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DESAFIO
A partir do conteúdo estudado, deverá responder às seguintes perguntas:
 1) O que é um Processo  Administrativo?
 2) ) Quando é cabível Defesa Administrativa?  
Justifique.
 
  PROCESSO ADMINISTRATIVO
O processo administrativo é uma ferramenta utilizada pelo poder público dentro da esfera de poder que a instituição ou órgão está inserida.
O processo administrativo é definido como sendo a sequência de ações que são realizadas pela Administração Pública, com o objetivo de dar legitimidade a algo previsto em lei.
Se não houvessem os processos administrativos, as ações do poder público não seriam padronizadas, e muitas vezes, poderiam até não terem princípios legais que as sustentem.
Assim sendo, podemos dizer que o processo administrativo tem grande importância (sobretudo, em uma sociedade democrática), pois essa ferramenta garante com que o poder público cumpra o que está previsto em lei, e ainda aplique os esforços para que as leis sejam consolidadas em âmbito nacional.
 
ESPÉCIES DE PROCESSO ADMINISTRATIVO
Não há, na doutrina, unanimidade quanto a classificação dos processos administrativos. Cada autor classifica os processos administrativos de acordo com um critério que deseja ressaltar.
Destacamos a classificação fundada no conteúdo do processo.
Há seis espécies de processo administrativo: expediente, gestão, outorga, restritivo de direitos, sancionatório e de controle.
 Os processos de expediente são extremamente simples e são inerentes à rotina burocrática da administração.
Os processos de gestão são mais complexos que os de expediente e destinam-se a instrumentalizar decisões administrativas de gestão da coisa pública.
Os processos de outorga são aqueles por intermédio dos quais a administração pública confere um direito a um cidadão. Podem ser simples ou de concorrência. Serão simples quando um número ilimitado de outorgas puder ser realizado. Um exemplo desse tipo de processo é a outorga do direito de construir. Serão de concorrência quando somente um número limitado de outorgas puder ser realizado. Um exemplo desse tipo de processo é a licitação, onde diversos interessados concorrem ao direito de vender um bem ou prestar um serviço para a administração.
Nos processos restritivos de direito são impostos gravames ou suprimidos direitos. Por intermédio deles são impostas obrigações de fazer ou não fazer aos cidadãos.
Os processos sancionadores são aqueles onde se impõe ao cidadão uma sanção decorrente da prática de um ato ilícito. São os processos por intermédio dos quais se aplicam penalidades. Muitas vezes a aplicação de sanções se dá juntamente com a restrição de direitos. Nesse caso, haverá uma espécie mista de processo.
Os processos de controle são aqueles processos nos quais se analisa a correção da conduta de um agente público. Exemplos desse tipo de processo são os iniciados pelas controladorias internas ou pelos tribunais de contas. No curso do controle um ato ilícito pode ser identificado e, a partir desse momento, inicia-se um processo sancionador.
 
ETAPAS DO PROCESSO ADMINISTRATIVO
A depender da situação, as etapas do processo administrativo podem variar.
Todas as fases do processo administrativo têm como objetivo propiciar uma decisão justa sobre os atos, fatos, situações ou direitos perante determinado órgão.
De forma geral, as etapas do processo administrativo são 5: instauração, instrução, defesa, relatório e julgamento.
Para facilitar o entendimento, explicamos cada uma delas a seguir:
 
 - Instauração: é a fase inicial, deve ser por escrito. Essa etapa é iniciada pela própria instituição, seja através de ofício, requerimento ou a pedido;
- Instrução: depois de instaurado, a etapa de instrução tem por objetivo averiguar a situação que deu origem ao processo administrativo, por isso, deve ter comprovação e convencimento para que a Administração Pública possa tomar uma decisão. É nessa etapa onde são descritos os fatos, determinadas as diligências, produzidas as provas, chamados os que darão depoimento, feitas as perícias, entre outros;
- Defesa: nessa etapa são assegurados todos os meios legais para que aquele que está sendo acusado, tenha o direito à ampla defesa garantido durante o processo administrativo. O direito à ampla defesa é garantido pela Constituição Federal de 1988.  A defesa (impugnação) administrativa será o instrumento utilizado pela pessoa, fisica ou juridica, que receber um  Auto de Infração  (pode se uma infraçao de trânsito, ambiental,  ou fiscal, por exemplo), nos processos  sancionadores ou Mistos (sancionadores e restritivos).
- Relatório: o relatório é produzido ao longo de todo o processo administrativo, mas é somente depois das fases anteriores que ele pode ser finalizado. O relatório reúne todas as informações do processo administrativo, incluindo os fatos, as provas, os depoimentos e a defesa. Trata-se de uma fase isolada da autoridade julgadora. É comum apresentar-se no relatório uma proposta de aplicação de pena ou de absolvição. 
-  Julgamento: o julgamento é a fase de conclusão do processo administrativo, o qual depois do acesso ao relatório da etapa anterior, caminha-se para a decisão final. Geralmente, o julgamento ocorre de 30-60 dias, a depender do caso e da demanda da instituição.
- Recurso Administrativo é um mecanismo para contestar decisões administrativas. Isso acontece quando há descontentamento e/ou discordância de uma decisão proferida por alguma entidade/órgão da Administração Pública. Tem por objetivo pleitear uma revisão do ato decisório.
Obs.: temos a possibilidade do controle externo dos atos e processos administrativos, que será feito pelo judiciário através das ações judiciais próprias – Mandado de segurança, habeas data, ações ordinárias anulatórias, entre outras.
 
ESTUDO DO CASO
 
 Defesa administrativa e possibilidade de cancelamento da multa e da suspensão do direito de dirigir.
 
No caso em análise neste semestre (ver aula 1), o infrator de trânsito se recusou a realizar o teste no etilômetro.
A infração específica "por recusa ao teste de bafômetro" pode acarretar ao motorista duas penalidades: multa gravíssima, no valor de R$ 2.934,70, e suspensão da CNH por 12 meses.
Observe que a multa é sempre vinculada ao veículo, portanto será cobrada junto ao licenciamento do veículo e de encargo do proprietário do veículo.
Mas não há imposição da multa e da suspensão de forma automática. Haverá um prévio processo administrativo e o condutor poderá apresentar alguns recursos para manter sua CNH regular e buscar o cancelamento da multa e da suspensão.
São três peças que o infrator de trânsito poderá apresentar; Cada um é apresentado conforme a fase do processo administrativo.
 São elas:
-Defesa Administrativa (prévia) , Notificado da instauração do processo de suspensão, o motorista pode apresentar sua defesa ao Detran por escrito até a data-limite que consta na carta enviada pelo órgão. A defesa (impugnação) administrativa será o instrumento utilizado  ao receber o   Auto de Infração  de transito.
 
- recurso à Jari  (junta Administrativa de Recursos de Infrações do Detran) Se não concordar com o resultado, ou não tiver apresentado defesa, o motorista pode recorrer em 1ª instância à Junta Administrativa de Recursos de Infrações do Detran. Esse é um recurso enviado ao órgão de trânsito contra a penalidade já imposta, ou seja, contra a multa e, neste caso, contra a suspensão do direito de dirigir.
 
- recurso à segunda instância. -Caso o recurso à Jari também seja indeferido, o condutor poderá recorrer em 2ª instância ao Conselho Estadual de Trânsito, O recurso deve ser feito por escrito e entregue em até 30 dias a partir do resultado da Jari.
 
 PEÇA  PROCESSUAL - DEFESA ADMINISTRATIVA
A defesa (impugnação) administrativa será o instrumento utilizado  ao receber o   Auto de Infração  de transito.
Observe que a defesa administrativa no processo administrativo de trânsito tem por objetivo buscar o cancelamento do auto de infração, ou seja, o cancelamento da multa e da suspensão, e tem prazo de pelo menos 30 dias contadosda data da expedição da notificação da autuação. (a data-limite que consta na carta enviada pelo órgão)
Nesta fase ainda não ocorreu a aplicação de uma penalidade administrativa, já que a notificação da autuação, que tem de ser expedida pelo órgão de trânsito em até 30 dias contados da data da infração, só informa ao proprietário do veículo a existência de um  auto de infração lavrado no dia da autuação.
 A partir do momento que se protocola a defesa, ocorre um efeito suspensivo e, enquanto durar o julgamento e durante o julgamento dos recursos, o condutor permanece com sua CNH regular e continua dirigindo normalmente, pode até renová-la, sem problemas.
 Esse efeito suspensivo também se aplica sobre a multa, conforme recente alteração no CTB pela Lei nº 14.229/21.
 
 
 - ESTRUTURA DA DEFESA ADMINISTRATIVA:
- Endereçamento
- Número do auto de infração
- Preâmbulo (Nome, qualificação, fundamento legal)
- Fatos
- Direito
- Pedidos
- Local, data e assinatura
 
 Principais pontos para a defesa no auto de infração de transito do condutor
 O processo de autuação, preenchimento do auto de infração de trânsito (AIT) e todo o andamento do processo para imposição da multa e da suspensão, demanda, por parte do órgão de trânsito, devem observar inúmeras regras formais previstas em lei e em resoluções do Contran.
  Então, basicamente, a defesa que trará bons resultados deverá ser elaborada com atenção aos detalhes de cada fase, e podem ser questionados os seguintes pontos, a depender do caso concreto:
1-Ausência de notificação.
A questão é pacifica nos tribunais, inclusive o próprio Superior Tribunal de Justiça, por meio da Súmula 312, determina que “No processo administrativo para imposição de multa de trânsito, são necessárias as notificações da autuação e da aplicação da pena decorrente da infração”.
Dessa forma, ainda que tenha gravidade à infração praticada pelo condutor, se verificada a irregularidade apontada no procedimento administrativo, será impositiva a desconstituição da penalidade aplicada, pois, em se tratando de infração cometida pelo condutor, tais notificações devem ser endereçadas a ele, tendo em vista a incidência do art. 257, § 2º e 3º e do art. 282, ambos do CTB, não se sustentando a alegação de que as notificações deveriam ser direcionadas, exclusivamente, ao proprietário, que sequer participou da infração intimamente ligada à condução do veículo.
 
2- Expedição de notificação de autuação após 30 dias da data do fato.
O período de 30 dias é decadencial para expedição da notificação após a autuação, ex lege:
Art. 281, CTB. “A autoridade de trânsito, na esfera da competência estabelecida neste Código e dentro de sua circunscrição, julgará a consistência do auto de infração e aplicará a penalidade cabível.
Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e seu registro julgado insubsistente:
I - se considerado inconsistente ou irregular;
II - se, no prazo máximo de trinta dias, não for expedida a notificação da autuação. 
3-Ausência de decisão motivada e fundamentada.
A vedação parte desde a Constituição Federal, mas em especial, o próprio Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503/97), no artigo 265 deixa claro que: “As penalidades de suspensão do direito de dirigir e de cassação do documento de habilitação serão aplicadas por decisão fundamentada da autoridade de trânsito competente, em processo administrativo, assegurado ao infrator amplo direito de defesa.”
 
A Lei 9.784/1999 que regula o processo administrativo federal também estabelece a obrigatoriedade de decisão fundamentada em seu artigo 50.
 
Pelo procedimento dos arts. 260 a 290, do CTB, não restam dúvidas a necessidade de fundamentação da decisão e de possibilidade de defesa e recursos.
 
4-Prescrição.
Também não cabe ao Estado o direito de dispor de tempo infinito para punir o cidadão, tendo a prescrição como uma medida de marco legal de proteção e segurança jurídica.
 
Neste caso, temos que a prescrição no processo administrativo de trânsito obedece a lei nº 9.873/99, podendo ocorrer: prescrição da ação punitiva em 5 anos, prescrição da ação executória em 5 anos, e prescrição intercorrente em 3 anos.
 
5- Preenchimento do auto de infração de forma precária.
O auto de infração de trânsito (AIT), não pode ser preenchido de forma precária faltando elementos caracterizadores da infração que será imposta ao autuado ou em desacordo com as regras legais, o que  fere o direito ao contraditório e a ampla defesa.
Cabe ao autuado verificar com a atenção o AIT, pois, qualquer erro ou falta de preenchimento conforme determina a legislação de trânsito, pode ensejar a anulação do ato.
6- Falta de indicação dos dados obrigatórios sobre o aparelho etilômetro.
No caso da multa por resultado positivo no “bafômetro”, a regra é que  a marca, o modelo e o nº de série do aparelho, o nº do teste, a medição realizada, o valor considerado e o limite regulamentado em mg/L. devem estar indicados no AIT, e  no caso da recusa ao teste, também devem constar as informações da marca, modelo e nº de série do etilômetro.
 
7- Contestação do estado de embriaguez
Além das possíveis falhas acima apontadas, existe também a possibilidade de o condutor fazer a contraprova de sua embriaguez.
 
O que estabelece a lei sobre os níveis de consumo permitidos por parte do condutor?
Após várias mudanças nos níveis de ingestão de álcool por parte do condutor, atualmente, o nível máximo é tolerância zero para qualquer concentração de álcool por litro de sangue (ou seja, se feito exame de sangue qualquer concentração de álcool já será suficiente para a autuação) e de 0,05 miligrama de álcool por litro de ar alveolar expirado (0,05 mg/l)
 
E no caso de concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar, ou sinais que indiquem alteração da capacidade psicomotora, pode o condutor responder a processo criminal, que prevê pena de seis meses a três anos.
 
 
Recusa ao etilômetro e a multa.
Por garantia  Constitucional, o cidadão não é obrigado a produzir provas contra si mesmo.
 
Apesar de ser lícita a recusa em fazer o exame, segundo o artigo 165-A do CTB – Código de Trânsito Brasileiro, o motorista estará sujeito às mesmas sanções que sofreria se tivesse feito o exame com resultado positivo.
 
Os defensores da multa, inclusive o STF, que decidiu sobre a constitucionalidade do art. 165-A em 2022, sustentam que a infração é meramente administrativa e por isso legítima a multa e suspensão aplicada, e que não caberia o direito de recusa como forma de isenção das penalidades, já que não se trata de sanções de caráter criminal.
 
Possibilidade de fazer contraprova e contestar o auto de infração.
Observe que a legislação cita basicamente quatro meios de fiscalizar o consumo de álcool:  teste de bafômetro, exame de sangue, laudo médico e auto de constatação (este último é feito pelo agente da autoridade de trânsito no local da autuação). O teste de bafômetro é o mais utilizado por sua praticidade.
O condutor, portanto, poderá fazer, por conta própria, o exame de sangue ou o laudo médico como contraprova após ser liberado da autuação.
A contraprova terá por objetivo provar que o condutor não estava dirigindo sob influência de álcool e que não se furtou da fiscalização de trânsito; porém essa contraprova tem de ser feita em até 24hs da autuação, esse é um tempo admitido pela jurisprudência para dar validade à prova.
Este direito à contraprova não é expressamente previsto na legislação de trânsito, mas é um direito admitido como regra geral em nosso sistema jurídico.
 
- DICA DO PROFESSOR:
 Suspensão do direito de dirigir e pontuação da CNH.
 
Além de prever uma multa de valor expressivo, o Código de Trânsito Brasileiro - CTB (Lei n. 9.503/97), ainda prevê uma penalidade de suspensão do direito de dirigir por 12 meses e ainda considera que se trata de  infração gravíssima, portanto, o condutor ainda terá 7 pontos inseridos no seu prontuário.
 
   - SAIBA +
 
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