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Microfísica do Poder Livro: Vigiar e Punir/ Focault Contrapondo a ideia “macrofísica” de um poder que está situado apenas nas relações de força que existem nas altas classes e no Estado, Foucault formulou a ideia de “microfísica” afirmando que o poder está diluído em todos os setores da sociedade sob a forma de relações (FORNERO, 2007). O método genealógico foi fundamental para contrapor a ideia de um poder macrofísico defendido pelos marxistas, e apresentar uma nova concepção de poder que se espalha por todo o tecido social alcançando todos os níveis e classes da sociedade, esta inovadora análise Foucault chamará de Microfísica do Poder. Na Idade Clássica, a soberania era a forma de poder predominante. “a partir da multiplicidade dos indivíduos e das vontades, é possível formar uma vontade única, ou melhor, um corpo único, movido por uma alma que seria a soberania” (FOUCAULT, 1979, p. 183). Súdito serve de forma voluntária Poder soberano é absoluto Sociedades absolutistas –> precede a democracia Poder soberano Ou seja, trata-se de analisar o poder partindo não do centro (que é entendido como o Estado), mas das periferias. Pois, é analisando as relações de poder nos níveis periféricos da sociedade que se pode ter uma noção melhor de como ele torna-se onipresente em todas as estruturas sociais. Poder soberano Sua análise não partirá da soberania em seu “edifício único”, mas dos súditos em suas relações recíprocas e das varias formas de sujeição que funcionam no íntimo de todo o “tecido social”. Ou seja, Foucault elabora sua análise do poder não a partir do soberano, mas como os súditos foram constituídos gradualmente a partir da “multiplicidade dos corpos” e como aconteceu o progresso de sujeição que constituiu o sujeito que existe em cada súdito. Poder disciplinar A disciplina não é uma instituição, nem um aparelho de Estado. É uma técnica de poder que funciona como uma rede que vai atravessar todas as instituições e aparelhos de Estado. Essa disciplina é um mecanismo que propiciará uma transformação do sujeito, tirando da “força do corpo” sua “força política” e tornando máxima sua “força útil”. Todavia, apesar de se falar muito em força, o poder disciplinar não será imposto com uma forma de violência explicita, mas totalmente discreto e sutil, para que não seja percebido, sobretudo pelo fato de já ter existido métodos violentos que não alcançaram resultados tão eficazes como a disciplina. O poder disciplinar “métodos que permitem o controle minucioso das operações do corpo, que realizam a sujeição constante de suas forças e lhes impõem uma relação de docilidade-utilidade.” Busca atingir a dominação de forma não violenta e garantindo a utilidade Corpo como alvo e objeto de poder Inicio do séc. XVII: soldado se reconhece de longe (força, valentia, retórica corporal de honra) Metade do séc. XVIII: soldado fabricado (“de um corpo inapto, fez-se a máquina de que se precisa”) Em qualquer época ou sociedade o corpo está atribuído a obrigações, regras e modelações. Designa um corpo dócil aquele que pode ser manipulado, moldado, transformado. O poder disciplinar Controle: poder infinitesimal sobre o corpo ativo. - Exercer sobre ele uma coerção sem folga, de mantê-lo ao nível mesmo da mecânica — movimentos, gestos atitude, rapidez - Desloca do comportamento ou da linguagem do corpo para focar na eficácia do corpo (movimentos, organização interna). -Se diferencia da escravidão (violência), domesticidade (vontade do patrão), vassalidade (submissão) Coerção: Tornar o corpo tanto mais obediente quanto mais útil - Aumento da aptidão e intensidade da dominação “Uma manipulação calculada de seus elementos, de seus gestos, de seus comportamentos.” Referência: (FOCAULT,1987) O poder disciplinar “A disciplina aumenta as forças do corpo (em termos econômicos de utilidade) e diminui essas mesmas forças (em termos políticos de obediência).” Onde encontramos? Colégios, escolas primárias, hospitais e organização militar Em se se assemelham? Nas técnicas essenciais que formam os corpos dóceis. Se generalizam e tendem a cobrir o campo social como um todo Para fazer valer o seu poder e autoridade a disciplina utiliza duas regras: a arte das distribuições e a do controle da atividade. Referência: (FOCAULT,1987) Vídeo – Parte do documentário Carne e Osso (até 5:23) O controle da atividade 1. O horário: divisão do tempo e qualidade do tempo empregado 2. A elaboração temporal do ato: controle das fases do exercício, do corpo e da execução 3. Donde o corpo e o gesto postos em correlação: “Um corpo disciplinado é a base de um gesto eficiente.” 4. A articulação corpo-objeto: Corpo-máquina -> o sujeito perde a própria personalidade e se transforma e integra numa máquina produtora. 5. A utilização exaustiva: “importa extrair do tempo sempre mais instantes disponíveis e de cada instante sempre mais forças úteis” Referência: (FOCAULT,1987) Poder disciplinar Vigilância hierárquica: controle de produção totalmente observável praticamente exclui o erro e o ócio, aumentando assim os rendimentos. Sanção normalizadora: sanções leves e severas. Tribunal da consciência Tudo o que se desvia ao modelo estipulado é penalizado, porém diferente do processo penal, a disciplina visa à correção Referência: (FOCAULT,1987) Panóptico de Bentham (1785) O panoptismo Nele, a visibilidade é o traço característico, que permite o exercício anônimo do poder, o qual se exerce de maneira automática e desindividualizada. Os indivíduos, sujeitos a esse poder, são treinados e modificados em seus comportamentos. Foram construídos pelo menos 7 edifícios com esse modelo no mundo. Um em Portugal (único a céu aberto), um na França, três na Holanda, um nos Estados Unidos e este da foto: a penitenciária da Ilha dos Pinheiros, em Cuba, construída em 1928 e desativada em 1967 Tecnologias do poder disciplinar: vigilância e controle (punição) O panoptismo “Na sociedade disciplinar os indivíduos sentem-se controlados pela força do olhar, uma vez que no poder panóptico, o observador está permanentemente presente a observar e a vigiar os indivíduos.” “o poder está em toda parte; não porque englobe tudo, e sim porque provém de todos os lugares” (FOUCAULT, 1988, p. 89). Esse dispositivo de poder tornou- se indispensável e sua utilização ampliou-se para vários setores da sociedade como, por exemplo, as escolas, as fábricas, os conventos, os hospícios e quaisquer outras instituições no qual o controle sobre o comportamento se fazia necessário. Biopoder Se diferencia do poder disciplinar, em que se volta para o indivíduo O biopoder incide sobre a vida dos sujeitos (controle do corpo e da população) Com isso nasce a preocupação com a saúde e o bem estar da população. E para que esses fatores sejam preservados, será iniciada uma política de policiamento para evitar tudo àquilo que possa ameaçar a vida da população. Biopoder Parte daqueles que coordenam e executam políticas sobre o corpo (ex: médico, o professor e o pedagogo) Objetivo: preservar a vida da população “[...] uma medicina que vai ter, agora, a função maior de higiene pública, com organismos de coordenação dos tratamentos médicos, de centralização da informação, de normalização do saber, (...) de campanha de aprendizado da higiene e da medicalização da população.” (FOUCAULT, 1999, p. 291). Essas medidas são importantes para que se tenha um certo controle de problemas como o da natalidade e da mortalidade, e esse controle é um dos mecanismo de poder do “biopoder”. Do poder disciplinar ao Biopoder O biopoder não suprimirá o poder disciplinar, pois, ele está em outro nível na “escala” do poder, ou seja, na medida em que a técnica disciplinar se dirige ao “homem-corpo”, o biopoder se dirige ao “homem- espécie”. Poder disciplinar : individualizante,corpo-máquina, vigilância e punição Biopoder – massificante, biopolíticas, definição de “formas de viver”
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