Buscar

Disserte sobre cultura e significado em Sahlins e em Geertz

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1. Disserte sobre cultura e significado em Sahlins e em Geertz. 
Nesse trabalho, pretendo dissertar sobre cultura e significado em Clifford 
Geertz, tomando como base alguns textos do livro “Interpretação das Culturas” 
e em Marshall Sahlins, tendo como fonte textos do livro “Ilhas de História” e 
“Cultura e Razão Prática”. Escolhi falar, sobretudo, do que para eles é e deve 
ser cada categoria dessas e deixar de lado as críticas, reelaborações e 
releituras que fazem do estruturalismo de Lévi-Strauss e de outros autores e 
correntes teóricas para me ater às questões centrais que envolvem as noções 
de cultura, e as suas ideias em torno dos signos e significados. 
No ensaio “Uma Descrição Densa: por uma teoria interpretativa da 
cultura”, logo na primeira página, Geertz comenta sobre a limitação do conceito 
de cultura e sua prefêrencia por uma ideia de cultura que seja mais limitada e 
específica, afirmando ser mais proveitoso à antropologia do que um conceito 
muito abrangente. Geertz escolhe um conceito “essencialmente semiótico” de 
cultura, e cita Weber quando realiza a relação entre cultura como “teia de 
significados”. Na parte III desse mesmo capítulo Geertz argumenta em favor de 
que as diversas formas de agir enquanto ações simbólicas devem ser 
interpretadas buscando-se perceber os sentidos, o que estaria sendo 
transmitido através da ocorrência dessas ações. A despeito dos exemplos 
citados e detalhados sobre as piscadelas de dois jovens e o que elas podem 
significar e sobre a música de Beethoven ou sobre um tratado comercial no 
Marrocos, que servem todos eles para demonstrar como é necessário estar por 
dentro da cultura para ser capaz de operar seus significados, Geertz coloca a 
cultura como pública, e, sendo assim, como “ sistema entrelaçado de signos 
interpretáveis” devem ser descritas densamente segundo o que se imagina que 
os sujeitos pertencentes a ela definem o que lhes acontecem. Geertz defende 
a abordagem semiótica da cultura e com a abordagem interpretativa, tomando 
a etnografia como passível de contestação, e afirma que o ponto central dessa 
abordagem é conseguir acessar o domínio conceitual dos sujeitos pesquisados 
de maneira que se consiga “num sentido um tanto mais amplo, conversar com 
eles”. Para estudar a cultura, deve-se levar em conta, de acordo com Geertz, 
que os significantes são atos simbólicos e esse atos simbólicos devem ser 
estudados através da teoria e da etnografia e descrição densa, de maneira que 
ela expresse o papel da cultura na vida humana. No capítulo “O Impacto do 
Conceito de Cultura Sobre o Conceito de Homem” do livro citado, Geertz inicia 
um debate que está compreendido na epistemologia das ciências humansa 
sobre a ascensão de uma visão mais complexa de cultura em detrimento da 
visão iluminista, simples e clara, de que o homem era juntamente com a 
natureza uma unidade e de que existiriam leis que poderia reger toda a espécie 
humana, um homem uno, “a imagem de uma natureza humana constante, 
independente de tempo, lugar e circunstância, de estudos ou profissões, 
modas passageiras e opiniões temporárias”, e todo essa visão, que estaria 
sendo abandonada tem bases no paradigma newtoniano. 
Numa passagem em que fala sobre o Homem, com letra maiúscula, e o 
homem com letra minúscula, Geertz ilustra a questão que quer colocar acerca 
dos particularismos demasiados da antropologia e o outro extremo que seria a 
generalização também demasiada, referindo-se ao relativismo cultural e ao 
evolucionismo cultural, dois extremos que para ele não resolvem o problema da 
cultura; Geertz vai além nessa discussão epistemológica citando alguns dos 
conceitos amplos fazendo um passeio entre os autores do início do século XX, 
retomando o século XVIII e questionando ainda se a concepção moderna de 
cultura pode se manter. Deixarei de me alongar sobre esse debate do conceito 
de cultura no âmbito teórico e filosófico que Geertz faz em torno do homem, do 
fato de o homem ser uno e diverso ao mesmo tempo, que começa com um 
equipamento natural semelhante para desenvolver uma infinita diversidade 
cultural, problema posto pela antropologia desde seu nascimento e que até 
hoje continua a ser retomado e discutido e retomar as discussões sobre a 
dimensão simbólica e significativa da cultura como uma necessidade humana 
para “encontrar seus apoios no mundo”. 
 A cultura, para Geertz, não é apenas um algo a mais, mas uma 
condição essencial de existência do homem e ele vai demonstrar isso usando 
dos conceitos biológicos, falando de evolução humana, para mostrar como a 
cultura remodelou o homem como espécie única e também como indivíduos, e 
que se deve enxergar os detalhes e especificidade, para além das 
superficialidades, compreendendo cada cultura e também cada indivíduo de 
cada cultura, fazendo pensar na descrição densa que Geertz prescreve. No 
capítulo 4, “A Religião Como Sistema Cultural”, ele retoma a concepção de 
cultura que, ao meu ver, resume bem o que até agora expus aqui sobre cultura 
e significado, tal “denota um padrão de significados transmitidos 
historicamente, incorporado em símbolos, um sistema de concepções herdadas 
expressas em formas simbólicas por meio das quais os homens se comunicam, 
perpetuam e desenvolvem seu conhecimento e suas atividades em relação á 
vida.” É nessa parte do livro que se encontra a explicação sobre “significado”, 
concordando com a filósofa de Susanne Langer no que diz respeito ao conceito 
de significado, em todas as suas variações, ser o conceito fundamental de sua 
época. Os padrões culturais que citou, seriam os responsáveis por dar 
significado, uma forma conceitual objetiva à realidade social e psicológica do 
homem. 
A seguir faço considerações sobre os mesmos temas propostos nos 
parágrafos anteriores sobre cultura e significado, mas tomando agora Sahlins e 
o estruturalismo histórico como ponto de partida. Shalins trabalha em 
“Metáforas Históricas e Realidades Míticas” a dimensão histórica, incluindo-a 
na ordem do dia, como algo que emerge em seu valor cultural, e que é 
organizada por estruturas de significação. Intentando fazer uso de uma 
antropologia histórica, ele lança o desafio de além de compreender como 
ocorre a ordenação dos eventos no âmbito da cultura, também compreender 
como a cultura é reordenada. 
Sahlins diz que para compreender os significados dos eventos é 
necessário perceber de que maneira o sujeito, o agente oferece esses 
significados, Sahlins evoca o valor intencional do signo, os significados são 
manipulados em função da práxis dos sujeitos. Os signos tem um alcance 
coletivo, por isso eles são arbitrários. Pelo fato de serem difusos e estarem no 
domínio do coletivo. Sahlins não nega o valor posicional do signo, encontrada 
no estruturalismo de Lévi-Strauss, e reafirma o valor conceitual saussuriano, 
mas inclui o domínio histórico representado pelo valor intencional, ou seja, a 
importância da influência das histórias de vidas dos sujeitos na hora de 
revalorar e ressignificar toda e qualquer ocorrência no seu domínio cultural, 
essa argumentação é encontrada na conclusão do trabalho citado quando 
explica sobre o termo interesse e sua “feliz” etimologia que significa em latim 
“faz uma diferença”. 
Retomando a discussão sobre o valor conceitual do signo, Sahlins fala 
que o signo possui múltiplos significados e o sujeito faz referências que são 
sempre simbólicas através de “princípios relativos de significação”. Sobre se as 
percepções dos sujeitos e suas revalorações, suas ressignificações irão 
influenciar na estrutura, ou diretamente na reprodução de sua cultura, Sahlins 
afirma, a partir de seus estudos sobre a cultura havaiana e o contato entre os 
havaianos e os europeus com a aparição do Capitão Cook no Havaí, serem 
três os fatores preponderantes: as “improvisações”, maneiras de reconhecer no 
evento, na ação simbólica algo que já temem suas referências culturais; a 
liberdade que existe para fazer essas ressignificações e a posição do sujeito na 
estrutura em termos hierárquicos. 
Nesse sentido é que é importante falar da noção de “estrutura da 
conjuntura”, que seria o exame dos acontecimentos das atividades humanas 
em sociedade, esta dividida em camadas culturais, e a compreensão 
baseando-se no contexto histórico das mudanças que ocorrem no decorrer do 
tempo. ‘’Todo uso efetivo das ideias culturais é em parte reprodução das 
mesmas’’, as pessoas usam ‘’moldes’’ que servem de apoio para a construção 
de suas próprias ordens culturais. Em vista disso as diferentes práxis adquirem 
outros valores funcionais e aumentam de tamanho, mas as relações entre as 
camadas não muda. Por exemplo, quando Cook retornou à praia por causa do 
mastro quebrado, ele foi entendido como uma ameaça à autoridade política e 
por isso foi assassinado. 
Na segunda viagem, Cook se transformou em objeto sacrificial porque 
foi comparado com o Deus Lono dos polinésios e essa comparação aconteceu 
devido à reprodução da substância antiga. O significado do evento, que muito 
importa em Sahlins – em seu estruturalismo histórico – é definido a partir de 
práxis diferentes e acontece por causa deste significado e é dependente na 
estrutura por sua existência e por seu efeito. A relação com a estrutura da 
conjuntura é justamente o evento não poder ser entendido separado de seus 
valores, pois é seu valor que transforma um acontecimento em uma conjuntura. 
Por exemplo, para os britânicos comer junto com as mulheres era 
normal, já para os homens polinésios, que diferente dos britânicos tinham outra 
organização, outra ordem cultural, enfim outra estrutura da conjuntura, devido a 
esses fatores comer junto com as mulheres destruía o tabu, já que para os 
polinésios esse ato tinha uma grande carga de valor. Segundo Sahlins, a 
história havaiana demonstra que a cultura funciona como uma súmula de 
estabilidade e mudança, de passado e de presente, de sincronia e diacronia. 
Um evento é a relação entre acontecimento e estrutura e através do esquema 
cultural que adquire significância histórica. Em Ilhas de História, no capítulo 
Estrutura e História é mais nítida a teoria da história, é a obra na qual Sahlins 
determina mesmo a relação entre o eventoe seus desdobramentos simbólicos 
e ressignificantes, com a estrutura, que se inicia com a ideia de que a 
transformação de uma cultura também é uma forma de sua reprodução. No 
texto “La pensée bourgeoise”, nas notas sobre o vestuário americano, Sahlins 
fala da produção semântica regidas por lógicas das partes da roupa, e esta que 
possui diversos focos de significados que se manifestam enquanto significados 
sociais e considera o “vestir-se” como um problema semiótico complexo. Para 
ele a “produção é a realização de um esquema simbólico”. Esse capítulo, de 
“Cultura e Razão Prática”, irá demonstrar bem como a produção é a prática de 
uma lógica que penetra no concreto, lógica que é produzida como uma 
apropriação da natureza, em seu sentido simbólico. “O todo da natureza é o 
objeto potencial da práxis simbólica, cuja trama (...) põe a serviço de suas 
próprias intenções aquelas relações entre coisas que existem por suas próprias 
qualidades”. Nesse texto há muita discussão sobre o materialismo histórico e 
seus pontos conflitantes, mas serve para mostrar a relação entre cultura e 
significado em Sahlins.

Continue navegando