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Diagnóstico integrado I 3° semestre – Prof. Dr. Gabriell Borgato Radiologia A radiologia é uma especialidade da medicina que pode diagnosticar doenças através da interpretação de imagens dos órgãos do corpo. Ciência que estuda o interior do corpo humano, por meio de imagens obtidas através dos raios X, os quais são capazes de atravessar objetos e imprimir a imagem deste numa película de filme. Radiografia Também chamado de raio-X (Radiação Ionizante produzida por elétrons em trânsito na eletrosfera.), a radiografia é um exame de imagem não-invasivo que funciona usando radiação em baixas doses para identificar rapidamente alterações na estrutura de ossos e de órgãos internos. Representação é a imagem radiográfica que nada mais é do que a tradução dessa interação dos raios-x nos tecidos do corpo humano. Dependendo a estrutura do corpo, a radiação terá mais facilidade ou mais dificuldade em atravessá-la, fazendo com que a imagem apareça mais escura (imagem radiopaca) ou mais esbranquiçada (imagem radiolucida). Por exemplo, um osso, por ser denso, bloqueará a maior parte da radiação. Histórico • 1895: descobrimento dos raios X. • 1932: descobrimento do nêutron, quando tornou-se possível a geração artificial de átomos radioativos, que atualmente são fundamentais em diversas aplicações médicas e industriais. • 1895: Wilhelm Conrad Roentgen realizava experiências sobre condução da eletricidade por meio de gases, no instituto de física de Würzburg, na Alemanha, quando observou, casualmente, a fluorescência de uma chapa recoberta com platinocianeto de bário que se encontrava nas proximidades de seu experimento. Ao recobrir o dispositivo que utilizava em seus estudos com papel preto, verificou que mesmo assim ocorria fluorescência da tela, e que a energia emitida pelo dispositivo atravessava várias substâncias opacas à luz comum, afetando também as chapas fotográficas. Continuando seus estudos, Roentgen verificou ser possível registrar sombras de estruturas ósseas através do uso desses raios que não refletiam nem refratavam como a luz visível, e, devido à natureza incerta da radiação, denominou-os de raios X. • 1895 – Dr. Otto Walkhoff realizou a 1ª radiografia dentária da sua própria boca utilizando placa fotográfica de vidro envolta num papel preto, a uma exposição de 25 minutos. • 1896 – Abril Dr. Morton fez a 1ª radiografia dentária nos USA. Utilizou filme radiográfico em rolo, envolto em papel preto. No Brasil, Francisco Pereira Ramos, da Escola Politécnica de São Paulo, usando uma bobina de Ruhmkorff e um tubo de Crooks, obteve a primeira chapa radiográfica do país. • 1865-1928 – Edmund Kells é considerado o mártir da Radiologia Odontológica, pois em virtude de ter realizado inúmeras pesquisas clínicas, com a aplicação dos raios X, foi vítima de seus efeitos biológicos. Sofreu inúmeras lesões e teve amputadas falanges, dedos e a mão, furos que o levaram ao suicídio. • 1896: Radiografia da mão como conclusão de uma conferência feita por Roentgen à Sociedade de Física Médica. O objetivo foi demonstrar que os raios X podem atravessar os tecidos moles da mão, mas são absorvidos pelo tecido ósseo e pelo metal dos anéis. • 1901: Roentgen recebeu o Prêmio Nobel de Física. Logo após a descoberta da produção controlada de raios X, iniciou-se a sua utilização em procedimentos diagnósticos, sendo o setor odontológico de fundamental importância para o rápido desenvolvimento de técnicas de geração de imagens por raios X, técnicas ainda hoje utilizadas. Radiação Radiações são ondas eletromagnéticas ou partículas que se propagam com uma determinada velocidade. Contêm energia, carga eléctrica e magnética. Podem ser geradas por fontes naturais ou por dispositivos construídos pelo homem. Possuem energia variável desde valores pequenos até muito elevados. As mais conhecidas são: Luz, micro-ondas, ondas de rádio, radar, laser, raios X, radiação gama. As radiações eletromagnéticas se comportam como ondas e em outras condições, como partículas (fluxos de partículas com massa em alta velocidade). Exemplos: raios alfa, raios beta, nêutrons. Dependendo da quantidade de energia, uma radiação pode ser descrita como não ionizante ou ionizante. - Não ionizante: possuem relativamente baixa energia e estão sempre a nossa volta. Ondas eletromagnéticas como a luz, calor e ondas de rádio são formas comuns de radiações não ionizantes. - Ionizante: consiste em ondas eletromagnéticas com energia suficiente para fazer com que os elétrons se desprendam de átomos e moléculas, alterando sua estrutura – num processo conhecido como ionização. Como resultado, eles tornam-se eletricamente carregados. Radiação ionizante Existem vários tipos de radiação ionizante, e cada uma tem um poder diferente de penetração e causa diferentes graus de ionização na matéria. • Partícula α: não consegue penetrar nem 0,1 mm de pele, no entanto, sua inalação ou ingestão podem ser muito danosas. Blindagem típica: folha de papel • Partícula β: seus efeitos são superficiais. Blindagem típica: acrílico • Partícula γ e X: seus efeitos ocorrem de maneira mais distribuída devido ao seu grande poder de penetração. Blindagem típica: chumbo e grossas camadas de concreto A radiação pode causar ruptura das ligações nas moléculas (DNA), afetar células somáticas e germinativas (pode transmitir os efeitos pelos genes), além de possuir efeitos cumulativos por toda vida do indivíduo. Natureza das radiações 1- Caminha em linha reta; 2- Possui a velocidade da luz no vácuo; 3- É divergente; 4- Não é desviada pelos campos elétricos e magnéticos; 5- Pode sensibilizar as chapas fotográficas (radiografias); 6- Invisível e inodora; 7- Pode penetrar corpos opacos; 8- Não sofre em condições normais reflexão e refração; 9- Produz ionização nos sistemas biológicos, alterando o metabolismo celular, mitose e quebras cromossômicas; 10- Produz fluorescência em várias substâncias com a consequente manifestação dos efeitos biológicos. Como a radiação pode afetar nosso corpo? Todo tipo de radiação contém determinada dose de energia, que varia conforme sua frequência. Os efeitos biológicos dependem sempre da transferência de energia aos tecidos, a qual, incidindo no organismo humano, provoca uma ação em maior ou menor grau, segundo a quantidade. Assim, os efeitos serão tão mais danosos quanto maior for a frequência da radiação. No processo de interação da radiação com a matéria ocorre transferência de energia, que pode provocar ionização e excitação dos átomos e moléculas provocando modificação (ao menos temporária) na estrutura das moléculas. Radiossensibilidade (Rs) “A radiossensibilidade dos tecidos e das células é proporcional à sua capacidade de reprodução e inversamente proporcional ao seu grau de diferenciação”. Dentre as células humanas mais radiossensíveis, estão: ■Células basais da epiderme ■Eritroblastos ■Células hematopoiéticas da medula óssea ■Espermatogônias (precursoras do espermatozoide) ■Células das criptas nas vilosidades intestinais. Essas células têm a característica de se reproduzirem muito rápido, sendo indiferenciadas da função desempenhada quando maduras. As células do corpo humano mais resistentes à radiação são as nervosas e as musculares, que já se apresentam com diferenciação e não se dividem. Efeitos da radiação Os efeitos biológicos podem ser de ordem somática ou genética e podem pertencer a duas categorias: determinísticos ou estocásticos. Os efeitos somáticos acometem apenas o indivíduo que foi exposto. Os efeitos genéticos são aqueles que podem ocorrer nos descendentes dos indivíduos irradiados devido à irradiação das célulasgerminativas, levando a mutações em gerações futuras. A incapacidade de recuperação do organismo devido à frequência ou quantidade dos efeitos biológicos caracterizam os efeitos orgânicos (são as doenças). Exemplo: catarata, câncer e leucemia. Doses acima de 20 Gy podem causar radiodermite e, que é manifestada por eritema precoce, dor e exudação; o processo evolui para ulceração do tecido. Efeitos determinísticos Dizem respeito à relação causa/efeito imediato entre a exposição ao tecido e o sintoma. Em geral, as manifestações ocorrem em um período de latência curto, questão de horas a semanas. A probabilidade da ocorrência e severidade do dano estão diretamente relacionadas com o aumento da dose que as células do tecido suportam. Esses sintomas caracterizam a chamada síndrome aguda de radiação. ■Vômitos e diarreia: em poucas horas ■Febre, queda de cabelo e perda de peso: em algumas semanas ■Chance de morte em 50% dos casos: em 60 dias (se não houver tratamento). Efeitos estocáticos São aqueles provocados pela ação da radiação que podem alterar o conteúdo do DNA das células, podendo ser transmitidos a gerações futuras. A radiação nos órgãos reprodutores pode modificar o DNA do espermatozoide ou do óvulo e causar anormalidade congênita nos descendentes da pessoa exposta. Não apresentam limiar de dose. O dano pode ser causado por uma dose mínima de radiação. O aumento da dose somente aumenta a probabilidade e não a severidade do dano. Radioproteção A dose de exposição sobre o paciente, o profissional e o meio ambiente sempre deve ser a mínima possível, mas em hipótese alguma dificultando o processo de diagnóstico, pois é imprescindível que os exames radiográficos apresentem condições satisfatórias de diagnóstico. Erros radiográficos significam repetições, ou seja, representam a necessidade de expor o paciente, o profissional e o meio ambiente a novas doses de radiações. Anatomia radiográfica Dentes - Esmalte: É o tecido de maior mineralização do dente, apresentando radiograficamente a imagem mais radiopaca dos tecidos dentários. Recobre toda a coroa, e sua espessura diminui à medida que se aproxima da junção amelocementária. - Dentina: Apresenta menor grau de mineralização e, por isso, radiograficamente aparece menos radiopaca do que a estrutura do esmalte, pelo qual é recoberta e protegida na porção coronária. A dentina corresponde à maior porção radiopaca do órgão dentário, e na raiz encontra-se recoberta pelo cemento. - Cemento: recobre a dentina na porção radicular. Radiograficamente e em condições normais, é impossível distingui-lo da dentina, por apresentar-se com a mesma radiopacidade, além de ter espessura extremamente fina. - Polpa: corresponde a uma área radiolúcida, que se estende da porção coronária, onde simula o formato da coroa, adquirindo uma forma afilada nas raízes, representada pelos condutos radiculares. - Ligamento periodontal: observado radiograficamente como uma linha radiolúcida delgada contornando a periferia das raízes dentárias. - Lâmina dura: É a cortical óssea que envolve a porção radicular. Na radiografia, aparece como uma linha radiopaca contínua contornando o ligamento periodontal. Sua descontinuidade representa o primeiro sinal radiográfico das alterações periapicais. - Crista óssea alveolar: Apresenta-se como uma linha radiopaca contínua, delgada e lisa, cobrindo o osso esponjoso contido nas cristas e passando de um dente ao outro, sem interrupção - Osso alveolar: Chamado também de osso trabecular, ou osso esponjoso. Apresenta-se como uma estrutura trabecular radiopaca, limitada por espaços medulares radiolúcidos. - Canais nutrientes: Vistos como linhas radiolúcidas, que correspondem aos trajetos intraósseos das arteríolas ou veias Maxila - Fosseta mirtiforme: Depressão óssea existente ao nível do ápice dos incisivos laterais e caninos, limitada posteriormente pela eminência canina. Em RX aparece como área radiolúcida. - Sombra do nariz: Equivale à sobreposição da cartilagem nasal sobre o processo alveolar, nos incisivos superiores, provocando aumento da radiopacidade nessa região. - Y de Ennis: Representa a intersecção do assoalho da fossa nasal com a parede anterior do seio maxilar. Consiste em uma estrutura meramente radiográfica em decorrência de efeito de projeção. - Assoalho da fossa nasal: limite inferior da cavidade nasal que forma o Y de Ennis junto com o seio maxilar - Tuber da maxila: Corresponde à região mais posterior do processo alveolar da maxila, apresentando-se como um osso medular normal com um menor grau de radiopacidade, com espaços medulares maiores. - Hamulo perigoideo: está relacionado ao músculo tensor do véu palatino e presta inserção ao ligamento pterigomandibular. Esse reparo anatômico está presente nas radiografias periapicais de molares superiores. Apresenta-se como imagem radiopaca, em forma de um gancho pequeno posterior ao túber da maxila. - Fossas nasais: Em RX de incisivos superiores aparece como imagem radiolúcida acima dos ápices radiculares separadas por uma faixa radiopaca - Espinha nasal anterior: observado nas radiografias periapicais de incisivos centrais superiores, acima dos ápices dentários. Pequena área radiopaca em forma de V vista abaixo do septo nasal, correspondente à sobreposição da maxila na borda inferior da fossa nasal. - Forame incisivo: Encontrado radiograficamente entre as raízes dos incisivos centrais superiores como uma imagem radiolúcida com formato ovalado ou arredondado. Este forame representa a abertura do canal incisivo para a cavidade oral. - canal incisivo: Duas linhas radiolúcidas de forma ovalada, de largura e longitude variáveis, externamente delimitadas por duas outras linhas radiopacas, que são o registro de suas paredes laterais. - Sutura intermaxilar: Corresponde à junção das maxilas, representada radiograficamente por uma linha radiolúcida com contorno irregular, localizada entre os incisivos centrais superiores e muitas vezes sobreposta ao forame incisivo. É mais bem evidenciada nas radiografias periapicais de indivíduos jovens. - Seio maxilar: O seio maxilar é a mais ampla das cavidades paranasais e ocupa a parte central da maxila. Radiograficamente, o seio maxilar apresenta-se radiolúcido, e suas corticais são radiopacas. Podem ser observados extensões ou prolongamentos. ■Extensão anterior: caracteriza-se pela projeção dos seios maxilares para a região de incisivos lateral e canino superiores. ■Extensão alveolar: ocorre quando o seio maxilar se estende para dentro do processo alveolar da maxila, insinuando-se entre as raízes dos dentes ■Extensão para o túber: é a mais comumente encontrada e pode ocupar toda a região do túber da maxila, tornando o local ainda mais frágil e aumentando o risco de fraturas, quando da avulsão dos terceiros molares - Processo zigomático: pode aparecer na radiografia periapical de molares superiores. Apresenta-se como uma espessa linha radiopaca em forma de U ou V, sobreposta à região dos molares superiores. - Processo coronoide: Pode estar presente na radiografia periapical de molares superiores uma imagem radiopaca com forma cônica e contornos nítidos, logo abaixo ou até mesmo sobreposta à região do túber da maxila. Este é o único reparo anatômico da mandíbula que pode ser visto em radiografias periapicais da maxila. Mandíbula - Espinhas genianas: servem de inserção aos músculos gênio-hióideo e genioglosso. Podem ser vistas nas radiografias periapicais de incisivos inferiores, abaixo dosápices dos incisivos centrais - Foramina lingual: ou forame cego, viabiliza a passagem da artéria incisiva ao nervo lingual. Radiograficamente, aparece no centro da área radiopaca correspondente às espinhas genianas como uma pequena área radiolúcida e arredondada. - Protuberância mentual: Reparo anatômico caracterizado pela condensação óssea da mandíbula. Pode ser observado nas radiografias periapicais de incisivos como uma linha radiopaca espessa, em forma de pirâmide, cuja base corresponde à base da mandíbula. - Canal mandibular: Radiograficamente são vistos como linhas radiolúcidas dispostas verticalmente na região de molares. - Base da mandíbula: pode estar presente em qualquer radiografia periapical da mandíbula, e o seu surgimento está diretamente relacionado à posição do filme radiográfico na boca. Nas radiografias periapicais aparece como uma linha intensamente radiopaca. - Forame mentoniano: Este reparo anatômico apresenta-se como uma imagem radiolúcida arredondada ou ovalada entre as raízes ou até mesmo sobreposta aos ápices dos pré-molares inferiores, o que pode ocasionar uma interpretação errônea ao ser confundida com uma lesão periapical (sempre olhar a lâmina dura) - Linha oblíqua externa: apresenta-se como uma faixa radiopaca que cruza transversalmente o corpo da mandibula à altura 1/3 médio das raízes dos molares. - Linha oblíqua interna: linha radiopaca melhor identificada quando cruza a região retromolar e molar Filme radiográfico intraoral Meio usado para registrar a imagem radiográfica depois de ter sido exposta à radiação X e processado nas soluções adequadas. É importante saber o tipo de filme a ser usado e sua característica. Classificação Quanto à utilização: -Intrabucais: são os que colocamos no interior da cavidade bucal; -Extrabucais: filmes colocados fora da cavidade bucal. -Densimétricos: Mede a exposição dos operadores de raios-X. Quanto ao tamanho: ▪ 2,2 X 3,5 cm (infantil); ▪ 3,1 X 4,1 cm; ▪ 2,7 X 5,4 cm; ▪ 5,7 X 7,5 cm. Quantidade: - Simples: quando vem uma película apenas - Duplos: quando vem duas, que possibilitam ao profissional ter duas radiografias idênticas. Sensibilidade: Eficácia com que o filme responde à exposição. Se refere à sua capacidade de produzir imagens com maior ou menor quantidade de radiação. A sensibilidade do filme está ligada diretamente ao tamanho, à organização e aos formatos dos cristais de brometo de prata, como os de iodeto de prata. D- ultraspeed, E- ektaspeed, F- insight. Constituição do filme A embalagem do filme tem como finalidade protegê-lo mecânica e quimicamente de parte da radiação secundária, que dificulta a interpretação da imagem radiográfica. Capa protetora: tem a finalidade de proteger a emulsão do contato com as forças mecânicas durante a manipulação do filme, e são constituídas de uma fina camada de gelatina. Emulsão: A constituição da emulsão é baseada em dois componentes principais: os sais halogenados de prata e a matriz onde se encontram os sais suspensos. Base: Sua principal função é o de suporte para a emulsão. Deve ter flexibilidade, para se acomodar na cavidade bucal. Em um dos cantos da base, existe um pequeno relevo com formato redondo (picote), que serve de orientação para diferenciar os lados direito e esquerdo do paciente. Característica da imagem radiográfica O estudo da formação da imagem radiográfica é composto por vários fatores intrínsecos e extrínsecos. Fazem parte dos fatores intrínsecos a densidade, o contraste, a latitude (propriedades da exposição do filme) e os artefatos inerentes. Exposição Quantidade de energia efetiva que sensibiliza o filme e produz determinada densidade radiográfica após seu processamento químico. Por esse motivo, são usadas diferentes combinações entre tempo (segundos), corrente da ampola (mA) e produção dos raios X (kVp) para determinadas situações. Definição A capacidade de um filme registrar detalhes muito finos e pequenos. Os fatores que influem no detalhe são: granulação do filme radiográfico (quanto maior os cristais de prata, menor o detalhe da imagem; soluções de processamento); quilovoltagem; placas intensificadoras e tempo de exposição aos raios X. Densidade O grau de escurecimento obtido por um filme radiográfico após o seu processamento. Quanto mais o filme é exposto ao raio X, mais escuro ele se torna após o seu processamento, portanto mais denso ficará; tempo de exposição curtos resultam em radiografias de baixa densidade (claras). Contraste A diferença de densidade entre as áreas mais escuras (mais densas) e as mais claras (menos densas). Quando essa diferença é muito grande, denomina-se alto contraste, pois poucas nuances de cinza estão presentes entre a imagem preta e a branca. Já quando se tem uma imagem composta por áreas de cinza-claro e cinza-escuro, denomina-se baixo contraste, pois muitas nuances de cinza estão presentes. Imagem latente A imagem latente corresponde ao processo físico- químico na formação da imagem. É uma imagem invisível produzida na emulsão do filme pela luz ou pelos raios-x e é convertida em imagem visível pelo processamento. A passagem de um fóton por um cristal de brometo de prata enquanto ocorrem os efeitos de absorção transmite uma grande quantidade de energia (energia cinética). Esse grau está em função dos seguintes fatores: comprimento de onda, composição, espessura e densidade do objeto. Durante a passagem do fóton, os cristais de halogeneto de prata existentes na emulsão de um filme modificam-se e o resultado é a precipitação de uma película de prata total atingido pela radiação. O conjunto destas partículas de prata é denominado de imagem latente. Os radicais de brometo, que estavam combinados com a prata precipitada são removidos durante a revelação. Para a formação da imagem latente em imagem visível, é necessário o processo de revelação e fixação da imagem. Processamento do filme radiográfico Sua finalidade é transformar a imagem latente em imagem real. Existem dois tipos de processamento químico para os filmes intraorais: o processamento automático e o método manual, que pode ser em câmara escura ou câmara escura portátil. Câmara escura: É o melhor local para processar uma radiografia. Deve ser um espaço amplo, onde podemos dispor de tanques para as soluções com água corrente abundante, de condições de aquecimento adequado, mesas de trabalho, etc. O fator mais importante é que o ambiente seja “à prova de luz”, condições ideais das soluções reveladora e fixadora, e também para que a temperatura interna não ultrapasse 32,2°C, porque os filmes podem ser sensibilizados pelo calor ou ter sua densidade alterada. Câmara escura portátil: As câmaras portáteis são bastante práticas, não utilizam um espaço muito grande, e quando usadas corretamente, as radiografias apresentam boa qualidade. Deve ser constituída de uma caixa retangular feita de plástico ou fibra de vidro que impeça a transmissão da luz, para evitar o velamento do filme a ser processado. Na sua parte anterior, existem dois orifícios recobertos por um tecido preto, para impedir a transmissão da luz. Em seu interior, encontram-se quatro recipientes feitos de aço inox, destinados ao revelador, à água do banho intermediário, ao fixador e à água do banho final. Soluções de processamento Relevador A função do revelador é converter a imagem latente em imagem visível. Ele amplifica a imagem latente por um fator de milhões (100.000.000), para tornar a imagem de prata metálica visível. Tem capacidade de converter os cristais expostosde brometo de prata em prata metálica. Essa remoção do brometo de prata é conhecida quimicamente como redução. Seus componentes básicos são: solventes, agentes reveladores, ativadores, conservadores, restringentes e endurecedores. ▪ Hidroquinona – produz contraste definido, sensível à temperatura, e atua lentamente; ▪ Elon (metol) – atua rapidamente, gera muitas sombras cinza; ▪ Sulfito de sódio – preserva o líquido da oxidação pelo ar; ▪ Carbonato de sódio – acelerador, ativa os agentes reveladores que agem em ambiente alcalino; ▪ Brometo de potássio – restringente, evita o velamento. Características de um revelador degradado: cor marrom-escura, pH menor que 8,5 (ideal de 10 a 12) Fixador Depois que a película é revelada adequadamente, os cristais de prata expostos à radiação X se convertem em prata metálica. A fim de completar o processo, é necessário eliminar da película os cristais de brometo de prata residuais não expostos sem danificar a imagem, para a película não se descolorir e escurecer com o tempo, devido à exposição à luz. O fixador também tem a função de endurecer a gelatina. Como no revelador, seus componentes básicos são: solvente, agente conservador, agentes fixadores, agente endurecedor, acidificante e agentes absorventes de choque. O agente principal é o tiossulfato de sódio (hipo) ou tiossulfato de amônia. O tempo total da permanência da radiografia no fixador é o dobro do clareamento (remoção da aparência leitosa da radiografia, quando ela fica transparente e em condições de interpretação). ▪ Hipossulfito de sódio – agente clareador, remove os cristais não expostos; ▪ Sulfito de sódio – previne a deterioração; ▪ Alúmen de potássio – agente endurecedor; ▪ Ácido acético ou sulfúrico – neutraliza o revelador alcalino e acidifica o meio. Características de um fixador degradado: cor branco leitosa, pH maior ou igual a 5,5 (o ideal é de 4 a 5). Secagem Deve ocorrer em uma temperatura de até 49°C. As etapas podem ser assim enumeradas: 1.Colocar as soluções (fixador e revelador) nos tanques. 2.Preencher os tanques até um nível que cubra por inteiro o filme, ou então até o cabo da colgadura. 3.Colocar o filme na colgadura seguindo as recomendações sobre manuseio dos filmes intra e extraorais. 4. Deve-se checar a temperatura das soluções, iniciar o processo mergulhando o filme na solução reveladora e ajustando o cronômetro segundo orientações do fabricante 5.Agitar a colgadura dentro da solução reveladora por aproximadamente 5 s, com o intuito de remover as bolhas de ar que possam aderir à emulsão. 6.Após o tempo determinado na solução reveladora, a colgadura com o filme passa por um banho intermediário por aproximadamente 10 a 15 s, para remoção do excesso de solução reveladora, a fim de se evitar a contaminação da solução fixadora. 7.Remover a colgadura com o filme do banho intermediário e introduzi-lo no tanque com a solução fixadora. Obedecer às recomendações do fabricante em relação ao tempo e agitar a colgadura durante 5 s a cada 30 s até o fim do processo. Ao agitar a colgadura, são eliminadas as bolhas de ar presentes, facilitando o contato do fixador com a emulsão do filme. 8.Após o tempo determinado na solução fixadora, a colgadura com o filme passa por um banho final por aproximadamente 10 min, para remoção final dos resíduos da solução fixadora, que continuam agindo. Terminado o banho final, a colgadura com o filme é colocada em um lugar arejado para sua secagem, que será determinada quando a emulsão se apresentar dura e brilhante. Radiografias intraorais No geral, existem duas formas de realizar radiografias: intraorais e extraorais. A técnica intraoral é empregada para a técnica radiográfica na qual o filme é mantido dentro da cavidade oral do paciente no momento da obtenção das radiografias. As técnicas intraorais podem ser divididas em: 1.Radiografia periapical - Técnica da bissetriz (cone curto) - Técnica do paralelismo (cone longo) 2.Radiografia interproximal 3.Radiofrafia oclusal Posicionamento da cabeça do paciente A prática de qualquer técnica radiográfica exige uma série de requisitos para a sua execução. Para posicionar a cabeça do paciente, são empregados planos antropológicos e linhas de referência: ■Plano sagital mediano (PSM): Divide a cabeça verticalmente em lados direito e esquerdo. Este plano deve estar perpendicular ao plano horizontal. ■Plano de Camper: passa pelo pório e pela espinha nasal anterior, representado externamente pela linha de orientação que vai do trago à asa do nariz. ■Linha trago-comissura labial: linha de orientação que vai do trago à comissura labial. Radiográficas intraorais periapicais As técnicas periapicais da bissetriz e do paralelismo são indicadas para o estudo radiográfico do órgão dentário, da região periapical e das estruturas contíguas. Por meio dessas técnicas, é possível pesquisar processos de cáries, excesso ou falta de materiais restauradores, relação entre as dentições decídua e permanente, mineralizações e nódulos pulpares, reabsorções radiculares internas e externas, traumatismos dentários, anomalias dentárias, lesões periapicais e outras doenças ósseas. Em um exame radiográfico periapical completo, a maxila e a mandíbula são divididas em sete regiões, totalizando 14 filmes. Para se obterem radiografias de dentes posteriores, o filme periapical deve ser posicionado com o seu maior eixo paralelo ao plano horizontal (filme “deitado”). Nas radiografias dos caninos ou incisivos, o filme é mantido com seu longo eixo na vertical (filme “de pé”). A face branca do envoltório do filme é o lado da exposição e deve estar voltada para o feixe de raios X. O “picote” deve estar sempre direcionado para o plano oclusal dos dentes; ele indicará o lado radiografado: direito ou esquerdo. Na maxila: Região dos molares superiores (lados direito e esquerdo) Região dos pré-molares superiores (lados direito e esquerdo) Região do canino e incisivo lateral superiores (lados direito e esquerdo) Região dos incisivos centrais superiores Na mandíbula: Região dos molares inferiores (lados direito e esquerdo) Região dos pré-molares inferiores (lados direito e esquerdo) Região do canino inferior (lados direito e esquerdo) Região dos incisivos inferiores. Técnica da bissetriz Também conhecida como técnica da “isometria”, foi introduzida por Cieszynski em 1907 e consiste em “direcionar o feixe de raios X perpendicularmente ao plano bissector formado pelo plano do dente e pelo plano do filme”. Nessa técnica, o feixe de raios X deve incidir perpendicularmente ao plano bissector formado pelo plano do filme e pelo plano do dente, por isso, a bissetriz exige um posicionamento correto da cabeça do paciente, das angulações vertical e horizontal e das áreas de incidência dos raios X. se o feixe central de raios X incidir perpendicularmente ao longo eixo do filme, a imagem do objeto sairá encurtada. Por outro lado, quando o feixe incidir perpendicularmente ao longo eixo do dente, sua imagem será alongada. A apreensão do filme é executada pelo próprio paciente: na maxila, com o dedo polegar da mão do lado oposto a ser radiografado e o restante dos dedos espalmados, apoiados na face; na mandíbula, a manutenção é feita com o dedo indicador, também com a mão do lado oposto, e o dedo polegar deve apoiar o mento, ficando os demais dedos fechados. O filme deve permanecer reto (sem se curvar ou se dobrar), para evitar distorções da imagem radiográfica, e ultrapassar as superfícies oclusais ou incisais cerca de 3 a 5 mm. Pontos de referência Na prática, quando utilizamos a técnica da bissetriz sem o auxílio deposicionadores de filmes, utilizamos linhas e pontos de referência que auxiliam esse direcionamento. Os pontos de incidência auxiliam no posicionamento da entrada do feixe de raios X centrais. Maxila: Posicionamento da cabeça do paciente no plano sagital mediano (PSM) perpendicular ao plano horizontal e plano de Camper paralelo ao plano horizontal. Molares: no ponto de intersecção formado pela linha que passa 1cm para trás do canto externo da orbita e o plano de Camper. Pré-molares: no ponto de intersecção formado pela linha que parte do centro da pupila (paciente olhando para frente) e plano de Camper. Caninos: asa do nariz. Incisivos: ápice nasal. Mandíbula: Posicionamento da cabeça do paciente no plano sagital mediano (PSM). Molares: Encontro da linha que desce 1 cm atrás da comissura palpebral externa com a linha que passa 0,5 cm acima da base da mandíbula Pré-molares: Encontro da linha que desce do centro da pupila com a linha que passa 0,5 cm acima da base da mandíbula Caninos: Encontro da linha que desce da asa do nariz com a linha que passa 2 cm acima da borda da mandíbula Incisivos: Encontro da linha que desce da asa do nariz com a linha que passa 2 cm acima da borda da mandíbula Angulação do feixe de raio x Os ângulos podem ser medidos levando-se em consideração o plano vertical ou horizontal. Essa medidas são estabelecidas pelo goniômetro, que é um instrumento de medida em forma semicircular com dupla angulação, escala 0º a 180º e 180º a 360º. Angulação vertical: é composta de ângulos positivos e negativos, que são facilmente encontrados no cabeçote do aparelho de RX. Visa emitir os raios em um ângulo reto sobre o plano da bissetriz. Angulação horizontal: É uma técnica em que a projeção é feita a partir de um ângulo horizontal em relação à superfície vestibular do dente-alvo perpendicularmente ao filme, com o objetivo de evitar a sobreposição das faces proximais dos dentes contíguos. Quando o alvo radiográfico é apenas um dente, incidimos os raios X centrais diretamente na superfície vestibular. Se o alvo radiográfico são dois dentes, incidimos os raios X centrais entre os dois dentes Técnica do paralelismo Denominada antigamente como “técnica do cone longo” (os cones foram substituídos por cilindros abertos), baseia-se no princípio do paralelismo entre o longo eixo de implantação do dente e o filme. Nessa técnica, o filme é sustentado por um suporte porta- filme conhecido como posicionador, que facilita o paralelismo entre o filme e o dente. Por razões anatômicas, o filme fica localizado mais afastado da face lingual dos dentes (sendo necessário aumentar o tempo de exposição). Desse modo, o feixe central dos raios X é direcionado perpendicularmente ao plano do filme, produzindo imagens radiográficas com o mínimo de distorções geométricas dos dentes. Devido ao uso de posicionadores, a técnica do paralelismo dispensa o posicionamento rígido da cabeça do paciente, as angulações verticais e horizontais e as áreas de incidência predeterminadas. Vantagens em relação a bissetriz ✓Menor distorção da forma e tamanho ✓Não é necessário posicionar corretamente o filme ✓Maior simplicidade e execução da técnica ✓As radiografias são padronizadas Desvantagens em relação a bissetriz ✓Maior possibilidade de movimento porque o tempo de execução é maior ✓Não deve ser utilizada em crianças e pacientes de temperamento nervoso ✓Proporciona desconforto ao paciente ✓Preço mais elevado devido à necessidade de maior número de radiografias Radiografias intraorais interproximais Também conhecida como técnica bite-wing, a técnica consiste no uso de uma aleta ou asa de mordida acoplada ao filme, que, ao se posicionar sobre as faces oclusais dos dentes posteriores, com a mordida firme da aleta, o filme é mantido em posição paralela aos dentes. Antigamente, o filme utilizado era maior em comprimento, o que permitia o registro radiográfico das coroas dos molares e pré-molares na mesma região. Com o emprego do filme periapical, esses dentes são radiografados separadamente e são realizadas duas radiografias, uma para molares e outra para pré molares. Indicações: • Avaliação das superfícies interproximais dos dentes e estruturas circunvizinhas. • pesquisa de cárie de superfície interproximal, sua evolução e recidivas • pesquisa de cáries oclusais; • análise de restaurações e incrustações (adaptação, excesso/falta/contorno); • avaliação das cristas ósseas interproximais; • eficaz na deteção de cálculo nas áreas interproximais dos dentes ou tártaros. • Verificar as coroas dentárias como um todo: - câmara pulpar (calcificações e/ou anatomia previamente à preparação de cavidades/tratamento endodôntico); -cálculos salivares em superfícies interproximais. Posicionamento do filme: Essa técnica não é utilizada para dentes anteriores, pois as outras técnicas já bastam. Para os dentes posteriores, o posicionador para a radiografia interproximal é composto por uma estrutura para manter o filme paralelo ao dente, além de suporte ou plataforma para mordida e uma haste, em forma de T, que orienta o direcionamento do feixe central de raios X. Na impossibilidade de se utilizar um posicionador, adapta-se colocando uma asa de mordida de PVC ou cartolina, ou fita adesiva, em um filme convencional para técnica intraoral. Posicionamento da cabeça: manter em horizontal a asa nasal/trago. Semelhante ao posicionamento da técnica radiográfica periapical. Manutenção do filme: solicitar ao paciente que morda levemente com os dentes molares maxilo- mandibulares a asa de mordida. Direção do raio principal: voltado para baixo (angulação positiva) de +8°∼ + 10° em relação ao plano de mordida. Radiografia intraoral oclusal Esta técnica radiográfica é assim denominada devido ao posicionamento do filme radiográfico/sensor paralelo às superfícies oclusais dos dentes ou rebordo alveolar. A ideia principal desta técnica foi utilizar um filme maior que o padrão (tamanho n°2) para abranger uma área radiográfica maior. Indicações: • Visualização de áreas mais extensas da maxila e da mandíbula; • análise dos rebordos alveolares para avaliação protética; • pesquisa de dentes inclusos/impactados; • pesquisa de anomalias como dentes supranumerários, toro etc.; • pesquisa de corpos estranhos calcificados como sialólitos, flebólitos, antrólitos, instrumentos odontológicos fraturados, raízes residuais etc.; • análise de disjunção palatina. Posicionamento do paciente No exame oclusal da maxila, o plano sagital mediano (PSM) do paciente deve estar perpendicular ao plano horizontal, e a linha de orientação trago-asa do nariz, paralela ao plano horizontal. No exame oclusal da mandíbula, o PSM deve estar perpendicular ao plano horizontal, e o plano oclusal dos dentes superiores, em 90o com o plano horizontal, obtidos com a inclinação da cabeça para trás. Posicionamento do filme De acordo com a área de interesse, os exames oclusais são divididos em totais e parciais, tendo que ser alterado a posição do feixe. Maxila Oclusão total: Oclusão parcial: Mandíbula Oclusão total: Oclusão parcial: Métodos de localização de imagem Apesar da existência de métodos de diagnóstico por imagem mais recentes e inovadores, infelizmente, a radiografia, seja intra ou extraoral, limita-se a fornecer uma imagem bidimensional (2D) de uma estrutura tridimensional (3D). Portanto, sempre haverá o registro de apenas duas dimensões (altura e largura), faltando a terceira dimensão (profundidade), essencial para verificar a extensão completa de uma entidade anatômica ou patológica.Outro fator inerente ao exame radiográfico é a sobreposição indesejável das imagens radiográficas de estruturas contíguas, que prejudica, muitas vezes, a interpretação radiográfica. Para solucionar esses inconvenientes, foram idealizadas técnicas especiais de fácil execução, destinadas ao cirurgião-dentista e possíveis de serem realizadas no próprio consultório. Método de Clarck Também chamado de técnica do deslizamento ou técnica do deslocamento horizontal do tubo, ela consiste na variação da angulação horizontal de incidência do feixe de raios X. Se dois objetos de dimensões semelhantes, um à frente do outro, o objeto mais próximo do observador encobrirá o objeto mais distante. Se o observador se movimentar para a direita ou para a esquerda, o objeto mais próximo dele se moverá em sentido contrário ao seu deslocamento. O objeto mais distante do observador se moverá no mesmo sentido do seu deslocamento. Indicação - Localização radiográfica de dentes não irrompidos, corpos estranhos e processos patológicos na maxila - Localização radiográfica de pontos de reparo anatômico, como os forames incisivo e mentual, distinguindo-os de alterações periapicais - Dissociação de raízes e condutos radiculares. Execução O método de Clark necessita de duas incidências radiográficas utilizando-se filmes periapicais. 1. A primeira, denominada ortorradial, é a radiografia periapical da região onde a estrutura se localiza. 2. A segunda é chamada de mesiorradial, quando o tubo de raios X (cabeçote) for deslocado para mesial. Ou, caso o desvio seja para distal, haverá uma incidência distorradial. Quanto à localização radiográfica dos forames mentual e incisivo, o procedimento é o mesmo: são executadas duas radiografias com angulações horizontais diferentes. Não é raro, em algumas incidências, a imagem dos forames se projetar no ápice radicular dos incisivos superiores ou dos pré- molares inferiores, o que poderia levar a uma interpretação errônea de lesão periapical. Executa-se, então, uma segunda radiografia, variando a angulação horizontal, e a imagem do forame afasta-se do ápice radicular. Como sei se está virado para mesial ou para distal? Observamos qual grupo de dentes será abrangido. Deslocando para mesial pegamos dentes mais anteriores e focando para distal pegaremos dentes mais posteriores. Objeto se movimentou do lado oposto do cone? Certamente estará por vestibular. O objeto por lingual/palatina acompanha o movimento do cone. Método de Miller-Winter Chamada de técnica do ângulo reto, foi criada devido às diferenças anatômicas da maxila e da mandíbula. É utilizado para a localização radiográfica de estruturas mandibulares nas três dimensões. A técnica consiste no princípio da dupla incidência: uma radiografia periapical e outra oclusal cujas incidências são perpendiculares entre si. Primeiramente, executa-se a radiografia periapical da região, essa incidência fornecerá a posição do dente em altura e largura (sentido mesiodistal). Faltará, então, a profundidade, ou seja, sua posição vestibulolingual, que é obtida por meio da segunda incidência: uma radiografia oclusal utilizando um filme periapical. Indicação É indicada na localização radiográfica de dentes não irrompidos (em geral, o terceiro molar inferior), de corpos estranhos e de processos patológicos na mandíbula. Uma das limitações consiste na posição da borda anterior do ramo da mandíbula, que atua como um obstáculo para o posicionamento do filme periapical. No caso de dentes localizados muito posteriormente, essa limitação dificulta a obtenção de uma radiografia completa. Método de Donovan Donavan solucionou o impasse da limitação do método de Miller-Winter, que não é eficiente quando os dentes estão localizados muito posteriormente próximo ao ramo da mandíbula. Ele alterou o posicionamento do filme radiográfico e, consequentemente, a incidência do feixe de raios X. Desse modo, o filme deve permanecer inclinado sobre o ramo da mandíbula. Com o dedo indicador da mão do lado oposto a ser radiografado, o paciente mantém a outra borda do filme apoiada na superfície mésio-oclusal do segundo molar inferior. Assim, o filme estará voltado para a região do trígono retromolar. Indicações A técnica é indicada quando a radiografia oclusal do método de Miller-Winter não registra inteiramente o terceiro molar inferior não irrompido. Método de Parma Dependendo da posição do terceiro molar inferior não irrompido, a radiografia periapical também não registra inteiramente sua imagem. Por isso, Parma modificou o posicionamento do filme e solucionou o problema. Na radiografia periapical convencional, o longo eixo do filme acompanha o plano oclusal do paciente. Então, Parma sugere que o filme seja inclinado, formando um ângulo entre o longo eixo do filme e o plano oclusal. Se a borda distoinferior do filme causar desconforto ao paciente na região do assoalho bucal, deve-se dobrá-lo para lingual. Indicações O método é indicado quando a radiografia periapical convencional não registra inteiramente o terceiro molar inferior não irrompido. Portanto, para a localização radiográfica de um terceiro molar inferior não irrompido, indica-se o método de Miller-Winter. Caso a radiografia periapical não mostre inteiramente o referido dente, aplica-se o método de Parma. Se o mesmo ocorrer na radiografia oclusal de Miller-Winter, o impasse é solucionado utilizando a técnica de Donovan. Método de Le Master Na técnica da bissetriz, devido à configuração anatômica e ao posicionamento do filme na região de molares superiores, a imagem do processo zigomático da maxila pode se projetar sobre o ápice dos molares superiores, dificultando a interpretação radiográfica. O método consiste na fixação de um rolete de algodão (rolete para isolamento relativo) na face ativa do filme radiográfico. Recomenda-se o uso de fita crepe para não descolar com a saliva. O rolete é fixado na metade inferior do filme, afastando-o da coroa dentária, o que melhora as condições de paralelismo entre os longos eixos do filme e o dente. Consequentemente, diminui-se a angulação vertical de incidência dos raios X e elimina-se a sobreposição das imagens do processo zigomático da maxila e do ápice dos molares superiores. Indicações O método é indicado quando ocorre sobreposição das imagens do processo zigomático da maxila e das raízes dos molares superiores. Radiografia digital A radiografia é um exame complementar que auxilia no estabelecimento do diagnóstico, colabora no plano de tratamento e orienta e acompanha qualquer manobra terapêutica. A radiografia digital, por sua vez, representa um grande avanço tecnológico que potencializa o papel da imagem no processo de diagnóstico, com recursos indisponíveis nas técnicas convencionais. A radiografia digital pode ser dividida em radiografia digitalizada e radiografia digital propriamente dita. - Digitalizada: é obtida pela captura da imagem do filme radiográfico por scanner, máquina fotográfica digital ou câmera de vídeo ou do celular. - Digital: ser obtida de maneira direta, pelo sistema charge couple device (CCD), e indireta, pelo sistema de armazenamento de fósforo. Vantagens - Imagens radiográficas em tempo real: é possível ver o resultado radiográfico, imediatamente pois não há necessidade de filmes radiográficos e processamento químico. - Manipulação da imagem com finalidade diagnóstica: as imagens podem ser manipuladas, alterando contraste e densidade (brilho) radiográficos, zoom, pseudocolorização e outras ferramentas que aumentam muito a capacidade diagnósticados olhos humanos. - Redução da dose de radiação X - Facilidade na manipulação e no armazenamento: as imagens podem ser armazenadas e acessadas. - Exclusão do processamento químico radiográfico Desvantagens - Sensor rígido: Nos sensores há fios ligados à caixa plástica que saem da boca do paciente e conectam o sensor ao computador. Esses fios podem atrapalhar a tomada radiográfica e serem quebrados, além de serem espessos, volumosos em relação ao filme intraoral e causar maior desconforto para o paciente. - Sensor de placa de fósforo (PSP): não oferecem a vantagem da observação imediata da imagem radiográfica, pois precisam de processamento digital ou leitura pelo escâner a laser. - Padronização dos softwares de gerenciamento das imagens - Necessidade de impressão das imagens digitais: a maioria dos profissionais preferem verificar as imagens digitais em películas radiográficas impressas, analisando-as em negatoscópios. Convencional X Digital A radiologia médico-odontológica experimentou um desenvolvimento extraordinário nas últimas décadas, como, por exemplo, as imagens por radiografia digital (RD). Porém, muitos dentistas ainda relutam em adotar essa nova tecnologia, principalmente devido ao custo do sistema de radiografia digital. Convencional No Brasil, ainda hoje os filmes radiográficos são os principais anteparos para o registro da imagem de objetos radiografados. Porém, para se obter a imagem final o filme tem que passar por uma série de processos químicos que irão revelar a imagem latente. Revelador: O revelador é a solução de processamento radiográfico que amplifica a imagem latente para tornar a imagem de prata metálica visível, revelando os cristais de prata sensibilizados pelos raios X. Lavagem intermediária: Finaliza o processo de revelação e, ainda, impede a neutralização da solução fixadora por solução reveladora (alcalina). Fixador: tem a função principal de remover os cristais de prata não sensibilizados pelos raios X, além de endurecer a emulsão, evitando maior deterioração da imagem com o tempo. Lavagem final: Lavagem de elementos residuais existentes na emulsão e das substâncias químicas produzidas com a fixação → procura-se, assim, conservar a radiografia por um período longo. Secagem: Eliminação da umidade existente na emulsão → facilita a prevenção contra danos na superfície de emulsão, armazenagem e conservação. Digital indireto A utilização de escâneres e máquinas videofilmadoras, celulares e máquinas fotográficas digitais, tornou a digitalização radiográfica tarefa fácil, porém muitos cuidados devem ser tomados para que essas imagens tenham realmente qualidade diagnóstica Vantagens: • Armazenamento das imagens no computador • Possibilidade de manipulação da imagem Desvantagens: • Aumento do tempo de trabalho • Não eliminação do processamento químico • Custo do scanner/máquinas digitais Digital semi-indireta na placa de fósforo Método que utiliza uma placa de fósforo foto estimulada no lugar do filme convencional. O sistema de armazenamento de fósforo utilizado para a obtenção da imagem digital indireta apresenta um sensor que se traduz em uma placa óptica de sais de fósforo e caracteriza- se por não ter fio acoplado e contar com dimensões similares às do filme periapical convencional. Quando o sistema de armazenamento de fósforo é exposto à radiação, determinada quantidade de energia é armazenada na superfície do sensor, criando uma imagem latente nos pixels da sua face ativa. O processamento da imagem é realizado depois, em um scanner apropriado, que inicialmente faz a pré-leitura da imagem, estimando a quantidade de radiação recebida. Então, a imagem é calibrada para uma produção de ótima qualidade, e, por meio de uma varredura a laser, a energia latente é liberada da placa e convertida em uma série de sinais digitais, que são enviados ao computador para a exibição e o armazenamento da imagem. Após a leitura, se existir ainda alguma energia residual no sensor, esta é descarregada por meio do brilho intenso de uma luz halogenada, sendo possível reutilizá-lo inúmeras vezes. Vantagens: • Tamanho, espessura e flexibilidade dos receptores • Área ativa do receptor semelhante aos filmes Desvantagens: • Tempo para escaneamento curto • “Fragilidade” da placa de fósforo • Custo do equipamento Digital direta Utiliza sensores de CCD (chips) sensíveis à luz ou aos raios X. Os sensores de CCD convertem diretamente os fótons de raios X em carga elétrica para a formação da imagem final. Eles são caracterizados por terem um fio condutor acoplado com a função de fazer sua conexão ao restante do equipamento e, ainda, por apresentarem tamanhos diferentes. Após a exposição aos raios X, o sensor capta a imagem e, por meio de um conversor analógico/digital, envia o sinal para o computador, que irá armazená-lo como figuras numéricas e exibirá a imagem quase que instantaneamente por meio de monitor ou impressora Vantagens: • Não há a necessidade de processamento do filme (químicos) • Muito prático para cirurgiões clínicos Desvantagens: • Alto custo (conversor + computador) • Tamanho do receptor • Cabo de fibra ótica Conceitos de formação de imagem É um sistema de elementos eletrônicos que permite ver as imagens obtidas por raios X de forma digital em um monitor. Para isso, em vez de utilizarmos filmes radiográficos para gravar as imagens, elas serão registradas em sensores. Esses sinais gravados são convertidos em números binários (digitalizados) e estocados em uma memória digital. Bits O bit é a unidade fundamental de estocagem nos computadores, e significa binary digit. Há apenas dois valores de bit: “0” (zero) e “1” (um). Assim, todas as operações computacionais são realizadas com esses valores. Um dígito binário (segunda base, 2x) pode assumir apenas um de dois valores (0,1) Byte É o conjunto de 8 bits A cada combinação de 8 bits, tem 1 byte, e essa configuração numérica varia de 0 a 255, totalizando 256 tons distintos. Pixel É a menor unidade de uma imagem digital e cada um dos pixels contém informações que determinam as suas características. Quanto mais pixels por polegada tiver uma imagem, melhor será sua qualidade ou resolução. Cada pixel também carrega a informação sobre a cor ou o nível de cinza que ele representa. Desse modo, quanto menor o tamanho do pixel e maior a quantidade de pixels formadores da matrix, maior será a resolução espacial da imagem e melhor será sua qualidade. Matriz O conjunto de pixels está distribuído em colunas e linhas que formam a matriz. Quanto maior o número de pixels numa matriz, melhor é a sua resolução espacial, o que permite uma melhor diferenciação espacial entre as estruturas. Bit depth – profundidade de cor Refere-se à cor ou à escala de cinza de um pixel. • 32 bits de cor representam bilhões de cores; • 24 bits, 16,7 milhões de cores; • 16 bits, 32 mil cores; • 8 bits, 256 tons de cinza; • 4 bits, 64 tons de cores ou cinza; • 2 bits, 4 cores ou tons; • 1 bit, preto e branco, na maior parte das vezes. Resolução de contraste Capacidade de distinguir diferentes tons de cinza (densidade) na imagem. Escala dinâmica Faixa de exposição na qual o receptor consegue formar imagem útil para o diagnóstico Recursos para manipulação da imagem Operações de realce de imagem são realizadas para alterar a aparência visual da imagem para cada examinador e sempre com ênfase na requisição diagnóstica. Ferramentas comuns de aprimoramentos incluem: brilho, contraste, zoom, mensurações, filtros, inversão/negativo, alto relevo e pseudocolorizaçãoBrilho: relacionado ao grau de escurecimento da imagem Contraste: diferença entre os tons de cinza Zoom: ampliação da imagem para observar melhor uma região Mensurações: é possível determinar medidas lineares e angulares. Muito utilizada em especialidades como ortodontia, endodontia e implantodontia. Filtros: ajuste de saturação, nitidez, suavização, realce da borda Inversão/negativo: há inversão dos valoresde cinza dos pixels Alto relevo: atribui a estruturas de maior densidade um relevo, estacando seus limites Pseudocolorização: transformação dos valores de cinza em cores
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