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Introdução ao metabolismo Apresentação O metabolismo do organismo humano, por meio de diversas enzimas das vias metabólicas, promove a síntese (anabolismo) e/ou a degradação (catabolismo) de moléculas energéticas. Além disso, os dois processos podem ocorrer simultaneamente nas vias anfibólicas. Cada via metabólica apresenta formas de regulação diferentes, sejam enzimáticas ou hormonais, para estarem ativas ou inativas nos diferentes estados metabólicos (jejum ou estado alimentado). Cada tecido, órgão e estrutura subcelular necessita desse processo para o metabolismo dos carbo-hidratos, lipídeos e aminoácidos, de acordo com as particularidades de cada um. Nesta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá o conceito de via metabólica anabólica, catabólica e anfibólica. Verá também como essas vias são reguladas e como ocorre o metabolismo de carbo-hidratos, lipídeos e aminoácidos nos diferentes tecidos e órgãos e no espaço subcelular. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Conceituar vias metabólicas anabólicas, catabólicas e anfibólicas.• Identificar os fatores reguladores do metabolismo.• Descrever o metabolismo de carbo-hidratos, lipídeos e aminoácidos nos tecidos e órgãos e em nível subcelular e a interconversão dos combustíveis metabólicos. • Desafio As vias metabólicas poderão estar ativadas ou inativadas, de acordo com o estado alimentar do organismo. O jejum intermitente é uma modalidade de intervenção nutricional caracterizada pela diminuição da frequência alimentar que começou a ser estudada em indivíduos muçulmanos durante o período do Ramadã. Nesse caso, é obrigatória a permanência em jejum durante o dia e a alimentação pode ser feita apenas do pôr do sol ao amanhecer, por 30 dias consecutivos. Ao final do período, observou-se modificação do perfil metabólico. Atualmente, os estudos do jejum intermitente consistem na avaliação do efeito de períodos alternados de privação alimentar e realimentação ad libitum, ou seja, à vontade, de geralmente 12 a 24 horas (SANTOS et al., 2017). Em relação a esse caso, responda às seguintes questões: a) No jejum intermitente aplicado por Joana, quais vias metabólicas estarão ativadas, considerando o metabolismo a partir da última refeição? Justifique e classifique as vias em anabólicas, catabólicas ou anfibólicas. b) Joana terá sucesso em perder peso com o jejum intermitente e a alimentação desequilibrada? c) Será que a modalidade pode ser aplicada a quaisquer indivíduos, como, por exemplo, pacientes diabéticos? Liste os pontos positivos e os pontos negativos do jejum intermitente. Infográfico As estruturas subcelulares são muito importantes para que as reações bioquímicas do metabolismo possam acontecer. Células que não apresentam alguma das estruturas não realizam etapas específicas do metabolismo. Por exemplo, eritrócitos não apresentam mitocôndrias, logo não podem realizar glicólise aeróbica e demais etapas associadas. No Infográfico a seguir, você verá as principais estruturas subcelulares de uma célula e conhecerá a função de cada uma no metabolismo, com foco especial nas mitocôndrias. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/1dc9a85f-fc5c-490a-9cfa-b8e7cf15da12/a534f655-dd42-4339-a765-7704f3b3cdf1.png Conteúdo do livro Metabolismo é o conjunto de transformações que as substâncias sofrem no interior dos organismos vivos. Essas transformações podem ser anabólicas, catabólicas ou anfibólicas, as quais são promovidas por sequências de reações enzimáticas controladas pelas próprias enzimas ou por hormônios. As vias metabólicas dos carbo-hidratos, lipídeos e aminoácidos podem ocorrer nos mais diversos órgãos, tecidos e espaços subcelulares. No capítulo Introdução ao metabolismo, da obra Bioquímica, você verá o conceito das diversas vias metabólicas (anabólicas, catabólicas e anfibólicas), como ocorre a regulação do metabolismo e também o metabolismo dos carbo-hidratos, lipídeos e aminoácidos nos principais tecidos e órgãos do organismo, bem como em nível subcelular. Boa leitura. BIOQUÍMICA Adriana Dalpicolli Rodrigues Introdução ao metabolismo Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deverá apresentar os seguintes aprendizados: � Conceituar vias metabólicas anabólicas, catabólicas e anfibólicas � Identificar os fatores reguladores do metabolismo � Descrever o metabolismo de carboidratos, lipídeos e aminoácidos nos tecidos e órgãos e a nível subcelular, e a interconversão dos com- bustíveis metabólicos. Introdução O metabolismo, presente em todos os seres vivos, refere-se a processos celulares promovidos por reações enzimáticas sequenciais nas vias me- tabólicas, cujo objetivo, em geral, consiste na degradação (catabolismo) e na síntese (anabolismo) de moléculas como carboidratos, lipídeos e aminoácidos, para suprirem as necessidades energéticas do organismo como um todo. Ainda, ambos os processos podem ocorrer simulta- neamente no que chamamos de via anfibólica. Por isso, todas as vias metabólicas precisam ser reguladas, pelas mais variadas formas enzimá- ticas e/ou pela diversidade hormonal. Diferentes tecidos e órgãos têm funções metabólicas e habilidades diferentes, sendo os de particularidades importantes o cérebro, o músculo, o tecido adiposo, o fígado e o rim. As principais vias metabólicas que podem ocorrer nas células desses órgãos são as dos carboidratos, dos lipídeos e das proteínas. Dentro das células, diferentes espaços subcelulares podem estar envolvidos nos processos, especialmente o citosol e as mitocôndrias. Além disso, os metabólitos das vias podem ser interconvertidos uns nos outros. Neste capítulo, você aprenderá sobre as características gerais das vias metabólicas (anabólicas, catabólicas e anfibólicas), além de como são reguladas. Compreenderá, ainda, como é o metabolismo de carboi- dratos, lipídeos e aminoácidos nos diferentes tecidos, órgãos e espaços subcelulares do organismo. Vias metabólicas: anabólicas, catabólicas e anfibólicas O metabolismo consiste na soma das transformações que acontecem nas células de um organismo, ou seja, um processo no qual os sistemas vivos adquirem e utilizam a energia de que precisam para realizar suas várias fun- ções e gerar produtos necessários para esse funcionamento. As plantas, por exemplo, realizam fotossíntese, em que a luz ambiente fornece energia para a produção de carboidratos e oxigênio a partir de dióxido de carbono e água. Os seres humanos e outros mamíferos obtêm energia a partir da alimentação, na qual alguns compostos orgânicos são degradados e outros produzidos. O metabolismo ocorre por meio de uma série de reações consecutivas catali- sadas por enzimas que formam as vias metabólicas. Muitos metabólitos são utilizados pelo grande número de vias existentes no organismo (NELSON; COX, 2019; VOET; VOET, 2013). As vias metabólicas podem ser anabólicas, catabólicas ou anfibólicas. Metabólito é o nome dado a reagentes, intermediários e produtos das vias metabólicas. Já enzimas são proteínas (normalmente) com atividade catalítica, que promovem um aumento na velocidade de uma reação química ou bioquímica. Há aproximadamente 4 mil enzimas catalisadoras no metabolismo. Introdução ao metabolismo2 O catabolismo refere-se a reações de degradação (destruição/quebra) de substâncias/moléculas metabólicas. Compostos orgânicos (p. ex., carboidratos, lipídeos e proteínas) são convertidos em produtos finais mais simples, como ácido láctico, CO2 (dióxido de carbono) e NH3 (amônia). Além disso, essa via tem a capacidade de converter um grande número de substâncias em inter- mediários comuns, como a acetil-coenzima A para os compostos orgânicos citados anteriormente, metabolizados em uma via oxidativa central que finda em poucos produtos (NELSON; COX, 2019; VOET; VOET, 2013). Em geral, vias catabólicasresultam em liberação de energia, processo no qual uma parte é conservada na formação de ATP (adenosina trifosfato) e carreadores de elétrons reduzidos (NADH, NADPH e FADH2), e o restante é perdido na forma de calor. Os ATP e os NADPH produzidos compreendem as principais fontes de energia livre (moedas de energia) para as vias anabólicas (NELSON; COX, 2019; VOET; VOET, 2013). O anabolismo (também chamado de biossíntese) refere-se a reações de síntese, ou seja, formação de substâncias, por isso inicia com precursores simples e pequenos, os quais são utilizados para formar moléculas maiores e mais complexas, como os polissacarídeos (carboidrato formado pela união de vários monossacarídeos, como o glicogênio), lipídeos, proteínas e ácidos nucleicos. As reações anabólicas necessitam de um suprimento de energia na forma de potencial de transferência de grupos fosforila do ATP e do poder redutor de NADH, NADPH e FADH2. Em geral, as vias catabólicas são convergentes e as vias anabólicas divergentes, ou seja, as convergentes têm como finalidade capturar energia química obtida na degradação de moléculas de energia, formando ATP, e as divergentes promovem reações que reúnem moléculas pequenas para formação de moléculas complexas. Na Figura 1, você pode observar um esquema demonstrando que “as vias catabólicas dis- ponibilizam energia química na forma de ATP, NADH, NADPH e FADH”, e “esses transportadores de energia são usados em vias anabólicas para converter precursores pequenos em macromoléculas celulares” (NELSON; COX, 2019; VOET; VOET, 2013). 3Introdução ao metabolismo Figura 1. Relação energética entre as vias catabólicas e anabólicas do metabolismo. Fonte: Nelson e Cox (2019, p. 493). As vias anfibólicas são aquelas em que ocorrem processos catabólicos e anabólicos, como o ciclo do ácido cítrico que acontece em organismos aeró- bicos, pois, além da etapa de degradação oxidativa de carboidratos, lipídeos e proteínas, são fornecidos precursores para muitas vias de síntese. Nesse ciclo, as concentrações dos compostos intermediários produzidos são mantidas e controladas por meio de um complexo sistema de reações auxiliares deno- minadas reações anapleróticas. Em outras palavras, as reações anapleróticas possibilitam que, sob circunstâncias normais, em um metabolismo saudável, haja equilíbrio dinâmico entre reações que desviam os intermediários para Introdução ao metabolismo4 serem utilizados por outras vias e as reações que os repõem, de modo que as concentrações dos intermediários permaneçam quase constantes. Exemplos de reação anaplerótica são as conversões de piruvato ou fosfoenolpiruvato em oxalacetato ou malato no ciclo de ácido cítrico (NELSON; COX, 2019; VOET; VOET, 2013). As vias metabólicas podem ser lineares, cíclicas ou ramificadas, origi- nando produtos finais a partir de um único precursor ou convertendo várias substâncias de partida em um produto único. A maioria das células apresenta enzimas responsáveis tanto pela degradação quanto pela síntese de substâncias importantes para o metabolismo. Esses processos são regulados de modo que, quando uma está operante, a outra está inoperante, o que evita desperdício de energia (NELSON; COX, 2019). Fatores reguladores do metabolismo O funcionamento e a velocidade das vias metabólicas dependem das neces- sidades do organismo, das situações fisiológicas, da demanda energética, etc. Os ajustes no metabolismo são realizados pelos fatores de regulação metabó- lica, os quais provocam aumento ou diminuição na ocorrência das reações. A regulação pode se dar em vários níveis, tanto de dentro da célula quanto de fora dela. Desse modo, os principais fatores reguladores são associados às próprias enzimas e aos substratos das vias metabólicas, além de fatores de crescimento ou hormônios (NELSON; COX, 2019; VOET; VOET, 2013). A regulação enzimática ocorre em todas as vias metabólicas — as vias catabólicas e anabólicas que apresentam enzimas em comuns são reguladas de modo que, enquanto ocorre degradação, não há síntese. Isso se deve ao fato de que as vias catabólicas e anabólicas não são constituídas exatamente pelo mesmo grupo de enzimas, ou seja, embora haja enzimas em comum, sempre há outras enzimas diferentes (ou pelo menos uma) ao longo da via que direcionam para uma única direção (catabólica ou anabólica), tornando a via irreversível até o produto final (NELSON; COX, 2019; VOET; VOET, 2013). Outro fator que contribui para a regulação diferir nas sequências de reações consiste na separação do par de vias catabólicas e anabólicas em diferentes compartimentos celulares, por exemplo, o catabolismo de determinado composto pode ocorrer na mitocôndria, e a síntese, no citosol da célula. As concentrações de intermediários metabólicos, enzimas e reguladores podem ser mantidas em níveis diferentes nesses compartimentos, estando disponíveis para o uso da célula (NELSON; COX, 2019; VOET; VOET, 2013). 5Introdução ao metabolismo Os pontos de regulações das vias metabólicas também são separados por via, podendo sofrer interferência na velocidade da reação enzimática em virtude da concentração do substrato, das variações no pH em que a enzima se encontra e da alteração da temperatura (NELSON; COX, 2019; VOET; VOET, 2013). Normalmente, quando há aumento da concentração do substrato, a velocidade da reação se eleva; já quando há variações do pH do meio em que as enzimas se encontram e da temperatura, ocorre desnaturação da enzima, diminuindo a velocidade da reação. Em geral, a regulação enzimática das vias metabólicas envolve mecanismos sofisticados e complexos, como regulação alostérica, modificações covalentes, ativação de zimogênios e produção de isoenzimas. A regulação alostérica (não covalente) ocorre em quase todas as vias geralmente no início, catalisando, com frequência, reações irreversíveis. Essa regulação se caracteriza pela ligação não covalente do efetor ou modulador ao sítio regulador das enzimas alostéricas, conforme a Figura 2. A ligação ocorre por interação química não covalente (pontes de hidrogênio, ligação iônica, dipolo–dipolo, interação de van der Waals e interação hidrofóbica), em que o modulador pode tanto ativar quanto inibir a atividade enzimática. O que acontece é que a ligação do substrato a um sítio ativo da enzima afeta a conformação dos demais sítios facilitando a ligação do substrato aos outros (efeito cooperativo entre as su- bunidades). Quando a célula contém uma quantidade suficiente do composto para as suas necessidades imediatas ou quando os níveis celulares de energia indicam que não é mais necessário consumir energia, esses sinais alostéricos inibem a atividade de uma ou mais enzimas relevantes das vias metabólicas. Nesses casos, o produto final atua como efetuador alostérico negativo de uma enzima alostérica, restringindo sua própria produção (inibição por feedback ou retroinibição ou retroalimentação). Um mesmo composto pode ser um efetor alostérico negativo de uma via e positivo de outra. As enzimas alostéricas podem, ainda, ser homotrópicas, nas quais o modulador é o próprio substrato da enzima, e heterotrópicas, qualquer substância diferente do substrato capaz de atuar na respectiva enzima (NELSON; COX, 2019). Como vemos na Figura 2, Introdução ao metabolismo6 [...] em muitas enzimas alostéricas, o sítio de ligação ao substrato e o(s) sí- tios de ligação(ões) com o modulador estão em subunidades diferentes, nas subunidades catalítica (C) e regulatória (R), respectivamente. A ligação de um modulador (M) positivo (estimulatório) ao sítio específico na subunidade regulatória é comunicada à subunidade catalítica por meio de uma mudança conformacional. Essa mudança afeta o sítio ativo, que, então, é capaz de ligar o substrato (S) com afinidade maio. Quando o modulador se dissocia da subunidade regulatória, a enzima volta a sua forma inativa ou menos ativa (NELSON; COX, 2019, p. 226). Figura 2. Relação alostérica. Fonte:Nelson e Cox (2019, p. 226). A regulação por modificações covalentes se caracteriza pelas proprieda- des catalíticas das enzimas alternadas pela ligação química covalente (nesse tipo de ligação, ocorre o compartilhamento de um ou mais pares de elétrons entre átomos) e transitória (adição ou remoção) de um grupo químico à cadeia polipeptídica ou ao sítio ativo da enzima. Uma reação que ocorre frequen- temente no organismo refere-se à transferência de grupos fosfatos do ATP 7Introdução ao metabolismo para sítios ativos da enzima, podendo, assim, ser chamado de mecanismo de fosforilação e desfosforilação, catalisado por proteínas quinases, que fosforilam, ou por fosfoproteínas-fosfatases, que removem o radical fosfato (NELSON; COX, 2019; VOET; VOET, 2013). Zimogênios ou proenzimas são enzimas inativas, convertidas em suas formas ativas pela ação de enzimas proteolíticas em órgãos diferentes daqueles em que foram produzidos. Essas enzimas promovem uma reação de hidrólise nas ligações peptídicas específicas dos zimogênios, produzindo proteínas encurtadas de alguns aminoácidos (forma ativa) e de peptídeos pequenos. Um exemplo de zimogênios são as enzimas digestivas, quimotripsina (quimotrip- sinogênio) e tripsina (tripsinogênio), sintetizadas nas células pancreáticas. Um dos motivos para que a síntese dessas proteínas seja na forma inativa reside no fato de que isso evita que elas possam hidrolisar proteínas constitutivas do órgão, além de, consequentemente, prevenir danos ao órgão. A pancreatite aguda ilustra bem esse fato, já que nessa doença se verifica a síntese das pro- enzimas de tripsina e quimotripsina nas células pancreáticas em suas formas ativas (NELSON; COX, 2019; VOET; VOET, 2013). Outro fenômeno de regulação metabólica e que depende da estrutura quaternária das proteínas enzimáticas refere-se à produção na célula de iso- enzimas (isoformas ou isozima), formas moleculares múltiplas de uma enzima que realizam a mesma ação catalítica e se assemelham estruturalmente, mas diferentes quanto à sua sequência de aminoácidos. Um exemplo é a lactato- -desidrogenase (LDH), um tetrâmero formado por duas espécies diferentes de cadeias polipeptídicas, denominadas M (músculo) e H (coração) (NELSON; COX, 2019; VOET; VOET, 2013). A regulação hormonal consiste em regular e integrar as atividades metabó- licas dos diversos tecidos por comandos de fora da célula, ou seja, pelas ações dos hormônios (substâncias químicas produzidas pelo sistema endócrino e que podem atuar nas mais diversas células do organismo). Em certos casos, essa regulação ocorre quase instantaneamente por meio de alterações nos níveis de mensageiros intracelulares que modificam a atividade de moléculas de enzimas existentes por mecanismos alostéricos ou modificações covalentes. Em outros, sinais extracelulares modificam a concentração intracelular de uma enzima, alterando a velocidade de síntese ou de degradação de alguma molécula, e, então, os efeitos aparecem apenas depois de minutos ou horas (NELSON; COX, 2019). Alguns hormônios principais com ações diretas no metabolismo são listados a seguir (NELSON; COX, 2019): Introdução ao metabolismo8 � Adrenalina (epinefrina): hormônio secretado pela medula das glându- las suprarrenais em momentos de atividades físicas intensas, situações de perigo, hipoglicemia, temperaturas muito baixas, etc. Tem como função principal ativar o catabolismo, promovendo, por exemplo, a glicogenólise (degradação do glicogênio) e a degradação de lipídeos, com o intuito de disponibilizar mais energia para o organismo. � Cortisol: hormônio esteroide produzido pelo córtex das glândulas suprarrenais que atua principalmente em situações de estresse, sendo considerado, por isso, popularmente como “hormônio do estresse”. Esse hormônio também atua promovendo o catabolismo de proteínas (principalmente muscular) e lipídeos fornecendo substrato para produção de glicose (glioneogênese). Em casos de liberação de cortisol com altos níveis de insulina, ocorre síntese de lipídeos e, consequentemente, o indivíduo ganha peso corporal. � Glucagon: hormônio peptídico sintetizado pelas células alfa do pâncreas e liberado na circulação sanguínea em situações de baixo nível de glicose no sangue (hipoglicemia), que, normalmente, se dá em estado de jejum. Estimula o catabolismo, como a gliconeogênese e a glicogenólise, e inibe o anabolismo, como a síntese de glicogênio, e a glicólise (quebra da glicose). � Insulina: hormônio peptídico sintetizado pelas células beta do pâncreas e liberado na circulação em situações de alta concentração de glicose (hiperglicemia — estado alimentado), agindo opostamente ao glucagon. Estimula o anabolismo, como a síntese de glicogênio e a lipogênese, e inibe o catabolismo, como gliconeogênese, gliogenólise, lipólise e cetogênese. Ativa a glicólise (VOET; VOET, 2013). Metabolismo de carboidratos, lipídeos e aminoácidos a nível tecidual, em órgãos e subcelular As vias mais importantes envolvidas no metabolismo energético são as dos carboidratos, lipídeos e aminoácidos. Cada via pode se dar com maior ou menor intensidade em determinados tecidos, órgãos e subcelular (organelas celulares). Entre os órgãos, destaca-se, especialmente, o fígado, considerado o centro do metabolismo e que atua na manutenção dos níveis adequados de nutrientes no sangue para uso pelo cérebro, pelos músculos, pelo tecido adiposo e por outros tecidos, já que todos os nutrientes ingeridos na alimen- 9Introdução ao metabolismo tação e absorvidos pelo intestino delgado, exceto os ácidos graxos, seguem via circulação para serem metabolizados no fígado (NELSON; COX, 2019; CAMPBELL; FARRELL, 2016; VOET; VOET, 2013). A glicose é a molécula básica do metabolismo dos carboidratos, que pode seguir os seguintes destinos principais: glicólise (aeróbica e anaeróbica), metabolismo do glicogênio e via das pentoses-fosfato. Glicólise é a via que se refere à lise (quebra, degradação) da glicose, além de produzir metabólitos para atuação em outras vias. A via glicolítica aeróbica, ou seja, que ocorre em presença de oxigênio, divide-se em 10 etapas, uma preparatória, em que há investimento de energia (duas moléculas de ATP), e uma de pagamento, em que há geração de energia. Essas etapas acontecem nas mais diversas células do organismo, especialmente no fígado. Nessas condições, a glicose é degradada em duas moléculas de piruvato, sendo geradas duas moléculas de ATP e duas de NADH. Na glicólise anaeróbica, na qual há hipóxia (baixas concentrações de oxigênio), o produto final é o lactato (pela LDH). Esse pro- cesso ocorre nos músculos, no cérebro e nos eritrócitos (glóbulos vermelhos do sangue, também chamados de hemácias). As enzimas reguladoras dessa via são a hexoquinase, a fosfofrutoquinase I (PFK) e a piruvato quinase, que participam de etapas irreversíveis da via (VOET; VOET, 2013). O piruvato formado na via glicolítica aeróbica é convertido em acetil- -coenzima A (acetil-CoA) dentro da mitocôndria (matriz mitocondrial), interligando a glicólise com o ciclo do ácido cítrico ou também chamado de ciclo de Krebs (Figura 3). Esse ciclo, que é estritamente aeróbico, promove a oxidação do acetil-CoA, que tem como produto de degradação comum a glicose, os ácidos graxos, os corpos cetônicos e os aminoácidos cetogênicos (alguns glicogênicos), a CO2 e H2O, com a produção concomitante de NADH e FADH2, além de composto por oito etapas de enzimáticas de degradação, em que, na primeira, ocorre condensação do acetil-CoA com oxaloacetato para a síntese do citrato, e, na última, a oxidação do malato a oxaloacetato que inicia um novo ciclo. Esse ciclo é regulado por enzimas alostéricas: citrato-sintase, isocitrato-desidrogenase e alfacetoglutarato-desidrogenase (são controladas pela disponibilidade de substrato e pela retroalimentação negativa por interme- diários do ciclo, por NADH e por ATP). O complexo piruvato-desidrogenase, que transforma o piruvatoem acetil-CoA, também é regulador que antecede a via (NELSON; COX, 2019; CAMPBELL; FARRELL, 2016; VOET; VOET, 2013). Introdução ao metabolismo10 Figura 3. Ciclo de Krebs. Fonte: Nelson e Cox (2019, p. 640). Como vemos na Figura 3, O complexo da PDH é inibido alostericamente quando as razões [ATP]/ [ADP], [NADH]/[NAD1] e [acetil-CoA]/[CoA] estão elevadas, indicando um estado metabólico com energia suficiente. Quando essas razões decrescem, o resultado é a ativação alostérica da oxidação do piruvato. A velocidade do fluxo pelo ciclo do ácido cítrico pode ser limitada pela disponibilidade dos substratos da citrato-sintase, do oxalacetato e da acetil-CoA, ou de NAD1, o 11Introdução ao metabolismo qual é exaurido pela conversão a NADH, retardando as três etapas de oxidação dependentes de NAD1. A inibição por retroalimentação por succinil-CoA, citrato e ATP também diminui a velocidade do ciclo pela inibição de etapas iniciais. No tecido muscular, o Ca21 estimula a contração e, como mostrado aqui, estimula o metabolismo gerador de energia para repor o ATP consumido durante a contração (NELSON; COX, 2019, p. 640). A cadeia de transporte de elétrons e a fosforilação oxidativa compre- endem os processos que seguem o ciclo de Krebs, pois recebem o NADH e o FADH2 produzidos nesse ciclo. Essa via também é mitocondrial (crista mitocondrial) e promove a oxidação do NADH e FADH2 a NAD+ e FAD, com a síntese acoplada de ATP. A velocidade dessas vias, rigidamente co- ordenada com os fluxos metabólicos da glicólise e do ciclo do ácido cítrico, é em grande parte dependente das concentrações de ATP, ADP, Pi e de O2 (NELSON; COX, 2019). O metabolismo do glicogênio (polímero ramificado extenso de glicose) é de síntese e degradação, que ocorrem no citosol da célula. A glicogênese ou síntese do glicogênio constitui o processo em que a glicose é armazenada em uma molécula maior (glicogênio) pela glicogênio-sintase. Essa síntese ocorre em animais, principalmente no fígado e no músculo esquelético, órgãos responsáveis pelo armazenamento dessa molécula, em grânulos ou vacúolos no citosol da célula. O músculo não pode exportar glicose porque não tem a glicose-6-fosfatase, então o glicogênio significa um depósito de combustível facilmente disponível para utilização nas atividades que envolvem a musculatura. Realmente, a degradação do glicogênio ou glicogenólise é uma forma rápida de liberação de energia para suprir as necessidades do organismo (exercício intenso ou alta descarga de adrenalina). O glicogênio é degradado pela glicogênio-fosforilase em glicose-6-fosfato (G6P), que entrará na via da glicólise. Ambas as enzimas são reguladas reciprocamente por meio de reações de fosforilação/desfosforilação, catalisadas por cascatas de ampli- ficação que respondem aos níveis de glucagon e adrenalina, por intermédio do AMPc (monofosfato cíclico de adenosina) e de insulina (NELSON; COX, 2019; CAMPBELL; FARRELL, 2016; VOET; VOET, 2013). A via das pentoses-fosfato consiste em um metabolismo secundário da glicose. Essa rota funciona para gerar NADPH (apresenta alto poder redutor), para uso em biossíntese redutora, e para formar o precursor dos nucleotí- deos, a ribose-5-fosfato, pela oxidação da G6P. Sua geração é catalisada pela glicose-6-fosfato-desidrogenase, a qual é controlada pelo nível de NADP+. Introdução ao metabolismo12 A capacidade das enzimas em distinguir entre NADH, utilizado principalmente no metabolismo energético, e NADPH permite que o metabolismo energético e a biossíntese sejam regulados de modo independente. Esse processo ocorre no citosol principalmente nas células das glândulas mamárias (ricas em tecido adiposo), do tecido adiposo (em maior quantidade), do córtex renal e do fígado. O tecido adiposo é o segundo em importância na manutenção da homeostasia metabólica, atrás apenas do fígado. Os adipócitos (células do tecido adiposo) obtêm os ácidos graxos da dieta ou a partir do fígado (NELSON; COX, 2019). A gliconeogênese é responsável por sintetizar glicose a partir de um grande número de precursores não carboidratos (piruvato, lactato, glicerol e aminoá- cidos), utilizando rotas existentes principalmente no citosol (ou seja, há etapas que ocorrem na mitocôndria) de células do fígado e do rim. Muitos desses precursores são convertidos em oxalacetato, o qual é transformado em fosfo- enolpiruvato e, por fim, em glicose. Essa série de reações reverte, em grande parte, a rota da glicólise. As etapas irreversíveis da glicólise são contornadas na gliconeogênese por reações hidrolíticas catalisadas, respectivamente, pela frutose-1,6-bifosfatase (FBPase) e pela glicose-6-fosfatase. A FBPase e a PFK podem, ambas, ser pelo menos parcialmente ativas de maneira simultânea, criando um ciclo de substrato. Esse ciclo e a regulação recíproca dessas duas enzimas são importantes na regulação tanto da velocidade quanto da direção do fluxo pela glicólise e pela gliconeogênese. A fosfoenolpiruvato-carboxiquinase (PEPCK) contorna a terceira reação irreversível da glicólise, catalisada pela piruvato-quinase (PK), sendo controlada exclusivamente por regulação trans- cricional a longo prazo (NELSON; COX, 2019; VOET; VOET, 2013). O sistema nervoso central, a medula renal, os testículos, os eritrócitos e os tecidos embrionários utilizam a glicose como única fonte de energia, ou seja, não conseguem utilizar lipídeos ou proteínas, como o fígado. O tecido cerebral tem uma taxa respiratória extremamente alta. O cérebro utiliza em média 120 g de glicose por dia, necessitando, desse modo, receber esse açúcar via alimentação, glicogenólise ou gliconeogênese. A concentração sanguínea de glicose de menos da metade do valor normal resulta em disfunção cerebral, podendo provocar coma, dano irreversível, culminando na morte. Por isso, uma das principais funções do fígado consiste em manter os níveis sanguíneos de glicose. 13Introdução ao metabolismo O metabolismo dos lipídeos consiste na degradação e síntese dos ácidos graxos. Os ácidos graxos são degradados nas mitocôndrias das células, pela betaoxidação, em unidades de dois carbonos, formando acetil-CoA. A ativi- dade da rota da betaoxidação varia com a concentração dos ácidos graxos, conforme a atividade da triacilglicerol-lipase no tecido adiposo, estimulada, por meio de reações de fosforilação/desfosforilação reguladas por AMPc, pelo glucagon e pela adrenalina, mas inibida pela insulina. Os adipócitos hidrolisam os triacilgliceróis a ácidos graxos e glicerol em resposta aos níveis desses hormônios, por meio de uma reação catalisada pela triacilglicerol- -lipase. A síntese de ácidos graxos ocorre no citosol, mais especificamente no retículo endoplasmático liso, a partir do acetil-Coa. A taxa de síntese varia com a atividade da acetil-CoA-carboxilase, a qual é ativada por citrato e por desfosforilação dependente de insulina e inibida por palmitoil-CoA (um produto da rota) e por fosforilação dependente de AMPc e de AMP. A síntese dos ácidos graxos está sujeita à regulação a longo prazo, por meio de alterações nas velocidades de síntese das enzimas que fazem a mediação do processo, estimuladas pela insulina e pelas inibidas pelo glucagon (NELSON; COX, 2019; CAMPBELL; FARRELL, 2016; VOET; VOET, 2013). O metabolismo dos aminoácidos refere-se à degradação e à síntese dos aminoácidos. O excesso de proteínas (sequência de aminoácidos unidos por ligações peptídicas) e de aminoácidos pode ser degradado a intermediários metabólicos comuns. A maioria dessas rotas inicia com uma transaminação do aminoácido ao seu correspondente alfacetoácido, com a transferência, no final, do grupo amino para a ureia pelo ciclo da ureia. A ureia é produzida no fígado, transportada pelo sangue e excretada pelos rins (são órgãos também importantes para a manutenção do pH sanguíneo) para eliminação na urina; dessa forma, ocorre a eliminação de nitrogênio (grupos aminos). O ciclo da ureia se dá em parte no citosol eem parte nas mitocôndrias das células. A leucina e a lisina são aminoácidos cetogênicos que só podem ser convertidos em acetil-CoA ou acetoacetato, motivo pelo qual não podem ser precursores de glicose. Os demais aminoácidos (alanina, cisteína, glicina, serina, treonina, asparagina, aspartato, arginina, glutamina, histidina, prolina, metionina, valina) são glicogênicos e podem ser, pelo menos em parte, convertidos em algum dos precursores da glicose, como piruvato, oxalacetato, alfacetoglutarato, succinil-CoA ou fumarato. Os aminoácidos fenilalanina, triptofano, isoleucina e tirosina são tanto cetogênicos quanto glicogênicos (NELSON; COX, 2019; CAMPBELL; FARRELL, 2016; VOET; VOET, 2013). Introdução ao metabolismo14 Os aminoácidos essenciais, aqueles que o organismo não consegue sin- tetizar, devem ser obtidos a partir da alimentação, e os não essenciais são sintetizados pelo organismo por grupos amino pré-formados, utilizando rotas geralmente mais simples do que aquelas empregadas na síntese dos amino- ácidos essenciais. As moléculas percursoras da síntese dos aminoácidos não essenciais fazem parte do ciclo de Krebs e do grupamento amino proveniente da degradação de aminoácidos. Como vários aminoácidos fornecem inter- mediários do ciclo de Krebs, há uma interdependência entre os aminoácidos no seu processo de degradação e síntese, como o glutamato, a glutamina e a prolina, sintetizados a partir do alfacetoglutarato. O aspartato com suporte do oxalacetato recebe o grupo amino do glutamato. A asparagina com base no aspartato e o grupo amino provêm da glutamina. A alanina é oriunda da transaminação do piruvato e do glutamato. A serina é sintetizada a partir do gliceraldeído-3-fosfato, e a glicina e a cisteína derivam da serina. A arginina é utilizada durante o ciclo da ureia. E a tirosina origina-se da hidroxilação da fenilalanina. Indivíduos com defeito na enzima fenilalanina hidroxilase (que converte fenilalanina em tirosina) desenvolvem uma doença genética (autossômica recessiva) rara chamada fenilcetonúria, considerada um erro inato do metabolismo. Os níveis desse aminoá- cido aumentam muito no organismo do indivíduo afetado, sendo tóxicos ao sistema nervoso central e podendo causar dano cerebral, deficiência intelectual, sintomas comportamentais, convulsões, etc. O diagnóstico desse defeito pode ser feito com o teste do pezinho. No jejum, as proteínas dos músculos esqueléticos são degradadas a ami- noácidos, muitos dos quais convertidos em piruvato, que, por sua vez, é tran- saminado, formando alanina. Esse tecido é estimulado por adrenalina, mas não por glucagon (não apresenta receptores para esse hormônio). A síntese de proteínas, por sua vez, ocorre principalmente no retículo endoplasmático rugoso, pelos ribossomos (CAMPBELL; FARRELL, 2016). 15Introdução ao metabolismo Observe na Figura 4 a interação do metabolismo entre os principais órgãos e tecidos citados ao longo do capítulo, com a interconversão dos metabólitos. Figura 4. Inter-relações metabólicas entre cérebro, tecido adiposo, músculo, fígado e rim. As setas vermelhas indicam as vias predominantes no indivíduo alimentado. Fonte: Voet e Voet (2013, p. 1091). O coração também merece atenção: trata-se de um órgão muscular (músculo cardíaco) que precisa manter atividade contínua para garantia dos batimen- tos e consequente oxigenação do organismo. Então, esse músculo depende inteiramente do metabolismo aeróbio, exceto em curtos períodos de esforço extremo. Desse modo, ele é rico em mitocôndrias (ocupam 40% do citosol), ao contrário de alguns tipos de músculo esquelético, praticamente desprovidos dessas organelas. As células cardíacas podem degradar ácidos graxos, corpos cetônicos, glicose, piruvato e lactato. Os ácidos graxos são o combustível de escolha do coração em repouso, embora, em atividade intensa, ele aumente bastante seu consumo de glicose (VOET; VOET, 2013). Introdução ao metabolismo16 Quando o organismo está em estado de jejum, sempre terá como prioridade o uso (degradação) de carboidratos, seguido pelas proteínas/aminoácidos e, em última instância, os ácidos graxos. Esse é um dos pontos importantes associados a dificuldade que muitas pessoas têm em controlar o peso corporal (NELSON; COX, 2019; VOET; VOET, 2013). CAMPBELL, M. K.; FARRELL, S. O. Bioquímica. 8. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016. 864 p. NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de bioquímica de Lehninger. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019. 1272 p. VOET, D.; VOET, J. G. Bioquímica. 4. ed. Porto Alegre: Artmed. 2013. 1512 p. 17Introdução ao metabolismo Dica do professor A regulação do metabolismo pode ser realizada pelas próprias enzimas participantes das vias metabólicas ou por hormônios. Quando há deficiência, falha ou inibição de algum desses sistemas de regulação, pode ocorrer alguma doença. Veja, na Dica do Professor, o que acontece no diabetes melito. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/d517bf15197c9990c9d7c51a9778de68 Exercícios 1) O metabolismo é constituído por uma série de reações enzimáticas que podem tanto degradar produtos ingeridos a partir da alimentação quanto sintetizar moléculas. Em relação a isso, marque a alternativa correta. A) O catabolismo se refere a reações de degradação de substâncias, como ocorre na glicogenólise. B) O catabolismo se refere à síntese de moléculas no metabolismo, como ocorre no ciclo do ácido cítrico. C) O anabolismo se refere à síntese de moléculas no metabolismo. Um bom exemplo desse processo é a glicólise. D) O anabolismo se refere à degradação de moléculas no metabolismo, como ocorre na glicólise. E) Vias anfibólicas são aquelas em que ocorrem reações de anabolismo e anapleróticas, como, por exemplo, a glicogênese. 2) A regulação das vias metabólicas pode ocorrer por mecanismos complexos e sofisticados. Em relação a esses mecanismos, assinale a alternativa correta. A) A regulação alostérica é caracterizada pelas propriedades catalíticas das enzimas que são alternadas pela ligação química onde ocorre o compartilhamento de um ou mais pares de elétrons entre os átomos; ou também pode ser transitória, quando há adição ou remoção de um grupo químico à cadeia polipeptídica. As transferências de grupos fosfato do ATP são um exemplo. B) A regulação por modificação covalente é caracterizada pela ligação do substrato a um sítio ativo da enzima que irá afetar a conformação dos demais sítios dessa enzima, facilitando, assim, a ligação do substrato aos outros sítios. As ligações que mais ocorrem são por pontes de hidrogênio. C) A regulação por ativação de zimogênios consiste na conversão de enzimas inativas (zimogênios) em suas formas ativas pela ação de enzimas proteolíticas em órgãos diferentes daqueles em que foram produzidas. Costuma ser mais presente em células secretoras, como as do pâncreas ou as salivares. D) A produção de isoenzimas é caracterizada pela regulação e integração das atividades metabólicas dos diversos tecidos por comandos hormonais de fora da célula. As isoenzimas podem atuar tanto no estado alimentado quanto no jejum, de acordo com o tecido envolvido no processo. E) A produção de hormônios é a principal forma de regulação enzimática, pois são moléculas com atividade catalítica que desencadeiam a produção de zimogênios ou de isoenzimas por modificações covalentes, tendo como objetivo final a ativação do catabolismo o mais imediatamente possível. 3) Os hormônios são substâncias químicas produzidas por glândulas do sistema endócrino ou por neurônios especializados. São de extrema importância para o controle do funcionamento do metabolismo, seja este anabólico, catabólico ou anfibólico. Em relação aos hormônios, assinale a alternativa correta. A) Zimogênio é o hormônio responsável pela regulação alostérica da glicólise. B) Cortisol é o hormôniodo estresse que promove anabolismo de aminoácidos nos músculos. C) Adrenalina é um hormônio neurotransmissor que ativa o anabolismo das vias da glicogenólise e da beta-oxidação. D) Glucagon é um hormônio neurotransmissor que ativa as vias anfibólicas para a ativação da glicólise e do ciclo do ácido cítrico. E) Insulina é um hormônio que ativa a glicólise e o anabolismo, como a glicogênese e a lipogênese, e inibe a gliconeogênese, a glicogenólise e a degradação de lipídeos. 4) O fígado é considerado o centro do metabolismo, pois diversas vias metabólicas ocorrem nesse órgão. Ele também é responsável pela manutenção dos níveis adequados de nutrientes no sangue para uso pelo cérebro, pelos músculos, pelo tecido adiposo e por outros tecidos. Em relação ao metabolismo em órgãos, em tecidos e em nível subcelular, assinale a alternativa correta. A) O músculo esquelético e o cérebro são órgãos oxigenados. Desse modo, realizam glicólise aeróbica no citosol das células. B) Os eritrócitos não apresentam mitocôndrias. Desse modo, realizam glicólise anaeróbica. C) O músculo cardíaco realiza glicólise anaeróbica no citosol das células, assim como beta- oxidação, no mesmo espaço subcelular. D) Os ácidos graxos são degradados no citosol e nas mitocôndrias do tecido adiposo. E) A cadeia de transporte de elétrons e a fosforilação oxidativa ocorrem no citosol de células com baixas concentrações de oxigênio. 5) Os locais subcelulares são de extrema importância para as diversas etapas do metabolismo. Qual elemento a seguir é inexistente em células que não realizam glicólise aeróbica? Marque a alternativa correta. A) Retículo endoplasmático liso. B) Retículo endoplasmático rugoso. C) Citosol. D) Mitocôndrias. E) Complexo de Golgi. Na prática O metabolismo pode ser classificado em vias metabólicas anabólicas, catabólicas ou anfibólicas. Há diversos compostos que são ingeridos a partir da alimentação e que podem influenciar na ativação ou inativação dessas vias. Veja, no caso clínico a seguir, o efeito da ingestão da cafeína sobre o catabolismo. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Princípios de bioquímica de Lehninger Neste livro, na parte de bioenergética e metabolismo, você poderá ter uma visão mais completa de como ocorrem as vias metabólicas anabólicas, catabólicas e anfibólicas dos carbo-hidratos, lipídeos e aminoácidos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Preditores de síndrome metabólica em idosos: uma revisão A síndrome metabólica (SM) é definida como um conjunto de fatores de risco que inclui resistência à insulina, dislipidemia, obesidade abdominal e hipertensão e aumenta o risco de doenças cardiovasculares e diabetes. Devido a esses fatores, ocorrem importantes alterações no metabolismo dos carbo-hidratos e dos lipídeos. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Triagem Neonatal (Teste do Pezinho) A história das doenças raras está ligada à criação do teste de triagem neonatal, conhecido como Teste do Pezinho, incorporado ao Sistema Único de Saúde Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. http://www.onlineijcs.org/sumario/30/pdf/v30n4a09.pdf https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sgtes/doencas-raras/triagem-neonatal-teste-do-pezinho
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