeza em final de semana ou feriados. APLICAÇÃO DE VACINAS: VIA ORAL -A solução é introduzida na cavidade oral e é utilizada para substâncias que são absorvidas no trato gastrintestinal. Indicação: Vacina oral antipoliomielite (Sabin) VOP; Rotavírus. VIA INTRADÉRMICA-A solução é introduzida na camada superficial da pele e a absorção é mais lenta. Indicação: Vacina BCG, 0,1mL, na inserção do músculo deltoide direito. APLICAÇÃO DE VACINAS: VIA SUBCUTÂNEA Também tem lenta absorção, pois se trata de um tecido menos irrigado geralmente indicada para vacinas de vírus atenuado. Indicação: Vacinas anti-sarampo, caxumba, Rubéola e Varicela (tríplice viral e tetra viral); Febre amarela; Influenza (dependendo do laboratório) VIA INTRAMUSCULAR Utilizada para administração de soluções irritantes com volume máximo de 5mL em Bruna Melo T. Chaves Enfermagem Comunitária. 8 adultos; em crianças varia de 0, 25 a 1ml, no vasto lateral da coxa é considerado seguro. Tem rápida absorção, porque é uma região bastante vascularizada. Indicação: Tríplice bacteriana (DTP); Dupla bacteriana adulto ou infantil (dT ou DT); Haemophilus influenzae tipo B, (Hib); Hepatites A e B; Meningocócica; pneumocócica; HPV; entre outras. IMPORTÂNCIA DAS VACINAS: 76% dos pacientes NÃO completam os calendários básicos de imunização *. Apenas 7% recebem orientação adequada*. 90% dos casos de tétano em SP ocorrem entre adultos*. Hepatite B mata mais que a AIDS. VACINAÇÃO; DIREITO, DEVER E RESPEITO À VIDA!
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