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Conceito e Espécies de Nacionalidade

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CONCEITO 
A nacionalidade é o vínculo jurídico que liga o indivíduo a um Estado, tornando-o 
nacional, componente do povo e titular de direitos e obrigações. Relaciona-se 
diretamente com a própria identidade da pessoa humana, direito assegurado inclusive 
pela Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. 
O conceito de nacionalidade no Brasil não se confunde com o de cidadania, que recebeu 
do constituinte originário sentido restrito e vinculado ao exercício de direitos políticos 
por meio do título de eleitor. O conjunto dos nacionais é muito maior que o conjunto de 
cidadãos, quando se vincula a cidadania strictu sensu ao pleno gozo dos direitos 
eleitorais políticos. 
Com isso, pode-se concluir que o cidadão deverá ser nacional (salvo a situação peculiar 
do português equiparado), mas nem todo nacional é cidadão (crianças brasileiras, por 
exemplo). 
São conceitos relacionados à nacionalidade: 
Polipátrida: aquele que tem mais de uma nacionalidade (um conflito positivo, que gera 
a multinacionalidade). 
Apátrida ou heimatlos: aquele que não tem nacionalidade (um conflito negativo, que 
gera dificuldades ao indivíduo em razão das restrições jurídicas que poderá sofrer em 
alguns países). 
A Lei de Migração (Lei 13.445/17), em seu art. 1º, § 1o, VI, conceituou o apátrida como 
a pessoa que não seja considerada como nacional por nenhum Estado, segundo a sua 
legislação, nos termos da Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas, de 1954, 
promulgada pelo Decreto nº 4.246, de 22 de maio de 2002, ou assim reconhecida pelo 
Estado brasileiro. 
No que tange a entrada e saída de estrangeiros no território nacional, importante 
diferenciar, ainda que sucintamente, os seguintes conceitos: 
Extradição: É a medida de cooperação internacional entre o Estado brasileiro e outro 
Estado pela qual se concede ou solicita a entrega de pessoa sobre quem recaia 
condenação criminal definitiva ou para fins de instrução de processo penal em curso, na 
forma do art. 81 da Lei 13.445/17. 
Vale ressaltar que o art. 5°, LII da CRFB/88 veda a extradição de brasileiros e estrangeiros 
por crime político e de opinião, e que há proteção absoluta ao brasileiro nato contra a 
extradição, inclusive ao que possui dupla nacionalidade, de acordo com o art. 5°, LI da 
CRFB/88. 
Expulsão: Consiste em medida administrativa de retirada compulsória de migrante ou 
visitante do território nacional, conjugada com o impedimento de reingresso por prazo 
determinado, na forma do art. 54 da Lei 13.445/17. 
Deportação: É a medida decorrente de procedimento administrativo que consiste na 
retirada compulsória de pessoa que se encontre em situação migratória irregular em 
território nacional, na forma do art. 50 da Lei 13.445/17. 
Importante destacar que não há expulsão ou deportação de brasileiros do território 
nacional. 
ESPÉCIES DE NACIONALIDADE 
Nacionalidade Originária ou Primária 
A nacionalidade originária resulta do nascimento, sendo estabelecida por critérios 
sanguíneos, territoriais ou mistos. É também conhecida como involuntária e deve ser 
decidida de acordo com as normas previstas no Direito interno de cada país, de acordo 
com a sua soberania. No Brasil, os nacionais originários são denominados brasileiros 
natos. 
Nacionalidade Derivada ou Secundária 
A nacionalidade derivada é aquela que decorre da manifestação de vontade do 
indivíduo, e, em regra, é adquirida por meio do processo de naturalização. Em nosso 
país, os nacionais derivados são chamados brasileiros naturalizados 
 
CRITÉRIOS DE ATRIBUIÇÃO DE NACIONALIDADE ORIGINÁRIA 
Os critérios principais de aquisição de nacionalidade originária, a seguir analisados, são: 
a) critério sanguíneo ou ius sanguinis; 
b) critério territorial ou ius soli; 
c) critério misto. 
De acordo com o critério estabelecido pelo ius sanguinis, será nacional todo o 
descendente de nacionais, independentemente do local de nascimento. É adotado, em 
regra, pelos países do “Velho Mundo” (África, Europa e Ásia), países de emigração, 
sendo normalmente ambilinear, ou seja, pai ou mãe podem transferir a nacionalidade a 
seus filhos. 
Por meio do critério territorial, ius soli, será nacional o nascido no território do Estado, 
independentemente da nacionalidade de sua ascendência. É o critério predominante 
nos países do “Novo Mundo” (as Américas e a Oceania), conhecidos como países de 
imigração. 
No entanto, vários países adotam hoje em dia um critério misto, numa combinação 
entre o ius soli e o ius sanguinis. No Brasil, o critério de atribuição de nacionalidade 
originária predominante é o da origem territorial, ainda que se reconheça em algumas 
situações a origem sanguínea, pode-se dizer que temos um sistema de ius soli relativo 
ou misto. 
Atenção! Não se revela possível, em nosso sistema jurídico-constitucional, a aquisição 
da nacionalidade brasileira jure matrimonii, vale dizer, como efeito direto e imediato 
resultante do casamento civil. [Ext 1.121, rel. min. Celso de Mello, j. 18-12-2009, P, DJE 
de 25-6-2010.] 
 
AQUISIÇÃO DE NACIONALIDADE ORIGINÁRIA 
O art. 12, I, e suas alíneas “a”, “b” e “c”, da CRFB/1988, encerram as únicas formas de 
aquisição de nacionalidade originária brasileira, não podendo a legislação 
infraconstitucional ampliá-las, segundo entendimento do próprio Supremo Tribunal 
Federal. 
No texto do art. 12, I, “a”, a Constituição apresenta o critério de maior destaque da 
nacionalidade primária no país, ou seja, a origem territorial. De acordo com o referido 
dispositivo, serão brasileiros natos: os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda 
que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país. Daí se infere 
que, em regra geral, quem nasce no Brasil, será brasileiro nato, a não ser que seja filho 
de pai e mãe estrangeiros (não importa de qual nacionalidade) e ainda que um deles 
esteja a serviço oficial de seu país de origem (assim reconhecido pelo país que lhe 
encaminhou ao Brasil). Pode-se concluir que filho de brasileiro (pai ou mãe), seja nato 
ou naturalizado, nascido em nosso país, será sempre brasileiro nato. 
Na alínea seguinte temos a combinação entre o critério sanguíneo, associado à questão 
funcional, senão vejamos: serão também brasileiros natos: os nascidos no estrangeiro, 
de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da 
República Federativa do Brasil. Da mesma maneira que não se impõe a nacionalidade 
brasileira ao filho de um estrangeiro, que está a serviço de seu país em território 
brasileiro, aqui nascido, a Constituição determina que o brasileiro a serviço do Brasil no 
exterior também possa transferir a nacionalidade brasileira a seu filho, mesmo tendo 
este nascido fora do território nacional. Ressalte-se que “a serviço” do país deve 
englobar a Administração Pública direta ou indireta de quaisquer das esferas da 
Federação. 
O art. 12, I, “c”, último critério a ser analisado, já sofreu duas reformas no texto de sua 
redação originária. Vejamo-lo com detalhes: 
Serão brasileiros natos: 
• Em 1988: os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que 
sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República 
Federativa do Brasil antes da maioridade e, alcançada esta, optem em qualquer tempo 
pela nacionalidade brasileira. 
• Com a redação da ER nº 3/1994: os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe 
brasileira, desde que venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em 
qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira. 
• Atualmente, com a redação dada pela EC no 54/2007: c) os nascidos no estrangeiro de 
pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira 
competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em 
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira 
Com a supressãoda possibilidade de registro em consulado brasileiro no exterior para 
fins de aquisição de nacionalidade brasileira, pela ER no 03/94, muitos brasileiros que 
moram no exterior (alguns em países de ius sanguinis e com isso seus filhos se tornavam 
apátridas ao nascerem) fizeram campanhas para o retorno do registro, o que aconteceu 
apenas em 2007. 
É possível observarmos, então, que a atual redação é mais benéfica ao brasileiro do que 
se comparada à redação posterior à ER no 03/94, levando-se em consideração que nela 
havia a previsão de residência no país e ainda manifestação perante a Justiça Federal 
brasileira. 
Na redação atual, os filhos de brasileiros podem ser registrados em Consulados (ou nas 
seções consulares das Embaixadas), sem a necessidade de vir ao país e proceder à 
opção. Os que não forem registrados no exterior ainda podem vir residir a qualquer 
tempo no Brasil e manifestar a opção após atingida a maioridade. Essa opção, apesar de 
potestativa, é feita na forma do art. 109, X, da CRFB/88 perante a Justiça Federal, em 
um processo de jurisdição voluntária. 
Como nacionalidade é um direito fundamental personalíssimo, podem surgir duas 
hipóteses oriundas da citada alínea c: 1) o nascido no estrangeiro, filho de pai brasileiro 
ou mãe brasileira, que vem morar no Brasil antes de atingida a maioridade; e 2) o 
nascido no estrangeiro, filho de pai ou mãe brasileira, que vem morar no Brasil depois 
de atingir a maioridade. 
Na primeira situação, como a opção perante a Justiça Federal só pode ser feita após 
atingida a maioridade, o filho de brasileiro ainda menor, ao vir residir no Brasil, será 
reconhecido como brasileiro nato em caráter provisório, até que se ultime a 
manifestação de vontade. Nesse sentido, o STF assim decidiu: “Vindo o nascido no 
estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, a residir no Brasil, ainda menor, passa 
a ser considerado brasileiro nato, sujeita essa nacionalidade à manifestação da vontade 
do interessado, mediante a opção, depois de atingida a maioridade. Atingida a 
maioridade, enquanto não manifestada a opção, esta passa a constituir-se em condição 
suspensiva da nacionalidade brasileira”. 
Na segunda hipótese, como já é maior de idade, o filho de brasileiro pode se manifestar 
diretamente perante a Justiça Federal para exercer a opção confirmativa, entretanto, 
não há prazo para essa manifestação no ordenamento jurídico. 
Ademais disso, a EC n° 54/2007 ainda acrescentou ao ADCT o art. 95, em atenção aos 
nascidos justamente depois da supressão do registro em consulado e antes da nova 
redação dada ao dispositivo. 
Ressalte-se que a alínea “c” também, à semelhança da “b”, excepciona o critério 
territorial, para aplicar o critério sanguíneo em conjunto com outros elementos, nesse 
caso: registro consular (na primeira parte) ou residência e opção (na segunda parte). 
 
AQUISIÇÃO DE NACIONALIDADE DERIVADA 
A naturalização permite ao estrangeiro que detém outra nacionalidade, ou ao apátrida 
(que não tem nenhuma), a aquisição da nacionalidade brasileira, na forma do art. 12, II, 
“a” e “b” da CRFB/88 e, ainda, de acordo com a Lei de Migração (Lei 13.445/17). Pode-
se dizer, com isso, que as hipóteses de aquisição de nacionalidade secundária não se 
esgotam completamente na Constituição Federal. Como a naturalização no Brasil 
decorre de uma manifestação da vontade, podemos dizer que hoje não há naturalização 
tácita ou por decurso de prazo. 
A naturalização tácita ou por decurso de prazo já foi adotada no país na Constituição de 
1891, cujo art. 69, item 4, considerava cidadãos brasileiros “os estrangeiros, que 
achando-se no Brasil aos 15 de novembro de 1889, não declararem, dentro em seis 
meses depois de entrar em vigor a Constituição, o ânimo de conservar a nacionalidade 
de origem”. Para alguns, essa naturalização ficou conhecida como “a grande 
naturalização”. 
Em sede constitucional, encontramos duas situações de aquisição de nacionalidade 
derivada: 
Art. 12. São brasileiros: 
II – Naturalizados: 
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários 
de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade 
moral; 
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do 
Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que 
requeiram a nacionalidade brasileira. 
Explicando cada hipótese: 
a) Naturalização ordinária: para os originários de países da língua portuguesa (Angola, 
Açores, Portugal, Cabo Verde, Moçambique etc.), de acordo com o art. 12, II, “a” da 
CRFB/88, é exigida a residência por um ano ininterrupto no Brasil e idoneidade moral e, 
para os demais estrangeiros, as exigências estão na Lei de Migração, arts. 65 e 66 (ou, 
como diz o texto, na “forma da lei”). Apesar dos requisitos necessários para a aquisição 
da nacionalidade brasileira dos originários de países de língua portuguesa serem fixados 
pela Constituição, a natureza do ato administrativo de concessão do pedido é 
discricionário do Poder Executivo federal. 
b) Naturalização extraordinária ou quinzenária: na forma do art. 12, II, “b” da CRFB/88, 
serão também brasileiros naturalizados: “os estrangeiros de qualquer nacionalidade, 
residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem 
condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira”. Originariamente o 
prazo de residência exigido era de 30 (trinta) anos, e foi reduzido pela metade com a ER 
no 03/94. Nesse caso, o Ministro da Justiça não pode fazer um juízo de conveniência e 
oportunidade sobre o deferimento da naturalização extraordinária. Preenchidos os 
requisitos acima mencionados, surge o direito público subjetivo à naturalização, sendo, 
portanto, um ato vinculado. 
A Lei de Migração trouxe, ainda, a naturalização extraordinária em seu art. 67, dispondo 
que: “A naturalização extraordinária será concedida a pessoa de qualquer nacionalidade 
fixada no Brasil há mais de 15 (quinze) anos ininterruptos e sem condenação penal, 
desde que requeira a nacionalidade brasileira.” 
Além das duas situações de aquisição de nacionalidade derivada elencadas pela 
Constituição Federal e também pela Lei de Migração, acima vistas, passaremos a analisar 
mais duas hipóteses contempladas apenas pela última. Quais sejam: a naturalização 
especial e a naturalização provisória. 
a) Naturalização especial: na forma do art. 68 da Lei de Migração, tal espécie de 
naturalização poderá ser concedida ao estrangeiro que seja cônjuge ou companheiro, 
há mais de 5 (cinco) anos, de integrante do Serviço Exterior Brasileiro em atividade ou 
de pessoa a serviço do Estado brasileiro no exterior, ou que seja ou tenha sido 
empregado em missão diplomática ou em repartição consular do Brasil por mais de 10 
(dez) anos ininterruptos. Para que seja concedida a naturalização é necessário o 
cumprimento dos requisitos elencados no art. 69 da citada lei. (São requisitos para a 
concessão da naturalização especial: I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira; II - 
comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; e III - 
não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei). 
b) Naturalização provisória: de acordo com o art. 70 da Lei de Migração, a naturalização 
provisória poderá ser concedida ao migrante criança ou adolescente que tenha fixado 
residência em território nacional antes de completar 10 (dez) anos de idade e deverá ser 
requerida por intermédio de seu representante legal, podendo vir a ser convertida em 
definitiva se o naturalizando expressamente assim o requerer no prazo de 2 (dois) anos 
após atingir a maioridade. Os arts. 71 e 72 da referida lei tratam do pedido de 
naturalização provisória e demais providências. 
 
TRATAMENTO DIFERENCIADO ENTRE BRASILEIROS 
Como já vimos, os nossosnacionais originários são os brasileiros natos e os nacionais 
derivados são chamados brasileiros naturalizados. Saliente-se, entretanto, que quando 
a CRFB/88 dispõe sobre um direito ou um dever dos “brasileiros”, está se referindo tanto 
aos natos quanto aos naturalizados, e essa é a regra geral, em nome do princípio da 
igualdade e da não discriminação. Os nossos brasileiros, seja em razão de vínculo 
originário ou de vínculo secundário, são nacionais, e em direitos e obrigações devem ser 
tratados da forma mais equânime possível. 
Na forma do art. 12, § 2º da CRFB/88, em nome do princípio da igualdade, somente a 
Constituição pode estabelecer tratamento diferenciado entre seus brasileiros, como o 
faz em alguns dispositivos legais, a seguir relembrados. 
a) Quanto aos cargos: 
Na forma do art. 12, § 3º da CRFB/88: 
São privativos de brasileiros natos os cargos: 
I – de Presidente e Vice-Presidente da República; 
II – de Presidente da Câmara dos Deputados; 
III – de Presidente do Senado Federal; 
IV – de Ministro do Supremo Tribunal Federal; 
V – da carreira diplomática; 
VI – de oficial das Forças Armadas; 
VII – de Ministro de Estado da Defesa. 
Como esse rol é taxativo, nada impede, portanto, que um brasileiro naturalizado 
concorra a cargo na Câmara dos Deputados ou no Senado Federal, não podendo apenas 
ser eleito Presidente das duas Casas. Da mesma maneira, Governadores de Estado e 
Prefeitos podem ser brasileiros naturalizados, por inexistir proibição constitucional que 
os impeça de exercer tais cargos. 
b) Quanto à composição no Conselho da República, na vaga de cidadão: 
De acordo com o art. 89, VII da CRFB/88, a representação direta do povo no Conselho 
da República também é privativa de brasileiros natos: 
VII – seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo 
dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois 
eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a 
recondução. 
Ressalte-se que nem todo membro do Conselho da República é brasileiro nato (líderes 
da maioria e da minoria das Casas Legislativas, por exemplo), mas, na forma do 
dispositivo citado, a participação do povo no Conselho só pode ser preenchida por 
brasileiro nato. 
c) Quanto à extradição: 
Nos termos do art. 5°, LI da CRFB/88, não haverá extradição passiva de brasileiro nato: 
LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, 
praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei. 
Conforme orientação do STF, o brasileiro nato que possui dupla nacionalidade também 
não poderá ser extraditado. 
Importante destacar que se o brasileiro nato vem a perder a sua nacionalidade originária 
por ter adquirido voluntariamente, por meio de processo de naturalização, outra 
nacionalidade (hipótese em que não incide o disposto no art. 12, § 4º, II, alienas “a” e 
“b” da CRFB/88), poderá vir a sofrer extradição, pois terá havido a renúncia à 
nacionalidade brasileira diante da adoção de outra cidadania, hipótese autorizadora da 
decisão pela extradição. 
Por fim, de acordo com o entendimento do STF na Súmula no 421, não impede a 
extradição a circunstância de ser o extraditado casado com brasileira ou ter filho 
brasileiro. 
d) Quanto à propriedade: 
Ainda na forma do art. 222 da CRFB/88: 
“a propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é 
privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas 
jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País”. 
De acordo com o dispositivo acima, a Constituição de 1988 apresenta uma clara 
preocupação com a influência da mídia como formadora de opinião e exige que os 
nacionais derivados comprovem pelo menos dez anos de naturalização. 
 
PERDA DA NACIONALIDADE 
De acordo com a orientação jurisprudencial, as hipóteses de perda da nacionalidade 
estão taxativamente previstas na Constituição Federal, não podendo, portanto, a 
legislação infraconstitucional ampliar as hipóteses de restrição ao importante direito 
fundamental à nacionalidade. 
Ressalta-se que o texto constitucional não consagra a possibilidade de renúncia à 
nacionalidade brasileira, não sendo, portanto, a mesma admitida. 
Assim dispõe o art. 12, § 4º da CRFB/88: 
Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: 
I – tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade 
nociva ao interesse nacional; 
II – adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: 
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; 
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em 
estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o 
exercício de direitos civis. 
Perda-sanção ou Punição: Brasileiros Naturalizados 
O art. 12, § 4o, I da CRFB/88 destaca que o brasileiro naturalizado, depois de enfrentar 
uma ação de cancelamento de naturalização transitada em julgado, terá declarada 
judicialmente a perda de sua nacionalidade brasileira. Como a perda ocorreu em razão 
da prática de ato nocivo ao interesse nacional, pode ser denominada perda-sanção, ou 
perda-punição. 
 A ação de cancelamento de naturalização é ajuizada pelo Ministério Público Federal 
perante a Justiça Federal, na forma do art. 109, X, da CRFB/88, garantidas a ampla defesa 
e o contraditório. Após declarada a perda, o ex-brasileiro não poderá enfrentar novo 
processo administrativo para aquisição de nacionalidade brasileira. É possível, 
entretanto, que o cancelamento da naturalização seja desfeito via ação rescisória. 
Perda-mudança: Brasileiros Natos e Naturalizados 
O art. 12, § 4°, II da CRFB/88 traz a hipótese de perda de nacionalidade administrativa 
para o brasileiro nato ou naturalizado que optar pela aquisição voluntária de outra 
nacionalidade, como reconhecido pelo STF e já citado em tópico acima. A doutrina 
entende que o dispositivo trata de uma perda-mudança, porque não há punição ao 
brasileiro. 
A Constituição consagra ainda a possibilidade de dupla nacionalidade, em que não 
haverá perda de nacionalidade do brasileiro, nos casos de: 
a) reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; ou b) imposição de 
naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, 
como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis. 
A primeira situação é muito comum num país que recebeu tantos imigrantes como o 
nosso. Por meio desta exceção, filhos ou netos (dependendo da legislação estrangeira) 
de estrangeiros, nascidos no Brasil, serão brasileiros natos, ainda que possuam o 
reconhecimento de sua nacionalidade originária por outro país. Na segunda situação, 
brasileiros que sejam obrigados a se naturalizar, por força de casamento, trabalho, 
herança, ou como condição de permanência, manterão intacta a nacionalidade 
brasileira. É o que frequentemente ocorre com os jogadores de futebol, que, para 
jogarem nos clubes europeus, têm de se naturalizar no país dos clubes. 
Segundo José Afonso da Silva, em caso de reaquisição de nacionalidade brasileira, 
mediante processo administrativo, o readquirente recupera a condição que perdera: se 
era brasileiro nato, voltará a ser brasileiro nato; se naturalizado, retomará essa 
qualidade. 
O art. 76 da Lei de Migração preceitua que o brasileiro que houver perdido a 
nacionalidade nos termos do art. 12, § 4°, II da CRFB/88, uma vez cessada a causa, 
poderá readquiri-la ou ter o ato que declarou a perda revogado, na forma definida pelo 
órgão competente do Poder Executivo. 
Destacamos decisão recente do Supremo Tribunal Federal sobre o tema: 
“Brasileira naturalizada americana. Acusação de homicídio no exterior. Fugapara o 
brasil. Perda de nacionalidade originária em procedimento administrativo regular. 
Hipótese constitucionalmente prevista. Não ocorrência de ilegalidade ou abuso de poder. 
(...) A CRFB/88, ao cuidar da perda da nacionalidade brasileira, estabelece duas 
hipóteses: (i) o cancelamento judicial da naturalização (art. 12, § 4º, I); e (ii) a aquisição 
de outra nacionalidade. Nesta última hipótese, a nacionalidade brasileira só não será 
perdida em duas situações que constituem exceção à regra: (i) reconhecimento de outra 
nacionalidade originária (art. 12, § 4º, II, a); e (ii) ter sido a outra nacionalidade imposta 
pelo Estado estrangeiro como condição de permanência em seu território ou para o 
exercício de direitos civis (art. 12, § 4º, II, b). No caso sob exame, a situação da impetrante 
não se subsume a qualquer das exceções constitucionalmente previstas para a aquisição 
de outra nacionalidade, sem perda da nacionalidade brasileira.” [MS 33.864, rel. min. 
Roberto Barroso, j. 19-4-2016, 1ª T, DJE de 20-9-2016.]

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